Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PLANTAS MEDICINAIS, AROMÁTICAS E CONDIMENTARES JOÃO CARLOS NORDI PLANTAS MEDICINAIS, AROMÁTICAS E CONDIMENTARES 1ª Edição 2018 Copyright©2018. Universidade de Taubaté. Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. Administração Superior Reitor Prof. Dr. José Rui Camargo Vice-reitor Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto Pró-reitor de Administração Prof. Dr. Francisco José Grandinetti (interino) Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. Mario Celso Peloggia (interino) Pró-reitora Estudantil Profa. Ma. Angela Popovici Berbare Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Profa. Ma. Angela Popovici Berbare (interino) Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Nara Lucia Perondi Fortes Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Francisco José Grandinetti Coordenação Geral EaD Profa. Dra. Patrícia Ortiz Monteiro Chefe do Setor EAD Coordenação Pedagógica Profa Ma. Sanmya Feitosa Tajra Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino Coordenação de Regulação Coordenação Acadêmica de Polos Coordenação de Tecnologias de Informação e Comunicação Profa. Ma. Rosana Giovanni Pires Aline Cristina da Silva Prazeres Wagner Barboza Bertini Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Dra. Suzana Lopes Salgado Ribeiro Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti Coord. de Curso de Pedagogia Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais Supervisão Pedagógica de Objetos de Aprendizagem Supervisão de Linguística dos Objetos de Aprendizagem Supervisão de Impl. de Objetos de Aprendizagem Supervisão de ACC Supervisão de TCC Supervisão de Estágio Supervisão de Tutoria Eletrônica/Presencial Supervisão de Avaliação Supervisão ENADE Revisão ortográfica-textual Projeto Gráfico Diagramação Autor Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira Prof. Dr. João Carlos Nordi Profa. Dra. Mariana Aranha Souza Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral Profa. Ma. Andréa Maria Giannico de Araujo Viana Consolino Profa. Ma. Simone Guimarães Braz Profa. Ma. Eliana de Cássia Vieira de Carvalho Salgado Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento Profa. Esp. Antônia Lucineire de Almeida Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga Profa. Ma. Juraci Lima Sabatino Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral Me. Benedito Fulvio Manfredini Bruna Paula de Oliveira Silva João Caros Nordi Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432, Centro Taubaté – São Paulo. CEP:12.020-270 Central de Atendimento:0800557255 Polo Taubaté – Sede Avenida Marechal Deodoro, 605, Jardim Santa Clara Taubaté – São Paulo. CEP:12.080-000 Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 Secretaria: (12) 3622-6050 Ficha Catalográfica elaborada pelo SIBi – Sistema integrado de Bibliotecas N832p Nordi, João Carlos Plantas medicinais, aromáticas e condimentares. / João Carlos Nordi.Taubaté: UNITAU, 2017. 172f. : il. Bibliografia 1. Plantas medicinais. 2. Fitoterápico. 3. Manipulação. I. Universidade de Taubaté. II. Título 1 PALAVRA DO REITOR Palavra do Reitor Toda forma de estudo, para que possa dar certo, carece de relações saudáveis, tanto de ordem afetiva quanto produtiva. Também, de estímulos e valorização. Por essa razão, devemos tirar o máximo proveito das práticas educativas, visto se apresentarem como máxima referência frente às mais diversificadas atividades humanas. Afinal, a obtenção de conhecimentos é o nosso diferencial de conquista frente a universo tão competitivo. Pensando nisso, idealizamos o presente livro- texto, que aborda conteúdo significativo e coerente à sua formação acadêmica e ao seu desenvolvimento social. Cuidadosamente redigido e ilustrado, sob a supervisão de doutores e mestres, o resultado aqui apresentado visa, essencialmente, a orientações de ordem prático-formativa. Cientes de que pretendemos construir conhecimentos que se intercalem na tríade Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de forma responsável, porque planejados com seriedade e pautados no respeito, temos a certeza de que o presente estudo lhe será de grande valia. Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa leitura. Bons estudos! Prof. Dr. José Rui Camargo Reitor 2 3 Prefácio O Brasil, além de ser um país detentor da maior biodiversidade do planeta, apresenta uma rica diversidade étnica e cultural, detendo um valioso conhecimento tradicional associado ao uso de plantas medicinais. O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem evoluído ao longo dos tempos e a cada dia tornando-se mais popular. Acrescentado ao uso de plantas medicinais, de fitoterápicos, inclusive no Sistema Único de Saúde, temos o emprego de plantas aromáticas e condimentares, as quais podem apresentar também propriedades medicinais. Este livro-texto objetiva fornecer informações básicas sobre diversos aspectos relacionados com plantas medicinais, aromáticas e condimentares, principalmente em relação a seus princípios ativos, e popularizar terapêuticas alternativas e complementares com embasamento científico. Bons estudos e sucesso! Prof. Dr. João Carlos Nordi Coordenador Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia 4 5 Sobre o autor JOÃO CAROLOS NORDI: possui a seguinte formação acadêmica: Graduação em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (1983); Licenciatura Plena 2º grau – Escola Técnica Agrícola pelo Instituto Americano da Igreja Metodista de Lins (1985); Especialização em Plantas Ornamentais e Paisagismo pela Universidade Federal de Lavras (2007); Mestrado em Botânica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Botucatu (1996); e Doutorado em Botânica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Botucatu (2001). É concursado como Prof. Assistente Doutor na cadeira de Sistemática Vegetal na Universidade de Taubaté. Na mesma instituição, responde pelas disciplinas: Anatomia e Morfologia Vegetal de Criptógamas e Espermatófitas; Jardinocultura e Paisagismo; Plantas Ornamentais; Metodologia Científica; Apiterapia para o curso de Medicina e Agroecologia. Atua também no Curso de Especialização em Apicultura Lato Sensu como professor e coordenador; no Curso de Pós-graduação Stricto Sensu em Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté e coordena o Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia e o Curso Superior de Gestão do Agronegócio, ambos na modalidade a distância (EAD), na mesma instituição. Desenvolve as seguintes linhas de pesquisa: Flora apícola, Polinização, Palinologia, Matologia (com ênfase em Fitossociologia de plantas herbáceas) e Arborização Urbana. 6 7 Caros(as) alunos(as), Caros( as) alunos( as) O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande experiência adquiridano campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das Unidades, dicas de leituras e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo estudado. Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais atores desta formação. Para todos, os nossos desejos de sucesso! Equipe EAD-UNITAU 8 9 Sumário Palavra do Reitor .............................................................................................................. 1 Prefácio ............................................................................................................................. 3 Sobre o autor ..................................................................................................................... 5 Caros(as) alunos(as) ......................................................................................................... 7 Ementa ............................................................................................................................ 11 Objetivos ......................................................................................................................... 13 Unidade 1 Grupos Vegetais e Propagação ................................................................ 17 1.1 Principais grupos vegetais ........................................................................................ 17 1.2 Métodos de propagação em plantas medicinais, aromáticas e condimentares ......... 31 1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 52 1.4 Para saber mais ......................................................................................................... 53 1.5 Atividades ................................................................................................................. 53 Unidade 2 Metabolismo Secundário em Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares .............................................................................................................. 55 2.1 Definição .................................................................................................................. 55 2.2 Metabólitos Secundários .......................................................................................... 56 2.3 Fatores que influenciam no conteúdo de metabólitos secundários........................... 78 2.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 81 Unidade 3 Plantas Medicinais .................................................................................... 83 3.1 Histórico da utilização de plantas medicinais........................................................... 83 3.2 Formas de aplicação e preparo ................................................................................. 89 3.3 Cuidados na manipulação ......................................................................................... 97 10 3.4 Finalidades ................................................................................................................ 98 3.5 Diferença entre planta medicinal e fitoterápico ........................................................ 99 3.6 Lista de plantas e ervas regulamentadas pela anvisa .............................................. 100 3.7 Para saber mais ....................................................................................................... 108 3.8 Atividades ............................................................................................................... 108 Unidade 4 Principais Grupos de Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares ............................................................................................................ 109 4.1 Familia Apiaceae .................................................................................................... 109 4.2 Família Asteraceae ................................................................................................. 115 4.3 Familia Lamiaceae .................................................................................................. 120 4.4 Familia Solanaceae ................................................................................................. 128 4.5 Outras plantas medicinais ....................................................................................... 133 4.6 Hortas medicinais comunitárias, beneficiamento e comercialização ..................... 141 4.7 Para saber mais ....................................................................................................... 151 4.8 Atividades ............................................................................................................... 151 Referências. .................................................................................................................. 155 11 ORGANIZE-SE!!! Você deverá usar de 3 a 4 horas para realizar cada Unidade. Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares Ementa EMENTA Principais grupos vegetais. Histórico da utilização de plantas medicinais. Metabolismo secundário em plantas medicinais e aromáticas. Princípio ativo e métodos de propagação de plantas medicinais (Propagação sexuada; Propagação assexuada). Extração e utilização das Plantas Medicinais e Aromáticas. As Partes utilizadas (Raízes, Cascas, Folhas, Flores, Frutos, Sementes). Os Principais grupos de plantas medicinais e aromáticas (Manejo e Cultivo): Lamiaceae, Asteraceae, Solanaceae, Apiaceae. Hortas medicinais comunitárias; beneficiamento e comercialização. 12 13 Objetivo Geral Conhecer e definir conceitos sobre plantas medicinais e aromáticas bem como o de fitoterápicos. Obj eti vos Objetivos Específicos Empregar o conhecimento das características morfológicas vegetais quanto ao reconhecimento dos principais grupos de plantas medicinais e aromáticas; Analisar os aspectos relacionados com o uso de plantas medicinais, incluindo cultivo, comercialização e beneficiamento; Oportunizar a prática de acesso e elaboração de diversos produtos com base em medicinais e aromáticas. 14 15 Introdução Na Unidade 1, conheceremos os principais grupos vegetais, bem como os métodos de reprodução e propagação das plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Na Unidade 2, estudaremos o MetabolismoSecundário Vegetal, para as plantas medicinais, aromáticas e condimentares. Conheceremos os tipos de Metabólitos Secundários produzidos pelas plantas Na Unidade 3, aprenderemos mais sobre as plantas medicinais, seu histórico, formas de aplicação e preparo e os cuidados que devemos ter quando da sua manipulação. Veremos também a diferença entre planta medicinal e fitoterápico e conheceremos a listagem de plantas e ervas regulamentadas pela ANVISA. Na Unidade 4, trataremos dos principais grupos de plantas medicinais, aromáticas e condimentares e aprenderemos sobre os cuidados e as práticas necessárias para a instalação de uma horta, bem como o beneficiamento e comercialização. Bons estudos! 16 17 Unidade 1 Grupos Vegetais e Propagação 1.1 Principais grupos vegetais As plantas pertencem ao Reino Plantae, sendo divididas em grupos e subgrupos, com base em algumas de suas características semelhantes. Os grupos são: Criptógamas e Fanerógamas. 1.1.1 Criptógamas O nome Criptógama tem origem no idioma grego (cripto= escondido; gamae= gameta), significando gametas escondidos ou ocultos. Desta forma podemos dizer que possuem um sistema reprodutivo não muito visível, e como consequência não formam flor, fruto e semente. Como subgrupos de criptógamas, podemos citar as Briófitas e as Pteridófitas. Importante frisar que o grupo das algas não constitui um grupo taxonômico, um táxon, no sentido atual do termo. É, antes, um conjunto de organismos muito diversos quanto a sua organização, origem e características morfológicas, fisiológicas e ecológicas, constituindo um grupo artificial, agrupando um conjunto importantíssimo de organismos. Como produtores primários, iniciam inúmeras cadeias alimentares, produzem substâncias com emprego em diversos setores da atividade humana; alguns acarretam efeitos indesejados e são importantes e intrigantes, principalmente para a compreensão da origem e evolução dos seres vivos. Dentre os grupos que compõem as divisões das algas (Figura 1.1), temos as algas verdes, que podemos incluir no Reino 18 Plantae, dependendo o sistema de classificação adotado. Briófitas As briófitas constituem um grupo taxonômico artificial e estão divididas em Bryophyta (musgos), Marchantiophyta (hepáticas) e Anthocerotophyta (antóceros), segundo a classificação adotada por Shaw e Goffinet (2000). São plantas pequenas, que em geral crescem em locais úmidos, necessitando da água para realizar o seu processo de fecundação. Recobrem troncos de árvores (Figura 1.2) e rochas ao longo de córregos ou terras úmidas. No entanto, não são restritas a tais habitats, sendo encontradas em ambientes relativamente secos, como desertos e rochas expostas, nos quais podem sobreviver com baixas taxas metabólicas até conseguirem recuperar-se fisiologicamente da dessecação. Ocorrem também no ártico, contudo sem Figura 1.1: Relações filogenéticas (evolutivas) entre os grupos vegetais Fonte: https://colegiofaat.files.wordpress.com/2017/05/reino-plantae.pdf. Acesso em: 16 nov. 2017. http://www.criptogamas.ib.ufu.br/node/457 http://www.criptogamas.ib.ufu.br/node/458 19 representantes no ambiente marinho. Como curiosidade temos que a grande maioria não é consumida por insetos e é resistente a fungos e bactérias. Pertencem às mais antigas linhagens de plantas terrestres, ou seja, ao sub-reino Embryophyta (que inclui as plantas vasculares) porque o embrião se desenvolve a partir do zigoto que é o produto da união das células sexuais (DELGADILLO; CÁRDENAS, 1990), constituindo o Esporófito. Existem desde o Paleozoico (300 milhões de anos), com formas próximas às atuais. Pelo fato de permanecerem sem mudanças e com taxas de evolução relativamente baixas, são denominadas plantas conservativas. As briófitas contribuem significativamente para a diversidade vegetal. São importantes colonizadoras de superfícies de rochas e solos nus; como indicadores ambientais, por serem muito sensíveis à poluição do ar; auxiliam no armazenamento de água, na captação de nutrientes da chuva e nas interações ecológicas, servindo de habitat para animais. Constituem o segundo maior grupo de plantas terrestres verdes, com cerca de 15.000 espécies pertencentes a mais de 1200 gêneros. Figura 1.2: Briófitas. Divisão Bryophyta (musgos) desenvolvendo-se nas cascas das árvores (epífetas). Fonte: João Carlos Nordi 20 Pteridófitas O grande grupo das Pteridófitas está subdividido em sete divisões, segundo Raven et al. (2007), sendo que três são representantes fósseis (Rhyniophyta, Zosterophyllophyta, Trimerophyta) e as outras quatro divisões são de representantes atuais: Lycophyta (Figura 1.3), Psilotophyta, Sphenophyta (Figura 1.4), Pterophyta (Figuras 1.5 e 1.6). Segundo Smith et al. (2006), em um novo sistema de classificação as Pteridófitas estão classificadas de forma diferente, possuindo 3 divisões: Lycophyta, (com as famílias Lycopodiaceae, Selaginellaceae e Isoetaceae); Pteridophyta (as famílias Psilotaceae, Equisetaceae) e Pterophyta (com cerca de 32 famílias, incluindo as samambaias e avencas). Cerca de 220 espécies vêm sendo usadas na medicina e, destas, aproximadamente 60 são usadas no Brasil; dentre elas, podemos citar Dicranopteris pectinata (Willd.) Underw. e Selaginella convoluta (Arn.) (BARROS & ANDRADE, 1997). Além destas, temos importantes pesquisas com espécies do gênero Huperzia, para a cura do “mal de Alzenheimer” (PRANCE, 1970), sem dizer que vêm sendo empregadas durante séculos na medicina tradicional chinesa para o tratamento de contusões, condições de estresse e de esgotamento mental, inflamações, esquizofrenia, miastenia grave, e de envenenamento por organofosforado (MA et al., 2006). Espécies de Pteridófitas têm sido investigadas por apresentar ação antibiótica (p.ex.: Adiantopsis radiata (L.) Fee, Thelypteris serrata (Cav.) Alston., Vittaria lineata L. Microgramma vacciniifolia (LANGSD. & FISCH.) já testada (MURILO, 1983; SILVA, 1989). Em se tratando da alimentação humana e de outros animais (Pteridium aquilinum (L.) Kuhn, Ceratopteris pteridoides (H.K) Hieron, dentre outras), têm sido usadas frequentemente. Espécies de Azolla (pteridófitas aquáticas), associadas com cianobactérias, são fixadoras de nitrogênio atmosférico, e utilizadas em culturas de arroz inundada, ou em regiões alagadas, aumentando a produção desses grãos. 21 A atração estética desse grupo possibilitou a sua preservação como plantas ornamentais. Até há pouco tempo várias espécies de samambaias eram empregadas na produção de xaxins (as samambaias arborescentes do gênero Dicksonia, Cyathea, Trichpteris.) como suporte para o cultivo de outras espécies, o que foi proibido em função do extrativismo predatório, levando-as à beira da extinção. Sobre a sua importância ecológica, Brade (1940) comenta que as Pteridófitas desempenham um importante papel na manutenção da umidade no interior de uma floresta, absorvendo água pelas raízes densas e a distribuindo gradualmente ao solo e ar, favorecendo o desenvolvimento dos pequenos animais e vegetais do substrato, extremamente necessários para o equilíbrio ecológico do ambiente. Algumas espécies também são importantes como indicadoras do tipo de solo e de ambientes, indicando o nível de conservação destes (SOTA, 1971), além de outras que favorecem a contenção dos barrancos, bem como em estudos de monitoramento ambiental. Existem ainda as espécies que são consideradas colonizadoras ou invasoras de culturas, como Pteridium aquilinum (L.) Kauhn, ou aquelas que provocam assoreamento de represas, como Salvinia auriculata Aubl. (WINDISCH, 1990). Figura 1.3: Divisão Lycophyta: A - Lycopodium sp.; B – Selaginella sp. Fonte: João Carlos Nordi 22 Figura 1.4:Divisão: Sphenophyta. Equisetum hyemale L., conhecido como cavalinha, planta medicinal. Fonte: João Carlos Nordi Figura 1.5: Pterophyta. Pertencente à família Salviniaceae, uma pteridótifa aquática. Fonte: João Carlos Nordi 23 Líquens Os liquens são associações simbióticas entre algas e fungos, que resultam em um talo modificado (AHMADJIAN, 1993). Este conceito acaba não podendo ser aplicado a toda a imensa diversidade de formas, tamanhos e tipos de relação que ocorrem nas cerca de 20 mil espécies de líquens conhecidas. O talo liquênico é a parte vegetativa da planta e apresenta uma extraordinária complexidade, devido à interação entre os dois organismos (HALE, 1983), podendo ser classificado de acordo com o seu formato (Figura 1.7). As algas podem pertencer ao Reino Monera, no caso das cianobactérias Figura 1.6: Divisão: Pterophyta. Diversidade de formas. A = Platycerium sp. (Chifre-de- veado); B= Dicksonia sellowiana (samambaia xaxim); C = samambaia terrestre; D= samambaia epífita do gênero Microgramma (medicinal); E= Adiantum sp. (avenca) e F = Gleichenia, encontrada principalmente em solos ácidos. Fonte: Divisão: João Carlos Nordi 24 (antigamente chamadas algas azuis), ou ao Reino Protista, no caso das algas verdes. Já os fungos (Reino Fungi) pertencem, em sua grande maioria, ao Filo Ascomycota (98% dos liquens), com poucos representantes no filo Basidiomycota (que engloba os cogumelos, por exemplo). As algas verdes e cianobactérias, por realizarem a fotossíntese, são chamadas de fotobiontes (foto = luz; bionte = ser vivo), enquanto os fungos constituem os micobiontes (mico = fungo). Assim, pode-se dizer também que líquen é a união de um micobionte com um fotobionte (BENATTI; MARCELLI, 2007). Até 1981, os líquens eram considerados como formando um grupo taxonômico (Lichenes) dentro do reino Fungi. A partir de então, o Código Internacional de Nomenclatura Botânica, seguindo a prática já corrente entre os especialistas em liquens, aboliu Lichenes como grupo taxonômico, que passou a ser encarado como um grupo biológico, com características fisiológicas e ecológicas próprias. Vários ácidos liquênicos têm sido estudados do ponto de vista farmacológico. A ação antibiótica de extratos liquênicos tem sido investigada há algumas décadas, sendo que Burkholder et al. (1944, 1945) foram os primeiros a publicar estudos qualitativos das propriedades antibióticas dos líquens. A atividade antibiótica está relacionada à presença de derivados fenólicos nos extratos liquênicos. Os mecanismos da ação antibiótica de ácidos liquênicos, mais precisamente de ácido úsnico e seus derivados, sugerem que esses compostos modificam a estrutura das proteínas. Essas modificações resultam em alterações de certas capacidades metabólicas das células infectantes (permeabilidade de parede, permeabilidade de membrana, atividade enzimática, etc.), causando-lhes, às vezes, alterações irreversíveis e, até mesmo, conduzindo à morte celular (VICENTE, 1975). No Brasil, o estudo químico de líquens tem sido pouco explorado, quando comparado com o de plantas superiores. O estudo químico dos líquens, da mesma forma que o estudo de plantas superiores, reveste-se de importância na medida em que as substâncias isoladas são estruturalmente conhecidas e avaliadas quanto à atividade biológica. 25 1.1.2 Fanerógamas O nome fanerógama tem origem no idioma grego (fanero= visível; gamae = gameta), significando gametas visíveis. Desta forma, pode-se dizer que possuem um sistema reprodutivo visível. São também conhecidas como espermatófitas, pois produzem sementes, pertencentes à grande divisão Spermatophyta. Com cerca de 270.000 espécies, as espermatófitas (fanerógamas) atuais distribuem-se Figura 1.7: Grupo biológico dos líquens. Diversas formas do talo (corpo) em diferentes espécies: A= Talo folioso (Parmotrema tinctorum); B e C = talo fruticoso; D= talo crostoso (Herpthallon rubrocinctum). Fonte: João Carlos Nordi 26 por cinco principais divisões: Cycadophyta, Ginkgophyta, Conipherophyta e Gnetophyta, conhecidas também como Grupo Gimnospérmico, e Magnoliophyta, conhecidas como angiospermas, ou seja, plantas com flor. A capacidade de produção de sementes, estruturas de proteção e alimento do embrião, contribuiu para a dominância das espermatófitas na flora atual. Tradicionalmente, as fanerógamas podem ser dividias em subgrupos: Gimnospermas e Angiospermas. Gimnospermas: As gimnospermas (do grego gymnos = nu; sperma = semente') são plantas terrestres que vivem, preferencialmente, em ambientes de clima frio ou temperado. Nesse grupo incluem-se plantas como pinheiros, sequoias e ciprestes. As gimnospermas possuem raízes, caule e folhas, mas não apresentam frutos. Possuem também ramos reprodutivos com folhas modificadas chamadas estróbilos. Em muitas gimnospermas, como os pinheiros e as sequoias, os estróbilos são bem desenvolvidos e conhecidos como cones – o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas. Há produção de sementes, sendo que elas se originam nos estróbilos femininos. No entanto, as gimnospermas não produzem frutos. Suas sementes são "nuas", ou seja, não ficam encerradas em frutos. O grupo das gimnospermas atuais é composto de quatro divisões: Ginkgophyta; Conipherophyta (Figura 1.8); Gnetophyta e Cycadophyta (Figura 1.9). 27 Figura 1.8: Divisão: Conipherophyta. A= Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze (Pinheiro do Paraná); B = Pinus elliottii Engelm. – aspecto vegetativo; C= Pinus elliottii Engelm com estróbilos (cones). Fonte: Divisão: João Carlos Nordi 28 Angiospermas: As Angiospermas (do grego: angeo = bolsa; sperma = semente) são plantas espermatófitas, cujas sementes são protegidas por uma estrutura denominada de fruto. Também conhecidas por magnoliófitas ou antófitas, correspondem ao maior e mais moderno grupo de plantas, englobando cerca de 230 mil espécies descritas habitando os mais diversos tipos de ambientes. Com porte variando desde gramíneas até enormes Figura 1.9: Divisão: Cycadophyta. A e B = Cycas circinalis L. C= Cycas revoluta thunb.; D= Encephalartos ferox (G. Bertol) Lehm. Fonte: João Carlos Nordi https://pt.wikipedia.org/wiki/Fruto https://pt.wikipedia.org/wiki/Plantae https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie 29 árvores, possuem raiz, caule, folha, flores, fruto e semente (Figura 1.10). As angiospermas conquistaram definitivamente o ambiente terrestre graças ao seu grau de complexidade, diversidade e distribuição geográfica. É o mais numeroso grupo de plantas atuais, variando de gramíneas a enormes árvores. A principal característica deste grupo é a presença do fruto e das flores. A flor contém os óvulos; flores podem estar agrupadas em inflorescências ou estar solitárias. As flores possuem estruturas para atrair agentes polinizadores (NORDI; BARRETO, 2016) como as pétalas coloridas e recursos florais, como néctar ou exsudado estigmático, por exemplo. As estratégias reprodutivas formam uma etapa extremamente vital para o ciclo de vida das Angiospermas e seu conhecimento é de grande importância para a compreensão dos processos responsáveis pela manutenção da biodiversidade e pelo funcionamento dos ecossistemas. As angiospermas foram subdivididas, em relação aos aspectos morfológicos e não classificatórios, em duas classes: as monocotiledôneas e as dicotiledôneas, de acordo com o número de cotilédones, um ou dois, respectivamente, quando da germinação. São exemplos de angiospermas monocotiledôneas: bambu, cana-de-açúcar, milho, arroz, trigo, aveia, cevada, cebola, centeio, banana, bromélias e orquídeas, dentre outras; e de angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja, ervilha, lentilha, grão-de- bico, pau-brasil, ipê, abacate,acerola, rosa, morango, laranja, algodão, café, girassol e margarida dentre outros. 30 Figura 1.10: Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas). Algumas famílias botânicas: A= Orchidaceae; B= Melastomataceae; C= Onagraceae; D= Bromeliaceae; E = Asteraceae; F= Fabaceae-Caesalpinioideae. Fonte: João Carlos Nordi 31 1.2 Métodos de propagação em plantas medicinais, aromáticas e condimentares Na natureza os vegetais se reproduzem de forma sexuada, através de fecundação e produção de sementes. A reprodução dos vegetais, também pode ser feita de forma assexuada, ou seja, por multiplicação vegetativa. Esta capacidade de reproduzir as qualidades e a carga genética da planta tem sido usada pelo homem para produção em grande escala de diversas plantas A reprodução sexuada envolve recombinação gênica, ou seja, cruzamento entre indivíduos, sendo, portanto, a grande geradora de variabilidade nas espécies, resultando nas sementes. A propagação assexuada, como o próprio nome diz, é um método que não envolve recombinação gênica, somente multiplicação de um determinado material, no qual o produto será igual à planta que cedeu seu material vegetativo, não envolvendo sementes. No processo produtivo de plantas medicinais em quantidade e com qualidade adequadas, é imperativo o processo de produção de mudas, que constitui o primeiro passo para atingir o objetivo esperado. Assim, temos que a propagação de plantas é uma ocupação fundamental da humanidade. Provavelmente a civilização se iniciou quando o homem antigo aprendeu a semear e cultivar certos tipos de plantas que satisfaziam suas necessidades nutritivas e as dos seus animais. Na medida em que avançou a civilização, ele foi acrescentando à diversidade de plantas outros cultivos, não só alimentícios, mas também aqueles que lhe proporcionavam outros benefícios, como a obtenção de medicamentos, condimentos, perfumes, ornamentação, entre outros (SOUZA, 2011). Após a seleção das espécies medicinais, devemos verificar quais os meios de propagação mais adequados. A propagação exige o conhecimento de certas manipulações e de habilidades técnicas que requerem certa experiência e tempo para se adquirir, sendo necessário o conhecimento da estrutura e dos mecanismos de crescimento das plantas (SOUZA, 2011), além de conhecer as diversas classes de propagação e os vários métodos que podem ser utilizados. Uma mesma espécie pode ser 32 propagada por mais de um meio, como a arruda (Ruta graveolens) e o alecrim (Rosmarinus officinalis), que podem ser propagados por sementes ou estacas de ramos, ou ainda a espécie mil folhas (Achillea millefolium), que pode ser propagada por divisão de touceira ou por rizomas. O método utilizado deve ser adequado à classe de planta que se propaga e às condições em que se realiza. A seguir vamos ver os métodos de reprodução e ou propagação das plantas medicinais, aromáticas e condimentares. 1.2.1 Reprodução sexuada A semente é o órgão responsável pela dispersão e perpetuação das espermatófitas, sendo o produto da recombinação gênica do núcleo reprodutor masculino (gameta masculino) com o núcleo reprodutor feminino (oosfera, no interior do óvulo), resultado da reprodução sexuada. As sementes relacionam-se com a dispersão e a sobrevivência das plantas angiospermas (ou Espermatófitas) sob condições favoráveis como também desfavoráveis, tais como extremos de temperatura (até certos limites) e de seca (DAMIÃO FILHO; MÔRO, 2001). Para se obter sucesso com esse modo de reprodução, há necessidade de saber os aspectos relacionados com a germinação das sementes, bem como compreender os fatores relacionados com sua germinação. 1.2.1.1 Germinação das sementes A germinação por ser um fenômeno biológico é considerada botanicamente como a retomada do crescimento do eixo embrionário, com o rompimento do tegumento (casca da semente) pela radícula. O embrião da semente inicia sua formação a partir do momento da fertilização da oosfera e segue desenvolvendo-se até que seu crescimento cessa e o grau de umidade diminui a um nível tão baixo que permite apenas reduzida atividade metabólica. Nestas condições, a semente encontra-se no estado de quiescência, pois a disponibilidade de água (teor de água da semente) é insuficiente para desencadear o processo germinativo. 33 As sementes comercializadas possuem uma porcentagem de água em torno de 5 a 25%. Como fatores externos que influenciam na germinação das sementes temos água, oxigênio e temperatura e fatores internos à dormência das sementes 1.2.1.1.1 Fatores externos que influenciam na germinação das sementes Água A água é fator imprescindível, pois é com a absorção de água pela semente, processo esse denominado de embebição, que se inicia o processo da germinação. Para que isso aconteça, há necessidade de que a semente alcance um nível adequado de hidratação, que permita a reativação dos processos metabólicos. A umidade adequada é variável entre as espécies. De forma geral, o processo de embebição inicia-se quando a porcentagem de água atinge cerca de 70-80%. A embebição processa-se, em geral, em três etapas. A primeira é um processo rápido e puramente físico. Na primeira etapa, a entrada de água na semente se dá por adsorção. A união entre um sítio polar da água e de uma substância de reserva não é influenciável por inibidor da germinação. Este comportamento se verifica em qualquer semente, morta ou viva. A segunda etapa é lenta, sendo inclusive a que determina o tempo gasto por uma semente para germinar. A terceira etapa é rápida. A embebição varia, também, com a natureza do tegumento, com a composição química, o tamanho da semente e com a temperatura (CHING, 1972). A água tem importante papel na germinação, atuando no tegumento, amolecendo-o, favorecendo a penetração do oxigênio, e permitindo a transferência de nutrientes solúveis para as diversas partes da semente (TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977). O excesso de água, em geral, provoca decréscimo na germinação, visto que impede a penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante. A deficiência hídrica também é nociva à germinação, porquanto a semente não terá condições de manter o metabolismo adequado. 34 Oxigênio O oxigênio é necessário para a promoção de reações metabólicas importantes na semente, especialmente a respiração. Ainda que a respiração nos primeiros momentos da germinação seja em geral anaeróbica (sem a presença do oxigênio), logo em seguida ela passa a ser absolutamente dependente de oxigênio (BORGES; RENA, 1993). Com a entrada do oxigênio, temos o início das atividades metabólicas, que se intensificam durante o processo. Devemos lembrar que o oxigênio difunde-se da atmosfera para o solo e que semeaduras profundas podem resultar na falta de oxigênio, comprometendo o processo de germinação. Temperatura Como em qualquer reação química, existe uma temperatura ótima na qual o processo se realiza mais rápida e eficientemente, e as temperaturas máxima e mínima que, sendo ultrapassadas, fazem com que a germinação seja zero. Esta faixa de temperatura é variável entre as diferentes espécies. Acima e abaixo dos limites máximo e mínimo, respectivamente, pode ocorrer a morte das sementes ou termo dormência. A faixa de 20 a 30ºC mostra-se adequada para a germinação de grande número de espécies subtropicais e tropicais. À medida que a semente deteriora, ela fica mais exigente quanto à temperatura, passando a ter necessidades específicas para que a germinação ocorra (BEWLEY; BLACK, 1994). A temperatura adequada para a germinação de sementes de várias espécies vem sendo determinada por muitos pesquisadores. Como exemplo, foi definida como ótima para germinação a temperatura de 25ºC para sementes de Stevia rebaudiana Bert. (RANDI; FELIPE, 1981),conhecida com estévia, utilizada como adoçante e detentora de propriedades medicinais; as de 30 a 35ºC para sementes de Prosopis juliflora (Sw.) DC. conhecida como Algaroba, utilizada para alimentação de animais no Nordeste (PEREZ; MORAES, 1990), e as de 25 a 30ºC para sementes de Mabea fistulifera Mart. (LEAL FILHO; BORGES, 1992), dentre outros. 35 Luz Em relação ao comportamento germinativo de espécies sensíveis à luz, existem as sementes que são indiferentes à exposição à luz, germinando em qualquer ambiente luminoso (VAZQUEZ YANES; OROZCO-SEGOVIA, 1991), ou germinam somente no escuro (VIDAVER, 1980). Algumas sementes germinam após rápida exposição à luz e outras necessitam de período relativamente longo de luz. Na germinação de sementes sensíveis à luz, devemos levar em conta que a sensibilidade das sementes ao regime luminoso pode ser alterada por vários fatores como: temperatura, idade das sementes, condição de armazenamento, tratamento para superação de dormência e condição de cultivo da planta. A luz pode ser considerada um fator importante na quebra de dormência em sementes. Os efeitos da luz na quebra de dormência podem ser dependentes também da temperatura (FERREIRA; BORGHETTI, 2004). 1.2.1.1.2 Fatores internos que influenciam na germinação das sementes Dormência das sementes A dormência ainda é um dos menos conhecidos aspectos da biologia de sementes, particularmente devido ao fato de estar relacionada não a uma, mas sim a múltiplas causas (FINKELSTEIN et al., 2008). A dormência pode ser classificada com base na origem, localização e nos mecanismos envolvidos, reconhecendo-se o caráter indutivo da dormência, ou seja, que ela surge (é induzida) em uma determinada etapa do desenvolvimento e em um determinado espectro de condições ambientais, tais como: a) envoltórios da semente; b) morfológica e c) interna ou fisiológica. a) Dormência devido aos envoltórios da semente Podem ser subdividida em: dormência física; dormência mecânica e dormência química. Dormência física A dormência física é causada por uma ou mais camadas de células impermeáveis à 36 água, situadas no tegumento ou nos envoltórios da semente em geral, ou seja, a impermeabilidade do tegumento. Nesses casos, a hidratação e a consequente interrupção da dormência estão muitas vezes relacionadas à formação de aberturas em estruturas anatômicas especializadas (por exemplo, o hilo e a lente), localizadas na superfície da semente, ocasionando uma diminuição da resistência à entrada de água no seu interior (BASKIN; BASKIN 2004). Dormência mecânica A dormência mecânica é devida à imposição à expansão do embrião. Por definição, sementes com dormência mecânica apresentam o endocarpo ou mesocarpo (camadas do fruto) pétreo, cuja rigidez impede a expansão do embrião (CARDOSO, 2004). A dormência mecânica foi conceituada por Nikolaeva (1969) como a inibição da germinação pela presença de frutos duros ou com parede lenhosa, atribuída, normalmente ao endocarpo ou estendida ao mesocarpo, embora não existam evidências da ação do endocarpo como obstáculo à germinação. De acordo com Vivian et al. (2008), a dormência mecânica pode ser uma particularidade da dormência fisiológica. Em outras palavras, estando o embrião quiescente e em condições adequadas de água, oxigênio e temperatura, não haveria um impedimento mecânico efetivo ao seu crescimento, por parte dos tecidos adjacentes (CARDOSO, 2004). É importante ressaltar que uma mesma espécie pode apresentar diferentes graus e tipos de dormência. No caso de espécies que apresentam mais de um tipo de dormência, esta é dita dormência complexa ou combinada. Dormência química A dormência química é causada por inibidores de crescimento presentes no pericarpo (conjunto de todas as camadas de um fruto). Essa definição foi posteriormente estendida para substâncias produzidas tanto dentro como fora da semente que, translocadas para o embrião, inibiriam seu crescimento (BASKIN; BASKIN, 1998). Aquênios (tipo de fruto 37 encontrado na família Asteraceae) de Bidens pilosa (picão preto), por exemplo, germinam melhor quando submetidos à lavagem com água corrente, sugerindo a presença de inibidores no aquênio. Tais inibidores podem reduzir, via oxidação, a disponibilidade de oxigênio ao embrião (FORSYTH; BROWN 1982). Dousseau et al. (2007), trabalhando com Zeyheria montana, planta com propiredades medicinais utilizadas nas afecções de pele e como antissifilítica (RODRIGUES; CARVALHO, 2001), conseguiram resultados satisfatórios em sementes submetidas à lavagem em água corrente por 6 horas, em relação ao vigor e à porcentagem de germinação. b) Dormência morfológica Quando as sementes não germinam devido à imaturidade do embrião, faz-se necessário um período adicional para o seu completo desenvolvimento, denominado pós- maturação. Sementes de Elaeis guineenses requerem temperaturas na faixa de 35 a 40°C (CARDOSO, 2004). São escassos os trabalhos tratando dessa modalidade de dormência em espécies brasileiras, relatada quase que exclusivamente em Annonaceae, Mimosaceae e Aquifoliaceae (CARDOSO, 2004). A dormência morfológica manifesta-se em sementes que são liberadas da planta mãe com embriões diferenciados (cotilédones e eixo hipocótilo-radícula reconhecíveis), mas subdesenvolvidos quanto ao tamanho. Nesse caso, a germinação “visível” (protrusão) é precedida por uma fase de crescimento intrasseminal desencadeada por condições ambientais apropriadas. c) Dormência interna ou fisiológica A dormência fisiológica é causada por mecanismos inibitórios envolvendo os processos metabólicos e o controle do desenvolvimento. Na dormência fisiológica operam diversos mecanismos, localizados não só no embrião propriamente dito, mas também nos tecidos e nas estruturas adjacentes, tais como tegumento e endosperma (CARDOSO, 2004). 38 Segundo Baskin e Baskin (2004), dormência fisiológica é aquela em que a presença de substâncias inibidoras ou a ausência de substâncias promotoras da germinação impede que a germinação ocorra. Ela pode ser subdividida em dormência fisiológica profunda, intermediária ou superficial. A dormência profunda ocorre em espécies que necessitam de período longo com temperaturas baixas para a sua superação. A distinção desta para as demais subdivisões (intermediária e superficial) se dá pela ausência de crescimento do embrião ou pela geração de plântulas anormais, mesmo quando o embrião é isolado da semente. As dormências fisiológicas, intermediária e superficial, são mais comuns. Resumidamente as causas da dormência em sementes, podem ser apontadas o Quadro 1.1. Quadro 1.1: Causas da dormência em sementes Fonte: João Carlos Nordi 39 Tratamentos Para Quebra Da Dormência Dormência tegumentar ou exógena a) Escarificação ácida: As sementes são imersas em ácido sulfúrico, por um determinado tempo, que varia em função da espécie, à temperatura entre 19ºC e 25ºC, sendo então lavadas em água corrente e colocadas para germinar. Deve-se cobrir as amostras com ácido sulfúrico na proporção de 01 volume de sementes para 02 volumes de ácido. b) Escarificação mecânica: Este método tem se mostrado bastante eficaz para a superação da dormência de algumas espécies da família Fabaceae (antiga Leguminosae). O procedimento consiste, basicamente, em submeter as sementes à abrasão, através de cilindros rotativos, forrados internamente com lixa, o que irá desgastar o tegumento, proporcionando condições para que absorva água e inicie o processo germinativo. Para que se obtenham resultados positivos na utilização desse processo, são necessárias algumas precauções, como o tempo de exposição das sementes à escarificação e à pureza do lote, pois sementes com impurezas comprometem a eficiência do tratamento. c) Imersão em água quente:a imersão em água quente constitui-se num eficiente meio para superação da dormência tegumentar das sementes de algumas espécies. A água é aquecida até uma temperatura inicial, variável entre espécies, onde as sementes são imersas e permanecem por um período de tempo também variável, de acordo com cada espécie. Imersão em água fria: sementes de algumas espécies apresentam dificuldades para germinar, sem, contudo, estarem dormentes. A simples imersão das sementes em água, à temperatura ambiente (25ºC) por 24 horas, elimina o problema, que normalmente é decorrente de longos períodos de armazenamento, e que causa a secagem excessiva das sementes, impedindo-as de absorver água e iniciar o processo germinativo. 40 Dormência embrionária ou endógena a) Estratificação a frio: As sementes de algumas espécies apresentam embrião imaturo, que não germina em condições ambientais favoráveis, necessitando de estratificação para completar seu desenvolvimento. Para a estratificação, o meio em que as sementes serão colocadas deve apresentar boa retenção de umidade e ser isento de fungos. Normalmente utiliza-se areia bem lavada que apresente grãos em torno de 2,0 mm de diâmetro (média) para facilitar a posterior separação das sementes por peneiragem. O recipiente em que será colocado o meio deve permitir boa drenagem, evitando-se a acumulação de água no fundo, o que causa o apodrecimento das sementes. A temperatura requerida para a estratificação a frio está entre 2ºC e 4ºC, que pode ser obtida em uma geladeira ou câmara fria. As sementes são colocadas entre duas camadas de areia com 5 cm de espessura. O período de estratificação varia de 15 dias para algumas espécies, até 6 meses para outras. Uma vez encerrado o período de estratificação, as sementes devem ser semeadas imediatamente, pois se forem secas poderão ser induzidas à dormência secundária. b) Estratificação quente e fria: A maturação dos frutos de algumas espécies ocorre no final do verão e início do outono, com temperaturas ambientais mais baixas. A estratificação quente e fria visa reproduzir as condições ambientais ocorridas por ocasião da maturação dos frutos. O procedimento é exatamente o mesmo descrito para a estratificação a frio, alterando-se temperaturas altas (25ºC por 16 horas e 15ºC por 8 horas) por um período, e temperaturas baixas (2ºC a 4ºC) por outro período. Dormência combinada Algumas espécies apresentam sementes com dormência tegumentar e embrionária. Nestes casos, submete-se a semente inicialmente ao tratamento de superação da dormência tegumentar, e a seguir para superar a dormência embrionária. Em alguns casos, apenas a estratificação a frio é suficiente para superação de ambas. 41 No Quadro 1.2 encontra-se uma síntese dos tratamentos para a quebra de dormência em sementes. 1.2.2 Reprodução Assexuada (ou Propagação vegetativa) A propagação vegetativa consiste em multiplicar assexuadamente partes de plantas (células, tecidos, órgãos ou propágulos), originando indivíduos geralmente idênticos à planta-mãe. A propagação vegetativa tem inúmeras vantagens em relação à propagação sexuada. Por ser uma técnica simples, rápida e barata, permite produzir muitas mudas em espaço reduzido com maior uniformidade mantendo as características genéticas da planta matriz (HARTMANN; KESTER, 1990); multiplicação de plantas que não florescem Quadro 1.2: Tratamentos para a quebra de dormência em sementes Fonte: João Carlos Nordi 42 por motivos de adaptação, de plantas cujas sementes são estéreis, e de precocidade das plantas produzidas. Dentre as desvantagens desse método podem-se citar: transmissão de doenças vasculares, bacterianas e viroses; necessidade de plantas matrizes e de instalações, adequadas; alto volume de material a ser armazenado e/ou transportado. Estudos sobre a propagação de espécies medicinais são de elevada importância, uma vez que servem de base para a domesticação e o sucesso do cultivo dessas plantas (CARVALHO JUNIOR et al., 2009). No entanto, ainda há escassez desses estudos. A reprodução assexuada pode ser feita por vários métodos (estaquia, mergulhia, alporquia, enxertia, divisão de touceira ou, ainda, por rizomas, tubérculos e bulbos, e micropropagação). Dentre eles os mais utilizados para propagação de plantas medicinais são estaquia e divisão de touceiras. ESTAQUIA A estaquia é um método de propagação no qual ocorre a indução ao enraizamento adventício em segmentos destacados da planta-matriz que, submetidos a condições favoráveis, originam uma muda (HARTMAN et al., 2002; FACHINELLO et al., 2005). A estaquia é um método de propagação muito utilizado, sendo sua viabilidade dependente da capacidade de formação de raízes, da qualidade do sistema radicular formado e do desenvolvimento posterior da planta propagada por este método na área de produção (FACHINELLO et al., 1995; PAIVA & GOMES, 1993). A propagação por estaquia pode ser influenciada por diversos fatores, entre características inerentes à própria planta e às condições do meio ambiente, como intensidade de luz, temperatura, umidade, quantidade de água influenciando na formação de raízes adventícias, estimulando ou inibindo o enraizamento, além de substâncias produzidas pelas plantas, como auxinas e citocianinas, responsáveis pelo início do processo da formação de raízes (ASSIS e TEIXEIRA, 1998). Dentre os fatores que podem melhorar os resultados, destacamos a presença de folhas na 43 estaca, a utilização de câmara com nebulização intermitente, os reguladores de crescimento, o estádio de desenvolvimento da planta e do próprio ramo, além da época do ano em que as estacas são coletadas (HARTMAN et al., 2002). Para acelerar e promover o enraizamento de estacas, habitualmente são empregados reguladores de crescimento do grupo das auxinas (PASQUAL et al., 2001), os quais levam à maior porcentagem de formação de raízes, aumentam e melhoram a qualidade delas e propiciam uniformidade no enraizamento (HINOJOSA, 2000; ZUFFELLATORIBAS ; RODRIGUES, 2001; HARTMANN et al., 2002; MIRANDA et al., 2004). A estaquia é a técnica mais fácil e simples de propagação, pois basta cortar um pedaço da planta e plantá-lo. Mas são necessários alguns cuidados: usar sempre tesouras ou facas bem afiadas para não esmagar ou despedaçar os tecidos, o que pode provocar o seu apodrecimento; aplicar hormônios; observar que algumas plantas enraízam na água. Existem hormônios enraizadores e estão presentes nas plantas em quantidades pequenas, suficientes para o crescimento natural. Quando se pretende acelerar os processos, aplicam-se hormônios sintéticos iguais aos naturais, também chamados auxinas. São dois os principais hormônios de crescimento vegetal comercializados: o ácido indol acético, conhecido como AIA, e o ácido indol butírico, chamado AIB. Para a seleção das estacas é preciso escolher plantas adultas e saudáveis; as estacas devem possuir entre 12 e 15 cm. Retirar todas as folhas em cerca de 1/3 do caule, deixando nua a parte inferior; o corte, em qualquer situação, deverá ser limpo, não causando feridas nem rasgos na estaca; cortar as pontas das folhas grandes, pois estas consomem energia de que a estaca precisará para o enraizamento; retirar todas as flores ou botões que possa haver. Essas recomendações são genéricas. Cada espécie de planta, independente de sua utilização, possui características específicas a serem consideradas. Dois fatores devem ser levados em conta no momento de propagar plantas vegetativamente para que se obtenha maior êxito: o substrato e o tipo de estaca a serem utilizados. 44 Substrato O substrato ideal deve ter consistência e densidade de forma a fixar e sustentar a estaca durante o processo de enraizamento, possuir boa capacidade de retenção de água para que a frequênciade irrigação seja baixa, ser poroso para permitir a drenagem do excesso de água e promover a aeração adequada (HARTMANN et al.,1997). Para o enraizamento de estacas deve-se ressaltar a importância da mistura de diferentes componentes para a composição de substrato estável e adaptado à obtenção de mudas de boa qualidade em curto período de tempo, no entanto informações sobre substrato ideal para a produção de mudas de espécies olerícolas são escassas (MENEZES JÚNIOR, 1998) e inexistentes no caso de espécies medicinais. Trabalhos realizados por Bezerra, Momenté e Medeiros Filho (2004), Bezerra et al. (2006) e Araújo et al. (2009a) mostram que resíduos orgânicos regionais podem ser utilizados na composição de substratos, apresentando assim potencial para serem utilizados na produção de mudas de plantas. Além disso, os resultados mostram que alguns desses materiais têm atuado na melhoria dos atributos físicos, químicos e biológicos do solo e das plantas. A matéria orgânica do solo constitui-se de componentes vivos e não-vivos; os primeiros são representados por raízes, microrganismos do solo (60 a 80%) e fauna; já a parte não viva compreende a matéria constituída de substâncias umidificadas e não umidificadas, que são carboidratos, aminoácidos, proteínas, lipídeos, ácidos nucleicos, pigmentos e uma variedade de ácidos orgânicos que se constituem em 70 a 80% da matéria orgânica na maioria dos solos minerais, com frações de ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas (THENG; TATE; SOLLINS, 1989; PASSOS et al., 2007). As substâncias húmicas são caracterizadas como produtos das transformações químicas e biológicas dos resíduos vegetais e animais, assim como da atividade microbiana do solo (MICHEL et al., 1996). Dessa forma, a matéria orgânica é representada por possuir uma fração ativa e uma inativa; a ativa caracteriza-se por realizar a decomposição mais rapidamente pelo processo de fermentação e consequentemente formar húmus, enquanto a inativa (umidificada) não sofre mais a decomposição intensa como ocorre na ativa. Assim, a 45 principal fonte de nutrientes disponíveis às plantas é a fração húmica (GALBIATTI, 1992). De acordo com Primavesi (2002), a matéria orgânica é toda substância morta no solo, proveniente tanto de plantas, microrganismos e excreções animais, quanto da meso e macro fauna morta. A matéria orgânica, quando incorporada ao solo, é importante para os sistemas de produção agrícola, devido aos efeitos que produz nos atributos químicos, físicos e biológicos do solo e no crescimento e desenvolvimento das plantas. Tipos de estacas As estacas utilizadas para a propagação de plantas medicinais, quanto a sua origem a partir da planta matriz, podem ser: caulinar, foliar e radicular. Caulinar Quanto ao grau de lignificação, as estacas caulinares são classificadas em herbáceas, sublenhosas ou lenhosas. Estaca caulinar herbácea: as estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão na lignifica apical dos ramos no período de primavera/verão, épocas em que ocorrem os fluxos de crescimento vegetativo. Como é um material sensível à desidratação, a coleta deve ser feita preferencialmente pela manhã. As folhas (inteiras ou pela metade) devem ser mantidas. A função da manutenção das folhas é a continuação do processo fotossintético que fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto para a formação das raízes. Corta-se uma ponta de ramo lateral, formando uma estaca de aproximadamente 5 a 10 cm de comprimento, ou com 3 a 4 nós. Devem-se escolher sempre os ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Retiram-se as folhas da base das estacas, o que estimula o crescimento de raízes, principalmente nas bases das folhas retiradas. 46 Colocam-se os ramos em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a base sem folhas. Assim, novas raízes se formam na planta, originando novas mudas. Em alguns casos, colocam-se as bases da estaca em água ao invés de substrato, plantando as mudas em terra assim que enraizadas. Estaca caulinar sublenhosa: estacas sublenhosas de 15 a 20 cm de comprimento e de 0,5 a 1,5 cm de diâmetro, preparadas com ou sem folhas; são obtidas de ramos parcialmente lignificados, após eles terem completado seu crescimento. Devemos escolher sempre os ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Retiramos as folhas da base das estacas, o que estimula o crescimento de raízes. É recomendado cortar as folhas restantes pela metade para diminuir as perdas de água por transpiração. Para enraizar, essas estacas ainda com folhas, devem ser mantidas, assim como as estacas herbáceas, em ambiente com umidade relativa alta, colocando-se os ramos em substrato adequado (terra, areia, entre outros) e enterrando a base sem folhas. Na figura 1.12 podemos observar uma estaca preparada sem as folhas. Figura 1.11: Estacas herbáceas (de ponteiro) utilizadas na propagação vegetativa de várias plantas medicinais. A = Aloe arborescens Mill. (Babosa) e B = Mentha x villosa Huds. (Hortelã rasteiro). A B Fonte: João Carlos Nordi 47 Estaca caulinar lenhosa: as estacas são obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados, sem folhas, com idade superior a um ano, sendo coletadas geralmente no período de dormência da planta (inverno). A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais barata, pois são mais resistentes e não exigem ambiente com controle de temperatura e umidade. Corta-se um ramo lateral firme, formando uma estaca de aproximadamente 20 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, preparada sem as folhas. Devemos escolher sempre os ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Colocamos os ramos (estacas) em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a base sem folhas. Essas estacas podem ser plantadas também diretamente no local definitivo, apesar disso, é Figura 1.12: Estaca caulinar sublenhosa de Rosmariunus officinalis L. (Alecrim) preparada sem as folhas. Fonte: João Carlos Nordi 48 recomendado o seu plantio anteriormente em vasos ou sacos de mudas. Assim, novas raízes se formam na planta, originando novas mudas. Foliar Outra forma de estaquia utilizada é por intermédio de secções da folha, cujo tamanho é determinado pelo hábito de crescimento da planta. Folhas de várias plantas, quando colocadas em água ou em substrato úmido, normalmente formam raízes adventícias próximas à região do corte. Método muito utilizado para as plantas Crassuláceas (Figura 1.14) Figura 1.13: Estaca caulinar lenhosa de Ficus carica L. (Figo), preparada sem as folhas. Fonte: João Carlos Nordi 49 Radicular Mais utilizada para algumas plantas ornamentais. DIVISÃO DE TOUCEIRAS A técnica consiste no corte dos rizomas subterrâneos, ou separação dos indivíduos com raízes, gerando novas plantas. Normalmente as plantas propagadas por divisão de touceira podem ser reproduzidas por sementes, demorando mais a atingir a fase adulta e florescer. A divisão de touceiras é Figura 1.14: Estaca foliar utilizada na propagação assexuada em Crassuláceas. A e D = Kalanchoe pinnatum (Lam.) Oken (Fortuna); B = Echeveria “Beverly” (Rosa de pedra); C= Kalanchoe sp. Fonte: João Carlos Nordi 50 um método rápido de multiplicação vegetal. Além disso, a divisão de touceiras é um método fácil e mais garantido, ideal para multiplicações em pequena escala. Muitas vezes, uma planta quando dividida gera poucas plantas, o que seria uma desvantagem quando comparada à reprodução por sementes. O método pode ser generalizado da seguinte forma: certifique-se de que a planta já pode ser dividida, contando-se o número de brotação, que em geraldeve ser de no mínimo 06. Se a planta estiver no solo, devemos desenterrá-la inteira ou parcialmente, com uma boa quantidade de solo, de preferência, com o auxílio de uma enxada. Se estiver em um vaso, retire a planta totalmente do vaso (Figura 1.15); retire o excesso de solo, para que o rizoma e as raízes possam ser vistos melhor. Separe a planta em partes que contenham pelo menos 3 brotações, para que haja melhor pagamento. Assim, obtêm-se novas mudas da planta. Na maioria dos casos, a nova muda já pode ser plantada em seu local definitivo, por já ter suas estruturas bem formadas. Recomenda-se a rega regular, sem excessos. Figura 1.15: Divisão de touceiras em Viola odorata L. (violeta). Fonte: João Carlos Nordi 51 OUTRAS FORMAS DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA FILHOTES Os filhotes são brotações da porção aérea da planta e podem ou não apresentar raízes. Ex.: bromélias e agaves (Figura 1.16). BROTAÇÕES Outro método de propagação vegetativa é a retirada das brotações laterais na base de algumas plantas, individualizando-as, como em agaves, bromélias e babosas (Figura 1.17). Figura 1.16: Propagação vegetativa por meio de filhotes. A = Agave sp.; B = Ananas ananassoides (Baker) L.B. Sm. (Abacaxi da campina). Fonte: João Carlos Nordi 52 Outros Métodos Além dos descritos acima, temos outros métodos que são mais utilizados para propagação de plantas ornamentais e frutíferas. Dentre esses métodos podemos citar: enxertia, com suas diversas técnicas, mergulhia, alporquia e micropropagação. 1.3 Síntese da Unidade Nessa Unidade vimos os grupos vegetais, o histórico da utilização de plantas medicinais e os métodos de propagação de plantas medicinais (propagação sexuada e propagação assexuada). Figura 1.17: Propagação vegetativa por meio de brotações laterais. Agave sp. Fonte: João Carlos Nordi 53 1.4 Para saber mais Livros SOUZA, L.A. (Org.) Sementes e plântulas: germinação, estrutura e adaptação. Ponta Grossa, PR: Toda palavra, 2009 ALMEIDA, J.S.S.(ORG.) Manual de briologia. Rio de Janeiro: Interciência, 2010. REVIERS, B. Biologia e Filogenia das Algas. Porto Alegre: Artmed, 2006, 280p. Sites http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/ Angiospermas http://www.scielo.br/pdf/abb/v18n4/23226.pdf - Atividade antimicrobiana de derivados fenólicos do líquen Ramalina sorediosa (B. de Lesd.) Laundron 1.5 Atividades Relacione as plantas medicinais, aromáticas ou condimentares que você conhecer com o sistema de reprodução ou propagação. Mínimo de 05 plantas. 54 55 Unidade 2 Metabolismo Secundário em Plantas Medicinais, Aromáticas e Condimentares Já entendemos, a partir dos estudos da Unidade anterior, os principais grupos vegetais e as formas de propagação e ou reprodução. Nesta Unidade iremos estudar quais são os metabólitos secundários e os fatores que influenciam no seu conteúdo. 2.1 Definição Uma das características dos seres vivos é a presença de atividade metabólica. O metabolismo nada mais é do que o conjunto de reações químicas que ocorrem no interior das células, podendo ser dividido em primário e secundário. Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos que desempenham uma função essencial no vegetal, tais como fotossíntese, respiração e transporte de solutos. Os compostos envolvidos no metabolismo primário possuem uma distribuição universal nas plantas. Esse é o caso dos aminoácidos, dos nucleotídeos, dos lipídios, carboidratos e da clorofila. O metabolismo secundário origina compostos que não possuem uma distribuição universal, pois não são necessários para todas as plantas. Como consequência prática, esses compostos podem ser utilizados em estudos taxonômicos (quimiossistemática). São compostos complexos existentes em baixas concentrações que, quando apresentam uma atividade biológica, são denominados de princípios ativos. 56 Um exemplo clássico são as antocianinas e betalainas, as quais não ocorrem conjuntamente em uma mesma espécie vegetal. As betalainas são restritas a dez famílias de plantas pertencentes à ordem Caryophyllales, que consequentemente não possuem antocianinas. Como a beterraba (Beta vulgais) pertence a uma dessas famílias (Amaranthaceae), a coloração avermelhada de suas raízes só pode ser atribuída à presença de betalainas. 2.2 Metabólitos Secundários Estudos sobre metabólitos secundários concentram-se mais nas angiospermas (plantas com flor e fruto). O impacto da Química de Produtos Naturais no processo de desenvolvimento de novos fármacos nas últimas duas décadas é inquestionável. Os programas de química medicinal, na maioria das empresas farmacêuticas, estiveram, ao longo da última década, em busca de adaptação e atualmente estima-se que cerca de 40% dos novos fármacos aprovados nesse período tenham a sua origem em algum produto natural. O número de novos produtos naturais com atividade biológica relevante continua aumentando. A Bioquímica abriu novos rumos tecnológicos e busca, constantemente, por meio da biossíntese dos constituintes químicos primários, a cadeia de intermediários secundários e os divide segundo as rotas metabólicas das quais derivam. São conhecidos dois grandes precursores, o ácido chiquimico e acetil CoA, que os classificam em três grandes grupos (Quadro 2.1): Derivados da via ácido chiquímico; Derivados da via mevalonato ou via condensação de unidades de acetilCoA; Derivados da via ácido chiquímico e acetato. 57 Além destes três grandes grupos, os metabólitos secundários podem ser encontrados em sua forma livre, recebendo o nome de agliconas, ou estarem ligados a uma ou mais unidades de açúcar, formando os heterosídeos. Ainda existem polissacarídeos e ácidos graxos, considerados de origem primária, mas que exercem funções importantes como metabolitos secundários. A química tenta agrupar os metabólitos secundários baseando-se na similaridade de suas propriedades químicas e estruturais, dividindo-os em três classes abrangentes. Compostos nitrogenados: incluem-se nesta classe os alcaloides e pseudo alcaloides; Compostos fenólicos: incluem-se as cromonas, xantonas, quinonas, lignanas, neolignanas, cumarinas, flavonoides, taninos; Compostos isoprenoides: incluem-se: terpenos, saponinas, heterosídeos cardiotônicos, esteroides, ácidos graxos, antocianinas, etc. A biologia, a farmacologia e outras áreas afins trabalham em conjunto na busca de informações que possam ser úteis para a correta utilização desses compostos, tanto para o ambiente como para o homem. Sabe-se que os metabólitos secundários têm distribuição e características químicas peculiares a determinadas espécies botânicas e Quadro 2.1: Principais vias de biossíntese dos metabólitos secundários Fonte: Adaptado de Peres (2004), por Silva (2013). 58 que suas rotas metabólicas não são gerais, sendo assim, suas concentrações são variáveis dentro de uma mesma espécie, pois podem ser influenciadas por fatores hereditários, responsáveis não só pelas interferências quantitativas, mas por grande parte qualitativa; fatores ontogênicos que dizem respeito a etapas de desenvolvimento do vegetal e fatores ambientais como: solo, clima, micro-organismos, alelopatia, dentre outros. 2.2.1 Alcaloides Os alcaloides são um grupo heterogêneo de metabólitos secundários originados, em sua maioria, de aminoácidos e possuem intensa atividade fisiológica para o vegetal, constituindo importantes agentes terapêuticos para o homem. Quimicamente os alcaloides são definidos como compostos orgânicos amínicos, contendo um ou mais átomos de nitrogênio ligado ou não a um anel. Encontramos os alcaloides verdadeiros, os protoalcaloidese os pseudoalcaloides. A nomenclatura dos alcaloides tem várias origens. Por serem compostos amínicos, convencionalmente, devem sempre terminar com o sufixo “Ina”. Alguns são chamados pelo nome genérico da planta que os produz, como por exemplo a atropina, alcaloide derivado da Atropa belladona, família Solanaceae. Outros, pelo nome específico, como por exemplo a cocaína, alcaloide derivado do Erythroxolon coca, família Erythroxylaceae. Ainda podem ser nomeados por suas atividades fisiológicas (ementina e morfina) e pelo seu descobridor (piletierina). A biossíntese dos alcaloides é representada por reações simples, tais como acoplamento oxidativo, formação de base de Schiff e condensação de Mannich. São sintetizados no retículo endoplasmático rugoso e transportados para sítios de armazenamentos diferentes daqueles de síntese (vacúolos), podendo sofrer modificações químicas secundárias. Os alcaloides podem ser encontrados em todas as partes dos vegetais, concentrados em um ou mais órgãos (sementes, raízes, rizomas, cascas, folhas, fruto, flor), embora se acumulem principalmente em quatro tipos de tecido: 1) tecido em crescimento ativo; 2) 59 células epidérmicas ou hipodérmicas; 3) feixes vasculares e 4) canais laticíferos. Estão presentes em vacúolos e não aparecem em células jovens, até que a vascularização ocorra (TAIZ et al., 2017) Segundo Martins (1995), a concentração destes compostos pode variar desde 0,1% a 15% nas mais diversas espécies e épocas do ano. Atualmente são conhecidas oitocentas espécies vegetais produtoras de alcaloides, distribuídas em 77 famílias. Esses compostos representam cerca de 20% das substâncias medicinais descritas, existindo predominantemente nas Angiospermas, mais especificamente nas famílias Apocynaceae, Papaveraceae, Rubiaceae, Solanaceae, Ranunculaceae e Berberidaceae; são específicos a determinadas famílias botânicas, como por exemplo a hiosciamina em Solanaceae e colchicina em Liliaceae. Aproximadamente 2000 alcaloides possuem estruturas químicas identificadas e suas diversas funções refletem a variedade estrutural destes compostos. No vegetal podem atuar como: Hormônios reguladores de crescimento; Mediadores do equilíbrio iônico celular devido ao seu caráter alcalino; Protetores contra raios UV, por serem, em sua maior parte, compostos com núcleos aromáticos altamente absorventes da radiação; Protetores contra micro-organismos e vírus, devido a sua toxidez e sabor amargo. No homem, os alcaloides atuam nos sistema nervoso central causando: Efeitos terapêuticos (calmante, sedativo, analgésico, anestésico e antitumoral) Efeitos psicotrópicos (estimulante, alucinógeno, hipnótico e sedativo) Por serem complexos e derivados de rotas metabólicas variáveis, os alcaloides são classificados de acordo com a estrutura química básica que os compõe, dividindo-se em: 60 Alcaloide indólicos Alcaloides quinolínicos Alcaloides isoquinolínicos Protoalcaloides Alcaloides piridínicos Alcaloides piperidínicos Alcaloides imidazólicos Alcaloides tropânicos Alcaloides purínicos Alcaloides pirrolidínicos Alcaloides de ergot ou argominas Alcaloide indólicos Os alcaloides indólicos são moléculas policíclicas complexas derivados do triptofano e caracterizados por possuírem como estrutura básica o indol. Exemplos de plantas que apresentam Alcaloides Indólicos: Vinca (Catharanthus roseus L.); Noz-vômica (Strychnos nux-vomica L.). Alcaloides Quinolínicos São derivados do triptofano, caracterizados por possuírem como estrutura básica a quinolina. São alcaloides encontrados exclusivamente na quina vermelha. Terapeuticamente destacam-se a quinina, quinidina, cinchonina e cinchonidina, específicos da Cinchona sp. E são indicados no tratamento da malária. Exemplo de planta que apresenta Alcaloides Quinolínicos = Cinchona sp.. São 61 conhecidas mais de 06 espécies e híbridos da cinchona, também conhecida vulgarmente como quina, quina-vermelha ou cinchona do Peru. São árvores nativas do Equador e Peru, pertencentes à família Rubiaceae e introduzidas na Indonésia e na Índia. Alcaloides Isoquinolínicos Caracterizam por possuir uma estrutura básica a isoquinolina, derivada do triptofano. Os alcaloides isoquinolinicos são subdivididos em cinco classes distintas: Morfinanos (alcaloides do ópio: codeína, morfina, heroína) Benzilisoquinolínicos (pavarerina, tubocurarina) Benzofenantridinicos (sanguinária) Fotoberberinas (Ementina) Ftalidesoquinolínicos (hidrastina) Os mais importantes terapeuticamente são aqueles com núcleos morfinianos e benzilisoquinolínicos. Exemplo de plantas que apresentam Alcaloides isoquinolínicos: Papaver somniferum L. Foram obtidos mais de trinta alcaloides da papoula, sendo que terapeuticamente os mais importantes são: morfina (4 a 2,1%), codeína (0,8 a 2,5%); papaverina (0,5 a 2,5%) e tebaina (0,5 a 2%). Esses se encontram no ópio (substância obtida por incisão das cápsulas não amadurecidas da papoula), podendo atuar no sistema nervoso central, funcionando como analgésicos, narcóticos e hipnóticos. Morfina = é o mais importante derivado morfinano. A morfina e seus sais são classificados morfologicamente como analgésicos narcóticos, sendo amplamente empregados em casos terminais de câncer. Codeína = alcaloide mais usado para fins terapêuticos. É obtida em quantidades comerciais por meio da morfina. Sua ação é considerada igual à da morfina, entretanto é 62 menos tóxica e provoca dependência mais lenta. Heroína = produzida por meio da morfina, sua ação é bem mais forte do que a da morfina. Portanto, o desenvolvimento da dependência é extremamente rápido. Atualmente seu uso medicinal foi suspenso. Papaverina = importante alcaloide benzilisoquinolínico comercial. Ocorre em torno de 1% do teor de alcaloides do ópio ou pode ser produzido sinteticamente. A papaverina sintética é usada como relaxante dos músculos lisos e principalmente para isquemia cerebral e o miocárdio. Sanguinária (Sanguinaria canadensis L.) Pertencente à família Papaveraceae, é uma planta nativa da América do Norte. Possui, dentre outros alcaloides, a sanguinarina, importante por suas propriedades expectorantes e eméticas. Seu extrato é empregado em dentifrícios e enxaguatórios bucais para prevenção da placa dentária. Ipapecuanha (Cephaelis ipecacuanha Brot.), pertencente à família Rubiaceae, é nativa do Brasil. Chamada popularmente de ipeca, possui cerca de 2% em teor de alcaloides. Também foi introduzida em outros países como a Colombia e a Nicarágua, onde alcançam maiores teores de alcaloides (2,2% a 2,5%, respectivamente). Seu principal alcaloide encontrado é a ementina, que lhe confere intensas propriedades eméticas. Protoalcaloides São compostos derivados da tirosina e fenilalanina e caracterizam-se por não possuírem nitrogênio preso a um anel heterocíclico. Os protoalcaloides que mais se destacam são: mescalina, efedrina, colchicina. Exemplos de plantas que apresentam protoalcaloides: - Cactus Peiote (Lophophora williamsii Lemaire/ Planta originária do norte do México e sudoeste dos EUA pertencente à família Cactaceae. Contém um importante alcaloide, a mescalina muito usada em cerimônias religiosas em tempos remotos.A mescalina é responsável por várias perturbações mentais, alucinações, sendo o primeiro alucinógeno reconhecido. Apresenta utilidade na psiquiatria experimental. 63 - Ephedra (Ephedra sinica Stapt.) pertence à família Gnetaceae, encontrada no sul da China, Índia e no Paquistão. Possui o alcaloide efefrina sendo indicada para combater estados hipotensivos, asma brônquica e congestão nasal. - Cochicina (Colchicum autumnale L.), pertencente à família Liliaceae, é cultivada na Inglaterra, centro e sul da Europa e no norte da Africa. A colchicina,
Compartilhar