Buscar

AGROECOLOGIA 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 175 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PLANTAS MEDICINAIS, AROMÁTICAS E 
CONDIMENTARES 
 
 
 
 
 
JOÃO CARLOS NORDI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PLANTAS MEDICINAIS, 
AROMÁTICAS E 
CONDIMENTARES 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2018 
 
 
Copyright©2018. Universidade de Taubaté. 
Todos os direitos dessa edição reservados à Universidade de Taubaté. Nenhuma parte desta publicação pode ser 
reproduzida por qualquer meio, sem a prévia autorização desta Universidade. 
Administração Superior 
Reitor Prof. Dr. José Rui Camargo 
Vice-reitor Prof. Dr. Isnard de Albuquerque Câmara Neto 
Pró-reitor de Administração Prof. Dr. Francisco José Grandinetti (interino) 
Pró-reitor de Economia e Finanças Prof. Dr. Mario Celso Peloggia (interino) 
Pró-reitora Estudantil Profa. Ma. Angela Popovici Berbare 
Pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias Profa. Ma. Angela Popovici Berbare (interino) 
Pró-reitora de Graduação Profa. Dra. Nara Lucia Perondi Fortes 
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação Prof. Dr. Francisco José Grandinetti 
Coordenação Geral EaD Profa. Dra. Patrícia Ortiz Monteiro 
Chefe do Setor EAD 
Coordenação Pedagógica 
 Profa Ma. Sanmya Feitosa Tajra 
Profa. Dra. Ana Maria dos Reis Taino 
Coordenação de Regulação 
Coordenação Acadêmica de Polos 
Coordenação de Tecnologias de Informação e 
Comunicação 
 Profa. Ma. Rosana Giovanni Pires 
Aline Cristina da Silva Prazeres 
Wagner Barboza Bertini 
Coord. de Área: Ciências da Nat. e Matemática Profa. Ma. Maria Cristina Prado Vasques 
Coord. de Área: Ciências Humanas Profa. Dra. Suzana Lopes Salgado Ribeiro 
Coord. de Área: Linguagens e Códigos Profa. Dra. Juliana Marcondes Bussolotti 
Coord. de Curso de Pedagogia 
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Gestão e Negócios 
Coord. de Cursos de Tecnol. Área de Recursos Naturais 
Supervisão Pedagógica de Objetos de Aprendizagem 
Supervisão de Linguística dos Objetos de Aprendizagem 
Supervisão de Impl. de Objetos de Aprendizagem 
Supervisão de ACC 
Supervisão de TCC 
Supervisão de Estágio 
Supervisão de Tutoria Eletrônica/Presencial 
Supervisão de Avaliação 
Supervisão ENADE 
Revisão ortográfica-textual 
Projeto Gráfico 
Diagramação 
Autor 
 Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento 
Profa. Ma. Márcia Regina de Oliveira 
Prof. Dr. João Carlos Nordi 
Profa. Dra. Mariana Aranha Souza 
Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral 
Profa. Ma. Andréa Maria Giannico de Araujo Viana Consolino 
Profa. Ma. Simone Guimarães Braz 
Profa. Ma. Eliana de Cássia Vieira de Carvalho Salgado 
Profa. Ma. Ely Soares do Nascimento 
Profa. Esp. Antônia Lucineire de Almeida 
Profa. Ma. Susana Aparecida da Veiga 
Profa. Ma. Juraci Lima Sabatino 
Profa. Ma. Isabel Rosângela dos Santos Amaral 
Me. Benedito Fulvio Manfredini 
Bruna Paula de Oliveira Silva 
João Caros Nordi 
Unitau-Reitoria Rua Quatro de Março,432, Centro 
Taubaté – São Paulo. CEP:12.020-270 
Central de Atendimento:0800557255 
Polo Taubaté – Sede 
 
 
 
 
 Avenida Marechal Deodoro, 605, Jardim Santa Clara 
Taubaté – São Paulo. CEP:12.080-000 
Telefones: Coordenação Geral: (12)3621-1530 
Secretaria: (12) 3622-6050 
 
 Ficha Catalográfica elaborada pelo 
 SIBi – Sistema integrado de Bibliotecas
 
 
N832p Nordi, João Carlos 
 Plantas medicinais, aromáticas e condimentares. / João 
 Carlos Nordi.Taubaté: UNITAU, 2017. 
 172f. : il. 
 
 Bibliografia 
 
 1. Plantas medicinais. 2. Fitoterápico. 3. Manipulação. 
 I. Universidade de Taubaté. II. Título 
 
 
 
 
1 
 
PALAVRA DO REITOR 
Palavra do Reitor 
 
 
Toda forma de estudo, para que possa dar 
certo, carece de relações saudáveis, tanto de 
ordem afetiva quanto produtiva. Também, de 
estímulos e valorização. Por essa razão, 
devemos tirar o máximo proveito das práticas 
educativas, visto se apresentarem como 
máxima referência frente às mais 
diversificadas atividades humanas. Afinal, a 
obtenção de conhecimentos é o nosso 
diferencial de conquista frente a universo tão 
competitivo. 
 
Pensando nisso, idealizamos o presente livro-
texto, que aborda conteúdo significativo e 
coerente à sua formação acadêmica e ao seu 
desenvolvimento social. Cuidadosamente 
redigido e ilustrado, sob a supervisão de 
doutores e mestres, o resultado aqui 
apresentado visa, essencialmente, a 
orientações de ordem prático-formativa. 
 
Cientes de que pretendemos construir 
conhecimentos que se intercalem na tríade 
Graduação, Pesquisa e Extensão, sempre de 
forma responsável, porque planejados com 
seriedade e pautados no respeito, temos a 
certeza de que o presente estudo lhe será de 
grande valia. 
 
Portanto, desejamos a você, aluno, proveitosa 
leitura. 
 
 
Bons estudos! 
 
 
 
Prof. Dr. José Rui Camargo 
Reitor 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
3 
 
Prefácio 
 
O Brasil, além de ser um país detentor da maior biodiversidade do planeta, apresenta 
uma rica diversidade étnica e cultural, detendo um valioso conhecimento tradicional 
associado ao uso de plantas medicinais. 
O emprego de plantas medicinais na recuperação da saúde tem evoluído ao longo dos 
tempos e a cada dia tornando-se mais popular. Acrescentado ao uso de plantas 
medicinais, de fitoterápicos, inclusive no Sistema Único de Saúde, temos o emprego de 
plantas aromáticas e condimentares, as quais podem apresentar também propriedades 
medicinais. 
Este livro-texto objetiva fornecer informações básicas sobre diversos aspectos 
relacionados com plantas medicinais, aromáticas e condimentares, principalmente em 
relação a seus princípios ativos, e popularizar terapêuticas alternativas e 
complementares com embasamento científico. 
Bons estudos e sucesso! 
 
 
 
Prof. Dr. João Carlos Nordi 
Coordenador Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sobre o autor 
 
JOÃO CAROLOS NORDI: possui a seguinte formação acadêmica: Graduação em 
Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho 
(1983); Licenciatura Plena 2º grau – Escola Técnica Agrícola pelo Instituto Americano 
da Igreja Metodista de Lins (1985); Especialização em Plantas Ornamentais e 
Paisagismo pela Universidade Federal de Lavras (2007); Mestrado em Botânica pela 
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Botucatu (1996); e Doutorado 
em Botânica pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – Botucatu 
(2001). É concursado como Prof. Assistente Doutor na cadeira de Sistemática Vegetal 
na Universidade de Taubaté. Na mesma instituição, responde pelas disciplinas: 
Anatomia e Morfologia Vegetal de Criptógamas e Espermatófitas; Jardinocultura e 
Paisagismo; Plantas Ornamentais; Metodologia Científica; Apiterapia para o curso de 
Medicina e Agroecologia. Atua também no Curso de Especialização em Apicultura Lato 
Sensu como professor e coordenador; no Curso de Pós-graduação Stricto Sensu em 
Ciências Ambientais da Universidade de Taubaté e coordena o Curso Superior de 
Tecnologia em Agroecologia e o Curso Superior de Gestão do Agronegócio, ambos na 
modalidade a distância (EAD), na mesma instituição. Desenvolve as seguintes linhas de 
pesquisa: Flora apícola, Polinização, Palinologia, Matologia (com ênfase em 
Fitossociologia de plantas herbáceas) e Arborização Urbana. 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
 
 
7 
 
Caros(as) alunos(as), 
Caros( as) alunos( as) 
O Programa de Educação a Distância (EAD) da Universidade de Taubaté apresenta-se 
como espaço acadêmico de encontros virtuais e presenciais direcionados aos mais 
diversos saberes. Além de avançada tecnologia de informação e comunicação, conta 
com profissionais capacitados e se apoia em base sólida, que advém da grande 
experiência adquiridano campo acadêmico, tanto na graduação como na pós-graduação, 
ao longo de mais de 35 anos de História e Tradição. 
Nossa proposta se pauta na fusão do ensino a distância e do contato humano-presencial. 
Para tanto, apresenta-se em três momentos de formação: presenciais, livros-texto e Web 
interativa. Conduzem esta proposta professores/orientadores qualificados em educação a 
distância, apoiados por livros-texto produzidos por uma equipe de profissionais 
preparada especificamente para este fim, e por conteúdo presente em salas virtuais. 
A estrutura interna dos livros-texto é formada por unidades que desenvolvem os temas e 
subtemas definidos nas ementas disciplinares aprovadas para os diversos cursos. Como 
subsídio ao aluno, durante todo o processo ensino-aprendizagem, além de textos e 
atividades aplicadas, cada livro-texto apresenta sínteses das Unidades, dicas de leituras 
e indicação de filmes, programas televisivos e sites, todos complementares ao conteúdo 
estudado. 
Os momentos virtuais ocorrem sob a orientação de professores específicos da Web. Para 
a resolução dos exercícios, como para as comunicações diversas, os alunos dispõem de 
blog, fórum, diários e outras ferramentas tecnológicas. Em curso, poderão ser criados 
ainda outros recursos que facilitem a comunicação e a aprendizagem. 
Esperamos, caros alunos, que o presente material e outros recursos colocados à sua 
disposição possam conduzi-los a novos conhecimentos, porque vocês são os principais 
atores desta formação. 
Para todos, os nossos desejos de sucesso! 
Equipe EAD-UNITAU 
 
 
 
8 
 
 
 
 
9 
 
Sumário 
 
Palavra do Reitor .............................................................................................................. 1 
Prefácio ............................................................................................................................. 3 
Sobre o autor ..................................................................................................................... 5 
Caros(as) alunos(as) ......................................................................................................... 7 
Ementa ............................................................................................................................ 11 
Objetivos ......................................................................................................................... 13 
Unidade 1 Grupos Vegetais e Propagação ................................................................ 17 
1.1 Principais grupos vegetais ........................................................................................ 17 
1.2 Métodos de propagação em plantas medicinais, aromáticas e condimentares ......... 31 
1.3 Síntese da Unidade ................................................................................................... 52 
1.4 Para saber mais ......................................................................................................... 53 
1.5 Atividades ................................................................................................................. 53 
Unidade 2 Metabolismo Secundário em Plantas Medicinais, Aromáticas e 
Condimentares .............................................................................................................. 55 
2.1 Definição .................................................................................................................. 55 
2.2 Metabólitos Secundários .......................................................................................... 56 
2.3 Fatores que influenciam no conteúdo de metabólitos secundários........................... 78 
2.4 Síntese da Unidade ................................................................................................... 81 
Unidade 3 Plantas Medicinais .................................................................................... 83 
3.1 Histórico da utilização de plantas medicinais........................................................... 83 
3.2 Formas de aplicação e preparo ................................................................................. 89 
3.3 Cuidados na manipulação ......................................................................................... 97 
 
 
 
10 
 
3.4 Finalidades ................................................................................................................ 98 
3.5 Diferença entre planta medicinal e fitoterápico ........................................................ 99 
3.6 Lista de plantas e ervas regulamentadas pela anvisa .............................................. 100 
3.7 Para saber mais ....................................................................................................... 108 
3.8 Atividades ............................................................................................................... 108 
Unidade 4 Principais Grupos de Plantas Medicinais, Aromáticas e 
Condimentares ............................................................................................................ 109 
4.1 Familia Apiaceae .................................................................................................... 109 
4.2 Família Asteraceae ................................................................................................. 115 
4.3 Familia Lamiaceae .................................................................................................. 120 
4.4 Familia Solanaceae ................................................................................................. 128 
4.5 Outras plantas medicinais ....................................................................................... 133 
4.6 Hortas medicinais comunitárias, beneficiamento e comercialização ..................... 141 
4.7 Para saber mais ....................................................................................................... 151 
4.8 Atividades ............................................................................................................... 151 
Referências. .................................................................................................................. 155 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
ORGANIZE-SE!!! 
Você deverá usar de 3 
a 4 horas para realizar 
cada Unidade. 
 
Plantas Medicinais, 
Aromáticas e 
Condimentares 
 
 
 
 
Ementa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EMENTA 
 
 
 
Principais grupos vegetais. Histórico da utilização de plantas medicinais. 
Metabolismo secundário em plantas medicinais e aromáticas. Princípio 
ativo e métodos de propagação de plantas medicinais (Propagação 
sexuada; Propagação assexuada). Extração e utilização das Plantas 
Medicinais e Aromáticas. As Partes utilizadas (Raízes, Cascas, Folhas, 
Flores, Frutos, Sementes). Os Principais grupos de plantas medicinais e 
aromáticas (Manejo e Cultivo): Lamiaceae, Asteraceae, Solanaceae, 
Apiaceae. Hortas medicinais comunitárias; beneficiamento e 
comercialização. 
 
 
 
12 
 
 
 
 
13 
 
 
Objetivo Geral 
 
Conhecer e definir conceitos sobre plantas medicinais e aromáticas bem como 
o de fitoterápicos. 
 
 
Obj eti vos 
 
Objetivos Específicos 
 
 Empregar o conhecimento das características morfológicas 
vegetais quanto ao reconhecimento dos principais grupos de plantas 
medicinais e aromáticas; 
 Analisar os aspectos relacionados com o uso de plantas 
medicinais, incluindo cultivo, comercialização e beneficiamento; 
 Oportunizar a prática de acesso e elaboração de diversos 
produtos com base em medicinais e aromáticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
 
 
 
15 
 
Introdução 
 
Na Unidade 1, conheceremos os principais grupos vegetais, bem como os métodos de 
reprodução e propagação das plantas medicinais, aromáticas e condimentares. 
Na Unidade 2, estudaremos o MetabolismoSecundário Vegetal, para as plantas 
medicinais, aromáticas e condimentares. Conheceremos os tipos de Metabólitos 
Secundários produzidos pelas plantas 
Na Unidade 3, aprenderemos mais sobre as plantas medicinais, seu histórico, formas de 
aplicação e preparo e os cuidados que devemos ter quando da sua manipulação. 
Veremos também a diferença entre planta medicinal e fitoterápico e conheceremos a 
listagem de plantas e ervas regulamentadas pela ANVISA. 
Na Unidade 4, trataremos dos principais grupos de plantas medicinais, aromáticas e 
condimentares e aprenderemos sobre os cuidados e as práticas necessárias para a 
instalação de uma horta, bem como o beneficiamento e comercialização. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
16 
 
 
 
 
17 
 
Unidade 1 
Grupos Vegetais e Propagação 
 
 
1.1 Principais grupos vegetais 
 
As plantas pertencem ao Reino Plantae, sendo divididas em grupos e subgrupos, com 
base em algumas de suas características semelhantes. Os grupos são: Criptógamas e 
Fanerógamas. 
1.1.1 Criptógamas 
O nome Criptógama tem origem no idioma grego (cripto= escondido; gamae= gameta), 
significando gametas escondidos ou ocultos. Desta forma podemos dizer que possuem 
um sistema reprodutivo não muito visível, e como consequência não formam flor, fruto 
e semente. 
Como subgrupos de criptógamas, podemos citar as Briófitas e as Pteridófitas. 
Importante frisar que o grupo das algas não constitui um grupo taxonômico, um táxon, 
no sentido atual do termo. É, antes, um conjunto de organismos muito diversos quanto a 
sua organização, origem e características morfológicas, fisiológicas e ecológicas, 
constituindo um grupo artificial, agrupando um conjunto importantíssimo de 
organismos. Como produtores primários, iniciam inúmeras cadeias alimentares, 
produzem substâncias com emprego em diversos setores da atividade humana; alguns 
acarretam efeitos indesejados e são importantes e intrigantes, principalmente para a 
compreensão da origem e evolução dos seres vivos. Dentre os grupos que compõem as 
divisões das algas (Figura 1.1), temos as algas verdes, que podemos incluir no Reino 
 
 
 
18 
 
Plantae, dependendo o sistema de classificação adotado. 
Briófitas 
As briófitas constituem um grupo taxonômico artificial e estão divididas em Bryophyta 
(musgos), Marchantiophyta (hepáticas) e Anthocerotophyta (antóceros), segundo a 
classificação adotada por Shaw e Goffinet (2000). 
São plantas pequenas, que em geral crescem em locais úmidos, necessitando da água 
para realizar o seu processo de fecundação. Recobrem troncos de árvores (Figura 1.2) e 
rochas ao longo de córregos ou terras úmidas. No entanto, não são restritas a tais 
habitats, sendo encontradas em ambientes relativamente secos, como desertos e rochas 
expostas, nos quais podem sobreviver com baixas taxas metabólicas até conseguirem 
recuperar-se fisiologicamente da dessecação. Ocorrem também no ártico, contudo sem 
Figura 1.1: Relações filogenéticas (evolutivas) entre os grupos vegetais 
 
Fonte: https://colegiofaat.files.wordpress.com/2017/05/reino-plantae.pdf. Acesso em: 
16 nov. 2017. 
 
http://www.criptogamas.ib.ufu.br/node/457
http://www.criptogamas.ib.ufu.br/node/458
 
 
19 
 
representantes no ambiente marinho. Como curiosidade temos que a grande maioria não 
é consumida por insetos e é resistente a fungos e bactérias. 
Pertencem às mais antigas linhagens de plantas terrestres, ou seja, ao sub-reino 
Embryophyta (que inclui as plantas vasculares) porque o embrião se desenvolve a partir 
do zigoto que é o produto da união das células sexuais (DELGADILLO; CÁRDENAS, 
1990), constituindo o Esporófito. Existem desde o Paleozoico (300 milhões de anos), 
com formas próximas às atuais. Pelo fato de permanecerem sem mudanças e com taxas 
de evolução relativamente baixas, são denominadas plantas conservativas. 
As briófitas contribuem significativamente para a diversidade vegetal. São importantes 
colonizadoras de superfícies de rochas e solos nus; como indicadores ambientais, por 
serem muito sensíveis à poluição do ar; auxiliam no armazenamento de água, na 
captação de nutrientes da chuva e nas interações ecológicas, servindo de habitat para 
animais. Constituem o segundo maior grupo de plantas terrestres verdes, com cerca de 
15.000 espécies pertencentes a mais de 1200 gêneros. 
Figura 1.2: Briófitas. Divisão Bryophyta (musgos) desenvolvendo-se nas cascas das 
árvores (epífetas). 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
20 
 
Pteridófitas 
O grande grupo das Pteridófitas está subdividido em sete divisões, segundo Raven et al. 
(2007), sendo que três são representantes fósseis (Rhyniophyta, Zosterophyllophyta, 
Trimerophyta) e as outras quatro divisões são de representantes atuais: Lycophyta 
(Figura 1.3), Psilotophyta, Sphenophyta (Figura 1.4), Pterophyta (Figuras 1.5 e 1.6). 
Segundo Smith et al. (2006), em um novo sistema de classificação as Pteridófitas estão 
classificadas de forma diferente, possuindo 3 divisões: Lycophyta, (com as famílias 
Lycopodiaceae, Selaginellaceae e Isoetaceae); Pteridophyta (as famílias Psilotaceae, 
Equisetaceae) e Pterophyta (com cerca de 32 famílias, incluindo as samambaias e 
avencas). 
Cerca de 220 espécies vêm sendo usadas na medicina e, destas, aproximadamente 60 
são usadas no Brasil; dentre elas, podemos citar Dicranopteris pectinata (Willd.) 
Underw. e Selaginella convoluta (Arn.) (BARROS & ANDRADE, 1997). Além destas, 
temos importantes pesquisas com espécies do gênero Huperzia, para a cura do “mal de 
Alzenheimer” (PRANCE, 1970), sem dizer que vêm sendo empregadas durante séculos 
na medicina tradicional chinesa para o tratamento de contusões, condições de estresse e 
de esgotamento mental, inflamações, esquizofrenia, miastenia grave, e de 
envenenamento por organofosforado (MA et al., 2006). 
Espécies de Pteridófitas têm sido investigadas por apresentar ação antibiótica (p.ex.: 
Adiantopsis radiata (L.) Fee, Thelypteris serrata (Cav.) Alston., Vittaria lineata L. 
Microgramma vacciniifolia (LANGSD. & FISCH.) já testada (MURILO, 1983; SILVA, 
1989). 
Em se tratando da alimentação humana e de outros animais (Pteridium aquilinum (L.) 
Kuhn, Ceratopteris pteridoides (H.K) Hieron, dentre outras), têm sido usadas 
frequentemente. 
Espécies de Azolla (pteridófitas aquáticas), associadas com cianobactérias, são fixadoras 
de nitrogênio atmosférico, e utilizadas em culturas de arroz inundada, ou em regiões 
alagadas, aumentando a produção desses grãos. 
 
 
21 
 
A atração estética desse grupo possibilitou a sua preservação como plantas ornamentais. 
Até há pouco tempo várias espécies de samambaias eram empregadas na produção de 
xaxins (as samambaias arborescentes do gênero Dicksonia, Cyathea, Trichpteris.) como 
suporte para o cultivo de outras espécies, o que foi proibido em função do extrativismo 
predatório, levando-as à beira da extinção. 
Sobre a sua importância ecológica, Brade (1940) comenta que as Pteridófitas 
desempenham um importante papel na manutenção da umidade no interior de uma 
floresta, absorvendo água pelas raízes densas e a distribuindo gradualmente ao solo e ar, 
favorecendo o desenvolvimento dos pequenos animais e vegetais do substrato, 
extremamente necessários para o equilíbrio ecológico do ambiente. Algumas espécies 
também são importantes como indicadoras do tipo de solo e de ambientes, indicando o 
nível de conservação destes (SOTA, 1971), além de outras que favorecem a contenção 
dos barrancos, bem como em estudos de monitoramento ambiental. 
Existem ainda as espécies que são consideradas colonizadoras ou invasoras de culturas, 
como Pteridium aquilinum (L.) Kauhn, ou aquelas que provocam assoreamento de 
represas, como Salvinia auriculata Aubl. (WINDISCH, 1990). 
 
 
Figura 1.3: Divisão Lycophyta: A - Lycopodium sp.; B – Selaginella sp. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.4:Divisão: Sphenophyta. Equisetum hyemale L., conhecido como cavalinha, 
planta medicinal. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
Figura 1.5: Pterophyta. Pertencente à família 
Salviniaceae, uma pteridótifa aquática. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
23 
 
Líquens 
Os liquens são associações simbióticas entre algas e fungos, que resultam em um talo 
modificado (AHMADJIAN, 1993). Este conceito acaba não podendo ser aplicado a 
toda a imensa diversidade de formas, tamanhos e tipos de relação que ocorrem nas cerca 
de 20 mil espécies de líquens conhecidas. O talo liquênico é a parte vegetativa da planta 
e apresenta uma extraordinária complexidade, devido à interação entre os dois 
organismos (HALE, 1983), podendo ser classificado de acordo com o seu formato 
(Figura 1.7). As algas podem pertencer ao Reino Monera, no caso das cianobactérias 
Figura 1.6: Divisão: Pterophyta. Diversidade de formas. A = Platycerium sp. (Chifre-de-
veado); B= Dicksonia sellowiana (samambaia xaxim); C = samambaia terrestre; D= 
samambaia epífita do gênero Microgramma (medicinal); E= Adiantum sp. (avenca) e F = 
Gleichenia, encontrada principalmente em solos ácidos. 
 
Fonte: Divisão: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
24 
 
(antigamente chamadas algas azuis), ou ao Reino Protista, no caso das algas verdes. Já 
os fungos (Reino Fungi) pertencem, em sua grande maioria, ao Filo Ascomycota (98% 
dos liquens), com poucos representantes no filo Basidiomycota (que engloba os 
cogumelos, por exemplo). 
As algas verdes e cianobactérias, por realizarem a fotossíntese, são chamadas de 
fotobiontes (foto = luz; bionte = ser vivo), enquanto os fungos constituem os 
micobiontes (mico = fungo). Assim, pode-se dizer também que líquen é a união de um 
micobionte com um fotobionte (BENATTI; MARCELLI, 2007). 
Até 1981, os líquens eram considerados como formando um grupo taxonômico 
(Lichenes) dentro do reino Fungi. A partir de então, o Código Internacional de 
Nomenclatura Botânica, seguindo a prática já corrente entre os especialistas em liquens, 
aboliu Lichenes como grupo taxonômico, que passou a ser encarado como um grupo 
biológico, com características fisiológicas e ecológicas próprias. 
Vários ácidos liquênicos têm sido estudados do ponto de vista farmacológico. A ação 
antibiótica de extratos liquênicos tem sido investigada há algumas décadas, sendo que 
Burkholder et al. (1944, 1945) foram os primeiros a publicar estudos qualitativos das 
propriedades antibióticas dos líquens. 
A atividade antibiótica está relacionada à presença de derivados fenólicos nos extratos 
liquênicos. Os mecanismos da ação antibiótica de ácidos liquênicos, mais precisamente 
de ácido úsnico e seus derivados, sugerem que esses compostos modificam a estrutura 
das proteínas. Essas modificações resultam em alterações de certas capacidades 
metabólicas das células infectantes (permeabilidade de parede, permeabilidade de 
membrana, atividade enzimática, etc.), causando-lhes, às vezes, alterações irreversíveis 
e, até mesmo, conduzindo à morte celular (VICENTE, 1975). 
No Brasil, o estudo químico de líquens tem sido pouco explorado, quando comparado 
com o de plantas superiores. O estudo químico dos líquens, da mesma forma que o 
estudo de plantas superiores, reveste-se de importância na medida em que as substâncias 
isoladas são estruturalmente conhecidas e avaliadas quanto à atividade biológica. 
 
 
25 
 
1.1.2 Fanerógamas 
O nome fanerógama tem origem no idioma grego (fanero= visível; gamae = gameta), 
significando gametas visíveis. Desta forma, pode-se dizer que possuem um sistema 
reprodutivo visível. São também conhecidas como espermatófitas, pois produzem 
sementes, pertencentes à grande divisão Spermatophyta. 
Com cerca de 270.000 espécies, as espermatófitas (fanerógamas) atuais distribuem-se 
Figura 1.7: Grupo biológico dos líquens. Diversas formas do talo (corpo) em 
diferentes espécies: A= Talo folioso (Parmotrema tinctorum); B e C = talo 
fruticoso; D= talo crostoso (Herpthallon rubrocinctum). 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
26 
 
por cinco principais divisões: Cycadophyta, Ginkgophyta, Conipherophyta e 
Gnetophyta, conhecidas também como Grupo Gimnospérmico, e Magnoliophyta, 
conhecidas como angiospermas, ou seja, plantas com flor. A capacidade de produção de 
sementes, estruturas de proteção e alimento do embrião, contribuiu para a dominância 
das espermatófitas na flora atual. 
Tradicionalmente, as fanerógamas podem ser dividias em subgrupos: Gimnospermas e 
Angiospermas. 
Gimnospermas: 
As gimnospermas (do grego gymnos = nu; sperma = semente') são plantas terrestres que 
vivem, preferencialmente, em ambientes de clima frio ou temperado. Nesse grupo 
incluem-se plantas como pinheiros, sequoias e ciprestes. 
As gimnospermas possuem raízes, caule e folhas, mas não apresentam frutos. Possuem 
também ramos reprodutivos com folhas modificadas chamadas estróbilos. Em muitas 
gimnospermas, como os pinheiros e as sequoias, os estróbilos são bem desenvolvidos e 
conhecidos como cones – o que lhes confere a classificação no grupo das coníferas. 
Há produção de sementes, sendo que elas se originam nos estróbilos femininos. No 
entanto, as gimnospermas não produzem frutos. Suas sementes são "nuas", ou seja, não 
ficam encerradas em frutos. 
O grupo das gimnospermas atuais é composto de quatro divisões: Ginkgophyta; 
Conipherophyta (Figura 1.8); Gnetophyta e Cycadophyta (Figura 1.9). 
 
 
 
 
27 
 
 
 
Figura 1.8: Divisão: Conipherophyta. A= Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze 
(Pinheiro do Paraná); B = Pinus elliottii Engelm. – aspecto vegetativo; C= Pinus elliottii 
Engelm com estróbilos (cones). 
 
Fonte: Divisão: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
28 
 
Angiospermas: 
As Angiospermas (do grego: angeo = bolsa; sperma = semente) são plantas 
espermatófitas, cujas sementes são protegidas por uma estrutura denominada de fruto. 
Também conhecidas por magnoliófitas ou antófitas, correspondem ao maior e mais 
moderno grupo de plantas, englobando cerca de 230 mil espécies descritas habitando os 
mais diversos tipos de ambientes. Com porte variando desde gramíneas até enormes 
Figura 1.9: Divisão: Cycadophyta. A e B = Cycas circinalis L. C= Cycas revoluta thunb.; 
D= Encephalartos ferox (G. Bertol) Lehm. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fruto
https://pt.wikipedia.org/wiki/Plantae
https://pt.wikipedia.org/wiki/Esp%C3%A9cie
 
 
29 
 
árvores, possuem raiz, caule, folha, flores, fruto e semente (Figura 1.10). 
As angiospermas conquistaram definitivamente o ambiente terrestre graças ao seu grau 
de complexidade, diversidade e distribuição geográfica. É o mais numeroso grupo de 
plantas atuais, variando de gramíneas a enormes árvores. 
A principal característica deste grupo é a presença do fruto e das flores. A flor contém 
os óvulos; flores podem estar agrupadas em inflorescências ou estar solitárias. As flores 
possuem estruturas para atrair agentes polinizadores (NORDI; BARRETO, 2016) como 
as pétalas coloridas e recursos florais, como néctar ou exsudado estigmático, por 
exemplo. 
As estratégias reprodutivas formam uma etapa extremamente vital para o ciclo de vida 
das Angiospermas e seu conhecimento é de grande importância para a compreensão dos 
processos responsáveis pela manutenção da biodiversidade e pelo funcionamento dos 
ecossistemas. 
As angiospermas foram subdivididas, em relação aos aspectos morfológicos e não 
classificatórios, em duas classes: as monocotiledôneas e as dicotiledôneas, de acordo 
com o número de cotilédones, um ou dois, respectivamente, quando da germinação. 
São exemplos de angiospermas monocotiledôneas: bambu, cana-de-açúcar, milho, 
arroz, trigo, aveia, cevada, cebola, centeio, banana, bromélias e orquídeas, dentre outras; 
e de angiospermas dicotiledôneas: feijão, amendoim, soja, ervilha, lentilha, grão-de-
bico, pau-brasil, ipê, abacate,acerola, rosa, morango, laranja, algodão, café, girassol e 
margarida dentre outros. 
 
 
 
 
30 
 
 
Figura 1.10: Divisão: Magnoliophyta (Angiospermas). Algumas famílias botânicas: A= 
Orchidaceae; B= Melastomataceae; C= Onagraceae; D= Bromeliaceae; E = Asteraceae; F= 
Fabaceae-Caesalpinioideae. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
31 
 
1.2 Métodos de propagação em plantas medicinais, aromáticas 
e condimentares 
 
Na natureza os vegetais se reproduzem de forma sexuada, através de fecundação e 
produção de sementes. A reprodução dos vegetais, também pode ser feita de forma 
assexuada, ou seja, por multiplicação vegetativa. Esta capacidade de reproduzir as 
qualidades e a carga genética da planta tem sido usada pelo homem para produção em 
grande escala de diversas plantas 
A reprodução sexuada envolve recombinação gênica, ou seja, cruzamento entre 
indivíduos, sendo, portanto, a grande geradora de variabilidade nas espécies, resultando 
nas sementes. A propagação assexuada, como o próprio nome diz, é um método que não 
envolve recombinação gênica, somente multiplicação de um determinado material, no 
qual o produto será igual à planta que cedeu seu material vegetativo, não envolvendo 
sementes. 
No processo produtivo de plantas medicinais em quantidade e com qualidade 
adequadas, é imperativo o processo de produção de mudas, que constitui o primeiro 
passo para atingir o objetivo esperado. Assim, temos que a propagação de plantas é uma 
ocupação fundamental da humanidade. Provavelmente a civilização se iniciou quando o 
homem antigo aprendeu a semear e cultivar certos tipos de plantas que satisfaziam suas 
necessidades nutritivas e as dos seus animais. Na medida em que avançou a civilização, 
ele foi acrescentando à diversidade de plantas outros cultivos, não só alimentícios, mas 
também aqueles que lhe proporcionavam outros benefícios, como a obtenção de 
medicamentos, condimentos, perfumes, ornamentação, entre outros (SOUZA, 2011). 
Após a seleção das espécies medicinais, devemos verificar quais os meios de 
propagação mais adequados. A propagação exige o conhecimento de certas 
manipulações e de habilidades técnicas que requerem certa experiência e tempo para se 
adquirir, sendo necessário o conhecimento da estrutura e dos mecanismos de 
crescimento das plantas (SOUZA, 2011), além de conhecer as diversas classes de 
propagação e os vários métodos que podem ser utilizados. Uma mesma espécie pode ser 
 
 
 
32 
 
propagada por mais de um meio, como a arruda (Ruta graveolens) e o alecrim 
(Rosmarinus officinalis), que podem ser propagados por sementes ou estacas de ramos, 
ou ainda a espécie mil folhas (Achillea millefolium), que pode ser propagada por divisão 
de touceira ou por rizomas. O método utilizado deve ser adequado à classe de planta que 
se propaga e às condições em que se realiza. A seguir vamos ver os métodos de 
reprodução e ou propagação das plantas medicinais, aromáticas e condimentares. 
1.2.1 Reprodução sexuada 
A semente é o órgão responsável pela dispersão e perpetuação das espermatófitas, sendo 
o produto da recombinação gênica do núcleo reprodutor masculino (gameta masculino) 
com o núcleo reprodutor feminino (oosfera, no interior do óvulo), resultado da 
reprodução sexuada. 
As sementes relacionam-se com a dispersão e a sobrevivência das plantas angiospermas 
(ou Espermatófitas) sob condições favoráveis como também desfavoráveis, tais como 
extremos de temperatura (até certos limites) e de seca (DAMIÃO FILHO; MÔRO, 
2001). 
Para se obter sucesso com esse modo de reprodução, há necessidade de saber os 
aspectos relacionados com a germinação das sementes, bem como compreender os 
fatores relacionados com sua germinação. 
1.2.1.1 Germinação das sementes 
A germinação por ser um fenômeno biológico é considerada botanicamente como a 
retomada do crescimento do eixo embrionário, com o rompimento do tegumento (casca 
da semente) pela radícula. 
O embrião da semente inicia sua formação a partir do momento da fertilização da 
oosfera e segue desenvolvendo-se até que seu crescimento cessa e o grau de umidade 
diminui a um nível tão baixo que permite apenas reduzida atividade metabólica. Nestas 
condições, a semente encontra-se no estado de quiescência, pois a disponibilidade de 
água (teor de água da semente) é insuficiente para desencadear o processo germinativo. 
 
 
33 
 
As sementes comercializadas possuem uma porcentagem de água em torno de 5 a 25%. 
Como fatores externos que influenciam na germinação das sementes temos água, 
oxigênio e temperatura e fatores internos à dormência das sementes 
1.2.1.1.1 Fatores externos que influenciam na germinação das sementes 
 Água 
A água é fator imprescindível, pois é com a absorção de água pela semente, processo 
esse denominado de embebição, que se inicia o processo da germinação. Para que isso 
aconteça, há necessidade de que a semente alcance um nível adequado de hidratação, 
que permita a reativação dos processos metabólicos. A umidade adequada é variável 
entre as espécies. De forma geral, o processo de embebição inicia-se quando a 
porcentagem de água atinge cerca de 70-80%. 
 A embebição processa-se, em geral, em três etapas. A primeira é um processo rápido e 
puramente físico. Na primeira etapa, a entrada de água na semente se dá por adsorção. A 
união entre um sítio polar da água e de uma substância de reserva não é influenciável 
por inibidor da germinação. Este comportamento se verifica em qualquer semente, 
morta ou viva. A segunda etapa é lenta, sendo inclusive a que determina o tempo gasto 
por uma semente para germinar. A terceira etapa é rápida. 
A embebição varia, também, com a natureza do tegumento, com a composição química, 
o tamanho da semente e com a temperatura (CHING, 1972). A água tem importante 
papel na germinação, atuando no tegumento, amolecendo-o, favorecendo a penetração 
do oxigênio, e permitindo a transferência de nutrientes solúveis para as diversas partes 
da semente (TOLEDO; MARCOS FILHO, 1977). 
O excesso de água, em geral, provoca decréscimo na germinação, visto que impede a 
penetração do oxigênio e reduz todo o processo metabólico resultante. A deficiência 
hídrica também é nociva à germinação, porquanto a semente não terá condições de 
manter o metabolismo adequado. 
 
 
 
 
34 
 
 Oxigênio 
O oxigênio é necessário para a promoção de reações metabólicas importantes na 
semente, especialmente a respiração. Ainda que a respiração nos primeiros momentos 
da germinação seja em geral anaeróbica (sem a presença do oxigênio), logo em seguida 
ela passa a ser absolutamente dependente de oxigênio (BORGES; RENA, 1993). Com a 
entrada do oxigênio, temos o início das atividades metabólicas, que se intensificam 
durante o processo. Devemos lembrar que o oxigênio difunde-se da atmosfera para o 
solo e que semeaduras profundas podem resultar na falta de oxigênio, comprometendo o 
processo de germinação. 
 Temperatura 
Como em qualquer reação química, existe uma temperatura ótima na qual o processo se 
realiza mais rápida e eficientemente, e as temperaturas máxima e mínima que, sendo 
ultrapassadas, fazem com que a germinação seja zero. Esta faixa de temperatura é 
variável entre as diferentes espécies. Acima e abaixo dos limites máximo e mínimo, 
respectivamente, pode ocorrer a morte das sementes ou termo dormência. A faixa de 20 
a 30ºC mostra-se adequada para a germinação de grande número de espécies 
subtropicais e tropicais. À medida que a semente deteriora, ela fica mais exigente 
quanto à temperatura, passando a ter necessidades específicas para que a germinação 
ocorra (BEWLEY; BLACK, 1994). 
A temperatura adequada para a germinação de sementes de várias espécies vem sendo 
determinada por muitos pesquisadores. Como exemplo, foi definida como ótima para 
germinação a temperatura de 25ºC para sementes de Stevia rebaudiana Bert. (RANDI; 
FELIPE, 1981),conhecida com estévia, utilizada como adoçante e detentora de 
propriedades medicinais; as de 30 a 35ºC para sementes de Prosopis juliflora (Sw.) DC. 
conhecida como Algaroba, utilizada para alimentação de animais no Nordeste (PEREZ; 
MORAES, 1990), e as de 25 a 30ºC para sementes de Mabea fistulifera Mart. (LEAL 
FILHO; BORGES, 1992), dentre outros. 
 
 
 
35 
 
 Luz 
Em relação ao comportamento germinativo de espécies sensíveis à luz, existem as 
sementes que são indiferentes à exposição à luz, germinando em qualquer ambiente 
luminoso (VAZQUEZ YANES; OROZCO-SEGOVIA, 1991), ou germinam somente 
no escuro (VIDAVER, 1980). Algumas sementes germinam após rápida exposição à 
luz e outras necessitam de período relativamente longo de luz. 
Na germinação de sementes sensíveis à luz, devemos levar em conta que a sensibilidade 
das sementes ao regime luminoso pode ser alterada por vários fatores como: 
temperatura, idade das sementes, condição de armazenamento, tratamento para 
superação de dormência e condição de cultivo da planta. A luz pode ser considerada um 
fator importante na quebra de dormência em sementes. Os efeitos da luz na quebra de 
dormência podem ser dependentes também da temperatura (FERREIRA; BORGHETTI, 
2004). 
1.2.1.1.2 Fatores internos que influenciam na germinação das sementes 
 Dormência das sementes 
A dormência ainda é um dos menos conhecidos aspectos da biologia de sementes, 
particularmente devido ao fato de estar relacionada não a uma, mas sim a múltiplas 
causas (FINKELSTEIN et al., 2008). A dormência pode ser classificada com base na 
origem, localização e nos mecanismos envolvidos, reconhecendo-se o caráter indutivo 
da dormência, ou seja, que ela surge (é induzida) em uma determinada etapa do 
desenvolvimento e em um determinado espectro de condições ambientais, tais como: a) 
envoltórios da semente; b) morfológica e c) interna ou fisiológica. 
a) Dormência devido aos envoltórios da semente 
Podem ser subdividida em: dormência física; dormência mecânica e dormência química. 
Dormência física 
A dormência física é causada por uma ou mais camadas de células impermeáveis à 
 
 
 
36 
 
água, situadas no tegumento ou nos envoltórios da semente em geral, ou seja, a 
impermeabilidade do tegumento. Nesses casos, a hidratação e a consequente interrupção 
da dormência estão muitas vezes relacionadas à formação de aberturas em estruturas 
anatômicas especializadas (por exemplo, o hilo e a lente), localizadas na superfície da 
semente, ocasionando uma diminuição da resistência à entrada de água no seu interior 
(BASKIN; BASKIN 2004). 
Dormência mecânica 
A dormência mecânica é devida à imposição à expansão do embrião. Por definição, 
sementes com dormência mecânica apresentam o endocarpo ou mesocarpo (camadas do 
fruto) pétreo, cuja rigidez impede a expansão do embrião (CARDOSO, 2004). 
A dormência mecânica foi conceituada por Nikolaeva (1969) como a inibição da 
germinação pela presença de frutos duros ou com parede lenhosa, atribuída, 
normalmente ao endocarpo ou estendida ao mesocarpo, embora não existam evidências 
da ação do endocarpo como obstáculo à germinação. 
De acordo com Vivian et al. (2008), a dormência mecânica pode ser uma 
particularidade da dormência fisiológica. Em outras palavras, estando o embrião 
quiescente e em condições adequadas de água, oxigênio e temperatura, não haveria um 
impedimento mecânico efetivo ao seu crescimento, por parte dos tecidos adjacentes 
(CARDOSO, 2004). 
É importante ressaltar que uma mesma espécie pode apresentar diferentes graus e tipos 
de dormência. No caso de espécies que apresentam mais de um tipo de dormência, esta 
é dita dormência complexa ou combinada. 
Dormência química 
A dormência química é causada por inibidores de crescimento presentes no pericarpo 
(conjunto de todas as camadas de um fruto). Essa definição foi posteriormente estendida 
para substâncias produzidas tanto dentro como fora da semente que, translocadas para o 
embrião, inibiriam seu crescimento (BASKIN; BASKIN, 1998). Aquênios (tipo de fruto 
 
 
37 
 
encontrado na família Asteraceae) de Bidens pilosa (picão preto), por exemplo, 
germinam melhor quando submetidos à lavagem com água corrente, sugerindo a 
presença de inibidores no aquênio. Tais inibidores podem reduzir, via oxidação, a 
disponibilidade de oxigênio ao embrião (FORSYTH; BROWN 1982). 
Dousseau et al. (2007), trabalhando com Zeyheria montana, planta com 
propiredades medicinais utilizadas nas afecções de pele e como antissifilítica 
(RODRIGUES; CARVALHO, 2001), conseguiram resultados satisfatórios em sementes 
submetidas à lavagem em água corrente por 6 horas, em relação ao vigor e à 
porcentagem de germinação. 
b) Dormência morfológica 
Quando as sementes não germinam devido à imaturidade do embrião, faz-se necessário 
um período adicional para o seu completo desenvolvimento, denominado pós-
maturação. Sementes de Elaeis guineenses requerem temperaturas na faixa de 35 a 40°C 
(CARDOSO, 2004). São escassos os trabalhos tratando dessa modalidade de dormência 
em espécies brasileiras, relatada quase que exclusivamente em Annonaceae, 
Mimosaceae e Aquifoliaceae (CARDOSO, 2004). 
A dormência morfológica manifesta-se em sementes que são liberadas da planta mãe 
com embriões diferenciados (cotilédones e eixo hipocótilo-radícula reconhecíveis), mas 
subdesenvolvidos quanto ao tamanho. Nesse caso, a germinação “visível” (protrusão) é 
precedida por uma fase de crescimento intrasseminal desencadeada por condições 
ambientais apropriadas. 
c) Dormência interna ou fisiológica 
A dormência fisiológica é causada por mecanismos inibitórios envolvendo os processos 
metabólicos e o controle do desenvolvimento. Na dormência fisiológica operam 
diversos mecanismos, localizados não só no embrião propriamente dito, mas também 
nos tecidos e nas estruturas adjacentes, tais como tegumento e endosperma 
(CARDOSO, 2004). 
 
 
 
38 
 
Segundo Baskin e Baskin (2004), dormência fisiológica é aquela em que a presença de 
substâncias inibidoras ou a ausência de substâncias promotoras da germinação impede 
que a germinação ocorra. Ela pode ser subdividida em dormência fisiológica profunda, 
intermediária ou superficial. A dormência profunda ocorre em espécies que necessitam 
de período longo com temperaturas baixas para a sua superação. A distinção desta para 
as demais subdivisões (intermediária e superficial) se dá pela ausência de crescimento 
do embrião ou pela geração de plântulas anormais, mesmo quando o embrião é isolado 
da semente. As dormências fisiológicas, intermediária e superficial, são mais comuns. 
Resumidamente as causas da dormência em sementes, podem ser apontadas o Quadro 
1.1. 
Quadro 1.1: Causas da dormência em sementes
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
39 
 
Tratamentos Para Quebra Da Dormência 
Dormência tegumentar ou exógena 
a) Escarificação ácida: As sementes são imersas em ácido sulfúrico, por um 
determinado tempo, que varia em função da espécie, à temperatura entre 19ºC e 
25ºC, sendo então lavadas em água corrente e colocadas para germinar. Deve-se 
cobrir as amostras com ácido sulfúrico na proporção de 01 volume de sementes 
para 02 volumes de ácido. 
b) Escarificação mecânica: Este método tem se mostrado bastante eficaz para a 
superação da dormência de algumas espécies da família Fabaceae (antiga 
Leguminosae). O procedimento consiste, basicamente, em submeter as sementes 
à abrasão, através de cilindros rotativos, forrados internamente com lixa, o que 
irá desgastar o tegumento, proporcionando condições para que absorva água e 
inicie o processo germinativo. Para que se obtenham resultados positivos na 
utilização desse processo, são necessárias algumas precauções, como o tempo de 
exposição das sementes à escarificação e à pureza do lote, pois sementes com 
impurezas comprometem a eficiência do tratamento. 
c) Imersão em água quente:a imersão em água quente constitui-se num eficiente 
meio para superação da dormência tegumentar das sementes de algumas 
espécies. A água é aquecida até uma temperatura inicial, variável entre espécies, 
onde as sementes são imersas e permanecem por um período de tempo também 
variável, de acordo com cada espécie. Imersão em água fria: sementes de 
algumas espécies apresentam dificuldades para germinar, sem, contudo, estarem 
dormentes. A simples imersão das sementes em água, à temperatura ambiente 
(25ºC) por 24 horas, elimina o problema, que normalmente é decorrente de 
longos períodos de armazenamento, e que causa a secagem excessiva das 
sementes, impedindo-as de absorver água e iniciar o processo germinativo. 
 
 
 
 
 
40 
 
Dormência embrionária ou endógena 
a) Estratificação a frio: As sementes de algumas espécies apresentam embrião 
imaturo, que não germina em condições ambientais favoráveis, necessitando de 
estratificação para completar seu desenvolvimento. Para a estratificação, o meio 
em que as sementes serão colocadas deve apresentar boa retenção de umidade e 
ser isento de fungos. Normalmente utiliza-se areia bem lavada que apresente 
grãos em torno de 2,0 mm de diâmetro (média) para facilitar a posterior 
separação das sementes por peneiragem. O recipiente em que será colocado o 
meio deve permitir boa drenagem, evitando-se a acumulação de água no fundo, 
o que causa o apodrecimento das sementes. A temperatura requerida para a 
estratificação a frio está entre 2ºC e 4ºC, que pode ser obtida em uma geladeira 
ou câmara fria. As sementes são colocadas entre duas camadas de areia com 5 
cm de espessura. O período de estratificação varia de 15 dias para algumas 
espécies, até 6 meses para outras. Uma vez encerrado o período de 
estratificação, as sementes devem ser semeadas imediatamente, pois se forem 
secas poderão ser induzidas à dormência secundária. 
b) Estratificação quente e fria: A maturação dos frutos de algumas espécies 
ocorre no final do verão e início do outono, com temperaturas ambientais mais 
baixas. A estratificação quente e fria visa reproduzir as condições ambientais 
ocorridas por ocasião da maturação dos frutos. O procedimento é exatamente o 
mesmo descrito para a estratificação a frio, alterando-se temperaturas altas (25ºC 
por 16 horas e 15ºC por 8 horas) por um período, e temperaturas baixas (2ºC a 
4ºC) por outro período. 
Dormência combinada Algumas espécies apresentam sementes com dormência 
tegumentar e embrionária. Nestes casos, submete-se a semente inicialmente ao 
tratamento de superação da dormência tegumentar, e a seguir para superar a dormência 
embrionária. Em alguns casos, apenas a estratificação a frio é suficiente para superação 
de ambas. 
 
 
41 
 
No Quadro 1.2 encontra-se uma síntese dos tratamentos para a quebra de dormência em 
sementes. 
1.2.2 Reprodução Assexuada (ou Propagação vegetativa) 
A propagação vegetativa consiste em multiplicar assexuadamente partes de plantas 
(células, tecidos, órgãos ou propágulos), originando indivíduos geralmente idênticos à 
planta-mãe. 
A propagação vegetativa tem inúmeras vantagens em relação à propagação sexuada. Por 
ser uma técnica simples, rápida e barata, permite produzir muitas mudas em espaço 
reduzido com maior uniformidade mantendo as características genéticas da planta 
matriz (HARTMANN; KESTER, 1990); multiplicação de plantas que não florescem 
Quadro 1.2: Tratamentos para a quebra de dormência em sementes 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
42 
 
por motivos de adaptação, de plantas cujas sementes são estéreis, e de precocidade das 
plantas produzidas. 
Dentre as desvantagens desse método podem-se citar: transmissão de doenças 
vasculares, bacterianas e viroses; necessidade de plantas matrizes e de instalações, 
adequadas; alto volume de material a ser armazenado e/ou transportado. 
Estudos sobre a propagação de espécies medicinais são de elevada importância, uma 
vez que servem de base para a domesticação e o sucesso do cultivo dessas plantas 
(CARVALHO JUNIOR et al., 2009). No entanto, ainda há escassez desses estudos. 
A reprodução assexuada pode ser feita por vários métodos (estaquia, mergulhia, 
alporquia, enxertia, divisão de touceira ou, ainda, por rizomas, tubérculos e bulbos, e 
micropropagação). Dentre eles os mais utilizados para propagação de plantas medicinais 
são estaquia e divisão de touceiras. 
ESTAQUIA 
A estaquia é um método de propagação no qual ocorre a indução ao enraizamento 
adventício em segmentos destacados da planta-matriz que, submetidos a condições 
favoráveis, originam uma muda (HARTMAN et al., 2002; FACHINELLO et al., 2005). 
A estaquia é um método de propagação muito utilizado, sendo sua viabilidade 
dependente da capacidade de formação de raízes, da qualidade do sistema radicular 
formado e do desenvolvimento posterior da planta propagada por este método na área 
de produção (FACHINELLO et al., 1995; PAIVA & GOMES, 1993). 
A propagação por estaquia pode ser influenciada por diversos fatores, entre 
características inerentes à própria planta e às condições do meio ambiente, como 
intensidade de luz, temperatura, umidade, quantidade de água influenciando na 
formação de raízes adventícias, estimulando ou inibindo o enraizamento, além de 
substâncias produzidas pelas plantas, como auxinas e citocianinas, responsáveis pelo 
início do processo da formação de raízes (ASSIS e TEIXEIRA, 1998). 
Dentre os fatores que podem melhorar os resultados, destacamos a presença de folhas na 
 
 
43 
 
estaca, a utilização de câmara com nebulização intermitente, os reguladores de 
crescimento, o estádio de desenvolvimento da planta e do próprio ramo, além da época 
do ano em que as estacas são coletadas (HARTMAN et al., 2002). 
Para acelerar e promover o enraizamento de estacas, habitualmente são empregados 
reguladores de crescimento do grupo das auxinas (PASQUAL et al., 2001), os quais 
levam à maior porcentagem de formação de raízes, aumentam e melhoram a qualidade 
delas e propiciam uniformidade no enraizamento (HINOJOSA, 2000; 
ZUFFELLATORIBAS ; RODRIGUES, 2001; HARTMANN et al., 2002; MIRANDA 
et al., 2004). 
A estaquia é a técnica mais fácil e simples de propagação, pois basta cortar um pedaço 
da planta e plantá-lo. Mas são necessários alguns cuidados: usar sempre tesouras ou 
facas bem afiadas para não esmagar ou despedaçar os tecidos, o que pode provocar o 
seu apodrecimento; aplicar hormônios; observar que algumas plantas enraízam na água. 
Existem hormônios enraizadores e estão presentes nas plantas em quantidades 
pequenas, suficientes para o crescimento natural. Quando se pretende acelerar os 
processos, aplicam-se hormônios sintéticos iguais aos naturais, também chamados 
auxinas. São dois os principais hormônios de crescimento vegetal comercializados: o 
ácido indol acético, conhecido como AIA, e o ácido indol butírico, chamado AIB. 
Para a seleção das estacas é preciso escolher plantas adultas e saudáveis; as estacas 
devem possuir entre 12 e 15 cm. Retirar todas as folhas em cerca de 1/3 do caule, 
deixando nua a parte inferior; o corte, em qualquer situação, deverá ser limpo, não 
causando feridas nem rasgos na estaca; cortar as pontas das folhas grandes, pois estas 
consomem energia de que a estaca precisará para o enraizamento; retirar todas as flores 
ou botões que possa haver. Essas recomendações são genéricas. Cada espécie de planta, 
independente de sua utilização, possui características específicas a serem consideradas. 
Dois fatores devem ser levados em conta no momento de propagar plantas 
vegetativamente para que se obtenha maior êxito: o substrato e o tipo de estaca a serem 
utilizados. 
 
 
 
44 
 
Substrato 
O substrato ideal deve ter consistência e densidade de forma a fixar e sustentar a estaca 
durante o processo de enraizamento, possuir boa capacidade de retenção de água para 
que a frequênciade irrigação seja baixa, ser poroso para permitir a drenagem do excesso 
de água e promover a aeração adequada (HARTMANN et al.,1997). 
Para o enraizamento de estacas deve-se ressaltar a importância da mistura de diferentes 
componentes para a composição de substrato estável e adaptado à obtenção de mudas de 
boa qualidade em curto período de tempo, no entanto informações sobre substrato ideal 
para a produção de mudas de espécies olerícolas são escassas (MENEZES JÚNIOR, 
1998) e inexistentes no caso de espécies medicinais. 
Trabalhos realizados por Bezerra, Momenté e Medeiros Filho (2004), Bezerra et al. 
(2006) e Araújo et al. (2009a) mostram que resíduos orgânicos regionais podem ser 
utilizados na composição de substratos, apresentando assim potencial para serem 
utilizados na produção de mudas de plantas. Além disso, os resultados mostram que 
alguns desses materiais têm atuado na melhoria dos atributos físicos, químicos e 
biológicos do solo e das plantas. 
A matéria orgânica do solo constitui-se de componentes vivos e não-vivos; os primeiros 
são representados por raízes, microrganismos do solo (60 a 80%) e fauna; já a parte não 
viva compreende a matéria constituída de substâncias umidificadas e não umidificadas, 
que são carboidratos, aminoácidos, proteínas, lipídeos, ácidos nucleicos, pigmentos e 
uma variedade de ácidos orgânicos que se constituem em 70 a 80% da matéria orgânica 
na maioria dos solos minerais, com frações de ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e 
huminas (THENG; TATE; SOLLINS, 1989; PASSOS et al., 2007). As substâncias 
húmicas são caracterizadas como produtos das transformações químicas e biológicas 
dos resíduos vegetais e animais, assim como da atividade microbiana do solo (MICHEL 
et al., 1996). Dessa forma, a matéria orgânica é representada por possuir uma fração 
ativa e uma inativa; a ativa caracteriza-se por realizar a decomposição mais rapidamente 
pelo processo de fermentação e consequentemente formar húmus, enquanto a inativa 
(umidificada) não sofre mais a decomposição intensa como ocorre na ativa. Assim, a 
 
 
45 
 
principal fonte de nutrientes disponíveis às plantas é a fração húmica (GALBIATTI, 
1992). De acordo com Primavesi (2002), a matéria orgânica é toda substância morta no 
solo, proveniente tanto de plantas, microrganismos e excreções animais, quanto da meso 
e macro fauna morta. 
A matéria orgânica, quando incorporada ao solo, é importante para os sistemas de 
produção agrícola, devido aos efeitos que produz nos atributos químicos, físicos e 
biológicos do solo e no crescimento e desenvolvimento das plantas. 
Tipos de estacas 
As estacas utilizadas para a propagação de plantas medicinais, quanto a sua origem a 
partir da planta matriz, podem ser: caulinar, foliar e radicular. 
 Caulinar 
Quanto ao grau de lignificação, as estacas caulinares são classificadas em herbáceas, 
sublenhosas ou lenhosas. 
Estaca caulinar herbácea: as estacas herbáceas são aquelas cujos tecidos não estão na 
lignifica apical dos ramos no período de primavera/verão, épocas em que ocorrem os 
fluxos de crescimento vegetativo. Como é um material sensível à desidratação, a coleta 
deve ser feita preferencialmente pela manhã. As folhas (inteiras ou pela metade) devem 
ser mantidas. A função da manutenção das folhas é a continuação do processo 
fotossintético que fornecerá fotoassimilados tanto para a manutenção da estaca, quanto 
para a formação das raízes. 
Corta-se uma ponta de ramo lateral, formando uma estaca de aproximadamente 5 a 10 
cm de comprimento, ou com 3 a 4 nós. Devem-se escolher sempre os ramos mais 
vigorosos, saudáveis e sem flores. 
Retiram-se as folhas da base das estacas, o que estimula o crescimento de raízes, 
principalmente nas bases das folhas retiradas. 
 
 
 
46 
 
Colocam-se os ramos em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a 
base sem folhas. Assim, novas raízes se formam na planta, originando novas mudas. Em 
alguns casos, colocam-se as bases da estaca em água ao invés de substrato, plantando as 
mudas em terra assim que enraizadas. 
 
Estaca caulinar sublenhosa: estacas sublenhosas de 15 a 20 cm de comprimento e de 0,5 
a 1,5 cm de diâmetro, preparadas com ou sem folhas; são obtidas de ramos parcialmente 
lignificados, após eles terem completado seu crescimento. Devemos escolher sempre os 
ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Retiramos as folhas da base das estacas, 
o que estimula o crescimento de raízes. É recomendado cortar as folhas restantes pela 
metade para diminuir as perdas de água por transpiração. Para enraizar, essas estacas 
ainda com folhas, devem ser mantidas, assim como as estacas herbáceas, em ambiente 
com umidade relativa alta, colocando-se os ramos em substrato adequado (terra, areia, 
entre outros) e enterrando a base sem folhas. Na figura 1.12 podemos observar uma 
estaca preparada sem as folhas. 
 
Figura 1.11: Estacas herbáceas (de ponteiro) utilizadas na propagação vegetativa de 
várias plantas medicinais. A = Aloe arborescens Mill. (Babosa) e B = Mentha x villosa 
Huds. (Hortelã rasteiro). 
 
A B 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Estaca caulinar lenhosa: as estacas são obtidas de ramos lenhosos, bastante lignificados, 
sem folhas, com idade superior a um ano, sendo coletadas geralmente no período de 
dormência da planta (inverno). A propagação com esse tipo de estaca é mais fácil e mais 
barata, pois são mais resistentes e não exigem ambiente com controle de temperatura e 
umidade. Corta-se um ramo lateral firme, formando uma estaca de aproximadamente 20 
cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro, preparada sem as folhas. Devemos escolher 
sempre os ramos mais vigorosos, saudáveis e sem flores. Colocamos os ramos (estacas) 
em substrato adequado (terra, areia, entre outros), enterrando a base sem folhas. Essas 
estacas podem ser plantadas também diretamente no local definitivo, apesar disso, é 
Figura 1.12: Estaca caulinar sublenhosa de 
Rosmariunus officinalis L. (Alecrim) preparada sem as 
folhas. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
48 
 
recomendado o seu plantio anteriormente em vasos ou sacos de mudas. Assim, novas 
raízes se formam na planta, originando novas mudas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Foliar 
Outra forma de estaquia utilizada é por intermédio de secções da folha, cujo tamanho é 
determinado pelo hábito de crescimento da planta. Folhas de várias plantas, quando 
colocadas em água ou em substrato úmido, normalmente formam raízes adventícias 
próximas à região do corte. Método muito utilizado para as plantas Crassuláceas (Figura 
1.14) 
 
Figura 1.13: Estaca caulinar lenhosa de Ficus carica 
L. (Figo), preparada sem as folhas. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Radicular 
Mais utilizada para algumas plantas ornamentais. 
DIVISÃO DE TOUCEIRAS 
A técnica consiste no corte dos rizomas subterrâneos, ou separação dos indivíduos com 
raízes, gerando novas plantas. 
Normalmente as plantas propagadas por divisão de touceira podem ser reproduzidas por 
sementes, demorando mais a atingir a fase adulta e florescer. A divisão de touceiras é 
Figura 1.14: Estaca foliar utilizada na propagação assexuada em 
Crassuláceas. A e D = Kalanchoe pinnatum (Lam.) Oken (Fortuna); B 
= Echeveria “Beverly” (Rosa de pedra); C= Kalanchoe sp. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
50 
 
um método rápido de multiplicação vegetal. Além disso, a divisão de touceiras é um 
método fácil e mais garantido, ideal para multiplicações em pequena escala. 
Muitas vezes, uma planta quando dividida gera poucas plantas, o que seria uma 
desvantagem quando comparada à reprodução por sementes. 
O método pode ser generalizado da seguinte forma: certifique-se de que a planta já pode 
ser dividida, contando-se o número de brotação, que em geraldeve ser de no mínimo 
06. Se a planta estiver no solo, devemos desenterrá-la inteira ou parcialmente, com uma 
boa quantidade de solo, de preferência, com o auxílio de uma enxada. Se estiver em um 
vaso, retire a planta totalmente do vaso (Figura 1.15); retire o excesso de solo, para que 
o rizoma e as raízes possam ser vistos melhor. Separe a planta em partes que contenham 
pelo menos 3 brotações, para que haja melhor pagamento. Assim, obtêm-se novas 
mudas da planta. Na maioria dos casos, a nova muda já pode ser plantada em seu local 
definitivo, por já ter suas estruturas bem formadas. Recomenda-se a rega regular, sem 
excessos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1.15: Divisão de touceiras em Viola odorata L. 
(violeta). 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
51 
 
OUTRAS FORMAS DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA 
FILHOTES 
Os filhotes são brotações da porção aérea da planta e podem ou não apresentar raízes. 
Ex.: bromélias e agaves (Figura 1.16). 
BROTAÇÕES 
Outro método de propagação vegetativa é a retirada das brotações laterais na base de 
algumas plantas, individualizando-as, como em agaves, bromélias e babosas (Figura 
1.17). 
 
Figura 1.16: Propagação vegetativa por meio de filhotes. A = Agave sp.; B = 
Ananas ananassoides (Baker) L.B. Sm. (Abacaxi da campina). 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
 
 
52 
 
Outros Métodos 
Além dos descritos acima, temos outros métodos que são mais utilizados para 
propagação de plantas ornamentais e frutíferas. Dentre esses métodos podemos citar: 
enxertia, com suas diversas técnicas, mergulhia, alporquia e micropropagação. 
 
1.3 Síntese da Unidade 
 
Nessa Unidade vimos os grupos vegetais, o histórico da utilização de plantas medicinais 
e os métodos de propagação de plantas medicinais (propagação sexuada e propagação 
assexuada). 
Figura 1.17: Propagação vegetativa por meio de brotações laterais. Agave sp. 
 
Fonte: João Carlos Nordi 
 
 
53 
 
1.4 Para saber mais 
 
 
Livros 
 SOUZA, L.A. (Org.) Sementes e plântulas: germinação, estrutura e adaptação. 
Ponta Grossa, PR: Toda palavra, 2009 
 ALMEIDA, J.S.S.(ORG.) Manual de briologia. Rio de Janeiro: Interciência, 
2010. 
 REVIERS, B. Biologia e Filogenia das Algas. Porto Alegre: Artmed, 2006, 
280p. 
 
Sites 
 http://www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/ Angiospermas 
 http://www.scielo.br/pdf/abb/v18n4/23226.pdf - Atividade antimicrobiana de 
derivados fenólicos do líquen Ramalina sorediosa (B. de Lesd.) Laundron 
 
1.5 Atividades 
 
Relacione as plantas medicinais, aromáticas ou condimentares que você conhecer com o 
sistema de reprodução ou propagação. Mínimo de 05 plantas. 
 
 
 
 
54 
 
 
 
 
55 
 
Unidade 2 
Metabolismo Secundário em Plantas 
Medicinais, Aromáticas e 
Condimentares 
 
Já entendemos, a partir dos estudos da Unidade anterior, os principais grupos vegetais e 
as formas de propagação e ou reprodução. Nesta Unidade iremos estudar quais são os 
metabólitos secundários e os fatores que influenciam no seu conteúdo. 
 
2.1 Definição 
 
Uma das características dos seres vivos é a presença de atividade metabólica. O 
metabolismo nada mais é do que o conjunto de reações químicas que ocorrem no 
interior das células, podendo ser dividido em primário e secundário. 
Entende-se por metabolismo primário o conjunto de processos metabólicos que 
desempenham uma função essencial no vegetal, tais como fotossíntese, respiração e 
transporte de solutos. Os compostos envolvidos no metabolismo primário possuem uma 
distribuição universal nas plantas. Esse é o caso dos aminoácidos, dos nucleotídeos, dos 
lipídios, carboidratos e da clorofila. 
O metabolismo secundário origina compostos que não possuem uma distribuição 
universal, pois não são necessários para todas as plantas. Como consequência prática, 
esses compostos podem ser utilizados em estudos taxonômicos (quimiossistemática). 
São compostos complexos existentes em baixas concentrações que, quando apresentam 
uma atividade biológica, são denominados de princípios ativos. 
 
 
 
56 
 
Um exemplo clássico são as antocianinas e betalainas, as quais não ocorrem 
conjuntamente em uma mesma espécie vegetal. As betalainas são restritas a dez famílias 
de plantas pertencentes à ordem Caryophyllales, que consequentemente não possuem 
antocianinas. Como a beterraba (Beta vulgais) pertence a uma dessas famílias 
(Amaranthaceae), a coloração avermelhada de suas raízes só pode ser atribuída à 
presença de betalainas. 
 
2.2 Metabólitos Secundários 
 
Estudos sobre metabólitos secundários concentram-se mais nas angiospermas (plantas 
com flor e fruto). O impacto da Química de Produtos Naturais no processo de 
desenvolvimento de novos fármacos nas últimas duas décadas é inquestionável. Os 
programas de química medicinal, na maioria das empresas farmacêuticas, estiveram, ao 
longo da última década, em busca de adaptação e atualmente estima-se que cerca de 
40% dos novos fármacos aprovados nesse período tenham a sua origem em algum 
produto natural. O número de novos produtos naturais com atividade biológica 
relevante continua aumentando. 
A Bioquímica abriu novos rumos tecnológicos e busca, constantemente, por meio da 
biossíntese dos constituintes químicos primários, a cadeia de intermediários secundários 
e os divide segundo as rotas metabólicas das quais derivam. São conhecidos dois 
grandes precursores, o ácido chiquimico e acetil CoA, que os classificam em três 
grandes grupos (Quadro 2.1): 
 Derivados da via ácido chiquímico; 
 Derivados da via mevalonato ou via condensação de unidades de acetilCoA; 
 Derivados da via ácido chiquímico e acetato. 
 
 
 
57 
 
Além destes três grandes grupos, os metabólitos secundários podem ser encontrados em 
sua forma livre, recebendo o nome de agliconas, ou estarem ligados a uma ou mais 
unidades de açúcar, formando os heterosídeos. Ainda existem polissacarídeos e ácidos 
graxos, considerados de origem primária, mas que exercem funções importantes como 
metabolitos secundários. 
A química tenta agrupar os metabólitos secundários baseando-se na similaridade de suas 
propriedades químicas e estruturais, dividindo-os em três classes abrangentes. 
 Compostos nitrogenados: incluem-se nesta classe os alcaloides e pseudo 
alcaloides; 
 Compostos fenólicos: incluem-se as cromonas, xantonas, quinonas, lignanas, 
neolignanas, cumarinas, flavonoides, taninos; 
 Compostos isoprenoides: incluem-se: terpenos, saponinas, heterosídeos 
cardiotônicos, esteroides, ácidos graxos, antocianinas, etc. 
A biologia, a farmacologia e outras áreas afins trabalham em conjunto na busca de 
informações que possam ser úteis para a correta utilização desses compostos, tanto para 
o ambiente como para o homem. Sabe-se que os metabólitos secundários têm 
distribuição e características químicas peculiares a determinadas espécies botânicas e 
Quadro 2.1: Principais vias de biossíntese dos metabólitos secundários 
 
Fonte: Adaptado de Peres (2004), por Silva (2013). 
 
 
 
 
58 
 
que suas rotas metabólicas não são gerais, sendo assim, suas concentrações são 
variáveis dentro de uma mesma espécie, pois podem ser influenciadas por fatores 
hereditários, responsáveis não só pelas interferências quantitativas, mas por grande parte 
qualitativa; fatores ontogênicos que dizem respeito a etapas de desenvolvimento do 
vegetal e fatores ambientais como: solo, clima, micro-organismos, alelopatia, dentre 
outros. 
2.2.1 Alcaloides 
Os alcaloides são um grupo heterogêneo de metabólitos secundários originados, em sua 
maioria, de aminoácidos e possuem intensa atividade fisiológica para o vegetal, 
constituindo importantes agentes terapêuticos para o homem. 
Quimicamente os alcaloides são definidos como compostos orgânicos amínicos, 
contendo um ou mais átomos de nitrogênio ligado ou não a um anel. Encontramos os 
alcaloides verdadeiros, os protoalcaloidese os pseudoalcaloides. 
A nomenclatura dos alcaloides tem várias origens. Por serem compostos amínicos, 
convencionalmente, devem sempre terminar com o sufixo “Ina”. Alguns são chamados 
pelo nome genérico da planta que os produz, como por exemplo a atropina, alcaloide 
derivado da Atropa belladona, família Solanaceae. Outros, pelo nome específico, como 
por exemplo a cocaína, alcaloide derivado do Erythroxolon coca, família 
Erythroxylaceae. Ainda podem ser nomeados por suas atividades fisiológicas (ementina 
e morfina) e pelo seu descobridor (piletierina). 
A biossíntese dos alcaloides é representada por reações simples, tais como acoplamento 
oxidativo, formação de base de Schiff e condensação de Mannich. São sintetizados no 
retículo endoplasmático rugoso e transportados para sítios de armazenamentos 
diferentes daqueles de síntese (vacúolos), podendo sofrer modificações químicas 
secundárias. 
Os alcaloides podem ser encontrados em todas as partes dos vegetais, concentrados em 
um ou mais órgãos (sementes, raízes, rizomas, cascas, folhas, fruto, flor), embora se 
acumulem principalmente em quatro tipos de tecido: 1) tecido em crescimento ativo; 2) 
 
 
59 
 
células epidérmicas ou hipodérmicas; 3) feixes vasculares e 4) canais laticíferos. Estão 
presentes em vacúolos e não aparecem em células jovens, até que a vascularização 
ocorra (TAIZ et al., 2017) Segundo Martins (1995), a concentração destes compostos 
pode variar desde 0,1% a 15% nas mais diversas espécies e épocas do ano. 
Atualmente são conhecidas oitocentas espécies vegetais produtoras de alcaloides, 
distribuídas em 77 famílias. Esses compostos representam cerca de 20% das substâncias 
medicinais descritas, existindo predominantemente nas Angiospermas, mais 
especificamente nas famílias Apocynaceae, Papaveraceae, Rubiaceae, Solanaceae, 
Ranunculaceae e Berberidaceae; são específicos a determinadas famílias botânicas, 
como por exemplo a hiosciamina em Solanaceae e colchicina em Liliaceae. 
Aproximadamente 2000 alcaloides possuem estruturas químicas identificadas e suas 
diversas funções refletem a variedade estrutural destes compostos. No vegetal podem 
atuar como: 
 Hormônios reguladores de crescimento; 
 Mediadores do equilíbrio iônico celular devido ao seu caráter alcalino; 
 Protetores contra raios UV, por serem, em sua maior parte, compostos com 
núcleos aromáticos altamente absorventes da radiação; 
 Protetores contra micro-organismos e vírus, devido a sua toxidez e sabor 
amargo. 
No homem, os alcaloides atuam nos sistema nervoso central causando: 
 Efeitos terapêuticos (calmante, sedativo, analgésico, anestésico e antitumoral) 
 Efeitos psicotrópicos (estimulante, alucinógeno, hipnótico e sedativo) 
Por serem complexos e derivados de rotas metabólicas variáveis, os alcaloides são 
classificados de acordo com a estrutura química básica que os compõe, dividindo-se 
em: 
 
 
 
60 
 
 Alcaloide indólicos 
 Alcaloides quinolínicos 
 Alcaloides isoquinolínicos 
 Protoalcaloides 
 Alcaloides piridínicos 
 Alcaloides piperidínicos 
 Alcaloides imidazólicos 
 Alcaloides tropânicos 
 Alcaloides purínicos 
 Alcaloides pirrolidínicos 
 Alcaloides de ergot ou argominas 
Alcaloide indólicos 
Os alcaloides indólicos são moléculas policíclicas complexas derivados do triptofano e 
caracterizados por possuírem como estrutura básica o indol. 
Exemplos de plantas que apresentam Alcaloides Indólicos: Vinca (Catharanthus roseus 
L.); Noz-vômica (Strychnos nux-vomica L.). 
Alcaloides Quinolínicos 
São derivados do triptofano, caracterizados por possuírem como estrutura básica a 
quinolina. São alcaloides encontrados exclusivamente na quina vermelha. 
Terapeuticamente destacam-se a quinina, quinidina, cinchonina e cinchonidina, 
específicos da Cinchona sp. E são indicados no tratamento da malária. 
Exemplo de planta que apresenta Alcaloides Quinolínicos = Cinchona sp.. São 
 
 
61 
 
conhecidas mais de 06 espécies e híbridos da cinchona, também conhecida vulgarmente 
como quina, quina-vermelha ou cinchona do Peru. São árvores nativas do Equador e 
Peru, pertencentes à família Rubiaceae e introduzidas na Indonésia e na Índia. 
Alcaloides Isoquinolínicos 
Caracterizam por possuir uma estrutura básica a isoquinolina, derivada do triptofano. 
Os alcaloides isoquinolinicos são subdivididos em cinco classes distintas: 
 Morfinanos (alcaloides do ópio: codeína, morfina, heroína) 
 Benzilisoquinolínicos (pavarerina, tubocurarina) 
 Benzofenantridinicos (sanguinária) 
 Fotoberberinas (Ementina) 
 Ftalidesoquinolínicos (hidrastina) 
Os mais importantes terapeuticamente são aqueles com núcleos morfinianos e 
benzilisoquinolínicos. 
Exemplo de plantas que apresentam Alcaloides isoquinolínicos: 
Papaver somniferum L. Foram obtidos mais de trinta alcaloides da papoula, sendo que 
terapeuticamente os mais importantes são: morfina (4 a 2,1%), codeína (0,8 a 2,5%); 
papaverina (0,5 a 2,5%) e tebaina (0,5 a 2%). Esses se encontram no ópio (substância 
obtida por incisão das cápsulas não amadurecidas da papoula), podendo atuar no 
sistema nervoso central, funcionando como analgésicos, narcóticos e hipnóticos. 
Morfina = é o mais importante derivado morfinano. A morfina e seus sais são 
classificados morfologicamente como analgésicos narcóticos, sendo amplamente 
empregados em casos terminais de câncer. 
Codeína = alcaloide mais usado para fins terapêuticos. É obtida em quantidades 
comerciais por meio da morfina. Sua ação é considerada igual à da morfina, entretanto é 
 
 
 
62 
 
menos tóxica e provoca dependência mais lenta. 
Heroína = produzida por meio da morfina, sua ação é bem mais forte do que a da 
morfina. Portanto, o desenvolvimento da dependência é extremamente rápido. 
Atualmente seu uso medicinal foi suspenso. 
Papaverina = importante alcaloide benzilisoquinolínico comercial. Ocorre em torno de 
1% do teor de alcaloides do ópio ou pode ser produzido sinteticamente. A papaverina 
sintética é usada como relaxante dos músculos lisos e principalmente para isquemia 
cerebral e o miocárdio. 
Sanguinária (Sanguinaria canadensis L.) Pertencente à família Papaveraceae, é uma 
planta nativa da América do Norte. Possui, dentre outros alcaloides, a sanguinarina, 
importante por suas propriedades expectorantes e eméticas. Seu extrato é empregado em 
dentifrícios e enxaguatórios bucais para prevenção da placa dentária. 
Ipapecuanha (Cephaelis ipecacuanha Brot.), pertencente à família Rubiaceae, é nativa 
do Brasil. Chamada popularmente de ipeca, possui cerca de 2% em teor de alcaloides. 
Também foi introduzida em outros países como a Colombia e a Nicarágua, onde 
alcançam maiores teores de alcaloides (2,2% a 2,5%, respectivamente). Seu principal 
alcaloide encontrado é a ementina, que lhe confere intensas propriedades eméticas. 
Protoalcaloides 
São compostos derivados da tirosina e fenilalanina e caracterizam-se por não possuírem 
nitrogênio preso a um anel heterocíclico. Os protoalcaloides que mais se destacam são: 
mescalina, efedrina, colchicina. 
Exemplos de plantas que apresentam protoalcaloides: 
- Cactus Peiote (Lophophora williamsii Lemaire/ Planta originária do norte do México e 
sudoeste dos EUA pertencente à família Cactaceae. Contém um importante alcaloide, a 
mescalina muito usada em cerimônias religiosas em tempos remotos.A mescalina é 
responsável por várias perturbações mentais, alucinações, sendo o primeiro alucinógeno 
reconhecido. Apresenta utilidade na psiquiatria experimental. 
 
 
63 
 
- Ephedra (Ephedra sinica Stapt.) pertence à família Gnetaceae, encontrada no sul da 
China, Índia e no Paquistão. Possui o alcaloide efefrina sendo indicada para combater 
estados hipotensivos, asma brônquica e congestão nasal. 
- Cochicina (Colchicum autumnale L.), pertencente à família Liliaceae, é cultivada na 
Inglaterra, centro e sul da Europa e no norte da Africa. A colchicina,

Outros materiais