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Dissertação de Mestrado SOLUBILIDADE DO CARBONATO DE CÁLCIO EM MISTURAS AQUOSAS CONTENDO CO2 E MONOETILENOGLICOL Vitória Cibely Silveira Penha Natal, março de 2022 UFRN/CT/NUPEG - Campus Universitário - 59078-970 - Natal - RN – BRASIL – www.nupeg.ufrn.br http://www.nupeg.ufrn.br/ VITÓRIA CIBELY SILVEIRA PENHA SOLUBILIDADE DO CARBONATO DE CÁLCIO EM MISTURAS AQUOSAS CONTENDO CO2 E MONOETILENOGLICOL Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como um dos requisitos a obtenção do título de Mestre em Engenharia Química sob a orientação do Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho e coorientação da Dra. Fedra Alexandra de Sousa Vaquero Marado Ferreira. NATAL – RN Março/2022 Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede Penha, Vitória Cibely Silveira. Solubilidade do carbonato de cálcio em misturas aquosas contendo CO2 e monoetilenoglicol / Vitória Cibely Silveira Penha. - 2022. 104 f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Natal, RN, 2022. Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho. Coorientadora: Dra. Fedra Alexandra de Sousa Vaquero Marado Ferreira. 1. Engenharia Química - Dissertação. 2. Ebuliômetro - Dissertação. 3. Carbonato de cálcio - Dissertação. 4. Monoetilenoglicol - Dissertação. 5. Equilíbrio de fases - Dissertação. 6. Hidrato de Gás Natural - Dissertação. I. Chiavone Filho, Osvaldo. II. Ferreira, Fedra Alexandra de Sousa Vaquero Marado. III. Título. RN/UF/BCZM CDU 66.0(043.3) Elaborado por Fernanda de Medeiros Ferreira Aquino - CRB-15/301 VITÓRIA CIBELY SILVEIRA PENHA SOLUBILIDADE DO CARBONATO DE CÁLCIO EM MISTURAS AQUOSAS CONTENDO CO2 E MONOETILENOGLICOL Dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte como um dos requisitos a obtenção do título de Mestre em Engenharia Química sob aorientação do Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho e coorientação da Dra. Fedra Alexandra de Sousa Vaquero Marado Ferreira. Dissertação de mestrado apresentada e julgada apta em: 31 de março de 2022. BANCA EXAMINADORA: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone-Filho - Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte Profa. Dra. Katherine Carrilho de Oliveira Deus Universidade Federal do Rio Grande do Norte Prof. Dr. Rafael Barbosa Rios Universidade Federal Rural do Semi-Árido “Pela maior parte da História, ‘anônimo’ foi uma mulher.” Virginia Woolf AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus e aos irmãos de luz, por terem me guiado nessa longa caminhada até aqui e por toda ajuda em cada fase difícil. Agradeço a minha família por todo apoio, carinho, suporte e incentivo que me foram dados, especialmente aos grandes amores da minha vida, meus pais Magdala Freitas e Ribamar Penha, por serem os melhores pais que alguém pode ter, e a minha irmã Rebeca Jordana por acreditar em mim e me amar acima de tudo. Agradeço também ao meu esposo, Junior Carvalho, por sempre estar aqui por mim, por me animar, por não me deixar desistir e acreditar mais do que eu mesma que tudo ia dar certo. Não poderia esquecer-me de agradecer aos meus amigos que me acompanharam nessa jornada, que tornaram os dias mais leves, mais fáceis e mais alegres, agradeço a todos que me ajudaram de alguma forma, mas especialmente a Esterfny Juliana por ser minha gêmea de mães diferentes, e a Fernandes Costa que durante esses dois anos foram fundamentais para que eu não surtasse nessa pandemia, me ajudando a passar pelas dificuldades e dias de desânimo. Agradeço especialmente ao meu grupo de pesquisa, Éntony Dantas e Arthur Bezerra, por toda ajuda durante o projeto e tornarem os dias no laboratório mais alegres, aos técnicos do laboratório Batista e Paulino, por sempre serem solícitos e nos auxiliarem no que era preciso. Ao meu orientador Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho, que foi peça fundamental para o meu aprendizado e crescimento, dando suporte e oportunidades durante o mestrado, e a minha co-orientadora Dra. Fedra Ferreira, pelos ensinamentos compartilhados. Agradeço ao Núcleo de Ensino e Pesquisa em Petróleo e Gás (NUPEG), e ao Laboratório de Fotoquímica Aplicada e Equilíbrio de Fases (FOTEQ) local onde a pesquisa foi realizada. Ao Projeto MEG/Petrobras pela estrutura disponibilizada, e aos CNPq que viabilizou financeiramente o trabalho concedendo a minha bolsa. Por fim, agradeço a pessoa mais importante da minha vida, sem ela jamais teria chegado onde cheguei, nem teria vivido dias maravilhosos, muito menos alcançado tudo que conquistei até hoje, agradeço a mim mesma por não ter me permitido desistir por mais que tenha desanimado várias vezes durante o caminho, por sempre ter batido a poeira, levantado e prosseguido quando o que eu só queria era desistir. Obrigada a mim, por estar finalizando mais uma etapa na realização do meu sonho. PENHA, V. C. S. - Solubilidade do carbonato de cálcio em misturas aquosas contendo CO2 e monoetilenoglicol. Dissertação de Mestrado, UFRN, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química, Área de concentração: Engenharia Química. Natal/RN, Brasil, 2022. Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho Coorientadora: Dr.ª Fedra Alexandra de Sousa Vaquero Marado Ferreira RESUMO O monoetilenoglicol (MEG) é utilizado como inibidor de hidratos na produção do gás natural. A presença do MEG, além de outros fatores oriundos do processo de produção de petróleo e gás natural, pode ocasionar a precipitação de sais presentes na água produzida, provocando indesejadas incrustações nas tubulações e equipamentos. O sal mais encontrado nas incrustações é o carbonato de cálcio (CaCO3), em razão de sua baixa solubilidade em água, abundância nas condições de reservatório, e por ter sua solubilidade aumentada na presença de dióxido de carbono (CO2), outra espécie encontrada em abundância, especialmente no pré-sal. O cloreto de sódio (NaCl) também é muito presente nas incrustações, e influencia diretamente na solubilidade do carbonato de cálcio. Este trabalho tem como objetivo estudar o comportamento da solubilidade do carbonato de cálcio em soluções aquosas contendo dióxido de carbono, monoetilenoglicol e cloreto de sódio. Para isso, foi realizado um equacionamento para o cálculo da solubilidade do carbonato de cálcio em água e CO2, que foi comparado com os dados da literatura. Em seguida foi feita a análise de dados do sistema H2O+CaCO3+CO2 a 278,15, 283,15 e 298,15 K e do sistema H2O+CaCO3+CO2+MEG a 298,15 K, ambos variando a pressão parcial de CO2, e no segundo sistema variou-se a concentração de monoetilenoglicol. Estes dados foram obtidos pelo método analítico em células de equilíbrio de vidro enjaquetadas. Foram também realizados ensaios de equilíbrio para determinação de dados de solubilidade no ebuliômetro de Othmer modificado para os sistemas H2O+NaCl, H2O+CO2 e H2O+CaCO3+CO2. Para o primeiro sistema foram realizados ensaios em diferentes pressões e concentrações até a saturação do NaCl. Já para o segundo sistema, o ensaio foi realizado em uma pressão próxima a atmosférica e com pressão parcial constante de CO2. Por fim, para o terceiro sistema, o ensaio foi realizado também em uma pressão próxima a atmosférica, na condição de saturação do carbonato de cálcio e também com pressão parcial constantede CO2. O equacionamento desenvolvido mostrou uma certa concordância com dados de solubilidade da literatura, mas por se tratar de uma equação ideal existe a necessidade do desenvolvimento do coeficiente de atividade médio iônico para uma melhor descrição. Em relação aos dados obtidos nos ensaios em células de vidro, estes estão de acordo com a literatura para o sistema H2O+CaCO3+CO2 e com o comportamento esperado para as misturas com MEG. A série de dados no ebuliômetro para o sistema H2O+NaCl apresentou concordância com a literatura, e possibilitou a constatação de que os valores de temperatura da fase líquida coletados, são os que melhor representam os dados de equilíbrio. Além disso, foi possível operar com NaCl sólido no refervedor obtendo dados de equilíbrio sólido-líquido-vapor. Por fim, os ensaios de equilíbrio dos sistemas H2O+CO2 e H2O+CaCO3+CO2 mostraram que o CO2 se dissolve melhor no condensado da fase vapor, devido a refrigeração. Para o sistema com CaCO3, a solubilidade de 0,56±0,05 mmol/kg foi obtida a 373,46 K e 770,33 mmHg, com uma pressão parcial média de CO2 de 8,49 mmHg, expressa pelo pH da solução saturada de 7,27±0,03. Os valores observados de solubilidade do CaCO3 e os correspondentes coeficientes de atividade estão de acordo com os reportados na literatura. Finalmente, as solubilidades determinadas neste trabalho somadas com as da literatura compõem uma base de dados mais consistente para a modelagem termodinâmica dos processos de interesse. Palavras Chaves: Ebuliômetro; Carbonato de cálcio; Monoetilenoglicol; Equilíbrio de fases; Hidrato de Gás Natural; Dióxido de carbono. PENHA, V. C. S. - Solubility of calcium carbonate in aqueous mixtures containing CO2 and monoethylene glycol. Master’s dissertation, UFRN, Post-Graduate program in Chemical Engineering, Area of concentration: Chemical Engineering. Natal/RN, Brazil, 2022. Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho Coorientadora: Dr.ª Fedra Alexandra de Sousa Vaquero Marado Ferreira ABSTRACT Monoethylene glycol (MEG) is applied as hydrate inhibitor in the natural gas production. The presence of MEG can cause salts precipitation present in the produced water, causing unwanted incrustations in pipes and equipments. The most common salt found in incrustations is calcium carbonate (CaCO3), due to its low solubility in water. In addition, CaCO3 is abundant in the reservoir conditions, and for having its solubility increased in the presence of carbon dioxide (CO2), another species found in abundance, especially in the pre-salt. Sodium chloride (NaCl) is also very present in the incrustations, and directly influences the solubility of calcium carbonate. This work aims to study the behavior of calcium carbonate solubility in aqueous solutions containing carbon dioxide, monoethylene glycol and sodium chloride. For this, a system of equations was developed to calculate the solubility of carbon dioxide in CO2+water mixtures, which was compared with the literature data. Then, data analysis was performed from the H2O+CaCO3+CO2 system at 278.15, 283.15 and 298.15 K and the H2O+CaCO3+CO2+MEG system at 298.15 K, both varying the partial pressure of CO2, and in the second system the concentration of MEG was varied. These data were obtained by the analytical method in thermostated equilibrium glass cells. Equilibrium tests were also performed to determine solubility data in the modified Othmer ebulliometer for the H2O+NaCl, H2O+CO2 and H2O+CaCO3+CO2 systems. For the first system, the measurements were carried out at different pressures and concentrations until NaCl saturation. For the second system, the experiments were performed at a pressure close to atmospheric and with constant partial pressure of CO2. Finally, for the third system, the experimental study was also carried out at a pressure close to atmospheric, in the condition of saturation of calcium carbonate and also with constant partial pressure of CO2. The equation developed showed a satisfactory agreement with literature solubility data. Regarding the nature of the ideal solution approach, it is shown that an activity coefficient model would provide a more accurate description. The measured data using the thermostated equilibrium glass cells were found in agreement with the literature for the H2O+CaCO3+CO2 system and with the expected behavior for mixtures with MEG. The datasets obtained with the Othmer ebulliometer for the system H2O+NaCl showed quantitative agreement with the literature, and made it possible to verify that the values of temperature of the liquid phase collected are the ones that best represent the equilibrium data. In addition, it was possible to operate with solid NaCl in the reboiler, obtaining solid-liquid-vapor equilibrium data. Equilibrium measurements of the H2O+CO2 and H2O+CaCO3+CO2 systems showed that CO2 dissolves better in the vapor phase condensate, due to refrigeration in the ebulliometer sampler. For the system with CaCO3, the solubility of 0.56±0.05 mmol/kg was obtained at 373.46 K and 770.33 mmHg, with an average partial pressure of CO2 of 8.49 mmHg, expressed by the pH of the solution saturated 7.27±0.03. The observed values of CaCO3 solubility and the corresponding activity coefficients are in agreement with those reported in the literature. Finally, the solubilities determined in this work added to those in the literature compose a more consistent database for the thermodynamic modeling of the processes of interest. Keywords: Ebulliometer; Calcium carbonate; Monoethylene glycol; Phase equilibrium; Gas natural hydrate; Carbon dioxide. LISTA DE FIGURAS Figura 1.1 - Remoção de hidrato de gás em uma tubulação obstruída ..................................... 16 Figura 2.1 - Estrutura do hidrato de gás. .................................................................................. 22 Figura 2.2 - Forma de ação para cada tipo de inibidor. ............................................................ 23 Figura 2.3 - Estrutura química do monoetilenoglicol (C2H6O2). .............................................. 24 Figura 2.4 - Esquema do processo de regeneração do MEG. ................................................... 25 Figura 2.5 - Esquema da etapa de pré-tratamento do processo de regeneração do MEG. ....... 25 Figura 2.6 - Esquema da etapa de recuperação do processo de regeneração do MEG. ............ 26 Figura 2.7 - Esquema da etapa de regeneração do processo de regeneração do MEG. ............ 27 Figura 2.8 - Diagrama de espécies do equilíbrio CO2 + H2O. .................................................. 30 Figura 2.9 - Esquema do equilíbrio CaCO3 + H2O + CO2 .................................................................................. 32 Figura 3.1 - Aparato experimental para determinação da solubilidade do CaCO3 na presença de CO2 ............................................................................................................................................................................................................. 42 Figura 3.2 - Aparato experimental para determinação da solubilidade do CaCO3 na ausência de CO2 ............................................................................................................................................................................................................. 43 Figura 3.3 - Ebuliômetro de Othmer modificado com recirculação da fase vapor. .................. 46 Figura 3.4 - Aparato experimental para determinação de dados no equilíbrio. ........................ 46 Figura 4.1 - Diagrama solubilidade do CaCO3 versus temperatura com os dados experimentais reportados por Coto et al. (2012) com pH 8,31 - 8,35 e modelo ideal pela Equação (24) com pH = 8,33. .......................................................................................................................................57 Figura 4.2 - Diagrama solubilidade do CaCO3versus pH com os dados experimentais reportados por Nakayama (1968) a 298,15 K e modelo ideal pela Equação (24). ..................................... 57 Figura 4.3 - Diagrama solubilidade do CaCO3versus temperatura com os dados experimentais reportados por Plummer e Busenberg (1982) com pH 6,011 – 6,428 e modelo ideal pela Equação (24) com pH = 6,112. ................................................................................................. 58 Figura 4.4 - Solubilidade de CaCO3 em água na presença de CO2 nas temperaturas de 278,15, 288,15 e 298,15 K; dados na forma numérica estão tabelados no Apêndice I ........................ 59 Figura 4.5 - Comparação dos dados de solubilidade do CaCO3 deste trabalho com dados da literatura a 298,15 K. ................................................................................................................ 60 Figura 4.6 – Solubilidade do CaCO3 x pH; dados ideais pela Equação (24) e experimentais com T = 278,15 K. ............................................................................................................................ 65 Figura 4.7 – Solubilidade do CaCO3 x pH; dados ideais pela Equação (24) e experimentais com T = 288,15 K. ............................................................................................................................ 65 Figura 4.8 – Solubilidade do CaCO3 x pH; dados ideais pela Equação (24) e experimentais com T = 298,15 K. ............................................................................................................................ 66 Figura 4.9 - Solubilidade do CaCO3 em água e MEG na presença de CO2 com diferentes pressões e temperatura de 298,15 K; dados numéricos e na forma tabular estão no Apêndice II. .................................................................................................................................................. 67 LISTA DE TABELAS Tabela 3.1 - Reagentes utilizados. ............................................................................................ 39 Tabela 3.2 - Equipamentos utilizados. Continua ...................................................................... 39 Tabela 4.1 - Comparação da solubilidade do CaCO3 em água pelo modelo ideal com dados experimentais da literatura (Coto et al., 2012) ......................................................................... 52 Tabela 4.2 - Comparação da solubilidade do CaCO3 em água e dióxido de carbono pelo modelo ideal com dados experimentais da literatura (Nakayama, 1968) .............................................. 53 Tabela 4.3 - Comparação da solubilidade do CaCO3 em água e dióxido de carbono pelo modelo ideal com dados experimentais da literatura (Plummer e Busenberg, 1982). Continua ........... 54 Tabela 4.4 - Comparação da solubilidade do CaCO3 experimental a temperatura de 278,15 K com os valores calculados pelo modelo ideal da Equação (24)................................................ 61 Tabela 4.5 - Comparação da solubilidade do CaCO3 experimental a temperatura de 288,15 K com os valores calculados pelo modelo ideal da Equação (24)................................................ 62 Tabela 4.6 - Comparação da solubilidade do CaCO3 experimental a temperatura de 288,15 K com os valores calculados pelo modelo ideal da Equação (24)................................................ 63 Tabela 4.7 - Análise dos dados experimentais de ELV do etanol hidratado corrigidos, comparando com dados estimados usando UNIFAC original; dados de composição obtidos a partir da densidadea ................................................................................................................... 68 Tabela 4.8 - Análise dos dados experimentais da água corrigidos, comparando com dados estimado pela equação de Antoine. Continua. .......................................................................... 68 Tabela 4.9 - Análise dos dados de temperatura do sistema água-cloreto de sódio em diferentes concentrações a partir dos valores de temperatura do vapor e do líquido. Continua ............... 69 Tabela 4.10 - Análise dos dados de pressão do sistema água-cloreto de sódio em diferentes concentrações a partir dos valores de temperatura do vapor e do líquido. Continua ............... 71 Tabela 4.11 - Dados experimentais referentes ao sistema água-dióxido de carbono ............... 73 Tabela 4.12 - Dados experimentais referentes ao sistema água-dióxido de carbono-carbonato de cálcio. ................................................................................................................................... 75 Tabela 4.13 - pH ideal pela Equação (24) e PCO2 pela Equação (40). ...................................... 76 Tabela 4.14 - Solubilidade ideal do CaCO3 pela Equação (24) e experimental obtida no ebuliômetro de Othmer modificado. ......................................................................................... 77 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS MEG Monoetilenoglicol CaCO3 Carbonato de cálcio NaCl Cloreto de sódio H2O Água CO2 Dióxido de carbono Ca2+ Íon cálcio H2CO3 Ácido carbônico HCO3 - Íon bicarbonato CO3 2- Íon carbonato UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte FOTEQ Laboratório de Fotoquímica Aplicada e Equilíbrio de Fases NUPEG Núcleo de Ensino e Pesquisa em Petróleo e Gás ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas LISTA DE SÍMBOLOS μ Potencial químico S Solubilidade a Atividade λ Coeficiente de atividade A, B, C Constantes de Antoine 𝛾± Coeficiente de atividade médio iônico T Temperatura P Pressão PCO2 Pressão parcial de CO2 TV Temperatura da fase vapor TL Temperatura da fase líquida PV Pressão da fase vapor PL Pressão da fase líquida pHV pH da fase vapor pHL pH da fase líquida ρV Densidade da fase vapor ρL Densidade da fase líquida Sideal Solubilidade ideal Sexp Solubilidade experimental CaT Cálcio total Tobs Temperatura observada Tref Temperatura de referência Texp Temperatura experimental Tlit Temperatura da literatura pHideal pH ideal pHexp pH experimental SUMÁRIO Capítulo 1 – Introdução ......................................................................................................... 15 1.1. Objetivo geral ............................................................................................................... 19 1.2. Objetivos específicos .................................................................................................... 19 Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica ........................................................................................ 20 2.1. Exploração do petróleo ................................................................................................. 21 2.2. Hidratos do gás natural ................................................................................................. 21 2.3. Inibidores de hidratos do gás natural ............................................................................ 22 2.4. Monoetilenoglicol ......................................................................................................... 23 2.5. Processo de regeneração do monoetilenoglicol ............................................................ 24 2.5.1. Pré-tratamento .............................................................................................................. 25 2.5.2. Recuperação.................................................................................................................. 26 2.5.3. Regeneração.................................................................................................................. 26 2.6. Equilíbrio de fases ........................................................................................................ 27 2.6.1. Potencial Químico ........................................................................................................28 2.6.2. Equilíbrio CO2 + H2O ................................................................................................... 28 2.6.3. Equilíbrio CaCO3 + H2O .............................................................................................. 30 2.6.4. Equilíbrio CaCO3 + H2O + CO2 .......................................................................................................................... 32 2.7. Métodos para determinação de dados do equilíbrio líquido-vapor .............................. 33 2.7.1. Método dinâmico .......................................................................................................... 33 2.7.2. Método estático ............................................................................................................ 34 2.8. Métodos para determinação de dados da solubilidade ................................................. 34 2.8.1. Método analítico ........................................................................................................... 34 2.8.2. Método sintético ........................................................................................................... 35 2.9. Estado da arte ................................................................................................................ 35 Capítulo 3 – Materiais e Métodos ......................................................................................... 38 3.1. Materiais ....................................................................................................................... 39 3.2. Metodologia experimental ............................................................................................ 40 3.2.1. Equacionamento: Solubilidade do carbonato de cálcio ................................................ 40 3.2.2. Ensaios de solubilidade do CaCO3 nas células de vidro .............................................. 41 3.2.3. Calibração de equipamentos ......................................................................................... 43 3.2.3.1. Termômetros e sensores de temperatura ................................................................ 43 3.2.3.2. Transdutor de pressão ............................................................................................. 44 3.2.3.3. Estudo operacional do ebuliômetro de Othmer modificado ................................... 45 3.2.4. Ensaios de solubilidade e de equilíbrio sólido-líquido-vapor/gás ................................ 45 3.2.4.1. Sistema H2O + NaCl .............................................................................................. 47 3.2.4.2. Sistema H2O + CO2 ............................................................................................................................................. 48 3.2.4.3. Sistema H2O + CO2 + CaCO3 ...................................................................................................................... 49 Capítulo 4 – Resultados e Discussão ..................................................................................... 51 4.1. Equacionamento: Solubilidade carbonato de cálcio ..................................................... 52 4.2. Ensaios de solubilidade do CaCO3 nas células de vidro .............................................. 58 4.2.1. Sistema H2O + CO2 + CaCO3 ............................................................................................................................... 58 4.2.2. Sistema H2O + CO2 + CaCO3 + MEG .......................................................................... 66 4.3. Estudo operacional do ebuliômetro de Othmer modificado ......................................... 68 4.4. Ensaios de solubilidade e de equilíbrio sólido-líquido-vapor/gás ................................ 69 4.4.1. Sistema H2O + NaCl ..................................................................................................... 69 4.4.2. Sistema H2O + CO2 ...................................................................................................................................................... 73 4.4.3. Sistema H2O + CO2 + CaCO3 ............................................................................................................................... 74 4.5. Panorama geral ............................................................................................................. 78 4.5.1. Equacionamento para a solubilidade carbonato de cálcio ............................................ 78 4.5.2. Ensaios de solubilidade do CaCO3 nas células de vidro .............................................. 79 4.5.2.1. Sistema H2O + CO2 + CaCO3 ...................................................................................................................... 79 4.5.2.2. Sistema H2O + CO2 + CaCO3 + MEG ................................................................... 79 4.5.3. Estudo operacional do ebuliômetro de Othmer modificado ......................................... 79 4.5.4. Ensaios de solubilidade e de equilíbrio sólido-líquido-vapor/gás ................................ 80 4.5.4.1. Sistema H2O + NaCl .............................................................................................. 80 4.5.4.2. Sistema H2O + CO2 ............................................................................................................................................. 80 4.5.4.3. Sistema H2O + CO2 + CaCO3 ...................................................................................................................... 81 Capítulo 5 – Conclusões Gerais ............................................................................................. 83 Referências bibliográficas ...................................................................................................... 86 Apêndice I - Dados Experimentais do Sistema H2O + CO2 + CaCO3 ................................................ 93 Apêndice II - Dados Experimentais do Sistema H2O + CO2 + CaCO3 + MEG ................. 95 Apêndice III – Calibração dos termômetros Incoterm ....................................................... 98 Apêndice IV – Calibração dos sensores de temperatura do Fischer System e do Condutivímetro ..................................................................................................................... 100 Apêndice V – Calibração do transdutor de pressão .......................................................... 102 15 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Capítulo 1 – Introdução 16 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 1. Introdução Apesar do grande crescimento da exploração de energias oriundas de fontes renováveis, é inquestionável a importância da exploração do petróleo e gás natural para economia e desenvolvimento global. Tendo isso em mente, ainda existem problemáticas quanto a exploração destes materiais que necessitam de estudo para que sejam resolvidas, como por exemplo, as incrustações formadas por sais presentes na água produzida, onde a resolução destes problemas acarretaria na diminuição do custo dos processos referentes a exploração de petróleo e gás natural (MONTEIRO et al., 2021). Um dos problemas existentes na produção de petróleo e gás natural é a formação de hidratos ocasionados a partir da presença de água e hidrocarbonetos leves a baixas temperaturas e elevadas pressões, que são as condições offshore normalmente encontradas. A formação de hidratos pode chegar a obstruir completamente os dutos causando interrupção do processo produtivo. Isto requer a remoção desses compostos, conforme ilustra a Figura 1.1, e pode gerar prejuízos ao processo, pois além de interromper a produção, a obstrução de linhas de gás traz riscos para o campo produtor (OLIVEIRA, 2014). Figura 1.1 - Remoção de hidrato de gás emuma tubulação obstruída. Fonte: Vaz, et al. (2008) apud Ferreira, Saraiva (2011). Com o intuito de evitar o congestionamento das linhas, a indústria petrolífera utiliza compostos inibidores de hidratos que são injetados na cabeça dos poços, impedindo a sua formação. A utilização desses inibidores é a forma mais eficaz para evitar esse problema, mesmo estes podendo gerar dificuldades subsequentes, como a precipitação de sais que estão na água produzida devido ao efeito salting-out do solvente orgânico (CHAPOY et al. 2012). 17 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 A escolha do inibidor a ser utilizado é de grande importância, dentre os inibidores existentes o monoetilenoglicol (MEG) é um dos mais utilizados. Isto ocorre devido as suas propriedades como uma baixa pressão de vapor, baixa solubilidade em hidrocarbonetos e alta solubilidade em água. Estas propriedades facilitam a separação das fases líquidas e gasosa, na qual o óleo é separado por diferença de densidade (decantação) e o gás segue para desidratação e purificação. Já a corrente da mistura contendo água, MEG e sais segue para o processo de regeneração. Neste processo são removidos a água e os sais para que o MEG purificado seja reutilizado no processo (AMARAL-FILHO et al., 2016). A injeção de monoetilenoglicol nas cabeças dos poços gera, assim como outros inibidores, uma maior precipitação dos sais presentes na água produzida, ou seja, quanto maior a concentração de MEG, menor a solubilidade dos sais (SANDENGEN, 2006). Isso gera incrustações nas tubulações e equipamentos do processo de regeneração do MEG, provocando ineficiência nos equipamentos e podendo obstruir o fluxo e interromper o processo. Porém, o fato deste inibidor possuir as propriedades de baixa pressão de vapor, baixa solubilidade em hidrocarbonetos, elevada solubilidade em água, baixa toxicidade, e também pode ser regenerado para sua reintrodução na planta, o torna a melhor alternativa para a problemática da formação de hidratos (MOURA-NETO et al., 2021; ALVES-SOBRINHO, 2013). Os sais que provocam as incrustações são os carbonatos, sulfatos e cloretos (Figueiredo et al. 2014). Porém, o sal mais encontrado nas incrustações é o carbonato de cálcio (CaCO3), e isso acontece, principalmente, devido à sua baixa solubilidade em água, e a elevada concentração de dióxido de carbono (CO2) e de carbonato de cálcio, ambos dissolvidos na água de formação, na condição de poço. A elevada concentração de carbonato de cálcio nas condições de poço se dá devido a presença de rochas calcárias no solo, as quais se encontram o reservatório de petróleo (SILVA-JUNIOR, 2020). Quando o poço é explorado ocorre a despressurização do CO2 presente, desse modo, diminuindo a solubilidade do CaCO3 em água, que é diretamente dependente da pressão parcial de CO2 (NAKAYAMA, 1968). A solubilidade do carbonato de cálcio em água está diretamente ligada a solubilidade do dióxido de carbono, onde o segundo se dissocia em espécies que possuem afinidade aos íons de cálcio. As incrustações são formadas a partir do processo de extração e produção de petróleo e gás, onde a pressão parcial de CO2 é reduzida em relação as condições de poço e ocorre o desprendimento desse gás da fase líquida. Com isso, o carbonato de cálcio presente no poço começa a precipitar, formando as incrustações que comprometem a capacidade de produção e podem levar a prejuízos financeiros, como a troca de equipamentos, como filtros e trocadores de calor, ou a parada do processo para que seja realizada a remoção das incrustações presentes 18 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 (SILVA-JUNIOR, 2020; BABU et al., 2015). Um outro componente presente nas condições de reservatório e que influencia na solubilidade do carbonato de cálcio é o cloreto de sódio (NaCl). A literatura (MILLERO et al., 1984; WOLF et al., 1989) mostra que a solubilidade do CaCO3 aumenta com a presença de NaCl até a concentração de aproximadamente 2,5 mol/kg de cloreto de sódio, e a partir desse ponto o aumento da concentração de NaCl provoca a diminuição da solubilidade do CaCO3. Outros fatores que alteram a solubilidade do CaCO3 são a temperatura, e o pH. A literatura (COTO et al., 2012; PLUMMER E BUSENBERG, 1982) mostra que com o aumento da temperatura, a solubilidade tanto do carbonato de cálcio, quanto do dióxido de carbono na água diminuem. Além disso, a literatura (COTO et al., 2012; NAKAYAMA, 1968) também mostra que o aumento do pH diminui a solubilidade do CaCO3, o que pode ser explicado devido a natureza básica do carbonato, e assim como com a temperatura, o aumento do pH indica uma menor solubilidade de CO2. Para a determinação de um modelo de solubilidade do CaCO3, é necessário a obtenção de um banco de dados experimentais de equilíbrio do sistema H2O + CaCO3 + CO2, que possua um montante suficiente de dados termodinamicamente consistentes, e nos mais diversificados intervalos de temperatura e pressão. Diversos trabalhos abordaram este sistema, onde os autores (WELLS, 1915; NAKAYAMA, 1968; FREAR E JOHNSTON, 1929; JOHNSTON, 1915; PLUMMER E BUSENBERG, 1982) analisaram a solubilidade do carbonato de cálcio a diferentes temperaturas (273,15 – 362,85 K) e pressões parciais de CO2 (0,1520 – 7600 mmHg). A literatura (SERPA et al., 2017) também possui dados do sistema H2O + CaCO3 + CO2 + MEG foi estudado por em variadas temperaturas (298 – 333 K) e elevadas pressões parciais de CO2 (750,06 – 3750,31 mmHg). O estudo a solubilidade do carbonato de cálcio, em soluções aquosas na presença de MEG e CO2, possui grande importância no entendimento dos processos de produção de petróleo e gás natural, e no processo de regeneração do MEG. A partir destes dados é possível determinar modelos capazes de calcular a solubilidade do carbonato de cálcio em condições as quais não seja possível aferir esta propriedade experimentalmente, tanto na indústria, quanto a nível de bancada. Esse conhecimento pode permitir a determinação de quais condições são necessárias para que seja possível evitar os prejuízos causados devido as incrustações dos equipamentos e tubulações do processo, acarretando melhorias financeiras e de segurança para os operadores dos processos de exploração de petróleo e gás natural e regeneração do MEG. 19 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 1.1. Objetivo geral Este trabalho tem como objetivo geral estudar o comportamento da solubilidade do CaCO3 em soluções aquosas contendo CO2 e MEG em diferentes condições de temperatura, pressão de CO2 e concentração de MEG. Para isso, foram necessárias análises de dados experimentais de solubilidade e do equilíbrio sólido-líquido-vapor/gás, juntamente com os dados existentes na literatura, buscando a modelagem da solubilidade do carbonato de cálcio. 1.2. Objetivos específicos • Estudar e definir o equacionamento necessário para cálculo da solubilidade ideal do carbonato de cálcio como função da temperatura e da pH. • Analisar dados do sistema H2O+CaCO3+CO2 a 278,15, 288,15 e 298,15 K, variando a pressão de CO2 de 0 a 1525 mmHg, e do sistema H2O+CaCO3+CO2+MEG a 298,15 K, variando a pressão de CO2 de 675 mmHg a 1525 mmHg e variando a concentração de MEG de 0% até cerca de 80,4%. • Determinar dados de equilíbrio sólido-líquido-vapor do sistema H2O+NaCl, variando a pressão do sistema entre 300 mmHg até cerca de 760 mmHg no ebuliômetro de Othmer modificado, visando a validação operacional da metodologia com eletrólitos e com fase sólida. • Estudar o equilíbrio líquido-vapor/gás do sistema H2O+CO2, no ebuliômetro de Othmer modificado, visando também a validação operacional da metodologia. • Determinar dados de equilíbrio sólido-líquido-vapor/gás do sistema H2O+CaCO3+CO2, no ebuliômetro de Othmer modificado. 20 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica 21 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 2. Revisão Bibliográfica Neste capítulo serão abordados os pontos centrais do referencial teórico do presente trabalho, visando um melhor entendimento acerca do assunto abordado. 2.1. Exploração do petróleo A palavra petróleo vem do latim petra (pedra) oleum (óleo). Essa substância, quando em seu estado líquido, possui as características de um líquido viscoso, oleoso, inflamável, menos denso que a água, com cheiro característico e com coloração variando entre o preto e o castanho- claro. O petróleo é formado principalmente por hidrocarbonetos, compostos orgânicos que contêm em sua maioria nitrogênio, enxofre e oxigênio, e metais presentes na forma de sais de ácidos orgânicos. Em todo o mundo o petróleo tem sido explorado ao longo do tempo como uma das principais fontes de energia e por muitos anos foi utilizado de diversas formas pelos seres humanos. O início da exploração do petróleo no Brasil se deu no ano de 1858, na Bahia, e o primeiro poço foi perfurado no ano de 1897, no estado de São Paulo. No ano de 1953, o monopólio do petróleo foi instituído no país e se deu início a criação da Petrobras (Thomas et al. 2001). 2.2. Hidratos do gás natural A exploração do petróleo gás natural enfrenta um grande desafio que é a formação de hidratos de gás, onde estes são formados em condições de baixas temperaturas e elevadas pressões. O hidrato é um composto sólido que pode causar obstrução das linhas de gás natural, e até o total entupimento dessas tubulações, acarretando tanto em problemas financeiros quanto em riscos para os que operam a planta. Os hidratos são formados a partir do encapsulamento de moléculas do gás natural através das ligações de hidrogênio das moléculas de água existentes. Desse modo, é formado um sólido cristalino com características similares ao gelo (SILVA, 2016; MOREIRA, 2017). A estrutura do hidrato de gás pode ser observada na Figura 2.1 a seguir. 22 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Figura 2.1 - Estrutura do hidrato de gás. Fonte: Chang (2010). Para Foltin e Rajzinger (2014), a presença de água livre e gases de cadeia curta, baixas temperaturas e pressões elevadas são as condições necessárias para a formação de hidratos de gás, portanto deve-se evitar tais condições. Segundo Almeida (2015), a formação de hidratos pode ser evitada utilizando as seguintes técnicas: • A desidratação do gás natural para reduzir a quantidade de água presente no sistema; • Regular a temperatura do sistema para que permaneça 20 °C acima da temperatura de formação do hidrato; • Regular a pressão do sistema para que se mantenha 10 bar abaixo da pressão de formação do hidrato; • Adicionar inibidores cinéticos os quais impedem a agregação dos cristais de hidrato; • Injetar inibidores termodinâmicos que alteram o equilíbrio da reação de formação do hidrato. 2.3. Inibidores de hidratos do gás natural O processo mais confiável na prevenção da formação de hidrato em plantas que operam em águas profundas é a injeção do inibidor de hidrato que retarde ou evite a formação desse cristal. Os inibidores são divididos em três categorias, os inibidores termodinâmicos, inibidores cinéticos e anti-aglomerantes (SILVA, 2016). A forma de ação de cada um desses inibidores está presente na Figura 2.2. 23 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Figura 2.2 - Forma de ação para cada tipo de inibidor. Fonte: Andrade (2009) apud Almeida (2015). Na Figura 2.2 é possível observar que o não uso dos inibidores leva a formação de hidratos, quando as condições de formação são atingidas. Utilizando o inibidor termodinâmico a formação será completamente evitada devido a alteração no equilíbrio de formação, já o inibidor cinético retarda a formação desses materiais, enquanto os anti-aglomerantes permitem a formação de hidratos, mas dispersam os cristais formados, fazendo com que estes não se aglomeres gerando obstrução das tubulações. Os inibidores precisam ser injetados da forma mais eficiente possível para que possam impedir a formação dos hidratos. Para isso é necessária a promoção de uma grande dispersão desses inibidores utilizando bicos injetores, também conhecidos como spray nozzles. Os inibidores mais utilizados na indústria de petróleo e gás são os sais inorgânicos, como os cloretos de sódio, cálcio e potássio, os álcoois, como metanol, etanol e os etileno glicóis. Em especial os etileno glicóis são mais utilizados devido a sua baixa toxicidade em comparação a outros álcoois como o metanol, e dentre eles o monoetilenoglicol é o mais empregado (SILVA, 2016). 2.4. Monoetilenoglicol Dentre os etileno-glicóis, o monoetilenoglicol é um dos mais utilizados na indústria de gás natural. Também conhecido como MEG, etileno glicol, ou etano-1,2-diol, essa substância é a mais simples entre os etileno-glicóis e possui vantagens em relação a outros inibidores, como baixa viscosidade, baixa volatilidade em relação a água, baixa solubilidade em hidrocarbonetos e baixa toxicidade. Além do uso como inibidor, o MEG também possui diversas aplicações na indústria em geral, como fabricação de poliéster, resinas, filmes e fibras, até mesmo na produção de fluidos anticongelantes e refrigerantes (MOURA-NETO et al., 2021; ALVES-SOBRINHO, 24 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 2013). Na Figura 2.3 é possível observar a estrutura química do monoetilenoglicol. Figura 2.3 - Estrutura química do monoetilenoglicol (C2H6O2). Fonte: Autoria própria (2021). A estrutura química do MEG é formada por dois carbonos, que podem ser observados em azul na Figura 2.3, dois oxigênios, que são as estruturas em vermelho, e seis hidrogênios, observados em branco na Figura 2.3. Outra vantagem do uso desse inibidor é o fato de sua reutilização no processo. Após sua utilização, o MEG retorna para a superfície em uma mistura com água, sais dissolvidos e hidrocarbonetos, sendo necessária sua regeneração. Através do processo de regeneração, o MEG é purificado para que possa ser reutilizado no processo, reduzindo custos e agindo de forma sustentável, pois o não tratamento do MEG contaminado geraria sérios problemas ambientais (Silva 2016). 2.5. Processo de regeneração do monoetilenoglicol Para que o inibidor possa ser regenerado é necessário um processo ao qual sejam removidos tanto os sais quanto a água presente na mistura retirada dos poços. A empresa Cameron desenvolveu uma unidade de regeneração de MEG que é dividida em três etapas, o pré- tratamento, para remoção de hidrocarbonetos, a recuperação, para remoção dos sais presentes, e a regeneração, para remoção da água. Ao final do processo é gerado um monoetilenoglicol com pureza de 99,5%. A Figura 2.4 demonstra o esquema do processo de regeneração do MEG, PureMEGTM, desenvolvido pela Cameron. 25 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Figura 2.4 - Esquema do processo de regeneração do MEG. Fonte: Adaptado de Cameron (2021). 2.5.1. Pré-tratamento Como dito anteriormente, a etapa de pré-tratamento tem como objetivo a remoção dos hidrocarbonetos presentes. Para isso, o MEG rico é aquecido e com isso os hidrocarbonetos são separados por diferença de densidade em um separador trifásico. MEG rico é o nome dado a corrente de monoetilenoglicol contaminada com sais, água e hidrocarbonetos, ou seja, é a corrente de MEG bruta, que chega da corrente oriunda da cabeça dos poços. O esquema do processo de pré-tratamento pode ser observado na Figura 2.5. Figura 2.5 - Esquema da etapa de pré-tratamento do processo de regeneração do MEG. Fonte: Adaptado de Cameron (2021). 26 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 2.5.2. Recuperação Após o pré-tratamento, a corrente de MEG contendo água e sais segue para a etapa de recuperação, cujo o objetivo é a remoçãodos sais presentes. Nessa etapa, a corrente de MEG passa por um separador flash em condições de vácuo, onde este é aquecido com o intuito de cristalizar os sais monovalentes presentes na mistura. Esses sais cristalizados descendem no separador flash e chegam a uma coluna de salmoura que se encontra a temperatura ambiente, onde o sal pode ser coletado de uma forma mais segura. No fundo da coluna de salmoura, os sais monovalentes são enviados para um sistema de gerenciamento de sal onde são concentrados e removidos por centrifugação. No caso de sais divalentes, como os que contém cálcio (Ca2+) não é possível a cristalização no separador flash e seguem para o sistema de remoção de sais divalentes, onde serão cristalizados, concentrados e removidos como os sais monovalentes. A Figura 2.6 mostra o esquema que envolve o processo de recuperação. Figura 2.6 - Esquema da etapa de recuperação do processo de regeneração do MEG. Fonte: Adaptado de Cameron (2021). 2.5.3. Regeneração Por fim, tem-se o processo de regeneração, o qual remove a água presente na corrente vinda do separador flash. Nesta etapa a corrente de vapor de água e MEG obtida no topo do separador flash segue para uma coluna de destilação onde ocorrerá a separação dos dois componentes, gerando ao fim água destilada e um MEG pobre, com pureza de 99,5%, que pode ser reutilizado 27 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 no processo sendo injetado novamente na cabeça dos poços. MEG pobre é a denominação da corrente de monoetilenoglicol final, produto da planta de regeneração. Essa corrente tem esse nome já que o produto possui uma elevada pureza e se encontra pobre dos contaminantes presentes no MEG rico. A Figura 2.7 mostra o esquema desse processo. Figura 2.7 - Esquema da etapa de regeneração do processo de regeneração do MEG. Fonte: Adaptado de Cameron (2021). 2.6. Equilíbrio de fases Quando um sistema, que se encontra a uma determinada condição de temperatura, e pressão, apresenta duas ou mais fases, sem que exista troca térmica, ou mássica entre essas fases, denomina-se que esse sistema se encontra em equilíbrio de fases. Em outras palavras, a composição de cada fase não se altera com o passar do tempo desde que as condições sejam mantidas. Porém, quando se observa a nível molecular, o equilíbrio possui seu dinamismo, pois ocorre uma troca constante e simultânea de soluto entre as fases a uma mesma velocidade, fazendo com que as composições permaneçam sempre constantes (BEZERRA, 2012 apud MOREIRA, 2017). Assim sendo, para que haja uma situação de equilíbrio de fases deve-se haver uma relação entre a temperatura, pressão e composição das fases. Gibbs concluiu que para assegurar o equilíbrio de um sistema de duas fases são necessárias condições de constância térmica, 28 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 3 mecânica e química. Logo, as condições necessárias para que o equilíbrio de duas fases (a e b) exista, são: • Equilíbrio térmico: 𝑇𝑎 = 𝑇𝑏 • Equilíbrio mecânico: • Equilíbrio químico: 𝑃𝑎 = 𝑃𝑏 𝜇𝑎 = 𝜇𝑏 𝜇𝑎 = 𝜇𝑏 1 1 ل 2 2 ❪ … 𝗅𝜇𝑎 = 𝜇𝑏 𝑖 𝑖 Sendo T a temperatura, P a pressão, μ o potencial químico e o subscrito i denota o número de componentes do sistema. 2.6.1. Potencial Químico Segundo Smith et al. (2018) o potencial químico é uma propriedade essencial para o entendimento e estudo do equilíbrio de fases. É possível determinar o potencial químico a partir da equação fundamental da termodinâmica em termos da energia livre de Gibbs. Para um sistema aberto com temperatura, e pressão constantes temos que o potencial químico é equivalente a energia livre de Gibbs parcial molar, que pode ser observada na Equação (1). 𝜇𝑖 = [ 𝜕(𝑛𝐺) 𝜕𝑛𝑖 𝑃,𝑇,𝑛𝑗 (1) 2.6.2. Equilíbrio CO2 + H2O Segundo Baird e Cann (2014), o equilíbrio entre o dióxido de carbono e a água se dá através das seguintes reações: CO2(g) ⇋ CO2(aq) (2) CO2(aq) + H2O ⇋ H2CO3 (3) H2CO3 ⇋ H+ + HCO− (4) ] 29 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 1 3 𝐾2 = 3 3 [ ] 3 3 [ −] 3 HCO− ⇋ H+ + CO2− (5) 3 3 Desse modo, utilizando as Equações (4) e (5), é possível determinar as constantes de equilíbrio das equações e a partir delas determinar a concentração de carbono total presente na água. As equações para as constantes de equilíbrio e para o carbono total podem ser observadas a seguir. [ HCO −][H+] 𝐾 = [H2CO3] [ CO 2−][H+] [HCO−] (6) (7) [𝐶] = [H2CO3] + [HCO−] + [CO2−] (8) 3 3 Resolvendo a Equação (8) para a concentração total de carbono é possível determinar a concentração das espécies ácido carbônico (H2CO3), bicarbonato (HCO3 -) e carbonato (CO3 2-). Desse modo, isolando [H2CO3] na Equação (6) e [CO3 2-] na Equação (7), tem-se que: [ HCO −][H+] H2CO3 = 𝐾1 𝐾2[HCO −] (9) [CO2−] = 3 [H+] (10) Substituindo as Equações (9) e (10) na Equação (8), tem-se: [HCO−][H+] 𝐾2[HCO −] [𝐶] = 3 + [HCO−] + 3 (11) 𝐾1 3 [H+] A partir da Equação (10) tem-se: [ CO 2−][H+] HCO = (12) 3 𝐾2 Em posse das Equações (9) – (12) é possível determinar a variação da concentração das espécies citadas em função do pH. Com isso, obtêm-se as seguintes equações: 𝛼 = [H2CO3] = [H+]2 (13) H2CO3 [𝐶] [H+]2+𝐾1[H+]+𝐾1𝐾2 30 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 3 3 3 HCO [ HCO −] 𝛼 − = = 3 [𝐶] [CO2−] 𝐾1[H+] [H+]2+𝐾1[H+]+𝐾1𝐾2 𝐾1𝐾2 (14) 𝛼 2− = = (15) CO3 [𝐶] [H+]2+𝐾1[H+]+𝐾1𝐾2 Utilizando as constantes K1 = 4,5 ∙ 10 -7 e K2 = 4,7 ∙ 10 -11 a 298,15 K, reportadas em Baird e Cann (2014), foi possível gerar o diagrama de espécies que pode ser observado na Figura 2.8. Figura 2.8 - Diagrama de espécies do equilíbrio CO2 + H2O. 1,0 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 pH Fonte: Autoria própria (2021). A partir do diagrama de espécies é possível observar o comportamento de cada espécie em função do pH da solução, e com isso ter um maior entendimento de como a quantidade de CO2 dissolvido pode afetar o pH, que por sua vez influencia diretamente na solubilidade do CaCO3. 2.6.3. Equilíbrio CaCO3 + H2O O equilíbrio entre o carbonato de cálcio e a água se dá através das seguintes reações: CaCO3(s) + H2O ⇋ Ca2+ + CO2− (16) CO2− + H2O ⇋ HCO− + OH− (17) 3 3 HCO− ⇋ H+ + CO2− (18) 3 3 (H CO ) 2 3 (HCO- ) 3 (CO2-) 3 F ra çã o d e C ar b o n o 31 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 3 𝐾2 = 3 3 2+ 2− 3 A constante de equilíbrio da Equação (16) pode ser observada a seguir: 𝐾𝑝𝑠 = [Ca2+][CO2−] (19) As Equações (17) e (18) são o inverso uma da outra, e a Equação (18) do carbonato em água é a mesma da Equação (5) entre água e dióxido de carbono, logo sua constante é a mesma que a da Equação (7): [H+][CO2−] [HCO−] (7) A solubilidade é igual a concentração do íon de cálcio, e considerando a hidrólise do carbonato também torna-se necessário considerar as concentrações dos íons carbonato e bicarbonato, assim sendo, tem-se: 𝑆 = [Ca2+] = [CO2−] + [HCO−] (20) 3 3 Isolando o íon bicarbonato da Equação (7), obtemos a Equação (12) e substituindo a mesma na Equação (20) tem-se: [ CO 2−][H+] [Ca ] = [CO ] + (21) 3 𝐾2 Isolando a concentração do íon carbonato [CO3 2-] na Equação (21) e multiplicando ambos os lados da equação pela concentração do íon cálcio [Ca2+], tem-se: [Ca2+]2 = [Ca2+][CO2−] (1 + [H+] ) (22) 3 𝐾2 Substituindo a Equação (19) na Equação (22) e tendo em mente que a solubilidade é igual a concentração do íon de cálcio, tem-se: 𝑆2 = [Ca2+]2 = 𝐾𝑝𝑠 (1 + [H+] ) (23) 𝐾2 32 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 3 Tirandoa raiz da Equação (23) tem-se a equação da solubilidade do carbonato de cálcio dependente das constantes Kps e K2, bem como do pH da solução (- log [H +]). 𝑆 = √𝐾𝑝𝑠 (1 + [H+] ) (24) 𝐾2 2.6.4. Equilíbrio CaCO3 + H2O + CO2 O equilíbrio deste sistema está exemplificado na Figura 2.9. Figura 2.9 - Esquema do equilíbrio CaCO3 + H2O + CO2. Fonte: Adaptado de Baird e Cann (2014). A Figura 2.9 mostra como o equilíbrio das duas espécies (CaCO3 e CO2) ocorre de forma simultânea na água, onde a solubilidade destes é dependente um do outro. O trabalho desenvolvido por Plummer e Busenberg (1982) trouxe equações para as constantes de equilíbrio das reações que envolvem o equilíbrio do sistema CaCO3 + H2O + CO2. O trabalho dos autores citado anteriormente trouxe uma análise da solubilidade da calcita, aragonita e vaterita, que são formas as quais o carbonato de cálcio se apresenta. Para o presente trabalho foi utilizado como base os dados relacionados a calcita. Plummer e Busenberg (1982) utilizaram as reações a seguir para que fossem determinadas as constantes de equilíbrio: CO2(g) ⇋ CO2(aq) (25) CO2(aq) + H2O ⇋ H+ + HCO− (26) 33 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 3 3 3 3 HCO− ⇋ H+ + CO2− (27) 3 3 CaCO3(s) ⇋ Ca2+ + CO2− (28) As constantes de equilíbrio para as respectivas reações são: 𝐾 = 𝑚𝐶𝑂2(𝑎𝑞) 𝛾𝐶𝑂2(𝑎𝑞) = 𝑎𝐶𝑂2(𝑎𝑞) (29) 𝐻 𝐾1 = 𝑃𝐶𝑂2𝛾𝐶𝑂2(𝑔) 𝑎𝐻+𝑎𝐻𝐶𝑂− 𝑎𝐶𝑂2(𝑎𝑞) 𝑎𝐻2𝑂 𝑓𝐶𝑂2(𝑔) (30) 𝑎𝐻+𝑎 2− 𝐾2 = 𝐶𝑂3 𝑎𝐻𝐶𝑂− (31) 𝐾𝐶 = 𝑎𝐶𝑎2+ 𝑎𝐶𝑂2− (32) Em seguida os autores desenvolveram uma série de equações dependentes da temperatura para as constantes acima, que podem ser observadas a seguir: log 𝐾 = 108,3865 + 0,01985076 𝑇 − 6919,53 − 40,45154 log(𝑇) + 669365 (33) 𝐻 𝑇 𝑇2 log 𝐾 = − 356,3049 − 0,06091964 𝑇 + 21834,37 + 126,8339 log(𝑇) − 1684915 (34) 1 𝑇 𝑇2 log 𝐾 = − 107,8871 − 0,03252849 𝑇 + 5151,79 + 38,92561 log(𝑇) − 563713,9 (35) 2 log 𝐾𝐶 𝑇 = −171,9065 − 0,077993 𝑇 + 2839,319 𝑇 𝑇2 + 71,595 log(𝑇) (36) As Equações (33) – (35) podem ser utilizadas em uma faixa de temperatura de 273,15 K a 373,15 K, enquanto a Equação (36) pode ser utilizada entre 273,15 K a 363,15 K. 2.7. Métodos para determinação de dados do equilíbrio líquido-vapor Os métodos para determinação de dados do equilíbrio se dividem em dois, o método dinâmico e o método estático. A definição de cada um desses métodos segundo Oliveira (1999) pode ser observada nos tópicos a seguir. 2.7.1. Método dinâmico Para que a determinação de dados de equilíbrio seja feita a partir do método dinâmico, é necessário que o equipamento a ser utilizado possua algum tipo de circulação. Ou seja, que ocorra recirculação de uma ou ambas as fases. Isso ocorre quando o equipamento é carregado 34 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 com a amostra a ser estudada, e a fase líquida entre em estado de ebulição, em seguida o vapor condensa e recircula no equipamento. Também pode ocorrer a recirculação da fase líquida por meio de conexões no equipamento. Nesse método sempre existe o monitoramento da pressão e da temperatura do processo. Com isso, as composições irão variar com o tempo até que o equilíbrio seja atingido, em seguida são retiradas amostras das fases líquida e vapor e são analisadas, normalmente por cromatografia, densimetria ou refratometria “on line”. 2.7.2. Método estático O princípio do equipamento para determinação de dados de equilíbrio a partir do método estático é basicamente uma célula de equilíbrio, ou seja, o equipamento não passa de um sistema fechado contendo uma mistura de líquido e vapor com monitoramento das variáveis pressão e temperatura. A técnica para que os dados sejam obtidos é o controle da temperatura, pois quando que a temperatura do sistema é mantida constante, a pressão também se estabiliza e o equilíbrio é atingido. Além do controle da temperatura, também é necessária a aplicação de vácuo para que seja feita a desgaseificação dos líquidos e essa é considerada uma das maiores dificuldades desse método. Outra dificuldade seria a medição da composição da fase vapor, pois qualquer perturbação pode afetar o equilíbrio, porém essa dificuldade é ultrapassada a partir da aplicação da equação de Gibbs-Duhem onde é feito o procedimento de redução de dados “PTxi” e posteriormente são obtidos os dados yi através da equação, mas para o sucesso desse tipo de procedimento a medição da pressão, temperatura e composição da fase líquida deve ser a mais precisa possível para garantir uma boa obtenção dos dados da fase vapor. 2.8. Métodos para determinação de dados da solubilidade Os métodos para determinação de dados de solubilidade podem ser divididos em dois, o método analítico e o método sintético. Oliveira (1999) apresentou as definições desses métodos em seu trabalho, que podem ser observadas nos tópicos a seguir. 2.8.1. Método analítico Para utilização do método analítico na obtenção de dados de solubilidade primeiramente é necessário inserir a mistura de soluto e sal em excesso na célula de solubilidade, em seguida a célula é mantida sob agitação e temperatura constantes. Ao final de um certo tempo que é considerado suficiente para que o solvente tenha solubilizado o máximo possível de soluto são 35 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 retiradas amostras para medição da solubilidade. No caso de utilização do método analítico os maiores problemas são o projeto das células, a retirada das amostras e as técnicas utilizadas para análise da composição final da mistura. 2.8.2. Método sintético Para utilização do método sintético na obtenção de dados de solubilidade é necessário incialmente inserir a amostra com quantidades conhecidas de solvente e soluto na célula de solubilidade, em seguida é feita a determinação do estado em que todo o soluto é dissociado, ou seja, o momento ao qual o último cristal de soluto é dissolvido e esse momento pode ser obtido através de uma mudança de temperatura na célula, ou através da adição de uma quantidade conhecida de solvente no sistema. Para que seja possível notar o ponto de solubilidade é necessário o monitoramento da condutividade e do volume, além disso métodos visuais também podem ser utilizados para detectar a solubilização da fase sólida presente no sistema. 2.9. Estado da arte Diversos autores estudaram sistemas aquosos envolvendo o carbonato de cálcio. Existem trabalhos na literatura desde sistemas mais simples, como CaCO3 + H2O, até chegar em sistemas mais complexos, como CaCO3 + H2O + MEG + NaCl + CO2. Os principais trabalhos nesta temática podem ser observados no decorrer do texto a seguir. O problema gerado a partir da precipitação do CaCO3 no processo de regeneração do monoetilenoglicol foi observado por Babu et al. (2015). Os autores reportam em seu trabalho os grandes danos causados devido a precipitação deste sal, pois no processo de regeneração os sais em suspenção acabam se acumulando em filtros, trocadores de calor, dentre outros equipamentos, chegando a causar danos os quais culminam na parada do processo para limpeza, e/ou troca de peças e equipamentos. Além de mostrarem os danos causados nas plantas de regeneração, os autores observaram uma maior predominância da presença de carbonato de cálcio do que dos demais sais, provavelmente associada à sua baixa solubilidade em água (Figueiredo et al. 2014) e a baixa pressão parcial de CO2 no processo de regeneração do MEG. Um outro componente presente nas condições de poço e que influencia na solubilidade do carbonato de cálcio é o cloreto de sódio (NaCl). Trabalhos como os de Millero et al. (1984) e Wolf et al. (1989) trazem dados experimentais que mostram que a solubilidade do CaCO3 aumentacom a presença de NaCl até certo ponto. Ou seja, até a concentração de aproximadamente 2,5 mol/kg de cloreto de sódio, a solubilidade do carbonato segue crescendo, 36 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 a partir desse ponto o aumento da concentração de NaCl provoca a diminuição da solubilidade do CaCO3. Além da concentração de CO2, MEG e NaCl, outros fatores que alteram a solubilidade do CaCO3 é a temperatura, e o pH. Dados da literatura (COTO et al., 2012; PLUMMER E BUSENBERG, 1982) mostraram que com o aumento da temperatura, a solubilidade do carbonato de cálcio diminui. Além disso, o aumento da temperatura diminui a solubilidade do dióxido de carbono na água, o que também influencia a solubilidade do CaCO3. Foi observado nos trabalhos de Coto et al. (2012) e Nakayama (1968) que o aumento do pH também diminui a solubilidade do CaCO3, o que pode ser explicado devido a natureza básica do carbonato, e assim como com a temperatura, o aumento do pH indica uma menor solubilidade de CO2. Na determinação de um modelo de solubilidade do CaCO3 que possa ser usado para a simulação da exploração/processamento de petróleo e gás natural é necessário dispor de um conjunto de dados experimentais de equilíbrio sólido-líquido-vapor/gás robusto e confiável, contendo variadas condições de temperatura, pressão e composição para melhor adequação do modelo à realidade industrial. Na literatura encontra-se vários dados que envolve a solubilidade do CaCO3. Wells (1915) reportou dados de solubilidade para o sistema água + CaCO3 nas condições de 274,15 K e pressão ambiente variando com o tempo. Ma et al. (2010) avaliou a cristalização do CaCO3 por meio do pH e temperatura. Wiechers et al. (1974) estudou a cristalização do sistema nas temperaturas de 283,15 K a 312,15 K. Porém, esses dois últimos estudos não reportaram dados de equilíbrio. O sistema água + CaCO3 + MEG foi estudado por Flaten et al. (2015), Natsi et al. (2019) e Silva et al. (2016), apresentando dados nas temperaturas de 298,15 – 353,15 K na pressão atmosférica e variando o percentual de MEG (0 – 90%). Nakayama (1968) reportou dados de equilíbrio para o sistema H2O + CaCO3 + CO2 à temperatura de 298,15 K e pressão de 699,20 mmHg variando a pressão parcial de CO2 na faixa de 0,54 a 100%. Frear e Johnston (1929) estudou esse mesmo sistema em condições próximas 298,15 K, e pressão parcial de CO2 variando entre 0,2432 a 735,98 mmHg. Johnston (1915) apresentou dados de solubilidade a 289,15 K variando a pressão parcial de CO2 entre 0,1520 a 4560 mmHg. Plummer e Busenberg (1982) apresentou um grande escopo de dados nas condições de 273,25 – 362,85 K, e numa faixa de 169,16 – 751,87 mmHg de pressão parcial de CO2. A influência do CO2 e do NaCl na solubilidade do CaCO3 em diferentes concentrações de MEG (0 – 96,77%) foi avaliada por Kaasa et al. (2005) e Lu et al. (2010) nas condições de baixas temperaturas (175,95 – 353,15 K), pressão parcial de CO2 de 47,06 – 757,56 mmHg e concentração de NaCl de 0 – 2777,80 mmol/kg. Serpa et al. (2017) avaliou a influência do CO2 37 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 na solubilidade do CaCO3 na presença de MEG em condições de baixas temperaturas (298 – 333 K), pressão parcial de CO2 mais elevada (750,06 – 3750,31 mmHg) e concentração de MEG de 0 – 100%. A influência do NaCl na solubilidade do carbonato de cálcio e ausência de MEG foi estudada por Millero et al. (1984), Frear e Johnston (1929), Sandengen et al. (2006) e Coto et al. (2012) nas temperaturas entre 293,15 – 368,15 K e na pressão atmosférica. Já Odeigah et al. (2018) apresentou resultados do sistema CaCO3 + H2O + MEG + NaCl em temperaturas elevadas (353,15 – 418,15 K), concentração de MEG de 90% e concentração de NaCl de 0,5 – 500 mmol/kg. Diante do que foi exposto, observa-se que na literatura existe uma grande variedade de dados em condições brandas de temperatura e pressão, tanto para o sistema CaCO3 + H2O + CO2, quanto nos demais sistemas citados. Apesar da presença de estudos que apresentem dados a temperaturas e pressões variadas, ainda existem lacunas a serem preenchidas para a formação de um banco de dados confiável. Logo, a realização de ensaios com diferentes condições de pressão, da temperatura, da pressão parcial de CO2, e da composição de MEG, é muito importante para uma melhor compreensão da solubilidade do carbonato de cálcio, e do comportamento do equilíbrio dos sistemas de interesse do presente trabalho. 38 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Capítulo 3 – Materiais e Métodos 39 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 3. Materiais e Métodos Neste capítulo serão abordados os materiais necessários e as metodologias que foram aplicadas para a execução do presente trabalho. 3.1. Materiais Os materiais e equipamentos necessários estão dispostos, respectivamente, nas Tabelas 3.1 e 3.2. Tabela 3.1 - Reagentes utilizados. Reagentes Fabricante Água deionizada - Carbonato de cálcio (99,0%) SIGMA-ALDRICH Cloreto de sódio (≥ 99,5%) SIGMA-ALDRICH Monoetilenoglicol (99,8%) SIGMA-ALDRICH Dióxido de carbono (99,9%) Linde Ácido nítrico (64,0 – 66,0%) Êxodo Científica Cloreto de amônio (≥ 99,5%) Isofar Hidróxido de amônio (28,0 – 30,0%) VETEC Química Fina Ltda Negro de eriocromo T Nuclear Etanol (Mín. 95,0%) Dinâmica Química Contemporânea Ltda Acetona (Mín. 99,5%) Dinâmica Química Contemporânea Ltda Ácido clorídrico (37%) Sciavicco Comércio e Indústria EDTA tetrassódico (≥ 98%) Êxodo cientifica Fonte: Autoria própria, (2021). Tabela 3.2 - Equipamentos utilizados. Continua. Equipamento Fabricante Modelo Agitador magnético com aquecimento BioVera Equipamentos e Serviços Ltda IKA RCT Basic Agitador magnético FISATOM Mod: 751 Fita aquecedora FISATOM Mod: 5-1 Regulador de voltagem (Variac) Lederer & Avancini TDGC2-2kVA 8A 40 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Equipamento Fabricante Modelo Banho maria ultratermostático CienlaB Equipamento Para Laboratório CE 110/10 Controlador de pressão com sensor de temperatura FISCHER SYSTEM M101 Bomba a vácuo Edwards E2M1.5 Termômetros digitais Incoterm 9226.16.0.00 Balança analítica SHIMADZU AUW220D Estufa de secagem e esterilização SOLAB Equipamentos para Laboratórios SL – 100 pHmetro de bancada MS Tecnopon Equipamentos Especiais Ldta LUCA – 210p Condutivímetro de bancada com sensor de temperatura Digimed DM – 32 Densímetro digital de bancada Anton Paar DMA 4500 M Fonte: Autoria própria, (2021) 3.2. Metodologia experimental O presente trabalho foi realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) – Campus Central, no Laboratório de Fotoquímica e Equilíbrio de Fases (FOTEQ) presente no Núcleo de Ensino e Pesquisa em Petróleo e Gás (NUPEG II), com a colaboração do grupo de pesquisa do projeto de Estudos Termodinâmicos do Processo de Regeneração do Monoetilenoglicol (MEG). 3.2.1. Equacionamento: Solubilidade do carbonato de cálcio Foram utilizados dados da literatura de Coto et al. (2012), Nakayama (1968) e Plummer e Busenberg (1982) como parâmetro de comparação, e fazendo uso da Equação (24) para o cálculo da solubilidade ideal, e das Equações (35) e (36) para o cálculo do K2 e do Kps, respectivamente. Também foi realizado o cálculo do coeficiente de atividade médio iônico (γ±) através da Equação (37) que pode ser observada a seguir: 𝛾± = √𝐾 𝑆 (37) 41 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Sendo S a solubilidade expressa em molalidade do sal, e K o produto de solubilidade estimado pela Equação (38) a partir das constantes reportadas por Plummer e Busenberg (1982). 𝐾 = 𝐾𝑝𝑠 (1 + [H+] ) (38) 𝐾2 Observando as Equações(37) e (38) nota-se que o cálculo do coeficiente de atividade médio iônico pode ser feito a partir da solubilidade ideal, calculada pela Equação (24), isto é, a raiz quadrada de K da Equação (38), e da solubilidade real, determinada experimentalmente. Desse modo, o cálculo do coeficiente de atividade médio iônico mostra o quanto a solução se desvia da idealidade, já que a Equação (24) é realizada considerando o coeficiente de atividade médio iônico como sendo 1 (solução ideal). Após a comparação com a literatura, o mesmo equacionamento foi aplicado aos dados experimentais determinados neste trabalho, utilizando as Equações (24), (35) e (36) da solubilidade, como as Equações (37) e (38) do coeficiente de atividade médio iônico. Primeiramente, foram aplicadas aos dados da literatura (COTO et al., 2012; NAKAYAMA, 1968; PLUMMER E BUSENBERG, 1982), em seguida aos dados obtidos nos ensaios em células de vidro, e posteriormente aos dados obtidos nos ensaios realizados no ebuliômetro de Othmer modificado. Por fim, foi realizado o cálculo do desvio entre a solubilidade experimental, e a solubilidade ideal através da Equação (39). 𝐷𝑒𝑠𝑣𝑖𝑜 𝑆 (%) = (𝑆𝑒𝑥𝑝−𝑆𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙) ∙ 100 (39) 𝑆𝑒𝑥𝑝 3.2.2. Ensaios de solubilidade do CaCO3 nas células de vidro Andrade et al. (2018) utilizou a metodologia proposta por Chiavone-Filho e Rasmussen (1993) para determinar a solubilidade do carbonato de estrôncio, que também será a metodologia adotada para determinação da solubilidade do carbonato de cálcio. Os experimentos ocorreram em um aparato experimental composto por duas células de vidro enjaquetadas que estão acopladas a chapas magnéticas, um banho termostático, um sistema de pressurização com buffer (tanque pulmão), um cilindro de CO2 e um sistema de válvulas, ou manifold, que pode ser observado na Figura 3.1. As células são mantidas sob as mesmas condições de temperatura, pressão, e sob agitação constante durante todo o experimento. 42 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Figura 3.1 - Aparato experimental para determinação da solubilidade do CaCO3 na presença de CO2. Fonte: Andrade et al. (2018). Inicialmente foi adicionado nas células um excesso de carbonato de cálcio no intuito de garantir a saturação da mistura. Como constatado por Serpa et al. (2017), quanto menor a temperatura maior a dissolução de CO2, que por sua vez diminui o pH da mistura. A diminuição do pH acarreta o aumento da solubilidade de sais como o carbonato de cálcio (ANDRADE et al. 2018). Os experimentos foram iniciados a uma temperatura inferior e logo em seguida o sistema foi submetido a temperatura a ser estudada, por exemplo, os experimentos a 298,15 K são iniciados a 293,15 K. O sistema permaneceu sob agitação por 2 h e em seguida ficou em repouso por 2 h nas mesmas condições de pressão e temperatura, ao final do experimento foram retiradas duas amostras as quais foram diluídas na proporção de 1:1 em uma solução de ácido nítrico (1:150) com o intuito de evitar a precipitação do carbonato de cálcio. Após a diluição em ácido nítrico as amostras seguiram para análise no espectrofotômetro de absorção atômica. Para os experimentos na ausência de CO2 incialmente a água utilizada foi fervida, para garantir a remoção de todo dióxido de carbono que pode estar dissolvido na mesma, e em seguida foi borbulhada com nitrogênio (N2) visando uma água livre de CO2. O aparato experimental também é diferente pois não possui tanque pulmão, cilindro de CO2 nem sistema de válvulas, mas é conectado a um condutivímetro. Além disso o tempo necessário para que o sistema atinja a saturação foi maior já que o carbonato de cálcio possui uma baixa solubilidade em água. O restante do experimento ocorreu da mesma maneira que o anterior. O aparato experimental para os experimentos na ausência de CO2 foi composto pelas células de equilíbrio (1) e (2), condutivímetro de bancada (3), agitadores magnéticos (4) e banho termostático (5). O conjunto pode ser observado na Figura 3.2 a seguir. 43 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 Figura 3.2 - Aparato experimental para determinação da solubilidade do CaCO3 na ausência de CO2. Fonte: Monteiro et al. (2021). Após a análise da solubilidade, foi aplicado aos dados o equacionamento observado no seção anterior anterior (3.2.1). Como visto anteriormente, foi feito o uso da Equação (24) para o cálculo da solubilidade ideal, e das Equações (35) e (36) para o cálculo do K2 e do Kps, respectivamente. Também foi realizado o cálculo do coeficiente de atividade médio iônico (γ±) através da Equação (37). Como é necessário o pH para o uso da Equação (24), e esses dados não foram coletados durante os experimentos, foi desenvolvida uma equação relacionando a pressão parcial de CO2, com o pH, já que estes parâmetros estão diretamente relacionados. A equação foi desenvolvida a partir de dados da literatura (NAKAYAMA, 1968; PLUMMER E BUSENBERG, 1982), e pode ser observada a seguir na Equação (40). pH = −0,279 ln(𝑃𝐶𝑂2) + 7,8713 (40) 3.2.3. Calibração de equipamentos Antes de iniciar os experimentos com o ebuliômetro de Othmer modificado foi necessário calibrar os equipamentos envolvidos nesse processo. Com isso, termômetros e sensores de temperatura, assim como o transdutor de pressão e o ebuliômetro passaram por testes preliminares para calibração. 3.2.3.1. Termômetros e sensores de temperatura Para calibração dos termômetros e sensores de temperatura presentes no condutivímetro e no controlador Fisher System, foram realizados três procedimentos. Inicialmente foi realizado um teste variando a temperatura entre 278,15 K e 363,15 K utilizando o banho termostático, e foram realizadas medições com os termômetros e sensores de temperatura, em seguida as medições foram feitas no ponto de fusão da água utilizando um banho de gelo, e por fim foram 44 Vitória Cibely Silveira Penha, Março/2022 realizados ensaios no ebuliômetro para medição das temperaturas de bolha da água, etanol e acetona. Em posse desses dados de temperatura experimentais, de dados estimados utilizando a equação e as constantes de Antoine, e dados de simulação no software Specs v5.63, foram feitas as curvas de calibração desses equipamentos. As curvas foram feitas tanto para os termômetros, quanto para os sensores de temperatura que posteriormente foram utilizados nos experimentos com os ebuliômetros. A equação de Antoine pode ser observada na Equação (41) a seguir, e as constantes utilizadas para a água foram retiradas do trabalho de Moura-Neto et al. (2020) e para a acetona foi retirado do Dortmund Data Bank (DDB). Os dados para o etanol foram estimados no Specs v5.63 devido a elevada porcentagem de água em sua composição detectada na medição da densidade. log 𝑃 (𝑘𝑃𝑎) = 𝐴 − 𝐵 𝑇(𝐾)+𝐶 (41) Sendo: P = Pressão do equilíbrio; T = Temperatura do equilíbrio; A, B e C = Constantes de Antoine. 3.2.3.2. Transdutor de pressão A calibração do transdutor de pressão foi realizada em colaboração com o Laboratório de Metrologia da UFRN (LABMETROL). Os técnicos responsáveis realizaram o procedimento de reduzir a pressão até o vácuo máximo do equipamento onde foi mantida por cerca de cinco minutos, e em seguida a pressão foi elevada até a atmosférica. São determinados os pontos de pressão a serem avaliados e mais uma vez o equipamento é submetido até seu vácuo máximo, porém dessa vez realizando medidas de pressão com o instrumento de calibração nos pontos pré- determinados. Após atingir o vácuo máximo, é feito o alívio para que o equipamento atinja a pressão atmosférica novamente, e durante o processo são realizadas novas medidas com o instrumento de calibração nos pontos de pressão anteriormente determinados. A calibração do transdutor foi realizada de acordo com o procedimento descrito na norma da ABNT NBR
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