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TCC---Maria-JosA--Azevedo-da-Silva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE 
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E APLICADAS 
BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS 
 
 
 
MARIA JOSÉ AZEVEDO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS FORMALIZADORES DE DISPENSAS DE 
LICITAÇÃO QUANTO À ADOÇÃO DA LEI Nº 14.133/2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAICÓ/RN 
2022 
MARIA JOSÉ AZEVEDO DA SILVA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS FORMALIZADORES DE DISPENSAS DE 
LICITAÇÃO QUANTO À ADOÇÃO DA LEI Nº 14.133/2021 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
como parte dos requisitos para obtenção do título 
de Bacharel em Ciências Contábeis. 
 
Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Mayara Bezerra 
Barbosa 
 
 
 
 
 
 
 
CAICÓ/RN 
2022 
Silva, Maria José Azevedo da.
 A percepção dos profissionais formalizadores de dispensas de
licitação quanto à adoção da Lei nº 14.133/2021 / Maria José
Azevedo da Silva. - Caicó, 2022.
 34f.: il.
 Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação) -
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino
Superior do Seridó. Departamento de Geografia. Bacharelado em
Geografia.
 Orientação: Profa. Dra. Mayara Bezerra Barbosa.
 1. Contratação pública. 2. Modalidades de licitação. 3.
Dispensa de licitação. I. Barbosa, Mayara Bezerra. II. Título.
RN/UF/BS-CERES CDU 658.715
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Profª. Maria Lúcia da Costa Bezerra - -CERES- - Caicó
Elaborado por Giulianne Monteiro Pereira Marques - CRB-15/714
MARIA JOSÉ AZEVEDO DA SILVA 
 
 
A PERCEPÇÃO DOS PROFISSIONAIS FORMALIZADORES DE DISPENSAS DE 
LICITAÇÃO QUANTO À ADOÇÃO DA LEI Nº 14.133/2021 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte 
como parte dos requisitos para obtenção do título de Bacharel em Ciências Contábeis. 
 
Comissão avaliadora: 
 
 
__________________________________________ 
Prof.ª Dr.ª Mayara Bezerra Barbosa 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Orientador (a) 
 
 
__________________________________________ 
Susane de Queiroz Vale Freitas 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Examinador (a) 
 
 
__________________________________________ 
Nataly de Meireles da Silva 
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 
Examinadora 
 
 
 
 
CAICÓ/RN, 14 de dezembro de 2022 
RESUMO 
 
O presente estudo teve por objetivo verificar a percepção dos profissionais responsáveis pelos 
processos de Dispensas de Licitação dos municípios do Seridó quanto às mudanças trazidas 
pela Lei de Licitações – Lei nº 14.133/2021. Este tema é de extrema importância por tratar de 
um assunto recente que irá gerar impactos significantes nos processos licitatórios e de 
contratação direta realizados diariamente nos municípios, podendo mostrar aos profissionais 
como os municípios estão reagindo às mudanças na formalização das Dispensas de Licitação. 
Além disso, é importante que os cidadãos responsáveis pelo controle social entendam como a 
Administração Pública está utilizando os recursos através das contratações, tendo em vista 
que há todo um procedimento legal a ser cumprido. A coleta de dados foi realizada nos 
municípios do Seridó Potiguar através da aplicação de um questionário elaborado na 
plataforma Google Forms com dezesseis questões objetivas. Obteve-se 25 respondentes, 
abrangendo profissionais de 22 municípios. Os resultados apontam que há uma boa participação 
dos profissionais em treinamentos, cursos e capacitações. Mas, de acordo com a percepção dos 
profissionais entrevistados, os municípios e os servidores públicos não estão totalmente 
preparados para as mudanças a serem exigidas pela Lei nº 14.133/2021, tendo em vista que o 
conhecimento adquirido ainda não é suficiente para formalizar os processos com segurança. 
Quanto aos fatores citados como impactos aos municípios com a implantação da Lei nº 
14.133/2021, o principal deles foi a modernização dos processos licitatórios, seguido de maior 
transparência aos processos de contratação. 
 
Palavras-Chave: Contratação Pública. Modalidades de Licitação. Dispensa de Licitação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
The present study aimed to verify the perception of the professionals responsible for the 
Bidding Waiver processes in the municipalities of Seridó regarding the changes brought about 
by the Bidding Law - Law nº 14.133/2021. This issue is extremely important as it deals with a 
recent issue that will generate significant impacts on the bidding and direct contracting 
processes carried out daily in municipalities, and can show professionals how municipalities 
are reacting to changes in the formalization of Bidding Exemptions. Furthermore, it is 
important that citizens responsible for social control understand how the Public 
Administration is using resources through hiring, bearing in mind that there is a whole legal 
procedure to be followed. Data collection was carried out in the municipalities of Seridó 
Potiguar through the application of a questionnaire prepared on the Google Forms platform 
with sixteen objective questions. There were 25 respondents, comprising professionals from 
22 municipalities. The results indicate that there is a good participation of professionals in 
training, courses and qualifications. But, according to the perception of the professionals 
interviewed, municipalities and public servants are not fully prepared for the changes to be 
required by Law nº 14.133/2021, considering that the acquired knowledge is still not enough 
to formalize processes with safety. As for the factors cited as impacts on municipalities with 
the implementation of Law No. 14,133/2021, the main one was the modernization of bidding 
processes, followed by greater transparency in contracting processes. 
 
Keywords: Public Procurement. Bidding Terms. Exemption from Bidding. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Gráfico 1 – Cargo exercido no setor de licitações 
Gráfico 2 – Tempo de atuação no setor de licitações 
Gráfico 3 – Participação nas capacitações sobre a Lei nº 14.133/2021 
Gráfico 4 – Ações promovidas pela gestão municipal 
Gráfico 5 – Conhecimento suficiente para realização das Dispensas de Licitação com 
fundamento na Lei nº 14.133/2021 
Gráfico 6 – Dispensas de Licitação com fundamento na Lei nº 14.133/2021 formalizadas em 
2022 
Gráfico 7 – Municípios e servidores públicos preparados para as mudanças trazidas pela Lei 
nº 14.133/2021 
Gráfico 8 – Apreensão dos gestores em formalizar Dispensas de Licitação na Lei nº 
14.133/2021 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 – Perfil dos respondentes 
Tabela 2 – Nível de escolaridade e área de formação acadêmica 
Tabela 3 – Quantidade de habitantes e média de Dispensas de Licitação em 2020 e 2021 
Tabela 4 – Utilização da Lei nº 14.133/2021 e regulamentação municipal 
Tabela 5 – Fatores que impactará os municípios com a implantação da Lei nº 14.133/2021 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
Art. – Artigo 
CRFB – Constituição da República Federativa do Brasil 
CPL – Comissão Permanente de Licitação 
IPCA-E – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial 
LGL – Lei Geral das Licitações 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9 
2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 11 
2.1 SURGIMENTO DA LICITAÇÃO E ORIGEM DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES ....... 11 
2.2 MODALIDADES E TIPOS DE LICITAÇÃO ..................................................................12 
2.3 MÉTODOS DE CONTRATAÇÃO DIRETA .................................................................... 13 
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 18 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 19 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 28 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 30 
APÊNCICE - QUESTIONÁRIO...........................................................................................33 
 
 
9 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Para que a Administração Pública possa executar obras ou serviços, assim como 
adquirir ou alienar bens, é necessária a utilização de contratações públicas por meio de 
procedimentos licitatórios que busquem garantir as propostas mais vantajosas para o ente. Em 
relação a isso, Medeiros (2017) diz que o objetivo principal de contratação nos entes públicos 
“é satisfazer a necessidade da Administração, obtendo-se a melhor relação custo-benefício 
mediante tratamento isonômico a terceiros interessados em firmar contrato com o Poder 
Público”. 
Magnani (2021) considera que a licitação é o processo administrativo utilizado pela 
Administração Pública com o intuito de adquirir bens e/ou contratar serviços, ao mesmo 
tempo em que seleciona a proposta mais vantajosa, através de critérios objetivos e impessoais, 
para a formalização de um contrato. 
Para que as contratações públicas possam ser realizadas de forma legal, a Lei nº 
8.666/1993 e a Lei nº 10.520/2002 definem que as licitações podem seguir seis modalidades 
distintas, sendo: Concorrência, Tomada de Preços, Convite, Leilão, Concurso e Pregão. Além 
disso, para o julgamento do procedimento licitatório, a Lei nº 8.666/93, também, instituiu 
quatro tipos de licitação: Menor Preço, Técnica e Preço, Melhor Técnica e Maior Lance ou 
Oferta. 
Entretanto, existem situações que não justificam toda a burocratização de um 
procedimento licitatório e que precisam ser realizadas com maior agilidade. Nessas exceções, 
a Lei das Licitações institui a utilização dos métodos de contratação direta: Dispensa de 
Licitação e Inexigibilidade de Licitação. A licitação pode ser dispensada (art. 17, da Lei nº 
8.666/93), dispensável (art. 24, da Lei nº 8.666/93) ou inexigível (art. 25, da Lei nº 8.666/93). 
Para Fernandes (2016, p. 169), “dispensada é aquela cuja realização é afastada pela própria 
lei, relacionada com a alienação de imóveis e de móveis públicos; dispensável é aquela em 
que existe uma desobrigação de instauração de procedimento licitatório, caso seja conveniente 
ao interesse público; e, inexigível é aquela em que há inviabilidade de competição”. 
 No dia 10 de dezembro de 2020, o Projeto de Lei nº 4.253 foi aprovado, sendo 
promulgado e publicado no dia primeiro de abril de 2021, originando a Nova Lei de 
Licitações, a Lei nº 14.133/21. Esta nova lei irá substituir a Lei nº 8.666/93, que ainda está em 
vigor, e, durante o período de transição equivalente a dois anos, as duas leis permanecem 
vigentes para que os órgãos públicos e privados possam lidar comas mudanças trazidas pela 
Lei nº 14.133/21 de forma apropriada. 
10 
 
Diante do exposto, este trabalho acadêmico traz como problemática o seguinte 
questionamento: qual é a percepção dos profissionais responsáveis pelos processos de 
Dispensas de Licitação nos municípios do Seridó quanto à adoção da Lei nº 14.133/2021? 
 O referido trabalho tem como objetivo geral verificar a percepção dos profissionais 
responsáveis pelos processos de Dispensas de Licitação dos municípios do Seridó quanto às 
mudanças trazidas pela Nova Lei de Licitações – Lei nº 14.133/2021. Já os objetivos 
específicos, resumem-se a apresentar as principais mudanças na formalização de Dispensas de 
Licitação; averiguar a preparação dos profissionais dos municípios do Seridó para execução 
dos novos processos de dispensas licitatórias, identificar as iniciativas das gestões municipais 
na capacitação aos profissionais que atuam de forma direta nos processos de dispensas de 
licitação e destacar a percepção destes profissionais quanto aos impactos trazidos com a 
implantação da Lei nº 14.133/2021. 
 Dessa forma, a escolha do tema se justifica por ser um assunto novo que impacta na 
realização de processos utilizados diariamente pelo setor público e/ou privado, cuja pesquisa 
poderá servir como base para a fundamentação de outros estudos sobre esta temática. 
 Para o meio acadêmico, é uma pesquisa relevante em função do conhecimento sobre 
as modalidades de licitação, bem como a utilização da Dispensa de Licitação como uma 
ferramenta de contratação da Administração Pública, tendo em vista que a Lei nº 14.133/2021 
é um assunto recente, que necessita de bastante atenção, por ter gerado alterações 
significantes aos processos licitatórios e aos métodos de contratação direta. 
 A sociedade é responsável por realizar a fiscalização dos recursos públicos, analisando 
como estes são utilizados e como podem contribuir para o bem-estar social, desta forma é 
importante que os cidadãos entendam como a Administração Pública realiza as contratações, 
observando que há todo um procedimento legal a ser seguido. 
 Justifica-se, ainda, como sendo de suma importância que os profissionais dos entes 
públicos possam observar como os municípios estão reagindo às mudanças na formalização 
das Dispensas de Licitação, já que estas são bastante utilizadas por estas entidades para 
adquirir bens ou contratar serviços de forma mais ágil e que, em virtude das novas mudanças, 
os profissionais da Administração Pública deverão ter ainda mais cuidado para não 
descumprir as regras que regulamentam este método. 
 
 
 
 
11 
 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
2.1 SURGIMENTO DA LICITAÇÃO E ORIGEM DA NOVA LEI DE LICITAÇÕES 
 
 No Brasil, o processo licitatório surgiu a partir do início do século XIX através do 
Decreto nº 2.926, de 14 de maio de 1862. Em 1922, ocorreu a sua consolidação no âmbito 
federal, com a criação do Código da Contabilidade da União, cujo objetivo era fazer com que 
as contratações públicas apresentassem uma maior eficiência. 
 Amorim (2017, p. 27) menciona que “a obrigatoriedade da realização de licitações 
públicas encontra seu imperativo normativo no inciso XXI do art. 37 da CRFB de 19881”. 
Sendo assim, a partir da Constituição Federal de 1988, tornou-se obrigatória a utilização das 
licitações para a aquisição de bens ou contratação de serviços por parte da Administração 
Pública, pelo fato de a licitação ter passado a ser um princípio constitucional. O 
descumprimento desse pressuposto vigora como crime desde então. Porém, a realização dos 
processos administrativos e procedimentos licitatórios passaram a ser regulamentados em 
1993, com a criação da Lei nº 8.666 (Lei das Licitações). 
A legislação direciona e institui métodos necessários que possibilitam seu 
enquadramento de acordo com a necessidade do órgão público em que se busca realizar o 
processo licitatório, sempre com o mesmo objetivo de adquirir o menor preço, ou seja, a 
proposta mais vantajosa para o município. 
Em 2020, o Projeto de Lei nº 4.253/20 – substitutivo da Câmara dos Deputados ao 
Projeto de Lei nº 559/13 do Senado Federal e ao Projeto de Lei nº 6.814/17, daquela casa – foi 
aprovado pelo Senado Federal no dia 10 de dezembro do corrente ano, sendo promulgado e 
publicado em abril de 2021, dando origem a Nova Lei de Licitações, a Lei nº 14.133, de 1º de 
abril de 2021, que “apresenta vigência imediata (art. 194), entrando em vigor na data de sua 
publicação” (RODRIGUES, 2021). 
Segundo Niebuhr et al. (2021, p. 7), “a Lei nº 8.666/1993, a Lei nº 10.520/2002 e os 
dispositivos da Lei nº 12.462/2011 somenteserão revogadas depois de 2 (dois) anos da 
publicação da Lei nº 14.133/2021”. 
Sobre o período de convivência destas leis, Niebuhr et al. (2021, p. 8) expõe que 
 
1Art. 37 (...) XXI – ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações 
serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os 
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da 
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica 
indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. (BRASIL, 1988) 
12 
 
 
Durante os dois anos que seguem a publicação da Lei nº 14.133/2021, a 
Administração dispõe de três opções: (i) aplicar o regime novo, (ii) aplicar o regime 
antigo ou (iii) alternar os regimes, ora promovendo licitações sob o regime antigo e 
ora promovendo licitações sob o regime novo. (NIEBUHR et al., 2021, p.8) 
 
É possível observar que, durante o período de transição, cabe ao gestor optar por qual 
Lei utilizará no referido processo, devendo indicar a sua escolha no edital ou ato de 
contratação direta. 
Justen Filho (2021, p. 1770) explicita que “a contratação será regida pela legislação a 
que se vincular. A escolha da Administração não autoriza que a autoridade opte 
posteriormente por alterar a disciplina jurídica”. Isso significa dizer que se o gestor iniciar um 
contrato utilizando a Lei nº 8.666/1993, os termos aditivos a este contrato também seguirão 
esta Lei, mesmo após a sua revogação. 
 
2.2 MODALIDADES E TIPOS DE LICITAÇÃO 
 
A Lei nº 8.666/93, através de seu art. 22, define que as licitações podem seguir cinco 
modalidades distintas, quais sejam: Concorrência, Tomada de Preços, Convite, Leilão e 
Concurso. A partir de 2002, uma nova modalidade passou a compor os processos licitatórios, 
o Pregão, instituído pela Lei nº 10.520/2002. Essas modalidades são escolhidas em função de 
dois critérios: o critério qualitativo, quando a modalidade é definida de acordo com as 
características do objeto, sem levar em consideração o valor estimado para a contratação; e o 
critério quantitativo, quando a modalidade é estabelecida em função do valor, desde que não 
haja dispositivo obrigando a aplicação do critério qualitativo. 
A Nova Lei de Licitações não prevê expressamente as modalidades Tomada de Preços 
e Convite, sendo apresentado um novo modelo, chamado de Diálogo Competitivo. Sendo 
assim, em seu art. 28, a Lei nº 14.133/2021 institui que as modalidades de licitação são 
definidas em Pregão, Concorrência, Concurso, Leilão e Diálogo Competitivo. 
Justen Filho (2021, p. 440) define diálogo competitivo como “procedimento licitatório 
orientado à contratação de objeto dotado de elevada complexidade, cujas especificações, 
modo de execução e outros atributos exijam definição por meio de colaboração entre a 
Administração e os particulares especializados”. 
Paula (2022) complementa que, 
 
Por meio dele, uma entidade pública tem a possibilidade de dialogar com licitantes, 
e tal interação comunicativa é recomendada em situações nas quais a complexidade 
13 
 
técnica do objeto a ser licitado é tamanha, que a Administração Pública tem 
limitações em especificar o objeto a ser licitado. (PAULA, 2022) 
 
Pode-se, então, observar que esta nova modalidade será utilizada para a aquisição de 
bens e/ou contratações de serviços não enquadrados em “serviços comuns”, tendo em vista 
que, as contratações destes serviços comuns é objetivo da modalidade pregão. 
Além das modalidades licitatórias, existem os tipos de licitação aplicáveis a todas as 
modalidades, com exceção do concurso, já que há a estipulação prévia do prêmio ou 
remuneração e a participação do interessado no certame subentende a aceitação do prêmio 
oferecido. Os tipos de licitação, estabelecidos pelo art. 45, da Lei nº 8.666/93 como critérios 
de julgamento das propostas, são: Menor Preço, Técnica e Preço, Melhor Técnica e Maior 
Lance ou Oferta. O § 5º deste mesmo artigo veda a utilização de outros tipos de licitação que 
não seja m os quatro tipos mencionados. 
Com a Nova Lei de Licitações, os critérios de julgamento passam a ser: Menor Preço, 
Maior Desconto, Melhor Técnica ou Conteúdo Artístico, Técnica e Preço, Maior Lance e 
Maior Retorno Econômico, sendo estes previstos no art. 33, da Lei nº 14.133/2021. 
 
2.3 MÉTODOS DE CONTRATAÇÃO DIRETA 
 
 A Lei das Licitações institui a utilização de métodos de contratação direta para as 
situações nas quais “o procedimento licitatório conduziria ao sacrifício dos fins buscados pelo 
Estado e não asseguraria a contratação mais vantajosa” (JUSTEN FILHO, 2021, p. 938). Os 
métodos de contratação direta são: Dispensa de Licitação e Inexigibilidade de Licitação. 
 De acordo com Torres (2021, p. 347), quando a Lei permite a utilização desses 
métodos, significa que “nem sempre a realização do certame levará a melhor contratação pela 
Administração ou que, pelo menos, a sujeição do negócio ao procedimento formal e 
burocrático previsto pelo estatuto não serve ao eficaz atendimento do interesse público 
naquela hipótese específica”. 
 Desta forma, têm-se que os métodos de contratações diretas são utilizados em 
situações de caráter emergencial, nas quais a demora de um procedimento licitatório comum 
pode comprometer a continuidade do serviço público e violar princípios da Administração 
Pública, como o Princípio da Eficiência. 
A Lei nº 8.666/1993 aponta, em seu art. 25, que a Inexigibilidade de Licitação pode 
ser utilizada em três hipóteses, em especial, sendo elas: quando o fornecedor é exclusivo (art. 
25, I); para a contratação de serviços técnicos especializados (art. 25, II); e, para a contratação 
14 
 
de serviços artísticos (art. 25, III). Caso o procedimento a ser realizado não se enquadre em 
nenhum dos três incisos citados, é possível enquadrá-lo no caput do art. 25, da Lei nº 
8.666/93. 
Para Scalcon (2021), “a Inexigibilidade de Licitação é a forma de contratação direta na 
qual não é possível a competição, porque só existe um objeto ou uma pessoa que atenda às 
necessidades da Administração”. 
Dessa forma, tem-se que este método de contratação direta é utilizado em situações 
onde a competição é totalmente inviável, isto é, que não há nenhum outro fornecedor que 
possa ofertar o objeto desejado pela Administração Pública. 
 Na Lei nº 14.133/2021, a Inexigibilidade de Licitação está prevista no art. 74 e 
acrescenta que, além das possibilidades já existentes, a Administração Pública também poderá 
se utilizar deste método quando desejar adquirir objetos e/ou serviços que podem ser 
contratados através de credenciamento ou quando desejar locar imóveis, cujas 
particularidades referentes às instalações e localização tornem necessária à sua escolha. 
A Lei nº 8.666/93 prevê, em seu art. 24, as situações em que a licitação é dispensável, 
em que é apresentado um rol taxativo de 35 possibilidades, permitindo ao gestor firmar 
contrato com terceiros, sem a realização de um procedimento licitatório, priorizando sempre o 
interesse público. 
Fernandes (2016, p. 239) menciona que, 
 
Para que a situação possa implicar dispensa de licitação, deve o fato concreto 
enquadrar-se no dispositivo legal, preenchendo todos os requisitos. Não é permitido 
qualquer exercício de criatividade ao administrador, encontrando-se as hipóteses de 
licitação dispensável previstas expressamente na lei, numerus clausus, no jargão 
jurídico, querendo significar que são aquelas hipóteses que o legislador 
expressamente indicou que comportam dispensa de licitação. (FERNANDES 2016, 
p. 239) 
 
Essa menção é bem clara no sentido de que o gestor não poderá optar pela Dispensa de 
Licitação em situações que não estejam contempladas entre as 35 possibilidades do art. 24. 
Quandoa Administração Pública deseja realizar uma contratação direta por Dispensa 
de Licitação, o primeiro ponto a ser observado é o valor, tendo em vista que muitas vezes o 
administrador deseja adquirir bens e/ou contratar pequenos serviços de engenharia como, por 
exemplo, a elaboração de projetos de engenharia para a construção de uma obra, de uma 
maneira menos burocrática e prevendo um valor menor em relação a todas as formalidades e 
custos necessários para a realização de um procedimento licitatório. 
15 
 
A Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998, alterou os limites para Dispensas de Licitação 
dos incisos I e II do art. 24, da Lei nº 8.666/93, passando a ser de até R$ 15.000,00 para obras 
e serviços de engenharia e até R$ 8.000,00 para compras e outros serviços (BRASIL, 1998). 
Estes valores permaneceram congelados até o ano de 2018, no qual foram alterados 
pelo Decreto nº 9.412, de 18 de junho de 2018, conforme foi evidenciado por Oliveira (2019, 
p.66), 
 
O Limite para dispensa de licitação é de 10% dos valores previstos no art. 23, I, “a”, 
da mesma Lei, atualizados pelo Decreto 9.412/2018, que tratam dos valores relativos 
à modalidade convite. Em consequência, a partir dos limites vigentes, a dispensa 
será possível nos seguintes casos: a) obras e serviços de engenharia: valor estimado 
do contrato de até R$ 33.000,00; e b) outros serviços e compras: valor estimado do 
contrato de até R$ 17.600,00. (OLIVEIRA, 2019, p.66) 
 
Isso significa dizer que a dispensa de licitação em razão do pequeno valor busca a 
relação custo-benefício da contratação, levando em consideração os princípios da 
economicidade e da eficiência, para evitar que os custos encontrados na realização de um 
certame licitatório ultrapassem os benefícios que serão alcançados com a futura contratação. 
Com a Nova de Lei de Licitações e Contratos Administrativos, instituída no ano de 
2021, as Dispensas de Licitação estão fundamentadas no art. 75, no qual as contratações 
referentes a obras e serviços de engenharia ou de serviços de manutenção de veículos 
automotores podem ser dispensáveis desde que envolvam valores inferiores a R$ 108.040,82 
e no caso de compras e serviços comuns devem ser inferiores a 54.020,41 (BRASIL, 2021). 
Pode-se perceber que, inicialmente, a Lei nº 14.133/2021 trouxe valores inferiores a 
R$ 100.000,00 e R$ 50.000,00 para os incisos I e II, respectivamente, mas o Decreto nº 
10.922, de 30 de dezembro de 2021, atualizou esses valores para R$ 108.040,82 e 54.020,41. 
Sobre a atualização destes valores, Justen Filho (2021, p. 1757) menciona que “é 
determinado pelo art. 182 da Lei nº 14.133/2021, que todos os valores previstos serão 
atualizados anualmente, no dia 1º de janeiro, tomando em vista a variação do Índice Nacional 
de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E)”. 
Outra alteração importante trazida pela Lei nº 14.133/2021 é que as dispensas 
emergenciais fundamentadas no art. 75, inciso VIII, poderão ter prazo máximo de um ano. 
Na Lei nº 8.666/93, art. 24, inciso IV, as dispensas de caráter emergencial possuem prazo de, 
no máximo, 180 dias. (NIEBUHR et al., 2021, p. 66) 
Atualmente, para a formalização das Dispensas de Licitação, a Administração Pública 
solicita pesquisas de preços a, no mínimo, três fornecedores, devendo ser apresentada 
justificativa quando não for possível obter este quantitativo mínimo. 
16 
 
Em relação a isso, Amorim (2017, p. 180) expõe que “no caso de dispensa, deve ser 
realizada preferencialmente, apresentação de, no mínimo, três cotações válidas de empresas 
do ramo, ou justificativa circunstanciada se não for possível obter essa quantidade mínima 
(art. 26, parágrafo único, inciso III, da LGL)”. 
Após a junção das pesquisas, é considerado vencedor aquele que ofertar o menor 
valor, desde que possua todos os critérios necessários à sua habilitação. 
Para a formalização de Dispensas de Licitação na Lei nº 14.133/2021, a 
Administração Pública deverá realizar uma estimativa de preço, de acordo com o seu art. 23, 
que regulamenta como devem ser feitas as pesquisas para compor os processos licitatórios, 
bem como os métodos de contratação direta, dando preferência aos preços públicos, como 
“pesquisas feitas no Portal Nacional de Contratações Públicas, contratações similares feitas 
por outros órgãos públicos (...)” (BRASIL, 2021). Caso a Administração Pública opte por 
requerer a pesquisa direta a fornecedores, deverá justificar o motivo de escolha destes 
fornecedores e realizar a solicitação formal desta pesquisa. 
Esse orçamento estimativo servirá apenas como valor de referência para que sejam 
ofertados os lances no dia marcado para acontecer à sessão pública de Dispensa de Licitação, 
que definirá quem será o vencedor deste processo de contratação direta. 
Em relação a este ponto, Meira (2021) expõe que 
 
Para as contratações em razão de valor, preferencialmente, deverá haver divulgação 
do aviso da dispensa de licitação em sítio eletrônico oficial, pelo prazo mínimo de 3 
(três) dias úteis, com a especificação do objeto pretendido e com a manifestação de 
interesse da Administração em obter propostas adicionais de eventuais 
interessados, devendo ser selecionada a proposta mais vantajosa. (MEIRA, 2021) 
 
Pode-se observar que, com a Lei nº 14.133/2021, deverá ser publicado um aviso em 
sítio oficial eletrônico, contendo a data e o horário da sessão pública de Dispensa de 
Licitação, podendo esta acontecer de forma presencial ou eletrônica. Caso não apareça 
nenhum interessado, a Administração Pública poderá escolher o fornecedor que tenha 
ofertado o menor valor durante a fase de cotação de preços. 
Quanto ao procedimento exigido para a regularidade da dispensa de licitação, assim 
como para o outro método de contratação direta, a Lei nº 8.666/93 versa que este deve estar 
de acordo com os elementos presentes em seu art. 26, parágrafo único, da Lei nº 8.666/93, 
sendo eles: “caracterizar a situação emergencial (inciso I), evidenciar o motivo de escolha do 
fornecedor (inciso II), justificar o preço (inciso III) e apresentar a aprovação dos projetos de 
pesquisa aos quais os bens serão alocados (inciso IV)”. (BRASIL, 1993). 
17 
 
Após o atendimento dessas instruções e se houver manifestação favorável à 
contratação direta pelo órgão ou unidade responsável, o processo de despesa deve ser 
submetido, no prazo máximo de três dias, à autoridade superior competente para que esta, no 
prazo de até cinco dias a contar do recebimento do processo, emita a ratificação da dispensa. 
Ao emitir a ratificação, o processo deve seguir para publicação na imprensa oficial, como 
condição de eficiência e eficácia aos atos administrativos. 
Já a Lei nº 14.133/2021, expõe uma sequência de regras em seu art. 72, nãos quais 
devem ser seguidas na formalização de contratação direta, sendo elas: apresentar o documento 
de formalização de demanda (inciso I), estimar a despesa, de acordo com o art. 23 da mesma 
lei (inciso II), elaborar parecer jurídico e pareceres técnicos, se for o caso (inciso III), prever 
se há recursos orçamentários suficientes para assumir a despesa (inciso IV), manifestar os 
requisitos de habilitação e qualificação (inciso V), evidenciar o motivo de escolha do 
fornecedor (inciso VI), justificar o preço (inciso VII) e solicitar a autorização da autoridade 
competente (inciso IX). 
Quanto a essas regularidades trazidas pela Nova Lei, Meira (2021) menciona que 
“caso o gestor mais empolgado em se utilizar dos novos limites de dispensa de licitação, opte 
por adotar a Lei nº 14.133/2021, deverá saber que, agora, o planejamento está em todas as 
contratações, inclusive, nas dispensas de licitação”. Desta forma, a Administração Pública 
deverá planejar as suas contratações, buscando definir quais são as melhores ferramentas para 
atingir os seus objetivos, contratando a proposta mais vantajosa e de melhor qualidade. 
Caso a Administração Públicadecida realizar uma dispensa ou inexigibilidade de 
licitação sem a presença dos requisitos necessários ou sem as justificativas cabíveis, poderá 
responder por crime, conforme está definido no art. 89 da Lei nº 8.666/93, com “detenção, de 
três a cinco anos, e multa” (BRASIL, 1993). 
Enquanto isso, a Lei nº 14.133/2021 revoga o art. 89 da Lei nº 8.666/93 e menciona, 
em seu art. 178, que as contratações diretas formalizadas ilegalmente seguirão o que está 
disposto no art. 337-E do Código Penal, que enuncia “admitir, possibilitar ou dar causa à 
contratação direta fora das hipóteses previstas em lei: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) 
anos, e multa” (BRASIL, 2021). 
 Quanto a isso, Justen Filho (2021, p. 1730) explica que 
 
Admitir significa aceitar, conduta que se relaciona à competência de fiscalização ou 
supervisão; possibilitar indica a produção de formalidades, o fornecimento de 
documentos ou a realização de qualquer ato que resulte na contratação direta 
indevida; dar causa envolve a conduta de produzir, de modo imediato ou mediato, a 
contratação direta ou indireta. (JUSTEN FILHO, 2021, p. 1730) 
18 
 
Sendo assim, pela Lei nº 14.133/2021, todo aquele que agir de má-fé possibilitando a 
formalização do processo de forma ilegal, poderá responder por crime de contratação direta 
ilegal. 
 
3 METODOLOGIA 
 
 A pesquisa aplicada neste trabalho caracteriza-se como descritiva, com enfoque quali-
quantitativo, sendo executada através do método levantamento ou survey. 
Em relação aos objetivos, esta pesquisa é caracterizada como descritiva, por buscar 
descrever uma realidade existente, expondo os fatos que fazem parte dela. Segundo Gil (2008, 
p. 47), a pesquisa descritiva tem como objetivo “a descrição das características de 
determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”. 
Quanto à abordagem, é uma pesquisa tanto qualitativa quanto quantitativa, já que as 
informações foram coletadas a partir de um questionário de caráter subjetivo junto aos 
servidores do município e que a análise é feita através da utilização de percentuais, para uma 
melhor exposição dos dados. De acordo com Schneider, Fujii e Corazza (2017), “a pesquisa 
qualitativa pode ser apoiada pela pesquisa quantitativa e vice-versa, possibilitando uma 
análise estrutural do fenômeno com métodos quantitativos e uma análise processual mediante 
métodos qualitativos”. 
No que se refere ao procedimento, foi utilizada a pesquisa de levantamento ou survey, 
que pode ser definida como um método de investigação que conta com a “interrogação direta 
das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL, 2008, p.55). 
A população da pesquisa é representada pelos profissionais responsáveis pelas 
Dispensas de Licitação nos municípios do Seridó Potiguar, localizado no estado do Rio 
Grande do Norte, em que compreende 24 municípios, sendo eles: Acari, Bodó, Caicó, 
Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Currais Novos, Equador, Florânia, Ipueira, Jardim 
de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santana do 
Seridó, São Fernando, São João do Sabugi, São José do Seridó, São Vicente, Serra Negra do 
Norte, Tenente Laurentino Cruz e Timbaúba dos Batistas. 
A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário elaborado 
através da plataforma Google Forms, com dezesseis questões objetivas a respeito de como as 
mudanças trazidas pela Lei nº 14.133/2021 afetará os municípios citados anteriormente, de 
acordo com a percepção dos profissionais responsáveis por esta demanda. 
19 
 
A pesquisa foi encaminhada através do aplicativo WhatsApp para os profissionais 
responsáveis pelas Dispensas de Licitação dos 24 municípios do Seridó Potiguar, sendo que, 
obteve-se respostas de 22 municípios. Entretanto, alguns municípios possuem mais de um 
profissional com a função de formalizar Dispensas de Licitação, sendo possível obter um total 
de 25 respostas. A coleta dos dados compreendeu o período do dia 15 de novembro de 2022 
ao dia 22 de novembro de 2022. Para a tabulação dos resultados, foi utilizado o software 
Excel para gerar as planilhas com os dados coletados. 
 
 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS 
 
 Inicialmente, realizou-se a análise descritiva dos respondentes. Buscou-se identificar o 
perfil dos respondentes, em relação à idade e ao gênero, conforme especificado na Tabela 1. 
 
Tabela 1 – Perfil dos respondentes 
Idade 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Gênero 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Menos de 20 anos 0 0% Feminino 15 60% 
Entre 20 e 30 anos 8 32% Masculino 10 40% 
Entre 30 e 40 anos 14 56% 
Mais de 40 anos 3 12% 
Total 25 100% Total 25 100% 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
De acordo com os dados coletados, verificou-se que 15 profissionais pertencem ao 
gênero feminino, que correspondem a 60% dos entrevistados, e, 10 pertencem ao masculino, 
que representam 40% dos entrevistados. Quanto à idade, observa-se que a maioria se 
enquadra na faixa etária entre 30 e 40 anos, correspondendo a 56% dos respondentes, seguida 
da faixa etária entre 20 e 30 anos, que somam 32% dos entrevistados e, por fim, os 
profissionais com mais de 40 anos, correspondem a um percentual de 12%. Nenhum dos 
respondentes possui menos de 20 anos. Pode-se observar que, a idade e/ou gênero não 
influenciam no trabalho a ser realizado no Setor de Licitações, desde que a pessoa seja 
capacitada para desenvolver suas funções. 
A Tabela 2 evidencia o nível de escolaridade e a área de formação acadêmica, caso os 
entrevistados possuam graduação completa ou incompleta. 
 
Tabela 2 – Nível de escolaridade e área de formação acadêmica 
20 
 
Nível de 
Escolaridade 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Área de 
formação 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Médio 1 4% Administração 6 25% 
Técnico 
Graduação 
Incompleta 
0 
2 
0% 
8% 
Ciências 
Contábeis 
Outro 
7 
11 
29% 
46% 
Graduação 
Completa 
17 68% 
Pós-graduação 5 20% 
Total 25 100% Total 24 100% 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
Com base na Tabela 2, observou-se que, 68% dos entrevistados possuem graduação 
completa, deste total observa-se que 20% dos profissionais possuem pós-graduação; 8% dos 
entrevistados ainda não concluíram o nível superior e 4% possuem escolaridade nível médio. 
Entre as áreas de formação acadêmica, a maioria dos respondentes possuem graduação nas 
áreas de Administração e Ciências Contábeis, totalizando 54%. Os 46% restantes se dividem 
entre as áreas de Direito, Economia/Ciências Econômicas, Pedagogia, Ciências Sociais, 
Licenciatura em Química e Turismo. Os resultados evidenciam que a maioria dos 
profissionais envolvidos possuem formação técnica em áreas fins e correlatas ao tema, o que 
sugere possuírem conhecimentos importantes e específicos para atuação. 
 O Gráfico 1 apresenta o cargo exercido pelo respondente no setor de licitações do 
respectivo município. 
 
Gráfico 1 – Cargo exercido no setor de licitações 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
Conforme explicitado no Gráfico 1, 84% dos entrevistados ocupam os cargos de chefe 
do setor de licitações, pregoeiro, Presidente da Comissão Permanente de Licitação – CPL e 
membro da equipe de apoio. Os outros 16% dos respondentes são correspondentes aos cargos 
21 
 
de agente de contratações, gerente de contratos, secretário de administração e assessoria. 
Observa-se que dos 84% citados inicialmente, 48% dos entrevistados, além de formalizar os 
processos de Dispensas de licitação, ocupam os cargos de pregoeiro e presidente da CPL, que 
são os servidores responsáveis por realizar a sessão de licitação pública e 20% são membros 
da equipe de apoio da CPL, sendo estes os profissionais que auxiliam os pregoeiros e/ou 
presidentes nas sessões licitatórias. Analisando as respostas, conclui-se que, nenhum dos 
municípiospossui um cargo específico para o profissional que formaliza as Dispensas de 
Licitação, podendo estas serem celebradas por qualquer profissional do setor de licitações que 
possua o conhecimento suficiente para realizar todos os trâmites necessários. 
O Gráfico 2 apresenta o tempo de atuação do respondente no setor de licitações do 
respectivo município. 
 
Gráfico 2 – Tempo de atuação no setor de licitações 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
 
Com relação ao tempo de atuação, 48% dos respondentes atuam no setor há mais de 4 
anos; 20% atuam entre 1 e 2 anos; 16% estão há pouco tempo no referido setor, sendo este 
igual ou inferior a 1 ano; 12% dos respondentes atuam entre 2 e 3 anos e o percentual de 
quem atua entre 3 e 4 anos corresponde a 4% dos entrevistados. Infere-se que, os setores de 
licitação dos municípios pesquisados, possuem profissionais com experiência para a 
realização dos processos, pois quanto maior o tempo de atuação no setor, maior o grau de 
experiência que o profissional possui, o que pode facilitar ainda mais os trabalhos a serem 
executados. 
 O Gráfico 3 mostra a participação dos respondentes em capacitações sobre a Lei nº 
14.133/2021. 
 
22 
 
Gráfico 3 – Participação nas capacitações sobre a Lei nº 14.133/2021 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
Conforme apresentado no Gráfico 3, 64% dos entrevistados participaram de 
capacitações sobre a Nova Lei de Licitações – Lei nº 14.133/2021 duas vezes ou mais, 28% 
participaram apenas uma vez e 8% não participaram. É possível observar que 92% dos 
respondentes participaram de capacitações pelo menos uma vez. Infere-se que a gestão está 
incentivando ou os profissionais estão buscando se capacitar. 
O Gráfico 4 refere-se ao interesse do gestor municipal em promover ações para a 
equipe visando a implantação da Lei nº 14.133/2021, ao levar em consideração que é de 
fundamental importância que a administração proporcione capacitações aos responsáveis pela 
formalização de processos licitatórios e de contratação direta. 
 
Gráfico 4 – Ações promovidas pela gestão municipal 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
Quanto ao interesse da gestão municipal em capacitar a equipe, 56% possibilitou a 
participação dos profissionais em eventos externos voltados para este assunto; 24% contratou 
profissionais/empresas para atuar no município; 20% dos respondentes afirmaram que não 
houve iniciativa pela gestão municipal. De acordo com esses dados, pode-se considerar que 
23 
 
apenas dois entrevistados não participaram de nenhuma capacitação, nem puderam contar 
com a iniciativa da gestão municipal, já que dos 20% que afirmaram não haver iniciativa, 
apenas 8% não participaram de nenhuma capacitação. 
Os dados coletados sobre o conhecimento adquirido nas capacitações já ser suficiente 
para realizar, com segurança, os processos de Dispensa de Licitação com fundamento na Lei 
nº 14.133/2021 estão explicitados no Gráfico 5. 
 
Gráfico 5 – Conhecimento suficiente para realização das Dispensas de Licitação com fundamento na Lei nº 
14.133/2021
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
Segundo os dados apresentados no Gráfico 5, têm-se que 68% dos respondentes 
concorda parcialmente, 16% discorda parcialmente, 12% discorda totalmente e 4% nem 
concorda e nem discorda. Isso significa que todos os entrevistados não se sentem totalmente 
preparados para realizar processos de Dispensa de Licitação com o conhecimento adquirido 
até o momento nos treinamentos e capacitações. Infere-se que há, ainda, a necessidade de 
participação em mais capacitações sobre o conteúdo da Lei nº 14.133/2021, com o intuito de 
aperfeiçoar o aprendizado e garantir maior segurança na formalização dos processos. 
 A Tabela 3 refere-se à quantidade de habitantes de cada município e a quantidade 
média de processos de Dispensas de Licitação nos anos de 2020 e 2021, antes da utilização da 
Lei nº 14.133/2021. 
 
Tabela 3 – Quantidade de habitantes e média de Dispensas de Licitação em 2020 e 2021 
Número de habitantes 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Média de 
Dispensas 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Até 10.000 hab. 14 56% 
Menos de 
50 
7 28% 
De 10.001 a 20.000 
hab. 
8 32% 
Entre 50 e 
60 
5 20% 
De 20.001 e 30.000 1 4% Entre 60 e 2 8% 
24 
 
hab. 70 
De 30.001 e 40.000 
hab. 
0 0% Mais de 70 11 44% 
Mais de 40.000 hab. 2 8% 
Total 25 100% Total 25 100% 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
De acordo com os dados da Tabela 3, 88% dos respondentes residem em municípios 
de pequeno porte, sendo 56% em municípios de até dez mil habitantes e 32% em municípios 
entre dez mil e vinte mil habitantes. Dos respondentes que residem em municípios de médio 
porte, têm-se 8% em municípios de mais de quarenta mil habitantes e 4% em municípios de 
vinte mil e trinta mil habitantes. Quanto à média de processos de Dispensas de Licitação 
realizados nos anos de 2020 e 2021, observa-se que 44% dos municípios realizaram uma 
média de mais de 70 processos de Dispensas de Licitação; seguidos de 28% dos municípios 
que realizaram entre 60 e 70; 20% realizaram menos de 50 e apenas 8% realizaram entre 60 e 
70 processos. Analisando as respostas apresentadas pelos entrevistados, através do software 
Excel que gerou as planilhas com os dados coletados, foi constatado que todos os municípios 
de pequeno porte realizaram, em média, mais de 50 processos de Dispensa de Licitação nos 
anos de 2020 e 2021. 
 A Tabela 4 apresenta os dados referentes a se os municípios dos respondentes já estão 
utilizando a Lei nº 14.133/2021 e se já houve regulamentação municipal. 
 
Tabela 4 – Utilização da Lei nº 14.133/2021 e regulamentação municipal 
Utilização da Lei nº 
14.133/2021 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Regulamentação 
municipal 
Frequência 
Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Sim, em todos os 
processos de licitação 
Sim, apenas em 
processos de dispensa 
de licitação 
Não 
1 
 
13 
 
11 
4% 
 
52% 
 
44% 
Sim 
Não 
10 
5 
67% 
33% 
Total 25 100% Total 15 100% 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
Os resultados evidenciam que 52% dos respondentes afirmaram estar utilizando a Lei 
nº 14.133/2021 apenas em processos de Dispensa de Licitação; 44% afirmaram que ainda não 
estão utilizando e 4% que estão utilizando em todos os processos de licitação. Destes 
municípios que estão utilizando a Lei nº 14.133/2021, em 67% já houve a regulamentação 
municipal e em 33% ainda não houve a regulamentação. Isso significa que 33% dos 
municípios estão aplicando os regulamentos da União para a execução de processos 
25 
 
fundamentados na Lei nº 14.133/2021. Quanto a isso, Torres (2021, p.848) menciona que 
quando o Chefe do Executivo “abdica o exercício do Poder Regulamentador, perde a 
oportunidade de regulamentar a legislação licitatória de forma adequada à realidade 
vivenciada pelo ente público”. Sendo assim, a regulamentação municipal é importante, pois 
cada município possui uma realidade diferente da que é vivenciada pela União. 
 O Gráfico 6 apresenta a quantidade de processos de Dispensa de Licitação 
formalizados com fundamento na Lei nº 14.133/2021 no ano de 2022, independente de haver 
ou não a regulamentação municipal. 
 
Gráfico 6 – Dispensas de Licitação com fundamento na Lei nº 14.133/2021 formalizadas em 2022 
 
Fonte: Dados da pesquisa (2022) 
 
Os dados do Gráfico 6 apresentam que 52% dos municípios ainda não realizaram 
nenhum processo de Dispensa de Licitação com fundamento na Lei nº 14.133/2021; 36% 
realizaram menos de 50 processos de Dispensa de Licitação com base no novo ordenamento 
jurídico; 8% já formalizaram mais de 70 processos e 4% formalizaram entre 50 e 60 processos 
de Dispensa de Licitação. Ao analisar as respostas, individualmente, foi possível constatar que 
os 12% dos entrevistados que formalizaram mais de 50 processos de Dispensa de Licitaçãocom base na Lei nº 14.133/2021, pertencem a localidades onde não houve, ainda, a 
regulamentação municipal. 
 Foi questionado aos profissionais, se na percepção deles o município e os servidores 
públicos estão preparados para as mudanças na formalização de procedimentos licitatórios 
que a Lei nº 14.133/2021 exigirá e os dados coletados encontram-se explicitados no Gráfico 
7. 
 
Gráfico 7 – Municípios e servidores públicos preparados para as mudanças trazidas pela Lei nº 14.133/2021 
26 
 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
De acordo com os dados apresentados no Gráfico 7, observa-se que 64% dos 
respondentes discordam parcialmente ou totalmente que o município e os servidores públicos 
estejam preparados para as mudanças trazidas pela Lei nº 14.133/2021, 20% concorda 
parcialmente e 16% nem concorda e nem discorda. Dessa forma, destaca-se que apenas 20% 
acreditam, em partes, que os servidores estão preparados para as mudanças na formalização 
de procedimentos licitatórios exigidas pela Lei nº 14.133/2021. Conclui-se que, é necessário 
que os gestores municipais intensifiquem a participação dos servidores em capacitações 
teóricas e práticas sobre estas mudanças, tendo em vista que a partir de 1º de abril de 2023, os 
processos somente poderão ser formalizados com fundamento na Lei nº 14.133/2021. 
O Gráfico 8 traz a percepção dos profissionais quanto uma maior apreensão dos 
gestores em formalizar processos de Dispensas de Licitação, em virtude dos novos crimes de 
contratação direta ilegal estarem previstos no Código Penal. 
 
Gráfico 8 – Apreensão dos gestores em formalizar Dispensas de Licitação na Lei nº 14.133/2021 
 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
27 
 
O Gráfico 8 mostra que 36% dos profissionais respondentes concordam totalmente 
que os gestores ficarão mais apreensivos em formalizar processos de Dispensa de Licitação 
em virtude dos novos crimes de contratação direta ilegal; 28% concorda parcialmente; 20% 
nem concorda e nem discorda; 12% discorda parcialmente e 4% dos respondentes discordam 
totalmente. Dessa forma, observa-se que 16% dos respondentes acreditam que os novos 
crimes de contratação direta ilegal, previstos no Código Penal, não influenciarão nas decisões 
dos gestores. Contudo, deve-se lembrar que os gestores não serão os únicos a serem 
responsabilizados, mas “cometerá o crime aquele que admitir a dispensa ou inexigência; 
aquele que possibilitá-las e aquele que lhes der causa”. (SCALCON, 2021) 
A Tabela 5 refere-se a quais fatores apresentados na percepção dos respondentes 
impactarão os municípios com a implantação da Lei nº 14.133/2021. Nessa questão, os 
respondentes poderiam escolher mais de uma opção e também poderiam apresentar outro 
fator que não estivesse presente dentre as alternativas. Os 25 entrevistados marcaram uma ou 
mais alternativas, totalizando uma quantidade de 59 respostas. 
 
Tabela 5 – Fatores que impactará os municípios com a implantação da Lei nº 14.133/2021 
Fatores Frequência Absoluta 
Frequência 
Relativa 
Baixo acesso de fornecedores por falta de 
conhecimentos tecnológicos 
11 19% 
Maior flexibilidade na análise da documentação da 
empresa com a melhor oferta 
4 7% 
Modernização dos processos licitatórios 19 32% 
Maior transparência aos processos de contratação 15 25% 
Incorporação das leis/regras licitatórias em um só 
documento 
9 15% 
Outro 1 2% 
Total 59 100% 
Fonte: Elaborado pela Autora (2022). 
 
A partir dos dados obtidos na Tabela 5, é possível observar que 32% dos respondentes 
afirmaram que a modernização dos processos licitatórios é o fator de maior impacto para os 
municípios, dentre as outras alternativas; 25% afirmaram que é a maior transparência aos 
processos de contratação; 19% acreditam que o fator mais impactante é o baixo acesso de 
fornecedores por falta de conhecimentos tecnológicos; 15% menciona que é a incorporação 
das leis/regras licitatórias em um só documento; 7% diz que é a maior flexibilidade na análise 
da documentação da empresa com a melhor oferta e os 2% mencionou que com a Lei nº 
14.133/2021, as pesquisas mercadológicas não serão feitas apenas para cumprir tabela. 
28 
 
Jerônimo (2021) considera que as duas primeiras alternativas citadas podem refletir 
como perdas e as três últimas como ganhos. O autor diz que a modernização dos processos 
licitatórios pode trazer maior transparência aos processos de contratação em virtude da 
utilização de procedimentos na forma eletrônica, ao mesmo tempo em que pode ter como 
ponto negativo o baixo acesso de fornecedores devido à falta de conhecimento tecnológico. Já 
Niebuhr et al. (2021, p. 78) acredita que a utilização dos meios eletrônicos pode alcançar “um 
número expressivo de fornecedores, de maneira rápida e eficaz”. 
A maior flexibilidade na análise da documentação da empresa com a oferta mais 
vantajosa à Administração Pública, devido à inversão de fases do processo licitatório, pode 
ser considerada uma desvantagem por ser contrária ao que prezam os princípios da 
Administração Pública (JERÔNIMO, 2021). 
Desta forma, em concordância com os dados e alternativas apresentados, é possível 
observar que a Lei nº 14.133/2021 trará aos municípios mais impactos positivos do que 
negativos. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Ao analisarmos a percepção dos profissionais responsáveis pelos processos de 
Dispensas de Licitação nos municípios do Seridó, quanto às mudanças e adoção trazidas pela 
Nova Lei de Licitações – Lei nº 14.133/2021 pode considerar que, em relação aos municípios 
e os seus respectivos servidores públicos, estes demonstram não estarem totalmente 
preparados para as mudanças na formalização dos procedimentos licitatórios que serão 
exigidos pela Lei nº 14.133/2021. Foi constatado ainda que, a maioria dos profissionais 
entrevistados acreditam que os municípios ainda não se encontram integralmente habilitados 
para lidar com essas mudanças. Quanto à apreensão dos gestores em formalizar processos de 
Dispensa de Licitação, diante dos novos crimes de contratação direta ilegal, observou-se que 
apenas 16% da população da pesquisa afirma que essa mudança não influenciará nas decisões 
dos gestores. 
Diante do que foi analisado, observa-se que boa parte dos municípios vêm buscando 
capacitar sua equipe através de cursos e congressos, bem como promover ações com o intuito 
de aperfeiçoar os conhecimentos necessários para lidar com as mudanças trazidas pela 
implantação da Lei nº 14.133/2021. Apesar disso, os profissionais entrevistados afirmaram 
que o conhecimento adquirido com as capacitações ainda não é suficiente para formalizar os 
processos de Dispensas de Licitação com segurança. 
29 
 
Quanto aos fatores citados como impactos, positivos ou negativos, aos municípios 
com a implantação da Lei nº 14.133/2021, o principal deles foi a modernização dos processos 
licitatórios, seguido de maior transparência aos processos de contratação. O baixo acesso de 
fornecedores por falta de conhecimentos tecnológicos, a incorporação das leis/regras 
licitatórias em um só documento, a maior flexibilidade na análise da documentação da 
empresa com a melhor oferta e a utilização de pesquisas mercadológicas apenas para cumprir 
tabela, também, podem ser considerados como impactos de acordo com os dados obtidos. 
A presente pesquisa apresentou, ainda, dados que nos permitem observar que alguns 
municípios já começaram a utilizar a Lei nº 14.133/2021 para fundamentar processos 
licitatórios e de contratação direta sem a devida regulamentação necessária. 
Este estudo demonstra a extrema importância para a explanação das principais 
mudanças quanto à implantação da Lei nº 14.133/2021, bem como a análise da percepção dos 
profissionais que atuam nos municípios do Seridó Potiguar diante das mudanças trazidas pelo 
novo marco legal para os procedimentos licitatórios, pois os resultados apresentados poderão 
servir como fonte de pesquisapara novos trabalhos sobre o assunto em questão, assim como 
reflexões dos gestores e avaliação de órgãos de controle. 
Por fim, sugerimos que seja realizada uma pesquisa qualitativa após a implantação da 
Lei nº 14.133/2021 em todos os municípios, para que se possa ter uma melhor constatação 
sobre as mudanças e dificuldades encontradas pelos gestores e suas respectivas equipes para 
formalizar os procedimentos licitatórios. Uma pesquisa com esta mesma temática, também, 
poderá ser realizada em outras localidades com a finalidade de confrontar as informações e 
obter possíveis melhorias. 
 
30 
 
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018%20DE%20JUNHO%20DE%202018&text=Atualiza%20os%20valores%20das%20moda
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%2030%20DE%20DEZEMBRO%20DE%202021&text=Disp%C3%B5e%20sobre%20a%20
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9.074, de 7 de julho de 1995, no 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder 
Executivo a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de 
suas subsidiárias e dá outras providências. Disponível em: 
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31 
 
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fundacionais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; altera as Leis nºs 
13.105, de 16 de março de 2015 (Código de Processo Civil), 8.987, de 13 de fevereiro de 
1995, e 11.079, de 30 de dezembro de 2004, e o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 
1940 (Código Penal); e revoga dispositivos da Lei nº 12.462, de 4 de agosto de 2011, e as 
Leis nºs 8.666, de 21 de junho de 1993, e 10.520, de 17 de julho de 2002. Brasília, DF: 
Senado Federal, 2020. Disponível em: <https://legis.senado.leg.br/sdleg-
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eatualiz. 12. ed. Salvador: Ed. Juspodivm, 2021. 
 
 
33 
 
APÊNDICE – QUESTIONÁRIO 
 
1 Qual a idade? 
( ) Menos de 20 ( ) Entre 20 e 30 ( ) Entre 30 e 40 ( ) Mais de 40 
2 Qual o sexo? 
( ) Feminino ( ) Masculino 
3 Qual o seu grau de escolaridade? 
( ) Médio ( ) Técnico ( ) Graduação Incompleta ( ) Graduação Completa ( ) Pós-graduação 
4 Se possuir ensino superior, qual a área de formação acadêmica? 
( ) Administração ( ) Ciências Contábeis ( ) Outro 
*Se você marcou a opção "Outro", especificar sua área de formação acadêmica no espaço 
abaixo 
5 Quantos habitantes têm o município que você atua? 
( ) Até 10.000 ( ) De 10.001 a 20.000 ( ) De 20.001 a 30.000 ( ) De 30.001 a 40.000 ( ) 
Acima de 40.000 
6 Qual o seu cargo no setor de licitações? 
( ) Chefe do setor de licitações ( ) Pregoeiro ( ) Presidente da CPL ( ) Membro da equipe de 
apoio 
( ) Outro 
*Se você marcou a opção "Outro", especificar o seu cargo no espaço abaixo 
7 Há quanto tempo atua no setor de licitações? 
( ) Até de 1 ano ( ) Entre 1 e 2 anos ( ) Entre 2 e 3 anos ( ) Entre 3 e 4 anos ( ) Mais de 4 
anos 
8 Já participou de capacitações referentes a Lei nº 14.133/2021? 
( ) Sim, apenas uma vez ( ) Sim, duas ou mais vezes ( ) Não 
9 Levando em consideração a necessidade de a administração proporcionar capacitações 
aos responsáveis pela formalização de processos licitatórios e de contratação direta, o 
gestor municipal tem buscado promover ações para equipe visando a implantação da 
Lei nº 14.133/2021? 
( ) Sim, através da contratação de profissionais/empresas para atuar no município, 
capacitando a equipe ( ) Sim, através da participação em eventos externos voltados para este 
assunto ( ) Não houve iniciativa pela gestão municipal 
34 
 
10 Na sua percepção, o conhecimento adquirido nas capacitações já é suficiente para 
realizar, com segurança, os processos de Dispensa de Licitação com fundamento na Lei 
nº 14.133/2021? 
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Nem concordo nem discordo ( ) 
Discordo parcialmente ( ) Discordo totalmente 
11 Quantas dispensas de licitação, em média, foram realizadas nos anos de 2020 e 2021, 
antes da utilização da Lei nº 14.133/2021? 
( ) Menos de 50 ( ) Entre 50 e 60 ( ) Entre 60 e 70 ( ) Mais de 70 
12 O município em que você atua já está utilizando a Lei nº 14.133/2021? 
( ) Sim, em todos os processos de licitação ( ) Sim, apenas em processos de dispensa de 
licitação ( ) Não 
*Se sim, já houve a regulamentação municipal? 
( ) Sim ( ) Não 
13 Quantas dispensas de licitação já foram realizadas com fundamento na Lei nº 
14.133/2021 em 2022? 
( ) Nenhuma ( ) Menos de 50 ( ) Entre 50 e 60 ( ) Mais de 60 
14 Na sua percepção, o município e os servidores públicos estão preparados para as 
mudanças na formalização de procedimentos licitatórios que a Lei nº 14.133/2021 
exigirá? 
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Nem concordo nem discordo ( ) 
Discordo parcialmente ( ) Discordo totalmente 
15 Na sua percepção, os gestores ficarão mais apreensivos em formalizar dispensas de 
licitação, em virtude dos novos crimes de contratação direta ilegal estarem previstos no 
Código Penal? 
( ) Concordo totalmente ( ) Concordo parcialmente ( ) Nem concordo nem discordo ( ) 
Discordo parcialmente ( ) Discordo totalmente 
16 Na sua percepção, quais dos fatores abaixo impactará o município com a implantação 
da Lei nº 14.133/2021? Obs.: Pode marcar mais de uma alternativa 
( ) Baixo acesso de fornecedores por falta de conhecimentos tecnológicos ( ) Maior 
flexibilidade na análise da documentação da empresa com a melhor oferta ( ) Modernização 
dos processos licitatórios ( ) Maior transparência aos processos de contratação ( ) 
Incorporação das leis/regras licitatórias em um só documento ( ) Outro 
*Se você marcou a opção "Outro", colocar abaixo que outro(s) fator(es) poderá impactar o 
município com a implantação da Lei nº 14.133/2021. 
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