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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES CURSO DE ENGENHARIA DE TELECOMUNICAÇÕES PROJETO DE REDE FTTH PARA O LOTEAMENTO BOSQUE DAS COLINAS RENATO RIBEIRO URBANO NATAL - RN 2019 2 RENATO RIBEIRO URBANO PROJETO DE REDE FTTH PARA LOTEAMENTO BOSQUE DAS COLINAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Engenharia de Telecomunicações da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Orientador: Prof. Fred Sizenando Rossiter Pinheiro NATAL - RN 2019 3 Primeiramente, agradeço a Deus por mais esta realização em minha vida, como também à minha esposa, família, amigos e professores que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho. Dedico, com muito carinho ao meu pequeno filho Vinícius, que chegou, e me deu perseverança para vencer mais este desafio. 4 RESUMO Com o aumento na demanda por serviços de telecomunicações que requerem cada vez mais velocidade, largura de banda e confiabilidade, este trabalho descreve um projeto de atendimento fiber to the home (FTTH) para o Loteamento Bosque das Colinas, situado na área de expansão urbana de São José de Mipibu, cidade da região metropolitana de Natal. Utilizando uma rede óptica passiva (PON) como meio físico de comunicação, o serviço proposto será triple play, integrando dados, voz e vídeo. Para isso, a solução escolhida é a tecnologia GPON (Gigabit Passive Optical Network), amplamente utilizada pelos provedores de acesso. Como trata-se de um empreendimento composto de 1.882 lotes em uma área total de 70,6 hectares, teremos um cenário típico de atendimento GPON com até 64 usuários para cada porta PON e alcance máximo de 20 quilômetros. Foi realizado uma pesquisa bibliográfica sobre comunicações ópticas, redes passivas e tecnológicas de rede baseadas em fibra óptica, utilizadas para prover acesso ao usuário. E também, elaborado o projeto no qual serão abordados assuntos como: dimensionamento da rede, escolha de equipamentos, balanço de potência, entre outros aspectos técnicos para viabilidade do Projeto. Palavras-chaves: FTTH, Projeto de Redes ópticas. Fibra óptica, GPON. 5 ABSTRACT As the demand for telecommunication services grows, requiring more speed, bandwidth and reliability, this study describes a fiber to the home (FTTH) project for the Bosque das Colinas Allotment, located in the urban sprawl area of São José de Mipibu, city of the metropolitan region of Natal. Using a passive optical network (PON) as a physical means of communication, the proposed service will be triple play, integrating data, voice and video. For this, the solution chosen was GPON (Gigabit Passive Optical Network) technology, widely used by access providers. As this is an undertaking consisting of 1,882 lots in a total area of 70.6 hectares, we will have a typical GPON service scenario with up to 64 users for each PON port and a maximum range of 20 kilometers. A bibliographic research was performed on optical communications, passive networks, and technological networks based on optical fiber, used to provide access to the user. In addition, the project was elaborated in which subjects such as: network sizing, choice of equipment, power balance and others technical aspects for its viability. Keywords: FTTH, Optical Networks Project. Optical fiber, GPON. 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1- Diagrama de serviços GPON. ......................................................................... 17 Figura 2 - Chassi de OLT. .............................................................................................. 19 Figura 3 – ONT. ............................................................................................................. 20 Figura 4 - Splitter 1:8. .................................................................................................... 21 Figura 5 - Splitter FBT. .................................................................................................. 21 Figura 6 - Splitter PLC. .................................................................................................. 22 Figura 7 - Caixa de Emenda Óptica................................................................................ 23 Figura 8 – Caixa de Terminação Óptica. ........................................................................ 23 Figura 9 - Estrutura da Fibra Óptica. .............................................................................. 24 Figura 10 - Estrutura de cabos ópticos. .......................................................................... 25 Figura 11 - Janelas de transmissão ópticas. .................................................................... 25 Figura 12 - Topologia GPON - Convergência Local. .................................................... 27 Figura 13 - Topologia GPON - Splitter Distribuído. ...................................................... 27 Figura 14 – Multiplexação por Comprimento de Onda. ................................................. 28 Figura 15 - Multiplexação por Divisão de Tempo. ........................................................ 29 Figura 16 - Localização Loteamento Bosque das Colinas. ............................................ 33 Figura 17 - Planta Urbanística Bosque das Colinas. ...................................................... 34 Figura 18 - Modelo de distribuição de cabos ópticos. .................................................... 35 Figura 19 - Taxa de divisão de sinal. .............................................................................. 36 Figura 20 - Distribuição de CTO. ................................................................................... 38 Figura 21 - Distribuição de CEO. ................................................................................... 38 Figura 22 - Rotas de cabos ópticos. ................................................................................ 39 Figura 23 - Projeto FTTH. .............................................................................................. 41 Figura 24 - Acessos a banda larga no Brasil. ................................................................. 47 Figura 25 - Market Share - FTTH Brasil. ....................................................................... 48 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1- Comparativo BPON, GPON e EPON. ........................................................... 18 Tabela 2 - Potências segundo classes de laser da OLT. ................................................. 20 Tabela 3 - Níveis de potência da ONT. .......................................................................... 20 Tabela 4 - Perdas por inserção em Splitter PLC. ............................................................ 22 Tabela 5 - Características das janelas ópticas. ................................................................ 26 Tabela 6 -Atenuação dos componentes passivos. ........................................................... 43 Tabela 7 - Quantidade de materiais utilizados................................................................ 46 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ANATEL Agencia Nacional de Telecomunicações APON Asynchronous Transferer Mode Passive Optical NetworkART Anotação de Responsabilidade Técnica ATM Asynchronous Transferer Mode BER Bit Error Rate BPON Broadband PON CAD Computer Aided Design CEO Caixa de Emenda Óptica CO Central Office CTO Caixa de Terminação Óptica CWDM Coarse Wavelength Division Multiplexing DWDM Dense Wavelength Division Multiplexing EPON Ethernet-PON FBT Fused Biconial Taped FO Fibra Óptica FSAN Full Serviçe Access Network FTTH Fiber To The Home GPON Gigabit Passive Optical Network GTC GPON Transmission Convergence HC Home Connected HFC Hybrid Fiber Coax HP Home Passed MM Fibra Multimodo ODN Optical Distribution Network OLT Optical Line Termination ONT Optical Network Terminal PIB Produto Interno Bruto 9 PLC Planar Lightwave Circuit PON Passive Optical Network SCM Serviço de Comunicação Multimídia SeAC Serviço de Acesso Condicionado SM Fibra Monomodo STFC Serviço Telefônico Fixo Comutado TDM Time Division Multiplexing TDMA Time Division Multiple Access WDM Wavelength Division Multiplexing XDSL Digital Subscriber Line 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 12 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 12 1.2 OBJETIVO ........................................................................................................... 13 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................... 13 2 REDES ÓPTICAS PASSIVAS ................................................................................. 15 2.1 HISTÓRICO ......................................................................................................... 15 2.1.1 APON ............................................................................................................. 15 2.1.2 BPON ............................................................................................................. 16 2.1.3 EPON ............................................................................................................. 16 2.1.4 GPON ............................................................................................................. 16 2.2 ELEMENTOS DE REDE GPON ......................................................................... 18 2.2.1 OLT ................................................................................................................ 19 2.2.2 ONT ................................................................................................................ 20 2.2.3 Splitter ............................................................................................................ 21 2.2.5 Caixa de Emenda Óptica ................................................................................ 22 2.2.6 Caixa de Terminação Óptica .......................................................................... 23 2.2.4 Fibra Óptica .................................................................................................... 23 2.3 TOPOLOGIAS DE REDE GPON ........................................................................ 26 2.3.1 Centralizada .................................................................................................... 26 2.3.2 Convergência Local........................................................................................ 27 2.3.3 Distribuída ...................................................................................................... 27 2.4 MULTIPLEXAÇÃO DE SINAIS ........................................................................ 28 2.4.1 WDM .............................................................................................................. 28 2.4.2 TDM ............................................................................................................... 29 3 PLANEJAMENTO DE PROJETO ......................................................................... 30 3.1 REQUISITOS ....................................................................................................... 30 3.2 LICENÇAS E OUTORGAS ................................................................................. 31 3.3 COMPARTILHAMENTO DE INFRAESTRUTURA ........................................ 32 4 PROJETO BOSQUE DAS COLINAS .................................................................... 33 11 4.1.2 ESCOLHA DA ÁREA ...................................................................................... 33 4.2 DEFINIÇÃO DOS SERVIÇOS ............................................................................ 34 4.3 LEVANTAMENTO DE CAMPO ........................................................................ 35 4.4 TAXA DE PENETRAÇÃO .................................................................................. 36 4.3 PROJETO FÍSICO ................................................................................................ 37 4.4 MEMORIAL DE CÁLCULOS ............................................................................ 41 4.4.1 Orçamento de Potência Óptica ....................................................................... 41 4.4.2 Material Utilizado .......................................................................................... 45 5 FTTH NO BRASIL ................................................................................................... 47 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 49 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 50 12 1 INTRODUÇÃO 1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Os hábitos da sociedade atual diferem bastante de alguns anos atrás. O grande desenvolvimento tecnológico mudou nosso modo de viver e nos trouxe a necessidade de estarmos sempre conectados à internet para realizarmos diversos tipos de tarefas em nosso cotidiano. As pessoas estão cada vez mais consumindo serviços como: jogos online, vídeo sobre demanda, computação em nuvem entre outras aplicações que requerem confiabilidade e qualidade de serviço dos meios de comunicações. Isso traz como consequência maior demanda em termos de largura de banda, latência e estabilidade de conexão. Com isso, tecnologias de acesso que usam rede metálica como canal de comunicação estão se tornando obsoletas frente ao paradigma dos novos requisitos. Apesar de ainda serem maioria no fornecimento de banda larga fixa no Brasil, as conexões baseadas em xDSL (Digital Subscriber Line) e HFC (Hybrid Fiber Coax) sofrem com atenuação nos cabos em função da distância, além de alto custo de manutenção devido à degradação em decorrência dos intemperes do tempo. Nas redes de provimento via rádio, o grande gargalo é a atenuação imposta pelos muitos obstáculos que dificultam a visada direta entre os equipamentos, pouca largura de banda para distribuição aos usuários além de forte degradação do sinal quando chove. Em redes PON, não é necessário o uso de equipamentos ativos na rede de acesso, diminuindo os pontos de manutenção. Outro benefício é que a fibra óptica é um guia de onda dielétrico, imune a interferências eletromagnéticas e com mínima atenuação. Segundo (FIGUEIREDO e DE OLIVEIRA, 2013) Com base na análise de 120 países, concluiu-se que a relação entre o aumento da penetração da banda larga e a taxa de crescimento do produto interno bruto (PIB) per capita, para os países em desenvolvimento, é de: um ponto percentual (p.p.) na banda larga para 0,138 p.p. no PIB. Com base nos dados da ANATEL: 11,6 milhões de domicílios no Brasil poderiam pagar pelo acesso à banda larga fixa ou móvel, mas não tem o serviço disponível nas suaslocalidades (ANATEL, 2017). Analisando esses dados, fica claro que o acesso à internet banda larga é crucial para o desenvolvimento de um país e que o Brasil como nação emergente, tem muita margem para expansão desse mercado. 13 Uma maneira de atender esses clientes em potencial é por meio de pequenos provedores locais. Conforme (AQUINO, 2018) Das 30 milhões de casas com banda larga fixa, 4,5 milhões recebem a internet pela fibra óptica. Desse total, as prestadoras de pequeno porte levam o FTTH para 2,03 milhões, ou seja, já representam 47% do mercado brasileiro. De maneira geral, as grandes empresas concentram seus investimentos nas capitais e grandes metrópoles, dando margem para projetos menores, que quando feitos com qualidade e padronização se tornam viáveis econômica e tecnicamente. Visto que aconteceram todas essas mudanças no modo de consumo por serviços de telecomunicações e que as tecnologias baseadas em cabeamento metálico se tornaram um gargalo para suprir as necessidades do cliente, teremos as tecnologias baseadas em fibra óptica concorrendo como opção para atendimento à última milha. Neste trabalho, usaremos o GPON como solução FTTH. Essa tecnologia já vem sendo explorada comercialmente por empresas de grande, médio e pequeno porte. Em vista disso, sua implementação de forma não planejada pode subutilizar seus recursos diminuindo sua viabilidade. Consequentemente, o estudo das principais características e aplicações das redes de acesso ópticas, seus modelos de arquitetura, e o planejamento para dimensionamento de projetos FTTH são justificativas para contribuição deste trabalho. 1.2 OBJETIVO O projeto de rede GPON é o objetivo deste trabalho, e tem como proposta o estudo de caso para atendimento de dados, voz e vídeo via fibra óptica ao loteamento Bosque das Colinas na região metropolitana de Natal. Paralelo ao projeto, serão expostos os conceitos e características desta tecnologia de comunicações ópticas e suas aplicações comerciais vigentes. 1.3 ESTRUTURA DO TRABALHO O presente trabalho é composto por cinco capítulos correlacionados entre si. No primeiro capítulo é descrito um panorama atual da demanda por serviços de comunicação e dados que embasam a viabilidade e a necessidade desta monografia. 14 O segundo capítulo é composto pela revisão bibliográfica sobre as redes PON. Nesta seção serão descritos os principais elementos dessa tecnologia bem como as arquiteturas e topologias que podem ser adotadas. Continuando, no terceiro capítulo serão demonstrados os requisitos para o planejamento do projeto. Entre os tópicos abordados, serão tratados temas como: licenças para exploração do serviço e compartilhamento de infraestrutura. O quarto capítulo descreve detalhadamente etapas do projeto como: escolha da área a ser cabeada, levantamento de campo, desenho da rede e memorial de cálculos. O quinto capítulo visa demonstrar o panorama nacional da cobertura de acessos à banda larga fixa via redes FTTH. Por fim, o sexto capítulo traz as considerações finais do estudo e ressalta a importância desse conteúdo para o provimento de serviços de comunicações em redes de acesso. 15 2 REDES ÓPTICAS PASSIVAS 2.1 HISTÓRICO O conceito de rede óptica passiva (PON) é baseado em transmissão bidirecional por fibra óptica utilizando diferentes comprimentos de onda. Esta rede foi desenvolvida, majoritariamente, para acesso múltiplo nas redes de telecomunicações, sabendo que em sua estrutura não há ativos entre a central de telecomunicações e as instalações do usuário final, apenas equipamentos passivos devem estar inseridos para proporcionar o tráfego do sinal entre a central e o terminal do cliente. Na década de 1990 houve uma popularização da internet no mundo e assim foi surgindo a necessidade de banda larga eficiente. Com isso, em 1995 foi constituído o Full Serviçe Access Network (FSAN), um comitê internacional criado pelas operadoras British Telecomunications, Deutsche Telekom, Nippon Telegraph and Telephone e France Telecomcom (TAKEUTI, 2005). Esse órgão tinha como objetivo: padronizar e projetar os sistemas de acesso por comunicação óptica. 2.1.1 APON A primeira geração de redes PON foi designada de APON, em 1995, quando o FSAN padronizou a rede óptica passiva em modo de transferência assíncrona (Asynchronous Transferer Mode Passive Optical Network - APON) (PINHEIRO, 2017). Esse padrão foi aceito pelo ITU (International Telecomunication Union) como a norma ITU-T G.983. Nesse padrão, o protocolo de transmissão é o ATM (Asynchronous Transferer Mode), em que, no sentido de descida a informação é segmentada em células e entregue em broadcast, de acordo com seu endereço de destino, utilizando Time Division Multiplexing (TDM). Já no upstream, a transmissão é feita em TDMA (Time Division Multiple Acces), para que possa ser gerenciado o acesso ao meio entre os terminais dos usuários. O foco dessa rede é o atendimento residencial, com alcance de 20 quilômetros, 16 número máximo de 32 utilizadores, fornecendo 155 ou 622 Mbps de taxa de download e 155 Mbps de upload . 2.1.2 BPON A evolução do APON veio pela necessidade de pequenas mudanças no padrão. A FSAN mudou o nome da norma para Broadband PON, ou BPON e foram adicionadas capacidades como: alocação dinâmica de banda; integração de dados, voz e vídeo; suporte ao WDM (Wavelength Division Multiplexing), ou multiplexação por comprimento de onda e qualidade de serviço. Por meio dessa atualização, houve um ganho de desempenho nas taxas de transferência, estendendo o upload para 622 Mbps e o download para 1.244 Mbps . 2.1.3 EPON Paralelo ao grupo FSAN, em 2001, o IEEE (Institute of Electrical and Electronics Engineers) através do grupo de trabalho IEEE 802.3ah iniciou a padronização da arquitetura em fibra óptica com topologia ponto-multiponto para uma rede baseada em tecnologia Ethernet. Com isso, esta tecnologia chamada de Ethernet-PON, ou EPON se propunha a oferecer uma combinação entre as redes PON e Ethernet, realizando o tratamento das informações de modo nativo, sem a necessidade de camadas adicionais de protocolo para extensão dessa rede até o usuário final. Neste novo padrão poderiam ser conectados 16 ou 32 usuários e as velocidades de transmissão aumentaram para 1,25 Gbps simétricas utilizando os comprimentos de onda de 1.490 nm para downstream e 1.310 nm para upstream. 2.1.4 GPON A arquitetura GPON (Gigabit Passive Optical Network) é uma evolução do padrão BPON, entretanto, pode transmitir tanto pacotes Ethernet quanto células ATM. 17 Houve melhoramento nos algoritmos de alocação dinâmica de banda (BDA) e QoS, bem como a inserção do GEM (GPON Encapsulation Method), que encapsula os pacotes Ethernet e TDM, que por sua vez são alocados em quadros de transmissão GTC (GPON Transmission Convergence). A figura 1 mostra um diagrama de fluxo dos serviços da tecnologia GPON. Figura 1- Diagrama de serviços GPON. Fonte: (TAKEUTI, 2005). Em termos de taxas de transmissão, o padrão GPON opera com três valores para taxa de transmissão: 622 Mbps simétrico; 1,25 Gbps simétrico; e assimétrico com 2,5 Gbps no sentido downstream e 1,25 Gbps no sentido upstream (TAKEUTI, 2005). Porém, o mais utilizado comercialmente são os últimos valores de taxa citados. Para o sentido dos usuários é utilizado o comprimento de onda 1.490 nm e no sentido da central se faz uso do comprimento de onda 1.310 nm com taxa de divisão típica de 1:64. Pode ser utilizado também, o comprimento de onda 1.550 nm para inserção de vídeo por RF (Rádio Frequency) em broadcast e alcance máximo de 20 km. A Tabela 1 apresenta um 18 comparativo entre as principais características dos padrões APON, BPON, EPON e GPON. Tabela1- Comparativo BPON, GPON e EPON. CARACTERÍSTICAS BPON GPON EPON Tamanho de Células 53 bytes 53 a 1.518 bytes 64 a 1.518 bytes Downstream 622 Mbps e 1,2 Gbps 1,25 e 2,5 Gbps 1,25 Gbps Upstream 155, 622 Mbps 1,25 Gbps 1,25 Gbps Protocolo ATM Ethernet over ATM/IP Ethernet Vídeo RF em 1.550 nm ou IP RF em 1.550 nm ou IP IP λ Downstream 1.490, 1.550 nm 1.490 nm 1.490, 1.550 nm λ Upstream 1.310 nm 1.310 nm 1.310 nm Alcance 20 kM 20 kM 20 kM Taxa de Divisão 1:32 1:64 1:16 ; 1:32 Orçamento de Potência 28 dB 28 dB 22 dB Taxa de transmissão/usuário 20 Mbps 40 Mbps 60 Mbps Custo de Implantação Baixo Médio Baixo Segurança Sim Sim Sim Eficiência (%) 72 92 49 Fonte: Elaboração própria (05/09/2019). 2.2 ELEMENTOS DE REDE GPON Uma rede óptica passiva é composta, basicamente, por quatro elementos principais: O Optical Line Termination (OLT), ou Terminal de Linha Óptico, que é o equipamento localizado na Central Office (CO) da empresa de telecomunicações ou em armários para atendimento local, o Optical Network Terminal (ONT), aparelho instalado nas dependências do cliente, o Splitter, que de forma passiva faz a divisão do sinal proporcionando a utilização da rede de forma compartilhada e a fibra óptica que atua como canal de transmissão dos dados. 19 2.2.1 OLT O Terminal de Linha Óptica é um elemento concentrador responsável pela conexão e gerência dos usuários da rede de acesso óptica. É nesse equipamento que ocorre a autenticação e sincronização das ONTs, através de interfaces GPON, bem como a comunicação com switches do núcleo da rede. Entre suas funcionalidades estão: conversão de sinais ópticos para elétricos e vice-versa, controle de transmissão bidirecional, multiplexação e demultiplexação, controle de alocação dinâmica de banda, realização das verificações de segurança, entre outras funções. A figura 2 mostra um chassi de OLTs da Huawei. Figura 2 - Chassi de OLT. Fonte: (QUEENTON, 2017). A potência do sinal de saída e a sensibilidade de recepção é determinada pelos transceptores ópticos que se encontram nas portas da OLT. Estes módulos são especificados por classe de laser conforme a Tabela 2. 20 Tabela 2 - Potências segundo classes de laser da OLT. Classe A Classe B Classe B+ Classe C Classe C+ Potência de Transmissão (dBm) + 2 até + 7 Sensibilidade de Recepção (dBm) - 6 até - 28 Fonte: (PINHEIRO, 2017) 2.2.2 ONT O terminal de rede óptica é o aparelho eletrônico situado nas dependências do cliente. É dele o papel de receber e transmitir os sinais ópticos, assim como convertê-los para elétrico nas saídas que alimentam os equipamentos do usuário. Dependendo da necessidade do serviço que será prestado, pode conter portas Ethernet, portas para telefonia e transmissão sem fio Wi-Fi. A figura 3 demonstra uma ONT com capacidade de prover serviços triple play e na Tabela 3 estão especificações de potência para uma ONT típica. Figura 3 – ONT. Fonte: (CYBERTEAM, 2018). Tabela 3 - Níveis de potência da ONT. Classe B+ Potência de Transmissão (dBm) 0,5 a 5 Sensibilidade de Recepção (dBm) -8 a -27 Fonte: (DATACOM, 2019). 21 2.2.3 Splitter O Splitter, é o elemento passivo utilizado na rede óptica para efetuar as derivações do sinal. É um divisor óptico bidirecional, no qual o sinal de luz é dividido ou combinado nas fibras ópticas, formando a Optical Distribution Network (ODN) entre o OLT e o ONT. Os Splitters podem ser simétricos (balanceados) ou assimétricos (desbalanceados), com uma ou duas fibras de entrada e até 128 fibras de saída, dependendo da aplicação que se destina. Um Splitter 1:8 é ilustrado na figura 4. Figura 4 - Splitter 1:8. Fonte: (FURUKAWA, 2018). São duas as principais técnicas de construção do Splitter óptico. Uma delas é a FBT (Fused Biconial Taped), utilizada para produção dos Splitters desbalanceados, contendo uma entrada e duas saídas com níveis de potência distintos. Tem como característica ser fabricado a partir da fusão de duas fibras independentes, em paralelo. Vide figura 5. Figura 5 - Splitter FBT. Fonte: (DA SILVA, 2012). 22 Outro tipo de construção é por PLC (Planar Lightwave Circuit). O objetivo desse elemento é a mesma razão de divisão da potência do sinal de entrada, para cada porta da saída. O circuito do divisor é formado a partir da corrosão de um substrato conforme pode ser observado na figura 6. Figura 6 - Splitter PLC. Fonte: (DA SILVA, 2012). A Tabela 4 demostra os valores ideais e comerciais das perdas em Splitters ópticos balanceados. Tabela 4 - Perdas por inserção em Splitter PLC. RAZÃO DE DIVISÃO PERDA IDEAL (dB) PERDA TÍPICA (dB) 1:2 3 4 1:4 6 7 1:8 9 11 1:16 12 14 1:32 15 18 1:64 18 21 Fonte: (PINHEIRO, 2017) 2.2.5 Caixa de Emenda Óptica As caixas de emenda óptica (CEO) se destinam a efetuar a união de cabos ópticos e proteger as fusões de fibra. São compostas de material termo isolante e contém em seu interior bandejas para acomodação das emendas e organização dos cabos como mostrada na figura 7. 23 Figura 7 - Caixa de Emenda Óptica. Fonte: Elaboração própria (06/08/2019). 2.2.6 Caixa de Terminação Óptica As caixas de terminação óptica (CTO) são o último ponto da rede de acesso, após essa caixa teremos os cabos drop (cabos de acesso ao assinante) e a rede interna ao ambiente do usuário. Geralmente são caixas com emendas conectorizadas que facilitam a conexão do assinante e também proveem proteção as junções ópticas. Vide figura 8. Figura 8 – Caixa de Terminação Óptica. Fonte: Elaboração Própria (10/08/2019). 2.2.4 Fibra Óptica A fibra óptica é composta por um material dielétrico, normalmente sílica (vidro com impurezas) ou plástico, capaz de confinar a luz em seu interior, possibilitando que pulsos luminosos possam ser codificados, estabelecendo uma comunicação entre suas extremidades (PINHEIRO, 2017). 24 Sua estrutura tem forma cilíndrica e é formada por uma região central, denominada de núcleo, constituída por material dielétrico envolta por uma camada chamada de casca, com índice de refração inferior ao do núcleo. Vide figura 9. Figura 9 - Estrutura da Fibra Óptica. Fonte: (JÚNIOR, 2015) Como mencionado, a composição da casca da fibra com material de índice de refração inferior ao do núcleo permite que ocorra a propagação do sinal luminoso pelo mecanismo da reflexão interna total. A vista disso, existem duas formas de propagação, na fibra: Multimodo (MM) e Monomodo (SM), que significa o número de feixes de luz que se propagam simultaneamente. Na fibra SM o núcleo tem diâmetro de 3 a 8 µm, já na MM os diâmetros variam entre 50 µm e 62,5 µm. Na fibra MM, devido ao tamanho do núcleo, o sinal é propagado em vários modos viajando em velocidades diferentes, resultando em um desvanecimento nos pulsos, limitando a largura de banda e a velocidade de transmissão. Devido suas características, as fibras MM são utilizadas basicamente em cordões ópticos e redes locais e as fibras SM são aplicadas para uso em Backbones e redes de acesso, devido a sua maior capacidade de transmissão. Podemos destacar, também, os tipos de cabos ópticos comercialmente utilizados para redes de acesso FTTH. Os cabos ópticos são divididos pelo ambiente que serão instalados, pelo tipo de acondicionamento das fibras e pela função para qual se destinam. Dentre eles, os mais utilizados para redes externas de telecomunicações são do tipo Loose e do tipo Tight. O cabo Loose acomoda as fibras no interior de tubos plásticos adicionando um gel que traz maior proteção contra variações de temperaturas e umidade. Já os cabos tipo Tight não possui gel de proteção e são mais utilizados em curtas distâncias utilizando calhas e canaletas, tendo como vantagem a sua maior flexibilidade, fácil manuseioe diâmetro reduzido. Os dois modelos de cabo apresentam em sua constituição: elemento 25 de tração central, tubos de proteção das fibras ópticas e proteção adicional. Existem outros modelos de cabos especiais, porém não são alvo do estudo deste trabalho. Vide figura 10. Fonte: Elaboração própria (20/08/2019). A transmissão de dados através das fibras ópticas se dá em regiões do espectro eletromagnético onde a atenuação é mínima, denominadas janelas de transmissão. Sendo estas, começando na região do infravermelho (~100 nm) e terminando no ultravioleta (400 nm), (PINHEIRO, 2017). Vide figura 11. Figura 11 - Janelas de transmissão ópticas. Fonte: (COMUNICAÇÕES, 2006) A sequência das janelas segue o desenvolvimento histórico dos sistemas ópticos. Hoje, os sistemas de transmissão em uso, operam, principalmente, na segunda e terceira janelas. Essas faixas e suas aplicações estão demonstrados na tabela 5. Figura 10 - Estrutura de cabos ópticos. 26 Tabela 5 - Características das janelas ópticas. Janela Faixa de Operação λ mais usado Características 1ª 800 a 900 nm 850 nm Sistemas de fibras MM; pequenas distâncias 2ª 1.250 a 1350 nm 1.310 nm Sistemas de fibras MM e SM; longas distâncias 3ª 1.500 a 1600 nm 1.550 nm Sistemas de fibras SM; menores perdas e uso em transmissão de vídeo Fonte: (PINHEIRO, 2017). As fibras ópticas estão sujeitas a fenômenos de atenuação e dispersão dos sinais transmitidos. Os fenômenos de atenuação são causados, principalmente, por: absorção pelo material que compõe a fibra, perdas devido a macro e micro curvaturas e espalhamentos devido ao material. Paralelamente, os efeitos da dispersão estão associados aos atrasos de propagação decorrente das diferentes velocidades dos sinais transmitidos bem como os diferentes atrasos experimentados pelos diversos componentes espectrais que compõem o pulso. 2.3 TOPOLOGIAS DE REDE GPON O elemento que irá decretar a topologia de uma rede GPON, é a maneira como serão distribuídos os splitters. Para que seja feita a escolha mais adequada, devemos levar em consideração a área a ser atendida, a previsão de crescimento da rede e os custos de operação e manutenção. Os três principais modelos de topologia em redes PON são: centralizado, convergência local e splitters distribuídos. 2.3.1 Centralizada Segundo (PINHEIRO, 2017), a topologia física centralizada possui uma fibra dedicada para cada assinante a partir da central. Nesse modelo não há splitters na rede externa à CO, com isso, a escalabilidade é máxima. Entretanto, um maior número de fibras ativas será necessário, aumentando o custo com a compra inicial de cabos. 27 2.3.2 Convergência Local A convergência local possui uma fibra dedicada, a partir de um ponto de convergência entre a rede de alimentação e a rede de distribuição. Dessa maneira, o cabeamento é dividido em duas partes: O cabeamento primário, que consiste nos cabos da central até o splitter, e o cabeamento secundário, que é composto por cabos que ligam os splitters aos usuários finais, denominados de cabos drop. A figura 12 ilustra esse tipo de topologia. Figura 12 - Topologia GPON - Convergência Local. Fonte: (BARTION, 2016). 2.3.3 Distribuída No modelo de splitters distribuídos, há dois níveis ou mais de divisão do sinal. Esse esquema gera economia de fibras devido ao seu cascateamento e facilita a utilização em locais em que a ocupação dos dutos é alta. Em contra partida, se não houver uma margem de crescimento no projeto da rede (Fibras de Backup), não haverá escalabilidade. A figura 13 descreve essa topologia. Figura 13 - Topologia GPON - Splitter Distribuído. Fonte: Elaboração própria (18/10/2019). 28 2.4 MULTIPLEXAÇÃO DE SINAIS Em sistemas de transmissão por fibra óptica são utilizadas duas estratégias de agrupar vários canais de informação em apenas um meio físico. Nesse meio de transmissão a multiplexação é feita por divisão do tempo ou pela utilização de diferentes comprimentos de onda. 2.4.1 WDM A Multiplexação por Comprimento de Onda (WDM) é a técnica de transmitir vários comprimentos de onda (canais ópticos) simultaneamente dentro de uma única fibra, com objetivo de aumentar a capacidade de transmissão e usar a largura de banda de maneira mais eficiente. Com base nessa técnica, surgiram outras variedades do WDM: o CWDM (Coarse wavelength division multiplexing) que permite a utilização de 8 canais, utilizando lasers com tolerância de 3 nm, taxas de até 10 Gbps e distâncias entre 50 a 70 km e o DWDM (Dense Wavelength Division Multiplexing) em que é possível combinar até 128 canais com tolerância de 0,4 nm para expandir a capacidade de enlaces de longas distâncias (terrestres e submarina). Figura 14 – Multiplexação por Comprimento de Onda. Fonte: (FIBEROPTICALCOM, 2016). 29 2.4.2 TDM Na multiplexação por divisão de tempo (TDM) o canal é dividido em pequenos intervalos de tempo que cada fonte utiliza para transmitir seus dados. Nas redes PON, os pacotes são enviados em broadcast até cada ONT, que identifica o tráfego por meio de endereçamento utilizando apenas a informação que lhe foi endereçada. De maneira análoga também ocorre no sentido inverso, porém adicionando uma estratégia de acesso ao meio, (TDMA) devido a informação partir de fontes distintas que utilizam o mesmo canal de comunicação. A figura 15 mostra essa arquitetura. Figura 15 - Multiplexação por Divisão de Tempo. Fonte: (NETWORKING, 2015). O TDM é a estratégia de multiplexação utilizada no padrão GPON, no qual se baseia o presente trabalho. Sendo assim, essa técnica é adotada em dois fluxos de informação em comprimentos de onda distintos: 1.490 nm com 2,5 Gbps para downstream e 1.550 nm com 1,25 Gbps para upstream. 30 3 PLANEJAMENTO DE PROJETO 3.1 REQUISITOS O acesso em banda larga é caracterizado pela disponibilização de uma estrutura de telecomunicações que possibilita tráfego de informações contínuo, ininterrupto e com capacidade suficiente para as aplicações de dados voz e vídeo (PINHEIRO, 2017). Logo, para a construção de uma rede de acesso FTTH, os principais requisitos serão: A demanda de usuários que se pretende atender, a taxa de penetração da rede, a definição dos serviços que serão ofertados, a extensão da rede, o cenário de implantação e a escalabilidade. • Demanda de Usuários: é a contagem de unidades habitacionais e comerciais existentes em uma determinada área que se pretende atender com o projeto. Esse dado irá influenciar na tecnologia a ser adotada e nos custos do projeto. • Taxa de Penetração: é uma relação entre HC/HP. Em que HC (Home Connected) é o número de usuários que a rede tem capacidade de atender inicialmente, enquanto HP (Home Passed) é o número de usuários final da rede, ou seja, sua capacidade máxima. Logo, os splitters, CEO e CTO devem ser dimensionados pelo número de HCs, ao passo que os cabos primários e secundários devem ser determinados pelo número de HPs. • Definição dos Serviços: Comumente, são ofertados aos assinantes os serviços de voz, dados e vídeo, ou uma combinação dos três. A solução tecnológica a ser adotada (GPON, EPON) depende dessa definição. • Extensão da Rede: O tamanho da rede será influenciado diretamente pela perda de inserção imposta por splitters, emendas e conectores. • Cenário: Em projetos de rede GPON existem, basicamente, dois cenários a serem considerados: ambiente horizontal, como bairros residenciais e condomínios e o cenário vertical, onde se enquadram os edifícios e prédios. A mudança de cenário acarreta diretamente em adequações na topologia da rede e no posicionamento dos elementos passivos. • Escalabilidade: é a projeção de crescimento da rede ao longo do tempo. Sendo assim, já na concepçãodo projeto, deve ser previsto sua expansão sem grandes alterações sejam necessárias para o atendimento aos novos usuários. 31 3.2 LICENÇAS E OUTORGAS No Brasil, para que se possa explorar algum serviço de telecomunicações comercialmente, se faz necessário o pedido de outorga junto a ANATEL (Agencia Nacional de Telecomunicações) para que o provedor do serviço esteja regularizado em suas operações. Ou seja, é preciso três tipos de outorgas para tornar-se apto a prestar um serviço triple play a que se destina o presente trabalho. São elas: • SCM (Serviço de Comunicação Multimídia): que possibilita a oferta de capacidade de transmissão, emissão e recepção de informações multimídia, permitindo inclusive o provimento de conexão à internet, utilizando quaisquer meios, a assinantes dentro de uma área de prestação de serviço (ANATEL, 2019). • STFC (Serviço Telefônico Fixo Comutado): O Serviço Telefônico Fixo Comutado (STFC) é o serviço de telecomunicações que, por meio de transmissão de voz e de outros sinais, destina-se à comunicação entre pontos fixos determinados, utilizando processos de telefonia (ANATEL, 2019). • SeAC (Serviço de Acesso Condicionado): É o serviço de telecomunicações de interesse coletivo prestado no regime privado, destinado à distribuição de conteúdos audiovisuais na forma de pacotes de canais de programação (ANATEL, 2018). Todo o processo para obtenção das licenças pode ser realizado de maneira online, por meio do sistema Mosaico. Os documentos exigidos por cada licença estão descritos em seu próprio regulamento disponível no site da ANATEL. Dessa forma, sendo aprovada a documentação e pago as taxas previstas, poderá se dá início a oferta regulamentada do serviço. 32 3.3 COMPARTILHAMENTO DE INFRAESTRUTURA Para que o projeto possa ser executado, teremos de ter uma infraestrutura de suporte a rede de telecomunicações. Postes, calhas ou dutos serão necessários para ancorar e acomodar a rede, e para isso o projetista lança mão do compartilhamento de infraestrutura para baratear os custos do projeto. Na maioria dos casos, esse compartilhamento será acordado com as concessionárias de energia elétrica, por meio do aluguel de postes para implantação de rede aérea. No Rio Grande do Norte, esse compartilhamento se faz junto a COSERN, empresa que explora o serviço de fornecimento de energia elétrica em nosso estado. Para isso, a COSERN disponibiliza a Norma de Compartilhamento de Postes da Rede de Energia Elétrica: NOR.DISTRIBU-ENGE-0064. Este documento segue as resoluções conjuntas da ANEEL e ANATEL e descreve todas as regras vigentes. O compartilhamento se dará em forma de aluguel, com preço sugerido pelas agências reguladoras de R$ 3,19 (três reais e dezenove centavos). De acordo com (COSERN, 2016), os seguintes itens devem ser encaminhados a distribuidora de energia para que seja firmado o contrato entre as partes: a) Carta de solicitação de uso compartilhado de infraestrutura; b) Ato de outorga expedido pela ANATEL ou licença SCM, referente ao serviço a ser implementado; c) CNPJ, situação de inscrição estadual e municipal; d) Anotação de Responsabilidade Técnica, ART; e) Relatório fotográfico dos postes em meio digital; f) Planilha contendo numeração dos postes que deseja ocupar; g) Planta detalhada do local com indicações dos postes a serem ocupados, cabos e equipamentos; h) Memorial técnico descritivo; i) Memorial de cálculo de esforços dos postes; 33 4 PROJETO BOSQUE DAS COLINAS 4.1.2 ESCOLHA DA ÁREA Para escolhermos a localidade que seria objeto de estudo, levamos em consideração fatores econômicos e urbanísticos. O Loteamento Bosque das Colinas é um empreendimento situado na cidade de São José de Mipibu, na região metropolitana de Natal a 20 quilômetros da capital potiguar. Nele, estão distribuídos 1.882 lotes no tamanho padrão de 200 metros quadrados, totalizando uma área de 70,6 hectares. Um dos fatores de sua escolha foi sua planta urbanística com ótima organização entre ruas e avenidas, fornecendo um cenário ideal para concepção do projeto FTTH. Outro ponto que foi levado em consideração como fator decisivo é a grande expansão imobiliária que está ocorrendo na região, tornando a localização rapidamente habitada gerando demanda por serviços de telecomunicações. Com base na média de preço praticada nos imóveis do loteamento, teremos moradores com potencial econômico para aquisição dos serviços propostos por esse projeto, além de não existir, até o presente momento, nenhuma grande empresa operando no local. As figuras 16 e 17 apresentam a localização geográfica e a planta urbanística do loteamento, respectivamente. Figura 16 - Localização Loteamento Bosque das Colinas. Fonte: (IMÓVEIS, 2019). 34 Figura 17 - Planta Urbanística Bosque das Colinas. Fonte: Elaboração própria (18/072019). 4.2 DEFINIÇÃO DOS SERVIÇOS Após a escolha da localidade tivemos que definir os requisitos do projeto, como descrito no item 3.1 do presente documento. Primeiro ponto foi a definição dos serviços que seriam ofertados. Tal como foi exposto no primeiro capítulo, os usuários necessitam de uma rede que lhes ofereçam serviços de dados voz e vídeo em alta velocidade e com confiabilidade, tudo isso em uma mesma estrutura física. Sendo assim, foi definido o padrão GPON para atendimento FTTH ao loteamento Bosque das Colinas. Assim como, o grande número de possíveis usuários, e a extensão do terreno foram fatores decisivos para escolha dessa solução. 35 4.3 LEVANTAMENTO DE CAMPO Para efetuar o levantamento de campo, foi solicitado junto a Phoenix Empreendimentos a planta baixa do loteamento. De pronto, o pedido foi atendido, o que favoreceu muito o procedimento de obtenção dos dados necessários para início do trabalho. O documento enviado pela empreiteira continha a planta geral e urbanística do Loteamento, trazendo informações como: nome de ruas e avenidas, número de lotes, equipamentos de lazer e de convivência. Além disso, todo o arquivo está cotado em metros, facilitando o trabalho do projetista na obtenção de distâncias que serão necessárias nas etapas posteriores do projeto. Utilizou-se, também, a ferramenta Street View do software Google Earth e visitas a campo para inspeções locais. É no levantamento de campo que é feita a inspeção minuciosa do local que irá ser atendido pelo projeto. Nessa fase que foi analisado as rotas de lançamentos de cabos, os postes onde seriam ancorados a rede, bem como o local para instalação do armário de telecomunicações que irá abrigar o chassi de OLT. Além desses pontos, também é feito uma pesquisa de quais empresas concorrentes operam no local. Feito o levantamento, define-se o modelo da rede externa de distribuição dos cabos ópticos conforme figura 18. Figura 18 - Modelo de distribuição de cabos ópticos. Fonte: Adaptado de (GONÇALVES, 2009). 36 A taxa de divisão utilizada será de 1:64 como recomenda a norma para distâncias inferiores a 20 km. Com isso, uma OLT alimenta um splitter 1:2 que por sua vez alimenta dois divisores 1:4, que por fim, alimentam quatro splitters 1:8, totalizando 64 clientes por porta. Foi definido também o posicionamento dos divisores ópticos: sendo o splitter de primeiro nível acomodado dentro do armário de telecomunicações, logo após a porta da OLT; o segundo nível será acomodado em CEOs, visando as derivações para atendimento; e o último estágio será fixado em postes próximos as residências a serem atendidas. A figura 19 demonstra esse cascateamento. Figura 19 - Taxa de divisão de sinal. Fonte: Elaboração própria (10/11/2019). 4.4 TAXA DE PENETRAÇÃO De posse dos dados obtidos no levantamento de campo, seguiremos para uma etapa de cunho comercial, que é a definição da capacidade inicial de atendimentoda rede, ou taxa de penetração. Esse percentual de instalação é definido com base na quantidade de empresas que atentem ao local, o poder aquisitivo dos possíveis clientes e a sensibilidade comercial do projetista. Como no levantamento de campo foi identificado a presença de um provedor de internet atuando no local, e também a não ocupação total dos lotes, foi definido uma taxa de 60% para o projeto da rede. Essa taxa de penetração é que irá definir o número de splitters, CEOs e CTOs a serem instalados inicialmente. Entretanto, os cabos primários e secundários devem ser determinados pelo número de HPs, ou seja, número total de lotes. Essa medida irá diminuir os custos de expansões futuras da rede, pois serão necessárias 37 somente alterações nas caixas de emenda, visto que a capacidade dos cabos já está dimensionada para atender todos lotes. 4.3 PROJETO FÍSICO Superada a fase de anteprojeto, daremos início à confecção do desenho em CAD (Computer Aided Design) com todos os elementos necessários para a execução completa da obra. Com isso, o desenho constitui-se na descrição do trajeto de passagem dos cabos, das condições de lançamento (subterrâneo ou aéreo), caixas de emenda e de terminação, topologia física da rede, localização dos splitters e razão de divisão do sinal, detalhamento da penetração, reservas técnicas, identificação das caixas e o orçamento de potência e a localização do armário de telecomunicações. A escolha do local de instalação do armário é de extrema importância. Para resolvermos essa questão precisamos considerar o posicionamento geográfico que traga maior economia na quantidade de cabos ópticos utilizados, bem como um local seguro, de fácil acesso e que possibilite a manutenção dos equipamentos. Por isso, foi determinado um local no prédio do centro de convivência do loteamento, pois teríamos uma área coberta, com ponto de energia elétrica e segurança 24h. Em troca da disponibilidade do local seria oferecido um ponto de acesso WI-FI sem custos aos frequentadores do local. Assim sendo, iremos iniciar o desenho pela distribuição das CTOs, elementos de terminação que contém os divisores 1:8 para conexão dos clientes. O posicionamento dessas caixas deve obedecer a duas premissas definidas anteriormente: a taxa de penetração que em nosso caso será de 60% e a distância máxima de atendimento pelo cabo drop, que é de 150 metros devido a fragilidade desse componente. Essas caixas possuem splitters com as saídas conectorizadas, de onde partem os cabos drop, não sendo necessário baixar a caixa para fazer fusões ao conectar um cliente. Portanto, teremos a distribuição de CTOs por ruas conforme a figura 20. 38 Figura 20 - Distribuição de CTO. Fonte: Elaboração própria (08/11/2019). Como pode ser observado na figura 20, foi distribuído três CTOs para atendimento de uma rua com 42 lotes. Sabendo que cada caixa contém um divisor óptico com conexão para 8 usuários, teremos a possibilidade de conectar 24 clientes, que equivale a aproximadamente 60% do número de lotes dessa rua. O fator distância de cabo drop também foi atendido, visto que cada frente de lote mede 10 metros e em nenhum caso é ultrapassado a distância máxima de estipulada de 150 metros entre a CTO e a residência do usuário. Desse modo, essa mesma estratégia foi adotada para todas as ruas do empreendimento. Em seguida, foi definido o posicionamento dos elementos de distribuição: as CEOs que contém os divisores 1:4. levamos em consideração o posicionamento geográfico que permita os menores comprimentos de cabos até cada elemento de terminação. Além disso, esses elementos foram posicionados em ruas mais largas, o que facilita no momento de implementação e manutenção da rede. Vide figura 20. Figura 21 - Distribuição de CEO. Fonte: Elaboração própria (10/11/2019). 39 Por fim, faremos o traçado das rotas de lançamento de cabos e a definição de suas capacidades. Uma boa vistoria prévia das possíveis rotas de cabos ópticos, feita no levantamento de campo, é de suma importância para esta etapa do trabalho. Tipos de postes, medidas dos vãos e a indicação dos postes que suportam os equipamentos pesados da rede elétrica são alguns dos impedimentos para alocação de componentes de rede FTTH. Desse modo, foi desenhado um diagrama das rotas de forma a permitir a identificação das ruas que fazem parte do percurso e a localização dos elementos de rede óptica. A figura 22 mostra uma pequena parte da rede com cabeamento traçado desde a CO até as CTOs. Figura 22 - Rotas de cabos ópticos. Fonte: Elaboração própria (10/11/2019). 40 Em termos de capacidade dos cabos, seguiremos o que foi determinado no tópico 4.4 deste capítulo. Foi calculado a quantidade de fibras necessárias para atendimento de 100 % dos lotes, de maneira que cada cabo terá aproximadamente 40% de sua capacidade reservada como backup para expansões futuras e 60% utilizadas para implantação inicial da rede. Sendo assim, para os cabos que saem das CEOs em destino as CTOs, chamados de cabos de rede secundária, foi padronizado o uso de cabos ópticos de 12 FO (Fibra Óptica) - AS (Autossustentados). Visto que cada cabo alimentará 8 splitters 1:8 contidos nas CTOs, restando 4 FO de reserva. Essa padronização é feita com intuito de diminuir custos, já que em vários trechos será utilizado esse tipo de cabo, proporcionando uma aquisição de maior quantidade com preço mais baixo, além de facilitar a padronização da execução do projeto. Já para definição dos cabos que interligam o armário de telecomunicações e as CEOs, foi preciso dividir o mapa por setores para que houvesse uma mesma quantidade de splitters 1:4 em cada setor, fazendo com que pudéssemos utilizar, também, um único tipo de cabo na rede primária. Nesses trechos serão utilizados cabos ópticos de 24 FO-AS, restando 10 FO de backup. Essa quantidade maior de fibras reservas no cabeamento primário, ultrapassam a necessidade de backup prevista no projeto, entretanto é recomendado essa reserva adicional para casos de aluguel ou transporte de serviços de outras operadoras, além possíveis clientes com demandas por canais dedicados que possam vir a surgir. Para padronização da leitura do projeto, utilizamos a cor verde para representar os cabos de 24 FO da rede primária e a cor azul para os cabos de 12 FO da rede secundária. O esquema de fusões adotados foi o sistema de by-pass em que as fibras que não são utilizadas para conexão dos elementos da caixa passam para próxima caixa em cabo de capacidade equivalente, seguindo sempre o padrão da sequência de cores utilizadas em redes ópticas. Desse modo, o projeto físico da rede foi finalizado procurando atender os diversos aspectos nele previstos, contendo o mapa da área, distribuição dos pontos de acesso, posicionamento dos splitters, as rotas de cabos ópticos. A Figura 23 mostra o projeto FTTH finalizado para atendimento ao loteamento Bosque das Colinas. 41 Figura 23 - Projeto FTTH. Fonte: Elaboração própria (11/11/2019). 4.4 MEMORIAL DE CÁLCULOS 4.4.1 Orçamento de Potência Óptica O orçamento de potência óptica é a diferença entre a potência entregue pelo transmissor à fibra e a potência requerida pelo receptor para correto funcionamento do sistema óptico (PINHEIRO, 2017). Nele deve ser contabilizado as perdas nos elementos passivos como: splitters, cabo óptico, conectores e emendas, bem como incluir uma margem de segurança prevendo o envelhecimento do sistema. Consequentemente, o orçamento de potência deve atender a equação (1). 42 𝑃𝑇𝑋 − 𝐴𝑇 > 𝑆𝑅𝑋 (1) Em que: 𝑃𝑇𝑋 = Potência de saída do transmissor. 𝐴𝑇 = Atenuação total do enlace. 𝑆𝑅𝑋 = Sensibilidade do receptor. Com a atenuação total (𝐴𝑡) do sistema dada pela equação (2). 𝐴𝑇 = 𝐴𝐹𝑂 +𝑃𝐶 + 𝑃𝐸 + 𝑃𝑃 + 𝑀𝑆 (2) Em que: 𝐴𝐹𝑂 = Atenuação total da fibra óptica. 𝑃𝐶 = Perda total nos conectores. 𝑃𝐸 = Perda total nas emendas. 𝑃𝑃 = Perda total nos elementos passivos (splitter). 𝑀𝑆 = Margem de segurança para envelhecimento da rede. O objetivo de uma rede de telecomunicações é a transmissão de dados com confiabilidade, o mínimo de erros e em alta velocidade. A realização de um projeto adequado da rede garante que os dispositivos cumpram as especificações dos fabricantes, além de minimizar esforços na solução de problemas. Uma das primeiras tarefas é levantar os valores das perdas impostas por todos os componentes da rede de forma a obter um projeto que atenda aos requisitos dos componentes ativos da rede óptica. Para calcular o orçamento de potência óptica a tabela 6 traz alguns valores típicos de atenuações de diferentes componentes utilizados na construção de uma rede óptica. 43 Tabela 6 -Atenuação dos componentes passivos. Componente Parâmetro Perda típica Fibra monomodo λ = 1.550 nm 0,2 dB/km Fibra monomodo λ = 1.310 nm 0,35 dB/km Fibra multimodo λ = 1.300 nm 1,0 dB/km Fibra multimodo λ = 850 nm 3,0 dB/km Emenda por fusão Cada emenda 0,1 dB Emenda mecânica Cada emenda 0,5 dB Conector O par 0,75 dB Splitter 1:2 Perda por inserção 3 dB Splitter 1:4 Perda por inserção 6 dB Splitter 1:8 Perda por inserção 9 dB Fonte: Adaptado de (PINHEIRO, 2017). Para nosso projeto, iremos calcular os valores de orçamento de potência para o pior e melhor caso, ou seja, para a ONT mais distante e mais próxima do armário de telecomunicações, utilizando, sempre, os níveis de transmissão e recepção da ONT, pois esse equipamento é o mais frágil em termos de potência no enlace de comunicação. Somente esses dois casos são necessários para validação do projeto pois todas as ONTs estarão conectadas a mesma quantidade de divisores, conectores e emendas, diferenciando suas atenuações apenas em relação à distância. Sendo assim, o planejamento de perdas para o pior caso segue a equação (2) para o somatório de perdas da ONT mais distante, que fica a 1,6 km da CO. Em que: 𝐴𝐹𝑂 = 1,6km*0,35 dB/km; 𝑃𝐶 = 2*0,75 dB; 𝑃𝐸 = 5*0,1 dB; 𝑃𝑃 = (1*3 dB) + (1*6 dB) + (1*9 dB); 𝑀𝑆 = 3 dB; Logo, a atenuação total do sistema para o pior caso seria: 44 𝐴𝑇= (0,56dB + 1,5dB + 0,5dB + 18dB + 3dB) = 23,56dB Utilizando os valores para potência de transmissão e sensibilidade de recepção disponibilizados na tabela 2 e 3, faremos a análise teórica de viabilidade do enlace de pior caso através da equação (1) Em que: 𝑃𝑇𝑋 = 3 dBm; 𝐴𝑇 = 23,56dB; 𝑆𝑅𝑋 = -28dBm; Logo: 3dBm – (23,56dB) > (-28dBm); -20,56dBm > -28dBm; Portanto, o enlace de pior caso é viável, pois o sinal que chegará a OLT é maior que a potência mínima requerida pelo equipamento para seu funcionamento. Como foi analisado o pior caso, automaticamente todos os outros pontos da rede também terão níveis de potência que atendam o bom funcionamento dos equipamentos. De forma análoga, também é necessário realizar o cálculo para a ONT mais próxima da CO, para que não ocorra a saturação do sinal. Sabendo que o receptor mais próximo está a 200 metros, consequentemente, seguiremos o mesmo procedimento utilizado no item anterior. Em que: 𝐴𝐹𝑂 = 0,2km*0,35 dB/km; 𝑃𝐶 = 2*0,75 dB; 𝑃𝐸 = 5*0,1 dB; 𝑃𝑃 = (1*3 dB) + (1*6 dB) + (1*9 dB); 𝑀𝑆 = 3 dB; Logo, a atenuação total do sistema para ONT mais próxima seria: 45 𝐴𝑇= (0,07dB + 1,5dB + 0,5dB + 18dB + 3dB) = 23,07dB. Novamente, utilizando os valores para potência de transmissão e sensibilidade de recepção disponibilizados na tabela 2, faremos a análise teórica da saturação do sinal para a ONT mais próxima através da adaptação da equação (1). Em que: 𝑃𝑇𝑋 = 5 dBm; 𝐴𝑇 = 23,07dB; 𝑆𝑅𝑋 = -8dBm; Logo: 5dBm – (23,07dB) < (-8dBm); -18,07dBm < -8dBm; Com isso, o enlace mais curto também foi aferido em relação a possível saturação do sinal, e está dentro da faixa da operação dos dispositivos utilizados na rede. Desse modo, feita a análise sobre os dois estremos em termos de potência de sinal, podemos garantir que o sistema irá operar com qualidade, mantendo a transmissão dentro de uma taxa de erros (BER) satisfatória. Para sistemas ópticos, esse valor normalmente é da ordem de 10−10 , ou seja, um bit com erro para cada 10 bilhões de bits transmitidos (PINHEIRO, 2017). 4.4.2 Material Utilizado Finalizando o memorial de cálculos, a tabela 6 traz a contagem dos materiais utilizados para implementação da rede GPON. Para o presente trabalho, não foi feito a cotação de preços dos elementos passivos e ativos que compões a rede, e também, não foi relacionado elementos de fixação e ancoragem como abraçadeiras e passantes, pois não fazem parte do escopo do estudo. Em termos de reservas técnicas de cabeamento, serão utilizados 10 metros de cabos sobressalentes nas caixas de emenda e nas caixas de terminação, apenas com intuito de baixar a caixa ao solo para que seja feita as fusões e manutenções necessárias em local coberto e abrigado. Para casos de rompimento de cabos 46 ópticos, será substituído o trecho danificado efetuando duas emendas, uma em cada pontas do cabeamento novo. Tabela 7 - Quantidade de materiais utilizados. Tipo Quantidade Splitter 1:2 20 und Splitter 1:4 40 und Splitter 1:8 152 und CEO 10 und CTO 152 und OLT 20 und Cabo 12 FO AS 15.242 km Cabo 24 FO As 2.076 km Armário 1 und Fonte: Elaboração própria (15/11/2019). 47 5 FTTH NO BRASIL Com base nos dados da (ANATEL, 2019), foram mais de 32 milhões de acessos a banda larga fixa no Brasil até agosto de 2019. No decorrer dos últimos 5 anos, houve um crescimento nos acessos a banda larga por FTTH de, aproximadamente, 650%, saltando de 1.144.984 milhões em 2014 para 8.563.838 milhões de acessos em 2019, totalizando 26,3% da matriz nacional. A Figura 24 mostra a evolução no número de acessos, distribuído em cada tecnologia. Figura 24 - Acessos a banda larga no Brasil. Fonte: (ANATEL, 2019). Segundo (DIAS, 2018), as operadoras de telecomunicações aceleram as instalações de redes FTTH no Brasil. A Telefônica (Vivo) anunciou investimentos da ordem de R$7 bilhões em FTTH para expansão da rede. Para a Telefônica, ainda há um enorme mercado não atendido, principalmente nas pequenas cidades brasileiras, cujo potencial de crescimento é de 386% (AQUINO, 2019). A Oi informou que vai ligar a rede FTTH em 19 cidades. A operadora vai usar a capilaridade de sua rede de transporte e abrir portas mais rapidamente para FTTH, a previsão da companhia é chegar a seis milhões de home passed com FTTH no fim do primeiro semestre de 2020 (DIAS, 2018). 48 A TIM, CLARO e NET também seguem na mesma linha, com previsão de grandes investimentos em rede ópticas no mercado brasileiro. Diante desse cenário, a chinesa FiberHome avança com o FTTH no Brasil e quer liderar o mercado de fibra óptica. Segundo o presidente da companhia, Zhiqiang Fan, o país é o principal mercado da empresa na América Latina, região onde a adoção de tecnologias baseadas em fibra óptica tem um delay estimado de cinco anos em relação a mercados maduros, como EUA e Europa (CASTILHO, 2017). Além dos grandes players de telecomunicações, segundo (AQUINO, 2018), as pequenas operadoras de telecomunicações já possuem 47% do mercado nacional de FTTH e a cada mês mais provedores de internet surgem no país. O mercado brasileiro tem várias peculiaridades devido ao país ter dimensões continentais, por esse motivo há um aquecimento nas empresas locais para suprir a demanda não atendida pelas grandes operadoras de telecomunicações. A figura 25 demonstra os percentuais de atendimento por grandes provedores e por pequenos provedoresregionais. Figura 25 - Market Share - FTTH Brasil. Fonte: (AQUINO, 2018). 49 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo do presente trabalho é ampliar o conhecimento sobre redes ópticas e suas aplicações. Para isso foi desenvolvido um projeto de atendimento FTTH para o Loteamento Bosque das Colinas, situado na região metropolitana de Natal, utilizando a tecnologia GPON como solução para prover serviços triple play aos usuários. Para cumprir essa meta, foram realizados estudos sobre as redes PON e suas variações, com ênfase na descrição de seus componentes, tipos de topologias, padronização e estratégias de multiplexação. Em paralelo, o trabalho mostrou o roteiro para planejamento e execução de projetos FTTH, que foi detalhadamente descrito com base em literatura atual, na intenção de identificar os principais requisitos em aspectos técnicos e comerciais que tem de ser abordados para elaboração de projetos de redes ópticas. Além disso, uma análise teórica de viabilidade da rede também foi desenvolvida, em que se evidenciou sua capacidade de funcionamento, tornando-a uma solução para suprir as demandas dos novos serviços em uma estrutura confiável e duradoura. No ambiente comercial, a inovação é constante e cada vez mais rápida. As redes de telecomunicações fazem parte desse processo e precisam acompanhar as mudanças de comportamento da sociedade para conseguir suprir todas as suas demandas. E, ao que se pode observar, as redes de fibras ópticas encontram-se a altura das necessidades dos usuários para os próximos anos. Com isto, verifica-se uma forte migração por parte dos operadores de serviços na expansão desse tipo de rede e consequentemente em realização de novos projetos. Portanto, com a elaboração deste trabalho, foi possível adquirir conhecimentos, a nível de projeto, em aspectos técnicos e econômicos para redes de acesso baseadas em fibra óptica.50 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANATEL. Demanda reprimida da banda larga no Brasil atinge mais de 11 milhões de domicílios. ANATEL, 06 junho 2017. Disponivel em: <http://www.anatel.gov.br/institucional/noticias-destaque/1635-demanda-reprimida-da- banda-larga-no-brasil-atinge-mais-de-11-milhoes-de-domicilios>. Acesso em: 21 mar. 2018. ANATEL. TV por Assinatura. ANATEL, 2018. Disponivel em: <https://www.anatel.gov.br/setorregulado/tv-por-assinatura-outorga>. Acesso em: 22 out. 2019. ANATEL. Acessos de banda larga fixa no Brasil. ANATEL, 2019. 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