Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA PROJETO AERODINÂMICO E IMPRESSÃO 3D DAS PÁS DE UM AEROGERADOR DE EIXO HORIZONTAL DE BAIXA POTÊNCIA NOME DO ESTUDANTE NATAL- RN, 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA PROJETO AERODINÂMICO E IMPRESSÃO 3D DAS PÁS DE UM AEROGERADOR DE EIXO HORIZONTAL DE BAIXA POTÊNCIA JOÃO MARIA BEZERRA NETO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos para a obtenção do título de Engenheiro Mecânico, orientado pelo Prof. Dr. Sandi Itamar Schafer de Souza. NATAL – RN 2019 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA PROJETO AERODINÂMICO E IMPRESSÃO 3D DAS PÁS DE UM AEROGERADOR DE EIXO HORIZONTAL DE BAIXA POTÊNCIA JOÃO MARIA BEZERRA NETO Banca Examinadora do Trabalho de Conclusão de Curso Prof. Dr. Sandi Itamar Schafer de Souza ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Orientador Prof. Dr. Thiago Cardoso de Souza ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Interno Jonatha Wallace da Silva Araújo ___________________________ Universidade Federal do Rio Grande do Norte - Avaliador Externo NATAL, 25 de junho de 2019. i Dedicatória Aos meus pais, irmão e toda minha família e a todos que sempre acreditaram no meu sucesso, por todo o apoio, suporte e conselhos durante a minha formação. ii Agradecimentos Agradeço primeiramente a minha família, principalmente minha mãe, pai e irmão, pois se não fosse pelo apoio deles nos momentos mais difíceis não teria sido possível chegar onde cheguei. Aos amigos de faculdade e aos que conquistei ao longo da vida por sempre me incentivarem na minha jornada. A Renata Frutuoso, minha namorada, pelo apoio e paciência nos momentos mais delicados e decisivos da minha vida acadêmica. A todo o corpo docente do curso de engenharia mecânica, que sempre foi muito dedicado e solícito, em especial ao Prof. Dr. Sandi Itamar Schafer de Souza, orientador deste trabalho. Também agradeço ao projeto Car-Kará Baja e todos os seus integrantes, que foram muito importantes na busca por conhecimento e também para adquirir habilidades que serão imprescindíveis na vida de engenheiro. iii NETO, J. M. B. PROJETO AERODINÂMICO E IMPRESSÃO 3D DAS PÁS DE UM AEROGERADOR DE EIXO HORIZONTAL DE BAIXA POTÊNCIA. 2019. 100 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Mecânica) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019. Resumo Diante da grande demanda por fontes de energia limpas e renováveis, a energia eólica tornou-se uma importante fonte. Visando o aumento de eficiência na utilização da energia eólica faz-se necessário o desenvolvimento de estudos na área. A utilização de protótipos é a melhor forma de se estudar esse assunto, mas tem o inconveniente do alto custo. Tendo isso em mente, esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de projetar um rotor de turbina eólica em uma escala reduzida para minimizar custos de produção e testes, de forma que possa atender as necessidades básicas de uma residência afastada da cidade, como por exemplo sua iluminação, analisar o comportamento do escoamento que age sobre ele usando CFD e construí-lo via impressão 3D. Para isso, aplicou-se os conceitos de dinâmica dos fluidos para realizar estudos aerodinâmicos de perfil de pá de aerogerador. Projetou-se pás utilizando a metodologia “Blade Element Momentum” (BEM) necessitando desenvolver uma rotina computacional para obter dados geométricos do perfil. Usando os dados fornecidos por esses algoritmos e um software de modelagem, criou-se a geometria definitiva do rotor, um modelo 3D. Esse modelo foi usado para realizar uma simulação de escoamento com técnicas de CFD. Isso permitiu visualizar os campos de velocidade, campos de pressão atuantes no modelo virtual que valida a geometria do rotor, para então, o modelo ser enviado para construção, em impressora 3D na própria universidade. O protótipo segue o objetivo de servir de modelo para futuros projetos que poderão ser testados. Palavras-chave: aerogerador, BEM, rotor, eólica, simulação. iv NETO, J. M. B. AERODYNAMIC DESIGN AND 3D PRINTING OF A WIND TURBINE BLADE OF LOW POWER HORIZONTAL AXIS. 2019. 100 p. Conclusion work project (Graduate in Mechanical Engineering) - Federal University of Rio Grande do Norte, Natal-RN, 2019. Abstract Faced with the great demand for clean and renewable energy sources, wind energy has become an important source. In order to increase efficiency in the use of wind energy, it is necessary to develop studies in the area. The use of prototypes is the best way to study this subject, but it has the drawback of the high cost. With this in mind, this work was developed with the objective of designing a wind turbine rotor on a reduced scale to minimize production costs and tests, so that it can meet the basic needs of a residence away from the city, such as its lighting, analyze the behavior of the flow that acts on it using CFD and build it via 3D printing. For this, the concepts of fluid dynamics were applied to perform aerodynamic studies of wind turbine blade profile. Designed blades using the Blade Element Momentum (BEM) methodology, which requires the development of a computational routine to obtain geometric profile data. Using the data provided by these algorithms and a modeling software, the definitive rotor geometry, a 3D model, was created. This model was used to perform a flow simulation using CFD techniques. This allowed us to visualize the velocity fields, pressure fields acting on the virtual model that validates the rotor geometry, and then the model was sent for construction, in a 3D printer at the university itself. The prototype follows the objective of serving as a model for future projects. Keywords: Wind, turbine, BEM, rotor, simulation. v Lista De Figuras Figura 1 Evolução das turbinas ...................................................................... 13 Figura 2 Formação dos Ventos ....................................................................... 17 Figura 3 Exemplo de TEEV ............................................................................ 18 Figura 4 Exemplo de TEEH ............................................................................ 18 Figura 5 Componentes de um aerogerador .................................................... 19 Figura 6 Controle de Pitch e Stall ................................................................... 21 Figura 7 DCL de um escoamento 2D ............................................................. 22 Figura 8 Relação Cl/α de um perfil aerodinâmico ........................................... 24 Figura 9 Relação Cl/Cd de um perfil aerodinâmico ........................................ 24 Figura 10 Mudança de ângulo de ataque que gera vórtices ........................... 25 Figura 11 Transição de escoamento da camada limite .................................. 26 Figura 12 Mudança de direção das linhas de corrente ................................... 28 Figura 13 Velocidade induzida pelos vórtices ................................................. 28 Figura 14 DCL dos efeitos da velocidade induzida ......................................... 29 Figura 15 Comparação da sustentação em escoamento 2D e 3D ................. 30 Figura 16 Velocidade relativa em uma pá eólica ............................................ 30 Figura 17 Vórtices gerados por um rotor eólico .............................................. 31 Figura 18 Teoria do disco atuador - volume de controle .................................32 Figura 19 Comportamento de velocidade e pressão ao longo do escoamento unidimensional .......................................................................................................... 33 Figura 20 Limite de Betz ................................................................................. 38 Figura 21 Triângulo de velocidades de uma pá .............................................. 39 vi Figura 22 Representação do elemento anular num rotor de raio R ................ 40 Figura 23 Ângulos para posicionamento do perfil aerodinâmico .................... 44 Figura 24 Carregamento em uma seção de pá .............................................. 46 Figura 25 Geometria do perfil NACA 25112 ................................................... 54 Figura 26 Comportamento do coeficiente de sustentação NACA 25112 ........ 54 Figura 27 Comportamento do coeficiente de arrasto NACA 25112 ................ 55 Figura 28 Divisão de seções da pá ................................................................. 59 Figura 29 Comportamento do ângulo de passo .............................................. 60 Figura 30 Comportamento de ângulo de ataque com a velocidade relativa ... 61 Figura 31 Triângulo de velocidades seção 0,15*R ......................................... 66 Figura 32 Triângulo de velocidades seção 0,9*R ........................................... 66 Figura 33 Modelo da pá em 3D ...................................................................... 67 Figura 34 Rotor 3D ......................................................................................... 67 Figura 35 Volume de controle ......................................................................... 68 Figura 36 Corte na seção transversal do volume de controle ......................... 69 Figura 37 Conexão entre os domínios ............................................................ 70 Figura 38 Refino próximo as paredes das pás ............................................... 70 Figura 39 Distribuição de pressão no plano 0,6*R .......................................... 71 Figura 40 Distribuição de velocidade do vento no plano 0,6*R ....................... 72 Figura 41 Velocidade relativa plano 0,6*R ...................................................... 73 Figura 42 Seções para impressão divididas em solidworks ............................ 74 Figura 43 Seções da pá impressa .................................................................. 74 Figura 44 HUB impresso ................................................................................. 74 vii Figura 45 Pá montada .................................................................................... 75 viii Lista De Tabelas Tabela 1 Seleção de perfil com base em Máx CL/CD .................................... 53 Tabela 2 Dados iniciais para implementação do BEM .................................... 57 Tabela 3 Cálculo do raio do rotor .................................................................... 57 Tabela 4 Relação de ponta de pá ................................................................... 58 Tabela 5 Condições de Stall para o NACA 25112 .......................................... 58 Tabela 6 Parâmetros iniciais de cada seção .................................................. 59 Tabela 7 Coordenadas geométricas do perfil NACA 25112 ........................... 64 Tabela 8 Coordenadas de seções da pá ........................................................ 65 Tabela 9 Coordenadas do perfil NACA 25112 completas............................... 79 Tabela 10 Coeficientes do perfil NACA 25112 ................................................ 80 Tabela 11 Condições geométricas do perfil .................................................... 81 Tabela 12 Resultados do processo iterativo ................................................... 82 ix Lista De Abreviaturas E Siglas GWEC – Global Wind Energy Concil (Conselho Global de Energia Eólica). CERNE – Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia. ABEEólica – Associação Brasileira de Energia Eólica. TEEH – Turbina Eólica de Eixo Horizontal. TEEV – Turbina Eólica de Eixo Vertical. HUB – Cubo. BEM – Blade Element Momentum Method. NACA – National Advisory Committee for Aeronautics. VBA – Visual Basic for Applications. CAD – Computer Aided Design. CFD – Computational Fluid Dinamics. IMD – Instituto Metrópole Digital UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte ABS - Acrylonitrile butadiene styrene. DCL – Diagrama de Corpo Livre. x Lista De Símbolos 𝑉0 Velocidade do vento. m/s D Arrasto. N L Sustentação. N 𝐶𝑙 Coeficiente de sustentação. N/m 𝐶𝑑 Coeficiente de Arrasto. N/m 𝜌 Massa específica do ar. kg/m³ c Corda do perfil. M M Momento no perfil. Nm 𝐶𝑚 Coeficiente de momento. N/m 𝛼 Ângulo de ataque. ° Re Número de Reynolds. - Ma Número de Mach. - ν Viscosidade cinemática do ar. m²/s u Velocidade do vento na região onde se localiza o rotor. m/s a Fator de indução axial. - a' Fator de indução tangencial. - r Raio da seção. M R Raio total do rotor. M ω Velocidade angular do rotor. rad/s W Velocidade induzida pelos vórtices de esteira. m/s xi 𝑉𝑟𝑒𝑙 Velocidade relativa. m/s 𝑉𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 Velocidade tangencial do rotor. m/s 𝐷𝑖 Arrasto induzido. N θ Ângulo de passo. ° ϕ Ângulo formado pela velocidade relativa e o plano do rotor. ° β Ângulo de twist. ° T Empuxo. N 𝑢1 Velocidade do vento na esteira. m/s 𝑝0 Pressão atmosférica. pa A Área de rotação do rotor. m² 𝐴1 Área da esteira. m² 𝐴𝐶𝑉 Área do volume de controle. m² ΔP Variação de pressão no escoamento ao passar pelo rotor. Pa �̇�𝑠 Fluxo de massa que sai do volume de controle. kg/s �̇�𝑒 Fluxo de massa que entra no volume de controle. kg/s �̇�𝑠𝑖𝑑𝑒 Fluxo de massa que sai pelas laterais do volume de controle. kg/s P Potência de eixo. W M Torque do rotor. Nm Pot Potência extraída. W 𝐶𝑃 Coeficiente de potência. - 𝐶𝑇 Coeficiente de empuxo. - C Velocidade absoluta criada pela rotação de esteira. m/s xii 𝐶𝜃 Componente tangencial da velocidade criada pela rotação de esteira. m/s 𝐶𝑎 Componente normal da velocidade criada pela rotação de esteira. m/s λ Relação de velocidade de ponta de pá. - 𝜆𝑟 Relação local de velocidades. - 𝜂𝑟 Eficiência do elemento de pá. - 𝑃𝑇 Força tangencial do elemento. N 𝑃𝑁 Força normal do elemento. N 𝐶𝑛 Coeficiente de força normal do elemento N/m 𝐶𝑡 Coeficiente de força tangencial do elemento. N/m B Número de pás do rotor. - σ Solidez. - F Fator de correção de Prandtl. - K Fator de correção de Glauert. - η Eficiência de conversão do aerogerador - xiii Sumário Dedicatória ....................................................................................................... i Agradecimentos .............................................................................................. ii Resumo ........................................................................................................... iii Abstract .......................................................................................................... iv Lista De Figuras .............................................................................................. v Lista De Tabelas .......................................................................................... viii Lista De Abreviaturas E Siglas ..................................................................... ix Lista De Símbolos ........................................................................................... x Sumário ........................................................................................................ xiii 1 Introdução............................................................................................ 12 1.1 Objetivos ............................................................................................ 14 2 Revisão Bibliográfica .......................................................................... 15 3 A energia eólica ................................................................................... 17 3.1 Vento .................................................................................................. 17 3.2 Turbinas Eólicas ................................................................................. 18 4 Aerodinâmica de aerofólio .................................................................. 22 4.1 Vórtices de esteira .............................................................................. 27 4.2 Teoria do momento linear (disco atuador) .......................................... 32 4.3 Teoria do disco rotor (elemento de pá)............................................... 38 5 BEM (Blade Element Momentum) ....................................................... 44 5.1 Fator de Correção de Prandtl ............................................................. 50 5.2 Fator de Correção de Glauert ............................................................. 50 6 Metodologia.......................................................................................... 53 6.1 Perfil aerodinâmico ............................................................................. 53 6.2 Passos de implementação do método BEM ....................................... 56 6.3 Projeto 3D do Rotor ............................................................................ 63 xiv 6.4 Simulação do rotor ............................................................................. 67 6.5 Impressão 3d ...................................................................................... 73 7 Conclusão ............................................................................................ 76 8 Referências .......................................................................................... 77 9 Anexos .................................................................................................. 79 12 1 Introdução A conversão eólica consiste em transformar a energia cinética associada ao vento em energia útil, não apenas em energia elétrica, mas também em moinhos de vento para obter energia mecânica ou em velas para movimentar embarcações. É uma excelente alternativa para obtenção de energia elétrica frente as formas convencionais de obtenção por meio de combustíveis fósseis. Pode ser implantada em qualquer região com disponibilidade de ventos, não polui e tem um baixo impacto ambiental com relação as outras fontes. De acordo com WIKIPÉDIA (2019), não se pode estimar com precisão uma data em que o vento passou a ser usado com o intuito de aproveitamento mecânico. Mas, levando em consideração que a forma de utilização mais antiga e mais conhecida pelo homem é em embarcações a vela, este pode ter sido o primeiro meio de utilização do vento, e isso pode ter milhares de anos. Historicamente a utilização de energia eólica sempre apresentou altos e baixos em todos os períodos da evolução tecnológica, podendo caracterizar-se por dois momentos principais, dois grandes surtos de utilização do vento (AMARANTE et al, 2001). O primeiro na idade média, com o surgimento dos grandes moinhos de vento, para moagem de grãos e também bombeamento de água, por volta do século IX na Pérsia estendendo-se por toda a Ásia e Oriente Médio, chegando a Europa aproximadamente no século XI, tendo seu declínio no período da primeira revolução industrial, com o surgimento e larga aplicação das máquinas a vapor. O segundo grande momento do aproveitamento eólico, foi com o surgimento do cata-vento multipá para bombeamento de água nos Estados Unidos no século XIX. O primeiro protótipo de turbina eólica surgiu em 1887 na Escócia pelo engenheiro James Blyth, que a construiu para alimentar as luzes de sua casa (WIKIPÉDIA, 2019). Essa foi a utilização mais comum durante um bom período do século XX principalmente nos Estados Unidos, as turbinas eram instaladas em zonas rurais, para atender fazendas e casas que ficavam muito afastadas dos centros urbanos, sem falar que esses aerogeradores não geravam elevadas potência, sendo esse o principal motivo para que caíssem em desuso, visto que não atendiam a demanda que era cada vez mais crescente. No entanto crescentes desenvolvimentos de estudos para aumento de eficiência em conversão de energia eólica por parte dos EUA, França, Reino Unido e principalmente Dinamarca, 13 possibilitaram o surgimento de boa parte da tecnologia que é usada até hoje, aumentando substancialmente a capacidade das turbinas, de modo que com a chegada da crise do petróleo nos anos 1930, se deu início o novo “boom” de utilização de energia eólica para geração de energia elétrica. Figura 1 Evolução das turbinas Fonte: Atlas eólico Bahia Segundo ANEEL (2005), o potencial de conversão eólica mundial está por volta de 498,400 TWh/ano, considerando apenas recursos onshore (em terra), mas apenas 10% pode ser instalado, devido a limitações socioambientais, mesmo assim ainda é bem mais do que o consumo mundial. Atualmente no mundo, de acordo com o relatório anual do GWEC (Conselho Global de Energia Eólica, traduzido do inglês), divulgado em fevereiro deste ano, a potência instalada chega a 591 GW, o que com base nos cálculos de CERNE (2019) representa um crescimento de aproximadamente 9,6% em comparação a 2017, tendo como maiores produtores China, Estados Unidos e Alemanha, nessa ordem. No Brasil, a energia eólica representa, atualmente, cerca de 9% da matriz energética com fornecimento de 14,71 GW de acordo com a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica). Os últimos dados de ranking mundial de potencial instalado são de 2017, foram divulgados em FRIED (2018), e atualizam o país na 8ª posição, ultrapassando o Canadá, e no último ano foi o 5º maior mercado onshore do mundo com 1,939 MW instalados. No país, as regiões que possuem maior 14 representatividade na matriz eólica são o nordeste e o sul, sendo que dessas regiões o estado que possui maior capacidade em funcionamento é o Rio Grande do Norte segundo ABEEÓLICA (2018). Como é possível perceber, o crescimento da exploração eólica é perceptível e considerável, devido principalmente as condições ambientais atuais, a necessidade de substituição de meios de produção de potência extremamente poluentes por fontes de energia limpa e que não se esgotem é o grande objetivo, e a fonte eólica é uma das melhores opções. Assim, este trabalho irá tratar de um projeto de aerogerador de baixa potência, de forma que possa atender as necessidades de uma residência afastada da cidade, como iluminação e equipamentos de baixa potência que são necessários, ou até mesmo equipamentos de uma fazenda e afins. 1.1 Objetivos Neste trabalho, o principal objetivo é desenvolver o projeto de um aerogerador de pequeno porte com potência de 150 W, que será usado como aerogerador de escala reduzida em estudos do curso de Engenharia Mecânica da UFRN, com o intuito de auxiliar projetos futuros. Os objetivos específicos são: Projetar o rotor de uma turbina eólica; Fazer a simulação do fluxo do vento pelas pás do rotor; Construir o rotor via impressão 3D. 15 2 Revisão Bibliográfica Estudos eólicos possuem grande importância do ponto de vista sustentável, e são cada vez mais importantes e desafiadores. Projetar uma turbina eólica não é um trabalho simples, não só pelo fato de possuir um estudo aerodinâmico complexo, mas também por possuir diversas variáveis que não se pode controlar. O projeto de turbinas requer um número grande dedados coletados da região em que elas devem ser implantadas, dessa forma AMARANTE et al (2001) explana sobre as condições climáticas que influenciam diretamente a formação de ventos em todo o brasil, além de explicar como interpretar esses dados. Embora não seja um estudo tão novo, esse Atlas Eólico Brasileiro é referenciado até hoje em diversos trabalhos. Entender o comportamento dos ventos e como o aerogerador se comporta em resposta esse fenômeno, nas regiões onde se pretende instalar, é muito importante para saber exatamente o que se deve considerar. Tendo isso em mente, LEMOS (2005) analisou a variação de geração de potência e de carregamento em uma turbina ligada a uma rede elétrica no nordeste do país, sob influência de uma distribuição de ventos com baixa variância. Percebendo que os carregamentos que contribuem para fadiga são bastante elevados quando há pouca variação na distribuição dos ventos, já a extração de potência segue uma linha proporcional ao aumento das velocidades médias anuais de vento. A aerodinâmica por trás do funcionamento de um rotor eólico é complexo e influencia diretamente a quantidade de potência que pode ser extraída de um aerogerador, HANSEN (2008) descreve detalhadamente todo o comportamento do ar por entre as pás de um aerogerador e também introduz o método Blade Element Momentum (BEM), que é a base deste trabalho para o projeto aerodinâmico do rotor. No trabalho de RIVERA et al (2013), é mostrada uma abordagem mais simples da atuação das forças responsáveis por conversão de potência, o que encurta o caminho para implementação do método BEM, ele também trata de um modelo matemático, que modela não só o rotor, mas também a torre de sustentação da turbina, o que pode aproximar condições de projeto conceituais à condições reais. Para o projeto aerodinâmico de pás de rotor eólico é necessário aplicar um método automatizado para implementação do BEM. Assim BARROS (2017) criou um algoritmo para ser aplicado no software Scilab implementando todas as 16 equações presentes nas teorias de HANSEN (2008). O trabalho também trata da simulação numérica de um aerogerador com intensificador de potência, mostrando um aumento na potência extraída de mais de 3 vezes com relação a turbina sem esse elemento. A potência extraída de um rotor eólico sofre influência de vários aspectos, muitos parâmetros interferem no pleno funcionamento de uma turbina, as condições do escoamento por entre as pás são determinantes para saber a eficiência de um rotor eólico, entretanto alguns fatores nem sempre são levados em consideração. Indo de encontro a essa afirmação o trabalho de FERNANDES (2010) tem o objetivo de avaliar a interferência que há no escoamento, proveniente do instante em que a pá do aerogerador passa em frente a torre. O artigo mostra como resultado uma perturbação no escoamento em zonas muito próximas ao momento em que a pá cruza a torre, quando se aproxima os coeficientes aerodinâmicos são drasticamente afetados, e conforme se afasta o comportamento passa a ser de um escoamento não perturbado. Além do projeto aerodinâmico, é preciso garantir a alimentação elétrica após o processo de conversão. Sobre esse assunto NIPO (2007) desenvolveu um circuito controlador de carregamento de baterias para turbinas eólicas de pequeno porte, que como resultado recebia tensões a partir de 16 V e fornecendo a saída 13,8 V com corrente máxima de 10 A, a partir de uma turbina de 180 W, com rotor de 6 pás e 910 mm de diâmetro. 17 3 A energia eólica 3.1 Vento Segundo AMARANTE et al (2001) o elemento vento é produto da interação entra a energia solar e a rotação planetária. Desta forma é possível dizer que a energia eólica na verdade é uma forma de energia solar convertida. Mas, apenas uma parte da radiação recebida pela terra (1 𝑥 1011𝑀𝑊) é transformada, isso representa apenas 2% (3,6 𝑥 109𝑀𝑊), além disso 35% da energia do vento se dissipa por volta dos 1000m da superfície da terra, sendo possível, desta forma, estimar a energia disponível por parte do vento, sendo algo em torno de 1,26 𝑥 109𝑀𝑊. Alguns fatores contribuem para formação do vento, porém a sua origem é dada, devido ao formato esférico do planeta que faz a radiação chegar de forma desigual na terra, fazendo com que as regiões mais próximas da linha do Equador recebam mais radiação que os extremos (os polos norte e sul), criando assim uma diferença de temperatura entre essas regiões, consequentemente uma diferença de pressão. Sendo assim, o ar mais quente da linha média do planeta sobe para a atmosfera mais alta e o ar frio dos polos que é mais denso flui para próximo da linha do Equador, formando zonas de circulação de ar. Figura 2 Formação dos Ventos Fonte: Site Master 18 Como visto, o vento basicamente surge de um gradiente de temperatura presente na terra, a circulação é diretamente afetada pelas temperaturas do planeta, por sua vez, vários fatores também interferem para uma irregularidade nas temperaturas de cada parte da superfície, a topografia de um lugar pode afetar pode deixa-lo mais frio ou mais quente, a superfície terrestre que é coberta por diferentes materiais que possuem níveis diferentes de absorção e reflexão de radiação. Outro fator muito importante é o eixo de rotação deslocado da terra com relação ao sol, que gera o ciclo anual de mudanças climáticas. Dessa forma é possível dizer que o vento é sazonal e essa é uma consideração muito importante que se deve fazer no estudo de geração de energia eólico-elétrica. 3.2 Turbinas Eólicas Por definição, um aerogerador ou turbina eólica, é uma máquina capaz de retirar energia cinética do vento e transformar em energia mecânica. São máquinas normalmente utilizadas para gerar energia elétrica. Turbinas eólicas tem dois tipos de classificação, quanto a faixa de potência e quanto a forma construtiva. Quanto a faixa de potência, podem ser de pequeno porte (até 50 KW), médio porte (de 50 a 1000KW) e de grande porte (acima de 1 MW). Quanto a sua forma construtiva, podendo ser TEEH (Turbina Eólica de Eixo Horizontal) e TEEV (Turbina Eólica de Eixo Vertical). Figura 3 Exemplo de TEEV Fonte: Site Eólica Fácil. Figura 4 Exemplo de TEEH Fonte: Site Archi Expo. 3.2.1 Turbinas Eólicas de Eixo Horizontal (TEEH) São os tipos mais comuns de turbinas de grande e médio porte, porque são mais eficientes. Precisam ser instaladas em regiões abertas, com rugosidade baixa 19 do terreno, para que não haja grandes interferências no escoamento, pois eles requerem ventos em regime laminar ou pouco turbulento, por esse motivo elas não são instaladas próximas aos centros urbanos, onde há muito prédio. São comumente fabricadas em fibra de vidro, para que sua massa seja a menor possível, diminuindo a inércia rotacional do rotor, o que melhora sua eficiência, ainda assim precisam ser resistentes e duráveis. Aerogeradores de eixo horizontal são constituídos basicamente por 3 componentes, as pás, a torre e nacele. A nacele é também conhecida como gôndola, fica na parte de trás do cubo do rotor, é lá onde ficam posicionados os componentes responsáveis por fazer a conversão em energia elétrica. Evidentemente uma turbina eólica possui muito mais componentes, que estão representados na Figura 5. Figura 5 Componentes de um aerogerador Fonte: Wikipédia, 2019 Composição básica: 20 1) Fundação 2) Conexão com a rede elétrica 3) Torre 4) Escadaria de acesso 5) Controle de orientação do vento 6) Nacele 7) Gerador 8) Anemômetro 9) Freio 10) Caixa de câmbio 11) Pá 12) Controle de inclinação da pá 13) HUB Quanto ao seu funcionamento, de forma simplificada, o vento que escoa por entre as pás provoca sustentação nelas devido sua forma construtiva, essa sustentação é responsável pelo movimento de rotaçãodas pás, essa rotação é então transmitida pelo eixo principal até uma caixa multiplicadora de velocidades, pois a velocidade de rotação do rotor é muito baixa para poder gerar energia elétrica. Após o multiplicador, o giro é encaminhado ao gerador elétrico que pode ser síncrono ou assíncrono. Além dos componentes básicos, essas turbinas também apresentam sistemas de controle que dão segurança e otimizam ganhos de energia. Eles possuem um sistema de posicionamento que gira o rotor para a direção em que o vento está soprando, para maximizar a extração de energia. Os aerogeradores não podem entrar em operação em caso de velocidades muito altas do vento, acima de 25 m/s, isso é feito mudando o ângulo de passo das pás. Essa frenagem do rotor pode ser feita por diferentes tipos de controle são eles: controle por Pitch e Stall. O controle por Pitch trata-se de um freio de arrasto, onde a pá é rotacionada de modo a ficar quase perpendicular ao escoamento. Já no controle por Stall, o freio é de sustentação, as pás são movimentadas de forma que haja um desprendimento do fluxo de vento sobre o perfil. 21 Figura 6 Controle de Pitch e Stall Fonte: WENZEL, 2007. 22 4 Aerodinâmica de aerofólio O estudo aerodinâmico apresentado neste trabalho foi feito com base em HANSEN (2008). Um aerogerador é um equipamento usado para aproveitar a energia cinética dos ventos e convertê-la em energia elétrica, por meio da sustentação. O meio pelo qual as hélices de uma turbina eólica funcionam é semelhante a uma asa de avião, pela diferença de pressão causada pelo escoamento do ar sobre ela, o que gera o fenômeno chamado de sustentação Figura 7. Figura 7 DCL de um escoamento 2D Fonte: Hansen, 2008 Aproximando uma pá por uma asa de corda e ângulo de ataque constantes e comprimento infinito, é possível analisar o escoamento bidimensional sob ela, e dessa forma estudar as forças atuantes que contribuem para o torque resultante, advindas das correntes de vento incidentes, para então poder definir valores ótimos para o ângulo de ataque e comprimento de corda, afim de extrair o máximo de potência possível. Esquematizando o diagrama de corpo livre da seção transversal do perfil, nota-se que o escoamento gera uma força de reação (F) que fica a 90° da linha de corda, que quando decomposta, forma duas componentes, uma na direção paralela a direção da velocidade do ar (𝑽∞) e a outra perpendicular, que são, 23 respectivamente, o arrasto (D) e a sustentação (L), que de acordo com HANSEN (2008), são normalizados onde os coeficientes são dados em força por comprimento: 𝐶𝑙 = 𝐿 1 2⁄ 𝜌𝑉∞ 2 𝑐 (4.1) e: 𝐶𝑑 = 𝐷 1 2⁄ 𝜌𝑉∞ 2 𝑐 (4.2) Sendo ρ a massa específica do ar e c o comprimento de corda do aerofólio. É importante entender também o que se conhece como corda do perfil. A corda é definida como a linha reta que vai do bordo de ataque do aerofólio até o bordo de fuga. Na Figura 7, também é possível perceber a presença de um momento M, este está posicionado em um ponto nesta linha, este ponto é definido como sendo 1/3 da corda, tomando como base a direção do nariz ao bordo de fuga, desta forma assume-se o momento como positivo como sendo o sentido horário e é definido por: 𝐶𝑚 = 𝑀 1 2⁄ 𝜌𝑉∞ 2 𝐶2 (4.3) Segundo HANSEN (2008) 0s coeficientes mostrados acima são funções diretas de α, Re e Ma. Sendo α o ângulo de ataque definido como o ângulo formado pela linha da corda e a direção da velocidade do vento 𝑽∞, Re como número de Reynolds sendo definido como 𝑹𝒆 = 𝒄𝑽∞ 𝝂⁄ , onde 𝝂 representa a viscosidade cinemática do fluido, e Ma é o número de Mach, entretanto, as velocidades desenvolvidas no processo são muito inferiores a velocidade do som, por esse motivo esses coeficientes são função apenas do ângulo de ataque e Re. Relacionando esses coeficientes computacionalmente, é possível traçar diagramas e analisar o comportamento de um perfil aerodinâmico e estabelecer suas condições de sustentação e arrasto, que são as características mais importantes, quando se analisa um projeto aerodinâmico de turbinas eólicas. 24 Normalmente são traçados dois tipos de gráficos, 𝑪𝒍 𝒙 𝑪𝒅 ou 𝑪𝒍 𝒙 𝜶, para diferentes valores de Reynolds, como nas Figuras 8 e 9. Figura 8 Relação Cl/α de um perfil aerodinâmico Fonte: Hansen, 2008 Figura 9 Relação Cl/Cd de um perfil aerodinâmico Fonte: Hansen, 2008 25 Fazendo uma análise gráfica nessas duas imagens, percebe-se que na relação entre 𝑪𝒍 e 𝜶 há um trecho em que o coeficiente de sustentação cresce linearmente com o ângulo de ataque e com uma baixa dependência de Re, após esse intervalo ele atinge seu ponto máximo e depois decresce causando perda de sustentação já com uma dependência maior do número de Reynolds, esse “ponto” é conhecido como Stall e define o máximo ângulo de ataque que é possível alcançar com esse perfil. Na relação entre 𝑪𝒍 𝒙 𝑪𝒅, o diagrama apresenta um trecho em que o coeficiente de arrasto assume um comportamento quase constante com uma grande dependência do número de Reynolds, enquanto o coeficiente de sustentação sofre um grande aumento, até um ponto em que a situação se inverte, esse sendo o ponto de Stall. Unindo as informações dos dois gráficos, é possível definir o intervalo ótimo de α para encontrar a melhor relação 𝑪𝒍 𝑪𝒅 ⁄ . Figura 10 Mudança de ângulo de ataque que gera vórtices Fonte: Hansen, 2008 Esse comportamento é explicado por meio dos estudos de descolamento da camada limite, que ocorre no bordo superior do perfil aerodinâmico. Quando 26 presente o fenômeno da separação, a cada acréscimo de ângulo de ataque mais cedo esse efeito se apresenta e quanto mais cedo a camada limite se separar da superfície do aerofólio piores se tornam as condições de sustentação, os vórtices gerados por essa separação diminuem drasticamente o 𝑪𝒍. A camada limite, de acordo com HANSEN (2008), é camada de fluido nas imediações de uma superfície, onde sente-se os efeitos difusivos e a dissipação da energia mecânica, tendo sua espessura definida como a distância normal da parede 𝜹(𝒙) em que 𝒖(𝒙) 𝑼(𝒙)⁄ = 𝟎, 𝟗𝟗, sendo 𝒖(𝒙) a velocidade que vai da parede até a espessura 𝜹(𝒙) e 𝑼(𝒙) a velocidade do escoamento. Figura 11 Transição de escoamento da camada limite Fonte: Hansen, 2008 Analisando a Figura 11, o escoamento de ar faz contato com o perfil aerodinâmico no ponto chamado de ponto de estagnação (X), nele a velocidade é zero e a espessura da camada limite é muito pequena. Após esse contato, o escoamento se divide pelas partes superior e inferior do perfil aerodinâmico. Para compensar o raio de curvatura do extradorso (superfície de cima) do aerofólio, o escoamento é acelerado, criando assim um gradiente de pressão negativo 𝝏𝒑 𝝏𝒙⁄ < 𝟎. O escoamento inferior quase não sofre alteração, tendo em vista que a curvatura praticamente não muda comparado com a parte superior. Para satisfazer a condição de Kutta, as pressões do bordo superior e inferior do perfil devem ser iguais ao final da seção do aerofólio, então, para que isso seja possível, em um ponto do extradorso o escoamento começa a ser desacelerado. E caso a desaceleração ocorra numa região em que a camada limite esteja em regime laminar, há maior probabilidade de descolamento desta, que se ocorresse após o ponto de transição determinado pela Figura 11 de 𝑿𝒕𝒓𝒂𝒏𝒔, já que o regime turbulento é caracterizado por 27 ser mais estável em regiões de gradiente adverso de pressão e tambémpor um gradiente de velocidade mais inclinado na parede. O objetivo então é trabalhar os parâmetros para que a transição entre regimes de escoamento na camada limite ocorra antes da desaceleração do fluido, para que não haja descolamento e uma consequente perda de sustentação, o que em caso de turbinas eólicas significa perda de potência de eixo que não será convertida em energia elétrica. Esses parâmetros são essencialmente 𝑪𝒍 𝑒 𝑪𝒅 que são funções de α e Re. 4.1 Vórtices de esteira Embora as pás de uma turbina eólica tenham a seção transversal de um perfil aerodinâmico, a análise do escoamento que é feita sobre elas é diferente da análise 2D feita em um aerofólio de seção constante. Os estudos dessa seção se concentram nos vórtices que são criados pelo escoamento ao redor de perfis aerodinâmicos em uma visão espacial (3D). Primeiramente, será realizada uma análise levando em consideração uma asa como sendo um corpo alongado e de comprimento finito com um aerofólio como seção transversal. Como dito, a diferença de pressão nas extremidades do aerofólio gerada pelo escoamento é o fenômeno responsável por gerar a sustentação. Entretanto, ao contornar o perfil, as linhas de corrente não seguem um curso inalterado, elas são defletidas, as linhas da parte superior são direcionadas para fora da asa e as da parte inferior são jogadas para fora, como segue na Figura 12. Segundo HANSEN (2008), O choque delas ao se encontrarem no bordo de fuga geram linhas de vórtices, são os chamados vórtices de esteira. Existem dois tipos de vórtices, os vórtices de superfície e os livres. Os vórtices de superfície modelam a sustentação do perfil, enquanto que os livres (na ponta da asa) induzem, pela lei de Biot-Savart, uma velocidade negativa em qualquer ponto da asa. Ela tem origem em sua extremidade, representada pelo ponto P na Figura 13, o que mostra que a intensidade desses vórtices fica maior conforme se aproxima do fim da envergadura, aumentando a velocidade induzia e consequentemente o arrasto induzido. O total das velocidades induzidas na seção de uma asa é chamado de Downwash. 28 Figura 12 Mudança de direção das linhas de corrente Fonte: Hansen, 2008 Figura 13 Velocidade induzida pelos vórtices Fonte: Hansen, 2008 Dessa forma, a velocidade do vento 𝑽∞ e a velocidade induzida W se tornam componentes da velocidade relativa 𝑽𝒆 gerada. Os 𝛼𝑒 , 𝛼𝑖 𝑒 𝛼𝑔 são respectivamente, ângulo de ataque efetivo, induzido e geométrico, nota-se que diferente de um escoamento analisado em 2D, o ângulo de ataque efetivo não é mais medido em relação a velocidade do vento e sim a uma velocidade relativa. A força resultante R é gerada a 90° da velocidade relativa e quando decomposta, dá origem a sustentação local L e um arrasto conhecido como arrasto induzido 𝑫𝒊, mostrados na Figura 14. 29 Figura 14 DCL dos efeitos da velocidade induzida Fonte: Hansen, 2008 Nessa nova análise, percebe-se que o surgimento da velocidade induzida gerada pelos vórtices de deflexão cria novos elementos que alteram parâmetros importantes para o projeto de asa ou pá criada com seção de perfil aerodinâmico. Uma dessas diferenças é que a sustentação é limitada pelo Downwash, sendo normalmente menor na asa tridimensional do que na bidimensional, para o caso de um mesmo ângulo de ataque se as velocidades induzidas forem muito grandes como mostra a Figura 15. Outra é que essas condições agora são consideradas como condições locais, lembrando que nesta mesma seção é comentado que o arrasto induzido é gerado pelos vórtices que aumentam de intensidade ao longo da envergadura da asa, dessa forma mudando as condições de sustentação em cada uma de suas seções. 30 Figura 15 Comparação da sustentação em escoamento 2D e 3D Com relação as turbinas eólicas, se antes a análise foi feita com base em uma asa, uma turbina eólica é um rotor de eixo horizontal e possui pás com seções transversais de perfil aerodinâmico. À primeira vista parece ser a mesma análise, entretanto, o movimento rotacional das pás altera drasticamente os parâmetros em cada seção ao longo do raio do rotor. Figura 16 Velocidade relativa em uma pá eólica A velocidade do ar 𝑽𝒂𝒓, está sempre a normal da velocidade tangencial do rotor ou plano do rotor 𝑽𝒓𝒐𝒕𝒐𝒓 (ver Figura 16), entretanto, assumindo que a intensidade da velocidade tangencial é dada pela expressão 𝑽𝒓𝒐𝒕𝒐𝒓 = 𝝎 ∗ 𝒓, sendo 𝝎 a velocidade angular da turbina e 𝒓 o raio da seção transversal, a magnitude da velocidade tangencial muda com o comprimento do perfil. O ângulo local de ataque 𝜶 é uma função do ângulo de passo 𝜽, de forma que é obtido a partir da expressão: 𝛼 = 𝜙 − 𝜃 (4.4) 31 Quando 𝝓 é: 𝜙 = tan−1 𝑉𝑎𝑟 𝑉𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 (4.5) As pás rotativas de uma turbina horizontal geram vórtices similares às asas de movimento translacional, porém nesse caso, formam uma esteira de turbulência atrás do rotor, os vórtices de ponta geram esteira em uma grande distribuição helicoidal que cresce com relação ao diâmetro da turbina, com uma forma parecida com um cone, e os vórtices de raiz criam uma esteira no eixo de rotação logo atrás do hub do aerogerador, como mostrado na Figura 17. Além de similares em padrão, seus efeitos também são parecidos. Assim como o downwash que foi mencionado na seção anterior, eles geram uma velocidade axial oposta a velocidade do vento, que será chamada de fator de indução axial representada pela letra a. Como nesse caso também se faz presente movimento rotacional nas pás, outra velocidade oposta a velocidade tangencial do rotor é criada, sendo chamada de fator de indução tangencial, representado pela letra a’. Figura 17 Vórtices gerados por um rotor eólico Fonte: Hansen, 2008 32 Sendo o fator de indução axial uma velocidade linear oposta ela é tida como 𝒂𝑽𝟎, sendo 𝑽𝟎 a velocidade do vento sem perturbação e a velocidade tangencial oposta como 𝒂′𝒘𝒓, sendo assim: 𝑉𝑎𝑟 = (1 − 𝑎)𝑉0 (4.6) 𝑉𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 = (1 + 𝑎 ′)𝑤𝑟 (4.7) Esses dois fatores são obtidos mediante a aplicação de duas teorias que serão expostas a seguir 4.2 Teoria do momento linear (disco atuador) A teoria do momento linear, ou disco atuador, é explicada por HANSEN (2008) como sendo o modelo que examina um escoamento unidimensional, fluindo através de um disco ideal permeável. Ela fala que o escoamento é freado de 𝑽0 por um empuxo T gerado pela rotação do disco, deixando o fluido com velocidade 𝒖 na seção do rotor e logo depois 𝒖𝟏. O escoamento segue a pressão atmosférica 𝒑0 e com base no comportamento da velocidade do fluido ao longo do escoamento, no instante imediatamente antes do rotor, com o fluido freado a pressão sobe, no instante logo após do rotor a pressão cai abaixo da pressão atmosférica e depois aos poucos volta a estabilizar, assim como a velocidade. Figura 18 Teoria do disco atuador - volume de controle Fonte: Hansen, 2008 33 Assumindo as condições de contorno como sendo: rotor ideal de infinitas pás, escoamento estacionário, incompressível, sem atrito e sem ação de forças externas. Dessa forma é possível aplicar a equação de Bernoulli, para encontrar o empuxo gerado pelo rotor: 𝑝0 + 1 2 𝜌𝑉0 2 = 𝑝 + 1 2 𝜌𝑢2, (4.8) e: 𝑝 − ∆𝑝 + 1 2 𝜌𝑢2 = 𝑝0 + 1 2 𝜌𝑢1 2.(4.9) Sendo: ∆𝒑 a variação de pressão presente imediatamente antes e imediatamente depois do rotor, p a pressão imediatamente antes do rotor. Figura 19 Comportamento de velocidade e pressão ao longo do escoamento unidimensional Fonte: Hansen, 2008 Subtraindo a equações (4.8) de (4.9), obtém-se a variação de pressão durante a passagem do fluido pelo aerogerador: 34 ∆𝑝 = 1 2 𝜌(𝑉0 2 − 𝑢1 2), (4.10) Aplicando as equações de conservação da massa e quantidade de moimento ao disco atuador, tem-se: �̇�𝑠 = �̇�𝑒, (4.11) sendo: �̇�𝑒 = 𝜌𝑉0𝐴𝐶𝑉 (4.12) e �̇�𝑠 = 𝜌𝑢1𝐴1 + 𝜌𝑉0(𝐴𝐶𝑉 − 𝐴1) + �̇�𝑠𝑖𝑑𝑒. (4.13) A quantidade de movimento corresponde a equação: 𝐹𝑐𝑖 + 𝐹𝑔 + 𝑅𝑒𝑎çõ𝑒𝑠𝑖 = ∯ �̅�𝑖(𝜌�̅�𝑑𝐴) + 𝛿 𝛿𝑡 [∭ �̅� (𝜌𝑑∀)]. (4.14) Os dois primeiros termos são relacionados as forças que atuam no volume de controle, de contato e de campo, porém nesse caso ambas são zero, tendo em vista que não há forças de contato presentes e a única força de campo que poderia atuar seria a pressão, porém ela é igual tanto na entrada como na saída do volume de controle. O terceiro termo corresponde as forças de reação geradas pelo escoamento, e é igual ao empuxo 𝑻. O último termo é considerado igual a zero, visto que o escoamento é considerado como estacionário. Dessa forma: −𝑇 = 𝜌(𝑢1𝐴1) + 𝑉0[𝜌𝐴0(𝐴𝐶𝑉 − 𝐴1)] + 𝑉0�̇�𝑠𝑖𝑑𝑒 − 𝑉0(𝜌𝑉0𝐴𝐶𝑉). (4.15) Combinando as equações (4.11), (4.12) e (4.13), obtém-se: �̇�𝑠𝑖𝑑𝑒 = 𝜌𝐴1(𝑉0 − 𝑢1), (4.16) 35 substituindo a equação (4.16) na (4.15), tem-se: 𝑇 = 𝜌𝑢1𝐴1(𝑉0 − 𝑢1). (4.17) Aplicando a conservação da massa entre as seções 𝑨 e 𝑨𝟏, é possível perceber que: �̇� = 𝜌𝑢𝐴 = 𝜌𝑢1𝐴1. (4.18) Para um rotor ideal de infinitas pás, o empuxo 𝑻 sobre o disco representativo da turbina é dependente da queda de pressão, sendo assim: 𝑇 = ∆𝑝𝐴. (4.19) Desta forma, combinando as equações (4.10), (4.16), (4.17) e (4.18), tem-se: 1 2 𝜌(𝑉0 2 − 𝑢1 2) = 𝜌𝑢𝐴(𝑉0 − 𝑢1). (4.20) Assim, nota-se que a velocidade no plano do rotor é a média das velocidades de entrada e saída do volume de controle, como mostra a equação: 𝑢 = 1 2 (𝑉0 + 𝑢1). (4.21) Fazendo um balanço de energia no volume de controle, pode-se obter o valor da potência de eixo 𝑷 que é associada ao empuxo 𝑻 que é gerado pelo rotor: 𝑃𝑜𝑡 = �̇� ( 1 2 𝑉0 2 + 𝑝0 𝜌 − 1 2 𝑢1 2 − 𝑝0 𝜌 ). (4.22) No balanço de energia, vê-se que a pressão de entrada no volume de controle é igual a pressão de saída, o que cancela o segundo e quarto termo dentro dos parênteses, então, substituindo a equação (4.18) na (4.22), tem-se: 36 𝑃𝑜𝑡 = 1 2 𝜌𝑢𝐴(𝑉0 2 − 𝑢1 2). (4.23) 4.2.1 Coeficientes de Potência e Empuxo Lembrando que os vórtices gerados nas pás criam uma velocidade oposta ao sentido do fluxo, o fator de indução axial, assim, a velocidade do fluxo na seção do rotor é definida como: 𝑢 = (1 − 𝑎)𝑉0. (4.24) E combinando as equações (4.21) e (4.24), tem-se: 𝑢1 = (1 − 2𝑎)𝑉0. (4.25) Dessa forma, o fator de indução axial é definido como: 𝑎 = 𝑢−𝑉0 𝑉0 . (4.26) Assim, combinando as equações (4.9), (4.15), (4.16) e (4.17), são obtidas as expressões para potência e empuxo, respectivamente: 𝑃𝑜𝑡 = 2𝜌𝑉0 3𝑎(1 − 𝑎)2𝐴 (4.27) e 𝑇 = 2𝜌𝑉0 2𝑎(1 − 𝑎). (4.28) Quando o fluxo está presente na seção ocupada pelo rotor, não há mais a ação da velocidade contrária, ou seja, o fator de indução axial não se faz mais presente, dessa forma determina-se a potência disponível no vento, que é: 𝑃𝑜𝑡𝑑𝑖𝑠 = 1 2 𝜌𝐴𝑉0 3. (4.29) 37 O coeficiente de potência representa a fração máxima de energia a ser extraída do vento pelo aerogerador, e é definido como sendo a potência extraída pelo rotor, dividida pela potência existente no vento: 𝐶𝑝 = 𝑃𝑜𝑡 1 2 𝜌𝐴𝑉0 3 . (4.30) Fazendo uma análise rápida, é possível observar que como a densidade do ar é 800 vezes menor que a da água, a potência de turbinas eólicas é muito menor que potência das turbinas hidráulicas. Tornando agora o 𝑪𝑝 uma função do fator de indução axial, combinando as equações (4.27) e (4.30), tem-se: 𝐶𝑝 = 4𝑎(1 − 𝑎) 2. (4.31) 4.2.2 Limite de Betz Segundo Albert Betz, os melhores registros teóricos de aproveitamento eólico num escoamento permanente nunca ultrapassaram os 59%, indicando isto que o coeficiente máximo de potência é 0.59. Este valor indica que um rotor ideal projetado para funcionar de tal forma que a velocidade do vento no rotor é 2/3 da velocidade do vento no seu livre percurso e 8/9 dessa energia é desperdiçada através de uma velocidade de esteira diferente de zero, a produto desses dois fatores, resulta no coeficiente máximo teórico, analisando o valor máximo da função de 𝐶𝑃 como mostra a Figura 20. O cálculo foi feito por ele da seguinte forma: 𝑑𝐶𝑝 𝑑𝑎 = 4(1 − 𝑎)2 − 8𝑎(1 − 𝑎) = 0. (4.32) Como resultado obtém-se o valor de 𝒂 = 𝟏 𝟑⁄ . Substituindo esse valor na equação (4.31), obtém-se: 𝐶𝑝𝑚á𝑥 = 0,592. (4.33) A força que é exigida no rotor também pode ser normalizada considerando a energia do vento como base. É feito dividindo o empuxo gerado, pela potência 38 existente no vento. Desta maneira, o coeficiente de empuxo 𝑪𝑻 é definido como sendo: 𝐶𝑇 = 𝑇 1 2 𝜌𝑉0 2𝐴 . (4.34) Combinando as equações (4.28) e (4.34): 𝐶𝑇 = 4𝑎(1 − 𝑎). (4.35) Figura 20 Limite de Betz 4.3 Teoria do disco rotor (elemento de pá) 4.3.1 Efeitos da rotação O eixo do rotor da turbina eólica é acoplado a um gerador de energia elétrica que completa a conversão de energia mecânica em energia elétrica. Neste processo, o gerador gera um torque, em sentido contrárioao torque exercido pelo 39 vento, que é proporcional à energia elétrica gerada. Em condições de equilíbrio, estes torques se igualam e a velocidade angular permanece constante. A geração de torque no rotor pela passagem do vento produz um torque igual e contrário no ar. Isto significa que o ar, após o rotor da turbina, adquire um movimento angular com rotação contrária à rotação do rotor, que inexistia no vento a montante da turbina, isso é a chamada rotação de esteira. Essa rotação não existe em um rotor ideal, mas em um real ela está presente, por esse motivo faz-se necessário quantifica-la. Para tanto, a Figura 21 mostra um esquemático 2D da seção transversal de uma pá de aerogerador, com o triângulo de velocidades na entrada e na saída do perfil. Figura 21 Triângulo de velocidades de uma pá Fonte: Hansen, 2008 Pelos conceitos já explicados, a velocidade 𝒖 e o escoamento do ar pelo perfil irá provocar rotação no rotor, a relação entre a velocidade do vento e a velocidade tangencial 𝑽𝒓𝒐𝒕𝒐𝒓 faz aparecer 𝑽𝒓𝒆𝒍,𝟏, no bordo de fuga o ar deixa como 𝑽𝒓𝒆𝒍,𝟐, para ângulos de ataque pequenos essa velocidade é tangencial ao perfil. O vetor 𝑪 representa a velocidade absoluta criada pela rotação de esteira, suas componentes são 𝑪𝜽, que é a velocidade tangencial induzida, contrária a velocidade de velocidade de rotação do rotor e 𝑪𝒂, que é igual a 𝒖. Na seção 4.2, o rotor foi assumido como sendo ideal, isso quer dizer que não havia rotação de esteira, assim o valor da 40 velocidade tangencial induzida era igual 𝒂′𝒘𝒓, dessa vez, usando um rotor real, tem- se: 𝐶𝜃 = 2𝑎′𝑤𝑟. (4.36) 4.3.2 Teoria do Momento angular (Elemento de Pá) Como visto, a velocidade tangencial não é a mesma ao longo do raio do rotor, pode-se dizer também que o torque não é o mesmo, ou seja, a velocidade induzida também será diferente ao longo do raio. Para fazer essa análise mais precisa é necessário utilizar um método diferencial, considera-se esses efeitos em apenas um anel anular, de raio 𝒓 e de espessura 𝒅𝒓, dessa forma é possível analisar a variação dos parâmetros em cada elemento. Figura 22 Representação do elemento anular num rotor de raio R Fonte: Hansen, 2008 O torque no anel, é igual ao momento angular gerado pelo escoamento que passa pelo rotor. BURTON et al (2001) esse torque é uma relação entre o fluxo de massa, mudança de velocidade tangencial e o raio, então, combinando com a equação (4.36), tem-se: 41 𝑑𝑀 = 4𝜋𝑤𝑉0𝑎 ′(1 − 𝑎)𝑟3𝑑𝑟. (4.37) Levando em consideração que 𝑷 = 𝑴𝒘, a expressão para a potência na forma diferencial fica a seguinte: 𝑑𝑃 = 4𝜋𝑤2𝑉0𝑎 ′(1 − 𝑎)𝑟3𝑑𝑟. (4.38) Caso o ângulo de ataque local esteja abaixo do ângulo de stall, 𝒂 e 𝒂′ não são independentes, por isso uma relação entre essas variáveis precisa ser estabelecida. Segundo BURTON et al (2001), o total de potência extraída da desaceleração do vento, é determinada pela taxa de variação do momento axial, esta é representada pela equação (4.27): 𝑑𝑃 = 2𝜌𝑉0 3𝑎(1 − 𝑎)2𝐴, sendo 𝒅𝑷 representado pela equação (4.38), tem-se: 4𝜋𝑤2𝑉0𝑎 ′(1 − 𝑎)𝑟3𝑑𝑟 = 2𝜋𝑟2𝜌𝑉0 3𝑎(1 − 𝑎)2𝑑𝑟, então: 𝑤2𝑟2𝑎′ = 𝑉0 2𝑎(1 − 𝑎). Se considerar 𝝀𝑟 = 𝒘𝒓 𝑽𝟎⁄ , isso é chamado de relação local de velocidade. E também 𝝀 = 𝒘𝑹 𝑽𝟎⁄ , sendo 𝑹 o raio total do rotor, isso é conhecido como relação de velocidade de ponta, tem-se: 𝑎(1 − 𝑎) = 𝜆𝑟 2𝑎′. (4.39) Agora, usando a equação (4.38), usando o termo 𝝀𝒓 e fazendo uma manipulação algébrica: 42 𝑑𝑃 = 𝑑𝑀𝑤 = ( 1 2 𝜌𝑉0 32𝜋𝑟𝑑𝑟) 4𝑎′(1 − 𝑎)𝜆𝑟 2, sendo, de acordo com BURTON et al (2001), o primeiro termo o fluxo de massa que passa pelo elemento anular e o segundo a eficiência do elemento: 𝜂𝑟 = 4𝑎′(1 − 𝑎)𝜆𝑟 2. (4.40) Para o coeficiente de potência: 𝑑 𝑑𝑟 𝐶𝑝 = 8𝑎′(1 − 𝑎)𝜆² ( 𝑟 𝑅 ) 3 𝑑𝑟. (4.41) 4.3.3 Potência Máxima Matematicamente, a derivada de uma função representa a inclinação da curva no ponto, então se a igualarmos a zero tem-se aí uma inclinação igual a 0°, o que significa um ponto de máximo ou mínimo. Dessa forma para obter os valores de a e a’ para que seja encontrada a máxima potência, usa-se a função 𝒇(𝒂, 𝒂′) = 𝒂′(𝟏 − 𝒂) que vem da equação (4.40), sendo ela composta pelo termo responsável pela variação da eficiência do elemento e consequentemente da potência, BURTON et al (2001) faz as deduções seguintes: 𝑑 𝑑𝑎′ 𝑎 = 1−𝑎 𝑎 (4.42) Assim, usando a equação (4.39): 𝑑 𝑑𝑎′ 𝑎 = 𝜆𝑟 2 1−2𝑎 𝑎′𝜆𝑟 2 = (1 − 𝑎)(1 − 2𝑎) (4.43) Dessa forma é possível encontra uma expressão para a’: 𝑎′ = 𝑎(1−𝑎) 𝜆2( 𝑟 𝑅 ) 2 (4.44) 43 Sabendo que para um 𝑪𝑷,𝒎á𝒙, a tem que ser 1/3, obtém-se da equação (4.41): 𝐶𝑃 = ∫ 8𝑎′(1 − 𝑎)𝜆² ( 𝑟 𝑅 ) 3 𝑑𝑟 𝑅 0 Usando a = 1/3: 𝐶𝑃 = 4𝑎(1 − 𝑎) 2 = 16 27 . Isso valida a teoria do limite de Betz, sabendo que 16/27 é igual a 0,592. 44 5 BEM (Blade Element Momentum) A metodologia BEM combina a teoria do elemento de pá e a teoria do momento. Ela é usada para calcular as forças em cada seção de uma pá de turbina eólica como afirma HANSEN (2008). Essa combinação é feita para minimizar a dificuldade de calcular as velocidades induzidas no rotor. A metodologia BEM que foi aplicada no trabalho foi a de Glauert (1935) e será ela mostrada nessa seção, proporciona que sejam calculadas todos os carregamentos, velocidades e ângulos envolvidos, em cada seção de uma pá, para que haja o melhor aproveitamento da energia cinética do vento. Para que a metodologia BEM seja aplicada, HANSEN (2008) diz que é necessário que duas considerações precisem ser feitas: Sem dependência radial: o que acontece em um elemento não influencia os vizinhos; A força sobre a pá é constante em cada elemento: essa hipótese corresponde a assumir um aerogerador com infinitas pás. Alguns fatores de correção serão adicionados mais a frente para compensar as considerações feitas. Como visto anteriormente, a velocidade tangencial varia de acordo com o raio, isso provoca uma mudança em todos os parâmetros a cada seção ao longo do comprimento da pá, dessa forma, todos os parâmetros são calculados em função de 𝒓. Figura 23 Ângulos para posicionamento do perfil aerodinâmico 45 A Figura 23 ilustra os ângulos presentes em cada seção, 𝜷 como o ângulo de twist, 𝜽 o ângulo de passo, 𝜶 é o ângulo de ataque. O perfil sempre é selecionado para as condições de 𝑪𝒍 𝑪𝒅⁄ ≅ 𝒎á𝒙 e com condições geométricas sempre obtidas visando as condições de 𝑪𝒑 máximo (limite de Betz), dessa forma: tan 𝜙 = 𝑢 𝑉𝑟𝑜𝑡𝑜𝑟 = (1−𝑎)𝑉0 (1+𝑎)𝑤𝑟 , tan 𝜙(𝑟) = (1−𝑎)𝑉0 𝑤𝑟 . (5.1) Assumindo então, pelo limite de Betz, 𝒂 = 𝟏 𝟑⁄ , multiplicando e dividindo a equação (5.1) por 𝑹, que corresponde ao raio do rotor, obtém-se: tan 𝜙(𝑟) = 2 3 𝑅 𝑟𝜆 ,(5.2) sendo: 𝜆−1 = 𝑉0 𝑤𝑅 . (5.3) Sabendo que o ângulo de ataque local é 𝜶(𝒓) = 𝝓(𝒓) − 𝜽(𝒓): 𝛼(𝑟) = tan−1 2 3 𝑅 𝑟𝜆 − 𝜃(𝑟). (5.4) Diferente da aerodinâmica de uma asa, que foi apresentado em seções anteriores, em um rotor, o arrasto e a sustentação são direcionados paralelo e perpendicular, respectivamente, a velocidade relativa 𝑽𝒓𝒆𝒍 e não a velocidade do vento, devido ao movimento de rotação que o sistema possui. Assim, é possível determinar essas forças a partir das equações: 𝑑𝐿 = 1 2 𝜌𝑉𝑟𝑒𝑙 2 (𝑐(𝑟)𝑑𝑟)𝐶𝑙 (5.5) e 46 𝑑𝐷 = 1 2 𝜌𝑉𝑟𝑒𝑙 2 (𝑐(𝑟)𝑑𝑟)𝐶𝑑, (5.6) Figura 24 Carregamento em uma seção de pá sendo 𝒄(𝒓) a corda do perfil, em função do raio, 𝑪𝒍 o coeficiente de sustentação e 𝑪𝒅 o coeficiente de sustentação. Então, para encontrar as forças normal e tangencial ao plano do rotor, projeta-se a resultante dessas forças, como mostrado na Figura 24, obtendo assim: 𝑑𝑃𝑇 = 𝑑𝐿 sin 𝜙 − 𝑑𝐷 cos 𝜙 (5.7) e 𝑑𝑃𝑁 = 𝑑𝐿 cos 𝜙 + 𝑑𝐷 sin 𝜙. (5.8) Essas equações podem ser normalizadas, tendo assim os coeficientes de força normal e tangencial como: 𝐶𝑛 = 𝐶𝑙 sin 𝜙 + 𝐶𝑑 cos 𝜙 (5.9) 47 e 𝐶𝑡 = 𝐶𝑙 sin 𝜙 − 𝐶𝑑 cos 𝜙. (5.10) quando: 𝐶𝑛 = 𝑑𝑃𝑛 1 2 𝜌𝑉𝑟𝑒𝑙 2 𝑐 (5.11) e 𝐶𝑡 = 𝑑𝑃𝑡 1 2 𝜌𝑉𝑟𝑒𝑙 2 𝑐 . (5.12) É percebido que 𝒅𝑷𝑇 e 𝒅𝑷𝑵 são componentes de força por comprimento que atuam no anel anular usado como volume de controle 𝒓𝒅𝒓, que vão gerar uma foça normal ao plano do rotor e uma força tangencial, o torque, que têm expressões que se assemelham as forças de sustentação e arrasto. Dessa maneira a normal e o torque são respectivamente mostradas abaixo: 𝑑𝑇 = 𝐵𝑃𝑁𝑑𝑟 (5.13) e 𝑑𝑀 = 𝐵𝑃𝑇𝑟𝑑𝑟, (5.14) sendo 𝑩 o número de pás. Os termos 𝑷𝑵 e 𝑷𝑇 podem também ser substituídos pelas suas formas normalizadas. A partir daí é possível usar esse torque 𝒅𝑴 para calcular a potência convertida. Primeiro usando a forma normalizada da força tangencial: 𝑑𝑀 = 1 2 𝜌𝑉𝑟𝑒𝑙 2 𝑐(𝑟)𝑑𝑟(𝐶𝑙 sin 𝜙 − 𝐶𝑑 cos 𝜙) 48 O último termo dessa expressão acaba sendo zero, tendo em vista que o coeficiente de arrasto não influenciará na força de sustentação, não contribuindo para a potência de eixo, então: 𝑑𝑀 = 1 2 𝜌𝑉𝑟𝑒𝑙 2 𝑐(𝑟)𝑑𝑟𝐶𝑙 sin 𝜙. (5.15) A partir daí, a potência convertida é obtida, levando em consideração as condições de rotação, 𝒓𝒘, e o número de pás. Para então chegar na expressão: 𝑑𝑃𝑜𝑡 = 1 2 𝐵𝜌𝑉𝑟𝑒𝑙 2 𝑐(𝑟)𝐶𝑙 sin 𝜃 𝑤𝑟𝑑𝑟, (5.16) Lembrando que pelo limite de Betz, a potência convertida se dá pela equação: 𝒅𝒑𝒐𝒕 = 𝟎, 𝟓𝟗𝟐 𝟏 𝟐 𝝆𝟐𝝅𝑽𝟎 𝟑𝒓𝒅𝒓, igualando-a com a equação (5.16), é obtida a expressão para a corda: 𝑐(𝑟) = 0,592𝜋𝑉0 3 1 2 𝐵𝑉𝑟𝑒𝑙 2 𝐶𝑙 sin 𝜙𝑤 . (5.17) Onde a velocidade relativa é representada por: 𝑉𝑟𝑒𝑙 = √(𝑤𝑟)2 + ( 2 3⁄ 𝑉0) 2. (5.18) Além disso, ainda há uma relação entre o comprimento da corda do perfil e o comprimento da circunferência em um determinado raio 𝒓, essa relação é chamada de coeficiente de solidez. Deste modo, quanto maior for o número de pás, maior será o valor deste coeficiente. Quando esse parâmetro é elevado, significa que existe maior massa para mover, condicionando assim a velocidade específica, isto é, menor velocidade de operação da turbina. Menor velocidade significa menor capacidade de produzir corrente elétrica. Com isso, conclui-se que o ideal seria obter o valor mínimo possível para esse coeficiente, sem que a estrutura do rotor comprometa o funcionamento adequado do aerogerador, ele é definido por: 49 𝜎(𝑟) = 𝑐(𝑟)𝐵 2𝜋𝑟 . (5.19) Lembrando que a metodologia BEM combina as teorias do elemento de pá e do momento linear. Do que se conhece da teoria de escoamento 1-D (disco atuador), é gerado um empuxo que reduz a velocidade do vento na seção do rotor de 𝑽𝟎 para 𝒖. Assim sendo, na seção 5.3, essa força axial foi definida pela expressão: 𝑻 = 𝝆𝒖𝑨(𝑽𝟎 − 𝒖𝟏). Agora aplicando isso na teoria do anel anular e sabendo que o elemento de área é definido 𝟐𝝅𝒓𝒅𝒓, é obtido: 𝑑𝑇 = 𝜌𝑢(𝑉0 − 𝑢1)2𝜋𝑟𝑑𝑟. (5.20) A velocidade após o rotor foi definida em seções anteriores como: 𝒖𝟏 = (𝟏 − 𝟐𝒂)𝑽𝟎. Com 𝒖 = (𝟏 − 𝒂)𝑽𝟎 o empuxo se torna: 𝑑𝑇 = 4𝜋𝜌𝑉0 2𝑎(1 − 𝑎)𝑟𝑑𝑟. (5.21) Sabe-se também que o torque gerado no volume de controle anular é fruto da relação entre o fluxo de massa e a velocidade de rotação do vento a jusante do rotor, é definido assim como na seção 4.4.2: 𝑑𝑀 = 𝐶𝜃𝑟𝑑�̇� = 2𝜋𝜌𝑢𝐶𝜃𝑟 2𝑑𝑟. (5.22) Sabendo também que 𝑪𝜽 = 𝟐𝒂′𝒘𝒓: 𝑑𝑀 = 4𝜋𝜌𝑉0𝑤(1 − 𝑎)𝑎′𝑟 3𝑑𝑟. (5.23) Então, a potência é definida como: 𝑑𝑃𝑜𝑡 = 4𝜋𝜌𝑉0𝑤(1 − 𝑎)𝑎′𝑟 3𝑑𝑟. (5.24) Normalizando as equações de torque e empuxo apresentadas acima, com as de força normal e torque apresentadas no começo da seção e aplicando o conceito 50 de solidez, é possível encontrar expressões para os fatores de indução axial e tangencial. Sendo assim, igualando (5.13) e (5.21): 𝑎 = 1 4 sin² 𝜑 𝜎𝐶𝑛 +1 . (5.25) Para o fator de indução tangencial: 𝑎′ = 1 4 sin 𝜑 cos 𝜑 𝜎𝐶𝑡 −1 . (5.26) 5.1 Fator de Correção de Prandtl Para as equações mostradas anteriormente, era assumido que o rotor teria infinitas pás, porém como se sabe o sistema de vórtices é diferente em um rotor de infinitas pás e em um de pás finitas. Sendo assim, segundo HANSEN (2008) Prandtl adicionou um fator 𝑭 nas equações (5.21) e (5.23), sendo esse fator definido por: 𝐹 = 2 𝜋 cos−1(𝑒−𝑓), (5.27) quando: 𝑓 = 𝐵 2 𝑅−𝑟 𝑟 sin 𝜙 . (5.28)Dessa forma, o fator de indução axial é redefinido como sendo: 𝑎 = 1 4𝐹 sin² 𝜙 𝜎𝐶𝑛 +1 (5.29) e o fator de indução tangencial: 𝑎′ = 1 4𝐹 sin 𝜙 cos 𝜙 𝜎𝐶𝑡 −1 . (5.30) 5.2 Fator de Correção de Glauert 51 HANSEN (2008) fala que em determinados momentos, quando o valor da indução axial é muito alto, isso por volta de 0,4, a teoria da quantidade de movimento não gera valores condizentes. Então é necessário gerar uma nova relação entre o coeficiente de empuxo 𝑪𝑻 e o fator de indução axial 𝒂. Isso pode ser feito de duas maneiras: 𝐶𝑇 = { 4𝑎(1 − 𝑎)𝐹, 𝑎 ≤ 1 3 4𝑎 (1 − 1 4 (5 − 3𝑎)𝑎) 𝐹, 𝑎 > 1 3 (5.31) ou: 𝐶𝑇 = { 4𝑎(1 − 𝑎)𝐹, 𝑎 ≤ 𝑎𝑐 4(𝑎𝑐 2 + (1 − 2𝑎𝑐)𝑎)𝐹, 𝑎 > 𝑎𝑐 . (5.32) Nesta seção será usada a segunda equação, sendo 𝒂𝒄 = 𝟎, 𝟐. O coeficiente de empuxo para um elemento anular, traz sua definição com relação a equação da força de empuxo definida anteriormente nesta seção: 𝐶𝑇 = 𝑑𝑇 1 2 𝜌𝑉0 22𝜋𝑟𝑑𝑟 . (5.33) Substituindo 𝒅𝑻, tem-se: 𝐶𝑇 = (1−𝑎)2𝜎𝐶𝑛 sin² 𝜙 . (5.34) Igualando essa expressão com a (5.32), é possível encontrar uma nova equação para o fator de indução axial. Se caso 𝒂 < 𝒂𝒄, a expressão será a mesma da (5.29). Mas caso 𝒂 > 𝒂𝒄, tem-se: 4(𝑎𝑐 2 + (1 − 2𝑎𝑐)𝑎)𝐹 = (1−𝑎)2𝜎𝐶𝑛 sin² 𝜑 52 𝑎 = 1 2 [2 + 𝐾(1 − 2𝑎𝑐) − √(𝐾(1 − 2𝑎𝑐) + 2)2 + 4(𝐾𝑎𝑐2 − 1)]. (5.35) Quando: 𝐾 = 4𝐹 sin² 𝜙 𝜎𝐶𝑛 . (5.36) 53 6 Metodologia Como mencionado no começo, o objetivo é apresentar o projeto aerodinâmico de um rotor de aerogerador de eixo horizontal de baixa potência. Com o intuito de futuramente poder construir essas pás e fazer experimentos. Todo o conteúdo exibido até agora serve como base para fundamentar as escolhas de projeto e os cálculos para justificar a geometria final do protótipo. Nessa seção, serão apresentados os parâmetros escolhidos para o perfil do rotor, bem como as condições em que este projeto deverá ser aplicado. 6.1 Perfil aerodinâmico Como visto, a pá de um aerogerador tem perfil de aerofólio e os tipos de aerofólios mais usados, tanto na aviação quanto em turbinas eólicas, são os dos modelos NACA (National Advisory Committee for Aeronautics). Esses modelos são divididos em várias classes, tendo sido a 23xxx a mais utilizada em turbinas eólicas nos anos 80. Cada uma dessas classes possui características de sustentação e arrasto diferentes. No caso deste projeto o ideal é ter a maior relação 𝑪𝑳/𝑪𝑫 possível, para essa análise, foi consultado o site airfoiltools.com, que possui um banco de dados de todos os perfis NACA, contendo informações de coeficientes de sustentação, arrasto e também de ângulo de ataque para cada condição de escoamento. Tomando como base que o perfil mais utilizado nos anos 80 foi o da classe de 5 dígitos, as relações sustentação/arrasto foram analisadas para todos os perfis dessa classe, sendo então selecionado o perfil NACA 25112, que possui geometria como na Figura 25. Tabela 1 Seleção de perfil com base em Máx CL/CD 54 Figura 25 Geometria do perfil NACA 25112 Depois disso foram traçados os diagramas de 𝑪𝑳 e 𝑪𝑫 em função do ângulo de ataque. Dessa forma o ponto de Stall foi definido como sendo: 𝛼𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 = 14,5° 𝐶𝐿,𝑚á𝑥 = 𝐶𝐿,𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 = 1,4701 𝐶𝐷,𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 = 0,03084 Figura 26 Comportamento do coeficiente de sustentação NACA 25112 -0.04 0.01 0.06 0.11 0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1 Perfil NACA 25112 -1.5 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 C L Ângulo de ataque α CL x Alpha 55 Figura 27 Comportamento do coeficiente de arrasto NACA 25112 A base de dados Airfoil Tools fornece as condições de 𝑪𝑳 e 𝑪𝑫 para ângulos de ataque entre -15,25° até 17,75°. Dessa forma, foram estabelecidas equações que fossem capazes de calcular esses coeficientes, ambas funções polinomiais de 4º grau são elas: 𝐶𝐿 = −0,000003𝛼 4 − 0,0001𝛼3 + 0,0006𝛼2 + 0,123𝛼 + 0,1405 (6.1) 𝐶𝐷 = 0,0000008𝛼 4 + 0,000001𝛼3 − 0,00003𝛼2 − 0,0004𝛼 + 0,0088 (6.2) No caso de ângulos acima do stall, e isso é importante pois na rotina para aplicar o método BEM será necessário, foi estabelecida uma função proposta por Guidelines for design of wind turbines, sendo o 𝑪𝑫,𝒎á𝒙 = 𝟏, 𝟎𝟎: 𝐶𝐿 = 𝐴1 sin 2𝛼 + 𝐴2 cos² 𝛼 sin 𝛼 (6.3) 𝐴1 = 𝐵1 2 0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20 C D Ângulo de ataque α CD x Alpha 56 𝐴2 = (𝐶𝐿,𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 − 𝐶𝐷,𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 sin 𝛼𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 cos 𝛼𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙) sin 𝛼𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 cos² 𝛼𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 𝐶𝐷 = 𝐵1 sin² 𝛼 + 𝐵2 cos 𝛼 + 𝐶𝐷,𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 (6.4) 𝐵1 = 𝐶𝐷,𝑚á𝑥 𝐵2 = 1 cos 𝛼𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 (𝐶𝐷,𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙 − 𝐶𝐷,𝑚á𝑥 sin 2 𝛼𝑠𝑡𝑎𝑙𝑙) 6.2 Passos de implementação do método BEM Para os cálculos que existem na implementação da metodologia BEM, foi elaborado um código em VBA (Visual Basic for Application) em Excel. Esse código é mostrado no ANEXO B. 1º Passo – Determinar o Raio do Rotor: O raio do rotor foi determinado a partir da potência de projeto escolhida de 150 W. Para isso usou-se a equação: 𝑃 = 𝐶𝑃𝜌𝜂 1 2 𝜋(𝑅2 − 𝑅0 2)𝑉0 3 Onde os parâmetros iniciais foram escolhidos e estão dispostos na tabela 2 abaixo: 57 Tabela 2 Dados iniciais para implementação do BEM O valor de 𝑪𝑷 representa o valor máximo possível, de acordo com o limite de Betz. Com relação a eficiência de conversão, normalmente os conversores ficam em torno de 95 a 98%, para ser conservador foi adotado então 95%. A velocidade do vento foi uma decisão de projeto, baseada em AMARANTE et al (2001). A densidade do ar foi assumida como um valor médio 1,23 Kg/m³, pois sua determinação exata pode variar de acordo com a altura e temperatura, entretanto essa variação não é tão grande, tendo em vista que nesse caso não se trabalha com mudanças tão grandes de altura e temperatura. 𝑹𝟎 é o raio de raiz do rotor, foi escolhido para esse projeto como igual a 𝟎, 𝟏𝟓 ∗ 𝑹. Dessa forma, o raio do rotor foi determinado mediante a equação da potência, aplicada em um código VBA, que está disponível para consulta nos anexos desse trabalho, para automatização dos cálculos, o resultado é mostrado na tabela abaixo: Tabela 3 Cálculo do raio do rotor 2º Passo – Determinar relação de velocidade de ponta de pá: A velocidade de ponte de pá possui uma relação com o número de pás, quanto mais pás menor é a relação de ponta o que é mostrado na tabela abaixo: 58 Tabela 4 Relação de ponta de pá Assim, faz-se necessário determinar primeiro o número de pás do rotor, que foi escolhido como 3, sendo assim, o 𝝀 ideal varia entre 5 e 8, sendo selecionado o valor 7. De posse dessas informações, é possível determinar a rotação de operação do rotor pela equação de relação de ponta: 𝜆 = 𝑤𝑅 𝑉0 → 𝑤 = 𝜆𝑉0 𝑅 = 7 ∗ 7 0,64 = 76,5625 𝑟𝑎𝑑/𝑠 3º Passo – Escolher aerofólio Como dito anteriormente, o perfil de aerofólio foi
Compartilhar