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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE GRADUAÇÃO DE FARMÁCIA CÍNTIA GABRIELA DE SOUZA LACERDA DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE FINGERPRINT POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA PARA O EXTRATO HIDROETANÓLICO DAS FOLHAS DE Moringa oleifera NATAL – RN 2022 CÍNTIA GABRIELA DE SOUZA LACERDA DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE FINGERPRINT POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA PARA O EXTRATO HIDROETANÓLICO DAS FOLHAS DE Moringa oleifera Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Farmácia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título do grau bacharel em Farmácia. Orientadora: Profª Dra. Silvana Maria Zucolotto Langassner Co-orientadora: MSc. Larissa Marina Pereira Silva NATAL – RN 2022 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE GRADUAÇÃO DE FARMÁCIA CÍNTIA GABRIELA DE SOUZA LACERDA DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE FINGERPRINT POR CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA PARA O EXTRATO HIDROETANÓLICO DAS FOLHAS DE Moringa oleifera Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Farmácia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título do grau bacharel em Farmácia. Aprovado em: Banca Examinadora __________________________ Profª. Silvana Maria Zucolotto Langassner, Drª, UFRN __________________________ Julia Morais Fernandes, Drª, Université de Paris __________________________ Prof. Leandro de Santis Ferreira, Dr., UFRN AGRADECIMENTOS Agradeço à Universidade Federal do Rio Grande do Norte por ter me permitido a oportunidade de desenvolvimento acadêmico e pessoal, ao Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais Bioativos por todas as experiências e por sempre me ajudarem quando necessitei. A minha orientadora, Professora Silvana, que me acolheu no início do curso e viu potencial em meu desenvolvimento. A minha co-orientadora, Larissa, que desde sempre me incentivou e apoiou nos momentos em que me sentia mais insegura. Vocês são inspiração para mim. A todos os professores pelas correções e ensinamentos, que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao longo do curso. Aos meus colegas de curso, com quem convivi intensamente durante os últimos anos, pela troca de experiências que me permitiram crescer não só no âmbito pessoal, como também no âmbito profissional. Aos meus amigos, que me apoiaram em todas as circunstâncias, com quem dividi meus melhores e piores momentos e sempre tinham tempo para me escutar e aconselhar. A minha família, minha mãe Rejane, meus irmãos João Emanuel e Lígia e ao meu companheiro de vida, Ronnier, que sempre me apoiaram nos momentos mais difíceis e compartilharam comigo minhas tristezas e alegrias. Dedico a vocês todo o meu sucesso. RESUMO Moringa oleifera Lam. é uma árvore de pequeno a médio porte e uma das 13 espécies pertencentes à família Moringaceae de único gênero. Devido ao seu amplo e antigo uso popular em diferentes regiões, esta espécie vem sendo estudada para tratamento de várias doenças. No entanto, faz-se necessário estabelecer parâmetros de controle de qualidade, visto que, não consta monografia desta espécie na Farmacopeia Brasileira. Um dos parâmetros exigidos no controle de qualidade dos fitoterápicos é a caracterização do perfil cromatográfico e a análise quantitativa do marcador em toda a cadeia produtiva. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver e validar uma metodologia de análise por Cromatografia em Camada Delgada para aplicação no controle de qualidade do extrato hidroetanólico das folhas de Moringa oleifera. Para tanto, foram utilizadas amostras autênticas, colhidas na Escola Agrícola de Jundiaí e que sofreram diferentes tratamentos: processadas em nitrogênio líquido “quenching” e secas em estufa a 40 °C. A amostra comercial de folhas secas utilizada foi obtida do centro comercial de Natal – Rio Grande do Norte. Os marcadores utilizados foram a isovitexina e vitexina, flavonoides que já foram identificados nessa espécie. O método foi desenvolvido com foco na caracterização do perfil flavonoídico, como método qualitativo, de identificação. Dessa forma, foram testadas várias fases móveis para obter um cromatograma com um perfil cromatográfico satisfatório. A fase móvel escolhida foi composta de acetato de etila: acetona: ácido acético: água (60:20:15:10, v/v/v/v). Os parâmetros avaliados foram a seletividade, precisão e robustez, seguindo as normas preconizadas pela RDC 166/2017. Para o parâmetro seletividade, foram utilizadas as amostras autênticas, comercial e os padrões comerciais. Foram observados os mesmos perfis cromatográficos para as amostras autênticas, porém a amostra comercial mostrou-se com o perfil diferente. A partir dos resultados obtidos, pode-se concluir que o método é seletivo, pois permitiu detectar um perfil cromatográfico diferente dos perfis encontrados para as amostras autênticas e permitiu separação das bandas de interesse, que são os padrões. Para o parâmetro precisão, foram escolhidos a repetibilidade e a precisão intermediária. A IN nº4, de 2014 preconiza que os DPR (%) entre as análises sejam inferiores a 15%. O método foi considerado preciso porque atendeu a essa especificação. Para o parâmetro de robustez, foram feitas pequenas alterações em algumas condições cromatográficas, sendo utilizado como critério de aceitação a variabilidade ≤ 0,1 para os resultados do fator de retenção. O método foi considerado robusto, pois todos os fatores de retenção ficaram dentro do intervalo proposto. Portanto, o método desenvolvido e validado por CCD para caracterizar o perfil flavonoídico e o fingerprint do extrato hidroetanólico das folhas de Moringa oleifera se mostrou seletivo, preciso e robusto. PALAVRAS CHAVE: Controle de qualidade; fitoterapia; perfil cromatográfico; Moringa oleifera ABSTRACT Moringa oleifera Lam. is a small to medium-sized tree and one of 13 species belonging to the Moringaceae family of a single genus. Due to its wide and ancient popular use in different regions, this species has been studied for the treatment of various diseases. However, it is necessary to establish quality control parameters, since there is no monograph of this species in the Brazilian Pharmacopoeia. One of the parameters required in the quality control of herbal medicines is the characterization of the chromatographic profile and the quantitative analysis of the marker throughout the production chain. In this context, the present work aimed to develop and validate an analysis methodology by Thin Layer Chromatography for application in the quality control of the hydroethanolic extract of Moringa oleifera leaves. For that, authentic samples were used, collected at Escola Agrícola de Jundiaí and which underwent different treatments: processed in liquid nitrogen “quenching” and dried in an oven at 40 °C. The commercial sample of dry leaves used was obtained from the commercial center of Natal - Rio Grande do Norte. The markers used were isovitexin and vitexin, flavonoids that have already been identified in this species. The method was developed focusing on the characterization of the flavonoid profile, as a qualitative identification method. In this way, several mobile phases were tested to obtain a chromatogram with a satisfactory chromatographic profile. The mobile phase chosen was composed of ethyl acetate:acetone: acetic acid: water (60:20:15:10, v/v/v/v). The parameters evaluated were selectivity, precision and robustness, following the standards recommended by RDC 166/2017. For the selectivity parameter, authentic samples, commercial samples and commercial standards were used. The same chromatographic profiles were observed for the authentic samples, however the commercial sample showed a different profile. From the results obtained, it can be concluded that the method is selective, as it allowed detecting a chromatographic profile different from the profiles found for the authentic samples and allowed the separation of the bands of interest, which are the standards. For the precision parameter, repeatability and intermediate precision were chosen. IN nº4, of 2014 recommends that the DPR (%) between the analyzes be less than 15%. The method was considered accurate because it met this specification. For the robustness parameter, small changes were made in some chromatographic conditions, being used as acceptance criterion the variability ≤ 0.1 for the results of the retention factor. The method was considered robust, as all retention factors were within the proposed range. Therefore, the method developed and validated by CCD to characterize the flavonoid profile and fingerprint of the hydroethanolic extract of Moringa oleifera leaves proved to be selective, accurate and robust. KEYWORDS: Quality control; phytotherapy; chromatographic profile; Moringa oleifera LISTA DE SIGLAS AcOEt Acetato de Etila CCD Cromatografia em Camada Delgada EAJ Escola Agrícola de Jundiaí HPTLC Cromatografia em Camada Delgada de Alta Fficiência IN Instrução Normativa MeOH Metanol MF Medicamento Fitoterápico PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares PNBIO Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais Bioativos PNPMF Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos PTF Produto Tradicional Fitoterápico RDC Resolução Diretoria Colegiada RF Fator de retenção RENAFITO Relação Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos RENISUS Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse para o SUS SUS Sistema Único de Saúde UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte LISTA DE FIGURAS FIGURA 1. - Distribuição da Moringa oleifera no Brasil............................................................ 15 FIGURA 2. - Testes exigidos no laudo de controle de qualidade exigido pela RDC nº. 26/2014 .......................................................................................................................................... 19 FIGURA 3. - Perfil cromatográfico de espécies do gênero Equitesum ........................................ 21 FIGURA 4. Processo de extração para amostra autêntica de Moringa oleifera ........................... 26 FIGURA 5. Preparação das replicatas para ensaio de Repetibilidade e Precisão Intermediária .. 28 FIGURA 6. Perfil cromatográfico para análise da Seletividade................................................... 31 FIGURA 7. Estruturas da Vitexina e Isovitexina ......................................................................... 33 FIGURA 8. Perfil cromatográfico para avaliação do parâmetro Precisão: Repetibilidade .......... 34 FIGURA 9. Perfil cromatográfico para avaliação do parâmetro Precisão: Precisão intermediária .................................................................................................................................. 37 FIGURA 10. Perfil cromatográfico para avaliação da Robustez: Mudança de fase móvel ......... 41 FIGURA 11. Perfil cromatográfico para avaliação da robustez: Tempo e configuração de saturação ........................................................................................................................................ 42 FIGURA 12. Influência da umidade e temperatura em uma amostra autêntica de Rizoma de Black cohosh .................................................................................................................................. 43 FIGURA 13. Perfil cromatográfico para avaliação da Robustez: Pré eluição da placa ............... 43 FIGURA 14. Perfil cromatográfico para avaliação da Robustez: Tipo de câmara: béquer ......... 44 LISTA DE TABELAS TABELA 1. Condições utilizadas para análise do parâmetro robustez ........................................ 29 TABELA 2. Fases móveis testadas durante o processo de desenvolvimento do método ............. 30 TABELA 3. Análise do parâmetro Seletividade em triplicata ...................................................... 32 TABELA 4. Análise do parâmetro Precisão: Repetibilidade ........................................................ 36 TABELA 5. Média, Desvio Padrão (DP) e Desvio Padrão Relativo (DPR) das zonas: Repetibilidade ................................................................................................................................ 36 TABELA 6. Análise do parâmetro Precisão: Precisão Intermediária ........................................... 38 TABELA 7. Média, Desvio Padrão (DP) e Desvio Padrão Relativo (DPR) das zonas: Precisão intermediária .................................................................................................................................. 39 TABELA 8. Faixa de aceitação para os parâmetros analisados na Robustez ............................... 40 LISTA DE QUADROS QUADRO 1. Condições Sistema cromatográfico selecionado para validação do método de Cromatografia em Camada Delgada para Moringa oleifera ............................................... 27 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 13 2 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................ 15 2.1 Moringa oleifera ...................................................................................................................... 15 2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS NO BRASIL .................................................................................................................................. 17 2.3 CONTROLE DE QUALIDADE E RDC Nº 26 DE MAIO DE 2014 ..................................... 18 2.4 VALIDAÇÃO DE CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA ................................. 20 3. OBJETIVOS ............................................................................................................................ 24 3.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................................................ 24 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................................. 24 4 METODOLOGIA ..................................................................................................................... 25 4.1 MATERIAL VEGETAL ......................................................................................................... 25 4.2 OBTENÇÃO DO EXTRATO ................................................................................................. 25 4.3 PREPARO DA AMOSTRA E PADRÕES PARA ANÁLISE ............................................... 26 4.4 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO ................................................................................. 26 4.5 SISTEMA CROMATOGRÁFICO .......................................................................................... 27 4.6 VALIDAÇÃO DO MÉTODO ................................................................................................27 4.6.1 Seletividade ......................................................................................................................... 28 4.6.2 Precisão ................................................................................................................................ 28 4.6.3 Robustez .............................................................................................................................. 29 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................. 30 5.1 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO ................................................................................. 30 5.2 SELETIVIDADE ..................................................................................................................... 31 5.3 PRECISÃO .............................................................................................................................. 34 5.3.1 Repetibilidade ..................................................................................................................... 34 5.3.2 Precisão intermediária ....................................................................................................... 37 5.4 ROBUSTEZ ............................................................................................................................ 39 6. CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 47 13 1. INTRODUÇÃO O uso de plantas medicinais para o tratamento de doenças vem sendo relatado há muitos anos. Em todas as sociedades antigas, como a egípcia, africana e chinesa, há algum tipo de registro desse conhecimento e uso. Para que se chegasse à conclusão sobre os benefícios de uma planta para determinada condição, o homem utilizava as próprias experiências empíricas, observando como se sentia e como os animais se comportavam e usavam determinadas plantas medicinais. Com o passar dos anos e juntamente com o desenvolvimento da sociedade, todos esses conhecimentos somados à sabedoria popular fizeram parte da criação da fitoterapia moderna. Uma das plantas que possui registros antigos de uso por parte da população é a Moringa oleifera (BORGES, SALES, 2018). Moringa oleifera Lam. é uma árvore de pequeno a médio porte, e uma das 13 espécies pertencentes à família Moringaceae de único gênero. É uma planta nativa da Ásia e África, de rápido e fácil cultivo e amplamente cultivada em regiões tropicais e subtropicais do mundo, tendo ampla distribuição pelo mundo (VARGAS-SÁNCHEZ; GARAY-JARAMILLO; GONZÁLEZ-REYES, 2019). No Brasil, essa espécie tem ocorrência em praticamente todas as regiões, se destacando principalmente no Nordeste (FLORA DO BRASIL, 2020). Popularmente, a espécie M. oleifera é conhecida como “moringa”, “acácia branca”, “árvore rabanete de cavalo”, “cedro”, “moringueiro” e “quiabo de quina” (PAULA, 2017). Devido ao seu amplo e antigo uso popular em diferentes países, essa espécie vem sendo estudada para tratamento de várias doenças, como cardiovasculares, neurológicas, gastroenterológicas, inflamatórias, diabetes e câncer (LIN; ZHANG; CHEN, 2018; VARGAS-SÁNCHEZ; GARAY-JARAMILLO; GONZÁLEZ-REYES, 2019). Embora seja uma planta amplamente difundida e utilizada em diferentes apresentações (fresca, cozida ou folhas secas), ainda há carência de estudos de controle de qualidade, além de ser uma planta que não consta monografia na Farmacopeia Brasileira, sendo uma abertura ainda maior para falhas no controle e garantia de qualidade. No ano de 2006, a utilização de plantas medicinais e fitoterápicos como forma de tratamento terapêutico ganhou maior amparo legal após a publicação da Portaria 971 (em 03 de maio de 2006), que dispõe sobre a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares e do Decreto 5.813 (em 22 de junho de 2006), que inseriu a Fitoterapia nos serviços do Sistema Único de Saúde (BRASIL, 2006a; BRASIL, 2006b). Entretanto, para que possa ser assegurado o uso seguro e eficaz de fitoterápicos, faz-se necessário o deferimento do registro sanitário. Para uma indústria farmacêutica obter o registro para comercialização de um fitoterápico, há uma série de requisitos para 14 comprovação da eficácia, segurança e qualidade. No que diz respeito à qualidade, a determinação do perfil cromatográfico da droga vegetal, do derivado vegetal e do produto acabado, constitui um dos parâmetros de qualidade exigidos pela legislação vigente (BRASIL, 2014a). A RDC nº 26/2014 dispõe sobre o registro sanitário de Medicamentos Fitoterápicos e o registro/notificação de Produtos Tradicionais Fitoterápicos. Os resultados dessa análise devem ser apresentados no laudo da droga vegetal, derivado vegetal e do produto acabado. Nos três laudos é exigido como parâmetro de identidade e qualidade o perfil cromatográfico com comparativo, através de imagem eletrônica para que possa ser garantida a identidade da matéria prima (BRASIL, 2014a). Embora o perfil cromatográfico para o controle de qualidade seja um dos requisitos exigidos para registro e comercialização de fitoterápicos, não é uma atividade analítica fácil de ser realizada, uma vez que tratam-se de matrizes complexas com uma ampla variedade de substâncias químicas, no qual fatores como cultivo, circunstâncias climáticas, armazenamento e processo extrativo podem alterar a matéria prima vegetal, acarretando contaminação ou descaracterização com fitoterápico (por exemplo: variações no perfil e/ou no teor dos compostos) (TRIPATHY et al., 2015). Assim, a análise do perfil cromatográfico de cada etapa da cadeia produtiva é de extrema importância como uma forma de garantir a estabilidade da matéria-prima durante a produção e para obtenção de um produto acabado com qualidade (KOLL et al., 2003). Nesse contexto, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver e validar uma metodologia por Cromatografia em Camada Delgada para aplicação no controle de qualidade do extrato de Moringa oleifera. 15 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Moringa oleifera A espécie Moringa oleifera Lam. é uma árvore que pertence à família Moringaceae. Ela originou-se no Himalaia, porém é ampla e facilmente cultivada em regiões tropicais e subtropicais, sendo amplamente distribuída pelo mundo (VARGAS-SÁNCHEZ; GARAY- JARAMILLO; GONZÁLEZ-REYES, 2019). No Brasil, a espécie M. oleifera é encontrada nas regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, sendo nesse último distribuída em quase todos os estados (FLORA DO BRASIL, 2020). Na figura 1 há uma representação de sua distribuição. FIGURA 1. Distribuição da Moringa oleifera no Brasil Fonte: Flora do Brasil, 2020. M. oleifera é uma planta que apresenta de pequeno a médio porte, com crescimento rápido e com capacidade de resistir a períodos de secas e sobreviver em solos pobres a alagados. Essa espécie é popularmente conhecida como “moringa”, “acácia branca”, “árvore rabanete de cavalo”, “cedro”, “moringueiro” e “quiabo de quina” (PAULA, 2017) e possui as sinonímias Guilandina moringa L., Hyperanthera moringa (L.) Vahl; Moringa zeylanica Burmann (TPL, 2010). Praticamente todas as partes da M. oleifera, como as folhas, frutos, flores e raízes, são usadas com fins nutricionais, medicinais ou cosméticos (VARGAS-SÁNCHEZ; GARAY- JARAMILLO; GONZÁLEZ-REYES, 2019). As folhas, parte mais utilizada da planta, contêm muitos nutrientes, como betacaroteno, vitaminas B, C e E, alguns minerais, como cálcio, ferro, potássio, magnésio, aminoácidos essenciais e não essenciais e carboidratos 16 (FALOWO et al., 2018). As folhas se destacam pelo seu elevado teor de proteína e alta concentração de compostos fenólicoscomo os flavonoides (LEONE et al., 2015). Diversos estudos já têm relatado e identificado os flavonoides nas folhas da espécie M. oleifera. Pereira et al., (2019) cita o ácido clorogênico, quercetina, quercetina-3-O-glicosídeo (isoquercetina), quercetina-3-O-(6’O-malonil-glicosídeo), e canferol-3-glicosídeo. Um estudo prévio do grupo de Pesquisa em Produtos Naturais Bioativos (PNBio), cujos resultados ainda não foram publicados, caracterizou oito compostos flavonoídicos com características polares, sendo eles o ácido quínico, vicenina-2, vitexina, isovitexina, quercetina-3-O-hexose, quercetina-3-O-acetil-hexose, canferol-3-O-hexose e canferol-3-O-acetil-hexose. Além de todas as propriedades nutricionais e do seu longo histórico de uso para esse fim, a espécie M. oleifera vem sendo bastante usada na medicina tradicional para o tratamento de várias doenças em todo o mundo, sendo também estudada para doenças cardiovasculares, neurológicas, gastroenterológicas, inflamatórias, diabetes e câncer (LIN; ZHANG; CHEN, 2018; VARGAS-SÁNCHEZ; GARAY-JARAMILLO; GONZÁLEZ-REYES, 2019). Essa gama de aplicações pode ser explicada em virtude da grande quantidade de fitoquímicos presentes nas diversas partes dessa espécie. Além dos flavonoides, é relatada a presença de alcaloides, saponinas, sacarídeos, glucosinolatos, taninos, ácidos fenólicos e glicosídeos nitrílicos. Todos esses fitoconstituintes podem contribuir para as variadas atividades farmacológicas da M. oleifera (MOHANTY et al., 2020). Embora a M. oleifera seja amplamente utilizada para o tratamento de diversos distúrbios, ainda há carência de estudos com relação ao controle de qualidade dessa espécie. Muitos dos produtos de modo geral que contêm moringa, como suplementos ou alimentos, não é possível garantir a qualidade da matéria prima ou produto acabado que está comercializado, pela falta de instalações de controle de qualidade, podendo ocorrer adulterações e falhas na qualidade do insumo, e por não ser uma exigência da área de alimentos apresentar o controle de perfil cromatográfico, assim como do teor do marcador (SIERRA-CAMPOS et al., 2020). No entanto, para medicamentos fitoterápicos registrados na ANVISA, é exigido a comprovação da qualidade do produto acabado. Especificamente em relação à moringa, um fator agravante é que não há monografia farmacopeica disponível para a espécie M. oleifera, abrindo um gargalo ainda maior no quesito qualidade. 17 2.2. POLÍTICAS PÚBLICAS NA ÁREA DE PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS NO BRASIL O uso de plantas medicinais e fitoterápicos para o tratamento de inúmeras doenças ganhou um maior respaldo legal após a publicação da Portaria n° 971 (em 03 de maio de 2006) e do Decreto nº 5.813 (em 22 de junho de 2006). Ambos, respectivamente, tratam da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) (BRASIL 2006 a, b). A publicação da PNPIC regulamenta e institucionaliza no Sistema Único de Saúde (SUS) os serviços que envolvem a fitoterapia como um todo. Essa política veio com o objetivo de atender a necessidade que havia de conhecer, incorporar e implementar conhecimentos e costumes que já vinham sendo aplicados na rede pública de alguns locais do país, não só no âmbito da fitoterapia, como também da medicina tradicional chinesa/acupuntura, homeopatia, medicina antroposófica e crenoterapia. A PNBIC traz, entre suas diretrizes, a elaboração da Relação Nacional de Plantas Medicinais e de Fitoterápicos. Essa política foi institucionalizada com o objetivo de garantir o acesso a plantas medicinais e fitoterápicos aos usuários do SUS (BRASIL, 2006a). A PNPMF foi institucionalizada com o objetivo de garantir à população o acesso seguro e uso racional das plantas medicinais e fitoterápicas, contemplando o uso sustentável da biodiversidade e o desenvolvimento da cadeia produtiva. As ações dessa política visam à melhoria do acesso da população aos fitoterápicos, ao desenvolvimento industrial e tecnológico, além da valorização e preservação desses conhecimentos e costumes tradicionais e etnobotânicos associados às comunidades tradicionais e indígenas (BRASIL, 2006b). Um dos avanços provenientes da institucionalização das políticas nacionais relacionadas à fitoterapia foi a publicação da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse para o SUS (RENISUS) no ano de 2009. Essa lista contempla 71 espécies de plantas nativas ou exóticas de uso medicinal popular e que carecem de mais pesquisas. As plantas que passarem por essas pesquisas e obtiverem suas indicações validadas, passarão a fazer parte da Relação Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (RENAFITO), relação que subsidia a prescrição de fitoterápicos nos serviços de saúde do SUS. O objetivo da RENISUS é fomentar as pesquisas e investigações que possam resultar em fitoterapia a ser disponibilizada para a população com segurança, eficácia e qualidade (BRASIL, 2009). Para a seleção dessas espécies para a assistência e atenção farmacêutica com plantas medicinais e fitoterapia, foram utilizados muitos critérios, cabendo destacar que já fossem largamente usadas pela população regional, apresentassem evidências etnofarmacológicas de 18 indicação e uso e dispusesse de dados farmacológicos e toxicológicos na literatura (BRASIL, 2012). Contudo, ainda se faz necessário estudos para a validação das informações já mencionadas e para a confirmação da segurança, qualidade e eficácia para que essas espécies possam obter o registro sanitário. Entre os requisitos, consta o perfil cromatográfico da droga vegetal ou derivado vegetal em todas as etapas da cadeia produtiva (BRASIL, 2014a). 2.3. CONTROLE DE QUALIDADE E RDC Nº 26 DE MAIO DE 2014 A Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 26, de 13 de maio de 2014 (RDC nº 26/2014) dispõe sobre o registro de Medicamentos Fitoterápicos e o registro/notificação de Produtos Tradicionais Fitoterápicos. A RDC nº 26/2014 delineou fitoterápico em duas categorias: Medicamentos Fitoterápicos (MF) e Produtos Tradicionais Fitoterápicos (PTF). Os MF são obtidos com a utilização exclusiva de matérias primas ativas vegetais, no qual sua segurança e eficácia são comprovadas com base em evidências clínicas e que sejam caracterizados pela constância de sua qualidade e reprodutibilidade. Os PTF também são obtidos com o uso exclusivo de matérias primas ativas vegetais, porém, sua segurança e efetividade devem ser fundamentadas em dados de uso seguro e efetivo expostos na literatura técnica e científica das monografias de fitoterápicos europeias, ou baseadas em dados de uso tradicional por um período mínimo de 30 anos (BRASIL, 2014a). A RDC nº 26/2014 determina premissas mínimas para que seja feito o registro e renovação de registro do MF e para registro, renovação de registro e notificação do PTF. Todos os requisitos estão abarcados nos relatórios técnicos, de estudo de estabilidade, de produção e controle de qualidade. Um exemplo de exigência é o padrão de qualidade e identidade botânica e química e as provas de efetividade e eficácia (BRASIL, 2014a). A figura 2 exemplifica as análises exigidas no laudo de controle de qualidade para droga vegetal, derivado vegetal e produto acabado relacionados ao estudo fitoquímico e ensaios de pureza. 19 FIGURA 2. Testes exigidos no laudo de controle de qualidade exigido pela RDC nº. 26/2014 Fonte: autoria própria usando o BioRender. Como pode ser observado na figura 2, percebe-se que o perfil cromatográfico é apenas uma parte de uma quantidade de testes e ensaios exigidos para o registro de medicamentos e produtos tradicionais fitoterápicos. Uma das exigências do registro do MF e PTF é a apresentação do certificado de análise da droga vegetal, derivado vegetal e do produto acabado. Nos trêscasos, é exigido o perfil cromatográfico com comparativo, através de imagem eletrônica para que possa ser garantida a identidade da matéria prima e a análise quantitativa do marcador específico para a espécie. Marcadores podem ser definidos como constituintes ou grupos de constituintes quimicamente definidos, estando presentes em drogas, fitoterápicos ou outros medicamentos advindos de ativos de origem natural. Essas substâncias são utilizadas como referência para o controle de qualidade em toda a cadeia produtiva, desde a matéria prima vegetal até o fitoterápico acabado (produto final) (BRASIL, 2019). Nesse contexto, é possível selecionar marcadores ativos para algumas espécies e relacioná-los com a atividade farmacológica geral do fitoterápico. Porém, a atividade terapêutica não pode ser atribuída exclusivamente a esses marcadores, tendo em vista que trata-se de uma matriz complexa com diversos fitoconstituíntes. Além disso, quando os marcadores ativos são desconhecidos ou indisponíveis para análise rotineira, seleciona-se os marcadores analíticos, que possuem a função principal de controle de qualidade da cadeia 20 produtiva. Todavia, monitorar quantitativamente o conteúdo dos marcadores não garante a uniformidade e controle de qualidade, o que gera a necessidade de métodos complementares como o monitoramento dos perfis cromatográficos da droga vegetal até o fitoterápico pronto, a fim de avaliar aspectos importantes da qualidade (KLEIN-JUNIOR et al., 2021). A droga vegetal refere-se à planta medicinal ou suas partes, que apresenta substâncias responsáveis pela ação terapêutica, após processo de secagem, podendo estar em sua forma íntegra, rasurada, triturada ou pulverizada. O derivado vegetal é o produto de extração da planta medicinal ou droga vegetal, podendo estar em diversas formas, como extrato, óleo essencial, tintura etc. Importante destacar que tanto a droga vegetal como o derivado vegetal podem ser registrados como MF ou PTF, como também podem ser utilizados como insumo farmacêutico ativo para ser aplicado em uma formulação. Dessa forma, se faz extremamente importante os ensaios como o perfil cromatográfico em toda a cadeia produtiva, para que se possa ter o controle de qualidade em todas as etapas do processo, embora seja apenas um dos processos exigidos para o registro de fitoterápicos (BRASIL, 2014a). 2.4. VALIDAÇÃO DE CROMATOGRAFIA EM CAMADA DELGADA O controle de qualidade de plantas medicinais e fitoterápicos é uma atividade analítica desafiadora, porque tudo que há naquela preparação pode ser considerado substância ativa com atividade terapêutica, visto que são matrizes complexas com uma extensa classe de fitoquímicos com variabilidade natural (KOLL et al., 2003; REICH, SCHIBLI, DEBATT, 2008). Dessa forma, o fingerprint (impressão digital) de todo o perfil cromatográfico é de extrema importância para o controle de qualidade, pois cada banda do cromatograma fornece dados fundamentais. Nesse contexto, se faz necessário abordar novas técnicas e métodos que possam ser validados e auxiliem na identificação e comprovação da qualidade da amostra em questão (KOLL et al., 2003). O perfil cromatográfico pode ser definido como o padrão cromatográfico de constituintes característicos, obtido através de condições definidas e que possibilita a identificação do material vegetal em estudo e a diferenciação de outras espécies (BRASIL, 2014a). A figura 3 exemplifica como esse perfil cromatográfico se apresenta para matrizes complexas em cromatografia em camada delgada, onde cada banda corresponde a um ou mais compostos da espécie vegetal estudada. 21 FIGURA 3. Perfil cromatográfico de espécies do gênero Equitesum Fonte: WAGNER, BLADT, 1996. Ao analisar a figura 3, observa-se que a cromatografia em camada delgada (CCD) é uma ferramenta ideal para a análise de plantas medicinais e fitoterápicos. Em quase todas as farmacopeias oficiais a CCD é a técnica preconizada para identificação de matérias primas botânicas (KOLL et al., 2003). Além disso, a CCD está presente em todas as monografias de plantas medicinais da Farmacopeia Brasileira 6ª edição como critério de identificação e controle de qualidade (BRASIL, 2019). Algumas vantagens do uso da CCD podem ser citadas, como identificação e controle de qualidade de plantas medicinais e fitoterápicos, acompanhamento de toda a cadeia de fabricação do fitoterápico, desde a planta fresca ou seca até o produto acabado, bem como o controle de qualidade do produto acabado (KOLL et al., 2003). Além disso, essa técnica permite uma migração diferencial de uma matriz complexa de substâncias que resulta em um perfil cromatográfico distinto, de acordo com determinadas condições cromatográficas, como observado na figura 3 (MUYUMBA et al., 2021). Somado a isso, constitui uma técnica fácil, de baixo custo, rápida e versátil. A validação analítica pode ser definida como uma avaliação sistemática de um método através de ensaios experimentais a fim de comprovar e fornecer evidências objetivas de que as exigências específicas para seu uso planejado são atendidas. Dessa forma, a validação deve demonstrar que o método analítico em questão produz resultados confiáveis e é adequado à 22 finalidade a que se destina, de forma documentada e mediante critérios objetivos (BRASIL, 2017). Antes de iniciar a validação propriamente dita, se faz necessário observar alguns parâmetros, como a fase estacionária, aplicação da amostra, preparação do solvente, desenvolvimento do cromatograma, derivatização e documentação. Para a validação qualitativa, são avaliados três parâmetros principais: seletividade, precisão e robustez (KOLL et al., 2003). A seletividade do método analítico deve ser determinada através da capacidade de identificar ou quantificar a substância de interesse na presença de componentes que podem estar presentes na amostra, como impurezas e componentes da matriz (BRASIL, 2017). Dessa forma, para validação qualitativa por CCD, ela pode ser determinada comparando o perfil cromatográfico da amostra com um material fitoterápico autêntico, com marcadores ou compostos ativos que são conhecidos ou desconhecidos da amostra, ou ainda com materiais adulterantes que podem estar contidos nessa amostra. Todas as amostras são dispostas lado a lado em uma única placa e as bandas relevantes são avaliadas quanto ao número, cor, intensidade e posição relativa. Bandas relevantes podem ser descritas como as que retratam os marcadores aceitos ou compostos ativos (KOLL et al., 2003). A precisão de um método deve analisar a proximidade entre os resultados obtidos através dos ensaios com as amostras preparadas conforme descrito na técnica analítica a ser validada. Dessa forma, esse parâmetro deve ser validado por meio da repetibilidade, da precisão intermediária ou da reprodutibilidade. A repetibilidade, também chamada de precisão intra-ensaio, irá analisar as amostras nas mesmas condições operacionais, com o mesmo analista e instrumentação, em uma única corrida analítica (BRASIL, 2017). Para tanto, é recomendado que sejam avaliadas nove determinações (três concentrações em triplicata de cada concentração) ou ainda pode ser avaliado com seis determinações com 100% da concentração de teste (BRASIL, 2017). A precisão intermediária, também conhecida como precisão intralaboratorial, é obtida através do mesmo procedimento em material de teste idêntico, porém em dias diferentes (no mínimo, dois dias) e com analistas distintos. Nesse caso, devem ser utilizadas as mesmas concentrações do teste de Repetibilidade. A reprodutibilidade, conhecida como precisão interlaboratorial, avalia a precisão obtida com a mesma técnica em material de teste idêntico ou padronizado entre os laboratórios, através de estudos colaborativos. Geralmente esse parâmetro não é aplicado à padronização demetodologia (ICH, 2005; BRASIL, 2017; RENGER; VÉGHB; FERENCZI-FODOR, 2011). 23 A robustez de um método deve indicar a sua capacidade em resistir a pequenas modificações intencionais das condições analíticas das quais estão sendo validadas. Assim, modificações na temperatura, umidade, cuba cromatográfica e até mesmo placas cromatográficas de diferentes fabricantes podem ser feitas para analisar o quão robusto é o método em validação (ICH, 2005; BRASIL, 2017). 24 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Desenvolver e validar um método de caracterização do fingerprint do perfil flavonoídico para o extrato hidroetanólico das folhas da espécie Moringa oleifera por Cromatografia em Camada Delgada. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ● Padronizar preparação do extrato e aplicações na placa cromatográfica; ● Desenvolver o método analítico e padronizar o sistema cromatográfico; ● Comparar amostras autênticas com amostra adquirida em centro comercial; ● Validar os parâmetros de seletividade, precisão e robustez da técnica de CCD a fim de facilitar a identificação da espécie no controle de qualidade. 25 4. METODOLOGIA 4.1. MATERIAL VEGETAL As folhas para a amostra autêntica de Moringa oleifera foram obtidas no município de Macaíba, Rio Grande do Norte, na Escola Agrícola de Jundiaí, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), nas seguintes coordenadas: lat: -5.900133 long: - 35.357028. O material vegetal foi coletado, catalogado e identificado mediante autorização do Sistema Nacional de Gerenciamento do Patrimônio Genético e Conhecimento Tradicional Associado (SISGEN), sob número A618873. Foi depositada exsicata sob número 25426 no herbário do Centro de Biociências da UFRN. A amostra comercial das folhas de M. oleifera foi obtida no centro comercial da cidade de Natal, Rio Grande do Norte. 4.2. OBTENÇÃO DOS EXTRATOS As folhas da amostra autêntica de M. oleifera foram submetidas a processamento com nitrogênio líquido “quenching” imediatamente após a coleta, tendo em vista, que este trabalho faz parte de uma tese de doutorado em andamento no Grupo de Pesquisa em Produtos Naturais Bioativos, da UFRN, cujo objetivo é realizar uma abordagem metabolômica. O processo de extração foi adaptado da mesma tese em andamento. Ao chegar ao laboratório, as folhas foram pulverizadas com nitrogênio líquido e foram submetidas à extração com etanol:água (80:20, v/v) na proporção de 1:10 (m/v) através de ultrassom por 13,5 minutos. Em seguida, o extrato foi seco sob pressão reduzida em rotaevaporador (45 ºC). Após, o extrato foi submetido a banho maria por 25 minutos (50 ºC) para retirada de qualquer resíduo de solvente que possa ter ficado no extrato e logo em seguida, foi levado para estufa para máxima concentração por 50 minutos (50 ºC). Essa amostra autêntica foi utilizada em todo o processo de validação do método, desde seletividade até a robustez. O mesmo procedimento foi realizado para obtenção do extrato de outras duas amostras que serão utilizadas no parâmetro seletividade. Nessa segunda amostra autêntica, as folhas da M. oleifera não passaram por processamento em campo ou no laboratório com nitrogênio líquido. Elas foram secas em estufa a 40 ºC e trituradas em moinho de facas, procedimento tradicional empregado na secagem de plantas medicinais. Para essa amostra, o mesmo procedimento de extração citado anteriormente foi feito. Para a amostra comercial, as folhas secas foram pulverizadas em liquidificador industrial e seguiu-se com o mesmo protocolo de extração. A figura 4 apresenta o processo de extração da amostra autêntica para validação do método. 26 FIGURA 4. Processo de extração para amostra autêntica processada com nitrogênio líquido “quenching” de Moringa oleifera Legenda: Procedimento similar foi utilizado para extração da amostra comercial e amostra autêntica de folhas secas em estufa, única diferença é na primeira etapa, no qual foram pulverizadas com liquidificador industrial e moinho de facas, respectivamente. Fonte: Adaptado de SILVA, integrante do grupo de pesquisa em Produtos Naturais Bioativos (resultados ainda não publicados). 4.3. PREPARO DA AMOSTRA E PADRÕES PARA ANÁLISE As amostras autênticas de diferentes processamentos e comercial foram preparadas da mesma forma e na mesma concentração de 20 mg/mL, utilizando como solvente o metanol. Os marcadores utilizados foram a isovitexina e a vitexina (Sigma-Aldrich ® ), também utilizando o metanol como solvente. 4.4. DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO O desenvolvimento do método foi direcionado para validar um fingerprint voltado para o perfil flavonoídico, visto que já há relatos na literatura para a presença dessas substâncias na espécie e o foco do grupo de pesquisa em Produtos Naturais Bioativos é obter um extrato otimizado rico em flavonoides para o tratamento de doenças inflamatórias crônicas. Aspectos como a fase móvel, fase estacionária e a derivatização foram analisados para que o método fosse validado conforme esse enfoque. Foram testadas várias fases móveis, geralmente, misturas entre acetato de etila (AcOEt), metanol (MeOH), ácido(acético e 27 fórmico) e água. Foram feitas várias tentativas de alteração da proporção de ácido e água na composição da fase móvel, para obter um cromatograma com boa resolução. 4.5. SISTEMA CROMATOGRÁFICO A cromatografia em camada delgada (CCD) foi realizada em placas de papel alumínio de 20 cm x 20 cm recobertas com sílica gel 60 F254 (Macherey-Nagel, Düren, Alemanha). As amostras e padrões foram aplicados com auxílio de capilares de vidro. Foram feitas três aplicações para as amostras dos extratos das folhas da M. oleifera e duas aplicações para os marcadores. Após a aplicação, adicionou-se a placa em uma cuba de vidro (20 cm x 20 cm) previamente saturada com a fase móvel por 10 minutos. A fase móvel utilizada foi acetato de etila: acetona: ácido acético: água, na proporção de 60:20:15:10 (v/v/v/v). Finalizada a eluição, borrifou-se a solução reveladora Reagente Natural A 0,5% para evidenciar a presença dos compostos de interesse. A observação foi feita através de câmara escura com luz ultravioleta com comprimento de onda de 365 nm. As zonas de interesse foram marcadas para posterior cálculo do fator de retenção (Rf). Todas as placas foram fotodocumentadas. No Quadro 1 é possível observar o resumo do sistema cromatográfico utilizado. Quadro 1. Sistema cromatográfico selecionado para validação do método de Cromatografia em Camada Delgada para Moringa oleifera Fator Condição cromatográfica Fase estacionária Placas adsorventes de papel alumínio revestidas com sílica gel F254 Fase móvel acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:15:10 (v/v/v/v) Aplicação Manual (três aplicações para os extratos e duas aplicações para os padrões) Câmara Cuba cromatográfica (20 cm x 20 cm), calha dupla Tempo de saturação 10 minutos, sem a utilização de papel filtro Revelador Reagente natural A 0,5% Comprimento de onda 365 nm Fonte: autoria própria. 4.6. VALIDAÇÃO PARCIAL DO MÉTODO Os parâmetros avaliados nessa validação parcial foram a seletividade, precisão e robustez. Todos os parâmetros foram analisados de acordo com o que preconiza a RDC 166 de 24 de julho de 2017. 28 4.6.1 Seletividade A seletividade do método foi avaliada através da comparação visual do perfil cromatográfico da amostra autêntica das folhas processadas com nitrogênio líquido, amostra autêntica das folhas secas em estufa, amostra comercial e marcadores isovitexina e vitexina. A cor, intensidade, fator de retenção e número de bandas foi avaliado. A análise foi feita em triplicata e foi calcula da média, desvio padrão e desvio padrão relativodo Rf para as bandas de interesse. As bandas de interesse analisadas e estudadas foram as que dizem respeito aos marcadores. 4.6.2 Precisão A precisão indica o grau de proximidade dos resultados, através do cálculo do desvio padrão relativo obtido de diferentes análises. Esse parâmetro pode ser avaliado através da repetibilidade e precisão intermediária ou reprodutibilidade (BRASIL, 2017). Para este trabalho, foram escolhidos a repetibilidade e a precisão intermediária para comprovar a precisão do método. A repetibilidade foi avaliada através da preparação e aplicação de 6 replicatas independentes da amostra do extrato concentrado, como ilustra a figura 1. O parâmetro foi executado em triplicata com as mesmas replicatas, no mesmo dia, no mesmo laboratório, com o mesmo analista e utilizando a mesma instrumentação. Foram calculados os fatores de retenção (Rf) de 3 zonas das placas e calculados a média, desvio padrão e desvio padrão relativo. FIGURA 5. Preparação das replicatas para ensaio de Repetibilidade e Precisão Intermediária Fonte: autoria própria usando BioRender A precisão intermediária foi avaliada através da repetição do teste de repetibilidade, com as mesmas amostras utilizadas na repetibilidade, 3 dias diferentes, em mesmo 29 laboratório, com analista e instrumentação diferentes. Para esse parâmetro, também foi avaliado 3 zonas da placa e calculados os Rfs dessas zonas. 4.6.3 Robustez A robustez é um parâmetro realizado no desenvolvimento do método analítico que indica a sua capacidade em resistir a pequenas e deliberadas variações das condições analíticas (BRASIL, 2017). Dessa forma, a tabela 1 indica o que foi alterado para que esse método pudesse ser validado. TABELA 1. Condições utilizadas para análise do parâmetro robustez. Fator Condição do método Condição alterada Fase móvel Acetato de etila : acetona : ácido acético : água (60:20:15:10, v/v/v/v) Acetato de etila: acetona: ácido acético: água (60:20:14:10, v/v/v/v) Acetato de etila: acetona: ácido acético: água (60:20:16:10,v/v/v/v) Tipo de câmara Cuba cromatográfica Béquer Papel filtro para saturação Não 20 minutos com papel filtro Tempo de saturação 10 minutos sem papel filtro 20 minutos sem papel filtro Pré-eluição da fase estacionária Não Metanol Fase móvel proposta no método Fonte: autoria própria 30 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 DESENVOLVIMENTO DO MÉTODO Várias fases móveis foram testadas a fim de obter uma boa separação cromatográfica. A tabela 2 mostra com detalhes as fases móveis testadas durante a fase de desenvolvimento do método. TABELA 2. Fases móveis testadas durante o processo de desenvolvimento do método. Número Fase móvel Composição (v/v/v/v/v) 1 Acetato de etila: ácido fórmico: água 80:10:10 2 Acetato de etila: ácido fórmico: metanol: água 100:15:16:5 3 Acetato de etila: ácido fórmico: água 80:12:10 4 Acetato de etila: ácido fórmico: metanol: água 100:15:13:4 5 Acetato de etila: ácido fórmico: metanol: água 100:16:16:4 6 Acetato de etila: ácido fórmico: ácido acético: metanol: água 100:8:8:14:3 7 Acetato de etila: ácido acético: metanol: água 100:16:15:3 8 Acetato de etila: ácido fórmico: metanol: água 100:17:15:3 9 Acetato de etila: ácido acético: metanol: água 100:17:13:4 10 Acetato de etila: ácido acético: água 80:12:10 11 Acetato de etila: ácido fórmico: ácido acético: água 34:3,5:1,5:7 12 Acetato de etila: ácido fórmico: ácido acético: água 90:3,5:5,1:5,9 13 Acetato de etila: ácido fórmico: ácido acético: água 34:4,5:2,5:7 14 Acetato de etila: ácido fórmico: ácido acético: água 34:5,5:3,5:7 15 Acetato de etila: ácido fórmico: metanol: água 100:5:2:6 16 Acetato de etila: ácido acético: metanol: água 100:15:13:4 17 Acetato de etila: ácido acético: metanol: água 100:17:15:3 18 Acetato de etila: ácido acético: metanol: água 100:18:10:4 19 Acetato de etila: ácido acético: metanol: água 100:19:8:3 20 Clorofórmio: metanol: água 61:32:7 21 Acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:10:10 22 Acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:12:10 23 Acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:13:10 24 Acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:14:10 25 Acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:15:10 Fonte: autoria própria Como observado na tabela 2, a maioria das fases móveis foram testadas principalmente modificando as quantidades de ácido e água. Como descrito anteriormente, a maioria dos compostos flavonoídicos das folhas da M. oleifera são polares, com açúcares ligados as agliconas. Com o intuito de fazer com que as substâncias não ficassem retidas na fase estacionária polar, foi necessário utilizar fase móvel tivesse com um poder de eluição maior em relação a polaridade do adsorvente. O ácido usado na fase móvel, para esse caso, foi com a finalidade de melhorar a resolução sem coeluição e diminuição da assimetria e fator de cauda. Dentre todas as fases móveis testadas, a de número 25 (acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:15:10,(v/v/v/v)) apresentou o resultado mais satisfatório. Os resultados 31 obtidos com as outras fases móveis testadas foram insatisfatórias para a separação e resolução das bandas do cromatograma. O reagente escolhido para fazer a derivatização das cromatoplacas foi o Reagente Natural A 0,5%, justamente porque o direcionamento do método era visualizar o perfil flavonoídico. 5.2 SELETIVIDADE A seletividade do método foi avaliada levando em consideração as duas amostras autênticas (processadas com nitrogênio líquido e seca em estufa), a amostra comercial e os padrões isovitexina e vitexina. Esse teste foi feito em triplicata e os resultados para padrão de bandas, coloração, intensidade e fator de retenção (Rf) estão expressos na tabela 2. A figura 6 ilustra o perfil cromatográfico obtido para a análise do parâmetro seletividade. FIGURA 6. Perfil cromatográfico para análise da Seletividade Legenda: 1: Amostra autêntica processada com nitrogênio; 2: Amostra autêntica seca em estufa; 3: amostra comercial; 4: isovitexina; 5: vitexina. Observação na luz UV 365 nm. Fonte: autoria própria. O critério de aceitação utilizado para esse parâmetro foi a detecção e separação dos marcadores de todos os outros fitoconstituintes, além de analisar e comparar as amostras e padrões utilizados com a amostra autêntica no que diz respeito ao padrão das bandas formadas, cor, intensidade e fator de retenção (Rf) como propõe KOLL et al., (2003) As bandas relevantes devem ser semelhantes em todas as amostras. Para essa validação parcial, as bandas relevantes escolhidas foram as que correspondem aos marcadores isovitexina e vitexina. A tabela 3 mostra com detalhes os resultados encontrados para as triplicatas, apresentando a média, desvio padrão e desvio padrão relativo. 1 2 3 4 5 32 TABELA 3. Análise do parâmetro Seletividade em triplicata. Medição do Rf das bandas de interesse, que diz respeito aos marcadores isovitexina e vitexina. Rf: Fator de retenção; DP: Desvio Padrão; DPR: Desvio Padrão Relativo Amostras Padrão das bandas Coloração Intensidade Rf Média (Rf) DP DPR (%) Autêntica processada com nitrogênio Barra Verde Forte 0,8214 0,8214 0,0057 0,6959 Barra Verde Forte 0,8214 Barra Verde Forte 0,8313 Autêntica seca em estufa Barra Verde Forte 0,8313 0,8313 0,0121 1,4495 Barra Verde Forte 0,8193 Barra Verde Forte 0,8434 Isovitexina Barra Verde Forte 0,8313 0,8313 0,0172 2,0666 Barra Verde Forte 0,8095 Barra Verde Forte 0,8434 Vitexina Barra Verde Forte 0,8434 0,8434 0,0165 1,9512 Barra Verde Forte 0,8214 Barra Verde Forte 0,8536 Comercial - - - - - - - - - - - - - - - Fonte: autoria própria. Analisando ocromatograma (figura 6) pode-se observar que as amostras autênticas processada em nitrogênio líquido e seca em estufa (marcação 1 e 2 na figura 6) obtiveram perfis bastantes semelhantes do ponto de vista qualitativo mesmo em decorrência do processamento diferente, apresentando um fator de retenção de 0,8214 e 0,8313, respectivamente, para as bandas de interesse. Observa-se que o padrão das bandas, a coloração e intensidade também foram semelhantes (tabela 2). As substâncias isovitexina e vitexina foram escolhidas para essa validação por já terem sido caracterizadas no extrato hidroetanólico das folhas da M. oleifera na tese de doutorado em andamento (resultados não publicados), no grupo de Pesquisa em Produtos Naturais Bioativos. A isovitexina e a vitexina apresentaram Rf de 0,8313 e 0,8434, respectivamente, como também, com os outros aspectos semelhantes A justificativa para esse fator de retenção ser tão próximo está associada a estrutura química de ambas, como é observado na figura 7, pois tratam-se de flavonoides C-glicosídeos, isômeros de posição. A vitexina apresenta uma molécula de açúcar ligada na posição 8 do anel A e a isovitexina apresenta uma molécula de açúcar ligada na posição 6 do anel A. 33 FIGURA 7. Estruturas da Vitexina e Isovitexina Fonte: LOPES (2013). A isovitexina (apigenina-6-C-glicosídeo) é um isômero da vitexina (apigenina-8-C- glicosídeo) e contém um 6-C-glicosídeo em comparação com o 8-C-glicosídeo da vitexina (HE et al., 2016). Desse modo, por serem tão estruturalmente semelhantes e devido à técnica de CCD não ser a mais sensível para diferenciar substâncias, não é possível afirmar que as manchas verdes que são visualizadas no perfil cromatográfico das amostras autênticas processada com nitrogênio líquido e secas em estufa são apenas uma substância, pois o Rf delas é muito próximo e pode ocorrer sobreposição de bandas. O que chama atenção nesse cromatograma é o fato da amostra comercial não estar semelhante com o perfil cromatográfico das amostras autênticas. Não observa-se manchas verdes, indicando provavelmente que não há a presença de isovitexina e vitexina, além das outras bandas não corresponderem em padrão, coloração, intensidade e Rf. A impressão digital não é semelhante e uma das sugestões é que pode ser uma adulteração ou outra espécie sendo vendida como M. oleifera. Esse fato nos mostra como é importante termos acesso a técnicas rápidas, de baixo custo e acessíveis para identificar adulterações, como a CCD. Porém, não podemos afirmar que de fato seja uma adulteração, devemos levar em consideração outros aspectos como tempo de maturação da planta, método de secagem das folhas, fatores bióticos e abióticos, tipo de terreno em que essa planta foi cultivada e concentração dos metabólitos na planta. Todos esses fatores podem influenciar na produção dos metabólitos e levar para uma via sintética diferente, podendo mudar a composição da espécie. Além disso, ainda há o fato da técnica de CCD não ser um método quantitativo, que consiga identificar substâncias com concentrações mais baixas. Assim, para comprovar uma adulteração ou não, é necessário a utilização de outras técnicas mais sensíveis, como o CLAE (Cromatografia Líquida de Alta Eficiência). Analisando todos os parâmetros propostos, observa-se que o método é seletivo para amostras de folhas de M. oleifera, visto que conseguiu manter o padrão cromatográfico para 34 duas amostras com tratamentos diferentes. O nitrogênio líquido tem a capacidade de parar o metabolismo da planta quando aplicado imediatamente após a coleta. Dessa forma, embora as amostras autênticas tenham sofrido diferentes processamentos e tenham sido coletadas em diferentes épocas, o método se mostrou seletivo e conseguiu identificar as bandas de interesse, bem como identificar o fingerprint e perfil cromatográfico semelhante entre as amostras autênticas. Além disso, o método conseguiu distinguir uma amostra com perfil cromatográfico diferente. 5.3 PRECISÃO 5.3.1 Repetibilidade A repetibilidade do método foi avaliada levando em consideração o método proposto por REICH, SCHIBLI, DEBATT (2008) e BRASIL (2017), onde 6 replicatas a 100% da concentração do teste foram aplicadas em paralelo, juntamente com os padrões isovitexina e vitexina, em três placas distintas. A análise ocorreu em um mesmo dia, com o mesmo analista, instrumentação e mesmo laboratório. A figura 8 apresenta o perfil cromatográfico obtido para esse parâmetro da validação. FIGURA 8. Perfil cromatográfico para avaliação do parâmetro Precisão: Repetibilidade R1 R2 R3 R4 R5 R6 7 8 Z3 Z2 Z1 a 35 Legenda: R1-R6: amostras de concentração 100%; 7: isovitexina; 8: vitexina. Z1: Zona 1; Z2: Zona 2; Z3: Zona 3. 8a, 8b e 8c: observadas na luz UV 365nm. Fonte: autoria própria. Foram escolhidas 3 zonas estratégicas da cromatoplaca (figura 8) para que pudessem ser calculados os fatores de retenção (Rf) dessas bandas e houvesse a comparação desses valores. As três zonas correspondem ao início, meio e fim da placa, sendo as últimas consideradas também as bandas de interesse. A RDC nº166/2017 recomenda que os valores relativos à validação da precisão sejam expressos como desvio padrão relativos (DPR%). Para esse trabalho, foi adotado como critério de aceitação que o DPR entre as determinações seja inferior a 15%, que é um critério estabelecido pela Instrução Normativa nº4 de 2014 (BRASIL, 2014b). Os resultados obtidos se encontram nas tabelas 4 e 5. R1 R2 R3 R4 R5 R6 7 8 R1 R2 R3 R4 R5 R6 7 8 Z3 Z2 Z1 b Z3 Z2 Z1 c 36 TABELA 4. Análise do parâmetro Precisão: Repetibilidade. Medição do Rf de bandas de três zonas. R1 a R6: amostras na concentração 100%. Z1: Zona 1; Z2: Zona 2; Z3: Zona 3. Rf: Fator de retenção; DP: Desvio Padrão; DPR: Desvio Padrão Relativo. Replicatas Zonas Figura 8a (Rf) Figura 8b (Rf) Figura 8c (Rf) Média (Rf) DP DPR (%) R1 Z1 0,3571 0,3529 0,3536 0,3536 0,0023 0,6364 Z2 0,607 0,6 0,5976 0,6 0,0049 0,8140 Z3 0,8452 0,847 0,8536 0,847 0,0044 0,5222 R2 Z1 0,3571 0,3529 0,3536 0,3536 0,0023 0,6364 Z2 0,619 0,6 0,5976 0,6 0,0117 1,9540 Z3 0,8333 0,8353 0,8415 0,8353 0,0043 0,5119 R3 Z1 0,369 0,3571 0,3658 0,3658 0,0062 1,6835 Z2 0,607 0,607 0,61 0,607 0,0017 0,2853 Z3 0,8333 0,8333 0,8415 0,8333 0,0047 0,5681 R4 Z1 0,369 0,3571 0,378 0,369 0,0105 2,8411 Z2 0,6309 0,607 0,609 0,609 0,0133 2,1772 Z3 0,8452 0,8333 0,8414 0,8414 0,0061 0,7224 R5 Z1 0,3765 0,369 0,378 0,3765 0,0048 1,2807 Z2 0,6235 0,619 0,61 0,619 0,0069 1,1105 Z3 0,847 0,8333 0,8415 0,8415 0,0069 0,8193 R6 Z1 0,3765 0,369 0,378 0,3765 0,0048 1,2807 Z2 0,6235 0,619 0,61 0,619 0,0069 1,1105 Z3 0,8352 0,8452 0,8537 0,8452 0,0093 1,0956 Fonte: autoria própria. Conforme tabela 4, foram medidos os Rfs das três zonas para cada replicata, nas três placas avaliadas, totalizando um n de 18 replicatas para que fossem analisados os Rfs. Foi feita a média, desvio padrão e desvio padrão relativo para cada zona da replicata. Observa-se que nenhum DPR ultrapassou 3%. Entretanto, para que o resultado aparesente-se mais fidedigno, fez-se a média, desvio padrão e desvio padrão relativo das zonas de cada replicata, juntando as zonas correlacionadas das 3 placas. O resultado está expresso na tabela 5. TABELA 5. Média, Desvio Padrão (DP) e Desvio Padrão Relativo (DPR) das zonas 1, 2 e 3 das 6 replicatas nas três placasdistintas. Rf: Fator de retenção. Zona Média (Rf) DP DPR (%) 1 0,3674 0,0030 0,8300 2 0,6080 0,0043 0,7051 3 0,8415 0,0019 0,2285 Fonte: autoria própria. De acordo com a tabela 5, observa-se que o DPR não ultrapassou 1%, indicando que o método atende ao critério de aceitação da IN nº4 (BRASIL, 2014b), onde os valores de DPR% não podem ultrapassar 15%. Esses resultados nos mostram que a repetibilidade para o 37 parâmetro da precisão é confiável e que não houve variação significativa que interfira na qualidade do método. 5.3.2 Precisão Intermediária A precisão intermediária da metodologia foi estudada com base no método proposto por REICH, SCHIBLI, DEBATT (2008) e BRASIL (2017) no qual o mesmo experimento da repetibilidade foi repetido durante 3 dias. Para esse parâmetro, foram usadas as mesmas replicatas utilizadas no teste de repetibilidade, no mesmo laboratório, porém com analistas distintos. Os perfis cromatográficos obtidos para os três dias estão expressos na figura 9. FIGURA 9. Perfil cromatográfico para avaliação do parâmetro Precisão: Precisão intermediária R1 R2 R3 R4 R5 R6 7 8 R1 R2 R3 R4 R5 R6 7 8 Z3 Z2 Z1 a Z3 Z2 Z1 b 38 Legenda: R1-R6: amostras de concentração 100%; 7: isovitexina; 8: vitexina. Z1: Zona 1; Z2: Zona 2; Z3: Zona 3. 9a, 9b e 9c foram observadas na luz UV 356 nm. Ao observar os cromatogramas, percebemos que a zona 1 apresentou-se menos intensa na fotodocumentação, entretanto foi possível observar na câmara escura na luz UV 365 nm. Por serem diferentes analistas, percebe-se que a placa 9a está com coloração menos intensa do que as placas 9b e 9c (figura 9), porém isso pode ser explicado justamente por se tratar de outro analista que conduziu o experimento. O momento de aplicação é extremamente importante para obter um bom resultado cromatográfico. O mesmo desenho experimental da repetibilidade foi utilizado para determinar a precisão intermediária, com a diferença dos dias e analistas diferentes. Isso significa que as mesmas zonas foram escolhidas para calcular o fator de retenção. Esses resultados encontram-se nas tabelas 6 e 7. TABELA 6. Análise do parâmetro Precisão: Precisão Intermediária. Medição do Rf de bandas de três zonas. R1 a R6: amostras na concentração 100%. Z1: Zona 1; Z2: Zona 2; Z3: Zona 3. Rf Fator de retenção; DP: Desvio Padrão; DPR: Desvio Padrão Relativo. Replicatas Zonas Figura 9a (Rf) Figura 9b (Rf) Figura 9c (Rf) Média (Rf) DP DPR (%) R1 Z1 0,3415 0,4167 0,3214 0,3415 0,0502 14,7100 Z2 0,5976 0,6548 0,5714 0,5976 0,0426 7,1368 Z3 0,8415 0,8809 0,8214 0,8415 0,0303 3,5968 R2 Z1 0,3415 0,4167 0,3214 0,3415 0,0502 14,7100 Z2 0,5976 0,6548 0,5833 0,5976 0,0378 6,3310 Z3 0,8415 0,8809 0,8214 0,8415 0,0303 3,5968 R3 Z1 0,3415 0,4048 0,3333 0,3415 0,0391 11,4579 Z2 0,5976 0,6548 0,5833 0,5976 0,0378 6,3310 Z3 0,8293 0,8809 0,8214 0,8293 0,0323 3,8966 R4 Z1 0,3658 0,3928 0,3333 0,3658 0,0298 8,1444 Z2 0,6098 0,6548 0,5714 0,6098 0,0417 6,8454 Z3 0,8293 0,8809 0,8095 0,8293 0,0369 4,4449 R5 Z1 0,3658 0,3928 0,3452 0,3658 0,0239 6,5259 R1 R2 R3 R4 R5 R6 7 8 Z3 Z2 Z1 c 39 Z2 0,5976 0,6428 0,5833 0,5976 0,0311 5,1972 Z3 0,8293 0,9048 0,8214 0,8293 0,0460 5,5517 R6 Z1 0,3658 0,3928 0,3452 0,3658 0,0239 6,5259 Z2 0,6098 0,6548 0,5833 0,6098 0,0361 5,9276 Z3 0,8415 0,9048 0,8333 0,8415 0,0391 4,6499 Fonte: autoria própria. Analisando a tabela 6, percebe-se que o DPR para cada zona das três placas ficou um pouco mais elevado do que os valores encontrados para a repetibilidade. Isso pode ser facilmente explicado devido à diferença de analista e diferenças ambientais. Embora o DPR tenha apresentado um valor mais alto, o mesmo critério de aceitação da repetibilidade é utilizado na precisão intermediária, no qual determina-se que o valor de DPR entre as análise seja inferior a 15% (BRASIL, 2014b). TABELA 7. Média, Desvio Padrão (DP) e Desvio Padrão Relativo (DPR) das zonas 1, 2 e 3 das 6 replicatas. Rf: Fator de retenção. Zona Média (Rf) DP DPR (%) 1 0,3537 0,0122 3,4575 2 0,5976 0,0042 0,6989 3 0,8354 0,0062 0,7388 Fonte: autoria própria. A tabela 7 traz a média, desvio padrão e desvio padrão relativo para cada zona das replicatas das três placas distintas. Mais uma vez, observa-se que o DPR não ultrapassou 4%, indicando que o método está em conformidade com o critério de aceitação proposto pela IN nº4 (BRASIL, 2014b), onde os valores de DPR% não podem ultrapassar 15%. Os resultados encontrados na repetibilidade e na precisão intermediária nos apontam que o método proposto é preciso e reprodutível, visto que atendeu todos os critérios de aceitação impostos. As pequenas variações encontradas no DPR não são suficientes para anular a qualidade e precisão do método. 5.3 ROBUSTEZ Para avaliação do parâmetro robustez, examinou-se o impacto de pequenas e deliberadas variações nas condições analíticas do método no fator de retenção das bandas de interesse e no perfil cromatográfico como um todo. Foram feitas alterações na fase móvel, câmara usada para a eluição, tempo e configuração de saturação e pré-eluição da fase estacionária. Esses parâmetros foram escolhidos porque são alterações que podem ocorrer normalmente na rotina de um laboratório que vá utilizar essa metodologia validada. 40 REICH, SCHIBLI, DEBATT (2008) propõe como critério de aceitação uma variabilidade para os fatores de retenção ≤ 0,05. Entretanto, essa proposta é para o HPTLC (cromatografia em camada delgada de alta eficiência). Neste trabalho, como trata-se de CCD e há um maior risco de influências ambientais, optou-se por deixar como critério de aceitação uma variabilidade ≤ 0,1 para os resultados do fator de retenção. Foram usadas como referência as médias dos Rfs da amostra autêntica com folhas processadas com nitrogênio líquido “quenching”, isovitexina e vitexina encontradas no parâmetro seletividade. A tabela 8 expõe os valores de critério de aceitação propostos. TABELA 8. Faixa de aceitação para os parâmetros analisados na Robustez. Substâncias Média encontrada na seletividade Intervalo aceito: ≤ 0,1 Amostra autêntica (folhas processadas com nitrogênio) 0,8214 0,7214 a 0,9214 Isovitexina 0,8313 0,7313 a 0,9313 Vitexina 0,8434 0,7434 a 0,9434 Fonte: autoria própria. Importante ressaltar que em todos os ensaios para analisar a robustez, foi utilizado como parâmetro principal a banda de interesse que corresponde aos padrões isovitexina e vitexina. Assim, todos os fatores de retenção calculados e explanados a seguir dizem respeito as bandas de coloração verde. Conforme tabela 8, para a amostra autêntica das folhas processadas com nitrogênio, utilizou-se como base a média encontrada no parâmetro da seletividade e o intervalo aceito para os cálculos de Rf podem variar de 0,7214 a 0,9214. Já para a isovitexina, a média encontrada foi de 0,8313 e o intervalo aceito vai de 0,7313 a 0,9313. Para a vitexina, a média foi de 0,8434 e o critério de aceitação varia de 0,7434 a 0,9434. 41 FIGURA 10. Perfil cromatográfico para avaliação da Robustez: Mudança de fase móvel Legenda: 10a: acetato de etila : acetona : ácido acético : água (60:20:14:1, v/v/v/v). 10b: acetato de etila : acetona : ácido acético : água (60:20:16:10, v/v/v/v) 1: Amostra autêntica; 2: isovitexina; 3: vitexina. Observação em luz UV 365nm. Fonte: autoria própria.A figura 10 expõe os cromatogramas obtidos com a mudança na fase móvel, onde foi alterada a proporção do ácido acético. Para essa análise, foram encontrados para a amostra autêntica, isovitexina e vitexina os valores de Rfs de 0,7976, 0,7857 e 0,7976 para a fase móvel com menos ácido acético (acetato de etila: acetona: ácido acético: água 60:20:14:10, v/v/v/v) e 0,8095, 0,7857 e 0,7976 para a fase móvel com maior quantidade de ácido acético (acetato de etila: acetona: ácido acético: água, 60:20:16:10, v/v/v/v). Analisando esses fatores e observando os cromatogramas (fig. 10), percebe-se que não houve diferença entre os fatores de retenção e que os mesmos ficaram dentro do intervalo proposto como critério de aceitação. O padrão das bandas e a coloração também não apresentaram diferenças significativas, demonstrando que nesse quesito, o método está um passo a mais de ser robusto. 1 2 3 R4 1 2 3 a b 42 FIGURA 11. Perfil cromatográfico para avaliação da robustez: Tempo e configuração de saturação Legenda: 11a: 20 minutos sem utilização de papel filtro. 11b: 20 minutos utilizando papel filtro. 1: Amostra autêntica; 2: isovitexina; 3: vitexina. Observação em luz UV 365nm. Fonte: autoria própria. A figura 11 apresenta o perfil cromatográfico para o parâmetro de tempo e configuração da saturação. A figura 11a (20 minutos de saturação sem a presença do papel filtro) apresentou valores de 0,8675 para a amostra autêntica, 0,8554 para isovitexina e 0,8675 para a vitexina. A figura 11b apresenta o cromatograma para a configuração com 20 minutos de saturação com o papel filtro e apresentou valores de fator de retenção de 0,7229 para a amostra autêntica, 0,7349 para isovitexina e 0,7349 para a vitexina. Esses valores encontram- se dentro da margem preconizada pelo critério de aceitação. Além disso, o padrão das bandas, sua coloração e intensidade permanecem semelhantes, indicando que não houve alteração no perfil cromatográfico. Um fato curioso do cromatograma 11b é que os Rfs apresentaram-se um pouco abaixo da média utilizada como referência. KOLL et al., (2003) observaram que a umidade relativa do ar e a temperatura do ambiente podem influenciar significativamente nos valores de Rf Eles observaram que o valor de Rf diminui com o aumento de temperatura e diminuição da umidade. A figura 12 mostra os resultados encontrados para mostrar a influência da temperatura e umidade em um estudo de validação com rizomas de Black cohosh. 1 2 3 R4 1 2 3 a b 43 FIGURA 12. Influência da umidade e temperatura em uma amostra autêntica de Rizoma de Black Cohosh Legenda: 1: 27 °C, 52% de umidade; 2: 28 °C, 50% de umidade; 3: 30 °C, 48% de umidade; 4: 31 ºC, 47% de umidade; 5: 32 °C, 46% de umidade. Fonte: KOLL et al. (2003). O laboratório no qual foram feitos os ensaios para a validação parcial da metodologia não possui equipamento específico para verificar temperatura e umidade, dessa forma, não foi feito esse controle para observar o quão iria interferir nos valores de Rf ou não. Assim, sugere-se que a alteração no Rf ocorreu devido à temperatura e umidade. FIGURA 13. Perfil cromatográfico para avaliação da Robustez: Pré eluição da placa Legenda: 13a: Pré eluição com fase móvel utilizada em condições normais. 13b: Pré eluição com metanol. 1: Amostra autêntica; 2: Isovitexina; 3: Vitexina. Observação em luz UV 365nm. Fonte: autoria própria 1 2 3 1 2 3 a b 44 A figura 13 apresenta o cromatograma para o parâmetro de pré-eluição da fase estacionária. Foram encontrados os valores de Rf 0,8795, 0,8795 e 0,8916 para amostra autêntica, isovitexina e vitexina para a placa previamente eluída com metanol. Já para a placa previamente eluída com a fase móvel utilizada nos outros ensaios, foram encontrados os mesmos valores de Rf de 0,8809 para amostra autêntica, isovitexina e vitexina. Observa-se que o perfil cromatográfico como um todo está semelhante ao que é esperado e observa-se alguns pontos de arraste e aparente diminuição da resolução das bandas. Isso provavelmente ocorreu no momento de borrifar o revelador Reagente Natural A 0,5%, Esses resultados também estão de acordo com o esperado e em conformidade com os critérios de aceitação pré definidos. FIGURA 14. Perfil cromatográfico para avaliação da Robustez: Tipo de câmara: béquer Legenda: 1: Amostra autêntica; 2: isovitexina; 3: vitexina. Observação em luz UV 365nm. Fonte: autoria própria A figura 14 apresenta o perfil cromatográfico encontrado para a amostra autêntica, isovitexina e vitexina na mudança do tipo de câmara cromatográfica. Nesse caso, foi feita a eluição em um béquer de vidro de 1000 mL. Os resultados de fator de retenção encontrados foram de 0, 8916 para a amostra autêntica e isovitexina e 0,9146 para a vitexina. O padrão das bandas e a coloração do perfil também não se modificaram. Os Rfs permaneceram na faixa de intervalo proposta como critério de aceitação. 1 2 3 a 45 Observando os dados encontrados e tendo em vista que os valores de Rf não sofreram variações significativas, conclui-se que o método é robusto a pequenas variações, não modificando o perfil cromatográfico. 46 6. CONCLUSÕES ● O perfil cromatográfico é parte de um rol de exigências para o registro de medicamentos fitoterápicos e produtos naturais fitoterápicos, portanto, não é possível concluir sobre o controle de qualidade apenas utilizando a técnica de cromatografia em camada delgada. ● O método desenvolvido para a identificação de extrato das folhas Moringa oleifera foi validado e se mostrou seletivo, preciso e robusto. ● O parâmetro de seletividade se mostrou eficaz, visto que, a mesma espécie sob condições de processamento diferentes obtiveram perfis cromatográficos semelhantes e conseguiu identificar um perfil cromatográfico diferente em uma amostra comercial de folhas de M. oleifera. ● O método em questão é preciso, visto que, tanto o parâmetro da repetibilidade quanto da precisão intermediária obtiveram valores de desvio padrão relativo entre os ensaios menores que 15%, como preconiza a IN nº 4, de 2014. ● O método se mostrou robusto, visto que não houve diferenças significativas nos valores Rf frente às alterações feitas nas condições cromatográficas. ● Por fim, espera-se que mais estudos na área de controle de qualidade de plantas medicinais sejam realizados e incluídos nos compêndios oficiais a fim de garantir que um produto seguro chegue às mãos dos consumidores. 47 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BORGES, F. V.; SALES, M. D. C. Políticas Públicas de Plantas Medicinais e Fitoterápicos no Brasil: Sua História no Sistema de Saúde. Pensar acadêmico, v. 16, n. 1, p. 13-27, 2018. BRASIL 2006a. Ministério da Saúde. Portaria nº. 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. DOU. Poder Executivo, Brasília, DF, 04 mai. 2006. BRASIL 2006b. Presidência da República. Decreto n°. 5813 de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. DOU. Poder Executivo, Brasília, DF, 23 jun. 2006. BRASIL 2009.
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