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Anne Karen Suano Reis e Lucas Rodrigues Pontes 5º período D Resenha da obra A morte é um dia que vale a pena viver A morte é um dia que vale a pena viver é um livro escrito por Ana Cláudia Quintana Arantes, publicado em 2017. Esta obra faz uma reflexão sobre conceitos relacionados aos Cuidados Paliativos e traz uma profunda análise sobre a vida e como encarar os últimos dias na terra. O assunto “fim da vida” para alguns ainda é visto como tabu, mas para outros torna-se algo reconfortante, pois em um meio de incertezas, a única certeza que temos é que um dia partiremos. Ao abordar um tema muitas vezes tão controverso, a autora enfatiza a importância dos Cuidados Paliativos ao mesmo tempo em que incentiva a constante busca pelo significado e propósito em nossa vida. Nas suas 192 páginas, escritas em primeira pessoa e divididas em capítulos intitulados com os assuntos a serem abordados, o texto flui acerca de temas relativos tanto à morte quanto, principalmente, à vida. Inicialmente, a autora discorre sobre seu primeiro contato com a medicina, ao observar os cuidados recebidos por sua avó, que possuía uma enfermidade arterial periférica e precisou submeter-se a duas amputações. Em seguida, relata sobre sua graduação em medicina e seus primeiros anos como médica, refletindo sobre a importância do autocuidado e do autoconhecimento, tão necessários para que se possa cuidar do outro. Os conceitos de Cuidados Paliativos são então abordados, bem como a diferença entre empatia e compaixão, um panorama a respeito da morte e seu processo ativo, considerações sobre o tempo, espiritualidade, arrependimentos e felicidade. Os capítulos finais apresentam a importância do processo de luto e uma visão acerca dos Cuidados Paliativos no Brasil. A morte é um dia que vale a pena viver é uma obra para ser lida por qualquer pessoa que queira dar mais significado para a própria vida. A autora aborda muitos aspectos da prática médica, vivências da sua graduação e, principalmente, do seu trabalho, o que certamente pode colaborar na formação de acadêmicos de medicina ou de qualquer curso da área da saúde. Por outro lado, também fala a respeito de assuntos e questões referentes à vida de qualquer pessoa. Logo nos primeiros capítulos, Ana Cláudia Arantes afirma sabiamente que “tão importante quanto cuidar do outro é cuidar de si”, constatação que teve depois de sofrer muito ao lidar com pacientes terminais e se dedicar de maneira pouco saudável ao seu trabalho. Discorre, então, sobre a assistência promovida pelos Cuidados Paliativos, sobre o “bem cuidar do morrer” e da importância de trazer alívio e dignidade aos pacientes terminais. Ao falar sobre a morte, a autora assegura que, ao invés de se ter medo, deve-se ter respeito em relação a ela. Tal observação possui grande relevância, visto que “possibilita a experiência consciente de uma vida que vale a pena ser vivida”. Ou seja, ter respeito pela morte também significa dar mais propósito para os nossos dias enquanto vivos. No interessante capítulo “O processo ativo de morrer e a dissolução dos quatro elementos”, somos apresentados à visão dos orientais acerca do processo de morte, que fazem uma relação com os elementos da natureza, terra, água, fogo e ar. Em outro capítulo de grande relevância, intitulado “A dimensão espiritual do sofrimento humano”, a autora discorre sobre as profundas questões acerca da espiritualidade e do conceito de sagrado para cada pessoa. Aborda questões como fé, transcendência e a importância de se despir de preconceitos ao cuidarmos de pessoas que estão morrendo, enfatizando que “se a nossa espiritualidade estiver sobre uma base de Amor e Verdade, vivenciados e não somente conceituados, não importa o caminho que escolheremos, a vida dará certo.” Ao final do livro, o assunto abordado é o processo de luto que se segue após perder uma pessoa amada e como ele é fundamental. Ana Cláudia Arantes nos mostra a perspectiva de encarar esse luto como momento de transformação e como devemos nos apegar ao amor sentido pela pessoa que se foi. E é falando nesse sentimento que a autora conclui seu livro, ao assegura-nos que “tudo pode morrer, exceto o Amor. Só o Amor merece a imortalidade dentro de nós.” Ana Cláudia Quintana Arantes é uma médica formada pela Universidade de São Paulo (USP). Além da residência em Geriatria e Gerontologia e da pós-graduação em Psicologia, também possui especialização em Cuidados Paliativos pelo Instituto Pallium e pela Universidade de Oxford. É sócia-fundadora e vice-presidente da Associação Casa do Cuidar, Prática e Ensino em Cuidados Paliativos e foi responsável pela implementação de políticas assistenciais e treinamentos institucionais em Cuidados Paliativos e Terapia da Dor no Hospital Israelita Albert Einstein. Após a publicação de A morte é um dia que vale a pena viver, em 2017, também publicou Histórias lindas de morrer, em 2020, e Pra vida toda valer a pena, em 2021.
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