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Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos APRESENTAÇÃO A vida depende da capacidade das células de armazenar, obter e traduzir as instruções genéticas (instruções hereditárias) necessárias para manter o organismo vivo. Essa informação hereditária é passada de uma célula às células-filhas durante a divisão celular, e é no núcleo celular, de todas as células eucarióticas, que essas instruções são armazenadas. No núcleo celular existe uma complexa organização, um cromossomo, que é formado por uma única molécula de DNA (ácido desoxirribonucleico) extremamente longa, contendo inúmeros genes organizados linearmente. Vamos, juntos, estudar como cromossomos, DNA e genes estão organizados e como eles asseguram a manutenção das informações genéticas. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Reconhecer a estrutura nuclear;• Definir o conceito, a função e a localização da estrutura do DNA, dos genes e do cromossomo; • Identificar como a enorme estrutura do DNA cabe no pequeno núcleo celular.• DESAFIO O DNA é o carreador da informação genética que, em células eucarióticas, está contida no núcleo celular. A análise do DNA é uma ferramenta poderosa, que permite a investigação criminal e o esclarecimento de casos de paternidade duvidosa, por exemplo. Dessa forma, em medicina forense, a análise de amostras de DNA constitui-se de valor fundamental para a elucidação de determinados delitos, uma vez que ele pode ser considerado a impressão digital de cada indivíduo. Supondo que você seja um perito criminal e atue na área da biologia molecular, avalie o caso a seguir: Em uma cidade do interior, houve um caso de estupro. A vítima relatou o caso às competências policiais, fez a descrição do estuprador e foi encaminhada para coleta de amostra. Você foi encarregado de receber e analisar as amostras de sangue que foram colhidas na cena do crime (CC), da vítima (V) e de três sujeitos que possivelmente podem tê-lo cometido (S1, S2 e S3). O resultado que você obteve está ilustrado na figura, a qual mostra a separação de fragmentos de DNA, com os respectivos padrões de bandas a partir das amostras coletadas. Com base no texto acima, responda: a) Por que foi coletado sangue da vítima? b) Qual técnica você utilizaria para obter esses resultados? Que elementos figurados do sangue podem fornecer esses fragmentos de DNA? c) Qual dos três indivíduos suspeitos é, provavelmente, o autor do crime? d) Como você chegou à conclusão do suposto autor do crime? INFOGRÁFICO Toda a informação genética (ou DNA) de células eucarióticas está contida no núcleo celular. Na molécula de DNA, existem trechos contendo as sequências específicas de determinados nucleotídeos que podem corresponder à sequência de um gene. As histonas são responsáveis pelo primeiro e mais básico nível de organização cromossômica, o nucleossomo. Os nucleossomos são compactados ainda mais para gerarem os cromossomos. CONTEÚDO DO LIVRO O DNA é a molécula que carrega a informação genética dos organismos vivos. Ele é formado por uma sequência de nucleotídeos que determina a hereditariedade. Essas sequências formam os genes, que definem a sequência de aminoácidos que formaram as cadeias polipeptídicas sintetizadas pelas células. Aprofunde seu conhecimento com a leitura do capitulo Estrutura Nuclear: DNA, Genes e Cromossomos da obra Biologia Celular, onde você entenderá como é a estrutura do núcleo das nossas células e como a molécula de DNA consegue ficar contida em seu interior. Boa leitura. BIOLOGIA CELULAR Daikelly Iglesias Braghirolli Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer a estrutura nuclear. � Definir o conceito, a função e a localização da estrutura do ácido desoxirribonucleico (DNA), dos genes e do cromossomo. � Identificar como a enorme estrutura do DNA cabe no pequeno núcleo celular. Introdução O DNA é a molécula que carrega a informação genética dos organismos vivos. Ele é formado por uma sequência de nucleotídeos que determina a hereditariedade. Essas sequências formam os genes, que definem a sequência de aminoácidos que formaram as cadeias polipeptídicas sin- tetizadas pelas células. Dessa forma, a molécula de DNA é extremamente comprida e para que possa ser armazenada nos núcleos celulares, ela se organiza em estruturadas altamente compactadas, os cromossomos. Assim, neste capítulo, você entenderá como é a estrutura do núcleo das nossas células e como a molécula de DNA consegue ficar contida em seu interior. Você também identificará a estrutura do DNA e diferenciará a estrutura e a função dos genes e dos cromossomos. Núcleo celular e sua estrutura O núcleo é a estrutura celular que abriga o genoma (conjunto de informações genéticas codificadas pelo DNA) da célula. Assim, essa organela separa o material genético da célula do restante do citoplasma. A forma do núcleo celular pode variar de acordo com o tipo de célula. Porém, comumente o núcleo apresenta uma forma redonda, de cerca de 5 a 10 nm de diâmetro. As células podem apresentar um núcleo único ou mais (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). A presença de núcleo distingue as células em duas classes principais: células eucarióticas e células procarióticas. As células eucarióticas apresentam núcleo celular, enquanto as células procarióticas, como as bactérias, não o têm. Nesse tipo celular, o DNA não é compartimentalizado em uma organela, mas, sim, fica em contato com o citoplasma (ALBERTS et al., 2017a; COOPER; HAUSMAN, 2007). O núcleo apresenta duas membranas que separam o seu conteúdo do cito- plasma da célula. Essas duas membranas concêntricas, chamadas de membrana interna e membrana externa, compõem o chamado envelope nuclear. O envelope nuclear também apresenta poros em sua estrutura, chamados poros nucleares. As duas membranas nucleares são formadas por bicamadas de fosfolipídios que impedem a passagem de moléculas hidrossolúveis e/ou grandes através delas. As duas membranas são separadas por um espaço chamado cisterna perinuclear, de aproximadamente 40 a 70 nm de espessura. O envelope nuclear também apresenta poros nucleares, que unem as suas duas membranas entre si. No poro, as duas membranas são contínuas. É por meio dessas estruturas que ocorre o trânsito de pequenas moléculas hidrofílicas e de outras moléculas específicas entre o núcleo e o citoplasma da célula (COOPER; HAUSMAN, 2007). A membrana nuclear externa do envelope nuclear é contínua à membrana do retículo endoplasmático (RE). Assim, o espaço entre as membranas nucleares interna e externa é conectado ao lúmen do RE. Ainda, a membrana nuclear externa é bastante similar à membrana do RE em relação a sua funcionalidade, podendo, em sua face externa, que fica voltada para o citoplasma, apresentar ribossomos aderidos. Enquanto isso, a membrana nuclear interna se relaciona Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos2 com a lâmina nuclear, estrutura encontrada logo abaixo dessa membrana. A lâmina nuclear é formada por proteínas fibrosas e é responsável por fornecer estrutura ao núcleo. Essas proteínas se associam umas às outras formando filamentos. A lâmina interage com a membrana nuclear interna pelos lipídeos que são adicionados a alguns resíduos de cisteína presentes na estrutura das proteínas e, também, pela ligação a proteínas da membrana. A lâmina também interage com a cromatina, no interior do núcleo. Algumas de suas proteínas formam uma matriz mais frouxa, que se projeta para o interior nuclear e interage com alguns sítios da cromatina. Assim, a organização da lâmina também é importante para a replicação adequada do DNA (COOPER; HAUSMAN, 2007). Como citado anteriormente, os poros nucleares unem as duas membranas nucleares. Essas estruturas são formadas por proteínas e são bastante gran- des. Elaspermitem a passagem de moléculas polares pequenas, íons, ácido ribonucleico (RNA) e algumas proteínas. O RNA é produzido no interior do núcleo e, na síntese proteica, é utilizado no citoplasma. Enquanto isso, as proteínas e enzimas nucleares são produzidas nos ribossomos, no citoplasma celular. Assim, os poros nucleares regulam a passagem das proteínas e do RNA entre núcleo e citoplasma. As moléculas pequenas conseguem passar livremente pelos poros nucleares abertos, do núcleo para o citoplasma e vice- -versa. Enquanto isso, as macromoléculas, como proteínas e RNA, atravessam os poros nucleares por meio de mecanismos de transporte ativo, unidirecional. O interior do núcleo contém cromatina, matriz nuclear e componentes solúveis. Como veremos a seguir, a cromatina é formada pelo DNA e por proteínas. Enquanto isso, a matriz nuclear corresponde à estrutura fibrilar que fornece apoio estrutural aos cromossomos. A lâmina nuclear faz parte da matriz nuclear. Ao realizar coloração de lâminas histológicas, é possível verificar a pre- sença de estruturas bastante coradas no interior do núcleo celular. Essas estruturas são denominadas nucléolos e correspondem ao local de produção dos ribossomos. Elas são formadas por RNA ribossômico (rRNA) e proteínas (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013). Veja a Figura 1. 3Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos Figura 1. Estrutura do núcleo celular. Observe a estrutura das membranas nucleares, bem como a sua relação com a lâmina nuclear e o RE. Fonte: Cooper e Hausman (2007, p. 322). DNA, gene e cromossomo A vida depende da capacidade das células em armazenar as informações ge- néticas, recuperá-las, traduzi-las e repassá-las às próximas gerações. Assim, a informação genética deve ser codificada para a produção de efetores celulares, as proteínas, além de ser passada hereditariamente. As informações genéticas são armazenadas no DNA, que é uma molécula formada por duas cadeias paralelas, unidas entre si por meio de ligações de hidrogênio. Essas cadeias são chamadas de cadeias de DNA ou fitas de DNA. As unidades formadoras das cadeias são os nucleotídeos e, no DNA, quatro tipos são encontrados: nucleotídeos de adenina (A), guanina (G), timina (t) e citosina (C) (ALBERTS et al., 2017b). Os nucleotídeos que formam a cadeia do ácido nucleico são unidos entre si por meio da ligação entre o grupamento fosfato de um nucleotídeo e a pentose de outro. Dessa forma, a cadeia polinucleotídea apresenta em seu “esqueleto principal” uma alternância entre ose e fosfato. Assim, as duas extremidades da cadeia sempre são diferentes entre si, o que proporciona polaridade ou direcionalidade à fita. Uma das extremidades é nomeada extremidade 5’ e a outra, extremidade 3’. As bases nitrogenadas, por sua vez, ficam voltadas lateralmente em relação à cadeia principal. Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos4 Os nucleotídeos são moléculas formadas por três componentes básicos: uma base nitrogenada, um resíduo de açúcar (a ose) e um grupo fosfato. A ose presente nos nucleotídeos encontrados no DNA é a 2’-desoxi-D-ribose (ou desoxirribose). Essa ose apresenta uma estrutura cíclica e é classificada como uma pentose, isto é, é formada por cinco átomos de carbono. O prefixo desoxi em sua nomenclatura indica que essa pentose não apresenta um átomo de oxigênio ligado ao seu carbono 2’. Enquanto isso, as bases nitrogenadas são moléculas aromáticas que contêm um heteroátomo, o nitrogênio, em sua estrutura. Essas bases são derivadas de duas moléculas principais, a purina e a pirimidina. No DNA, são encontradas as bases derivadas da purina, chamadas bases purínicas, adenina (A) e guanina (G), e as bases derivadas da pirimidina, chamadas bases pirimídicas, timina (T) e citosina (C) (NELSON; COX, 2014). Veja a Figura 2. Grupo fosfato Desoxirribose (açúcar) Base nitrogenada (adenina) Nucleotídeo (de adenina) Fonte: Adaptada de grayjay/Shutterstock.com. As duas fitas que formam o DNA são dispostas de forma antiparalela. Dessa forma, uma fita apresenta direção 5’ 3’ e a outra, 3’ 5’. As ligações de hidrogênio que unem as duas fitas ocorrem entre as bases nitrogenadas dos nucleotídeos. Essas bases apresentam pareamento específico, isto é, as bases não estabelecem ligações “ao acaso”. Ao invés disso, a adenina sempre interage com a timina e a guanina com a citosina e vice-versa. Esse pareamento de bases permite que a molécula de DNA adquira uma estrutura mais compacta e favorável, energeticamente, no interior celular. A estrutura adotada pela molécula de DNA se assemelha a uma “escada espiral”. As duas cadeias principais que formam o DNA se torcem uma ao redor da outra, em torno de um eixo comum, adquirindo a forma de dupla- -hélice (Figura 2). A orientação da dupla hélice é para a direita e em cada uma de suas voltas são encontrados 10 pares de bases. Nessa estrutura, a cadeia principal, de açúcar e fosfato, fica voltada para a água circundante enquanto as bases nitrogenadas se encontram no lado interno da hélice (ALBERTS et al., 2017a; VOET, D.; VOET, J., 2013). 5Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos Figura 2. Estrutura do DNA. Note que as bases nitrogenadas são voltadas para o lado interno da molécula e apresentam pareamento específico: guanina (G) com citosina (C) e adenina (A) com timina (T) e vice-versa. Essa estrutura adquire a forma de dupla-hélice, na qual as duas cadeias principais apresentam torção para a direita, em torno de um eixo helicoidal comum. Fonte: Alberts et al. (2017a, p. 176). A estrutura em dupla hélice do DNA foi elucidada pelos pesquisadores Watson e Crick, na década de 50. Esse trabalho possibilitou o crescimento de várias áreas da tecnologia. No link a seguir você poderá aprender um pouco mais sobre a estrutura do DNA e sobre essa importante pesquisa. https://qrgo.page.link/T3bo5 Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos6 Genes e cromossomos A informação genética utilizada para a produção de uma nova molécula de DNA ou para a síntese de proteínas está contida na sequência das bases que compõe as fitas de DNA. Cada base (A, T, C e G) é utilizada para a codificação da “mensagem biológica”. Assim, os diferentes tipos de organismos vivos apresentam diferenças entre si em função das suas diferentes sequências nucleotídicas que compõem o DNA (ALBERTS et al., 2017a). Na proliferação celular, a molécula do DNA deve ser duplicada. Como as duas fitas de DNA são complementares entre si, cada fita dessa molécula atua como um molde para a produção de uma nova fita complementar. Dessa forma, a informação contida no DNA pode ser duplicada. Para isso, inicialmente as duas fitas da dupla hélice se separam e cada uma é usada como molde para a formação de uma nova fita complementar, idêntica àquela a qual ela estava associada. As proteínas também são sintetizadas de acordo com a informação contida no DNA. Essa informação está armazenada em sequências específicas de nucleotídeos, chamadas genes. Cada gene, portanto, é um segmento de DNA que codifica uma determinada sequência polipeptídica. Assim, a sequência de nucleotídeos do DNA origina uma sequência de aminoácidos, que formam as cadeias polipeptídicas e as proteínas. Essa relação de codificação entre os quatro diferentes tipos de bases dos nucleotídeos do DNA e os 20 tipos de aminoácidos que formam as proteínas é chamada de código genético. A codi- ficação do código genético é denominada expressão gênica. Nesse processo, os genes são transcritos em RNA e esse, traduzido em um peptídeo ou uma proteína. Dessa forma, os genes são os elementos que contêm a informação que determina as características de uma espécie (COOPER; HAUSMAN, 2007; ALBERTS et al., 2017b). O conteúdo total de informação de um organismo é contido no chamado genoma. O genoma de um organismo alberga a informação para a produção de todas as moléculas de RNA e proteínas que ele precisa. O DNA apresenta vários genes e também sequências de nucleotídeos que não sãocodificadoras. Essas sequências, presentes entre os genes, são chamadas sequências espaça- doras. Sequências não codificadoras também podem ser encontradas dentro dos genes, sendo chamadas sequências intervenientes ou, mais comumente, de íntrons. Dessa forma, os genes apresentam regiões codificadoras, chamadas de éxons e íntrons. Quando o gene é lido durante o processo de transcrição, que leva à formação do ácido ribonucleico (RNA), os íntrons são removidos, resultando somente na inclusão dos éxons. Os íntrons representam grande parte 7Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos do DNA humano. No genoma humano, cada gene tem em média nove éxons, que são interrompidos por oito íntrons. Os íntrons auxiliam no controle da expressão gênica. A sua presença permite que os éxons sejam combinados de diferentes formas, resultando na produção de diferentes proteínas a partir do mesmo gene. Além dos íntrons e éxons, cada gene é associado a sequências de DNA regulador. Essas sequências são responsáveis por garantir que o gene seja ativado ou desativado no momento correto e que seja expresso em quantidade correta e em células específicas. Como discutimos anteriormente, nas células eucariontes, o DNA está compartimentado no núcleo. Nessas células, o DNA é dividido em cromos- somos. Os seres humanos, por exemplo, apresentam o DNA dividido em 23 pares de cromossomos. Os cromossomos consistem em uma molécula longa de DNA e proteínas que a enovelam em uma estrutura mais compactada. Além das proteínas que ocasionam o empacotamento do DNA, os cromossomos também apresentam proteínas associadas à replicação e ao reparo de DNA, proteínas relacionadas à expressão gênica e moléculas de RNA. O núcleo das nossas células, com poucas exceções, apresenta duas cópias de cada um dos cromossomos, sendo uma delas herdada do pai e a outra herdada da mãe. Os cromossomos que formam o par são chamados cromossomos homólogos. Dos 46 cromossomos presentes em cada uma das nossas células, 22 são pares homólogos e dois são cromossomos sexuais. Nesse caso, as mulheres apresentam dois cromossomos sexuais X e os homens apresentam um cromossomo X e um cromossomo Y. Compactação do DNA O conteúdo de DNA presente nas células humanas é extremamente grande. Cada uma das nossas células apresenta cerca de 2 metros de DNA no interior de seu núcleo, sendo que essa estrutura apresenta menos de 10 nm de diâmetro. Entretanto, como o DNA cabe no núcleo celular? Como vimos anteriormente, nas células eucarióticas, o DNA encontra-se empacotado nos cromossomos. Após o DNA ser duplicado, ele é ligado a algumas proteínas que ocasionam o seu dobramento. Essas proteínas causam a formação de espirais e alças na estrutura do DNA, o enovelando de forma organizada. Dessa forma, o DNA consegue ser empacotado em uma estrutura pequena e, ao mesmo tempo, totalmente ordenada, garantindo que ela possa Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos8 ser acessada por outras proteínas ou enzimas que farão sua replicação, seu reparo ou sua transcrição (ALBERTS et al., 2017a). Dois tipos de proteínas se associam ao DNA formando os cromossomos, as histonas e as proteínas cromossômicas não histonas. Essas proteínas e o DNA formam a chamada cromatina. As histonas estão presentes em alta quantidade na cromatina, sendo que sua massa total praticamente é igual à massa correspondente ao conteúdo de DNA. Esse grupo de proteínas realiza o primeiro grau de compactação do DNA, que é chamado de nucleossomo. Assim, o nucleossomo é a estrutura básica da cromatina. O nucleossomo é formado em torno de uma estrutura central, denominada “centro do nucleossomo”. Essa estrutura é formada por oito histonas e um segmento de dupla fita de DNA com 147 pares de nucleotídeos. Essa sequência de DNA enrola-se em torno do complexo formado pelas proteínas histonas, dando à cromatina um aspecto de “colar de contas”. Os centros dos nucleossomos formam as “contas”, que são espaçadas por pequenas sequências de DNA formadas por cerca de 80 pares de nucleotídeos, chamadas DNA de ligação. Os nucleossomos levam à redução do comprimento da fita de DNA em torno 1/3 do seu tamanho estendido. As histonas apresentam alta quantidade de aminoácidos básicos, como arginina e lisina. Isso faz com que o octâmero de histonas, presente no centro do nucleossomo, apresente uma alta densidade de cargas positivas. Isso facilita o enrolamento da cadeia de DNA em torno dela, já que a sequência de açúcar e fosfato que forma o seu esqueleto principal é negativamente carregada (ALBERTS et al., 2017b; COOPER; HAUSMAN, 2007). Os nucleossomos que se formam, normalmente, se interpõem uns sobre os outros, formando estruturas ainda mais compactadas, as fibras de cromatina. A ligação entre os nucleossomos é mediada por meio da histona H1. A formação da fibra de cromatina ocasiona o encurtamento do DNA em cerca de seis vezes. O grau de empacotamento da cromatina varia de acordo com a fase do ciclo celular. Assim, a estrutura cromossômica é dinâmica. Para a transcrição e a replicação do DNA, durante a fase de interfase, algumas regiões da cromatina acabam ficando levemente descondensadas. Isso torna o DNA mais acessível às enzimas e proteínas envolvidas nesses processos. Enquanto isso, durante a mitose, a cromatina encontra-se altamente condensada. Os cromossomos mitóticos apresentam um alto grau de compactação para que possam ser distribuídos às células filhas. Para isso, as fibras de cromatina se dobram em torno de si mesmas, condensando o DNA em quase 10.000 vezes. Quando o DNA apresenta esse alto grau de condensação, ele não pode ser acessado para a replicação ou transcrição, por exemplo. Assim, o grau de compactação da cromatina também é um regulador da expressão gênica. 9Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos Veja a Figura 3. Figura 3. Compactação do DNA nos cromossomos. Observe que o enovelamento do DNA e a formação da cromatina ocorre em várias etapas. Ao final desse processo, a molécula de DNA apresenta um tamanho cerca de 10.000 vezes menor que o seu comprimento estendido. Isso permite que todo o conteúdo de DNA seja armazenado na pequena organela que é o núcleo celular. Fonte: Alberts et al. (2017b, p. 187). Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos10 Os cromossomos mitóticos são tão compactados que podem ser corados e visualizados no microscópio. As técnicas de coloração utilizadas nesses processos produzem padrões de bandas claras e escuras nos cromossomos. Esses padrões de bandas parecem representar regiões cromossômicas diferentes e sua avaliação é utilizada para a identificação de cada cromossomo (ALBERTS et al., 2017a). A partir da coloração e identificação dos cromossomos, as análises do cariótipo são realizadas. Estas permitem a identificação de síndromas genéticas, como a Síndrome de Down, a Síndrome de Patau e a Síndrome de Edwards. No link a seguir, você poderá aprender um pouco mais sobre essa técnica: https://qrgo.page.link/GJT5B ALBERTS, B. et al. Biologia molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017a. ALBERTS, B. et al. Fundamentos da biologia celular. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017b. COOPER, G. M.; HAUSMAN, R. E. A célula: uma abordagem molecular. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 11Estrutura nuclear: DNA, genes e cromossomos DICA DO PROFESSOR O vídeo a seguir traz um resumo dos principais tópicos desta Unidade e servirá, principalmente, para você entender a organização nuclear, estrutura, função e localização do DNA, do gene e do cromossomo. Para mais detalhes, inicie a leitura sugerida na guia Conteúdo do Livro. Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! EXERCÍCIOS 1) Assinale a alternativaINCORRETA. A) Em eucariotos, o DNA pode ser encontrado no núcleo, nas mitocôndrias e no cloroplasto. B) As bases existentes na molécula de RNA são adenina, guanina, citosina e uracila. C) As bases existentes na molécula de DNA são a adenina, guanina, citosina e uracila. D) As histonas são proteínas especializadas responsáveis por compactar o DNA, gerando os cromossomos. E) Tanto o DNA quanto o RNA são formados pelo encadeamento de grande número de moléculas menores, os nucleotídeos. 2) As bases nitrogenadas podem ser divididas em bases púricas e pirimídicas. Assinale a alternativa que contém os nomes das bases pirimídicas. A) Adenina, timina e uracila. B) Adenina, citosina e timina. C) Citosina, timina e uracila. D) Guanina, timina e uracila. E) Citosina, timina e guanina. 3) Entre o núcleo e o citosol, existe um intercâmbio seletivo de substâncias, ou seja, moléculas selecionadas no citosol podem ser transferidas para o núcleo e vice-versa. Para que ocorra esse intercâmbio, estão diretamente implicados(as): A) Os ribossomos. B) Os cromossomos. C) Os poros nucleares. D) O nucleoide. E) Retículo endoplasmático. 4) Assinale a alternativa que contém as palavras que completam a frase abaixo: ,Nas células eucarióticas, enormes moléculas de .................. são empacotadas na forma de ................... que são formados por uma única molécula de ................., extremamente longa, que contém inúmeros ....................... organizados linearmente. Na molécula de DNA, existem trechos contendo as sequências específicas de determinados ..................... que correspondem a sequência de um ....................., A) RNA – cromossomos – DNA – genes – nucleotídeos – gene B) DNA de dupla-fita – genes – DNA – cromossomos – nucleotídeos – cromossomo C) RNA – genes – DNA – cromossomos – nucleotídeos – cromossomo D) DNA de dupla-fita – cromossomos – DNA – genes – nucleotídeos - gene E) DNA de dupla-fita – genes – RNA – genes – nucleotídeos - cromossomo 5) A definição "polímero linear longo, composto por quatro tipos de nucleotídeos, sendo o carreador da informação genética e capaz de manter essa informação de uma geração para a outra" é valida para: A) Gene B) Cromossomo C) Cromatina D) Desoxirribose E) DNA (ácido desoxirribonucleico) NA PRÁTICA Os citogeneticistas usam alterações cromossômicas por diferenças no padrão de bandas ou no padrão de coloração, para detectar anormalidades cromossômicas associadas a defeitos herdáveis, ou para caracterizar certos tipos de câncer que surgem pelo rearranjo dos cromossomos específicos nas células somáticas. As anomalias cromossômicas são responsáveis por algumas das síndromes genéticas, como a síndrome de Down, caracterizada pela trissomia do cromossomo 21, e a síndrome de Klinefelter, a qual se caracteriza pela presença de um cromossomo X a mais (47, XXY) em indivíduos do sexo masculino, entre outros distúrbios cromossomais. Um exemplo disso, são pacientes com ataxia (doença caracterizada pela deterioração progressiva da capacidade motora) que apresentam uma aberração nos cromossomos 4 e 12 devido a uma translocação entre eles (troca de fragmentos entre cromossomos não homólogos). Na figura 2, temos a demonstração do que ocorre no cromossomo 12 nessa patologia, dois pares de cromossomos corados de um paciente com ataxia. O paciente tem um par de cromossomos 4 normal (par à esquerda), e um cromossomo 12 normal e um aberrante, como visto pelo seu maior comprimento (par à direita). O material adicional contido no cromossomo 12 aberrante (colchete em vermelho) foi deduzido pelo seu padrão de bandas como sendo uma parte do cromossomo 4, que se ligou ao cromossomo 12 normal em um evento de recombinação anormal, denominado translocação cromossômica. SAIBA MAIS Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Síndrome de deleção 22q11.2: compreendendo o CATCH22 Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Descoberta Estrutura DNA - 60 Anos Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino! Fundamentos da Biologia Celular Biologia Molecular da Célula
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