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00 1 ebook O-TAO-das-Constelacoes

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O TAO das constelações 
 
Ana da Fonte 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O TAO das constelações 
3ª edição 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recife 
Constelar 
2018
Copyright © 2018, Constelar 
 
Projeto gráfico-editorial e revisão 
Salete Rêgo Barros 
 
Capa 
Késsia de Souza 
Ilustrações 
Dani Acioli 
 
 
F682t Fonte, Ana da, 1960 - 
 O TAO das constelações / Ana da Fonte; prefácio 
Paulo Henrique Martins; ilustrações Dani Acioli e Késsia 
de Souza. – Recife: Constelar, 2016. 
 238p. : il. 
 3ª edição 
 Inclui bibliografia. 
 ISBN 978-85-93013-00-3. 
 
 1. TAOÍSMO. 2. TAOÍSMO – HISTÓRIA. 3. FILOSOFIA 
TAOÍSTA. 4. CIÊNCIA – FILOSOFIA. 5. EXISTENCIALISMO. 6. 
ESPIRITUALI DADE. 7. AUTOCONHECIMENTO. 8. RELAÇÕES 
INTERPESSOAIS. 9. MENTE CORPO (TERAPIA). I. Martins, Pau-
lo Henrique. II. Acioli, Dani. III. Souza, Késsia de. IV. Título. 
 
 CDU 299.513 
 CDD 299.514 
PeR – BPE 16-570 
 
Edição: 
Novoestilo Edições do Autor 
Rua Luiz Guimarães, 555, Poço – Recife-PE 
Fone: 81 32433927 
www.culturanordestina.com.br
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
5 
 
Sumário 
Prefácio ............................................................................................. 7 
Agradecimentos ............................................................................. 15 
Introdução ...................................................................................... 17 
Capítulo 1 ....................................................................................... 23 
Visão sistêmica e despertar do TAO ............................................... 23 
Como atua o ser vivo .................................................................. 27 
Elementos fundamentais do ser vivo ......................................... 29 
Relacionamentos sistêmicos ...................................................... 33 
O pulsar da vida .......................................................................... 33 
O despertar do ser vivo .............................................................. 42 
Encontrando o verdadeiro potencial ......................................... 45 
A força do pensamento sobre nossas ações .............................. 48 
Liberando nossas constelações .................................................. 57 
Capítulo 2 ....................................................................................... 61 
TAO e ancestralidade ..................................................................... 61 
Retorno do TAO pela ancestralidade ......................................... 64 
Ancestralidade – O Retorno do TAO .......................................... 66 
TAO e Constelações Sistêmicas .................................................. 67 
Reconhecendo as diversas constelações ................................... 73 
Redoma familiar e sua importância na sobrevivência da família .. 84 
Ordens do amor nas constelações ............................................. 93 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
6 
 
Capítulo 3 ....................................................................................... 95 
Corpo Sistêmico – uma memória viva ........................................... 95 
Corpo Sistêmico ......................................................................... 97 
Observação do corpo - uma chave para mudança .................. 103 
O mundo em nosso corpo ........................................................ 104 
Emoções e sentimentos ativados na convivência ....................... 112 
Fluxo de vida se move na família ............................................. 117 
Corpo – uma memória viva ...................................................... 123 
Em ressonância com o corpo de dor do outro......................... 139 
Em conexão com nosso corpo ................................................. 141 
Capítulo 4 ..................................................................................... 147 
O TAO dos relacionamentos ........................................................ 147 
Crenças ancestrais .................................................................... 155 
Curvas de contração e expansão nas relações ........................ 157 
Equilíbrio no desequilíbrio ....................................................... 163 
Aprisionamentos mútuos ......................................................... 165 
Relacionamentos incompletos ................................................. 169 
Resgatando a totalidade através do masculino e do feminino 180 
O tamanho do medo, o tamanho do amor .............................. 192 
Conclusão ..................................................................................... 195 
TAO das Constelações ................................................................... 195 
Depoimentos ............................................................................... 233 
Bibliografia ................................................................................... 237 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
7 
 
 
Prefácio 
 
 
Numa primeira aproximação, a Constelação Sistêmica suge-
re filiação a campos disciplinares consagrados, como a psicologia, o 
psicodrama, a psicoterapia familiar e mesmo a psicanálise. Este 
enquadramento é um erro de avaliação, assim como as tentativas 
de reduzir este novo campo a uma das subdisciplinas da sociologia 
acadêmica, como aquelas da sociologia da família, das organizações 
ou do corpo e das emoções. Esses esforços de definição conceitual 
são válidos na medida em que revelam as tentativas dos pensado-
res contemporâneos de explicar as mudanças do velho paradigma 
racionalista da modernidade, fundado no controle instrumental da 
natureza humana e ambiental para novos paradigmas mais comple-
xos, e que respondam à importância de entendimento da totalidade 
do que chamamos de vida, inclusive a humana. Porém, tais defini-
ções pecam por não considerar que estamos lidando, aqui, com a 
emergência de um novo sistema de pensamento complexo, um 
novo paradigma científico, o qual não pode ser enquadrado a partir 
de qualquer simplificação teórica, na medida em que é fundado 
numa ampla variedade de disciplinas situadas entre a filosofia, a 
metafísica, a epistemologia científica e as ciências sociais e no inte-
rior desta última, a teoria da dádiva. 
O fato é que na busca por novos paradigmas que deem 
sentido às mutações da sociedade humana numa realidade larga-
mente caótica, os estudos e o método da Constelação Sistêmica 
vêm se impondo a partir de um movimento terapêutico e pedagó-
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
8 
 
gico que se expande, inicialmente, fora do universo acadêmico. 
Contudo, aos poucos, tem chamado atenção da crítica acadêmica, 
na medida em que não há como negar sua importância científica. 
Sua progressiva legitimação se dá a partir da aceitação crescente 
que vem recebendo da opinião pública, na medida em que de-
monstra grande eficácia na resolução de conflitos sistêmicos, em 
geral, familiares e organizacionais, em particular. Nesta linha de 
reflexão, voltada para entender os fundamentos de seu sucesso 
como novo paradigma científico, sugere-se associar a Constelação 
Sistêmica ao movimento de renovação do pensamento crítico e à 
emergência de correntes de pensamento complexas como o fo-
ram, em suas outras épocas, o positivismo, o marxismo, a psicaná-
lise e o estruturalismo. 
A Constelação Sistêmica nasce pelas mãos do filósofo ale-
mão Bert Hellinger, que buscou organizar, ainda nos anos setenta, 
um novo método de trabalho de base sistêmica para resolução de 
conflitosfamiliares, considerando para isso as contribuições da psi-
canálise, do psicodrama e da análise transacional e sua rica vivência 
pessoal como teólogo e terapeuta. A origem do método explica 
porque muitos ainda denominam este novo campo disciplinar de 
Constelação Familiar, o que me parece um reducionismo que não 
dá conta da complexidade epistemológica que vem sendo apresen-
tada pelo desenvolvimento deste campo de pensamento nas últi-
mas décadas, não somente na Europa, mas em outros países, entre 
eles o Brasil. O presente livro de autoria de Ana da Fonte, denomi-
nado o TAO das constelações, por exemplo, constitui um esforço 
bem sucedido de ampliação dos fundamentos científicos e dos usos 
práticos da Constelação Sistêmica, como veremos mais adiante. 
Por ora, é importante assinalar que a grande receptividade 
que vem tendo este novo campo de conhecimento/ação está liga-
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
9 
 
da aos resultados rápidos e eficazes que apresenta para resolução 
de conflitos diversos, tendo, em particular, grande impacto na 
resolução de conflitos familiares complexos marcados por violên-
cias e exclusões. Mas seus usos têm sido ampliados, como o de-
monstra este livro, para abranger outros tipos de conflitos de na-
tureza social envolvendo organizações, mas também conflitos de 
natureza energética que provocam enfermidades orgânicas, men-
tais e espirituais diversas. De fato, os novos conflitos que nascem 
da complexidade da vida contemporânea marcada por fortes 
emoções, não podem mais ser resolvidos pelos métodos psicológi-
cos, sociológicos e religiosos tradicionais. Os novos conflitos e ex-
periências emocionais possuem um caráter sistêmico inédito, re-
sultante de mudanças importantes nas crenças, valores e regras 
coletivas, com impactos sobre as redes sociais e mesmo sobre a 
estrutura corporal. Do ponto de vista metodológico, a resolução 
prática dos novos conflitos que emergem no final do século XX e 
neste século XXI, constitui um desafio que extrapola as fórmulas 
de resolução tradicionais oferecidas pelos sistemas jurídicos, pelas 
psicologias e pelas religiões. Estes novos conflitos extrapolam a 
positividade das normas jurídicas tradicionais, as saídas de fortale-
cimento das personalidades e dos egos individuais e coletivos, e a 
punição pela culpa e pelo medo impostas tradicionalmente pelas 
as normas religiosas e patriarcais. 
No meu entender, a localização da Constelação Sistêmica no 
interior das Ciências do Homem, hoje, está mais próxima de gran-
des sistemas de ação de caráter interdisciplinar e situados nos cru-
zamentos da filosofia fenomenológica, da teoria dos sistemas, da 
psicanálise e da sociologia. Este novo paradigma vem contribuindo 
decisivamente para a redefinição conceitual da ideia de experiência 
humana, articulando em novo plano o objetivo e o subjetivo, o cor-
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
10 
 
po, a mente e a alma. Ele também está contribuindo para a redefi-
nição dos métodos de observação ao valorizar um novo entendi-
mento sistêmico da realidade observável em vários níveis: dos rela-
cionamentos como redes morfogenéticas, da compreensão afetiva 
da vida que se revela pelas “ordens do amor”, e de uma dinâmica 
de reciprocidade oferecida pela circulação de dádivas, de ações de 
doação, recepção e retribuição de bens simbólicos, que dão amplo 
valor moral e afetivo aos relacionamentos. Isso tudo interfere na 
redefinição do que seja experiência vivida ou do que os sociólogos 
fenomenológicos denominam de “mundo da vida”. 
Em particular, penso que a Constelação Sistêmica tem mui-
tas proximidades com o que foi pensado como Sociologia no sécu-
lo XIX, que se constituía num abrangente campo disciplinar volta-
do para interrogar os fundamentos da sociedade industrial euro-
peia e oferecer informações e reflexões relevantes para a organi-
zação daquela modernidade. Hoje, num contexto de declínio dos 
valores e regras desta modernidade ocidental, que tomba exausta 
sob o peso de uma racionalidade instrumental, usada de forma 
inconsequente, surge um novo esforço de renovação da ciência da 
vida social e de retomada desta sociologia como ciência da socie-
dade, formada nas fronteiras da fenomenologia da vida cotidiana 
e dos sistemas complexos. Certamente, os desafios históricos são 
outros, exigindo profundas reinterpretações dos sistemas teóricos 
e práticos. Neste contexto, a Constelação Sistêmica aparece como 
uma das tentativas intelectuais mais bem sucedidas – o que é pro-
vado pela fama que vem ganhando junto a opinião pública - na 
atualização do entendimento complexo da sociedade, dialogando 
com aqueles estudos atuais voltados para a ressignificação dos 
sistemas identitários, como são aqueles da dádiva, do reconheci-
mento e dos que enfocam o gênero, a etnicidade e as gerações. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
11 
 
O presente livro de Ana da Fonte intitulado o TAO das 
Constelações contribui, no meu entender, para ampliar e atualizar 
o caráter teórico e os usos práticos daquilo que foi inicialmente 
concebido como um método de resolução de conflitos familiares, 
e que vem evoluindo para se apresentar como um novo paradig-
ma científico. A autora amplia os entendimentos e os usos do mé-
todo, ao trazer para o debate as contribuições do Taoísmo, um 
conjunto de saberes tradicionais originados na China, há mais de 
cinco mil anos, e que constitui uma fenomenologia de interesse 
eminentemente prático. Associando os avanços contemporâneos 
da teoria dos sistemas com esta fenomenologia prática criada, 
inicialmente, pelo mestre Lao-Tsé, Ana da Fonte consegue alargar 
a ideia de vida social para aquela de vida em geral, vida total, a 
qual inclui tanto as forças da vida no sentido horizontal, das práti-
cas concretas entre indivíduos e grupos sociais, e no sentido verti-
cal, das relações de cada um de nós com os mistérios maiores que 
englobam o Viver e o Ser neste planeta. Dessa forma, é que este 
livro constitui uma contribuição muito relevante para fazer avan-
çar uma nova prática teórica e energética dos relacionamentos 
horizontais e verticais. Ele põe em evidência, por um lado, a im-
portância do corpo na produção da saúde física, mental e social, e, 
por outro, a “alma” na germinação de um entendimento generoso 
e solidário do ser humano com os sistemas vivos e sociais e com a 
liberação de emoções positivas que libertam uma nova presença 
do sujeito humano no seu ecossistema vivo e no horizonte mais 
amplo das ancestralidades. 
A inovação deste livro é dada, em primeiro lugar, pela tra-
jetória biográfica da autora. Engenheira química de formação aca-
dêmica, logo descobriu no interior das fábricas o valor da intera-
ção humana na emergência de motivações coletivas no trabalho. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Mais tarde, ampliou este entendimento nas assessorias prestadas 
a empresas do setor terciário, onde aprofundou sua percepção 
fenomenológica das motivações humanas na produção, no con-
sumo e na experiência estetizante da vida. Aos poucos foi deslo-
cando sua curiosidade científica para incorporar um entendimento 
mais íntimo das relações humanas, o que a levou a uma série de 
formações profissionais que a transformaram na terapêutica sis-
têmica que é hoje. Desde a década de oitenta enveredou pelos 
estudos aprofundados do autoconhecimento, o que a levou a des-
cobrir a Constelação Sistêmica como uma resposta teórica e práti-
ca importante na sua busca espiritual e sociológica. Há mais de 
dezoito anos atua como divulgadora e facilitadora de constelações 
sistêmicas. A fundação do Constelar – Instituto de Práticas Sistê-
micas do Brasil – constitui uma iniciativa institucional fundamental 
para a divulgação da Constelação Sistêmica em vários níveis: na 
geração de novos facilitadores, na facilitação de casos empíricos e 
na promoção do método de Hellinger e dos novos divulgadores do 
método, tanto pela organização de cursos comode palestras. 
O presente livro consiste, logo, numa reflexão aprofundada 
a partir de vivências de vários anos da autora com as facilitações de 
constelações com sistemas de relacionamentos humanos. A autora 
explora as perspectivas de olhares múltiplos da realidade, ofereci-
dos pelos diálogos entre as fenomenologias ocidentais e orientais 
com a teoria dos sistemas e com os estudos sobre a dádiva. Sua 
preocupação em articular, a partir de um olhar científico objetivo, 
porém amoroso, as tradições orientais e ocidentais, constitui uma 
contribuição original para revelar a ideia da alma como construção 
sistêmica e prática aberta aos efeitos ecológicos, espirituais, cultu-
rais, sociais e afetivos, presentes em cada grupo social e na relação 
do ser vivo com seu corpo, sua mente, sua alma e sua história. Tal 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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abordagem ajuda a entender que a solução dos emaranhados da 
alma pode ser realizada com o despertar da consciência do sujeito 
humano como corpo vibrante que funciona como rede vital na reso-
lução do sofrimento social e existencial, com vistas a liberar uma 
vida mais digna e generosa dos indivíduos neste planeta. 
Na verdade, o TAO das Constelações já vinha sendo lapidado 
há vários anos, aguardando apenas o seu momento de aparecimen-
to, que é o presente contexto das práticas humanas, marcado por 
sofrimentos gerados por violências, desigualdades e alienação em 
relação ao valor dos vínculos sociais e da espiritualidade. Mas tam-
bém de inovações tecnológicas e de liberação de novos paradigmas 
humanistas. Neste sentido, é uma contribuição inestimável ao ofe-
recer luzes sobre o funcionamento da alma humana em contextos 
de crise, indicando as chaves para a liberação de outros modos de 
viver, mais dignos e solidários. Constitui, sem dúvidas, uma impor-
tante contribuição para a difusão das Constelações Sistêmicas, não 
somente como práticas terapêuticas, mas, sobretudo, como con-
junto de saberes práticos necessários na renovação das ciências da 
sociedade e da liberação espiritual. Não se trata, como foi dito, de 
um texto apenas teórico, embora também o seja. Mas consiste, 
sobretudo, em um manual de valor prático para orientar aquelas 
pessoas que estão buscando entender e transformar o mundo para 
que a natureza amorosa do ser humano possa emergir com suavi-
dade nas relações interpessoais, na vida cotidiana, no resgate de 
suas ancestralidades e na busca espiritual. 
 
Recife, julho de 2016 
Paulo Henrique Martins 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Agradecimentos 
 
Aos meus queridos pais pela dedicação e amor, ao longo 
de minha vida, e pelos valiosos ensinamentos de suas próprias 
experiências e as de seus ancestrais: integridade, respeito ao pró-
ximo e liberdade de escolha em busca do meu próprio caminho ao 
encontro com Deus. Meu carinho e minha gratidão. Sem eles tudo 
seria impossível. 
Ao meu companheiro Paulo Henrique, em quem encontrei 
os profundos ensinamentos do TAO, através do Livro das muta-
ções, que me trouxe abertura para novas compreensões dos di-
versos movimentos cósmicos aos quais estamos interligados. Sem 
a sua participação, este livro não teria expressão. 
Ao meu filho Diogo, que me impulsionou ao encontro de 
um amor profundo que jamais despertaria se eu não fosse Mãe, e 
aos meus enteados Maíra e Lucas, que abriram portas para o amor 
de uma família maior. 
Aos muitos amigos e amigas, que acreditaram e me incen-
tivaram em muitos momentos de desistência, o livro se conclui 
para vocês. 
Agradecer aos mestres Lao Tsé, Osho, Bert Hellinger e Man-
tak Chia, que disponibilizaram suas experiências e seus conhecimen-
tos para que eu pudesse inovar as práticas das Constelações, tem um 
valor especial para mim. Sem as suas trajetórias neste planeta, em 
tempos diferentes, jamais as práticas descritas neste livro seriam 
vivenciadas e, tão pouco, escritas. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Finalmente, a todas as pessoas que se entregaram ao tra-
balho com tanta coragem e confiança no seu expressar, é impor-
tante dizer que vocês fazem parte deste livro. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Introdução 
 
 
Dentro de mim soavam muitas vozes que, às vezes, se con-
ciliavam e me faziam seguir em frente e, em outras, entravam em 
conflito e geravam sofrimentos em meu corpo, estagnando pro-
cessos de expansão, fazendo-me pensar ser uma morta-viva. 
Em minha busca interior e, principalmente, através das Cons-
telações, vi camadas se dissolverem em meu corpo/mente, dando-
me a impressão de estar cada vez mais em meu corpo físico ou que 
existia mais espaço para o meu SER ficar mais livre e amoroso. 
Iniciei um grupo de formação tentando explicar o que 
acontecia no trabalho das Constelações. Trabalhamos crenças en-
quanto uma força maior atuava à nossa revelia, mostrando um 
movimento que nos conduz, independentemente do nosso que-
rer, da nossa vontade, e das metas e expectativas que criamos em 
nossas mentes individuais. 
Instalava-se uma busca pelo ponto de equilíbrio, que unia es-
ses dois movimentos simultaneamente, e me fazia entender o cami-
nho do meio tão falado por todos os mestres. Pensamos em Lao Tsé, 
mestre precursor do Taoísmo, que revelou práticas espirituais adota-
das até hoje na China, e que fortalecem a integração do mundo espi-
ritual no cotidiano da vida social. 
Surge uma imagem. Nela, os dois campos formados no tra-
balho das Constelações atuam, um na vertical e outro na horizon-
tal. Imediatamente, a imagem tão consagrada de uma cruz se 
apresenta, junto a uma explicação que o leitor deverá entender, 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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apenas, como um compartilhar de experiências do meu exercício 
de trabalho. 
Esses dois movimentos, na minha percepção, estão atuan-
do, às vezes, como ambivalentes. Em outros momentos eles se 
unem trazendo o equilíbrio e a paz de que necessitamos. Exempli-
ficamos um filho que quer ser músico, enquanto a família pressio-
na para que ele seja médico ou engenheiro. 
Exercendo a função de protetora dos descendentes, a famí-
lia busca argumentos lógicos sobre a profissão do médico, en-
quanto que, através da força vertical, o Ser solicita dele (o filho) a 
representação da divindade através da música. 
Esses dois movimentos existem com muita força dentro de 
cada indivíduo, gerando conflitos e instalando sofrimentos, não 
apenas individual, mas coletivo. A partir do sofrimento de um, 
toda a família sofre. Mas essas dores atuam em cada membro de 
maneira diferente. 
Por outro lado, quando esses dois movimentos encontram o 
ponto de equilíbrio, quando eles coincidem no mesmo propósito, 
nossa criatividade se expande e nos tornamos a própria criação. So-
mente neste ponto encontramos nosso Ser e despertamos para a 
vida em sua totalidade. A partir daí, estaremos aptos a ajudar outras 
pessoas a encontrar o seu ponto de equilíbrio. 
Tentarei explicar melhor esses movimentos, que estão 
sempre variando. 
Movimento Horizontal – Quando nascemos, estamos em 
momento de profunda entrega, disponíveis para a vida e sem jul-
gamentos. Nossos pais / cuidadores, depositam atenção sobre 
nós, para que possamos ser alimentados, protegidos. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Todos os seres viventes têm o amor suficiente para estar, 
neste momento, na graça da vida, mas as crenças que foram insta-
ladas, ao longo de nossas vidas, foram nos distanciando deste mo-
vimento de entrega. 
No planeta Terra precisamos dessas crenças (EGO) para 
nossa sobrevivência. Nossos medos vêm como consequência da 
importância de preservação da vida. 
Porém, se nos observarmos, veremos que muitos desses 
medos são instalados através das crenças de sobrevivência que 
tiveram sua importância em algum momento de nossas vidas. Po-
deríamos largar a maioria desses medos ao longo do tempo, mas 
isso nem sempre acontece. Ao contrário, deixamos queeles se 
cristalizem enrijecendo padrões de comportamento e perdemos, 
dessa forma, a naturalidade e a leveza que nos é disponibilizada 
pela força divina. A força vertical nos pede para que voltemos a 
confiar na vida e não temer a morte, porque, em algum momento 
ela chegará, e essa experiência será vivida por todos. 
Movimento Vertical – A força atua sobre nós independen-
temente do nosso querer. Nela atuam os destinos que nos dei-
xam, muitas vezes, aflitos e querendo compreender esse mistério. 
Passamos por situações que nos desviam de nossos planos, 
vontades e até intenções mais “divinas”. Neste momento reavali-
amos crenças, valores e, muitos de nós, transformamos nossas 
vidas para melhor. 
A força nos pede para ressuscitar nossa coragem, nossa 
tranquilidade, nossa alegria e nosso amor. A este fluxo da vida que 
acontece aleatoriamente, chamamos de Movimento Vertical – o 
movimento que nos convida a estar mais e mais vivos e em cone-
xão com o Todo. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Ao longo da existência humana e na luta pela sobrevivên-
cia, nossos pensamentos, crenças coletivas e atitudes geram frag-
mentos, sofrimentos, e produzem separatividade com o movimen-
to da vida. 
A constelação sistêmica, criada pelo filósofo e seminarista 
alemão Bert Hellinger, traz a possibilidade de olharmos essas par-
tes espalhadas ao longo da existência humana, auxiliando a nossa 
desidentificação com as dores do passado, e o reconhecimento de 
que somos maiores do que acreditamos ser. 
Este é o propósito do livro O TAO das Constelações. A ideia 
é trazer da cultura milenar Taoísta, entendimentos de uma recone-
xão com tudo o que é vivo, e mostrar que o ser humano pode se 
identificar com sua parte dentro desta vasta existência, com o obje-
tivo de se preservar diante dos desafios que, aos poucos, levou-o a 
se desconectar do Todo e a se perder de sua própria essência. 
O convite contido neste livro é semear possibilidades para 
este reencontro, através de partilha das experiências com alunos e 
clientes nos mais diversos grupos promovidos pelo Constelar Insti-
tutos de Práticas Sistêmicas, como também vivenciadas por mim, 
através de encontros com mestres e suas sabedorias, ensinamen-
tos e práticas que nos ajudaram a ampliar nosso campo de com-
preensão no amor maior. Esperamos, com isso, que o leitor possa 
encontrar respostas nas suas próprias vivências e reflexões. 
O primeiro capítulo, A visão sistêmica e o despertar do 
TAO, ajuda-nos a ampliar olhares, com base em conceitos sistêmi-
cos desenvolvidos pela ciência, que se alinham com sintomas apre-
sentados nos indivíduos, nas famílias, nas organizações, na socieda-
de e nos mais diversos sistemas, de antigas crenças, dando-nos a 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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oportunidade de liberarmos padrões e nos alinharmos novamente 
com a força que a vida nos presenteia naquele instante. 
 No TAO e ancestralidade fazemos referência às memórias 
ancestrais existentes em cada um de nós, e o que mobiliza nossas 
escolhas pelas pressões registradas por nossa reatividade ou leal-
dade à família. 
Compreendermos que a unidade divina passa pelos nossos 
pais e que o autoconhecimento, tão falado pelos buscadores, e o 
encontro pacífico com quem nos deu a vida, é o desafio. 
Os sistemas se expandem no fluxo vital. Quando uma famí-
lia está em harmonia, com amor e liberdade seus membros se 
movem no fluxo da vida e podem expandir seu campo de visão 
para novas possibilidades, incluindo novas culturas, novas manei-
ras de encarar os desafios, podendo viver sem as amarras do pas-
sado ancestral que, em função da luta pela sobrevivência, nos 
afastaram de nosso ser uno. 
Por isso, O TAO dos relacionamentos apresenta tantos confli-
tos e a complexidade da convivência com o outro, por trazermos 
todas essas memórias que precisam ser curadas, agora, em nossa 
relação mais profunda: o encontro do masculino com o feminino 
espelhado nas tradições e conflitos que migraram através das diver-
sas gerações. 
Todos esses sintomas conflituosos são absorvidos, mas, muitas 
vezes, não compreendidos pelo nosso Corpo Sistêmico, que está nos 
avisando onde nos desconectamos desta alma maior que tudo une. 
Dessa forma podemos entender que os conflitos familiares 
que estão em nossa memória ancestral explicam razões por que 
adoecemos e até morremos precocemente, mostrando como nos 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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relacionamos com nossos pais e antepassados de uma maneira 
inconsciente, porém, sempre amorosa. 
Finalmente, concluímos com o mestre taoísta Lao Tsé, e al-
guns de seus ensinamentos em forma de versos, mostrando como 
ele está presente em nosso dia-a-dia abrindo portas para as novas 
constelações, que nos desafiam no cotidiano de trabalho, no su-
cesso, na criatividade, na família, nos relacionamentos, na espiri-
tualidade, com nossos amigos e em nossa saúde, que será tema do 
próximo livro. 
Expandindo nosso campo para a eternidade, passo-a-passo 
no que nos é possível, e alinhando com o que a vida nos pede ago-
ra, vamos encontrando nosso lugar de honra nesta vida, a qual 
todos nós pertencemos. 
Capítulo 1 
 
Visão sistêmica e despertar do TAO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
25 
 
“A mente é um prisma; divide as coisas em muitas outras. 
A verdade é uma só.” 
Osho 
 
 
 
 
 
“Sistêmico” significa estarmos juntos, reconectados, unifi-
cados, experienciando o outro em nós. Dessa forma permito que 
meu campo se expanda para que o outro faça parte de mim e eu 
faça parte do próprio campo receptivo que ele expande em minha 
direção. 
Essa experiência só poderá ser realizada em conexão com o 
amor e o princípio de igualdade. Isso é, sem nada, nem ninguém 
maior ou menor, melhor ou pior ou mais importante ou menos 
importante. Ao ampliarmos essa visão provocamos no leitor a 
possibilidade de se enxergar apenas como parte da grande diver-
sidade que se chama Vida. 
Com isso, podemos enxergar o equilíbrio existente e a real 
origem de nossos sofrimentos e aflições. Percebendo que o fluxo 
da vida sempre pedirá o equilíbrio das relações e que, em um 
momento, o excesso de poder poderá se traduzir em um recolhi-
mento por uma das partes do sistema. 
Assim poderíamos definir a visão sistêmica como a experi-
ência do outro em nós, em um princípio do equilíbrio que, ao lon-
go das páginas deste livro, iremos aprofundar. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
26 
 
Baseada nesta definição, trataremos alguns conceitos que 
surgiram decorrentes das atividades realizadas em grupo de for-
mação ao longo desses 15 anos de encontros, vivências com gru-
pos de Constelação Sistêmica, motivação para abrir nossos cora-
ções para a inclusão da memória universal que nos faz vivos e ce-
lebrativos, retraduzindo o princípio do TAO. 
Com isso faremos sempre o jogo do equilíbrio do que nos se-
para e do que nos une, conscientes de que tudo está a favor de uma 
ordem maior que nos apresenta a luta pela sobrevivência, mas tam-
bém a possibilidade de nos encontrarmos na unicidade. Para isso são 
incluídas nossas crenças e padrões, sejam eles do nosso núcleo fami-
liar, da nossa nação, raça ou cultura que nos separa uns dos outros, 
acrescentadas a outro movimento que inclui as dores desses siste-
mas de crenças, que nos fazem querer ajudar e estarmos juntos, co-
mo nos mostra o TAO. 
O Despertar do TAO é o encontro do equilíbrio dessas duas 
energias, que circulam em nosso corpo, construindo pontes entre o 
divino e o mundo manifesto (a forma). O deixar fluir esses dois canais 
que unem o céu e a terra, possibilitando o encontro do mundo invisível 
com o manifesto dentro de nós, em luz. 
No sentido horizontal temos a ancestralidade com toda sua 
memória consciente (individual) ou inconsciente (coletiva); no vertical, 
toda a revelação de sermos um na força maior que nos une e é capaz 
de criar movimentos próprios ao longo de nossa existência,a que po-
demos chamar de Deus, ou mesmo o TAO. 
Assim é ao experienciarmos a vida no presente, incluindo 
toda diversidade do mundo manifesto e todo o mistério do invisí-
vel, que se revela momento a momento. 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
27 
 
Como atua o ser vivo 
 
Para que estejamos em total vitalidade, devemos estar no 
fluxo da vida, sempre em movimento, renovando constantemente 
nossos padrões de interação e nos expandindo para novos apren-
dizados. 
A VIDA querendo ser MAIS... 
No entanto, a maioria de nós está prisioneira de padrões 
que perpassam gerações. É muito comum que esses processos de 
apego ao velho gerem conflitos com o novo ou com o desconheci-
do que quer chegar. Desse fechamento de crenças, o Carnnot 
comprovou, através da segunda lei da termodinâmica, que os sis-
temas fechados entram em caoticidade até liberar toda a energia 
e depois morrer. 
“O sistema fechado (isolado) se encaminhará es-
pontaneamente para a desordem, sempre cres-
cente, perdendo calor num processo irreversível” 
(Sadi Carnnot, 1824) 
A frase acima se baseia na segunda lei da termodinâmica, 
que introduziu a ideia de processos irreversíveis, podendo ser 
aplicada às famílias e organizações. A concentração de poder, a 
arbitrariedade, o apego, os julgamentos e o desrespeito a outras 
ideias, são posicionamentos de fechamento, que provocam en-
tropia (degradação) e, consequentemente, a morte dos sistemas 
familiares ou organizacionais. 
Este sistema fechado pode ser comparado aos nossos pa-
drões de rigidez e de donos da verdade em relação ao mundo em 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
28 
 
que vivemos, e nos traz a origem de muitas pressões internas vi-
venciadas como sintomas em nosso corpo. 
Muitas vezes, a guerra que provoca tantas mortes nos sis-
temas fechados, em suas crenças provocam, também, expansões 
para movimentos de reconciliação e paz, renovando valores ne-
cessários para um novo passo na evolução da vida, que é o nosso 
processo natural. 
Carnnot também realizou experimentos em sistemas abertos, 
e viu a importância da alimentação contínua das energias extraídas 
do meio ambiente para que os sistemas permanecessem vivos. 
“Todo sistema aberto precisa se alimentar de 
um fluxo contínuo de energias extraídas do 
meio ambiente para permanecer vivo.” 
 (Carnnot, 1824) 
Da mesma maneira, Ashby complementou as ideias de 
Carnnot, quando falou que as chances de sobrevivência do siste-
ma dependem da riqueza e variedade de ideias que provocam 
mudanças estruturais de criatividade, desenvolvimento e evolução 
do próprio sistema. 
“A sobrevivência de um sistema depende de sua 
capacidade em gerar riqueza e variedade de idei-
as que provocam mudanças estruturais de criati-
vidade, desenvolvimento e evolução do sistema“. 
Willian Ross, 1958 (Ashby) 
Essas compreensões científicas podem ser comparadas 
com o que mestres Taoístas usaram como metáfora para as nossas 
vidas. Eles nos mostram a importância de sermos como um bambu 
que, por ser vazio internamente, fica livre do sofrimento quando 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
29 
 
as intempéries da vida o cercam, conseguindo ser flexível quando 
submetido a qualquer ventania, por não resistir e nem, tampouco, 
se submeter. Diante da tempestade, o bambu desenvolve uma 
linda dança celebrativa. 
Com as noções que os cientistas nos promoveram, e sa-
bendo de sua influência no trabalho de muitos outros cientistas 
importantes, que adaptam a uma nova realidade esses conceitos, 
tomei emprestados conceitos que o Capra desenvolveu em A teia 
da vida, para adaptar e explicar algumas conclusões que pude tirar 
ao longo do meu trabalho com as Constelações Sistêmicas, que 
são as reflexões que se seguem. 
 
Elementos fundamentais do ser vivo 
 
Consideramos que todo organismo vivo tem três elemen-
tos interligados, onde a vida se manifesta, como assinala Capra em 
seu livro A teia da vida. 
São eles: 
Padrão (P) 
Estrutura (E) 
Processo de vida (PV) 
Ao alinharmos este conceito, veremos que ele se adequa 
ao exercício de muitas reflexões. 
Nascemos no sentido horizontal, como já foi explicado, de um 
pai e de uma mãe dentro de uma sociedade impregnada de valores 
considerados como o nosso padrão de sobrevivência. De acordo com 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
30 
 
este padrão estruturamos nossa vida cotidiana interagindo com situ-
ações que, muitas vezes, fortalecem o sistema de crenças. 
Diante da diversidade da vida, e neste sentido, citaria as 
culturas, as raças, os gêneros que se apresentam em toda a sua 
diversidade. Dessa forma confrontamos sempre com valores dife-
rentes dos nossos, e que se apresentam, muitas vezes, como ge-
radores de conflitos. No entanto, queremos sempre apresentar 
esse fato como uma grande fonte de revelações, que a vida ofere-
ce, para o nosso processo de crescimento. Na adaptação do Capra, 
chamamos essa oportunidade de processo de vida. 
Processo vital é a atividade contínua que realimenta o sis-
tema criando novos padrões, de forma dinâmica, e que favorece 
os relacionamentos “limpos” entre as partes, possibilitando novos 
ciclos. Em analogia, poderia ser um bom exemplo para o que Car-
nnot provou em relação aos sistemas abertos. 
O sistema se beneficia quando possibilita a interação com 
fontes externas de alimentação e a troca de experiência entre os 
seus integrantes. A adoção de medidas dessa natureza favorece a 
evolução da humanidade. 
Porém, quando falamos do ser humano, todas essas trans-
formações acontecem em uma estrutura chamada Corpo Físico e, 
nem sempre, estamos preparados para mudanças aceleradas, co-
mo propõe Carnnot, porque, muitas vezes, elas mexem com a 
nossa sobrevivência e nos põe em risco de morte. Parece-me que 
temos uma força que luta a favor da sobrevivência e de sua conti-
nuidade, e pede para irmos passo-a-passo. 
É importante visualizarmos que a vida pede novos movimen-
tos, e que os que ainda persistem em preservar padrões e estruturas 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
31 
 
antigas, também correm risco de morte, tomando novamente as 
experiências do Carnnot sobre sistemas fechados. 
Apresentamos abaixo a curva de expansão dos movimen-
tos dos padrões e estruturas se renovando em todo momento. 
 
Quando um indivíduo está em expansão, uma das questões 
que se apresenta é sempre a necessidade de uma nova ordem 
para responder às novas demandas. 
Como nem sempre estamos prontos para grandes saltos, 
muitas vezes nosso corpo (estrutura) poderá entrar em colapso 
pelo excesso de carga energética desprendida nestes momentos, 
como assinala Carnnot ao definir a terceira lei da termodinâmica, 
quando os sistemas totalmente abertos sofrem interferências ex-
ternas e são capazes de perder a sua integridade. 
Nas curvas a seguir, ampliamos este conceito também para 
outros sistemas de organização e, em especial, citamos o social, 
que é a soma dos sistemas individuais. 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
32 
 
 
A curva de expansão dos padrões sociais, do velho para um 
novo, é diretamente relacionada à curva dos padrões dos indiví-
duos, significando que cada indivíduo favorece ou prejudica o sis-
tema como o Todo. 
A velocidade dos desafios individuais conquistados, tam-
bém beneficia a sociedade como um todo. Daí a importância de 
estimular a tomada de consciência dos processos destrutivos em 
prol da consciência maior que a todos une. 
Com isso, aconselhamos o movimento passo-a-passo ou 
sistema semiaberto, onde as trocas possíveis acontecem sem o 
rompimento das estruturas. 
No TAO se fala que para ir aos céus precisamos de fortes 
raízes. 
Daremos sempre estímulos aos novos desafios, sem perder a 
capacidade de agir com basena transformação realizada. 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
33 
 
Relacionamentos sistêmicos 
 
Fazemos parte de um grande sistema complexo, que inclui 
vários outros sistemas secundários ou subsistemas, em interação 
permanente uns com os outros. 
O planeta Terra é um grande sistema e seus participantes 
correspondem a subsistemas: nações, estados, corpo. No entanto, 
este mesmo planeta Terra é um subsistema do próprio universo. 
A visão sistêmica permite a compreensão da nossa condi-
ção de indivíduo interferindo neste Todo maior, e da repercussão 
de nossos atos, inclusive sobre o destino do planeta. 
Cada pessoa influencia na organização do planeta (a parte 
interferindo no todo) e, ao mesmo tempo, é influenciada por ela 
(o todo interferindo na parte). 
Estamos conectados numa grande teia, onde as emoções 
(positivas e negativas) interferem de maneira efetiva no desem-
penho do todo. 
Detalharemos como pulsam essas emoções e como pode-
remos nos beneficiar delas para o nosso crescimento. 
 
O pulsar da vida 
 
Em todo organismo vivo coexistem movimentos de expan-
são e tensão, o que permite que se chegue a níveis mais altos de 
energia. Esta é a pulsação da vida. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
34 
 
Na observação do movimento das marés e vulcões, dentre 
outros movimentos da natureza, encontramos a pulsação da vida. No 
reino animal temos o exemplo das batidas do coração e a respiração. 
Não seria diferente em nossas relações, conosco e com o outro, a 
manifestação dessa pulsação. A vida é pulsante. 
Nesta percepção, detalharemos como esses movimentos 
acontecem em nosso cotidiano, com as imagens das curvas, que 
chamamos construtivas, quando elas estão em evolução, e destru-
tivas, quando nos prendemos a padrões rígidos em relação ao 
tempo de vida. 
Inicialmente, apresentamos o movimento de expansão – 
nesta curva o movimento é ascendente – e a qualificamos como 
construtiva. Quando estamos “limpos” e abertos para o novo, a 
cada instante, existe a possibilidade de crescimento, de evolução, 
de melhora, de cura, sem limite. 
A curva de crescimento é a própria vida em evolução, numa vi-
são positiva e saudável, como apresenta a figura seguinte. 
 
Curva em expansão 
 
Os sentimentos primários que favo-
recem essa curva são os de alegria, cora-
gem, compaixão, equilíbrio e serenidade. 
Os sentimentos secundários são 
eles: autoestima, humildade, doação. 
Nos grupos sociais eles são a dis-
ciplina, o vínculo, o comprometimento, a 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
35 
 
solidariedade, a harmonia, a realimentação, a criatividade e o de-
senvolvimento. 
Esses sentimentos e comportamentos levam à expansão 
ilimitada do grupo e da vida. Isso só acontece no sistema aberto, 
não existindo nem tempo nem espaço que restrinja a criatividade. 
Ele é o reflexo do Todo, o TAO. 
Na curva construtiva, o fortalecimento de todos é im-
prescindível e, por isso, é importante a catalisação dessas emo-
ções que expandem. 
Do contrário, teremos uma curva de contração ou destru-
tiva, como apresentamos abaixo. Na imagem verificamos que, se 
permanecemos muito tempo neste movimento, ele resultará em 
destruição e morte. 
 Se o tempo de permanência for restrito, poderemos utili-
zar essa contração para ajudar em nossa expansão, com os valores 
da curva construtiva. 
 
Curva em contração 
 
A tensão ou contração é o ou-
tro movimento complementar ao mo-
vimento de expansão, por ele ser um 
indicador de mudanças, como veremos 
a seguir. 
Porém, quando negligenciado, 
transforma-se em contração excessiva 
– cujo limite é a morte –, acarretando a 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
36 
 
destruição do sistema. 
 Os sentimentos primários que favorecem esta curva são os 
de medo, ansiedade, preocupação, tristeza e ódio. 
Os sentimentos secundários são: inveja, baixa estima, orgu-
lho, culpa, ressentimento, mágoas, autoritarismo, entre outros. 
Nos grupos e estruturas eles são a desorganização, a indis-
ciplina, a falta de vínculo e os conflitos provenientes deste estado 
de desorganização. 
Esses sentimentos e comportamentos, quando reforçados, 
ocasionam a morte de qualquer sistema de organização, que não 
resiste ao desperdício de energia. 
No entanto, o objetivo deste livro é o retorno do TAO que 
se expressa com a unidade dos dois movimentos, trazendo a acei-
tação, o equilíbrio e uma compreensão maior do estado de total 
integração com o TODO. 
Nesta compreensão, sugerirmos as curvas a seguir, deta-
lhando melhor como o construtivo e o destrutivo podem se ali-
nhar realizando grandes mudanças nos indivíduos, na sociedade, 
no próprio planeta e, quem sabe, no Universo. 
Na observação das curvas, sugerimos ao leitor a reflexão e 
o desapego de alguns padrões antigos de comportamento, que 
ainda não se deram a oportunidade de ressignificar. Oportunidade 
de encontro do TAO dentro de nós. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
37 
 
Migrando nas curvas e retornando ao TAO 
 
 As imagens das curvas interligadas em um movimento de 
migração – vasos comunicantes para que os sistemas estejam em 
equilíbrio –, apresentam possibilidades de reflexão sobre nossos 
apegos ao que acontece de “bom” e ao que nos mobiliza a agarrar 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
38 
 
este momento, assim como nossos apegos ao sofrimento, que nos 
induz à obtenção do ganho da atenção e do reconhecimento. 
Quando as entendemos como curvas que se interligam, e que 
uma ajuda a outra a seguir o fluxo de crescimento da vida, o tempo 
que passamos na curva destrutiva ficará menor por entendermos 
que é um movimento de contração para novas compreensões. 
Sabermos, também, que o nosso bem-estar nos leva a uma 
zona de conforto que nos impossibilita novos movimentos e que, 
naturalmente, acontecimentos externos irão acontecer como ca-
talizadores do fluxo da vida. 
Ao entendermos as duas curvas, podemos concluir que, es-
tando vigilantes a cada contração (dificuldade), é possível trans-
formar os sentimentos “negativos” em movimento de expansão. 
A contração dos sentimentos diz respeito às nossas crenças 
(individuais e coletivas), e interfere no cotidiano. Nossos apegos 
alimentam o sistema de destruição. Quando os largamos, retor-
namos à curva de expansão, fluindo com a vida. 
Podemos então considerar nossas mortes diárias (senti-
mentos negativos) como pequenas experiências que o “divino” 
nos oferece para enxergarmos a vida – no trabalho, nas famílias e 
noutros grupos sociais – de forma mais harmoniosa e saudável. 
A curva a seguir é uma proposta para vivenciarmos a curva 
destrutiva, recebendo aprendizados em todo momento. 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
39 
 
 
O tempo é agora 
 
Podemos assim nos perguntar: 
– Quanto tempo nós passamos desnecessariamente na 
curva destrutiva, devido a mal-entendidos, ruídos na comunicação 
ou falta de intenções maiores com a vida? 
– Não seria o TEMPO, o limite que temos para ajudar esses 
movimentos de expansão acontecerem? Onde estamos aprisiona-
dos, ainda na linha do tempo, por reclamar das curvas de contra-
ção que se apresentam em nossas vidas? Como estamos alinhados 
com o TEMPO, dentro e fora de nós? 
Seguem algumas reflexões sobre esse tempo e como lida-
mos com ele. 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
40 
 
O tempo como limite 
 
As pessoas apresentam diferentes crenças sobre o tempo, 
e isso se reflete na maneira como veem e agem. Essas expressões 
do cotidiano, que muitas vezes repetimos sem nos dar conta, re-
forçam nossa curva destrutiva. 
Eis algumas delas: 
1- O Tempo é a vida 
Indivíduos que estão na crítica, na racionalidade e na co-
brança, querendo tirar da vida o que lhes faltou enquanto memó-
rias de pai e mãe. 
2- O tempo é o ano 
Corresponde àquelas pessoas que estão “presas” ao calen-
dário anual e, quando o ano é difícil, justificam suas dificuldades ecrenças negativas a isso. São crenças culturais que desperdiçam 
tempo e energia. 
3- O tempo é o mês 
São indivíduos que focam os problemas dentro de prazos 
mensais e, invariavelmente, remetem a sua resolução para o mês 
seguinte. Os “medidores” da sociedade repetem, monotonamente, 
frases do tipo “este foi um mês de crise na economia” ou “mês de 
agosto, mês do desgosto”. Distrações da nossa mente para não nos 
responsabilizarmos por nosso sucesso. 
4- O tempo é a semana 
São pessoas que estabelecem e adiam suas metas e proces-
sos de mudança para todas as segundas-feiras e dizem: “nesta se-
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
41 
 
mana deixo de fumar”, “vou fazer exercícios na próxima semana”, 
“segunda começo um regime” e “vou superar esse obstáculo na 
semana que vem”. Justificativas que tiram nossa força e estima. 
5- O tempo é o dia 
São pessoas que determinam o sentido do seu dia na hora 
em que acordam, geralmente dizem: “hoje tenho certeza que 
acordei com o pé esquerdo”, e isso traduz, antecipadamente, a 
forma como ela se conduzirá. 
6- O Tempo é AGORA 
A coragem de viver o risco da vida, sem medo de errar, 
compreendendo que as contrações podem nos ajudar a soluções e 
a experienciar muitas portas se abrindo. 
Hoje, através de ensinamentos de grandes mestres, já sa-
bemos a importância de observarmos a nossa mente e a interfe-
rência dos nossos pensamentos no bem-estar do nosso corpo. 
Aprofundaremos este assunto para facilitar a compreensão 
dos capítulos que se seguem. O convite é para refletirmos sobre os 
porquês dos aprisionamentos que nos impossibilitam de viver ple-
namente, e observarmos que essa prisão está em nossa mente, que 
são apenas registros de memória e, por isso, liberar as prisões que 
nos trazem sofrimento e caminhar para o nosso próprio despertar. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
42 
 
“Estamos apenas indo para estarmos aqui, 
então torne o tempo tão belo, tão amoroso 
e tão alegre quanto possível” OSHO 
 
O despertar do ser vivo 
 
“Despertar o ser é trazer luz para o seu mundo interior; e a 
não ser que você esteja iluminado por dentro, todas as luzes de 
fora não terão utilidade, e todas as suas ações surgirão desta es-
curidão, desta cegueira” (Osho). 
Como pode alguém ir além, através da mente? A mente é 
limitada, está sempre ocupada por julgamentos e crenças que nos 
impedem de ir além. Mas também é extremamente útil à nossa 
sobrevivência e desenvolvimento, porque é lógica e prática. Sem a 
mente a ciência e o mundo não existiriam. 
A mente funciona sobre as coisas conhecidas, como um 
computador no qual se armazenam dados e informações. Porém, 
não somos apenas mente, nem nossa inteligência se limita a uma 
máquina de calcular. Temos inteligência criativa, que permite en-
contrar o desconhecido, explorar o novo a partir da imaginação, e 
revelar coisas das quais nunca se ouviu falar. Somos ilimitados em 
nossa criatividade, inteligência e intuição. 
Todos os grandes pensadores e gênios da humanidade fo-
ram inteligentes e criativos. Abertos ao novo, eles tinham fé na 
capacidade de sonhar e criar. Iam além das crenças e valores do-
minantes, e se permitiam experimentar novas ideias, aquelas 
acessadas quando nos abrimos à novidade e à construção de no-
vos paradigmas. Por isso se usa a palavra “insight” quando uma 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
43 
 
informação, uma “dica” ou uma nova compreensão sobre o que 
estamos investigando nos é transmitida, como uma luz iluminando 
nossas ideias. 
Estudos recentes realizados por cientistas renomados, co-
mo o biólogo Rupert Sheldrake (Sete experimentos que podem 
mudar o mundo, 2003), sistematizador da teoria morfogenética, 
sugerem que as grandes descobertas e criações acontecem, ao 
mesmo tempo, em mais de um lugar no planeta. Isso significa di-
zer que novas ideias não são apenas o produto de um gênio isola-
do, mas o resultado de uma experiência coletiva de mudanças, de 
quebra de paradigmas e dissolução de verdades estabelecidas. 
O gênio apenas concretiza o que a sociedade gera de for-
ma, muitas vezes, caótica. O trabalho de criação em qualquer ati-
vidade – econômica, política, cultural e outras – não se limita ao 
esforço individual, revela algo mais amplo e coletivo que chama-
mos de sociedade ou Ser. Despertar para o Ser é abrir espaço para 
encontrar em nós a inteligência maior que utiliza a mente como 
veículo para concretizar suas ideias. 
 
Autoconhecimento – o caminho do desenvolvimento 
 
Autoconhecimento é um mergulho no próprio ser. Quanto 
mais profundo o mergulho, mais clareza nós temos da nossa inte-
ligência, criatividade e sabedoria. Assim procedendo, ampliamos 
nossa religação com a fonte natural, desfazendo medos, bloqueios 
e crenças, e dando espaço para o novo. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
44 
 
Abrindo os canais de energia 
 
“A natureza dá a todos a energia criati-
va. Esta só se torna destrutiva quando é obstru-
ída, quando não se permite seu fluxo natural.” 
(Osho, Criatividade: Liberando sua força 
Interior, pág. 46). 
 
 
 
Quando reprimimos emoções e sentimentos ou estagna-
mos conhecimentos, bloqueamos em nosso corpo a energia vital 
que deveria fluir, trazendo nossa real inteligência de criar sem 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
45 
 
limites. A figura anterior mostra um corpo em total vitalidade, sem 
nenhuma tensão, sem nenhuma repressão nos seus pensamentos. 
Livre apenas para criar. 
A vida é como o corpo da figura acima, dinâmica! Sempre 
recebendo energia extra. 
É preciso tomar consciência da nossa força e da nossa fon-
te: a capacidade que temos de gerar energia e abrir espaço para 
que o fluxo aconteça. Para manter o fluxo, devem ser incluídas 
paradas obrigatórias e o relaxamento, e nunca parar totalmente. 
Deixar o velho sair é liberar-se para o novo, é substituir os apegos 
por atos criativos. 
 
Encontrando o verdadeiro potencial 
 
Somos como fonte de água cristalina, sempre em renovação. 
Como as fontes que deságuam nos rios e oceanos e mantêm a água 
circulando, essa condição humana significa a possibilidade de viver 
ciclos de limpeza e de transformação, sempre para algo melhor. 
Os desafios, obstáculos e dificuldades nos relacionamentos 
são oportunidades, estímulos e, também, um convite para essa lim-
peza. Isso nos deixa cada vez mais próximos da compreensão de nós 
e dos outros, e amplia o contato com a fonte maior. Encontrar nosso 
potencial é reconhecer nossa autonomia e tomar posse da própria 
fonte, sem intermediários. 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
46 
 
Observação – a chave para a mudança 
 
Quanto mais atentos estivermos ao que acontece dentro e 
fora de nós, mais clareza nós temos a respeito da transformação 
dos nossos padrões. O relaxamento é imprescindível para estar-
mos vigilantes e prontos à transformação das ações e padrões. A 
observação relaxada nos ajuda a compreender e não repetir atitu-
des inconscientes que provocam estresse. 
Ao prestamos atenção à mente, percebemos um conflito 
permanente. Um pensamento está sempre brigando com o outro: 
um é corajoso e o outro cauteloso; um manda agir e o outro man-
da esperar. 
Nossas ações são, em geral, resultado do “vencedor” dessa 
briga que, do ponto de vista sistêmico, constitui desperdício de 
energia. Muitas vezes, não sendo, o resultado não é favorável ou é 
ele muito doloroso, nos trazendo de volta a uma condição psicoló-
gica anterior aparentemente mais segura. A mente (e todo nosso 
ser) regride a um estágio mais primário quando se sente em perigo. 
Sugerimos um exercício que ajuda a liberar o medo de nos-
sa mente. Ele constitui um instrumento que nos permite acolher, 
conscientemente, a experiência afetiva e emocional. 
Frequentemente, as pessoas estranham esse tipo de exer-
cício, pelo não enquadramento em esquemas convencionais. Mas 
quando tentamos realizá-lo sem receio, os resultadosfavoráveis 
sempre chegam! 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
47 
 
Procedimentos: 
 
Fase 1 - Feche os olhos com o corpo relaxado. Imagine que existe 
uma tela de cinema localizada na sua testa, e que você observará 
todos os seus pensamentos através dela. A cada pensamento ob-
serve como seu corpo reage. Exercite essa prática durante apro-
ximadamente 5 minutos. 
 
Fase 2 - Feche os olhos e imagine situações antigas que geraram 
emoções negativas de medo, raiva, tristeza, ansiedade ou preocu-
pação. Observe o que acontece com seu corpo e com sua respira-
ção. Demore 2 minutos na observação. 
 
Fase 3 - Feche os olhos e imagine algumas situações que geraram 
emoções positivas de alegria, serenidade, coragem, amor, compai-
xão. Observe novamente as sensações que se instalam em seu cor-
po e em sua respiração. Tranquilamente e em silêncio reflita sobre 
os seguintes pontos: 
 
Reflexão 1 – Se você percebeu seus pensamentos na tela é porque 
você não é seus pensamentos, mas algo maior que os observa. 
 
Reflexão 2 – Se o observador é neutro e, logicamente, não pode 
se identificar com o pensamento observado, isso significa que po-
demos reorganizar nossos pensamentos, antes que eles tomem 
conta do nosso corpo e interfiram em nossas ações. 
 
Reflexão 3 – Se você percebe que os pensamentos se movem e 
repercutem no corpo através da emoção negativa (fase 2) e da 
positiva (fase 3), que tal acreditar que é possível interferir e trans-
formar o negativo em positivo? 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
48 
 
Reflexão 4 - Se você descobriu que o observador é você, e que o que 
sente é fruto de um passado de crenças incorporadas ao longo da vida, 
que interferem substancialmente em suas emoções e em seu corpo, 
você está pronto a mudar o foco de sua vida, tornando-a muito mais 
prazerosa e construtiva. 
 
 
A força do pensamento sobre nossas ações 
 
O conflito é sempre dual! 
Se nós temos medo da noite, vamos querer sempre o dia, 
vamos querer o dia o tempo todo, e acenderemos a luz, à noite, 
para nunca ficarmos no escuro. 
Se nós temos uma religião e rejeitamos outra, isso é um 
conflito. 
Se nós pertencemos a uma raça e rejeitamos outra, isso é 
um conflito. 
Então, existe, também, nesses conflitos que causam des-
conforto e sentimento de separatividade, uma grande possibilida-
de de integrarmos o que excluímos quando saímos da luta, acei-
tamos a dor e permitimos que um novo movimento aconteça. 
Em nosso relacionamento conosco e com os outros, esses 
conflitos aparecem com mais visibilidade quando estamos na posição 
de críticos ou julgadores. Carregamos o peso de transferir para o ou-
tro o que queremos, achando que o outro vai solucionar as questões 
através do nosso ponto de vista. Com isso, enfraquecemos e perde-
mos de vista nossas reais contribuições jamais pensadas antes. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
49 
 
Quando temos de tomar decisões sendo responsáveis por elas, 
sempre surgem pensamentos que se contradizem, justificativas. 
 
Dinâmica de relacionamentos 
 
Como todo ser vivo, as famílias são sensíveis ao desempe-
nho de seus membros. Os fatos existentes neste sistema, muitas 
vezes, causam emaranhados que se refletem em toda a estrutura 
e mobilizam padrões de dor, muitas vezes, existentes. 
Os membros de uma família se nutrem uns dos outros e, 
nessa troca, acontecem as transformações – positivas ou negati-
vas, expansivas ou destrutivas. 
Uma família harmônica depende, portanto, da capacidade 
de cura de seus membros diante dos problemas gerados por emo-
ções negativas, trazendo soluções para a libertação desses fatos 
ocorridos no passado, e que aprisionaram todos os membros na 
dor, sobre os quais, ao longo deste ensaio, o leitor terá mais escla-
recimentos. Chamamos essa capacidade de autorregulação natu-
ral da família de cura sistêmica. 
Para que essa autorregulação ocorra em um processo 
construtivo, isto é, olhando para as soluções e novas compreen-
sões disponíveis no momento, precisamos aprofundar as nossas 
emoções sem buscar culpados para esse destino. 
 
 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Buscando o oculto dentro de nós 
 
Todos nós somos capazes de mudar nossa emoção em fra-
ção de segundos. Por que isso acontece? Que forças externas são 
essas que interferem? Que sentimentos destrutivos são esses (in-
veja, raiva, medo, ciúme, preocupação) que invadem nosso corpo 
e nos fazem tomar atitudes impulsivas ou de congelamento? 
Muitas vezes, tentamos explicar culpando o outro do ocorri-
do, por ser este o caminho mais fácil. Quando não temos consciên-
cia da força que nos impele a agir contra a nossa própria vontade 
interna, tão logo vêm os arrependimentos, aos quais chamamos de 
constelações aprisionadas pelas histórias ancestrais, que ocupam 
nosso inconsciente – por isso as chamamos de memória oculta. 
Essa teia em que vivemos e que nos apresenta como inter-
conecta é a razão dessas muitas emoções que nos dominam e nos 
sequestram para comportamentos que retroalimentam seus ca-
nais de comunicação, como apresenta a figura abaixo. 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
51 
 
Imaginando cada flor como sendo um membro de nossa 
família, partindo do centro estão nossos ancestrais mais longín-
quos até a ponta, que está sempre em crescimento para novos 
descendentes. 
Dessa forma, repassamos nossas negatividades sem enten-
der a sua origem. 
Somos capazes de excluir, julgar, proteger, matar, amar, 
odiar, querer salvar, carregar fardos, ser ricos ou pobres, entre 
outros exemplos, muitas vezes sem saber por quê. 
A alma coletiva da família, dentro da gente, busca o equilí-
brio para ajudar nosso sistema familiar em sua sobrevivência, sem 
ainda se dar conta de que também somos uma grande família – 
SERES HUMANOS –, buscando a sobrevivência do planeta. 
Filhos do mesmo pai e mãe se comportam de maneira di-
versa, uns reagindo com posturas destrutivas; outros tentando 
harmonizar os conflitos existentes; alguns saindo do ambiente 
familiar por não suportar a pressão da dor. 
Nas sociedades (instituições) podemos ver o reflexo da família. 
Justiceiros, matadores, consoladores das dores, aventurei-
ros, mulheres feridas, poder financeiro, pobreza, até buscadores 
da Paz, morrendo em guerra por esta causa. Vítimas e algozes jun-
tos em uma mesma energia, em um mesmo destino, em lados 
diferentes. Um vivendo pelo outro e para o outro. 
Um de nossos objetivos é ajudar na limpeza desses canais 
de interações humanas, que querem permanecer em equilíbrio 
pelas emoções que expandem, tentando apresentar com simplici-
dade em detrimento de ações midiáticas ou inferiores, que nos 
separam até hoje, trazendo desequilíbrios. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Para melhor explicar, traremos a imagem de uma gangorra, 
brinquedo de parques infantis que alternam os lados – um perma-
nece em cima experienciando o alto, em detrimento do outro, que 
experiencia o baixo. 
Na brincadeira, quem está em cima pode ficar “de castigo” 
– atitude imposta por quem está em baixo, no controle, já que o 
do alto não tem força dos pés no chão. Ao mesmo tempo, pode se 
beneficiar do vento, da paisagem e da entrega, já que não é ne-
cessário segurar ninguém, tarefa de quem quer ficar no controle 
do segurar, ao mesmo tempo usufruindo o poder do comando. 
Essa brincadeira nos traz muitas reflexões sobre as leis do 
equilíbrio social, as interações humanas, a brincadeira do experi-
mentar os diversos lugares, apenas vivenciando a experiência. 
Incluindo o descansar na gangorra em equilíbrio, pés no chão, 
conquistando um estado de esforço sem esforço, sem julgamentos 
de bem e mal, como propõe o TAO, lugar onde nos encontramos 
como iguais. 
 
Equilíbrio nos relacionamentos: a desordem para uma nova ordem 
 
Apesar da simplicidade do equilíbrio nas relações aborda-
das no exemplo da gangorra, os sistemas dos relacionamentos 
familiares são numerosose extremamente complexos, porque 
retratam toda a história da humanidade e sua origem, assim como 
os desdobramentos consequentes desses emaranhados iniciais 
que nos separaram do Divino. 
Os fechamentos das sociedades em busca de sua preserva-
ção, em contrapartida às expansões necessárias para que as mis-
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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turas de raças acontecessem, geraram muitos traumas a toda a 
humanidade. 
Podemos citar como memórias vivas em nós, exemplos de 
guerras, por um lado tão dolorosas, com mortes, traumas e migra-
ção dos que queriam fugir abandonando sua terra e seus ances-
trais e, por outro, a oportunidade do encontro de raças e culturas 
diferentes que trouxeram o novo, o diferente – movimentos que 
nos trouxeram à vida. 
No Brasil, sofremos ainda o efeito da colonização: índios 
foram dizimados, negros escravizados e brancos, que deixaram 
nação e família para lutar pela sobrevivência em momentos de 
crise na Europa. Essa mistura de raças que somos nós, ainda guar-
da conflitos da origem do descobrimento do Brasil, desequilibran-
do as relações sociais. 
 Na Idade Média, um mundo mais místico decorrente da 
expansão da intuição, do poder do invisível, das manipulações de 
energia, foi arrefecido pelo aprofundamento da racionalidade, 
reflexividade. A energia feminina sendo suprimida em detrimento 
da energia masculina da racionalidade, que ganhou força nas di-
versas atrocidades cometidas. 
 A energia masculina iniciando a busca pelo discernimento 
e reflexão, nos ajudando, até hoje, a não acreditar e a ter medo de 
tudo que vem do mundo não manifesto. 
O princípio da racionalidade, em alguns momentos, man-
tendo a dança das gangorras para compreender e diminuir a força 
do movimento invisível realizado pelo feminino. 
No entanto, neste momento difícil de nosso planeta, quem 
sabe, estejamos sendo chamados a equilibrar as gangorras da vi-
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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da, integrando essas duas energias dentro e fora de nós; a retor-
nar à nossa força de expansão corajosa e flexível, que o masculino 
nos apresenta para novas conquistas e saltos evolutivos, e o amor 
em sua força mais sublime – mergulho no oceano do inconsciente 
que ainda permanece invisível e intocado, e que desperta tantas 
conexões que nos ligam a todos e a tudo que é vivo. 
Esses dois movimentos que unem o feminino e o masculino 
estão acontecendo, neste momento, em todos nós, independen-
temente de sermos homem ou mulher, afinal, todos nascemos de 
um Pai e de uma Mãe. 
Sobre a dádiva que recebemos de nossos pais – a vida – e 
esses bloqueios de proteção que alimentamos por gerações, é que 
construímos dentro de nós as constelações que, ao se tornarem 
conscientes, podem nos liberar para uma vida mais plena e livre e 
conectada ao amor. 
Da estrutura criada pela raiz (pai e mãe) nasce a força para 
encontrar o céu, o amor e a generosidade de oferecer os bons 
frutos que semeiam um novo futuro. 
 
A dualidade nos movimentos das Constelações 
 
Constelação Horizontal - relacionamentos em expansão no 
ciclo da dádiva da interação com a diversidade do Todo. 
Quando essas interações são percebidas como comple-
mentos dentro de uma rica diversidade de trocas, surge a possibi-
lidade de encontro da Constelação Vertical dentro de si. 
O Conflito por crenças, valores das mais diversas culturas, re-
ligiões e raças, interrompem o fluxo apresentado abaixo e, ao mesmo 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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tempo, podem interagir no todo maior do Amor, quando as pessoas 
se encontram para acolher, aceitar e liberar as dores do passado, 
expandindo o Amor e se integrando aos movimentos da vida. 
Fluxo da dádiva em expansão – Quando cada um exerce o 
lugar de doador e receptor diante da vida. 
 
 
 
Fluxo da Dádiva Horizontal quando interrompido – o receptor 
interrompe quando não quer receber e fica na posição de doador 
ou o doador não deseja doar ficando na posição de receptor. O 
ciclo se contrai e não há expansão na relação. 
 
Constelação Vertical – a vida seguindo adiante sempre pa-
ra MAIS. Inicialmente, através de nossos pais, recebemos o sopro 
divino da vida, que nos pede para transbordar para outras gera-
ções/ comunidade/ etc., e assim sucessivamente, em um movi-
mento constante de conexão com o Todo. Podemos perceber, 
através da figura, que para o fluir da vida teremos de repassar 
adiante o fluxo da vida ou energia vital. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Porém, se em algum ponto essa energia vital estiver blo-
queada pelas constelações horizontais, o CHI, como os Taoístas 
descrevem, não poderá seguir seu fluxo natural, e as consequên-
cias para a vida do planeta poderão ser desastrosas. 
Neste sentido, todo o nosso trabalho é fazer o leitor com-
preender que muitos de nossos sofrimentos, doenças e dificuldades 
relacionais são energias suprimidas de sua fonte verdadeira. O 
grande rio da vida, que pertence à história da humanidade, está 
represado nas dores, com a possibilidade de retornar ao mar, caso 
tomemos consciência desses movimentos. 
 
 
 
Fluxo vertical da vida 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Liberando nossas constelações 
 
“Deixem os mortos cuidarem dos mortos e os 
vivos cuidarem dos vivos”. 
Mestre Jesus 
 
Nossos antepassados viveram destinos de dor, que hoje 
são guardadas em nossa memória inconsciente, e atuam sobre 
nós com uma força maior do que imaginamos. Essa memória traz 
o conteúdo de sobrevivência, necessário a cada movimento da 
vida coletiva passada, e que ainda atua em nosso inconsciente 
vivo nos fazendo atrair situações que se repetem no sistema, pela 
necessidade de liberação da energia que ficou bloqueada ao longo 
da vida do planeta. 
Aos poucos, essa memória tenta se revelar em diversas si-
tuações, tentando nos ajudar a desbloquear ou concluir o amor 
que foi interrompido por gerações. 
Este amor, que não pode se completar por conta do confli-
to entre as constelações verticais e horizontais, entre o amor mai-
or, medos e dores, para manter a sobrevivência pede para se 
completar no amor, por fatos que vamos revelando ao longo dos 
capítulos. 
Iremos abordar muitas constelações onde, durante a nar-
ração, ficam perceptíveis esses dois encontros. No entanto, cada 
cliente nos pede, de maneiras diferentes, que este entendimento 
seja utilizado, facilitando nosso olhar para as necessidades imedia-
tas do demandante. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Muitas vezes, céticos querem resultados concretos quanto 
a impedimentos do cotidiano: dinheiro, intrigas familiares, proje-
tos que não saem do papel, etc. 
Esses pedidos são recebidos como desejos inconscientes de 
encarnar no planeta as necessidades de sobrevivência do cotidiano. 
Na maioria dos casos, o medo de não sobreviver pode levar 
o sujeito a querer mais e mais, fato que provoca a desconexão 
com o próprio equilíbrio interno, ao agir contra o sistema interno 
corporal, muitas vezes, desequilibrando o sistema maior, como é o 
exemplo da aquisição de bens à custa de trabalho escravo. 
Carências e faltas que pertencem aos nossos antepassados 
podem criar uma pressão de medo do que pode vir a nos faltar 
hoje. Vi muitos casos de clientes, inclusive eu mesma, trabalhando 
ansiosamente por essa crença. 
Não digo que ansiedade não seja boa para nos fortalecer a 
tomar atitudes de crescimento, mas, em muitos momentos, elas 
acontecem invertendo o padrão, tomando toda a energia que se-
ria utilizada no sucesso no trabalho. 
Alio-me a este indivíduo trabalhando mudanças de crenças 
cognitivas, mas tento apresentá-lo à força vertical que atua sobre 
todos nós, trazendo-nos aceitação e confiança. 
Por outro lado, pessoas que intitulei “Vivendo no Céu”, 
apresentam-se com um mundo de fantasias que as impede de 
criar a força necessária para os desafios existentesno mundo hori-
zontal (terra) em que vivemos. 
Elas necessitam encarnar neste planeta. Para elas, uma 
constelação para possibilitar seu ancoramento na realidade, faz-se 
necessária. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Por quê? Se olharmos o planeta onde vivemos, ele contém 
tudo para a nossa sobrevivência, mas nossos medos nos levam a 
querer mais e mais, e não teria razão de alguém solicitar o que já 
temos em abundância. Mas o que acontece nesses casos? 
No campo da consciência coletiva, vivemos hoje profundos 
desequilíbrios, onde alguns buscam incessantemente ter tudo em 
detrimento de outros que desistem da busca, colocando-se contra 
o sistema de posse, perdendo seu poder criativo de trazer solu-
ções para a sua própria sobrevivência. 
De outro modo, é importante considerar como a nossa al-
ma se desloca de nós mesmos ao longo da vida, deixando o nosso 
EU fragmentado. Bert Hellinger fala sobre o Amor Cego, amor in-
terrompido e o amor (sentimento) adotado, como fatos que nos 
distanciam de nós mesmos. 
Com base em experiências vivenciadas e reflexões com gru-
pos em formação, vamos tentar explicar o que percebemos nessas 
definições que Bert Hellinger nos colocou com tanta sabedoria. 
Capítulo 2 
 
TAO e ancestralidade 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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“O TAO é um, mas no momento em que ele se 
torna manifesto, precisa se tornar dois. 
A manifestação precisa ser dual: ela não pode 
ser uma só, precisa se dividir em duas. 
Ela precisa tornar-se matéria e consciência, 
precisa tornar-se homem e mulher, dia e noite, 
vida e morte.... Você encontrará esses dois 
princípios em todos os lugares. 
O todo da vida consiste nesses dois princípios, e 
por trás deles está oculto o uno. 
Se você insistir em permanecer às voltas com 
essas dualidades, nos polos opostos, permane-
cerá no mundo. 
Se você for inteligente, se for um pouco mais 
alerta e começar a olhar mais ao fundo, a olhar 
para a profundidade das coisas, ficará surpre-
so: os opostos não são realmente opostos, mas 
complementares. 
E por trás de ambos há uma única energia: O 
TAO”. OSHO 
 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Retorno do TAO pela ancestralidade 
 
Retornando pela mesma porta que nos perdemos um dia, 
tomando consciência de toda memória ancestral. Liberando dores 
do passado que estão em nossa memória corporal, até chegarmos 
ao ponto inicial desta história que é: reconhecermos a Luz, energia 
universal ou simplesmente o TAO. 
No início, o TAO foi fragmentado em qualidades diferentes 
de energia: masculina e feminina. Através deste encontro, o pa-
ternal e o maternal floresceram trazendo a nova semente da uni-
dade: o filho. 
Somos todos filhos que recebemos a vida de nossos pais 
biológicos. Aceitando, amando e agradecendo a eles poderemos 
retornar às nossas origens, a quem somos de verdade. 
Tomar consciência deste fato, agradecer aos nossos ante-
passados por seus destinos que nos trouxeram a vida, é compre-
ender que o passado teve sua importância em nossa memória de 
sobrevivência. Contudo, ao nos perdermos nesta ideia, registra-
mos a separatividade. 
Neste capítulo traremos fragmentos espalhados pelo mun-
do manifesto, até a possibilidade de retorno ao TAO, e experiên-
cias deste resgate com o trabalho das Constelações Sistêmicas, 
acessadas por Bert Hellinger, e que adaptaremos à nossa compre-
ensão, fruto de diversas vivências realizadas ao longo de 16 anos 
de práticas. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Enquanto não tomarmos consciência da memória viva das 
dores que nos separam, e que chegaram até nós através da histó-
ria do planeta, não poderemos retornar ao TAO. 
O caminho inverso é necessário para que possamos nos 
compreender como SERES UNOS, como nos apontam todos os 
mestres que despertaram antes de nós. 
 
 
Na figura acima, tentamos fazer o leitor compreender este 
caminho de retorno da energia, agora no mundo manifesto. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Ancestralidade – O Retorno do TAO 
 
Não podemos curar feridas olhando simplesmente para os 
frutos podres da copa de uma árvore. Se não olharmos as suas 
raízes, jamais poderemos colher bons frutos. É assim que o traba-
lho das constelações se apresenta. Com objetividade consegue 
não se perder em imagens de sofrimento instalado em nossa men-
te, para saltar para as profundezas de sua raiz, e assim encontrar 
soluções desejadas para que o amor flua. 
Na imagem da capa deste livro percebemos o reflexo do 
nosso passado existencial, onde fatos na história da humanidade 
servem como alimento da árvore que se projeta para o céu. 
Uma árvore totalmente interligada a outra, interferindo e 
sofrendo interferências mutuamente. Cada fruto dependendo de 
suas raízes para serem sadios e poderem alimentar toda a vida em 
sua cadeia de nutrição – decomposição – semente – nova árvore. 
Ciclo da vida que se repete em todos os seres vivos, e nós 
não somos excluídos desta cadeia, mesmo que nossas mentes nos 
separem uns dos outros e de toda natureza viva. 
Tratar da raiz é aprofundar-se nos medos humanos que nos 
separam, é compreendê-los e transformá-los em amor maior que 
une toda a existência e nos unifica. 
 
O que hoje nos separa? 
 
Na visão sistêmica apresentamos a força do pensamento 
sobre nossas emoções e também a força que eles podem ter em 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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nossas ações, quando nos deixamos ser sequestrados, isto é, quan-
do nossos pensamentos são maiores do que nós mesmos. 
 
De onde vem a força desses pensamentos que na maioria 
das vezes não controlamos? 
 
Na minha experiência, os pensamentos chegam, muitas ve-
zes compulsivamente, drenando toda nossa energia, quando ques-
tões nossas ou de nossos antepassados não foram solucionadas. 
Na imagem, agradeceremos também aos nossos pensamentos 
como uma grande porta para integrarmos fragmentos perdidos ao 
longo da história da humanidade. 
Constelar é unir as partes ainda fragmentadas no tempo, 
para sentir o silêncio e a paz do Todo dentro de nós. A única cons-
telação é o retorno à fonte. 
 
TAO e Constelações Sistêmicas 
 
As constelações favorecem a ampliação do nosso campo de 
visão para muitas coisas das quais fugíamos, evitávamos e excluí-
amos de nossas vidas, rejeitando, fazendo de conta que não acon-
teceram ou, em casos extremos, fugindo da realidade e até esque-
cendo definitivamente, como é o caso de alguns traumas vivenci-
ados por muitos de nós. 
No entanto, esses mesmos pontos, ou questões, sempre re-
tornam à nossa porta para que possamos abri-la e olhar reconhecendo 
o que nos une, e até agradecer pelo aprendizado. 
 
O Tao das Constelações | Ana da Fonte 
 
 
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Então aquilo ou aquele que batia em nossa porta, insisten-
temente, como dor e, por isso, o rejeitávamos e éramos rejeita-
dos, agora pede para ser visto. Olhamo-nos com amor e total acei-
tação, e tudo se transforma em algo maior e se expande ao encon-
tro da paz. 
É assim que funcionamos em nossos mais diversos tipos de 
relacionamentos, sejam eles afetivos, no trabalho, entre amigos, 
nas instituições, etc. Em vez de enfrentarmos os conflitos ou di-
vergências com inclusão da diversidade, tentamos matar o outro 
em suas ideias, atitudes e, muitas vezes, inovações. É assim que se 
procede ao longo de séculos de existência. 
As inovações sempre nos amedrontaram e ainda nos impõem 
medos, porém, muito do que usufruímos hoje, devemos à bravura de 
nossos ancestrais que, mesmo sendo julgados, tiveram coragem para 
disseminar o novo, sacrificar-se por ele, e ter paciência para que, no 
tempo certo, a colheita beneficiasse a todos. 
Nesta grande TEIA de interconexão todos nós evoluímos, 
mas a grande evolução só será compreendida por todos juntos. 
Para que isso aconteça, precisamos nos libertar do que nos aprisi-
ona, de pensamentos que

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