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14/05/2023, 12:17 As Estratégias Funcionais e sua Inter-relação https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/789443/mod_resource/content/1/unidade-2/as-estrategias-funcionais-e-sua-inter-relacao.html 1/6 O balanceamento da estratégia partiu da ideia de um sistema de avaliação de desempenho (scorecard) de múltiplas dimensões, que incorporasse índices financeiros e não financeiros, medidas de ocorrência e de tendência, visando aos desempenhos interno e externo da empresa. O principal intuito foi oferecer um sistema de avaliação de desempenho apto a medir o desempenho organizacional sob quatro perspectivas: perspectiva de finanças, perspectiva do cliente, perspectiva dos processos internos e perspectiva do aprendizado e crescimento. O método básico apresentado por Kaplan e Norton (1997) é baseado nos seguintes questionamentos: 1. Para obtermos sucesso financeiramente, como nós devemos aparecer para nossos investidores? 2. Para alcançar nossa visão, como devemos ser vistos pelos clientes? 3. Para satisfazermos nossos acionistas e clientes, em quais processos devemos nos sobressair? 4. Para alcançar nossa visão, como sustentar a habilidade de mudar e progredir? Kaplan e Norton (1997) apresentaram este primeiro enfoque considerando a necessidade de um sistema de avaliação de desempenho com a capacidade de relacionar o controle operacional de curto prazo à visão estratégica de longo prazo, levando em conta que os modelos de medição de desempenho, até então existentes, eram baseados apenas em indicadores contábeis e financeiros, oq ue dificultava a demonstração das potencialidades de geração de resultados futuros. A primeira versão do Balanced Scorecard como sistema de avaliação de desempenho assume o conceito explícito de estratégia e visão estratégica, estabelecendo a base das quatro perspectivas, considerando que para cada uma delas é preciso formular objetivos estratégicos, índices de desempenho, metas específicas e planos de ação, conforme mostra a Figura 2.2: 14/05/2023, 12:17 As Estratégias Funcionais e sua Inter-relação https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/789443/mod_resource/content/1/unidade-2/as-estrategias-funcionais-e-sua-inter-relacao.html 2/6 Figura 2.2 - Modelo Básico do BSC de Kaplan e Norton Fonte: Adaptada de Kanplan e Norton (1997, p. 10). As dimensões propostas pelo modelo inicial de Kaplan e Norton – perspectiva financeira, dos clientes, dos processos internos do negócio e do aprendizado e crescimento – foram demonstradas como a estrutura fundamental do Balanced Scorecard, por solucionarem o problema de avaliação de desempenho da grande maioria das empresas, entretanto, os autores chamam a atenção para o fato de que elas devem ser consideradas apenas um modelo, e não uma “camisa de força”. O que é importante frisar é a relação de sinergia que deve existir entre tais perspectivas. Existe uma relação de causa e efeito entre as perspectivas básicas do BSC, uma sinergia natural que faz com que os resultados obtidos em uma conduzam o desempenho da outra. Por exemplo: considere os índices de faturamento de uma organização (perspectiva financeira), que poderá aumentar ou diminuir dependendo do índice de captação, retenção e satisfação dos clientes (perspectiva do cliente). Um cliente insatisfeito não retornará à empresa, e isso influenciará diretamente a área financeira, da mesma forma que o índice de qualidade, produtividade e confiabilidade dos processos (perspectiva dos processos internos do negócio) condicionam a satisfação dos clientes e determinam a imagem da organização no mercado. Agora, imagine como os índices de competência, motivação e satisfação dos colaboradores (perspectiva das pessoas) podem influenciar na qualidade, produtividade e confiabilidade dos processos (perspectiva dos processos). Esta relação sinérgica determina a essência do “balanceamento” da estratégia e fortalece o entendimento do conceito de gestão estratégica balanceada. A Figura 2.3 ilustra este conceito. 14/05/2023, 12:17 As Estratégias Funcionais e sua Inter-relação https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/789443/mod_resource/content/1/unidade-2/as-estrategias-funcionais-e-sua-inter-relacao.html 3/6 Figura 2.3 - Relação Sinérgica Balanceada Fonte: Elaborada pelo autor. Na figura podemos observar um vetor de desempenho (seta) que indica um caminho estratégico sinérgico: o sucesso financeiro está condicionado ao desempenho obtido no mercado, que depende do desempenho dos processos e que, por sua vez, depende do desempenho das pessoas. A Estratégia Financeira O surgimento do modelo BSC teve como principal motivação a obsolescência dos sistemas convencionais de avaliação de desempenho com ênfase puramente em métricas contábeis e financeiras, considerando a sua incapacidade de direcionar o desempenho da empresa para os objetivos estratégicos, pois tais métricas somente podem demonstrar o resultado de decisões do passado. Entretanto, o BSC não descarta as medidas financeiras, pelo contrário, Kaplan e Norton (1997) advertem que desenvolver um BSC é um incentivo para as unidades de negócio relacionarem seus objetivos financeiros à visão estratégica da organização. Com isso, as métricas financeiras são evidenciadas dentro da perspectiva financeira do BSC, servindo como meta principal para os objetivos e métricas das outras perspectivas, que poderão conduzir o desempenho da empresa. Temos que ter em mente que a perspectiva financeira deve apresentar os resultados das escolhas estratégicas feitas em outras perspectivas, enquanto, paralelamene, estabelece vários dos objetivos de longo prazo, que serão as regras e diretrizes básicas para as demais perspectivas. Dessa forma, percebe-se que a seleção de uma métrica de desempenho financeiro implica a avaliação de sua relevância na cadeia de relações de causa e efeito que geram a melhoria do desempenho financeiro da organização. 14/05/2023, 12:17 As Estratégias Funcionais e sua Inter-relação https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/789443/mod_resource/content/1/unidade-2/as-estrategias-funcionais-e-sua-inter-relacao.html 4/6 A Estratégia Mercadológica Enquanto os objetivos e as metas da perspectiva de finanças são conduzidas à geração de valor para os investidores e mantenedores, a estratégia de marketing (referida como perspectiva dos clientes no BSC) dá ênfase à satisfação das necessidades e expectativas dos clientes. Esta perspectiva apresenta as formas pelas quais o valor agregado dos bens e serviços deve ser criado para os clientes, mediante o entendimento de como a demanda do cliente por este valor deve ser satisfeita e o motivo pelo qual o cliente irá pagar por ele. Para Kaplan e Norton (1997), esta perspectiva objetiva incorporar os segmentos de clientes e mercados nos quais a empresa poderá competir, sendo que estes segmentos serão responsáveis pela produção de receitas necessárias para o alcance dos objetivos financeiros traçados a partir da visão estratégica da empresa. As principais métricas de resultado relacionadas aos clientes são: satisfação, fidelidade, retenção, captação e lucratividade. Os processos internos e os esforços de desenvolvimento devem ser orientados pela estratégia de marketing. Pode-se afirmar que esta perspectiva é o coração da estratégia balanceada, pois, se a empresa falhar no atendimento ao cliente, mesmo que satisfazendo as suas necessidades de custo com efetividade, a não retenção do cliente poderá causar a não geração de renda futura, tanto a longo como a curto prazo. Com isso, a sobrevivência da empresa poderá ser comprometida. Kaplan e Norton (1997) definem um conjunto de métricas essenciais para a perspectiva dos clientes, que podem ser agrupadas em uma relação de causa e efeito conforme a Figura 2.4. Figura 2.4 - Medidas Essenciais da Estratégia Mercadológica Fonte: Adaptada de Kaplan e Norton (1997). 14/05/2023, 12:17 As Estratégias Funcionais e sua Inter-relação https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/789443/mod_resource/content/1/unidade-2/as-estrategias-funcionais-e-sua-inter-relacao.html5/6 Participação de mercado: esta métrica é muito importante, pois demonstra a posição e a proporção da organização em determinado mercado (volume de vendas, clientes etc.). Retenção de clientes: o objetivo desta métrica é controlar a intensidade da continuidade das relações do cliente com a organização ou unidade de negócio. Captação de clientes: além de manter os clientes atuais, as organizações devem se esforçar para aumentar a sua base de clientes. Satisfação de clientes: esta métrica se relaciona ao nível de satisfação dos clientes de acordo com critérios específicos dentro da proposta de valor. Lucratividade: o objetivo desta métrica é identificar o lucro líquido de cada cliente ou segmento, depois de deduzidos os custos necessários para manter estes clientes. A Estratégia Operacional Conforme com a relação de causa e efeito estabelecida entre as dimensões do Balanced Scorecard, observa-se que a dimensão financeira preocupa-se com o alcance das expectativas dos investidores e mantenedores; e a dimensão do cliente enfoca a satisfação, retenção, captação e lucratividade dos clientes, responsáveis pelo desempenho financeiro da organização; com isso percebe-se que a dimensão dos processos internos é responsável por constituir a base que irá suportar o alcance dos objetivos das dimensões do cliente e financeira. A estratégia operacional (tratada como dimensão dos processos internos no Balanced Scorecard) defende a ideia de que os gestores devem mapear os processos internos críticos nos quais a organização deve alcançar a excelência, de forma a atender os objetivos dos clientes e dos investidores e mantenedores. O ideal é que a formulação dos objetivos e indicadores para os processos internos ocorra após a definição das dimensões financeira e do cliente. Com a dimensão dos processos internos, dois aspectos fundamentais que diferenciam o Balanced Scorecard dos sistemas de avaliação convencionais ficam evidentes: As abordagens convencionais objetivam acompanhar e efetivar os processos atuais, principalmente por meio de medidas relativas ao tempo e qualidade. Na abordagem do Balanced Scorecard, além do monitoramento e melhoria dos processos atuais, novos processos podem ser criados para atender aos objetivos financeiros e dos clientes. Na busca pela melhoria dos processos internos atuais, os autores sugerem que os gestores definam uma cadeia de valor que tenha início com o processo de inovação, seguindo com os processos de operações e terminando com o serviço de pós-venda. Os sistemas de avaliação convencionais enfocam os processos atuais de entrega de produtos e serviços aos clientes atuais, com o objetivo de controlar e melhorar a operação já estabelecida. Entretanto, existem alguns condutores de desempenho financeiro de longo prazo, como a necessidade de desenvolvimento de novos produtos que atendam às expectativas emergentes de clientes atuais e futuros. 14/05/2023, 12:17 As Estratégias Funcionais e sua Inter-relação https://moodle.ead.unifcv.edu.br/pluginfile.php/789443/mod_resource/content/1/unidade-2/as-estrategias-funcionais-e-sua-inter-relacao.html 6/6 O processo de inovação visa identificar as necessidades atuais e futuras dos clientes-alvo, para que se possa desenvolver os processos que irão resultar nos bens e serviços que deverão satisfazer tais necessidades e expectativas. No processo de operações é que se deve preparar os recursos para disponibilizar os bens e serviços desenvolvidos durante o processo de inovação. Pode-se dizer que esta etapa tem início com o recebimento de um pedido e termina com a entrega do produto. O processo de serviços de pós-venda deve ser composto por uma série de serviços ao cliente após a efetivação da compra. Nesta etapa, configura-se a imagem e a reputação da organização na cadeia de valor do cliente. Estes serviços geralmente incluem treinamentos, garantias, consertos, devoluções e processamento de pagamentos. A Estratégia de Pessoas A estratégia de pessoas (referida como dimensão do aprendizado e crescimento no Balanced Scorecard) tem por objetivo conservar as competências e capacidades da organização, e garantir a sua renovação ao longo do tempo. Nesta dimensão, a empresa deve, além de considerar as ações necessárias para manter e desenvolver o know-how necessário para a produção focada nas necessidades e expectativas dos clientes, desenvolver as competências necessárias para garantir a efetividade dos processos críticos que criam valor para os clientes. Para Kaplan e Norton (1997), esta dimensão sustenta a infraestrutura necessária para que a empresa possa gerar crescimento e melhoria em longo prazo, por meio de três fontes principais: pessoas, sistemas de informação e procedimentos organizacionais. Para o alcance dos objetivos estratégicos desejados no futuro, as empresas devem investir em treinamento de colaboradores, aperfeiçoamento dos sistemas/tecnologias de informação e alinhamento entre os procedimentos e rotinas organizacionais. Com os grandes empreendimentos industriais iniciados em meados do século XX e com as influências da administração científica, as organizações encaravam seus recursos humanos como empregados contratados para uma ação específica e “compartimentalizada”, de forma a ficar evidente a distinção entre a classe intelectual e a classe operacional da companhia. A classe intelectual formada por engenheiros e gerentes era responsável pela atribuição de tarefas e rotinas repetitivas aos colaboradores da classe operacional, e também pelos sistemas de monitoramento capazes de garantir a conformidade do desempenho dessas tarefas por parte dos trabalhadores. A proposta do Balanced Scorecard em relação à dimensão do aprendizado e crescimento considera que atualmente as operações e rotinas repetitivas foram substituídas por rotinas automatizadas por computadores que desempenham o trabalho com maior eficiência. Dessa forma, as ideias que permitem a melhoria contínua dos processos voltados para o atendimento das necessidades dos clientes provém cada vez mais dos colaboradores da linha de frente, e com isso surge a necessidade de capacitação dos colaboradores para a criatividade e motivação estratégica para os objetivos da organização.
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