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Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br REDAÇÃO JURÍDICA E PORTUGUÊS FORENSE MODALIZADORES PROFESSOR CARLOS ANDRÉ MODALIZADORES Dicionário Houaiss MODALIZADOR ortoépia: ô adjetivo e substantivo masculino diz-se de ou elemento gramatical ou lexical por meio do qual o locutor manifesta determinada atitude em relação ao conteúdo de seu próprio enunciado. MODALIZAÇÃO substantivo feminino Marca com que o falante assinala seu enunciado, a fim de indicar sua relação com o conteúdo dom mesmo [pode ser: de conteúdo assumido inteiramente pelo falante, ou assumido com reservas, ou não assumido; pode marcar transparência ou capadidade do sujeito falante; pode indicar tensão entrelocutor (locutor que deseja agir sobre o interlocutor e locutor que ignora seu interlocutor) etc.] MODALIZAÇÂO NA NARRATIVA JURÍDICA Como já dito, a narrativa dos fatos tem o objetivo de revelar informações necessárias e informações relevantes de um caso concreto, no contexto jurídico. Entendemos como informações necessárias no mundo jurídico, aquelas que identificam a) o fato jurídico, b) as partes envolvidas no conflito, c) onde o fato ocorreu, d) quando ocorreu, e) a sua causa, f) como ele aconteceu. Há outras informações, entretanto, consideradas desnecessárias, mas relevantes para a compreensão mais ampla do fato. Observe que o adjetivo relevante é subjetivo, isto é, pode ser interpretado de formas distintas, ou melhor, depende de quem o interpreta. Por exemplo, em uma narrativa que visa a expor o abandono de dois menores pela mãe na Central do Brasil, seria relevante registrar que ela, momentos antes do abandono, tê-los-ia alimentado? Para a defesa, talvez, já que, com base em tal informação, poder-se-ia inferir que ela não é insensível às necessidades básicas dos filhos. Além de termos a liberdade de revelar ou não determinadas informações, quando narramos, temos a possibilidade de imprimir, na narrativa, marcas que indicam uma posição neutra ou parcial sobre o fato narrado. Essas marcas encontram-se explicitas ou implícitas no texto. Na verdade, elas dão molde à narrativa, revelando ou encobrindo fatos. Para que se tenha uma ideia inicial a respeito dessa forma de "moldar" o enunciado, observe, por exemplo, que, apesar de as palavras face, rosto e cara indicarem a mesma região do corpo humano, selecionamos uma para cada enunciado a seguir: a) Ele está com______ de poucos amigos. b) Que ________ rosada!; c) A criança olhava seu________ no espelho. Você deve ter notado que, nesse grupo de palavras, há uma neutra (rosto), uma que denota suavidade (face) e a outra que produz rispidez (cara). Pretendemos que, neste capítulo, você perceba que a escolha das palavras que usa, a sua posição na frase, a forma como as associa, o uso da pontuação e até a opção de não registrar uma determinada palavra produzem sentidos e que devemos ter consciência disso, a fim de produzirmos enunciados que expressem exatamente o que desejamos transmitir. ESCOLHA LEXICAL Registramos, anteriormente, como a escolha entre três palavras identificadas como sinônimas denotam a intenção daquele que as emprega. No discurso jurídico o mesmo ocorre. Aquele que narra os fatos em uma Petição Inicial escolhe palavras que sejam mais propícias a formular uma imagem positiva do autor e negativa do réu. Já no relato de uma sentença ou de um parecer, por exemplo, escolhem-se palavras neutras, uma vez que a imparcialidade daquele que narra deve ser preservada. Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 2 ASPECTOS PRÁTICOS Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 3 Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 4 Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 5 Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 6 EXERCÍCIOS TEXTO PARA QUESTÃO 01 A vida no lixão de Gramacho – RJ Considerado o maior aterro sanitário da América Latina, o Lixão de Gramacho é conhecido pelos seus diversos catadores e pelas histórias que ali com eles vivem. Histórias das Ruas foi até lá para conhecer um pouco dessa realidade e poder trazer para vocês alguns fatos que não apenas chocam mas incomodam até mesmo os mais desinteressados. O Lixão se localiza no bairro do Jardim Gramacho, no município de Duque de Caxias. O local recebe mais de 7 mil toneladas de lixo por dia. O bairro possui 20 mil habitantes que vivem na miséria e mais de 50% da população tiram sua renda da reciclagem de lixo que catam no aterro. As pessoas que vivem trabalhando com a reciclagem moram ao redor do aterro, em barracos de madeiras e papelão, em meio a muita lama e lixo, muito lixo. [...] Adentramos a favela e, tudo o que eu via, me impressionava muito. Mesmo não sendo a rampa (nome dado à montanha de lixo que é localizada dentro do aterro), a quantidade de lixo diante dos meus olhos era extremamente exagerada. Ficava difícil até ver o chão, forrado de lixo. Durante a nossa caminhada, João [um dos catadores] me explicou como era a vida no Lixão. Aqui nós trabalhamos para duas empresas que são donas de todo esse lixo. Não podemos trabalhar por conta própria. Enquanto eles se enriquecem com esse lixo que nós catamos e reciclamos, nós vivemos assim, nessa situação. O cenário daquela comunidade era praticamente um cenário de guerra. Carros tombados, pessoas com semblantes muito sofridos e crianças carregando crianças. O cheiro era muito forte, também devido à quantidade enorme de porcos que viviam no meio do monte de lixo, porcos que dividiam o espaço onde as crianças da comunidade brincavam. Além disso, percebi que não havia saneamento no local. Perguntei ao Sr. João se ele fazia ideia de quantas crianças viviam lá e ele me respondeu: Não tem como ter ideia disso. São realmente muitas crianças que vivem no meio desse lixo e cada vez mais aumenta o número delas.[...] Conversei com muitas pessoas e pude perceber que a maioria não queria contar a sua história de vida. Percebi que quase ninguém gostava de tocar no assunto de como foi parar ali; era um assunto que incomodava a todos e espalhava certa tristeza no ar, tristeza muito mais nítida do que a pobreza em que eles vivem. O Lixão será desativado até o dia 03/06. Para mim, ficou evidente que aquelas pessoas que vivem lá dependem daquele lixo para sobreviver, pois é de onde tiram o próprio sustento. Com todos os moradores que eu consegui conversar, perguntei o que eles iriam fazer e para onde pensarão ir depois que o Lixão fosse desativado. A resposta era sempre a mesma: Não sabemos, estamos esperando o governo decidir o que vai fazer com todo mundo que mora aqui. Alguns até disseram estar tristes devido ao fato de que o lixão iria fechar.[...] No dia seguinte, voltando para São Paulo, vi algumas notícias em jornais de grande circulação em todo o país dizendo que o fim do Lixão de Gramacho marca um novo começo, uma nova vida para os moradores de lá. Fiquei chocado! Como a imprensa, que tem como principal missão reportar a verdade dos fatos com espírito crítico, pode manipulá-los a ponto de sugerir que o mal é um bem? (Fonte: www.historiasdasruas.com/2012 ) Os modalizadores são palavras ou expressões que indicam intenções e pontos de vistado enunciador. O termo em destaque é um exemplo de modalizador em: A) “Considerado o maior aterro sanitário da América Latina” (1º parágrafo) B) “tudo o que eu via” (5º parágrafo) C) “a quantidade de lixo diante dos meus olhos era extremamente exagerada.” (5º parágrafo) D) “Além disso, percebi que não havia saneamento no local.” (6º parágrafo) TEXTO PARA QUESTÃO 02 02. Há uma série de vocábulos denominados “modalizadores”, que se caracterizam por inserir opiniões do enunciador sobre o assunto tratado. O segmento abaixo, retirado do texto 2, cujo vocábulo sublinhado é exemplo de modalizador é: A) “Só 15% dos brasileiros se dizem ‘satisfeitos’”; B) “Desde 2008, o ibope pergunta à população em idade de votar quão satisfeita ela está...”; C) “Os resultados nunca foram brilhantes...”; D) “...mas jamais haviam sido tão chocantes quanto agora.”; E) “...ou ‘muito satisfeitos’ (1%) com o jeito que o regime democrático funciona no país”. Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 7 TEXTO PARA QUESTÃO 03 Nosso ensino inferior Não é para entrar em depressão, mas também não é para comemorar. Nos dois testes internacionais a que foi submetido esta semana – o do ensino médio e o do superior – o nosso sistema educacional não foi totalmente reprovado e até melhorou, mas também não “passou" com louvor. Sob certos aspectos, o desempenho foi medíocre. No primeiro exame, o Pisa, que avalia alunos de 15 anos de 65 países, o Brasil foi o que mais avançou em matemática entre 2003 e 2012, mas mesmo assim continua lá atrás, ficou em 58º lugar e, em leitura, foi pior, caiu dois pontos para a 55ª colocação. Em Ciências, permaneceu onde estava, na 59ª posição. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, considerou o resultado “uma grande vitória", mas o responsável pelo Pisa, Andreas Schleicher, acha que temos que “acelerar muito o ritmo de melhoria", investindo mais em professores e dando aos alunos pobres melhores escolas, para não continuar fazendo feio. Se as conclusões do Pisa comportam interpretações que podem ser mais ou menos pessimistas, os dados referentes à educação superior não deixam dúvidas: foram péssimos. [....] A nossa má performance não pode ser atribuída à falta de representação. O ensino superior brasileiro é composto por 2.377 instituições, das quais 85% são faculdades, 8% são universidades, 5,3% são centros tecnológicos e 1,6 são institutos tecnológicos. O nosso problema, portanto, não é de quantidade, mas de qualidade. (Zuenir Ventura, O Globo, 07/12/2013) 03. Quando escrevemos um texto, inserimos nele uma série de palavras que veiculam nossas opiniões sobre o conteúdo que expressamos. Esses termos são chamados “modalizadores". Assinale a alternativa abaixo que destaca um desses termos. A) “Não é para entrar em depressão..." B) “... mas também não é para comemorar". C) “Nos dois testes internacionais a que foi submetido esta semana..." D) “...o nosso sistema educacional não foi totalmente reprovado e até melhorou" E) “...mas também não 'passou' com louvor". TEXTO PARA QUESTÃO 04 Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 8 04. Com relação ao emprego dos operadores argumentativos e modalizadores, assinale V (verdadeira) ou F (falsa) em cada afirmativa. ( ) No título, a palavra "até" reforça o grau superlativo do adjetivo "pior", que indica avaliação negativa para "saúde". ( ) Na linha 22, "só" é um delimitador e pode, sem alterar o sentido, ser substituído por aliás. ( ) Na linha 31, a expressão "é possível", aliada ao quantificador "alguns" (ℓ. 32), indica benefícios da atividade física no organismo de quem pratica corrida. A sequência correta é A) F - V - F. B) F - V - V. C) V - F - F. D) V - V - V. E) F - F - V. TEXTO PARA QUESTÃO 05 05. Em relação à crônica de Rubem Braga, avalie as seguintes afirmações a seguir. I. Na linha 13, o modalizador “sinceramente” atribui valor de verdade ao enunciado, ao mesmo tempo em que marca a subjetividade e contribui para a construção da ironia, que permeia todo o texto. II. Nas linhas 18 e 19, o operador argumentativo “mas” é empregado com funções diferentes nos trechos “não incomoda outro número, mas o respeita” e “Mas que seja permitido sonhar”. Na segunda ocorrência, funciona como reorientador argumentativo, quando o locutor, embora admitindo a realidade, passa a valorizar outra mais ideal e pertinente a seu modo de conceber as relações interpessoais. III. Na linha 5, o autor usou o operador argumentativo “e”, no trecho “Devo dizer que estou desoldo com tudo isso, e lhe dou inteira razão”, para produzir o efeito de reforço das expectativas geradas no conteúdo do enunciador anterior, o que mantém a força argumentativa construída e marca a resignação do locutor em face da realidade vivida. É correto o que se afirma em A) I, apenas. B) III, apenas. C) I e II, apenas. D) II e III, apenas. E) I, II e III. Rua T-54, Qd 100, Lt 10, nº 124, Setor Bueno, Goiâniia,-GO, CEP: 74.215-160 – 62 | 3945-1777 – www.carlosandre.com.br 9 TEXTO PARA QUESTÃO 06 06. O verbo achar é usado na fala da personagem como parte da estratégia de a) evidenciação da fonte radiofônica. b) avaliação do fato. c) imposição de verdade. d) modalização do discurso. GABARITO 01. C 02. A 03. D 04. C 05. C 06. D
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