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Fundamentos da EAD e E-Learning Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Júnior Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Dudatt Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; ALMEIDA, Siderly do Carmo Dahle . JÚNIOR, Alvaro Martins Fernandes . Fundamentos da EAD e E-Learning. Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida. Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Júnior. Paranavaí - PR.: UniFatecie, 2020. 63 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORES Siderly do Carmo Dahle de Almeida Doutora em Educação e Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2012) é Mestre em Educação pela PUCPR (2006). Especialista em Gestão da In- formação pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná (1999) e em Educação a Distância pela Faculdade Educacional da Lapa (2009). É graduada em biblioteconomia pela Universi- dade Federal do Paraná (1988) e em Pedagogia pela Universidade Castelo Branco (2010). Desenvolve pesquisas e tem experiência na área de Educação, com ênfase em tecnologias e mídias educacionais, formação de professores, metodologia da pesquisa. Atuou na Pre- feitura Municipal de Curitiba com Educação básica por 15 anos, entre 1991 e 2006, tendo neste período trabalhado com Educação Infantil e Primeiros anos do Ensino Fundamental, também implantou e coordenou os Faróis do Saber: bibliotecas de bairro instaladas nas Escolas Municipais e atuou na Coordenação Pedagógica das Usinas de Conhecimento, programa do governo instalado em alguns municípios do Estado do Paraná. Coordenou por 6 anos o Núcleo de Aprendizagem e Aprimoramento para a Amadurescência da PUCPR e foi coordenadora de estúdio na EADCON, sendo responsável pela capacitação de docentes para atuar na Educação a Distância. Trabalhou na Unicesumar como Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação na área de Educação na modalidade a distância, e foi docente do Programa de Mestrado em Gestão do Conhecimento nas Organizações e Pesquisadora do Instituto Cesumar de Ciência, Tecnologia e Inovação (ICETI). Atualmente é Coordena- dora e docente do Programa de Mestrado Profissional em Educação e Novas Tecnologias da Uninter. Alvaro Martins Fernandes Junior Doutorando em Educação: Currículo na PUC-SP. Mestre em Gestão do Conhe- cimento nas Organizações pelo Centro Universitário Cesumar - Unicesumar, na linha de pesquisa Educação e Conhecimento onde foi bolsista da Capes na modalidade I - PRO- SUP. Pós-graduado em EAD e Tecnologias Educacionais e em Gestão com Pessoas na mesma instituição e especialista em Marketing pelo Instituto Paranaense de Ensino-IEP. É bacharel em Comunicação Social com ênfase em Publicidade e Propaganda. Atuou como Tutor Mediador no Núcleo de Educação a Distância Unicesumar. É fluente em inglês. Foi voluntário na AIESEC Blagoevgrad (Bulgária) em 2010, onde trabalhou com projetos sociais nas escolas municipais da cidade por dois meses. Em 2011, foi trainee na Exevo India Ltda., trabalhando com pesquisa de mercado. Tem experiência com educação na modalidade a distância, atuando como docente em projetos de ensino, bem como docente, autor de livros didáticos e orientador de trabalhos de conclusão de curso na pós graduação. Atua como professor na Escola Superior de Educação da UNINTER - Centro Universitário Internacional. Atualmente é voluntário no projeto RH na Academia da ABRH-PR. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL A educação a distância é uma modalidade de ensino intrinsecamente relacionada com as tecnologias digitais de informação e comunicação, tendo em vista as possibilidades de aproximação espaço-temporal que oferecem e, também, uma modalidade intencional- mente pedagógica, posto que objetiva particularmente o processo de ensino e de aprendi- zagem. Assim, vamos iniciar um curso de especialização da Fatecie que será ministrado na modalidade que também é a temática do curso, ou seja, “a distância”. Dessa maneira, teremos uma oportunidade única de aprender vivenciando e praticando, de fato, aquilo que nos propomos a estudar. Dando início ao nosso diálogo, faz-se necessário que compreendamos o signifi- cado da expressão “educação a distância”. Enquanto profissionais da área de educação, muitas vezes ouvimos falar em novos paradigmas educacionais, relevância das tecnologias de informação e comunicação em nosso campo de estudo, sociedade da conhecimento e práticas pedagógicas renovadas, tudo isso porque se compreendeu a importância da educação na vida das pessoas. Assim, a educação a distância vem ocupando cada vez mais espaço, ganhando evidência nos telejornais e outros meios de comunicação, apontando, em especial, para as oportunidades e os desafios pelos quais a modalidade vem passando. Toda essa mídia contribui, sobremaneira, para chamar a atenção da sociedade para essa modalidade que, no princípio, sofreu muito pela falta de credibilidade, mas hoje se encontra em franco pro- cesso de expansão. Não é nenhuma novidade que essa modalidade vem se apresentando como uma possibilidade de educação que pode satisfazer plenamente tanto o ensino formal quanto a formação técnica e profissional ou, ainda, a educação continuada e empresarial. No papel de alunos que somos e de docentes que queremos ser, é necessário e urgente que voltemos nossas reflexões para essa modalidade. Sejam todos bem-vindos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 7 Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo UNIDADE II ................................................................................................... 19 Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente UNIDADE III .................................................................................................. 33 A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem UNIDADE IV .................................................................................................. 47 Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EAD 7 Plano de Estudo: • História da Educação a Distância no mundo • EAD no Brasil: o princípio • A televisão na EAD no Brasil Objetivos da Aprendizagem • Apresentar um breve histórico da educação a distância no mundo • Explicar como a Educação a Distância desenvolveu-se no Brasil • Esclarecer o papel da televisão na EAD no Brasil UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 8UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo INTRODUÇÃO Sabemos que o modo como as pessoas aprendem, vem sendo tema de pesquisas e de investigação há algum tempo, porém, apenas o “fenômeno” complexo denominado “educação” que temos visto sob o olhar da ciência, da arte e da tecnologia, e que se faz presente desde o início da civilização, ainda hoje suscita muitos estudos. A educação a distância foi normatizada, entre outros motivos, com o intuito de se levar educaçãoformal a todo o Brasil, considerando o seu gigantesco espaço geográfico. Nas localidades distantes, a inexistência de instituições públicas e privadas para a edu- cação superior significa a exclusão de grandes contingentes populacionais ao acesso e a permanência na Educação Superior e, consequentemente formação especializada. Nesse cenário, as universidades iniciaram um movimento de criação e oferta de cursos a distância, de naturezas diversas, com o objetivo de atender a demandas sociais: cursos de graduação, de pós-graduação, de extensão, técnicos, profissionalizantes, entre outros. Uma das questões que emergiu nesse movimento foi a necessidade de formação de professores. Deste modo, a maioria das instituições formadoras ainda não incorporou, nas prá- ticas pedagógicas dos currículos, atividades suficientes e eficazes para a introdução das tecnologias na educação. Assim, existe uma necessidade de formação profissional docente para atender ao crescimento das atividades de EAD nas diversas instituições escolares. Temos ciência de que muitos elementos perpassam a educação a distância e todo o processo de ensino e de aprendizagem nessa modalidade. Vamos propor uma viagem virtual pelo tempo, enfocando como iniciou a educação a distância no mundo e, mais preci- samente, no Brasil. Verificaremos a importância dos correios e dos meios de comunicação: jornal, rádio e televisão, que foram as principais mídias que permitiram que a EAD crescesse e pudesse democratizar a educação, tornando-se um caminho acessível e possível para toda a população. 9UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo 1. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO MUNDO A Educação a Distância, tal qual a conhecemos hoje, parece ter nascido junto com a expansão da internet no final do século passado, porém, esta história iniciou muito antes disso. Vamos entender? Podemos considerar, de acordo com Nunes (2009), como uma das primeiras men- ções que se tem sobre a EAD uma propaganda publicada no jornal Boston Gazette, de Massachussets, em 1728, em que Caleb Phillipps, professor de taquigrafia, propunha ensi- nar suas técnicas semanalmente através do correio, mesmo para pessoas que morassem em outros locais. O anúncio prometia que qualquer pessoa poderia ser tão bem instruída como aqueles que viviam em Boston. De acordo com Dalmau (2014), em 1840, dessa vez no Reino Unido, Isaac Pitman propôs ensinar taquigrafia utilizando-se para isso do sistema postal inglês que oferecia baixo custo e grande alcance. Observamos que o correio foi, sem dúvida, um grande aliado para a distribuição de materiais didáticos na educação a distância. No ano de 1856, em Berlim, Toussaint e Langenscheidt criaram a primeira escola de línguas por correspondência. No ano de 1873, Anna Eliot Ticknor funda a Sociedade de Apoio ao Ensino em Casa em Boston. Em 1891, Foster cria na Pensilvânia o Instituto Internacional por Correspondência, oferecendo um curso sobre medidas de segurança no trabalho para mineradores. (DALMAU, 2014) 10UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo REFLITA Você sabia que os primeiros passos da EAD não foram dados por instituições de educa- ção superior ou instituições tradicionais, como se poderia imaginar? A EAD teve novo impulso depois da primeira guerra mundial, devido as necessida- des socioeconômicas do período pós-guerra e ao incremento de tecnologias como o rádio e o cinema. Nos anos que se seguiram, a tv e os recursos audiovisuais desempenham papel fundamental na educação presencial e na educação a distância, aumentando considera- velmente as propostas de programas nessa modalidade. Entre os anos 50 e 60 do século passado, a instrução programada deixa sua marca e influencia as propostas de educação a distância no mundo todo. Em 1962, de acordo com Nunes (2009) surge na Inglaterra a fundação Open Uni- versity que é considerada até hoje como a referência primeira na área. Ela estabeleceu um padrão de qualidade que contribuiu fortemente para que se superasse o preconceito com relação a modalidade a distância e colocou a EAD como possibilidade viável para a democratização da educação. Depois dela surge a Universidad Nacional de Educación a Distancia da Espanha (UNED), a FernUniversität da Alemanha e a Télé-Université, no Canadá. 11UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo SAIBA MAIS Alguns pesquisadores propõem uma divisão na história da EAD segundo suas “Ge- rações”, relacionando-as com as tecnologias disponíveis em cada época. Simão Neto (2008) é um destes pesquisadores, propondo em seus estudos, três gerações: • Primeira Geração: Ensino por correspondência que se caracteriza por material im- presso entregue pelo correio na casa (ou no local escolhido) de cada estudante. As instituições de ensino contratam um professor que se propõe a escrever passo-a- -passo um determinado curso e o mesmo é moldado de modo a permitir que o aluno tome gradativamente suas aulas e aprenda um ofício, uma língua, ou seja, aquilo que foi proposto pelo curso. • Segunda Geração: Teleducação/Telecursos. Programas de rádio e TV que se com- prometem a ensinar por meio de programas educativos nas grades de TVs comer- ciais, fitas cassete, videocassetes, concomitantemente com material impresso. • Terceira Geração: Ambientes virtuais de aprendizagem, que permitem que professo- res e alunos “conversem” em tempo real utilizando chats, fóruns de discussão, blogs etc. 12UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo 2. EAD NO BRASIL: O PRINCÍPIO No Brasil temos um cenário bem diverso no que se refere a história da EAD. Come- çamos com a oferta de bem-sucedidos cursos por correspondência como os oferecidos pelo Instituto Monitor e pelo Instituto Universal Brasileiro. O Projeto Minerva é um exemplo de curso oferecido pelo Rádio; o Telecurso, que existe até hoje, foi uma iniciativa da televisão; temos muitas instituições oferecendo educação a distância via internet e outras mídias. O Instituto Monitor foi a primeira escola no Brasil a oferecer educação a distância. Nicolás Goldberger, imigrante húngaro que chegou ao Brasil na década de 30, encantou-se com a dimensão do território e queria ajudar com o crescimento do país através da comuni- cação, representada naquela época pelo rádio. Nasceu assim o primeiro curso a distância que permitia que ao concluir o curso, o aluno fosse capaz de construir um rádio caseiro. A ideia era levar a possibilidade de ter uma profissão as pessoas mais carentes e que morassem em regiões distantes, desprovidas de outra forma de educação profissional. Em 1939 foi fundado o Instituto Radiotécnico Monitor sendo todos os seus cursos oferecidos por correspondência. (ALMEIDA, 2012) O Instituto Universal Brasileiro iniciou suas atividades em meados do século pas- sado, utilizando como meio de divulgação revistas em quadrinhos, fotonovelas e outras publicações populares e se propunha a preparar pessoas oferecendo cursos profissiona- lizantes como corte-e-costura, eletricista, cabeleireiro, mestre de obras, entre outros. As pessoas que faziam o curso terminavam o mesmo com uma profissão e melhoravam sua 13UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo qualidade de vida atuando na área escolhida. Era uma possibilidade real para aqueles que não podiam frequentar as salas de aula por precisarem trabalhar em tempo integral para manter suas famílias, mas vislumbravam ter uma profissão que lhes permitisse uma folga em seu orçamento doméstico. O Projeto Minerva iniciou em setembro de 1970, sob o comando do Serviço de Ra- diodifusão Educativa do Ministério da Educação e Cultura. Seu nome era uma homenagem a Deusa grega da sabedoria. O site do projeto destaca como características essenciais o aporte para o incremento do sistema educacional, a complementação dastarefas propos- tas pelo sistema regular de ensino, a promoção da educação continuada, a divulgação de programas culturais, a elaboração de materiais didáticos e a avaliação dos resultados da utilização dos horários pela emissora de rádio. O rádio foi a mídia escolhida em função do baixo custo e da familiaridade dos ouvintes. Segundo Castro (2009), o mesmo contou com a seguinte estrutura: a) Recepção organizada - desenvolvia-se em radiopostos locais, onde 30 a 50 alunos se reuniam, sob a liderança de um monitor, para ouvir a transmissão das aulas. O radioposto funcionava em escolas, quartéis, clubes, igrejas e outros locais. b) Recepção controlada - os alunos recebiam isoladamente a transmissão dos cur- sos reunindo-se semanal ou quinzenalmente sob a orientação do monitor, a fim de discutir ideias e dirimir dúvidas. c) Recepção isolada- os alunos recebiam emissões em suas casas. Castro (2009) explicita ainda que de outubro de 1970 ao mesmo período em 1971, 174.246 alunos participaram do projeto e desses, apenas 61.866 o concluíram. Obser- varam-se elementos negativos como evasões durante o curso e a avaliação que não foi efetivada, obrigando os alunos a fazer exames supletivos oferecidos pelo Departamento de Ensino Supletivo do MEC. 14UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo 3. A TELEVISÃO E A EAD NO BRASIL Considerando a televisão como mídia responsável pela educação a distância, ob- servamos o seguinte histórico: Em 1978 a Fundação Roberto Marinho em parceira com a Fundação Padre An- chieta assinaram um convênio que permitia a realização do que seria o primeiro projeto de teleducação: o Telecurso 2º Grau. Foi a primeira vez que uma rede comercial de TV se lançava em um projeto educativo. No ano de 1981 foi a vez da Fundação Bradesco buscar parceria com a Fundação Roberto Marinho para oferecer o Telecurso 1º Grau que se destinava ao Ensino Fundamental em suas últimas 4 séries, tendo recebido apoio do MEC assim como da UnB – Universidade de Brasília. (FUNDAÇÃO ROBERTO MARINHO, 2015) Novamente uma parceria com a Fundação Roberto Marinho, em 1994, dessa vez com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) uma proposta para quem não havia concluído o Ensino Fundamental ou o Ensino Médio: o Telecurso 2000. De acordo com dados expostos no site do Telecurso, o mesmo é reconhecido como uma metodologia que otimiza a qualidade na educação, tendo favorecido mais de 5,5 milhões de pessoas nas 27.714 telessalas no país. (TELECURSO, 2017) De acordo com Markun (2010, p. 11), presidente da Fundação Padre Anchieta, Nos últimos anos, o avanço da tecnologia e o surgimento de novas mídias trans- formara a televisão, que no final do dos anos 1960 era tecnologia de ponta, em parte de um complexo muito maior que envolve as tecnologias de informação e comunicação. Tais 15UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo tecnologias oferecem inúmeras possibilidades: capacidade praticamente infinita de juntar informação; apresentação de conteúdos em diversos formatos; interatividade que permite a colaboração coletiva na produção desses conteúdos. Dessa maneira, hoje tornou-se imprescindível que a televisão, para acompanhar todo esse avanço, integre as várias mídias para produzir e estabelecer os conteúdos edu- cacionais que pretende incluir em sua grade. O que se espera é a socialização do saber de modo a contribuir efetivamente para a melhora do nível de educação e, consequentemente, a melhora da qualidade de vida dos cidadãos em nosso país. 16UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta nossa primeira unidade, verificamos que a Educação a distância via correio, foi a primeira forma pensada para tornar possível a educação em locais e horários distintos possibilitando que toda a população, independente do lugar onde vive de norte a sul do país, tenha acesso a educação de modo a poder melhorar sua qualidade de vida e, por conseguinte, a de sua comunidade. Vimos que a historia da EAD, segundo alguns pesquisadores, pode ser dividida em três gerações: uma primeira que abarca o ensino utilizando a correspondência como estratégia e servia-se de manuais escritos por professores para fundamentar os estudos de seus alunos, em um segundo momento contamos com a teleducação, que pode ser transmitida tanto por rádio quanto por televisão e, finalmente, a mais conhecida que faz uso de ambientes virtuais de aprendizagem e se caracteriza como a terceira geração. O Brasil apresenta um panorama bem distinto no que tange a composição histórica da EAD. Não há como falar dessa história sem mencionar os bem-sucedidos cursos por correspondência disponibilizados pelo Instituto Monitor e pelo Instituto Universal Brasileiro. Tivemos também a oferta do Projeto Minerva e, num passado recente, do Telecurso já como uma iniciativa da tv e que tem seu horário até hoje. 17UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo LEITURA COMPLEMENTAR A TRAJETÓRIA DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL Sandra Maria Castanho O Brasil tem passado por diversas transformações no campo educacional, as novas tecnologias tem proporcionado a aceleração do desenvolvimento da Educação a Distância (EaD) e uma maior transmissão de informações e instruções. Isto pode ser observado nas situações em que a educação convencional é de difícil acesso, seja pelas pessoas residirem em área geograficamente isolada ou por existir um déficit das condições sócio-e- conômicas que dificultam o acesso das mesmas aos cursos de ensino regular ou superior em período apropriado. A EaD também tem contribuído com aqueles que trabalham em horários que impossibilitam a freqüência em um curso presencial. O processo histórico da Educação a Distância foi marcado por experimentações, sucessos e fracassos. Sua origem foi caracterizada pela educação por correspondência iniciada no final do século XVIII e com ampla divulgação em meados do século XIX. A EaD tem sido adotada em diversos países e com várias possibilidades de atuação. Entre os propósitos da EAD tem aberta e continuada e uma educação que promove a cidadania. Assim, é neste final de milênio que surgem “os grandes sistemas de educação superior a distância, primeiramente na Europa e, em seguida, no Canadá, nos Estados Unidos e na Austrália”, para depois se expandir a todos os países desenvolvidos e para muitos países em processo de desenvolvimento (GUIMARÃES, 1997, p. 3). No que se refere a implementação da EaD no Brasil, des- tacamos a fundação das “Escolas Internacionais” em 1904, representando organizações norteamericanas. Um marco importante foi o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades em 1891, noticiando na primeira edição da seção de classificados, anúncio que oferecia a profissionalização por correspondência (datilógrafo), isto comprova como havia tentativas em se buscar alternativas para a melhoria a educação brasileira Fonte: CASTANHO, Sandra Maria. A trajetória da educação a distância no Brasil. Disponível em http://www.indev.com.br/semana/trabalhos/2012/5.pdf 18UNIDADE I Breve Histórico da Educação a Distância no Brasil e no Mundo MATERIAL COMPLEMENTAR LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009. Composto por 60 capítulos escritos por especialistas brasileiros em EAD, este livro transmite ao leitor o conhecimento atingido pelas abordagens da educação a distância no país, considerando o contexto do cenário internacional de aprendizagem, tanto acadêmica quanto de treinamento corporativo. 19 Plano de Estudo: • Conceituando a educação a distância • Distâncias e presenças • Ead e legislação brasileira Objetivos da Aprendizagem • Conceituar educação a distância considerando-se todas as suas dimensões. • Distinguir o que são distâncias e o que são presençasno cenário da educação brasi- leira • Apresentar a legislação que rege a EAD no Brasil UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 20UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente INTRODUÇÃO Temos ciência de que muitos elementos perpassam a educação a distância e todo o processo de ensino e de aprendizagem nessa modalidade. Iniciemos por conceituá-la, prescindindo de conceitos importantes para a compreensão da mesma, como por exemplo, o papel das tecnologias digitais de informação e comunicação, as principais características que a definem e as contraposições entre distâncias e presenças. Compreender a transitoriedade social que estamos vivendo, com a inserção de tecnologias de comunicação e informação, e demais fatores econômicos e políticos que contribuem para a transformação do tempo e do espaço, é imprescindível para que os edu- cadores discutam a utilização, expansão e normatização da educação a distância dentro dos espaços escolares. A Educação a distância, sistematizada e propagada através do correio, vem for- mando pessoas há longo tempo, porém, podemos considerar que apenas nos últimos vinte anos começou a adquirir consistência, com a “era do conhecimento”. Mesmo com essa grande jornada, ainda tentamos estabelecer parâmetros específicos para essa modalidade de educação, e ainda ouvimos comparações com a educação presencial. Isso nos leva a refletir sobre a necessidade de haver muito estudo e pesquisa na área, buscando novas experiências em novos contextos. Para essa modalidade de educação, é preciso formar docentes hábeis para traba- lhar em equipe, que se utilizem do conhecimento e criatividade coletivos, que se aproximem mais dos alunos, apesar da distância espaço-temporal, tendo todos os envolvidos nesse processo um objetivo fundamental: possibilitar que todos os cidadãos, independente do lugar em que vivem, em qualquer região do país, tenham acesso a educação de maneira a poder melhorar sua qualidade de vida e, por conseguinte, a de sua comunidade. A isso podemos chamar de democratização da educação. 21UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente 1. CONCEITUANDO A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para muitos autores é possível caracterizar a EAD de acordo com o espaço físico, sugerindo que, se docente e educando não se encontram em um mesmo espaço, isto já significa educação a distância. Porém, quantas vezes nós mesmos enquanto alunos nos sentimos “ignorados” por nossos professores presenciais, que davam suas aulas sem se importar se estávamos compreendendo o que estavam falando, cumpridores de seu papel de “transmissores de conhecimento”? Belloni afirma que a ‘’educação a distância é modalidade de ensino adequada às sociedades contemporâneas.’’ (2008, p. 3). Ao tornar-se um aspecto pedagógico inserido na realidade educacional, a EAD possibilita que as pessoas tenham condições eficientes e eficazes de compartilhar o conhecimento, debatendo, questionando e reformulando ideias, valores, percepções e experiências, sem a necessidade da palavra impressa e da presencialidade física. Isso supera a lógica das formas tradicionais de educação, como a obrigatoriedade do professor e do aluno em um mesmo ambiente físico, mas sem anular aquilo que é essencial: o conteúdo socialmente elaborado dentro de necessidades e inte- resses comuns. Assim sendo, o sistema educacional contemporâneo deve ligar-se diretamente a essa forma de produção do saber, sob uma concepção de ensino decorrente de um trabalho escolar realizado em sintonia com os novos tempos, acordos sociais e demandas institucionais. 22UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente Nesse contexto uma expressão bem conhecida é “aprendizagem colaborativa”. É necessário que, para atuar à distância, o docente tenha vontade, vocação e conhecimento, tanto sobre o seu discurso quanto sobre a tecnologia que deverá dominar para propor um bom trabalho no ambiente virtual de aprendizagem. Devemos ainda levar em conta que não existe uma pedagogia própria para a EAD, e que somos nós, num processo colaborativo, que vamos construí-la. SAIBA MAIS Destacando a questão do conceito de EAD, Moore e Kearsley (2007) afirmam que EAD é: “O aprendizado planejado que ocorre normalmente em um lugar diferente do local de ensino, exigindo técnicas especiais de criação do curso e de instrução, comunicação por meio de várias tecnologias e disposições organizacionais e administrativas especiais”. (MOORE; KEARSLEY, 2007, p. 2). Os autores enfatizam o aspecto geográfico e as exigências específicas no processo pe- dagógico, com formas próprias de docência e interação para essa modalidade de ensi- no, bem como abordam a necessidade de recursos que facilitem a comunicação. Ainda nessa concepção, percebemos que na educação a distância a gerência dos processos didáticos e pedagógicos é estruturada com base em equipes de profissionais que plane- jam e tomam as decisões pedagógicas e administrativas. Os cursos de formação docente não preveem em seus currículos formação es- pecífica para docentes na modalidade EAD, sejam estes formadores responsáveis pelas aulas ou conteudistas, tutores e demais profissionais que se fazem necessários a área, isto constitui-se em um alerta sobre a necessidade de se repensar os currículos de formação de professores. 23UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente 2. DISTÂNCIAS E PRESENÇAS Quando nos referimos ao trabalho docente na educação a distância, um dos princi- pais conceitos a ser repensado é o que diz respeito ao termo distância. Afinal, que distância é essa a qual estamos nos referindo? E quando pensamos em seu antônimo – presença – será que ela é mesmo o contrário de distância, ou seja, quem está presente, não está distante? Para nos ajudar nesta tarefa, vamos voltar ao dicionário. Ferreira (1986) eviden- cia distância como ”espaço entre duas coisas ou pessoas, intervalo; lonjura, longitude; separação, apartamento, afastamento”. Já no Houaiss (2008) temos como “um espaço muito grande que separa dois seres, dois lugares ou dois objetos”. Hum... então um espaço pequeno não significa distância. Será? Aqui gostaríamos de esclarecer que existem distintos tipos de distâncias que se fazem relevantes em muitas áreas, mas de modo bem especial quando tratamos da educa- ção a distância. Ressaltamos que, em primeiro lugar, devemos ponderar sobre a distância geográfica que separa os atores do processo educacional na EAD: professores e alunos. Essa distância possível de ser medida é um dos aspectos cuja superação determina a maioria dos programas na modalidade. Considerando-se que a distância geográfica e o uso de múltiplas mídias são carac- terísticas inerentes à educação a distância, mas não suficientes para definirem a concepção educacional, discute-se a educação a distância (EaD) não como uma solução paliativa 24UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente para atender alunos situados distantes geograficamente das instituições educacionais nem apenas como a simples transposição de conteúdos e métodos de ensino presencial para outros meios e com suporte em distintas tecnologias. Os programas de EaD podem ter o nível de diálogo priorizado ou não segundo a concepção epistemológica, tecnologias de suporte e respectiva abordagem pedagógica. (ALMEIDA, 2003, p. 327) Esses programas procuram alcançar o sujeito que vive em locais geograficamente afastados do local em que os professores se encontram para ministrar as aulas ou mes- mo do local em que essas aulas são produzidas. Se levarmos em conta aspessoas com dificuldade ou mesmo que não tem meios de locomoção para os grandes centros, aquelas que muitas vezes se utilizam de bicicleta, barco, cavalo, ou ainda que andam quilômetros em busca de progredir em seus estudos, essa distância geográfica nem precisa ser tão grande. Outra distância a ser avaliada é a que se refere ao poder aquisitivo do aluno. É certo que, além do valor das mensalidades de um curso em uma instituição de ensino, devem ser considerados gastos com meio de transporte, alimentação, materiais de estudo, o que pode tornar a educação mais distante da realidade de muitas pessoas que concluem que a mesma não cabe em seu orçamento doméstico. É preciso falar ainda sobre a distância de papéis entre professor e alunos, pois alguns professores infelizmente se colocam em um patamar inacessível, não possibilitando o diálogo com seus alunos. Isso se torna mais frequente em cursos com turmas maiores em que o aluno não passa de um a mais na plateia, sendo ser passivo na construção de seu conhecimento, cabendo a ele apenas ouvir e repetir o que o professor disse. Simão Neto (2008, p. 17) chama esta de distância transacional: Esse tipo de distância pode ser mais comumente observado em grandes turmas que seguem modelos de ensino, como os cursos preparatórios para vestibulares e concursos. Neles, o aluno é apenas mais um membro da plateia a desempenhar o simples papel de receptor passivo das informações que o professor envia. Vale notar que o tamanho da tur- ma não é uma condição para existir a distância transacional. Mesmo em turmas pequenas, nas quais o professor ainda segue metodologias expositivas responsáveis por afastá-lo dos alunos, as distâncias também podem ser muito grandes. O vocábulo distância pode também indicar para uma questão temporal e na EAD, isso é bem comum, afinal, o professor pode ter gravado uma aula na semana passada, no ano passado ou a mais tempo ainda. Por outro lado, se tomarmos a escrita como exemplo, 25UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente podemos ler obras de autores que já se foram muito anos de nós termos até mesmo nascido e muitas vezes tais obras podem ter conteúdos bem atuais. Aliás, o próprio conceito de distância está se transformando, como as relações de tempo e espaço, em virtude das incríveis possibilidades de comunicação a distância que as tecnologias de telecomunicações oferecem. Também o conceito de interatividade carrega em si grande ambigüidade, oscilando entre um sentido mais preciso de virtualidade técnica e um sentido mais amplo de interação entre sujeitos, mediatizada pelas máquinas. (BELLONI, 2008, p. 123) Agora que já pensamos nas questões que se referem as distâncias, vamos enten- der um pouquinho o conceito de presença? Entendida muitas vezes como antônimo de distância pois, se estamos presentes é porque não estamos ausentes, é preciso notar que presenças não excluem distâncias. REFLITA As mídias e tecnologias de informação e comunicação, a televisão interativa, o celular são alguns exemplos de tecnologias que permitem uma aproximação ainda que não física. 26UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente 3. EAD E LEGISLAÇÃO BRASILEIRA Para entendermos o papel histórico da EAD em nosso contexto nacional, faz-se importante tomar conhecimento da legislação que a ampara. Há exatamente vinte anos, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação - 9394/96, instituía em seu art. 87 a chamada “Dé- cada da Educação” em que se pretendia promover a formação em nível superior de todos os professores em exercício, determinando ainda que “cada Município e, supletivamente, o Estado e a União, deverá (...) realizar programas de capacitação para todos os professores em exercício, utilizando também, para isto, os recursos da educação a distância”. (BRASIL, 1996). Muitos dos parágrafos da lei foram posteriormente revogados, no entanto, neste período, começam a surgir cursos de graduação na modalidade a distância, especialmente os de formação de professores – inicialmente o magistério superior e, após, a pedagogia, e também o curso de administração, para suprir a demanda existente. A Associação Brasileira de Educação a Distância – ABED, em seu relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil – Censo EAD 2013, aponta que existem 1772 cursos regulamentados totalmente a distância oferecidos pelas instituições participantes do Censo, atingindo 692.279 alunos regularmente matriculados nestas mesmas instituições. (ABED, 2013, p. 68). Aqui não se contabilizam os cursos semipresenciais, cursos livres e educação corporativa que, somados aos cursos totalmente a distância contabilizam 15.733 cursos e 4.044.315 alunos impactados. 27UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente Ainda de acordo com o Censo da ABED, entre os principais obstáculos enfrentados pelas instituições participantes do Censo, está a resistência dos educadores à modalidade EAD, ou seja, vinte anos após a promulgação da lei, ainda se percebe uma oposição a modalidade de ensino. Observando a Lei 9.394/96, o artigo 80 é o primeiro a se mencionar a Educação a distância, exibindo o seguinte texto: “Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada. ” Salienta-se então que interessa ao Poder Público que se compartilhe o saber siste- matizado por meio de currículos e programas de Educação a distância, levando o acesso e democratização do conhecimento em todos os seus níveis a todos os cidadãos. Nos parágrafos que acompanham este art. 80, é possível avaliar que a Federa- ção organiza os regulamentos para que se concretizem os exames e futuros registros de diplomas em cursos que se realizem em tal modalidade. O artigo 82 faz referência aos estágios, indicando que as instituições de ensino devem sistematizar as normas para que estes se realizem, advertindo que tal estágio não constitui vínculo empregatício de qualquer natureza. Após quase dez anos da publicação da Lei 9.394/96, o Presidente da República estabelece o decreto que regulamenta o artigo 80, apresentando o seguinte texto: Art. 1o Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comuni- cação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. Assim, observamos uma definição para a EAD que apresenta a tecnologia como qualidade sine-qua-non para que o processo de ensino e de aprendizagem se efetive nes- sa modalidade observando-se inclusive a distância espaço-temporal como característica particular da mesma. No parágrafo primeiro do artigo, se estabelece que necessariamente na educação a distância, é preciso que haja momentos presenciais especialmente no que tange a avaliação dos educandos. A despeito de toda legislação e estudos sobre a modalidade, é preciso salientar que muitos cursos oferecem ainda uma visão tradicional de ensino, atendo-se mais as ferramentas oferecidas e as tecnologias empregadas para oferecer material aos alunos, 28UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente remetendo-nos ao instrucionismo do início do século passado, importando-se muito mais com os aspectos do ensinar do que com as possibilidades e condições de o aluno aprender. A modalidade EAD necessita, baseada na democratização do conhecimento, ser aberta, espontânea, de vanguarda, criativa e global, pois se encontra em um permanente processo de mudança e sistematização desenvolvendo a competência de auto estudo e de análiseda própria essência, assim como da natureza do outro, levando o sujeito que busca mudar o mundo a querer entender a si próprio e suas necessidades de transformação. 29UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente CONSIDERAÇÕES FINAIS Averiguamos que os programas em EAD buscam alcançar o aluno que vive em locais geograficamente distantes do local em que os professores ministram as aulas ou do local em que tais aulas são geradas. A distância econômica também deve ser considerada, assim como, a distância de papéis entre professor e aluno, lembrando que, utilizando as tecnologias de informação e comunicação o professor pode estar presente ainda que dis- tante. É essencial que as instituições de ensino e os educadores que desejam atuar com EAD considerem todas as formas de distâncias possíveis vistas, buscando tirar proveito de cada uma delas e não as vendo como dificuldades ou empecilhos. Observamos que no portal do MEC temos a nossa disposição todas as diretrizes para os níveis de educação, desenvolvidos na modalidade à distância, incluindo aspectos como validação de cursos e emissão de diplomas. Abordamos os artigos da Lei 9.394/96 que regulamentam a Educação a distância no Brasil, e ainda alguns decretos e portarias que nos levaram a melhor compreender o que ampara a EAD em nosso país, como o artigo 80 que é o primeiro a se referir a Educação a distância, o art. 82 que se refere a estágios, e o art. 87 que dispõe sobre a Década da Educação e em seu parágrafo 3º lembra da importância de cada Estado e Município dis- ponibilizar cursos presenciais ou a distância aos jovens e adultos sem ou com insuficiente escolaridade e ainda promover cursos de educação continuada a todo o seu quadro de docentes em exercício, lembrando em seu artigo 4º que ao fim da Década da Educação só professores habilidades em nível superior poderiam exercer a docência. 30UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente LEITURA COMPLEMENTAR A legislação que trata da EAD Candido Alberto da Costa Gomes Quando se fechavam os portões das cidades medievais, permaneciam fora das suas muralhas muitas pessoas e grupos que tinham comportamentos desviantes ou in- desejados, como indivíduos de modesta condição social, minorias étnicas, criminosos e exércitos inimigos. Embora parte deles tivesse admissão às urbes, dentro destas fi cava a relativa ‘ordem’; fora, a relativa ‘desordem’. Essas tradições viajaram para o Brasil, tanto que o Rio de Janeiro foi envolvido por uma paliçada de barro, enquanto cidade provisória, e depois de pedra, em seu sítio definitivo. Se a ‘ordem’ oferecia segurança, afastando flibusteiros, índios e contingentes de escravos, a flexibilidade da ‘desordem’ ensejava rela- ções e dinâmicas sociais novas que, depois, não raro adentravam as muralhas. A metáfora sugere que a EAD também nasceu fora dos muros da educação formal e convencional, utilizando desde a correspondência até as novas TICs. Atendendo a educandos situados a longa distância social e geográfica, sem um perfil muito claro, utilizando tecnologias pouco credíveis inicialmente, os nichos por ela encontrados foram os dos chamados cursos livres, na legislação brasileira. Se os saberes são estratificados pela sua valorização social, po- de-se imaginar, no princípio, uma pirâmide em cujo topo se acha a educação acadêmica regular, abaixo, a educação de adultos e, em estrato inferior, a EAD (Gomes, 2005). O próprio termo, recente, depois de um meandro de outras denominações, patenteia a falta de defi nições e de reconhecimento social. Por essas e outras características, a sociologia organizacional já havia classificado a educação de adultos como uma área menos valoriza- da, alvo de recursos residuais, inclusive orçamentários. Embora este não seja o local para historiar a EAD, cabe lembrar o papel que os cursos livres profissionalizantes e os cursos de madureza desempenharam em seus primórdios. Como setor de pouco prestígio social, cabia à EAD o desafio de ser eficiente e bem-sucedida, isto é, buscar outro caminho para seu reconhecimento. Apesar da mistura do joio e do trigo, os bons cursos necessitavam atuar como a mulher de César, sendo e parecendo honestos. Esse status extramuros foi confirmado pelas leis orgânicas do ensino, que articularam e deram unidade à educação formal, segundo a arquitetura centralista e autoritária do Estado Novo. O mesmo foi ratifi- cado pela primeira LDB (no 4.024, de 20 de dezembro de 1961) e pela lei no 5.692, de 15 31UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente de agosto de 1971. Essas duas últimas abriram porta estreita, construída para a exceção e não para a regra: a primeira, pelo artigo 104, permitiu a organização de cursos ou escolas experimentais, dependendo de autorização caso a caso do CEE, ao se tratar dos cursos primários e médios, e do CFE, quando cursos superiores. A lei no 5.692 não só manteve em vigor o dispositivo, como também dispôs que os conselhos de educação pudessem autorizar experiências pedagógicas com regimes diversos. Mais ainda, determinava que os cursos supletivos fossem ministrados também por meio do rádio, televisão, correspondên- cia e outros meios de comunicação que permitissem “alcançar o maior número de alunos”. A concepção larga de ensino supletivo, abrangendo a educação continuada, vislumbrava novos horizontes e visava a ampliação do acesso. No entanto, os estudos supletivos esta- vam sujeitos a exames externos para terem validade. Desse modo, a EAD passava a contar com uma espécie de conta-gotas, processo a processo, contando com o notório saber dos colegiados. De certo modo, aproximava-se dos muros, porém não ingressava nos recintos urbanos fortificados. Fonte: GOMES, Candido Alberto da Costa. A legislação que trata da EAD. In: LITTO, Fredric M.; FORMIGA, Marcos. Educação a Distância: o estado da arte. São Paulo: Pearson, 2009. Disponível em http://www.abed.org.br/arquivos/Estado_da_Arte_1.pdf Acesso em 05 set. 2017. 32UNIDADE II Processo de Ensino e de Aprendizagem na Educação Superior: Perfil Docente e Discente MATERIAL COMPLEMENTAR MEC atualiza regulamentação de EaD e amplia a oferta de cursos Para ampliar a oferta de cursos de ensino superior no país, o Ministério da Educa- ção (MEC) publicou nesta quarta-feira, 21, portaria que regulamenta o Decreto nº 9057, de 25 de maio de 2017, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos superiores na modalidade a distância, melhorar a qualidade da atuação regulatória do MEC na área, aperfeiçoando procedimentos, desburocratizando fluxos e reduzindo o tempo de análise e o estoque de processos. A portaria possibilita o credenciamento de instituições de ensino superior (IES) para cursos de educação a distância (EaD) sem o credenciamento para cursos presenciais. Com isso, as instituições poderão oferecer exclusivamente cursos EaD, na graduação e na pós-graduação lato sensu, ou atuar também na modalidade presencial. O intuito é ajudar o país a atingir a Meta 12 do Plano Nacional de Educação (PNE), que determina a eleva- ção da taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida em 33% da população de 18 a 24 anos. Na mesma linha, as IES públicas ficam automaticamente credenciadas para oferta EaD, devendo ser recredenciadas pelo MEC em até 5 anos após a oferta do primeiro curso EaD. Fonte: BRASIL. Ministério da Educação. MEC atualiza regulamentação de EAD e amplia a oferta de cursos. Disponível em http://portal.mec.gov.br/busca-geral/212-noticias/educacao-superior-1690610854/ 50451-mec-atualiza-regulamentacao-de-ead-e-amplia-a-oferta-de-cursos Acesso em 05 set. 2017. 33 Plano de Estudo: • Ambiente virtual de aprendizagem: o aluno como protagonista • O professor e os ambientes virtuais de aprendizagem • Ambientes virtuaisde aprendizagem e aprendizagem colaborativa Objetivos da Aprendizagem • Analisar o papel do aluno enquanto protagonista em um Ambiente Virtual de Aprendi- zagem. • Verificar o papel do professor no Ambiente Virtual de Aprendizagem • Compreender o significado de aprendizagem colaborativa na Educação a Distância. UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 34UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem INTRODUÇÃO Quando refletimos sobre a modalidade de Educação a distância – EAD - e os ambientes virtuais de aprendizagem – AVA - torna-se essencial que nos voltemos para algumas categorias que são fundantes para a análise e compreensão de tal modalidade. Muitos foram os motivos que levaram a normatização da educação a distância, en- tre eles, a democratização da educação. Considerando que o Brasil é um país de grandeza continental, em localidades remotas, a ausência ou a pouca oferta de instituições públicas e privadas que oferecem educação superior denota a supressão de grandes contingentes da população ao acesso e a permanência na Educação Superior. Por esta perspectiva, as instituições de ensino superior iniciaram um movimento de concepção e oferta de cursos na modalidade a distância, utilizando-se de ambientes virtuais de aprendizagem de natureza distinta, com a finalidade de atender a demandas econômicas e sociais: cursos de graduação, de pós-graduação, de extensão, tecnólogos, técnicos, profissionalizantes ou livres. Uma das propostas que aflorou neste movimento foi a premência de cursos de formação docente. Consequentemente, a maioria das instituições que se ocupam da for- mação ainda não agregou, em suas práticas pedagógicas, atividades suficientes e efetivas para a inclusão das tecnologias na educação e muitos têm ainda dificuldade para aderir a EAD e navegar em seus ambientes virtuais. Compreender a transitoriedade social que estamos vivendo, com a inserção de tecnologias de comunicação e informação e demais fatores econômicos e políticos que contribuem para a transformação do tempo e do espaço, é imprescindível para que os edu- cadores discutam a utilização, expansão e normatização da educação a distância dentro dos espaços escolares 35UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem 1. AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM: O ALUNO COMO PROTAGONISTA Como vimos anteriormente, muitos autores gostam de caracterizar a EAD salien- tando a separação espaço-temporal entre professores e alunos. Sabemos que essa lacuna existe até mesmo no ensino presencial, pois, muitas vezes, o estudante está presente, mas com o pensamento tão distante que, ao término da aula, nem sabe sobre o que o professor falou. Outras vezes, os educadores fazem tanta questão de utilizar um vocabulário riquíssi- mo que também não conseguem se fazer entender. Que presenças são essas? A educação se faz “com” e “para” as pessoas. Assim, por trás da tecnologia, dos materiais impressos ou virtuais e das aulas disponibilizadas em vídeos, existem pessoas – e todas elas, independentemente do papel que desempenham, devem estar comprometidas com a qualidade da educação. Ao consultarmos o dicionário, encontramos a seguinte definição de “aluno”: 1. Pessoa que recebe instrução e/ou educação de algum mestre ou mestres em estabelecimento de ensino ou particularmente; estudante, educando, discípulo. 2. Aquele que tem escassos conhecimentos em certa matéria, ciência ou arte; aprendiz. (FERREIRA, 1986, p. 95). Temos aqui algumas mudanças de paradigmas muito claras. Na primeira acepção, vemos que, para ser aluno, o indivíduo deveria frequentar um estabelecimento de ensino ou ter um professor que o atendesse particularmente. De acordo com o significado do dicionário, não se cogita a possibilidade de o estudante ser alguém que estuda em casa, 36UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem sem a presença física de um mestre. Como se não houvesse a possibilidade de existir um aluno capaz de aprender e ter uma profissão lendo, estudando um material, fazendo atividades, pesquisando, enfim, dedicando-se sozinho para obter conhecimento. Podemos observar outra mudança de paradigma na segunda definição: nem sem- pre o estudante é alguém que tem escassos conhecimentos. Hoje, sabemos que todos os conhecimentos adquiridos ao longo da vida podem (e devem) ser levados em consideração pelo professor, deixando de lado a ideia de que o aluno vai para a escola porque não sabe nada e que o professor é o único profissional do mundo com uma capacidade infinita de conhecimento. Em geral, o estudante que se matricula em uma instituição de ensino na modalidade a distância tem anseios diferentes daquele de um curso presencial. É um aluno mais ma- duro, comprometido com seus ideais, que sabe o que quer e que se dedica para alcançar seus objetivos. Normalmente, é mais velho que o aluno do ensino presencial, trabalha fora, tem filhos e, portanto, precisa de uma modalidade de ensino que não exija sua presença em horários regulares e constantes. Muitas vezes, só vai poder assistir virtualmente a uma aula ou fazer suas leituras e atividades depois de preparar o jantar e colocar os filhos na cama. Muitos acreditam ser mais fácil ser aluno de EAD, mas é uma modalidade que exige muita motivação, concentração, disciplina, organização e gosto pela leitura e pesquisa. Os ambientes virtuais oferecem ampla gama de materiais que devem ser lidos, estudados e pensados. É preciso realizar as atividades nos prazos estabelecidos, organizar-se para es- tudar todo o material e dedicar-se para conseguir uma nota que compense todo o trabalho do semestre. É importante lembrar que o aluno desempenha papel central no ambiente virtual de aprendizagem, sendo portanto, seu principal sujeito e para onde as ações educativas devem convergir. 37UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem 2. O PROFESSOR E OS AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM O olhar nos diz muito em sala de aula; por meio dele, podemos avaliar nosso próprio desempenho. Sabemos se a aula está agradando ou causando sonolência. Percebemos se deixamos os alunos curiosos o bastante para pesquisarem mais sobre o assunto proposto na aula; se agregamos algum novo conhecimento ou até se nossa aula não atingiu o obje- tivo almejado. No caso da EAD, o educador precisa aprender a utilizar outro “termômetro” que não o olhar do aluno. Como o contato entre professor e aluno nessa modalidade de ensino se dá pelo ambiente virtual, ele precisa estar atento ao retorno que tem de suas aulas: Qual foi a quantidade de respostas ao fórum postado? Há questões a respeito do texto publicado para leitura complementar? Há participação nas atividades quando elas não são avaliativas? Esses são alguns exemplos que podem ajudar a mensurar o trabalho realizado por meio da EAD. Os educadores que atuam na EAD devem, assim como na educação presencial, saber quem é seu aluno, quais são seus sonhos, suas angústias, necessidades e, talvez o mais importante: por que optou por essa modalidade e o que busca alcançar no final desse curso a distância. 38UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem REFLITA No Brasil, uma das razões que determinam esse crescimento exponencial é que o MEC proíbe que se diferencie os diplomas entregues aos alunos, ou seja, independentemen- te da modalidade escolhida pelo educando, o diploma recebido é o mesmo. De acordo com Morin (2002, p. 39), “o conhecimento, ao buscar construir-se como referência ao contexto, ao global e ao complexo, deve mobilizar o que o conhecedor sabe do mundo”. Dessa forma, não é possível que o docentecontinue deixando de lado o conhe- cimento prévio que o estudante construiu ao longo de sua vida, seja na convivência com os familiares, nas relações estabelecidas com os amigos ou, ainda, por meio da Internet ou de experiências e observações próprias. Tanto quanto os alunos, os docentes são, muitas vezes despertados a vislumbrar a possibilidade de trabalhar na educação a distância, levando em consideração algumas con- veniências que tal modalidade oferece, como por exemplo, desempenhar suas atividades em qualquer período do dia ou da noite. Sendo também considerada uma modalidade de vanguarda, pois se utiliza de distintas metodologias que envolvem tecnologias de comu- nicação, muitos professores desejam atuar na mesma para se sentirem mais valorizados e, de certo modo, com outras opções de empregabilidade. De todo modo, um ambiente virtual de aprendizagem é muito diferente de uma sala de aula convencional e qualquer docente sem experiência, precisa de capacitação específica para atuar de modo efetivo, contribuindo para o sucesso na aprendizagem dos alunos. Os cursos de formação específica e continuada para docentes que vem do ensino presencial e pretendem atuar na EAD em ambientes virtuais de aprendizagem, ajudam no sentido de alterarem crenças e até mesmo atitudes em relação ao processo de ensino e aprendizagem e também contribuem com relação às metodologias e tecnologias que podem ser disponibilizadas e utilizadas nestes ambientes. Na verdade, as competências para a prática online precisam ir além do uso da tecnologia, convergindo para a utilização que os alunos fazem dela mesmo quando fora da sala de aula. 39UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem SAIBA MAIS Palloff (2013, p. 60) apresenta princípios relevantes na aprendizagem de adultos que devem ser considerados quando se planeja a capacitação de docentes para atuarem em ambientes virtuais: • Os adultos aprendem melhor quando sua experiência é reconhecida e o novo conhe- cimento é construído sobre o conhecimento e a experiência anteriores. • Os adultos são intrinsecamente e extrinsecamente motivados a aprender. • Todos os adultos possuem formas preferidas de aprendizagem e processamento de informações; • É pouco provável que os adultos participem de situações de aprendizagem, a não ser que essas tenham sentido para eles. • Os adultos são pragmáticos em sua aprendizagem e desejam aplicar diretamente o que estão aprendendo. • Os adultos chegam até as situações de aprendizagem com metas e objetivos pes- soais que podem não se alinhar as metas e aos objetivos planejados; • Os adultos preferem ser alunos ativos do que passivos. • Os adultos aprendem usando meios colaborativos e interdependentes, bem como independentemente. • Os adultos são mais receptivos à aprendizagem quando ela ocorre em ambientes física e psicologicamente confortáveis. Isto evidencia que nem todos os docentes entram no processo de modo homogêneo, cada um trará sua bagagem de conhecimento e esta deve ser reconhecida. A progressão também ocorrerá de forma diversa: uns aprendem mais rápido, outros de modo mais lento. Os que chegam sem nenhum conhecimento de ambiente online, devem ser reconhecidos por sua experiência no ensino presencial, assim, não se sentirão desprezados ou humilha- dos. Para não frustrar os que já conhecem melhor os AVA, nem aqueles que tem bom desenvolvimento didático em suas aulas é preciso oferecer níveis diferentes de capacitação tecnológica e pedagógica. 40UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem Quem oferece capacitação a principiantes precisa apresentar a capacitação pen- sando neste perfil, lembrando de suas primeiras experiências online e buscando ajustar o ritmo de tecnologia e de aprendizagem. Alguns docentes tem interesse em melhorar o processo de ensino e aprendizagem com integração de tecnologia. Assim, tem motivação interna para se capacitar. Outros preci- sam de incentivo para integrar tecnologias a aprendizagem, estes necessitam de motivação externa para aprender, fazer e refletir sobre o que fizeram, e a instituição que fornece a capacitação deve se preocupar em atender tais necessidades. Palloff (2013, p. 63) salienta que “quando os docentes são incapazes de se engajar nesse ciclo de aprender, fazer e refletir, eles tem dificuldade de entender o significado do que aprenderam e, muitas vezes, ficarão frustrados.” Para que não fracassem, é necessário conduzir a capacitação antes ainda que deem início a sua experiência em cursos online. A possibilidade de envolver os docentes no design e no desenvolvimento da ca- pacitação pode contribuir para que todos os partícipes sejam ouvidos e apresentem suas reais necessidades, tornando tal momento, de grande relevância para o professor. Outra forma de atender o corpo docente é modelar a aula de tal modo que a metodologia e as técnicas do processo de ensino e aprendizagem possam ser posteriormente utilizadas em suas próprias aulas. Estes docentes podem até mesmo pensar em uma comunidade de aprendizagem que sirva de suporte quando passarem de alunos a docentes efetivamente. 41UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem 3. AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM E APRENDIZAGEM COLABORA- TIVA As tecnologias da informação e comunicação são essenciais para a ação docente nos ambientes virtuais de aprendizagem. Neles, é possível fazer uso de imagens, textos, planilhas, tabelas, mapas, enfim, uma infinidade de recursos antes de difícil acesso e, hoje, tão fáceis de serem utilizados. Chats, fóruns de discussão e e-mails entre tantas outras possibilidades, permitem que professores e estudantes, ainda que virtualmente, comuni- quem-se a qualquer hora, de qualquer lugar. Com tanta facilidade, parece que todos os problemas educacionais tendem a desaparecer. No entanto, é preciso lembrar que ligar e desligar um computador não vai transformar o ensino. As pessoas envolvidas no processo precisam estar preparadas para empregar, da melhor maneira, todos os recursos que essas tecnologias oferecem. Vygotsky (1896-1934), no começo do século passado, criou o que chamou de “zona de desenvolvimento proximal” e a conceituou como a distância entre o nível de desenvol- vimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VYGO- TSKY, 2002, p. 112). Desse modo, o autor enfatiza que o que se realiza em colaboração é mais con- tundente e marcante do que aquilo que fazemos individualmente. Na aprendizagem cola- 42UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem borativa, pessoas com diferentes talentos e habilidades promovem descobertas de outros talentos nos demais integrantes do grupo, o que leva todos a novas aprendizagens. Ainda seguindo essa linha de pensamento, temos Popper, filósofo vienense que defendia a máxima “Posso estar enganado e tu certo, mas, pelo esforço, podemos apro- ximar-nos da verdade” (POPPER, 1996, p. 18). Esse autor acreditava na importância de não se aceitar o conhecimento como algo pronto, verdadeiro e indiscutível. Ao contrário, ele propunha que o debate era algo salutar e que a discussão crítica traria crescimento aos debatedores. Podemos concluir que não há aprendizagem ou construção de conhecimento sem que haja uma discussão. Ninguém aprende nada sozinho. Ainda que pensemos em alguém autodidata, que não teve oportunidade ou não quis frequentar uma escola regular, que busca em livros a própria sabedoria, essa pessoa “discute” com os autores lidos suas experiências e conhecimentos a respeito daquele assunto. Quando falamos em Inteligência coletiva, outro autormuito importante é Pierre Lévy. Em sua teoria, Lévy apresenta três princípios fundantes que direcionam o crescimento do ciberespaço: “a interconexão, a criação de comunidades virtuais e a inteligência coletiva”. (LÉVY, 1999, p. 127). A interconexão traduz uma das pulsões mais fortes na origem do ciberespaço cons- tituindo que “a humanidade em um contínuo sem fronteiras, cava um meio informacional oceânico, mergulha os seres e as coisas no mesmo banho de comunicação interativa”. (LÉVY, 1999, p. 127). Ainda de acordo com o autor, as comunidades virtuais são desenvol- vidas conforme as afinidades em um processo de colaboração, sem considerar o espaço geográfico que seus interlocutores ocupam. Lévy acentua que, por se tratarem de relações “virtuais”, não se pode considerar que substituam ou representem os encontros físicos, mas é um engano pensar que uma comunidade virtual não possa ser real. Representa apenas um novo modo de organização. A essência da aprendizagem colaborativa fica por conta da interação e da troca entre os participantes de um ambiente virtual de aprendizagem, tendo por objetivo otimizar a competência destes para que possam construir novos conhecimentos. Assim, é possível trabalhar junto para se atingir um objetivo comum que é aprender. É diferente de se trabalhar em grupo, pois neste tipo de trabalho não há garantia de que todos participarão a contento, pois é comum que alguns alunos acabem trabalhando mais que outros e que alguns até mesmo nem produzam nada, aproveitando-se dos esforços dos companheiros. 43UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem Desenvolver atividades de ensino e aprendizagem no meio digital implica lidar com a complexidade de situações educacionais evidenciadas por esse meio, enfrentar novos desafios relacionados às especificidades da comunicação multidirecional. Implica também utilizar o potencial da interatividade com os objetos de conhecimento, quer oriundos das informações pré-definidas para orientar o trabalho dos alunos, quer das interações entre participantes e suas respectivas produções. (ALMEIDA, 2005, p. 75). Os registros de informação que acontecem por intermédio da cooperação em um ambiente virtual objetivam ampliar e facilitar o entendimento e a compreensão de conceitos entre os participantes, buscando diminuir a incerteza, a dúvida ou a falta de informação e também as respostas equivocadas, ambíguas ou que possam levar a conceitos conflitantes. Quando o participante registra suas ideias no ambiente, organizando conceitos e estabelecendo relações entre as informações, torna-se possível investigar o caminho que percorreu para chegar aquela determinada conclusão. Assim, a EAD pode utilizar o que há de mais sofisticado em termos de tecnologia, empregando nos ambientes virtuais de aprendizagem, como veremos no próximo capítulo, os mais variados tipos de instrumento para oferecer aos alunos um amplo leque de opções que possibilitam maior aprofundamento nos temas propostos. 44UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade vimos que em tempos pós-modernos educação deve ser proativa, proporcionando uma formação que permita o desenvolvimento de habilidades e competên- cias que inspirem melhores processos decisórios tanto na escolha das informações quanto na produção do conhecimento. Verificamos também que as tecnologias que favorecem o consumo também democratizam a educação. Os ambientes virtuais de aprendizagem são cenários que ocupam o ciberespaço e permeiam interfaces que facilitam a interação entre seus usuários, englobando instrumentos que favorecem a prática autônoma, apre- sentando recursos para a aprendizagem coletiva e individual. O objetivo de tal ambiente é a aprendizagem em si e sua organização. As redes e os ambientes virtuais de aprendizagem possibilitam a comunicação deixando de lado as questões geográficas e temporais. Entender a transitoriedade social que contemporaneamente estamos vivendo, com a entrada de tecnologias de comunicação e informação, e demais questões econômicas e políticas que contribuem para a transformação do tempo e do espaço, é necessário de modo a permitir que os educadores discutam a utilização, expansão e normatização da educação a distância dentro dos espaços escolares. Observamos os papéis de professor e aluno, verificando que todos os conheci- mentos adquiridos ao longo da vida podem ser levados em consideração pelo professor, deixando de lado a ideia de que o aluno vai para a escola porque não sabe nada e que o professor é o único profissional com uma capacidade infinita de conhecimento. Salientamos que toda a ação docente deveria ter por objetivo primordial a construção do conhecimento, buscando desenvolver as potencialidades e talentos dos alunos. Observamos ainda que o que se realiza em colaboração é mais marcante do que aquilo que fazemos individualmente, pois, na aprendizagem colaborativa, pessoas com diferentes talentos e habilidades promovem descobertas de outros talentos nos demais integrantes do grupo, o que leva todos a novas aprendizagens. O ponto central da aprendi- zagem colaborativa fica por conta da interação e da troca entre os usuários de um ambiente virtual de aprendizagem, tendo por mote melhorar as habilidades destes para que juntos possam construir novos conhecimentos. 45UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem LEITURA COMPLEMENTAR As tecnologias da inteligência Pierre Lévy Pierre Lévy (1993) caracteriza o hipertexto por meio de seis princípios: 1. Metamorfose - o texto virtual é modificável, pode-se alterar, deletar, inserir, fazer correções etc. A rede hipertextual está em constante construção devido à dinâmica da propagação da informação na web. 2. Heterogeneidade - os nós, as informações e as conexões de uma rede hiper- textual são heterogêneos. Os nós podem ser palavras, textos, imagens, gráficos, sons. Não há uma padronização. As informações são expostas sob variados pontos de vista. As conexões se dão devido a várias razões: trabalho, estudo, diversão. As pessoas que interagem na internet são diferentes (diferença de idade, sexo, gosto, cultura, procedência). 3. Multiplicidade – a rede oferece ao usuário um grande número de opções de conexões, de percursos, múltiplas opções de leitura. Exige um leitor autônomo, dinâmico, que faça suas opções e que se torne um co-autor. 4. Exterioridade - a rede não possui unidade, tamanho, início ou fim. Sua existência depende de múltiplas conexões entre pessoas e equipamentos. 5. Topologia - nos hipertextos, tudo funciona por proximidade, por vizinhança. Neles, o curso dos acontecimentos é uma questão de topologia, de caminhos. Não há es- paço universal homogêneo onde haja forças de ligação e separação, onde as mensagens poderiam circular livremente. Tudo que se desloca deve utilizar-se da rede hipertextual tal como ela se encontra, ou então será obrigado a modificá-la. A rede não está no espaço, ela é o espaço. 6. Mobilidade - a rede não tem centro, tudo é móvel, passando de um nó a outro, de acordo com o usuário. Considerando estes seis princípios, é possível compreender que o hipertexto leva o leitor a trilhar seu próprio caminho. Este “movimento” deve ter um fim, que é a construção de conhecimento. Fonte: LEVY, Pierre. As tecnologias da inteligência. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993. 46UNIDADE III A Modalidade de Educação a Distância e os Ambientes Virtuais de Aprendizagem MATERIAL COMPLEMENTAR NA WEB O futuro da computação aposta no fim da separação entre mundo virtual e realida- de física, e na completa eliminação da distância. A coluna Conecte visitou o laboratório da Microsoft, em Redmond, nos Estados Unidos. A tecnologia inteligente ao alcance dos dedos. Começamos a contagem regressiva para a erados computadores invisíveis. “Invisíveis. “Não teremos que segurar um tablet, nem precisar de uma tela na nossa frente, entre nós”, como explica Steve Bathiche, diretor de pesquisas do centro de ciências aplicadas da Microsoft. Essa tecnologia está em fase de testes na Microsoft. Que tal transformar uma folha de papel em uma tela virtual? Uma palavra escrita no Brasil pode ser vista, na hora, nos Estados Unidos. O documento que está nos Estados Unidos pode ser assinado do Brasil. Assista mais em: Computação aposta no fim da separação entre mundo virtual e realidade física. Disponível em http://globotv.globo.com/rede-globo/jornal-da-globo/v/ computacao-aposta-no-fim-da-separacao-entre-mundo-virtual-e-realidade-fisica/2565341/ Acesso em 01 set. 2017 47 Plano de Estudo: • Conceito de autonomia e ead • Definição de emancipação e a ead • Ead como proposta de emancipação social Objetivos da Aprendizagem • Conceituar autonomia e suas relações com a EAD • Definir emancipação estabelecendo suas relações com a EAD • Compreender a EAD como proposta de emancipação social UNIDADE IV Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EAD Prof. Dra. Siderly do Carmo Dahle de Almeida Prof. Me. Alvaro Martins Fernandes Junior 48UNIDADE IV Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EAD INTRODUÇÃO Para começarmos a conversar nesta unidade, precisamos ter alguns conceitos bem elaborados: O que é autonomia e o que é emancipação. Para isso, vamos trabalhar com dois autores bem conhecidos na educação: Paulo Freire e Edgar Morin. Paulo Freire (1921 – 1987), pernambucano, filósofo e educador que debruçou-se ao longo de sua vida sobre as questões que se referem a autonomia do aluno no processo de ensino e de aprendizagem reconhecendo a educação como um ato político que envolve a cultura. O autor se destacou por seus estudos sobre a educação popular, sempre pen- sando a escola como possibilitadora de formação para uma consciência política, ou como o autor mesmo chama, uma pedagogia libertadora que conscientize o homem de seu lugar no mundo. O francês Edgar Morin tem foco de estudo sobre a filosofia, a sociologia e a epis- temologia e é um dos principais pesquisadores na área da complexidade e suas relações com a educação. Escreveu um livro muito utilizado pelos educadores de modo geral: os sete saberes necessários a educação do futuro, numa tentativa de mostrar a integração das disciplinas escolares, tendo em vista a compartimentalização destas desde a revolução industrial, afirmando que o todo é maior que a simples soma das partes. Com a visão destes dois autores, propomos a leitura dessa unidade de modo a compreender as possibilidades da educação a distância como promotora da autonomia e da emancipação tanto do professor quanto do aluno e da sociedade como um todo. 49UNIDADE IV Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EAD 1. CONCEITO DE AUTONOMIA E EAD Vamos começar este tópico buscando no dicionário o conceito de autonomia. Em Silveira Bueno (2000, p. 17) encontramos que autonomia é “1. A faculdade de se governar por si mesmo; direito ou faculdade de se reger por leis próprias; emancipação; indepen- dência.” Também encontramos que um ser autônomo é aquele que se governa por leis próprias; independente; livre. Com este conceito aclarado, vejamos como Paulo Freire o traz para suas reflexões. O autor analisa o processo de ensino e de aprendizagem sob a luz de uma ação que permite ao educando que possa construir gradualmente a sua independência no sentido de sua intelectualidade, de acordo com sua autonomia: Se trabalho com crianças, devo estar atento a difícil passagem ou caminhada da heteronomia para a autonomia, atento à responsabilidade de minha presença que tanto pode ser auxiliadora como pode virar perturbadora da busca inquieta dos educandos, se trabalho com jovens ou adultos, não menos atento devo estar com relação a que o meu trabalho possa significar com estímulo ou não à ruptura necessária com algo defeituosa- mente assentado e à espera de superação. Primordialmente, minha posição tem que ser de respeito à pessoa que queira mudar ou que recuse mudar. Não posso negar-lhe ou esconder-lhe minha postura mas não posso desconhecer o seu direito de rejeitá-la. Em nome do respeito que tenho aos alunos não tenho por que me omitir, por que ocultar a minha opção política, assumindo uma neutralidade que não existe. (FREIRE, 1996, p. 70). 50UNIDADE IV Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EAD O que podemos verificar aqui é que o processo de ensino e de aprendizagem precisa ser uma ação compartilhada que permita aos alunos construir com suas expe- riências, o seu conhecimento e é isso que o libertará e o tornará apto a transformar sua própria realidade e o que está a sua volta. Ser autônomo é, portanto, poder não apenas ter liberdade para escolher os caminhos que pretende seguir, mas poder fazer este caminho, no sentido de construí-lo. O autor exemplifica que não é possível amanhecer um dia mais maduro, pois isto é uma construção diária, e cabe ao educador a tarefa de, não apenas acompanhar este pro- cesso de maturação, mas estimular para que o aluno decida-se a libertação, a maturidade, a incansável busca pela autonomia e consequente amadurecimento individual e social. Morin, nosso autor internacional, avalia que é preciso ultrapassar o ensino livresco e a assimilação de conteúdos estabelecidos em um currículo (o que Paulo Freire chamará de educação bancária ou aquela em que se “deposita” um conhecimento na cabeça do aluno, como se isso fosse um ato possível), sendo papel do professor não a transmissão ou transferência de saberes, mas o encorajamento ao autodidatismo, instigando a pensar, a ser reflexivo, criativo e crítico: O termo formação com suas conotações de moldagem e conformação, tem o defeito de ignorar que a missão do didatismo é encorajar o autodidatismo, despertando, provocando, favorecendo a autonomia do espírito. O ensino, arte ou ação de transmitir os conhecimentos a um aluno, de modo que ele os compreenda e assimile, tem um sentido mais restrito, porque apenas cognitivo. (MORIN, 2001, p. 10). Morin afirma que a complexidade não pode seguir receitas prontas, pois o desafio da educação é ensinar a pensar, respeitando os conhecimentos prévios que cada edu- cando apresenta e que são diferentes entre si, tendo em vista que diferem de família, de costumes, de culturas. O autor reflete ainda que “o pensamento complexo comporta em seu interior um princípio de incompletude e de incerteza” (2001, p. 177), corroborando com Freire que enfatiza que o saber é sempre inconcluso, pois está em constante construção. Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado. A diferença entre o inacabado que não se sabe como tal e o inacabado que histórica e socialmente alcançou a possibilidade de sa- ber-se inacabado. Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinal que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que 51UNIDADE IV Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EAD herdo social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo. (FREIRE, 1996, p. 53) Se somos inconclusos e vivemos num mundo de incertezas conforme apontam os autores, a educação, independente da modalidade escolhida ou possível de ser cursada, se faz necessária no sentido de ser um processo permanente que permite construção, elaboração, atualização, interrelação e disseminação de novos conhecimentos, garantindo autonomia no processo de aprendizagem. 52UNIDADE IV Possibilidade de Autonomia e Emancipação pela EAD 2. DEFINIÇÃO DE EMANCIPAÇÃO E A EAD Voltemos
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