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2010 Edite Colares Oliveira Luiza Feitosa Simões Ofélia Aguiar de Mesquita Raimunda Olímpia de Aguiar Gomes Renata Rosa Russo Pinheiro Costa Ribeiro Introdução à Educação a Distância Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição à SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (SEAD/UECE). Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores. EXPEDIENTE Design instrucional Antonio Germano Magalhães Junior Igor Lima Rodrigues Pedro Luiz Furquim Jeangros Projeto gráfico Rafael Straus Timbó Vasconcelos Marcos Paulo Rodrigues Nobre Coordenador Editorial Rafael Straus Timbó Vasconcelos Organização de Conteúdo Edite Colares Oliveira Diagramação Rafael Straus Timbó Vasconcelos Ilustração Marcos Paulo Rodrigues Nobre Revisão Kelsen Bravos Capa Emilson Pamplona Rodrigues de Castro PRESIDENTE DA REPÚBLICA Luiz Inácio Lula da Silva MINISTRO DA EDUCAÇÃO Fernando Haddad SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Carlos Eduardo Bielschowsky DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – DPEAD Hélio Chaves Filho SISTEMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL Celso Costa GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ Cid Ferreira Gomes REITOR DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ Francisco de Assis Moura Araripe VICE-REITOR Antônio de Oliveira Gomes Neto PRÓ-REITORA DE GRADUAÇÃO Josefa Lineuda da Costa Murta COORDENADOR DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Antonio Germano Magalhães Junior COORDENADOR GERAL UAB/UECE Francisco Fábio Castelo Branco COORDENADORA ADJUNTA UAB/UECE Josete de Oliveira Castelo Branco Sales COORDENADORA DO CURSO DE PEDAGOGIA Edite Colares Oliveira COORDENADORA DE TUTORIA E DOCÊNCIA DO CURSO DE PEDAGOGIA Dília Maria Raulino de Souza Caetano Apresentação ....................................................................................................................... 7 Unidade 1 Educação a Distância: Conceitos, Percursos e Normas ........................................................... 9 Capítulo 1 - Conceituando Educação a Distância ............................................................... 11 1.1. Evolução da Educação a Distância ..................................................................................13 1.2. Educação a Distância virtual...........................................................................................15 Capítulo 2 - As normas que regem a EAD .......................................................................... 20 2.1. Referenciais de qualidade para a Educação Superior a Distância .................................21 2.2. Decreto nº 5.622 - de 19 de dezembro de 2005 ............................................................24 2.3. Decreto nº 5773 – 09 de maio de 2006 .........................................................................25 Capítulo 3 - Alunos a Distância: realidades e desafios ....................................................... 27 Unidade 2 Teorias Pedagógicas da Educação a Distância ........................................................................ 31 Capítulo 1 - Teorias pedagógicas da educação a distância ................................................. 33 Introdução .............................................................................................................................33 1.1. Abordagens pedagógicas na EAD ...................................................................................33 1.2. Educação a Distância: opções metodológicas ................................................................37 1.3. Educação a Distância: vantagens e desvantagens ..........................................................41 Unidade 3 Estrutura e Funcionamento da EAD no Curso de Pedagogia da UECE ..................................... 47 Capítulo 1 - A gestão pedagógica do curso de Pedagogia .................................................. 49 Capítulo 2 - Operacionalização pedagógica e administrativa ............................................ 52 2.1. A equipe pedagógica ......................................................................................................52 2.1.1. Coordenador de curso ........................................................................................................ 52 2.1.2. Professores formadores ...................................................................................................... 52 2.1.3. Tutor a distância ................................................................................................................. 53 2.1.4. Tutor presencial .................................................................................................................. 55 2.2. A Elaboração do material didático .................................................................................56 2.3. A Administração do tempo e a autonomia ....................................................................57 Capítulo 3 - Ensino e avaliação em EAD ............................................................................. 59 Unidade 4 O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) ......................................................................... 65 Introdução .............................................................................................................................67 4.1. Conceito .........................................................................................................................69 4.2. Acesso ao Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (AVA) ....................................71 4.3. Usuário e senha.............................................................................................................71 4.4. Acesso aos cursos ..........................................................................................................72 4.5. Perfil .............................................................................................................................74 4.6. Mensagens .....................................................................................................................77 4.7. Recursos e ferramentas ..................................................................................................80 4.8. Fórum .............................................................................................................................80 4.9. Chat ................................................................................................................................84 4.10. Atividade ......................................................................................................................84 4.11. Elaboração e envio de atividade ..................................................................................84 Estamos iniciando um percurso educativo que acreditamos ser de grande rele- vância para todos nós. Começamos um curso de graduação numa modalidade semi- presencial pedindo a você uma postura ativa e atenta. Para tanto, é necessário que você participe dos momentos de interação presenciais e a distância com compromisso contínuo com o curso, pois um bom curso se faz com o envolvimento de professores e alunos, mediados por uma metodologia adequada. No presente módulo, abordaremos a Educação a Distância sob quatro perspec- tivas: Educação a Distância: Conceitos, percursos e Normas; abordagens pedagógicas da EaD, a proposta de EaD do Curso de Pedagogia da UECE e uma introdução sobre Ambientes virtuais de Ensino e Aprendizagem. Na primeiraunidade discutiremos as linhas gerais da EaD, entendimentos a res- peito do termo, o desenvolvimento desta modalidade educativa ao longo da história, suas perspectivas, normas que a regem e a realidade do aluno fisicamente distante. A segunda unidade tem como objetivo apresentar as teorias pedagógicas que fun- damentam o processo de ensino e aprendizagem da Educação a Distância (EaD). Nesse módulo, discutiremos os aspectos metodológicos na prática da EaD, suas vantagens e desvantagens. Desta forma, a unidade, com suas abordagens, permitirá a você, aluno, identificar as teorias e teóricos que fundamentam a EaD, afastando a ideia de casuís- mo nas opções teóricas e metodológicas empregadas nesta modalidade educativa. Já na terceira unidade apresentaremos a proposta de trabalho do Curso de Pe- dagogia UAB/UECE em regime semipresencial, atendendo a demanda de alunos do Estado, dando aos cidadãos, nos mais recônditos lugares do interior do Ceará, aces- so ao ensino superior, além de orientar você, aluno de Pedagogia, a fazer melhor uso da metodologia trabalhada no curso. Concluímos esta unidade esclarecendo sobre a sistemática de avaliação do curso, uma vez que esta norteará todo seu processo de aprendizagem. Para finalizar, na quarta unidade, forneceremos subsídios teóricos e técnicos sobre o Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem (AVEA), em especial o MOODLE, ambiente a ser utilizado neste curso. São tarefas distintas que o aguardam nesta nova etapa de estudos. A primeira parte do texto refere-se a noções teóricas do que venha a ser um am- biente virtual de ensino e aprendizagem. O conceito e a história do MOODLE vêm a seguir. São mostrados também como devem ser realizados os acessos e procedimentos básicos no ambiente, de forma prática e ilustrativa. Isto fará com que você entenda como acessar o site do ambiente; registrar seu nome de usuário e senha; acessar seu curso; preencher seu perfil; e enviar e receber mensagens. Você saberá um pouco mais sobre as ferramentas e recursos do MOODLE. São elas: fórum; chat; e, atividades avaliativas. Neste momento, serão explanadas as situ- ações em que você deverá contribuir com seus colegas de curso, comentando textos, postando artigos ou simplesmente interagindo. Esperamos contribuir em sua formação proporcionando uma maior familiari- dade com modalidade semipresencial. Lembre-se: use o ambiente, seja curioso, não tenha receio, experimente, aprenda; e, depois, ensine a quem precisar! Bons estudos! Os autores Unidade Objetivos: • Apresentar um panorama sobre a Educação a Distância. • Esclarecer sobre o conceito de EaD. • Discutir o desenvolvimento histórico da EaD. • Descrever as principais normas que regem a EaD no Brasil, hoje. 1 Educação a Distância: Conceitos, Percursos e Normas 11INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Capítulo 1 Conceituando Educação a Distância Para conceituar Educação a Distância é necessário pensar de manei- ra mais detida na concepção que temos sobre distância. Isto porque se tem experimentado de há muito, impressões de se estar em lugares e vivenciar fatos a partir do veiculado por algumas tecnologias de comunicação, como o rádio e a televisão, sobretudo quando ocorrem informativos em tempo real. Naturalmente que a distância física acontece, mas a possibilidade de ouvir ou ver o que se passa em determinados lugares, no momento em que os fa- tos ocorrem, nos dão a sensação que o mundo “encurtou”. Na EaD, as situações são similares pois há a separação física entre as pessoas, mas cabem às tecnologias diminuir os distanciamentos, atra- vés da representação imaginária de que os sujeitos estão próximos. Desta forma, professores apresentam conteúdos por meio dos materiais didáticos, tutores se comunicam com o corpo discente por telefone, colegas se encon- tram nos ambientes virtuais, são estes pequenos exemplos de como a sepa- ração física pode ser reduzida. O termo educação não se restringe à aplicação e uso de conteúdos e técnicas para se ter acesso a informações, diz respeito à convivência social para alcançar objetivos específicos de elaboração individual e coletiva do conhecimento. Se na educação presencial os alunos e professores se en- contram na sala de aula, na EaD este espaço físico é substituído por livros, apostilas, programas de rádio, de televisão, por cd-rom ou mesmo, por aulas on line, publicadas em ambientes virtuais de aprendizagem. Existe uma tendência a se usar a expressão educação a distância e não ensino a distância. Isto porque o ensino enfatiza o papel do professor como alguém que ensina a distância", aquele sistema de ensino tradicional,no qual o professor é o detentor e o transmissor do conhecimento e o aluno é o receptor desse mesmo conhecimento.Quando se emprega o termo "educa- ção", é possível pensar em um sistema no qual o aluno não é somente um reservatório,um receptor de informações,mas aquele que interage e partici- pa, com o professor e seus colegas,da construção de aprendizagem indivi- dual e coletiva . A EaD acontece fundamentalmente com professores e alunos separados fisicamente no espaço e no tempo,mas podendo estar juntos através de tec- nologias de comunicação e demonstrando quão presencial e interativo pode ser essa modalidade, pois esse professor tem mais oportunidades de acom- panhar, por meio dessas tecnologias, seu aluno de saber seu nome,de avaliar seu progresso no curso, de interagir com ele e todos os demais participantes. Moran define EaD como: "Educação a Distância é o processo de ensi- no-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente." O processo de ensino-aprendizagem no qual professor e aluno estão separados fisicamente, mas unidos (conectados) pela tecnologia podendo 12 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA ocorrer nos mesmos níveis que o ensino regular, nos faz repensar e ampliar outros conceitos, como o de presencialidade, bem como os conceitos de cur- so e aula. A Educação a Distância se configura como modalidade com funda- mentos educomunicacionais quando possibilita a incorporação de várias mídias, como o impresso, a televisão, o rádio e o computador. Redimensiona os formatos e linguagens destas pela ação de sujeitos voltados para finali- dades educativas com vistas à participação. Isto ocorre, sobretudo, quan- do se trata das mídias digitais e dos ambientes virtuais de aprendizagem. Elas se fundamentam na constituição de discursos diferentes dos tornados públicos pelos veículos comerciais, assim como solicitam o trabalho de pro- fissionais com formações distintas, que pensem simultaneamente sobre as especificidades do campo educativo, assim como acerca das singularidades concernentes a cada mídia. As mídias, ou meios de comunicação, encontram-se presentes no contexto da sociedade como aparatos técnicos capazes de propagar infor- mações de naturezas diversas, para públicos dispersos e heterogêneos. Ao longo do tempo e de seu próprio desenvolvimento foram se disseminando para fins informativos, publicitários e educativos. As mídias voltadas para a elaboração do conhecimento possibilitam a participação dos sujeitos, di- reta ou indiretamente, quando viabilizam chances de trocas, assimilações, críticas e construção de significados. Estas ocorrem com e por meio delas, quando deixam de ter um papel, meramente instrumental, de transmisso- res de informação, como no caso dos mass media – meios de comunicação de massa, para serem espaços inerativos mais abertos e propícios à cons- trução do conhecimento. Nesta perspectiva, o Ministério da Educação, através da lei nº 9394, conceitua essa modalidade educativa da forma que segue: (...) caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacio- nal na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de infor- mação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo ati- vidades educativasem lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2009,p.1) No ensino a distância, a transmissão de conteúdos foi priorizada, dei- xando lacunas no que dizia respeito às interações mais efetivas entre pro- fessores e alunos, já que cabia ao material didático preponderantemente estabelecer os vínculos didáticos. Nesta situação prevaleceu a dissemina- ção de informações por meio de veículos de comunicação de massa, como a televisão e o rádio, que tinham a capacidade de alcançar vários alunos ao mesmo tempo, estando estes dispersos geograficamente. Contudo, as con- dições interativas eram pequenas e isto, de alguma maneira, desestimulava os alunos que tinham suas dúvidas e contatos com os professores subesti- mados. As novas concepções, experiências e estudos atuais sobre EaD se vin- culam o advento da Internet e, por conseguinte, de um espaço diferenciado de educação, neste caso por meio da virtualidade. Porém, sobre isto haverá um capítulo mais adiante que discutirá apropriadamente o tema. Tais tecnologias, além de reduzir as distâncias e redefinir os tempos de estudo, propiciam uma reestruturação dos materiais didáticos quando lhes permitem integrar as linguagens escritas, sonoras e imagéticas. Silva (2005) define mídia como um elenco de veícu- los de comunicação, com suas linguagens próprias, presentes na comunica- ção do homem, a fim de efetivar intenções e pro- pósitos. A educação virtual é aquela possível graças à ligação de computadores em rede e à criação de am- bientes educativos especí- ficos, como os ambientes virtuais de aprendizagem. 13INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Embora os novos aparatos técnicos na EaD veiculem os materiais com rapidez e longo alcance, e que eles ganhem uma importância, além da já existente, na educação presencial, os professores permanecem com seu inalienável papel de co-construtores dos saberes. Exercem tanto na ação docente convencional, como no trabalho com os conteúdos e ainda de inte- ração on line. O caráter mutável da tecnologia no mundo virtual alcança , modifi- ca ,transforma e complementa conceitos,como o da presencialidade e o de curso,bem como coloca em evidência certas questões como a de que o pro- fessor será substituído ou a de que os livros impressos ficarão em desuso por causa dos textos virtuais . O papel do professor é bem mais complexo no ciberespaço da modalidade on line que no espaço da sala de aula, como Mo- ran (1997) ressalta, o professor passa a arquiteto de percursos, mobilizador das inteligências múltiplas e coletivas.Não é por acaso que as formas ma- neiras de as pessoas se comunicarem na cibercultura entram em conflito com os fundamentos e práticas do ensino tradicional,tanto pelos recursos físicos como pela proposta de interatividade e de criação coletiva difundidos pela EaD hoje. Como podemos perceber, o aperfeiçoamento da EaD ocasionará mu- danças como a reorganização das escolas,que precisarão de menos espaços semelhantes aos que dispõe hoje, no entanto terão que dispor de salas de pesquisas, de encontro, interconectadas. Nas últimas duas décadas, as discussões sobre EaD no Brasil se avo- lumaram em função, da criação e desenvolvimento da Secretaria Nacional de Educação a Distância – SEED, vinculada ao Ministério da Educação e Cultura – MEC. Com ela veio uma legislação específica para as ações atuais e futuras na área, existe assim uma política pública organizada para este fim, já que vivemos um momento de grande expansão desta modalidade, sobretudo com a criação da Universidade Aberta do Brasil. 1.1. Evolução da Educação a Distância No início, a Educação a Distância utilizava-se apenas de textos im- pressos. Depois, do rádio e da tv. E, agora , além destes, também da in- formática, das imagens, dos vídos, dos áudios. A EaD é uma modalidade educativa que para se efetivar requer a incorporação de mídias. Alunos e professores geograficamente distantes utilizam aparatos técnicos a fim de enviar e receber materiais didáticos e, dependendo do meio usado, estabe- lecer contato e interação. “Os meios clássicos se iniciam com a imprensa de Gutemberg e tiveram seu apogeu entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX com os periódicos, a fotografia, o cinema, o rádio e a televisão”. (SILVA, 2003, p.582). A evolução do conhecimento está associada à evolução da própria humanidade. Durante muito tempo, teve-se a presença da oralidade como único mecanismo utilizado para transmitir informações de uma geração a outra. Este geralmente era elaborado pelas pessoas mais velhas e respeita- das de componentes dos grupos sociais. Depois, a escrita se apresenta, porém, muito restrita, limitada, espe- cialmente, ao mosteiros. E como as cópias dos livros eram feitas manual- mente, nem todos poderiam fazê-lo, pois era um trabalho cansativo, lento e caro, ou seja, para poucos. Depois, já no século XV, Johannes Gutenberg com sua invenção dá início a uma nova era: a cultura da escrita ou do im- Universidade Aberta do Brasil Trata-se de um progra- ma no âmbito nacional desenvolvido pelo gover- no federal desde 1995 e que tem por objetivo a interiorização do ensino superior por meio da edu- cação a distância. Neste caso, tal interiorização se vincula prioritariamente à formação de professores e gestores públicos, através de diversos cursos de gra- duação. Para 2010, existe uma projeção do próprio Ministério da Educação de alcançar 300 mil va- gas distribuídas em todo território nacional, com ingresso por vestibular e direito a diploma equiva- lente aos dos cursos pre- senciais. Esses diplomas são expedidos pela insti- tuição de ensino superior articulada ao programa e também responsável por parte da infraestrutura necessária a um curso desta natureza. Saiba mais a respei- to de Gutemberg aces- sando o site http:// pt.wikipedia.org/wiki/ Ficheiro:Gutenberg.jpg 14 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA presso. E diante de toda a facilidade apresentada ,neste momento histórico, ocorreu uma mudança no modo de pensar, agir e refletir da sociedade. Sur- giu, a partir daí, a comunicação de massa (jornal, rádio, tv). Já no século XX, outras inovações tecnológicas são desenvolvidas, mas especificamente os computadores e a internet. Agora, adentramos a era das Tecnologias da Informação e Comunicação - (TIC). Elas surgem num período em que tudo é imediatista e efêmero. O que ontem era uma grande novidade ou inovação, hoje em pouco tempo já não o será mais. A história da EaD está dividida em quatro gerações: a primeira gera- ção teve início com a primeiras escolas por correspondência. (...) é mais especificamente no século XIX que essa modalidade de ensi- no começa a se firmar. A segunda geração pode ser considerada aquela das transmissões radiofônicas e televisivas. A terceira geração é a que vivemos hoje, pois o avanço tecnológico traz para dentro das escolas e universidades as mais diversas tecnologias de transmissão e recepção de informação ( CD-ROM, Internet, fibra ótica,satélites etc). A quarta geração é da escola virtual, exatamente aquela que introduzimos hoje em algumas instituições brasileiras, não como substituta do ensino pre- sencial , porém como coadjuvante no processo de ensino-aprendizagem ( CHERMAN e BONINI, 2000, p.18) Ao longo de seu percurso histórico, os meios incorporados pela EaD fo- ram se alterando em razão do próprio desenvolvimento das tecnologias. Nas experiências iniciais houve a prevalência de uma mídia que não foi sendo sucedida por outra, ao contrário, existiu, e ainda há, toda uma complemen- taridade, pois formatos e linguagens midiáticos têm acrescentado outras possibilidades comunicacionais, como a incorporação do som de imagens fixas e em movimento e, mais recentemente, a conjugação destas em supor- te único. Desta forma, o impresso, o rádio, a televisão, o videocassete e os computadores ligados à Internet são exemplos de mídias que possibilitam a organização de mensagens educativas. Livros,cartilhas ou guias especialmente redigidos foram as propostas iniciais; a televisão e o rádio constituíram os suportes da década de 70; os áudios e vídeos, na década de 80. Nos anos 90, a incorporação de redes satélites, o correio eletrônico, a utilização da Internet e os pro- gramas especialmente concebidos para suportes informáticos apare- cem como os grandes desafios dos programas na modalidade. (LITWIN, 2001, p.16) O campo educativo como espaço de convivência social é, ao longo do tempo, interceptado pelos aparatos técnicos, sobretudo na modalidade a distância, que necessita incorporar mídias para disseminar suas ações te- óricas e práticas. Nestas etapas primeiras, a EaD caracterizava-se, grosso modo, como um método de educativo para transmitir conhecimentos, utilizando-se ex- tensivamente de meios técnicos, especialmente com o propósito de produzir e disseminar material de ensino, mediante princípios organizacionais que a vincularam a uma forma industrial de ensinar e aprender. (PRETI, 2000). Atualmente as tecnologias da informação e da comunicação – TIC, pelo fato de que o conceito de novo é de precisão difícil no âmbito tecnoló- gico, são percebidas como elementos estruturais do que se tem chamado Como gerar conhecimento numa sociedade tão dinâ- mica assim? Antes se havia uma edu- caçao tradicional, cen- trada nos conteúdos, que pouco tinham relação en- tre si e com a vida real. Hoje, essa é uma exigên- cia básica. 15INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA de terceira geração da educação a distância, (Belloni,1999), embora haja autores que defendam até uma quinta geração para essa modalidade, como Moore e Kearsley (2007). Os computadores ligados em rede, com disposi- tivos hipermidiáticos trouxeram a possibilidade efetiva de uma dinâmica educativa por meio de seus recursos com linguagens próprias. Desta forma, além de promover maior velocidade e alcance das mensagens, incrementa- ram maneiras de ensinar e aprender diferentes do que se tinha até então. A invenção do computador e, principalmente, da Internet é conside- rado superior à invenção da imprensa ou da máquina a vapor (Revolução Industrial). A Internet mudou todas as áreas do conhecimento: as artes, a comunicação, os negócios, tudo. A educação também está sendo instigada a acompanhar essa nova forma de disseminação e troca de informações. As tecnologias digitais assim modificaram este cenário, na medida em que trouxeram consigo recursos mediadores de uma educação mais parti- cipativa, colaborativa e com maiores chances de interação. Estamos numa fase de transição na educação a distância. Muitas or- ganizações estão se limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial (aula multiplicada ou disponibilizada). Há um predo- mínio de interação virtual fria (formulários, rotinas, provas, e-mail) e alguma interação on-line (pessoas conectadas ao mesmo tempo, em lu- gares diferentes). Apesar disso, já é perceptível que começamos a passar dos modelos predominantemente individuais para os grupais na educa- ção a distância. Das mídias unidirecionais, como o jornal, a televisão e o rádio, caminhamos para mídias mais interativas e mesmo os meios de comunicação tradicionais buscam novas formas de interação. Da comu- nicação off-line estamos evoluindo para um mix de comunicação off e on-line (em tempo real)". (MORAN,2002,p.2) As aulas neste espaço, desta forma não podem ser unilaterais, tam- pouco se transformar em mera transposição do presencial para o virtual. Nós, professores, dispomos de infinitos recursos midiáticos e os utilizamos de maneira tradicional. A formação docente é ponto fundamental nesse pro- cesso de mudanças. Desta forma, entendemos que, mesmo a distância, deve haver intera- ção entre professor, aluno, em todas as direções, assim como é feito numa abordagem mais progressista na EaD realizando uma união de educação, tecnologia, professor e aluno e gerando conhecimento através de interação. A partir da história da EaD vimos que a interação foi aumentando e que nesta etapa ela é imprescindível. 1.2. Educação a Distância virtual O estádio em que a Educação a Distância se encontra hoje está as- sociado à crescente utilização dos recursos computacionais, o que pode significar a integração de mídias em único suporte técnico, no caso, o com- putador. A atual fase começou nos anos 90 com a disseminação das tecno- logias da informação e comunicação - TIC, que comportam programas inte- rativos informatizados, redes telemáticas, CD-ROM didáticos, entre outros (BELLONI, 1999). Em 1994, quando a internet começou a se firmar no Brasil, no final daquela década e início do século XXI, a escola e a sociedade moderna pas- O conceito de hipermídia trazido por Nova e Alves, 2006 diz respeito à incor- poração e a integração de linguagens em mídias, como o impresso, o rádio e a televisão em um só suporte, no caso, o com- putador, mas com um sistema de navegação in- terativo possibilitado pela Internet. Por esta razão, esses materiais se organi- zam a partir de uma fei- ção não linear, na qual o aprendiz tem uma ação efetiva sobre os conteúdos ali disponibilizados. 16 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA saram por uma transformação no que tange ao uso, incorporado ao cotidia- no das pessoas nos mais diversos níveis de suas ações. Dessa forma, os professores e alunos devem se preparar para associar em suas práticas de ensino e aprendizagem as mudanças trazidas pelas TIC. Dentre algumas inovações podemos citar a invenção da holografia, o aumento da largura de bandas em países orientais, a ampliação de recur- sos de inteligência artificial. Enfim, há desafios relativos a essas tecnologias e sua incorporação no âmbito educativo, sem esquecer das realidades socio- culturais e das propostas didático-pedagógicas em questão. Hoje é possível, através da EaD em rede, integrar mídias e, por conse- guinte, as linguagens inerentes a cada meio. Tem-se, agora, os computadores com características hipermidiáticas, ou seja, baseados em linguagens que convergem para um novo formato, o texto escrito, o audiovisual e informáti- ca, disseminadas graças às telecomunicações das redes eletrônicas e à tec- nologia digital das informações (SANTAELLA, 2007). Ganha feição mais di- nâmica e menos linear por meio de conexões e redes, nas quais os aprendizes participam de forma ativa de um processo comunicativo e interdiscursivo. Optamos pela expressão educação a distância em rede - diferente- mente dos que estão em voga: educação a distância via Internet, educação a distância virtual, educação a distância on line - por considerá-la mais abrangente. A rede diz respeito não somente à conexão dos computadores no contexto planetário, mas à sua capacidade de agregar pessoas, aproxi- mando-as efetivamente por meio de recursos e interações, tornando comum a vontade de saber dos outros, da cultura e da história, como compartilha Goméz (2004). Enfim, sabemos que as mudanças, tanto as ocorridas na sociedade como na educação, nunca se darão de forma uniforme e, por isso, é que somos desafiados a encarar e nos adaptar a outras configurações de rela- cionamentos e aprendizagens. Há, em curso, uma mudança paradigmática no que tange às tecnolo- gias. Ela diz respeito a uma concepção técnico-científica com reflexos, so- bretudo, no campo socioeconômico, fazendo com que as informações sejam armazenadas e circulem em um nível nunca experimentado na história da humanidade. Essas transformações caracterizam a sociedade informacional. Schaff (1999) também oferece pistas para nos situar no cenário da atual revolução tecnológica, que tem a informação como elemento base. A combinação do desenvolvimento da microeletrônica, da microbiologia e da informática foi capaz de promover mudanças de ordem técnica, das orga- nizações e da administração que tem como elemento estruturante a infor- mação disseminada com rapidez e longo alcance, levando ao seu avanço e crescente interferênciano cenário econômico, político e social. Lévy (1993) defende a ideia de que a informáticaé uma nova tecnologia intelectual e, comparada ao que aconteceu com a criação da escrita, ela traz uma nova maneira de pensar o mundo e de organizar as relações com o co- nhecimento. A informática, assim, tem a condição de inaugurar uma nova ecologia cognitiva. Como consequência dessas trocas virtuais é possível que seja formada um cultura diferente, no entendimento desse autor chamada de cibercultura, que é um conjunto de técnicas, procedimentos, ações, de ideias e valores que se sedimentaram paralelamente ao desenvolvimento do ciberespaço, do espaço virtual. Há entre esses autores uma convergência de ideias quando defendem o argumento de que o atual estágio de organização social sofre interferência Sociedade Informacional como a denomina Castells (1999), essa sociedade está sendo potencializada pelas tecnologias da infor- mação e da comunicação – TIC. Tal mudança leva a um entendimento da sociedade destes tempos como globalizada, ou seja, sua organização se en- contra estruturada na in- formação distribuída em larga escala. Por isto, sua base material está sendo modificada mediante a propagação das TIC que contribuem para mudan- ças na ordem política, so- cial e de valores Ecologia cognitiva Termo criado por Pierre Lévy. Possibilita que anti- gos saberes se organizem e sejam transformados, dando lugar a novos pro- cedimentos e a outras for- mas de desenvolver o co- nhecimento, juntamente com diferentes maneiras de expressá-lo, tudo isto no contexto do ciberes- paço. 17INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA da maneira como as informações chegam às pessoas, como influenciam o modo como estas se comunicam, negociam, administram. Naturalmente, que neste caso, estamos nos reportando ao sistema de educação on line no qual a interação professor-aluno pode acontecer graças às tecnologias digitais. Apresenta-se como cibercultura "o fenômeno que envolve práticas con- temporâneas de sociabilidade no ciberespaço, onde se constituem as redes telemáticas mediante o uso das tecnologias digitais pelos atores sociais". Ou seja, o homem faz uso da tecnologia em suas práticas cotidianas a fim de realizar suas atividades e produzir conhecimento. Quando começou esse compartilhamento da "cibercultura", foi cria- da uma expectativa da realização de cursos de informática para se poder manejar adequadamente os computadores. Contudo, o acesso aos compu- tadores domésticos era restrito, poucos podiam adquiri-lo. Hoje, sem a obri- gatoriedade de curso formal,muitos jovens utilizam programas de um com- putador, porque houve a disseminação de lan-houses pois, diferentemente de antes, a tecnologia está a alcance de muitos, e sua aquisição se tornou mais fácil. Ainda assim, a escola vem se aproximando dessa realidade com lentidão, neste cenário o professor é primordial para que os alunos conhe- çam e utilizem da maneira mais adequada tais aparatos técnicos. Goméz (2004), quando analisa de maneira abrangente a educação que faz uso dos meios de comunicação, dá preferência a esta denominação, educa- ção em rede. O conceito de rede pode ser percebido, também, como toda uma dinâmica de relações entre pessoas e esses instrumentos técnicos. O cibe- respaço desenvolve e dissemina uma série de representações com base nesse entendimento mútuo, criando assim a comunicação em rede (SANTOS, 2005). Já para León et. al. (2003), uma rede pode ser considerada ainda como um ajuntamento de pessoas que se mantêm agrupadas, desenvolvendo con- tatos contínuos que expressam as mais diversificadas maneiras de informa- ções, de manifestações afetivas e de companheirismo. Se, para muitos, este nível de aproximação virtual constitui iniciativas sem sentido, distantes da realidade do mundo produtivo, para outros, a rede e suas possibilidades interativas revelam nos sujeitos a sensação de que não estão sozinhos, ao contrário, fazem parte de um contexto , de um grupo. Em Castells (1999), redes são tecidos maleáveis, pela possibilidade de promoveram a comunicação entre eles. Uma sociedade baseada em redes é uma formação dinâmica e inovadora, sem, por tais características, ter com- prometido o seu equilíbrio. No caso da EaD em rede, a incorporação crescente das TIC a torna mais extensiva em público, rompendo barreiras culturais de língua, de es- paço geográfico e de tempo. Ela dinamiza o modo de ensinar e de aprender, complementando as necessidades, habilidades e formação daqueles que es- tão impossibilitados de estar em uma sala de aula convencional. Assim, este é um espaço de ação docente que requer mudanças meto- dológicas referentes à maneira de ensinar e de aprender, por meio de con- teúdos digitais. A metáfora da rede vincula-se, desta forma, tanto às ca- racterísticas não lineares da navegação pela Internet, como ao encontro intencional e flexível de pessoas, mesmo que distantes, para juntarem-se a fim elaboraram propósitos educativos em comum. Os ambientes virtuais de aprendizagem – (AVA) solicitam, desses pro- fessores, concepções educativas que digam respeito também aos seus hábi- tos e crenças, a fim de que elas estabeleçam uma comunicação ativa com os Você já parou para refletir em como as tecnologias digitais estão presentes em sua vida ? Então nos diga: você assiste a filmes em DVD, acessa os caixas eletrônicos dos bancos, se comunica pela Internet, envia mensagens pelo ce- lular ? E, agora, tem aulas vir- tuais ? Voce faz parte da cibercultura ? Filatro (2008) denomina o termo AVA como sala de aula on-line, fundada por sistemas eletrônicos, com o diferencial de promover a interação dos sujeitos partícipes deste espaço educativo 18 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA alunos. Na EaD em rede, isto ocorre, inclusive, por intermédio do reconhe- cimento dos recursos e de sua adequação didática nos materiais. A inserção das TIC no contexto educativo, em especial na Educação a Distância, as tem sedimentado, na medida em que promove formas de comunicação mais dinâmicas, tanto no ensino como na aprendizagem, aju- dando, por meio de seus recursos interativos, educadores e aprendizes a transformar informação em conhecimento. As tecnologias digitais caracterizam um tempo diferente, na medida em que os interlocutores não se valem somente de linguagem textual para se manifestar. São alcançados por outras maneiras de se expressar, eles se comunicam por ícones, grafismos, clips, ruídos, novos códigos reveladores de necessidades outras de compartilhamento cultural. Castells (1999) acrescenta que as TIC não se resumem a instrumen- tos aplicáveis, mas disseminadores de processos, já que os seus criadores podem se tornar usuários e vice-versa, estando à frente de como fazer uso das tecnologias, tendo o exemplo da própria Internet. Isto quer dizer que na Educação a Distância em rede, os sujeitos que participam desta modalida- de têm todas as possibilidades de interação, pois a rede cria uma prática discursiva que possibilita o desenvolvimento de outros textos e permite ao sujeito ressignificá-los na construção de outros conhecimentos. O incremento das atuais tecnologias de comunicação e informação desencadeou também outras modelagens para a manipulação e produção das imagens, tanto fixas como em movimento. Essa forma de produção di- gitalizada estabelece um contato expandido do apreciador com a obra, pois além da aproximação visual com a representação da realidade passada, ele tem diante de si imagens de síntese, que perdem a referência com a realida- de, para tornar-se virtual. Os fatos continuam apresentando o concreto, os objetos e fenômenos, mas as imagens ganham simulações que os explicam, mas com outras formas, outras roupagens. Castells (1999), nesta perspectiva, chama atenção para o novo sistema eletrônico de alcance planetário potencializado pela conjugação das tele- comunicações, do audiovisual e da informática, que incorpora os meios de comunicaçãoe, ao mesmo tempo, traz questionamentos e desafios para o campo educativo, sobretudo de como integrá-lo a este espaço. Os meios educativos de terceira geração, tendo como suporte os com- putadores ligados à Internet, podem disponibilizar conteúdos educativos diversificados, ampliando, assim, as formas de reconhecimento dos conteú- dos e a integração de uma série de linguagens. Essa multiplicidade aproxi- ma os aprendizes e educadores na medida em que os processos intelectuais por eles desencadeados exigem intensa atividade, que mobiliza experiências nas dimensões cognitivas, afetivas e sociais. Assim como em outras áreas do conhecimento, a EaD se vê instada a suscitar o debate sobre novas lin- guagens e o seu alcance, quando tratamos da incorporação das tecnologias computacionais no ambiente da educação em rede. Kenski (2003) sugere alterações nas diretrizes curriculares/peda- gógicas para a EaD em rede, principalmente que revejam o conceito de autoria do professor. O currículo nesta modalidade possibilitaria uma in- terdisciplinaridade interativa, chegando a levar a ideia de criação a ultra- passar as iniciativas burocráticas que segmentam quem elabora de quem desenha, de quem publica, de quem revisa, de quem orienta os aprendizes e de quem decide como as aulas serão elaboradas. Nessa perspectiva, não resta apenas ao sujeito adquirir conhecimentos operacionais para poder Apesar de lentamente, nós todos, desse curso, seremos esses transfor- madores. Vocês acham, assim como eu, que serão partes dessa evolução? 19INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA desfrutar das possibilidades interativas com as novas tecnologias. O im- pacto das novas tecnologias reflete-se de maneira ampliada sobre a pró- pria natureza do que é ciência e do que é conhecimento. Exige uma refle- xão profunda sobre as concepções do que é o saber e acerca das formas de ensinar e aprender. A cibercultura proporcionou a troca de informações em velocidade bem como a quebra de barreiras geográficas e étnicas. O conhecimento chega cada vem mais longe e com uma qualidade cada vez maior. Estamos em fase da EaD, em que se dabate cada vez mais, no sentido de analisar as experiências, de propor uma revisão teórica e, por conseguinte, de apri- morá-la. Porém, como disse Moran(2002): "Iremos mudando aos poucos, em todos os níveis e modalidades edu- cacionais. Há uma grande desigualdade econômica, de acesso, de maturi- dade, de motivação das pessoas". 20 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Capítulo 2 As normas que regem a EAD Neste capítulo procuraremos trazer para você, caro(a) cursista, uma ideia abrangente a respeito das normas que regem a Educação a Distância no Brasil nos dias de hoje. Esta dimensão possibilitará que você saiba mais sobre os princípios e funcionamentos desta modalidade educativa, nos dife- rentes níveis de ensino aos quais ela se destina. Esses conhecimentos lhes darão a segurança acerca de um aparato normativo que visa sempre a qualidade de ensino, e que se encontra em constante andamento, pois procura acompanhar as mudanças sociais e os avanços tecnológicos, utilizando-os a seu favor. De fato, os documentos vêm normatizar as ações vinculadas a EaD, trazendo para a comunidade uma visão mais ampla e sistêmica dos princí- pio para se desenvolver cursos a distância. Percebe-se uma complementação de leis que se definiram pelas mu- danças contextuais, sobretudo no incremento e incorporação de tecnologias mais interativas. A própria criação da Secretaria Nacional de Educação a Distância em 1996, apontou para uma preocupação pontual com as mu- danças em curso. É oportuno salientar que boa parte do que estamos elaborando, como realidade da Educação a Distância, esteja vinculado ao que vem sendo de- senvolvido pela Universidade Aberta do Brasil – ( UAB ). Contudo, há instituições que não trabalham com a configuração que temos aqui, dos professores formadores, tutores, ambientes virtuais de aprendizagem, materiais didáticos próprios. Comecemos destacando que a Educação a Distância é uma modalidade de ensino submetida à Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de n° 9.394, de 1996. Porém, esta modalidade de ensino possui leis anteriores, desde as décadas de 60 e 70, do século passado, que regem sua regulamentação. Bem verdade que não se tratava da educação a distância que se pro- põe hoje. Tampouco, havia os recursos e expansão dos quais dispomos na atualidade. Naquela época, eram utilizados, principalmente, o rádio, as cor- respondências postais e a televisão. Hoje, contamos com inúmeros recursos como, por exemplo, o telefone, o e-mail, o chat o fórum, a videoconferência. Uma vez que se está em meio a uma fase de mudanças, há certa resistência e preconceito relacionados à EaD. Isto se deve, em parte, pelas característi- cas massificantes de programas desenvolvidos nos anos 70, sobretudo nas experiências telensino. Exatamente porque a partir de 1996 observa-se o leque de oportu- nidades que poderiam ser geradas com a utilização desta modalidade de ensino, considerando aqui as TIC . Se a EaD era anteriormente utilizada apenas para treinamento, essas novas possibilidades interativas de largo alcance, a redefine com modalidade voltada a toda e qualquer esfera edu- cacional, seja ela de nível fundamental, técnico ou superior. Todos nós estamos parti- cipando de experiências que estão se formando e uma das nossas chances, além de atuar na EaD, é também refletir sobre tais realidades. Videoconferência É uma conferência que ocorre de maneira simul- tânea em lugares diferen- tes, geralmente em salas específicas e que conta com uma estrutura de transmissão de imagem e som digitais em tempo real. Nestes casos, existe um palestrante que abor- da uma temática para um público geograficamente distante, possibilitando que sejam feitas interven- ções ao longo de sua fala e que este possa respondê- las de imediato. 21INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Diante de uma gama de oportunidades oferecidas aos alunos e de uma número expressivo de instituições que passaram a se engajar em tal modalidade, surge a necessidade de orientar e gerenciar essas instituições em sua oferta educacional. Isso para que a EaD não caia no descrédi- to, apresentando-se como “ensino de segunda categoria”,ou seja, de baixa qualidade. Portanto, os "Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância" estão em sintonia com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, como também com outros decretos posteriores, sobre os quais iremos dis- cutir neste tópico. Desta forma, a normatização sobre EaD contempla alguns documen- tos, sendo os principais: os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância e os decretos nº 5.622 e 5773. Começaremos pelos Referenciais de Qualidade, analisando-os em li- nhas gerais, mas, naturalmente, recomendando que você os leia na íntegra. Veja o endereço eletrônico desses referenciais nas leituras complementares. 2.1. Referenciais de qualidade para a Educação Superior a Distância Para mantermos a qualidade em qualquer modalidade educacional, faz-se necessário um padrão que enseje o nivelamento das instituições de ensino. No caso da EaD, esta possui características específicas importante os parâmetros de qualidade indicados para ela. Pelo próprio título do documento é possível discernir que o que nele está contido são orientações para aquelas instituições que pretendam de- senvolver cursos superiores a distância. Estas são fruto do amadureci- mento das experiências já construídas nesta área e, naturalmente, das mudanças percebidas como imprescindíveis. Esses indicadores oportunizam meios para padronizar as normas e procedimentos voltados para EaD garantindo, a qualidade da educação e o desenvolvimento humano, com a mesma segurança do sistema presencial. Os referenciais servem como base de reflexão para as alterações, adaptações e aperfeiçoamento nesse sistema que está em constante mutação, assimcomo para tornar o aluno graduado através da EaD apto a concorrer e a se posicionar profissionalmente, com outro graduado do sistema presencial. Em relação aos aspectos previstos no Projeto-Pedagógico para a EaD, relativos a cada curso, é evidenciada a necessidade deles promoverem a construção do conhecimento através da interatividade entre os múltiplos autores (professores, tutores, estudantes, e técnicos-administrativos) des- mistificando, assim, a ideia de que educação envolve apenas professores e alunos. Ainda, de acordo com os referenciais, as instituições devem con- templar e investir na elaboração de seu plano de curso, valorizando as necessidades dos alunos, buscando uma formação técnico-científica que proporcione a formação deste aluno para a cidadania. Desse modo, há uma preocupação no sentido de que o curso, antes de seu início efetivo, instrumentalize os alunos no que concerne aos meios de mediação pedagógica que serão utilizados, assegurando a todos um pon- to de partida comum. Porém, essas ferramentas devem fazer mais do que simplesmente permitir o acesso do estudante aos materiais didáticos para realizações de tarefas: elas devem assegurar - lhes efetiva interação no pro- 22 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA cesso de ensino - aprendizagem, já que é o estudante o centro dessa moda- lidade educativa. Os meios, através dos quais esse processo ocorre, é que diferenciarão o ensino presencial do ensino a distância. Para estar apta a oferecer um ensino superior a distância de qua- lidade a instituição deve cumprir requisitos básicos, dentre os quais eu destaco a avaliação em suas duas dimensões: do processo de aprendizagem e institucional. A avaliação da aprendizagem do aluno deve ser feita de forma permanente para que eventuais dificuldades apresentadas por eles possam ser identificadas e prontamente resolvidas durante o processo de ensino aprendizagem, daí a importância de um acompanhamento tutorial capacitado e dos mecanismos tecnológicos educacionais de qualidade am- bos disponibilizados pela instituição. Devido ao seu caráter diferenciado, os cursos a distância necessitam ser avaliados em todos os seus aspectos, de forma contínua e abrangente, possibilitando a garantia de uma expansão acompanhada da educação superior brasileira. Quanto aos desafios que as instituições têm encontrado para se ade- quarem ao ensino a distância, um deles seria separar as especificidades das da educação presencial da EaD em relação a algumas ações que são comuns a ambas, mas que requerem reações distintas, assim como algu- mas dificuldades que também são comuns, mas que pelo caráter peculiar, suscitam diferentes soluções. Como por exemplo, quando um aluno do en- sino a distância é tratado equivocadamente da mesma forma que um aluno do presencial, o que exige posturas diferentes dos professores, até pelas ferramentas que ambos têm ao seu alcance. É importante ressaltar que os referenciais não limitam as instituições a seguirem um único modelo de educação a distância, os programas podem se valer de diferentes recursos educacionais e diferentes tecnologias. Tam- bém destacamos a possibilidade das instituições estabelecerem vínculos com outras, como consórcios, parcerias, celebração de convênios, desde que comprovados alguns quesitos, como a avaliação de uma comissão de espe- cialistas, bem como a relevância da parceria, o que demonstra a seriedade e a preocupação de caráter pedagógico e também reforça o caráter de tra- balho integrado, multidisciplinar, e de colaboração mútua, daqueles que já trabalham dentro do sistema, e daqueles que, de fora, se vinculam através das parcerias. Desta forma, os referenciais possuem oito aspectos que devem ser ob- servados pelas instituições promotoras da EaD, sendo eles: • Concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem: todo curso seja presencial ou a distância se organi- za considerando os princípios educativos que se pretende alcançar. Assim, as iniciativas na EaD devem revelar por meio de um projeto pedagógico a opção epistemológica e metodológica que orientará as ações dos sujeitos, sejam eles professores formadores, tutores, pro- fessores conteudistas e quadro técnico também. Essas definições se farão presentes também na organização curricular, na feitura dos materiais didáticos, no processo avaliativo, na escolha dos meios de comunicação, na ação tutorial. Assim, essas bases consideram o próprio entendimento dos organizadores e participantes dos cursos a distância sobre educação e do homem que se pretende formar. As técnicas e procedimentos explicitados no projeto pedagógico são somente os meios que devem manter a coerência como esses fun- damentos. 23INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Sistemas de comunicação: diz respeito aos aparatos tecnológicos que possibilitarão alunos o acesso fácil e rápido tanto aos materiais didáticos como à orientação da aprendizagem de maneira abran- gente. Aparatos estes capazes de propiciar a comunicação intera- tiva entre os sujeitos que participam de todo processo de ensino e aprendizagem; • Material didático: baseado em um projeto político pedagógico tem como proposta mediar parte do processo educativo, considerando a realidade sóciocultural de quem deles fará uso. Precisa contemplar também as características da mídia onde serão publicados, ou seja, as linguagens e recursos possíveis de serem incorporados nos im- pressos, por exemplo, que diferem dos que se destinam a programas televisivos ou dos que são produzidos para cursos realizados via computadores. Os referenciais recomendam que os materiais didá- ticos sejam elaborados por cada instituição e, de preferência, haja a utilização de diferentes mídias, a fim de dinamizar o processo educativo. • Avaliação: a avaliação tem que ser constante, tanto a institucio- nal como a de aprendizagem, para que possam ser superados os obstáculos do processo de ensino e aprendizagem, e assim rever as dificuldades e superar os limites de cada educando de acordo com a sua realidade vivenciada. Neste enfoque avaliativo as dificulda- des devem ser identificadas ao longo do percurso a fim de que pos- sam ser superadas a tempo de não comprometer a construção do conhecimento. Salienta-se, contudo, que há a exigência normativa definida pelo decreto 5.622 de que haja a predominância de ava- liações presenciais, se comparadas com as avaliações a distância. Além da avaliação da aprendizagem, os referenciais preveem ainda a avaliação institucional, que significa que as instituições de ensino superior promotores de cursos a distância desenvolvam mecanismo de revisão de suas ações, por meio de instrumentos como a ouvi- doria, por exemplo. Tais mecanismos devem levar em consideração o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES), considerando em sua realização todos os sujeitos que fazem parte dos referidos cursos. • Equipe multidisciplinar: engloba pessoas provenientes de áreas de formação profissionais diferentes que, juntas, desenvolvem um trabalho coletivo que diz respeito ao planejamento, implementação e gestão de cursos a distância. Os intercâmbios são de fundamental importância para os sujeitos pertencentes à equipe multidisciplinar como docentes, comunicadores, linguistas, programadores, desig- ners, administradores, dentre outros se agreguem para desenvolver projeto comum com vistas ao processo de ensino e aprendizagem. • Infraestrutura de apoio: como a EaD costumeiramente atende um maior número de alunos que a educação presencial, ela necessita de condições materiais diferenciadas a fim de assistir de maneira eficiente às realidades técnico-operacionais que lhes são inerentes. Neste contexto, dependendo do que está previsto para cada curso, os recursos materiais poderão ser televisão, vídeocassetes, audio- cassetes, aparelhos de DVD, fotografia, impressoras, linhas telefôni- cas, computadores ligados à Internet, sala de videoconferência. São recomendáveistambém acervos acessíveis que amparem os alunos e professores na elaboração dos seus conhecimentos, tais documen- 24 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA tos podem constar em bibliotecas, videotecas, audiotecas, hemero- tecas e infotecas, etc. • Gestão acadêmico-administrativa: os alunos dos cursos de gra- duação a distância, como os demais estudantes universitários, fa- zem parte de uma instituição acadêmica, como tal tem seus direitos e deveres. A gestão acadêmico-administrativa é responsável por ga- rantir essas prerrogativas aos alunos por meio do registro de suas matrículas, trancamentos, notas, requisições, declarações, colação de grau, informações institucionais, serviço tutorial e acesso aos materiais didáticos. • Sustentabilidade financeira: para que um curso a distância seja ofertado, a instituição responsável deve ter uma previsibilidade e reserva financeira a fim de garantir a sua realização. Isto para que seja possível responder pela infra-estrutura diferenciada desses cursos, como por exemplo, produção e distribuição dos materiais didáticos, implantação dos polos, sistema de comunicação, treina- mento da equipe multidisciplinar, pagamento de pessoal. Como a EaD é um campo educativo que sofre influências das inovações tec- nológicas, há que se prever investimentos periódicos no sentido de aperfeiçoar metodologias e técnicas. 2.2. Decreto nº 5.622 - de 19 de dezembro de 2005 Normatiza a Educação a Distância para todos os níveis de ensino fun- damental, jovens e adultos, médio, especial, profissional e superior. No caso da educação superior, as normas se destinam tanto para os cursos de gra- duação como os de pós-graduação, ou seja, especializações, mestrados e doutorados. Define, por exemplo, que a duração dos cursos deve seguir o mesmo tempo previsto para os desenvolvidos presencialmente. Assim como o al- cance de validação dos diplomas expedidos para os cursos autorizados pelo Ministério da Educação – MEC, definindo para esta situação todo o territó- rio nacional. No que tange ao credenciamento e autorização para o funcionamento dos cursos a distância, cada instituição de ensino deve apresentar ao MEC documentos que atestem: • A regularidade da sua condição jurídica e fiscal, ou seja, de que não há pendências na justiça e que seus impostos estão em dia; • O seu histórico de funcionamento; • O plano de desenvolvimento da instituição de ensino, onde esteja prevista a oferta de cursos a distância; • O seu estatuto ou regimento; • O projeto-político pedagógico dos cursos a distância a serem desen- volvidos; • Termo de responsabilidade que assegure quadro técnico e adminis- trativo qualificado; • Documentos que detalhem sobre as condições de infraestrutura fí- sica e tecnológica, tendo em vista o projeto político-pedagógico a ser posto em prática e; • A implantação de biblioteca, onde seja garantido, inclusive, acervo eletrônico e rede de comunicação e sistemas de informação. 25INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA No caso de cursos pós-graduação, especialmente os de especialização, o pedido de credenciamento para desenvolvê-los ficará restrito somente a este nível de ensino. Caso seja observado o descumprimento das condições de funciona- mento dos cursos a distância, o órgão competente, observado o amplo di- reito de defesa, poderá definir o descredenciamento da instituição e, por conseguinte, a suspensão dos cursos. Existem muitos pontos relevantes no regimento dessa modalidade, dentre eles, a obrigatoriedade de diversos momentos presenciais. Há uma tendência atual em se considerar que a EaD tem seus pontos de partida e chegada única e exclusivamente no ambiente virtual. Isso não desobriga os professores de realizarem avaliações a distância, nem tampouco de descon- siderar a importâncias dos momentos presenciais, inclusive para fins de avaliação. Há a possibilidade de transferência e aproveitamento de cursos pre- senciais e vice - versa, o que prova a consonância da EaD com as modalida- des tradicionais de ensino. Deve-se descartar a ideia de que os objetivos do processo de ensino - aprendizagem muda quando se trata da EaD, pois sua finalidade precípua é a mesma: pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Este decreto, especificamente, mostra a preocupação e as possibilida- des legais para a educação básica de jovens e adultos via EaD, um desafio diante de um contingente de pessoas que ainda não tiveram acesso a este direito. Outro ponto forte contemplado foi o da necessidade de ter um sistema alternativo de atendimento aos estudantes com deficiência, oportunidade a mais para discutir e, sobretudo, realizar ações inclusivas, tanto do ponto de vista do acesso educativo, como tecnológico. . É possível entender com esta síntese da lei que esta iniciativa visou definir condutas e critérios para a existência e funcionamento dos cursos a distância. Com isto, tem sido possível estabelecer uma política de continui- dade da EaD, por meio de processos de acompanhamento periódicos, feitos por avaliadores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – (INEP). Assim o sendo, esta normatização marcou um momento singular de reestruturação da educação a distância no Brasil, já que trouxe com ela as diretrizes necessárias para sua expansão e não apenas enquanto curso de graduação, mas também com cursos de pós-graduação, tanto lato quanto strictu sensu. Estes devem cumprir o mesmo período de um curso ofertado na modalidade presencial. Exatamente para não haver perda de conteúdo, adequando, por sua vez, o programa e a carga horária. 2.3. Decreto nº 5773 – 09 de maio de 2006 Restringe-se a estabelecer as normas para o ensino superior tanto no que diz respeito à regulação como à supervisão, ou seja, esta lei detalha como as instituições poderão ser credenciadas para ofertar cursos a distân- cia, como as realidades que possibilitarão possíveis descredenciamentos. Os credenciamentos querem dizer a autorização do Ministério da Educação a fim de que as instituições de ensino possam desenvolver cursos de gradu- ação e pós-graduação a distância. 26 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Se a lei Nº 9394 regulamentou esta modalidade de ensino de forma abrangente, a lei Nº 4059 se deteve em especificar o funcionamento da EaD no âmbito do ensino superior. Salientamos para você que o decreto de nº 6303 modifica alguns dis- positivos presentes na 5.622 que por tal razão é interessante que seja feita a leitura complementar deste, que se encontra presente na seção Leitura Complementar. Contudo, pela abrangência do primeiro, sua apresentação mais detalhada foi priorizada. 27INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Capítulo 3 Alunos a Distância: realidades e desafios Até aqui estivemos conversando sobre Educação a Distância de uma forma geral, buscando levar a vocês um entendimento a respeito desta mo- dalidade educativa. Naturalmente, que estas poucas páginas não apresentam todas as in- formações sobre a temática, mas isto é muito bom, já que faz com que você se torne um aluno a distância de fato e de direito, pois buscará complemen- tar seus estudos, pesquisando mais sobre EaD. Por sinal, neste espaço do nosso texto, discutiremos exatamente a res- peito dos alunos que participam de cursos a distância, o que os caracteriza, que realidade encontram, que dificuldades vivenciam. Isto porque, queren- do ou não, existe uma mudança trazida no conceito de sala de aula, de pro- fessor e até mesmo de aluno, pois a maneira de construir conhecimento so- fre a influência de fatores externos, dentre estes, o sistema de comunicação. Em termos de atitudes, Moore e Kearsley (2007) propõem que os dis- centes assumam responsabilidades na busca de solucionar alguns proble- mas relativos a sua aprendizagem, ou seja, que esta desenvolva um nível diferenciado de autonomia. É verdade! Essa questão da autonomia é fundamental.E, talvez por isso, a EaD seja, uma modalidade educativa até então prioritária a alunos adultos, nos Estados Unidos, numa faixa etária que varia dos vinte e cinco aos 50 anos, uma vez que se acredita terem estes mais maturidade. Quando por exemplo , o aluno deixa para cumprir ou realizar as lei- turas e atividades de qualquer maneira e de última hora, certamente com- prometerá seu aprendizado e, por consequência, seu rendimento. Assim, ele não contará com alguém a lhe cobrar continuamente o que precisa realizar, sua motivação e senso de dever precisarão nortear a sua conduta. O aluno nesta realidade é o sujeito que por meio das trocas com pro- fessores, colegas e conteúdos tem a condição de aprender e de interagir, utilizando-se, para este fim, de algum suporte tecnológico. Ele desenvolve relações contínuas, compartilha impressões, pontos de vista, dúvidas e ali- menta uma ação coletiva de aprendizagem e de ensino. A educação a distância não é um fast food em que o aluno se serve de algo pronto. É uma prática que permite um equilíbrio entre as necessi- dades e habilidades individuais e as do grupo - de forma presencial e não presencial, ou seja, o aluno deverá interagir com o professor, com o grupo, trocar experiências, e o professor nessa prática acompanhará o seu desen- volvimento e avaliará seu aprendizado. A flexibilidade propiciada pela metodologia, que é um dos principais atrativos para os alunos que almejam estudar em seu tempo livre ou não ter a obrigação de frequentar a sala de aula todos os dias, acaba por tornar-se o maior obstáculo no desenvolvimento da aprendizagem. A compressão espa- ço-tempo ou a redefinição destas duas categorias tão essenciais ao ser hu- mano provoca uma dificuldade em lidar com o tempo e com as distâncias. A flexibilidade dos horários, a não obrigatoriedade da frequência diá- ria, a utilização do computador como ferramenta, entre outros elementos, Como você tem assimilado estas identidades de alu- no fisicamente distantes ? Depois que ingressou no curso você já havia pensa- do nesta necessidade de mudança de postura fren- te a sua forma de apren- der ? 28 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA amplia consideravelmente o leque de pessoas que podem incluir-se em um processo de formação institucional. A distância física é encurtada pelas tecnologias de comunicação que conectam professores, alunos e tutores, fisicamente distantes. Os desafios são grandes para o aluno da EaD, já que nesse tipo de ensino apresenta algumas novidades às quais que o aluno tem que se adaptar, aí vemos a importância do tutor e das aulas introdutórias que apresenta o sistema e ressalta as habilidades que um aluno de EaD deve ter ou deve procurar adquirir. O ideal de todo professor é de manter o aluno atento, interessado, par- ticipativo, uma vez que a cultura da sala de aula presencial está arraigada tanto nos alunos, quanto nos professores. Como foi mencionado por Silva (2003), para educar a distância, é necessário repensar o papel do professor, a metodologia de ensino, o formato e o conteúdo das aulas, com qual obje- tivo usar cada uma das ferramentas disponíveis. Isso, porque o intuito da EaD é transformar a classe em comunidade de aprendizagem, ou seja, uma rede de pessoas com interesses em comum, que vão trocar informações, gerar conhecimento, interagir de uma maneira produtiva, dinâmica e inclu- siva, valorizando as múltiplas perspectivas. A EaD suscita uma mudança de cultura onde cada um assume a responsabilidade de avançar na organização sistematizada dos próprios es- tudos. O mundo de hoje exige pessoas proativas e não reativas, motivadas para superar as eventuais dificuldades. O estudante não mais é, nessa concepção, um receptáculo, uma tábu- la rasa que recebe passivamente todo o conhecimento que lhe é passado; ele é responsável por construir o novo. Os indivíduos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem tornam-se responsáveis pelo espaço de transfor- mação do conhecimento. Os próprios estudantes assumem a condição de atores sociais que, com conhecimentos construídos por eles mesmos, têm o papel de distribuir o que aprenderam na sociedade. Desta maneira, a dinâmica de ensino e aprendizagem na distância é realmente complexa, pois está também relacionada à participação e, conse- quentemente, ao compromisso com o curso. Se o aluno for passivo, ele tende a ficar perdido e a se evadir. É algo que no ensino convencional não acontece. Há uma expectativa de maturidade nas atitudes do aluno fisicamente distante. Pois a espera passiva do aluno pelo o professor, representa um risco, já que o gerenciamento do tempo, em cursos desta natureza, fica a cargo do próprio aluno. Claro, não podemos perder de vista que fazemos parte de uma cultura do professor " dono da situação" educativa. Por isto, fala-se tanto em mu- dança paradigmática, pois alunos e professores estão descobrindo juntos outras possibilidades de ensinar e aprender. O grande diferencial dessa modalidade educativa é exatamente esse, a ausência da figura do professor como único ser detentor do saber, já que o aluno traz consigo uma bagagem de informações preliminares, a ser re- conhecida e considerada no decorrer do curso. E essa ´ausência física´ do docente na EaD força o aluno a uma autodisciplina, mas também instiga os professores a ampliarem suas didáticas, considerando as potencialidades das tecnologias em uso. As tecnologias vêm facilitar o contato do professor com o aluno e vice- versa nesse processo, os dois devem estar interligados não porque há fer- ramentas de acesso para contato, mas porque é extremamente necessário que eles, principalmente alunos, estejam interagindo, e o aluno colaborando com o seu próprio ensino e ajudando outros. A cibercultura altera não só os meios e conceitos, mas também, claro, as relações, como a professor-aluno na EaD, o que dificulta o avanço e a aceitação por parte de alunos e tutores, 29INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA porque muitos quando veem que a EaD exige muito mais atenção, dinamis- mo, responsabilidade e compromisso tendem a desistir. Desta forma, os principais desafios a serem transpostos pelos alunos na EaD se vinculam ao conhecimento e uso das tecnologias, a elaboração de horários e métodos específicos de estudos, ao cumprimento de prazos, a criação de uma cultura de convivência com os colegas e professores fisica- mente distantes, à crença nesta modalidade educativa. 1. Após a leitura das principais normas que definem as ações para os cur- sos na educação a distância, escreva um texto de uma lauda (página) e meia até duas, argumentando sobre os aspectos dessas leis que você considerou mais relevantes e o porquê. Lembre-se que o mais importan- te é a explicação dos seus pontos de vista. Desta maneira, mencione o trecho da lei, mas dê prioridade à sua análise. Sites Referencias de Qualidade para a Educação Superior a Distância • http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refe- ad1.pdf Decreto nº 5622 • http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/ Decreto/D5622.htm Decreto nº 5.373 • http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/ Decreto/D5773.htm Repensando a educação em função de mudanças sociais e tecnológicas e o advento de novas formas de comunicação • http://www.darwin.futuro.usp.br/site/doprofessor/litto1.pdf Autonomia em contextos educacionais diferenciados: presencial e virtual • http://www.unitau.br/scripts/prppg/humanas/download/au- tonomiacontextos-N1-2003.pdf.br/scripts/prppg/humanas/ • download/autonomiacontextos-N1-2003.pdf 30 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA BELLONI, Maria Luiza. Educação a distância. Campinas: Autores Asso- ciados, 1999. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede, a era da informação: eco- nomia, sociedade e cultura. Traduzido por Roneide Venancio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 1999. GOMÉZ, Margarita Victoria. Educação em rede: uma visão emancipado- ra.São Paulo: Cortez - Instituto Paulo Freire,2004. LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da Informática. Traduzido por Carlos Irineu Costa.Rio de Janeiro: Ed.34,1993. LEÓN, Oswaldo et al. La sociedad en red . In: APARICI, Roberto ( coord.) Co- municación educativa en la sociedad de la información. Madrid:Universidad Nacional de Educación a Distancia,2003.p.343-376. LITWIN, Edith (org.). Educação a distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001. MOORE, Michel ; KEARSLEY, Greg. Educação a distância: uma visão in- tegrada. Traduzido por Roberto Galman. São Paulo: Thomson Learning, 2007. MORAES, Raquel de Almeida et. al.. História da educação a distância. 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As teorias pedagógicas da educação são estruturadas nas ideias de natureza humana universal, de autonomia do sujeito da educabilidade e emancipa- ção humana pela razão de libertação da busca do saber. As teorias abordadas nesse capítulo estão organizadas em: Aborda- gens pedagógicas na EaD, Educação a Distância: opções metodológicas; e Educação a Distância: vantagens e desvantagens. Essas discussões visam, fundamentalmente, analisar as teorias pe- dagógicas no processo de ensino e aprendizagem da Educação a Distância. 1.1. Abordagens pedagógicas na EAD O uso do computador na educação trouxe à tona divergentes posições teóricas. Alguns teóricos críticos, como Chesneaux (1995) e Schaff (1993), defendem a posição de que essa tecnologia representa um domínio sem pre- cedentes do homem sobre o universo, em seus aspectos genéticos, micro- eletrônicos, com graves repercussões na vida social, econômica, política e cultural dos povos. Coggiola (2001, p.64) alerta para o fato de “[...] o primei- ro uso da Informática fora do campo especificamente militar foi no campo policial”, como instrumento de repressão contra os trabalhadores. Morais (2002) indica que os argumentos de teóricos críticos, como Mandel (1997) e Yves (1987), em oposição ao uso da tecnologia na educa- ção, decorrem da sua origem centrada no complexo industrial-militar ou seu desenvolvimento, atendendo interesses nas áreas de atividades ligadas à satisfação e ao bem-estar das classes privilegiadas economicamente. Para esses teóricos, a educação com as TICs está ligada à exploração do trabalha- dor. Em contexto mais amplo das relações sociais, consideram a escola como instância ideológica reprodutivista das classes dominantes, que criam, or- ganizam e difundem seus padrões éticos, científicos, no intuito de articular uma cultura que atenda seus próprios interesses (LIBÂNEO, 2002). Existem também pesquisadores, como Leonhardt (1986), que de- fendem a necessidade urgente da inserção das tecnologias na educação e anunciam que as crianças, com o auxílio do computador, poderiam cons- truir suas estruturas cognitivas, dispensando a intervenção do professor, a quem caberia somente o papel de mostrar as atividades. Defende, ainda, que dessa forma o professor perderia seu falso poder. Este é o argumento que rejeitamos, pois acreditamos ha opinião de que mesmo com o uso das TICs o professor não perde sua importância como mediador do processo de ensino e aprendizagem. 34 INTRODUÇÃO À EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para Gates (1995), a educação, apesar de não ser uma resposta total aos desafios criados pela “Era da Informação”, pode representar um “nive- lador da sociedade”, equalizadora de oportunidades. Outros teóricos apresentam posições críticas ao uso das TICs na edu- cação, apesar de reconhecerem sua importância. Seu uso exige a necessi- dade de mudanças na prática pedagógica e no professor, que deve assumir postura crítica e reflexiva. Identificam na educação um mister de recons- trução social, o ensino como uma atividade crítica (ZEICHNER, 2002) e a escola como instância de transformação social. Compreendem que a escola, ao introduzir o computador como meio de aprendizagem, não deve deixar que ele se torne artigo de luxo, ao contrário, deve buscar, com essa tecnologia, desenvolver alunos mais críticos e inde- pendentes (CYSNEIROS, 1998), o que significa repensar o papel da escola ante as demandas da sociedade contemporânea. Esses teóricos consideram o computador como instrumento, um re- curso pedagógico para o ensino, que possibilita desenvolver habilidades intelectuais, cognitivas, que permitem o aluno desenvolver suas potencia- lidades, criatividade e inventividade. Conforme Freire (2001), a escola pre- cisa formar educandos autônomos, que aprendam por si mesmos, porque aprenderam a aprender mediante a busca, a investigação, a descoberta e a invenção da leitura do mundo, com suas contradições, na intenção legítima de transformação social. Então, nessa perspectiva, as TICs são consideradas como ferramentas de trabalho, que podem se tornar emancipadoras, desde que a sociedade lhe confira esse papel. Enfatizamos a necessidade de crianças, jovens, adultos e idosos dominarem essa tecnologia, utilizadas para diminuir suas ativida- des rotineiras e mecânicas, enquanto o homem fica responsável pelos tra- balhos mais criativos, sem perder de vista a reflexão crítica desse complexo contexto contemporâneo. O ato de ensinar leva o professor a fazer opções pedagógicas entre distintas abordagens conceituais. No caso da EaD, onde ocorre o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), não é diferente. Assinala Valente (1997) que as práticas pedagógicas, com o uso das TICs, se realizam oscilando entre duas abordagens: a instrucionista e a construcionista. Apresentamos essas abordagens a seguir, procurando caracterizá-las, a fim de situar como se configura a prática do professor em cada abordagem. A abordagem instrucionista está baseada no trabalho de Burrhus Frederic Skinner, considerado um dos mais importantes psicólogos beha- vioristas e iniciador do sistema de condicionamento operante. Sua obra é a expressão mais conhecida do behaviorismo. Ele se dedicou à análise funcional do comportamento em situações criadas em laboratório,
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