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Estratégias pedagógicas para o Ensino de Artes Profª. Adriana Sanajotti Nakamuta Descrição Definição de estratégias pedagógicas para o ensino de artes visuais com base na demonstração de casos práticos exemplares, metodologias e ferramentas. Propósito Ensinar artes, particularmente visuais, para as diferentes idades na Educação Básica demanda apropriação de diversas estratégias pedagógicas e o conhecimento de várias metodologias e técnicas específicas que envolvem o campo. Preparação Antes de iniciar este conteúdo, certifique-se de ter acesso a um dicionário de artes visuais. Existem bons exemplos on-line e facilita para dúvidas, como o dicionário de Belas Artes organizado pela Universidade Federal da Bahia e/ou o do projeto Trilhas das artes. Objetivos Módulo 1 As Artes Visuais na Educação Reconhecer o campo das artes visuais como um espaço significativo para o desenvolvimento de habilidades e competências dos alunos. Módulo 2 Artes na Educação Infantil Exemplificar, a partir da educação museológica, diferentes metodologias para o ensino e a prática artística. Módulo 3 Prática Artística no Ensino Básico Analisar a teoria e crítica de arte para compreensão historiográfica. Módulo 4 Linguagens de Artes Visuais Identificar os diferentes materiais para a prática artística dentro do ensino básico. Teoria e prática, por princípio, não se separam. É uma defesa, não há consenso, mas saber que partimos dessa premissa é vital. O professor não deve teorizar e ver que “na teoria, a prática é outra”, deve levar consigo a teoria e rediscuti-la, pensá-la e, se necessário, reinventá-la com a prática. E esse é o mergulho indispensável. Você sabia que o conhecimento artístico – histórico e prático – é fundamental na formação do indivíduo, pois requer a mobilidade e o desenvolvimento de competências e habilidades ligadas à expressão e à comunicação oral, escrita e visual, à reflexão crítica e histórica, à promoção a vivências culturais e ao conhecimento de novas tecnologias digitais? Neste conteúdo, você conhecerá diferentes estratégias pedagógicas para o ensino de artes na Educação Infantil, no Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Introdução Para que serve um professor de artes? Assista, agora, a um vídeo que responde as perguntas mais comuns sobre a importância do ensino de artes. 1 - As Artes Visuais na Educação Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer o campo das artes visuais como um espaço signi�cativo para desenvolvimento de habilidades e competências dos alunos. Competências e Habilidades Mobilizadas em Artes Competência pode ser entendida como uma ação que requer conhecimento e habilidade para que seja desenvolvida. Logo, habilidade se refere a um conjunto de aptidões e capacidades para o desenvolvimento de algo. De forma resumida, compreender as competências e habilidades mobilizadas em artes no âmbito do ensino é identificar de que maneira diferentes práticas pedagógicas são construídas estrategicamente, considerando os diversos públicos e as recomendações normativas ligadas ao ensino brasileiro para formação do indivíduo. Atenção Para começar este conteúdo, vamos compreender alguns aspectos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), instrumento para quem se dedica ao estudo das práticas pedagógicas e para a formação de professores. Trata-se, portanto, de um documento de caráter normativo e que descreve um conjunto de aprendizagens básicas e essenciais para o ensino básico brasileiro, compreendendo as competências gerais que asseguram aos estudantes o acesso aos direitos de aprendizagem e desenvolvimento no âmbito pedagógico. Cabe destacar, ainda, que as competências gerais propostas para as três etapas da Educação Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio) cumprem o objetivo de articular as habilidades e com as ações que devem ser mobilizadas para o ensino, neste caso, para o de artes. Vejamos os pontos importantes da BNCC (2017) que vamos, mais adiante, relacionar às estratégias de ensino-aprendizagem de artes. No documento, são destacadas dez competências gerais e fundamentais, são elas: Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, PARA investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das diferentes áreas. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e t bé ti i d áti di ifi d d d ã tí ti lt l também participar de práticas diversificadas da produção artístico-cultural. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais, e apropriar-se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na di id d h h d õ d t t íti A partir das dez premissas relacionadas (destacadas) e baseadas no desenvolvimento de competências e habilidades, veremos que... Diagrama sobre o desenvolvimento de competências e habilidades. ... estrutura a apresentação de casos práticos aplicados às diferentes faixas etárias no âmbito do contexto escolar e no ensino de artes. Considerando esses aspectos, vale destacar que: diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. Neste sentido, a estesia refere-se à experiência sensível dos sujeitos em relação ao espaço, ao tempo, ao som, à ação, às imagens, ao próprio corpo e aos diferentes materiais. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários. “Arte/Educação é a mediação entre arte e público, e ensino da Arte é o compromisso com a continuidade e/ou com currículo quer seja formal ou informal. (...) Hoje, a aspiração dos arte/educadores é influir positivamente no desenvolvimento cultural dos estudantes por meio do conhecimento de arte que inclui a potencialização da recepção críticae a produção” (BARBOSA, 2008, p. 98) Dessa forma, o ensino de artes visa à troca entre as culturas, promove um pensamento crítico sobre determinado objeto ou bem artístico, entende as semelhanças e respeita as diferenças. Entretanto, vale destacar que é importante permitir que os alunos sejam protagonistas e agentes dessas experiências artísticas, buscando alcançar a “aprendizagem em arte” como uma prática social, proveniente das suas próprias experiências enquanto cidadãos brasileiros. A BNCC aborda ainda sobre as competências e habilidades relacionadas ao uso das tecnologias digitais e a competência geral 5, o que reforça seu caráter mais amplo sobre a compreensão de seu uso em geral e a criação de tecnologias digitais aplicáveis em práticas sociais. Com a sociedade cada vez mais conectada por meio dos smartphones, a revolução da tecnologia digital mudou bastante as relações interpessoais. Assim, o ambiente escolar pode caminhar dentro dessa nova realidade e trazer para – em especial – o ensino nas artes, uma abordagem mais ampliada, que abrange um maior número de competências e, claro, tornando acessível todas as informações e os conhecimentos necessários sobre determinada produção tí ti / lt l artística e/ou cultural. Vejamos a demonstração prática dessas competências relacionadas à diversidade de saberes e às informações confiáveis em duas estratégicas pedagógicas práticas para o ensino de artes visuais. Demonstração Para ilustração dos pontos elencados sobre as competências e habilidades que serão desenvolvidas no ensino de artes e, especialmente, como estratégias pedagógicas para formação sociocultural dos alunos, inicie o planejamento de suas atividades a partir do conhecimento prévio dos alunos e da memória afetiva deles. Elenque, por meio de palavras, as festas, os lugares e as comidas que fazem parte da história de vida de um dos alunos. Leila Budista, trajes, alimentos orientais, meditação. Yasmin Muçulmana, trajes, orações cinco vezes por dia, tâmaras e nozes, comunidade. Fábio Judeu, pão ázimo, guardar o sábado, frequentar sinagoga. Maria Católica, jejum, água, reconhecimento da madrinhas, domingos na Igreja. Lúcio Evangélico, cultos familiares, obras de caridade, pregação do pai, refeições em grupo. Mão na massa Questão 1 _black Considerando a importância de “valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais”, como competência dentro do ensino de artes, tomaremos como exemplo os Saberes e Práticas associados aos Modos de fazer Bonecas Karajá (fotos a seguir), registrado como patrimônio cultural brasileiro. Trata-se de uma referência cultural do povo Karajá e uma atividade exclusiva das mulheres, cujo conhecimento é transmitido de mãe para filha ou de geração em geração. As bonecas, confeccionadas com argila e pinturas, são objetos lúdicos, mas significativos no âmbito da representação e reprodução sociocultural e familiar do povo Karajá. É por meio dessas bonecas que as meninas recebem os ensinamentos e compreendem todos os sistemas que envolvem a cultura Karajá. O processo de feitio de uma boneca envolve a extração do barro, a modelagem da boneca, a queima e a pintura. Modo de fazer as bonecas Karajá (Ritxòkò). Inspirado pelo modo de fazer bonecas, pelo significado cultural e pela tradição feminina, planeje, em sua aula, uma oficina de bonecas para todos os alunos, com materiais diversos, incentivando-os a criar representações nesse objeto da memória afetiva pessoal e/ou familiar. Este é um exercício importante de criatividade, compartilhamento de saberes e fazeres, com troca de experiências e narrativas de vida. Questão 2 Nosso segundo exemplo para “colocar a mão na massa” vem de Nelson Leirner, artista brasileiro, autor da obra Cubo de Dados (foto abaixo), de 1970. Nessa obra, ele utiliza o objeto dado para construção de uma obra de arte contemporânea, pois é característico da produção desse artista utilizar objetos do cotidiano e/ou assuntos polêmicos em suas obras, uma vez que ele acredita que essa forma de chegar ao espectador – pela via da dúvida ou curiosidade – mobiliza reflexões importantes sobre a arte, provando diferentes recepções artísticas e as experiências socioculturais. Cubo de Dados, por Nelson Leirner (1970). Partindo da premissa da importância de “argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis” como uma competência importante para promoção e garantia dos direitos humanos, inclusive com a consciência socioambiental e o consumo local, regional e global, promova a construção de uma obra coletiva entre os alunos a partir de dados (informações) e objetos (do cotidiano) para promoção e fomento de reflexões sobre o consumo. A partir da obra produzida, exponha-a em um local de destaque na unidade escolar ou instituição em que você estiver inserido, para suscitar a apreciação, recepção e crítica de arte. Resolução dos Exercícios “Mão na massa” Assista, agora, a um vídeo que esclarece as questões abordadas. Teoria na prática Vejamos um exemplo prático que associou as competências apresentadas às novas tecnologias e linguagens para comunicação e exercício do protagonismo do aluno e aluna na vida pessoal e coletiva. O primeiro refere-se ao trabalho de Stepheson Ray de Oliveira, professor de português, da Escola Estadual Imaculada Conceição, no Ceará-Mirim (RN), que utilizou ferramentas digitais para suprir o déficit de leitura dos alunos do 4º ano do Ensino Fundamental. _black Por meio de dois softwares educacionais do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (Proinfo) e plataformas digitais, como a Alfa Mais Legal, o professor utilizou como estratégias pedagógicas o karaokê, a sistematização em sala de aula por meio das tecnologias digitais, a realização de sessões semanais de cinema e a execução de jogos pedagógicos. Essas atividades cumpriram a função de contribuir para a aprendizagem da língua portuguesa – de maneira dinâmica e inclusiva – com as múltiplas linguagens, produções textuais e variações linguísticas. Assim, o uso dessas ferramentas audiovisuais abre espaço para um ambiente escolar mais inclusivo, aberto para a aprendizagem coletiva com diálogo democrático e participativo, com múltiplas possibilidades de leituras e interpretações da língua portuguesa. Vale destacar que no Brasil temos um museu dedicado à língua portuguesa, cujo propósito museográfico é tornar a nossa língua – oral, visual e textual – acessível a todos. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 O ensino em artes visa à troca entre as culturas, promove um pensamento crítico sobre determinado objeto ou bem artístico, entende as semelhanças e respeita as diferenças. Nesse sentido, é possível afirmar que: A somente por meio dos softwares educacionais, o professor pode tornar a aula mais dinâmica e interativa. B a ferramenta HagaQuê foi elaborada na tentativa de facilitar o processo de criação para a Geografia, de modo que a criança (ou o adolescente) é convidada a participar e interagir com a plataforma. C de acordo com a BNCC, não é necessário exercitar a empatia, o diálogo e a resolução de problemas para o acolhimento e a valorização da diversidade dos indivíduos. D é importante permitir que os alunos sejam protagonistas e agentes dessas experiências artísticas, buscando-se alcançar a “aprendizagem em arte” como uma prática social, proveniente das suas próprias experiências enquanto cidadãos. E utilizar as linguagens verbal e corporal é suficiente para obter conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica. Parabéns! A alternativa D está correta. O ensino de artes visa promover o desenvolvimento de competências e habilidades a partir da própria vivência e experiência dos alunos. Questão 2 (Adaptada de FUMARC – 2018 – SEE-MG – Professor de Educação Básica – Arte) Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de Arte, cada uma das quatro linguagens do componente curricular – Artes visuais, Dança, Música eTeatro – constitui uma unidade temática que reúne objetos de conhecimento e habilidades. Além dessas, uma última unidade temática, Artes integradas, que: A articula saberes referentes a produtos e fenômenos artísticos e envolve as práticas de criar, ler, produzir, construir, exteriorizar e refletir sobre formas artísticas. B deve expandir seu repertório e ampliar sua autonomia nas práticas artísticas por meio da reflexão sensível, imaginativa e crítica sobre os conteúdos artísticos e seus elementos constitutivos. C explora as relações e articulações entre as diferentes linguagens e suas práticas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e comunicação. D propicia a troca entre culturas e favorece o reconhecimento de semelhanças e diferenças entre elas. E reconhece a diversidade de saberes, experiências e práticas artísticas tradicionais como modos legítimos de pensar, de experienciar e de fruir a Arte. 2 - Artes na Educação Infantil Ao �nal deste módulo, você será capaz de exempli�car, a partir da educação museológica, diferentes metodologias para o ensino e a prática artística. Estratégias Pedagógicas de Artes Visuais com Crianças Parabéns! A alternativa C está correta. A BNCC, documento normativo para a Educação Básica, prevê o desenvolvimento de competências e habilidades de diferentes linguagens e usos de novas tecnologias, como visto nos exemplos “mão na massa”. Roda infantil, por Candido Portinari (1932). Como as crianças foram apresentadas ao longo da história da pintura? Já se fez essa pergunta? Vamos começar esse estudo com uma célebre pintura do francês Pierre-Auguste Renoir. Rosa e azul – as meninas de Cahen d’Anvers, datada de 1881, foi escolhida para o momento deste estudo porque é uma obra que podemos conhecer pessoalmente, uma vez que pertence ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). O MASP é um museu brasileiro, na cidade de São Paulo, e exerce um papel importante na cultura brasileira, fomentando exposições e atividades a partir do seu acervo, bem como exposições temporárias com empréstimo de obras de outros países. Dentre suas atividades, cabe destacar o Programa Masp Professores, cujo objetivo é a formação didático-pedagógica em artes de professores da rede pública de ensino. Rosa e azul – as meninas de Cahen d’Anvers, por Pierre-Auguste Renoir (1881). Vamos considerar então a instituição museológica em nossas estratégias de ensino. As atividades pedagógicas educativas dos museus exercem papel fundamental na transformação social de qualquer cidadão que usufrui daquele espaço. Por meio das ações educativas dos museus, as pessoas são convidadas à reflexão, às perguntas, aos questionamentos e ao interesse por determinado assunto, que, na maioria das vezes, objetiva compreender um pouco mais sobre a história e interpretar a cultura vigente. Comentário Nesse sentido, a Educação Museal diz respeito às diversas ações teóricas, práticas, planejamento e organização que possam auxiliar o papel do museu como um grande mediador de conhecimento e ponte para um processo de transformação da sociedade como um todo. Visando ao campo educativo mais focado em crianças, valorizando as estratégicas pedagógicas em artes visuais, o escopo da educação museal deve ser focado em ferramentas, abordagens e metodologias próprias para alcançar a atenção delas. Para tanto, cabe ao professor compreender que o Programa Educativo e Cultural dos museus deve mostrar às crianças o universo imenso das exposições artísticas, instigar pensamentos e reflexões e, claro, promover o diálogo e valorizar os estudos das artes visuais de maneira abrangente. A visita de crianças a um museu pode ser uma experiência muito interessante, ainda mais quando é mediada por um professor ou profissional em artes. Observe algumas estratégias, apontadas pela prof.ª Margaret Imbroisi, de como levar as crianças aos museus: 1. Não tratar e não exigir da criança como se fosse um adulto; a reação e o comportamento das crianças dentro do museu deve ser visto como algo espontâneo e que eles estão começando a descobrir; 2. Procure sempre mostrar o universo de cores, texturas e formas presentes nos museus; é um despertar para a imaginação e criatividade; 3. Se a criança não demonstra interesse dentro de um museu, não insista. Deixa-a no seu universo e vá mostrando aos poucos outros elementos para que, assim, ela possa ser despertada e se sinta motivada em estar naquele ambiente; 4. Se notar que a criança está parada em frente a uma obra de arte, não a chame, deixe-a o tempo necessário para observá-la; provavelmente, é nesse momento que a criança será despertada para algo. 5. Faça algumas perguntas para a criança ao longo do trajeto para que aguce a curiosidade dela sobre o pintor, sobre a vida dele, sobre as cores... lembrando, claro, que a linguagem deve ser sempre usada da maneira mais acessível e simples possível. Para alguns autores como Leite (2006, p. 29), as crianças pequenas podem ser estimuladas à apreciação de obras de arte de diversas maneiras, pois quando se objetiva levar as crianças às exposições, normalmente se cria uma atividade anterior, um “chamariz”, uma “sedução” – como teatro, danças, filmes, brincadeiras ligadas ao pintor cuja obra está exposta. Desse modo, a espontaneidade da expressão das crianças e seu processo de desenvolvimento, por meio de um movimento ocorrido com as exposições escolares, são pontos essenciais que foram observados por Osinski e Antonio (2010, p. 271) ao considerarem que o mundo pós-guerra via nas crianças uma espécie de “futuro de paz” e que a arte poderia (e deveria) formar esse novo homem. Tendo como uma das principais finalidades apresentar essas ideias, as exposições escolares passaram a ser organizadas pelas escolas como culminância das aulas de Arte. Meninos Brincando, por Candido Portinari (1955). Por fim, vale destacar, segundo Franco (2008), que uma exposição, necessariamente, deve transmitir e comunicar alguma ideia e, sendo assim, despertar algo nas crianças, ou seja, uma exposição nasce da intenção de comunicar uma ideia, um tema, um conjunto de artefatos, uma coleção inusitada, parte da obra de um artista, um recorte conceitual sobre determinado acervo museológico, enfim, abrange ações de selecionar, pesquisar, documentar, organizar, exibir e difundir. Atenção Na prática, em um museu, o mediador da ação educativa dos museus e também o professor de artes visuais têm papel fundamental na construção da aprendizagem em artes (em crianças), pois serão alguns dos responsáveis pela sensibilização e mediação dos futuros cidadãos. Os profissionais devem ser capazes de explicar didaticamente às crianças o papel do museu em nossa sociedade, como se relacionar com as obras de arte, como compreender aquele espaço e como trazer as próprias crianças como agentes e criadoras desses novos espaços de contato. Demonstração Partindo dos conceitos de lugar (a instituição museológica) e da pintura (técnicas e práticas desenvolvidas pelo homem para se comunicar), vamos estruturar duas possibilidades de atividades práticas e estratégicas pedagógicas para o ensino de artes na Educação Infantil, visando ao desenvolvimento de competências para exercitar a empatia e a curiosidade, além das habilidades técnicas relacionadas à pintura e instalação em artes. Colagem Escultura (moldar massinha) Desenho livre Mão na massa Questão 1 Exercitar a empatia, o diálogo e a cooperação para o acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupo sociais, sem preconceitos de qualquer natureza, é uma competência de extrema importância para formação do indivíduo, especialmente no que tange às questões socioemocionais. Partindo dessas premissas, vamos considerar uma atividade prática a partir da pintura de Renoir, Rosa e Azul, de 1881. Pierre-Auguste Renoir, artista francês que deu início ao movimento impressionista, autor dessa pintura cujo _black tema foi um retratodas filhas do banqueiro judeu Louis Raphael Cahen d’Anvers, mantém sua assinatura ainda que em obras encomendadas. Detalhes em Rosa e azul – as meninas de Cahen d’Anvers, Pierre-Auguste Renoir (1881). Renoir traz, na leveza dos vestidos de renda, a “mágica” que os impressionistas promoveram na pintura, ou seja, trata-se de um movimento artístico que utilizou brilhantemente manchas pictóricas – sobrepondo diversas camadas – e “diluindo” as linhas marcantes de separação entre as figuras e mesmo entre figura e fundo. As manchas de tintas são capazes de nos informar sobre o tema ou repertório presente na composição, como as duas meninas com seus vestidos de renda, com tonalidades pastéis de azul e rosa e um fundo mais escuro em pleno contraste com todo o branco (ou luz) que as representava. Projete essa imagem e abra para uma conversa com as crianças sobre cores e composição. Feito isso, organize uma atividade individual, em que os meninos terão a tinta de cor rosa e branca para utilizar, e as meninas, azul e branca. Essa atividade tem o objetivo de “desmistificar” a ideia de que rosa é uma cor feminina ou que só pode ser utilizada por elas. Motive a produção de uma pintura de temática livre, com suporte em tela ou papelão, utilizando como recurso técnico o pontilhismo ou as manchas de cores para construção de uma imagem. Nesse exercício, as crianças observarão todas as nuances entre azul, rosa e branco. Exponha o resultado do trabalho em um corredor da unidade escolar, sem o nome visível do aluno. Promova, com essa ação, um debate sobre autoria e gênero a partir das cores utilizadas. Questão 2 Nossa segunda proposta para “colocar a mão na massa” parte da análise da obra Festa de São João, pintura de Heitor dos Prazeres, de 1942. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, Heitor retratou muito a cidade na perspectiva das comunidades, das favelas, das festas de rua e populares, e crianças brincando. O tema da obra escolhida para essa prática é uma festa brasileira, popular, que ocorre anualmente em todas as regiões no período de junho e julho. Festa de São João, por Heitor dos Prazeres (1942). Promova uma conversa sobre festas juninas e recupere, por meio da oralidade das crianças, a vivências delas nesses lugares. Depois disso, organize um trabalho coletivo em que os símbolos das festas juninas – por eles e elas identificados – estejam presentes. Utilize quadrados e retângulos de papéis coloridos para essa atividade. Estimule uma conversa sobre as formas geométricas e a potencialidade do recorte e da colagem para construção de novas formas. Utilize papel pardo como suporte, presencialmente unindo três ou quatro para criar grande painel. Resolução dos Exercícios “Mão na massa” Assista agora a um vídeo que esclarece as questões acima. Teoria na prática Um exemplo prático relacionado a exposições e ensino de artes visuais foi realizado pela professora Adriana Regina de Oliveira Couto na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com o trabalho intitulado Projeto Museus. Couto (2020) desenvolveu um projeto trazendo as crianças para dentro dos museus na tentativa de desmitificar que museus eram “só lugar de guardar velharia”. Ela trabalhou com _black crianças de 3 a 4 anos de idade com os seguintes conteúdos: museus, coleções, avanços tecnológicos, taxidermia, valores éticos da vida e, com isso, objetivou mostrar às crianças os diferentes tipos de museus (cera, história natural, artes, futebol interativo) como uma fonte de resgate histórico e de memórias. A sequência didática realizada por Couto (2020, p. 6), relacionada a seguir, apresenta excelentes estratégias para uma ida/visita ao museu com crianças, e os resultados obtidos pela pesquisadora. Vejamos: 1. Levantamento de ideias prévias em roda de conversa. A primeira pergunta levantada pela professora foi “vocês sabem o que é um museu?”. Das 25 crianças presentes, somente 2 tinham ido ao museu com os pais. 2. Literatura infantil com o livro Os guardados da vovó, de Nye Ribeiro. Esse livro conta a história de um casal idoso que vive em área rural e coleciona objetos, assim, quando a família toda se encontra, a avó resgata as histórias da família por meio desses objetos. Com ilustrações que envolvem os olhares das crianças, o livro ajuda na reflexão acerca da importância de se colecionar as coisas. As ilustrações têm: máquina de datilografia, fotos antigas, selos, máquinas de fotografia, entre outros. Nesta etapa, a professora conversou com as crianças sobre a importância de se colecionar objetos e onde, normalmente, eles ficam guardados (já quase ensaiando a apresentação de um museu). 3. Filme Uma noite no Museu, dividido em 3 dias, tendo em vista que muitas crianças dispersam e não prestam atenção no filme se ele for colocado para se ver de uma só vez. A professora achou melhor dividir dessa maneira porque o tempo de concentração para as crianças pequenas é menor. Ela também teve que explicar para as crianças que as coisas não ganham vida nos museus e que se tratava do imaginário do personagem principal. Depois de terminada a sessão, os alunos, juntamente com a professora, fizeram uma lista de objetos importantes, elencada por eles mesmos, e ela solicitou às famílias que pudessem enviar na próxima aula os objetos considerados antigos para que eles pudessem montar sua própria exposição. Com esse trabalho, eles conseguiram os seguintes objetos para a exposição: moedor de carne, ferro à brasa, réplica do carro Ford 1929, disco de vinil, fita K7, VHS, costurador de meia, gaita, sanfona, entre outros objetos. Com isso, abriu-se uma discussão acerca da importância de cada objeto em cada família e, depois, as crianças fizeram um álbum de desenhos com todos os objetos que receberam. 4. Convite às famílias para participarem das aulas, se possível: algumas famílias puderam participar, inclusive a avó de um aluno apresentou para a turma um moedor de café e mostrou as etapas e processos de fabricação. As fases, como a plantação, a casca do café, o descascar, a torra e o café moído; tudo foi detalhado para as crianças e elas ficaram envolvidas com a aula bem diferente e dinâmica que tiveram, com a presença da família. A professora pondera em seu trabalho: “Esse diálogo entre família e escola é de extrema importância porque facilita o processo de ensino-aprendizagem, na medida em que as famílias ficam envolvidas na vida escolar de seus filhos, valorizando a escola e as produções deles” (COUTO, 2020, p. 8). 5. Trabalhar com o conceito de tecnologia. A dinâmica foi assim: a professora colocou na mesa um ferro a brasa e, do lado, um ferro elétrico e perguntou qual era a diferença. As crianças, intrigadas, logo perceberam que o de brasa não tinha tomada. Assim, a professora explicou o funcionamento da brasa abrindo o ferro e colocando o carvão para detalhar o funcionamento. Aproveitando essa dinâmica, a professora explanou sobre a energia elétrica e como isso ajudou a inventarem mais objetos. Logo em seguida, ela sugeriu um “jogo da memória” para mostrar esse universo infantil – lúdico –, contrapondo os objetos antigos com os novos. 6. Desmistificar a ideia de que museu é coisa chata. A professora usou vários exemplos em sala de aula para mostrar os museus interativos e bem completos que temos no país. Mostrando as diversas ações educativas e possibilidades criativas que podem ser feitas dentro dos museus, ela usou o exemplo do Museu Cata-Vento, em São Paulo. 7. Planejar atividades de campo em museus, de preferência os bem interativos. Para isso, ela planejou ir com as crianças pequenas ao Museu de História Natural de Campinas e, assim, ela aproveitou para explicar os conceitos de taxidermia, a fim de que todos pudessem entender sobre a organização e o planejamento dos museus, mas também para reforçar a ideia de que as crianças não deviam se assustar com os animais, pois eles são empalhados e não são verdadeiros. Segundo a professora, espaços como museus promovem a curiosidade,estimulam, motivam e socializam”. 8. Interagir com as crianças nessas atividades de campo. É de suma importância entender que as crianças pequenas se envolvem com a arte de maneiras diferentes. Assim, a professora, nessa visita ao museu, teve o cuidado de se atentar às questões éticas, pois, inicialmente, eles entenderam que podiam matar os animais para os deixarem expostos. Após uma pesquisa, ela explicou para a turma que as coleções daquele museu eram com animais mortos naturalmente ou vítimas de acidentes em estradas ou ruas. Percebe-se que, com esse trabalho, muitas reflexões podem ser feitas para tornar as experiências das crianças mais agradáveis e possíveis em museus. As estratégias e ações pedagógicas em artes visuais são imensas e, com esses exemplos, observa-se um leque de possibilidades. Desmistificar o museu como “coisa chata” é envolver ações participativas, que sejam interessantes para o universo infantil e que mobilize a criança de alguma forma para que ela fique curiosa. Além de, claro, obter as reflexões sobre os valores éticos (direito à vida) e uma melhor apreensão da função social do museu. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 De acordo com Couto (2020), qual alternativa a seguir não faz parte de uma abordagem mais próxima e lúdica com as crianças quando se fala sobre uma experiência no museu: O professor deve usar vários exemplos em sala de aula para ilustrar sobre os museus A interativos e com muita tecnologia, focando somente nas ações educativas dentro dos museus. B Deve-se fazer um levantamento prévio das ideias em rodas de conversas, para que o professor entenda se a criança sabe o que é um museu e se já visitou algum. C Convidar os familiares, se possível, aos debates em sala de aula. Esse diálogo entre família e escola é de extrema importância porque facilita o processo de ensino- aprendizagem. D As atividades de campo com as crianças podem ser momentos preciosos para a interação entre professor-aluno. As crianças pequenas se envolvem com a arte de maneiras diferentes. Dessa maneira, o professor pode auxiliar explicando alguma coisa ou orientando em certas questões de acordo com o que está sendo visitado. E Trabalhar com a literatura infantil de modo que as crianças se envolvam com as ilustrações e as histórias dos livros, ajudando assim na reflexão acerca da importância de se colecionar as coisas – no caso dos museus. Parabéns! A alternativa A está correta. Espera-se que o professor faça uma abordagem sobre museu e instituições museológicas a partir de vivências cotidianas das crianças, utilizando recursos lúdicos. Questão 2 (Adaptado de COSEAC UFF – Inspetor Escolar – Pref. Maricá – 2018) Segundo a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), “considerando que, na Educação Infantil, as aprendizagens e o desenvolvimento das crianças têm como eixos estruturantes as interações e a brincadeira, assegurando-lhes os direitos de conviver, brincar, participar, explorar, expressar-se e conhecer-se. A organização curricular da Educação Infantil, na BNCC, está estruturada levando-se em consideração: O eu, o outro e o nós; Corpo, gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; e Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações”. A esses cinco eixos estruturantes deu-se o nome de: A Temas transversais. B Habilidades cognitivas. C Currículo básico. D Competências atitudinais. E Campos de experiências. Parabéns! A alternativa E está correta. A pesquisa acadêmica em Artes enfrenta o paradoxo de busca pela legitimação de métodos de pesquisa artística como investigação acadêmica. Esse contexto vem estimulando o surgimento de novos métodos investigativos capazes de abarcar a experiência artística em um produto científico validado sem, no entanto, limitar o artista-pesquisador. 3 - Prática Artística no Ensino Básico Ao �nal deste módulo, você será capaz de analisar a teoria e crítica de arte para compreensão historiográ�ca. Estratégias Pedagógicas em Artes Visuais com Adolescentes O processo de ensinar arte numa sociedade globalizada, em que a tecnologia transforma, a cada momento, os processos de informação e comunicação, afetando diretamente a vida e as relações entre as pessoas, requer reformulações, olhares atentos e inovadores. Conforme as transformações sociais e culturais, que vão sendo instauradas por fatores como o avanço tecnológico, a crescente industrialização, os meios de comunicação em efervescência, algumas questões impõem-se na atuação do educador. Re�exão Vivemos rodeados por imagens de toda espécie. Elas atuam como mediadoras de significados e de valores culturais e sociais. Ao Ensino da Arte impõe-se, então, a necessidade de pensar meios de abordar esse universo de mensagens visuais com as quais convivemos. O processo de ensino-aprendizagem em artes visuais torna-se, com isso, indispensável ao indivíduo e à sociedade como um todo. A educação contemporânea exige uma nova abordagem em que se valorize a pluralidade, as diversidades sobre temas relevantes, e culturas em geral. Na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o componente curricular “Arte” está centrado em diferentes linguagens, como a dança, música, teatro e as artes visuais. Todas essas linguagens se articulam e se interrelacionam na reflexão, na construção, no produzir e no fazer, na prática de ler e ouvir. A sensibilização em arte se manifesta como forma de expressão no processo de aprendizagem em arte. Diante disso, a prática artística e as estratégias pedagógicas em artes visuais, com foco nos adolescentes, deve instigar a prática investigativa, construtiva e também reflexiva sobre as diversas possibilidades criativas que existem neste campo, conforme previsto na BNCC: Os conhecimentos, processos e técnicas produzidos e acumulados ao longo do tempo em Artes visuais, Dança, Música e Teatro contribuem para a contextualização dos saberes e das práticas artísticas. Eles possibilitam compreender as relações entre tempos e contextos sociais dos sujeitos na sua interação com a arte e a cultura. (BNCC, 2018, p. 193) A arte urbana, enquanto manifestação, propósito e técnicas, será utilizada como estratégia pedagógica para o ensino de artes do Ensino Fundamental I e II. Trata-se de elucidar com esse público a importância dessa manifestação artística, demonstrando como ela pode contribuir para o olhar e o envolvimento dos adolescentes nas questões urbanas e dos contextos socioculturais de cada aluno. A preferência do espaço público para fazer essa demonstração artística tem como objetivo, muitas vezes, questionar, levantar questões sociais, refletir sobre a sociedade em que vivemos e, claro, causar impacto em todos os cidadãos que passam naquele espaço. Genial Andar de Bike, por Eduardo Kobra (2015). A arte urbana não costuma seguir padrões previamente definidos e pode usar diferentes técnicas, como o spray (para fazer o grafite, talvez um dos mais conhecidos), os adesivos, pôsteres, murais, moldes, lambe- lambe, dentre outros; assim, as intervenções e apresentações no espaço público são amplas e diversas, em diferentes cidades. Mas como surgiu a arte de rua (ou mais comumente conhecida como arte urbana) no mundo e no Brasil? Vejamos alguns esclarecimentos. Na Antiguidade Clássica Em um passado bem distante (temporal e territorialmente) do nosso, podemos dizer que a Arte de rua surgiu na Grécia, no período Pré-Sócrates, como forma de manifestação literária e cultural, em que os cantores homéricos cantavam seus versos e cânticos na rua com objetivo de entreter o público. Na Idade Média Já na Idade Média, ela surge com os trovadores e artistas que recitavam poesias em festas particulares, com objetivo de chamar a atenção da nobreza ali presente. Nesse momento, nasciam também diversas manifestações artísticas associadas ao movimento de rua, como desenhos, pinturas, apresentações, “estátuas vivas”, pequenas peças teatraise tantas outras que acontecem, inclusive, nos dias atuais em nossas cidades. Nos anos 1970, o Brasil começa a presenciar algumas dessas manifestações, principalmente na cidade de São Paulo, com as obras de grafite, pinturas e pôsteres que eram feitos nas paredes. Deve-se lembrar que o Brasil vivia uma ditadura militar e, sendo assim, o objetivo dos grafites era muitas vezes transmitir as questões do povo, sensibilizar para alguma questão social ou transmitir alguma mensagem. Naquele momento, não existia uma preocupação com a estética, mas sim a necessidade de transmitir a mensagem com exatidão para a população no espaço urbano. O que se viu no Brasil foi uma resposta da população em se manifestar na rua, nas paredes, nos prédios, ou seja, alternativas de comunicação que Na Modernidade Mais recentemente, já nos anos de 1950/1960, em Nova York, surgem, a partir de arte escrita, outras características dinâmicas e associadas a esta, como a cantata e o musical, nascendo nesse contexto o hip hop e, depois, outros ritmos associados a ele – que inclusive se espalha para outras cidades/capitais. denunciassem abusos, inflexões e incoerências que se via no governo da época. Pessoas que eram marginalizadas e que viviam em condições precárias em periferias no país eram, no começo, as que mais usaram as ruas para imprimir o que pensavam e o que queriam dizer. Atenção A arte urbana, também conhecida como “street art”, é, portanto, a maneira como os artistas escolheram para se sentir representados e escolheram a rua como espaço aberto para o diálogo, o convívio, o encontro e as trocas. Na proposta de sair dos lugares ditos “comuns” para a exposição das artes, esses artistas vão às ruas com as mais diferentes manifestações para consagrar suas mensagens por meio dos grafites, das pinturas, das intervenções, apresentações em lugares abandonados, debaixo de viadutos, nos centros urbanos e outros. Assim, a arte urbana é uma forma de resistência que comunica uma luta, denúncia, um envolvimento social, político e/ou econômico e protestos. Pensando no universo do adolescente e em todas as possibilidades que a arte urbana apresenta, faz-se necessário detalhar alguns dos tipos de arte presentes na maioria das cidades brasileiras: Gra�te É uma das manifestações mais populares da arte urbana, que usa o spray nas paredes de edifícios, muros, debaixo de viadutos e ruas. Os desenhos são bem detalhados e geralmente usam a técnica de 3D para dar ainda mais volume e intensidade. Estêncil Esse tipo de técnica também pode ser aplicado em paredes e usa o papel recortado como molde para depois vir com o spray e fixar as ilustrações e/ou desenhos. Autocolantes e colagem Essa técnica consiste em aplicar os desenhos em adesivos, também conhecida como “sticker art”, em que a arte utiliza a aplicação de diversos adesivos ou imagens impressas fixadas com o uso de cola (lambe- lambe). Poemas Este tipo de manifestação artística é amplamente difundido em postes, ônibus, alguns bancos de rua, e nada mais é do que alguns poemas escritos por artistas, como forma de manifestação literária. Estátuas vivas As estátuas vivas são artistas vestidos e pintados, muitas vezes caracterizados, que encenam algum personagem; com isso, objetivam entreter o público que passa na rua, mas também manifestar ou questionar coisas cotidianas por meio do seu corpo. Devemos lembrar que, durante muito tempo, a arte urbana foi marginalizada e considerada “indesejada” por muitas pessoas e, inclusive, figuras públicas como prefeitos e governadores. Contudo, ainda que carregada de preconceitos, a arte urbana atrai diariamente jovens e mais jovens, indicando, assim, um movimento crescente para esse tipo de arte, que é livre, acessível, “sem regras” e aberta para todos os tipos de público. Atenção Nesse sentido, é de suma importância trazer esse tema para a formação do olhar do adolescente, como possiblidade de estratégias pedagógicas para o ensino e inserção do campo das artes visuais nas experiências com a cidade. A arte urbana pode e deve motivar indivíduos de diferentes estratos sociais e faixas etárias, fazendo com que os espaços urbanos sejam usados e entendidos como um campo da sociedade; que é nela, e por meio dela, que podemos expressar o que somos. Nesse sentido, a educação e o ensino em artes visuais, com foco nos adolescentes, visam contribuir para a discussão acerca de questões sobre a cidade e a sociedade, onde se deve incitar a curiosidade dos alunos, bem como saber interpretar a cultura visual e ampla que existe no universo da arte urbana. É nesta troca que a escola ganha força e compreende a dimensão do dia a dia dos adolescentes, como forma de ampliar as escutas e os espaços de contatos entre eles e com o mundo ao redor. Demonstração Valorizar e fruir as diversas manifestações artística e culturais e utilizar diferentes linguagens para expressar e partilhar informações são competências importantes para o ensino de artes, especialmente no estágio do Ensino Fundamental. Partindo dessas premissas, vamos analisar a obra de dois artistas contemporâneos, brasileiros, atuantes em dois contextos urbanos diferentes, mas com muitas proximidades. Mão na massa Questão 1 O primeiro caso é uma obra do artista Maxwell Alexandre, artista carioca que, recentemente, realizou uma exposição intitulada Pardo é Papel. Tomando como referência a palavra pardo, que, pejorativa e comumente, é utilizada para designar cor e raça, Maxwell utiliza o papel pardo como suporte para suas pinturas gigantes – em tamanho e tema. Ele utiliza o repertorio de sua vivência na comunidade da Rocinha, trazendo para a narrativa visual elementos do seu cotidiano, como alunos da escola municipal, brinquedos e objetos, piscinas, edificações, entre outros. Pardo é Papel, por Maxwell Alexandre (2020). Apresente a obra e a exposição aos alunos, suscitando o debate sobre a questão racial, a desigualmente e a geopolítica, a partir da cidade de cada um. Proponha uma reflexão ampla sobre esses temas e, a partir dessa conversa, promova uma obra coletiva, um grande painel que possa ficar exposto ou fixo na unidade escolar, com pinturas, desenhos e colagens de elementos, objetos e personagens representativos de cada aluno. A proposta é a construção de uma narrativa visual, com uma mistura de técnicas e as principais referências socioculturais do grupo. Questão 2 O segundo caso são as obras do artista piauiense Mauricio Pokemon, cujo projeto intitulado Existência representa um aspecto importante de intersecção entre a arte urbana, com a técnica lambe-lambe, e a luta de moradores pela garantia do direito de continuarem morando em suas casas. _black Essa luta, que agora conta com artistas visuais como Pokemon, consiste na resistência desses moradores a um projeto municipal da cidade de Teresina que pretende remover a população ribeirinha do bairro da Boa Esperança para construção de um condomínio. Utilizando a arte no espaço urbano para dar “voz” e visibilidade a esses moradores, Pokemon fotografou e imprimiu as imagens em tamanho real, depois colou- as em vários espaços da cidade de Teresina. Existência, por Maurício Pokemon. Estimule os alunos ao debate sobre moradias e a vida nas cidades, inclusive a luta de todos, e considere a possibilidade de fotografar, imprimir e expor as imagens de vozes e personalidades importantes para os alunos, como referências de vida, memória, afetos e lutas. Resolução dos Exercícios “Mão na massa” Assista agora a um vídeo que esclarece as questões abordadas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa que mais retrata as características da arte urbana brasileira: A A arte urbana é a maneira como os artistas escolhem se sentir representados no encontro e no convívio nas ruas da cidade. B Podemos dizer que a arte urbana é um movimento crescente: que é livre, acessível, “sem regras” e aberta para todos os tipos depúblico. Os jovens podem e devem ser inseridos nas discussões sobre a cidade e o ambiente em que vivem. C A visão multiculturalista do ensino tem o compromisso com a valorização da diferença, e não necessariamente com as diferenças culturais. D O processo de ensino-aprendizagem em artes visuais, torna-se dispensável ao indivíduo e à sociedade como um todo. E A arte urbana deve, necessariamente, fazer parte do universo do adolescente e entender as faixas etárias nos espaços urbanos. Parabéns! A alternativa B está correta. A arte urbana é um movimento artístico com grande liberdade de produção, por parte dos artistas, e está inserido nas cidades, nos diversos ambientes urbanos. Questão 2 (Adaptado de FUNCERN (REITORIA/IFRN) 2014) As imagens visuais nos rodeiam e nos confrontam regularmente por meio da mídia, da cultura popular, do ritual, da tradição e de atividades culturais. Desse modo, é correto afirmar que: A é nas obras de arte que encontramos um complexo total de informação da sociedade. Devemos estar atentos às manipulações. a leitura de uma imagem é a leitura de um texto, de uma trama, de algo tecido com B formas, cores, volumes, texturas... em nada se relaciona com as interpretações que se fizer do cotidiano. C as imagens presentes no cotidiano possuem caráter representacional das sociedades, por isso as relações entre várias formas de cultura visual são aspectos importantes do conhecimento da arte. D uma simples obra de arte pode estar carregada de informações, capazes de influenciar o olhar das pessoas para uma única direção. E as imagens presentes no cotidiano não possuem capacidade representacional, este caráter é dado a partir da análise artística. Parabéns! A alternativa C está correta. A arte urbana também se apropria de imagens do cotidiano, pois elas representam a cultura visual do indivíduo. 4 - Linguagens de Artes Visuais Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os diferentes materiais para prática artística dentro do ensino básico. Linguagens de Artes Visuais para o Ensino Médio Como vimos até o momento, o ensino em artes visuais, desde as etapas iniciais da educação até a fase adulta, é de suma importância para a formação de qualquer cidadão. O autor Martins (1998, p.21) descreve sobre o papel fundamental da arte no ensino infantil: “Quando a criança desenha, faz uma escultura ou dramatiza uma situação, transmite com isso uma parte de si mesma: nos mostra como sente, como pensa e como vê.” Isso acontece não somente com crianças, mas também com alunos nas etapas do ensino fundamental e médio; por isso, a BNCC organizou em quatro áreas do conhecimento, as abrangências que devem acontecer para os alunos do Ensino Médio, que são: Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, as Ciências da Natureza e suas Tecnologias, a Matemática e suas tecnologias e, por fim, as Linguagens e suas Tecnologias. Essas áreas do conhecimento visam – basicamente – ao fortalecimento das relações entre elas e suas contextualizações, de modo a intervir na realidade para uma melhor apreensão dos alunos. De acordo com a BNCC (2018, p. 461), existem grandes desafios na organização curricular do Ensino Médio vigente, e a abordagem pedagógica deve mudar para algo mais “atraente” para os jovens, mais acessível, de modo que atenda às suas expectativas das culturas juvenis e visando ao mundo do mercado de trabalho, conforme destaque: Mostra-se imprescindível considerar a dinâmica social contemporânea, marcada pelas rápidas transformações decorrentes do desenvolvimento tecnológico. Trata-se de reconhecer que as transformações nos contextos nacional e internacional atingem diretamente as populações jovens e, portanto, o que se demanda de sua formação para o enfrentamento dos novos desafios sociais, econômicos e ambientais, acelerados pelas mudanças tecnológicas do mundo contemporâneo. (BNCC, 2018, p. 462) Ainda de acordo com a BNCC, a noção deve ser ampliada sobre o que é a juventude dos dias atuais e como ela pode ser entendida como dinâmica, plural e muito ativa nos processos participativos para formação e autonomia de todos os sujeitos inseridos nela. Nesse sentido, a juventude está em “constante diálogo com outras categorias sociais, encontram-se imersas nas questões de seu tempo e têm importante função na definição dos rumos da sociedade” (BNCC, 2018, p. 463). Visando elucidar ainda melhor as finalidades do Ensino Médio, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 1996, art. 35) estabelece conceitos básicos: 1. A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no Ensino Fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; 2. A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; 3. O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; 4. A compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. Assim, para que se cumpram essas finalidades, as escolas devem acolher os jovens do Ensino Médio com olhar mais ampliado, dando prosseguimento aos estudos e se atentando a todas essas questões e tantas outras, relativas às formações nos alunos, como as ambientais, políticas, econômicas e sociais. De acordo com a BNCC (2018, p. 466), a escola que acolhe as juventudes deve explicitar seu compromisso com os fundamentos científico-tecnológicos da produção dos saberes, promovendo, por meio da articulação entre diferentes áreas do conhecimento: a compreensão e a utilização dos conceitos e teorias que compõem a base do conhecimento científico e dos procedimentos metodológicos e suas lógicas; o reconhecimento da necessidade de continuar aprendendo e aprimorando seus próprios conhecimentos; a apropriação das linguagens das tecnologias digitais e a fluência em sua utilização; e a apropriação das linguagens científicas e sua utilização na comunicação e na disseminação desses conhecimentos. Seguindo esse raciocínio, algumas metodologias de ensino podem ser bastante eficazes para provocar o desenvolvimento de habilidades específicas, como em artes visuais – que é um campo amplo e bastante diverso. Para começar, as habilidades precisam estar diretamente relacionadas às competências, no sentido mais amplo de compreensão das tarefas e a sua capacidade de resolver problemas ditos complexos. Atenção Nesse sentido, para motivar os alunos, especificamente do Ensino Médio, é imprescindível que o professor também desenvolva suas habilidades enquanto profissional, para que o aluno entenda a motivação dele e veja a profundidade do que está ensinando. Outra importante referência é estar sempre atento às inovações tecnológicas. Existem várias maneiras de tornar o ensino em artes mais atrativo e interativo por meio das plataformas de ensino digitais e tecnológicas. Os professores podem sugerir sites e plataformas on-line – que sejam gratuitos – e que possam oferecer diversos conteúdos específicos para cada temática; mediante vídeos e debates ao vivo, como é o caso dos Moocs (Massive Online Open Courses); e em que os alunos são convidados a participarem das dinâmicas das aulas. As aulas mais interativas e gamificadas, com o uso de plataformas digitais, ajudam bastante no processo de aprendizado nessa fase. Transformar a sala de aula em um espaço participativo e envolvente faz com que várias conexões e relações sejam construídas no processo. Aqui vão alguns exemplos de experimentos que podem ser feitos: Premiações Como nos jogos de videogame, é possível estabelecer recompensas e pontos extras em casos de acertos. Tentativas Um usuário de videogame é provocado, muitas vezes, a tentar diferentes estratégias até subir de nível. Isso é bem interessante de aplicar em sala de aula. Caminhos diferentesDificilmente, um jogo de videogame apresenta apenas um caminho. Nesse sentido, mostre aos alunos as diversas possibilidades que a escola pode oferecer dentro do ambiente acadêmico. Essas são algumas das opções voltadas ao campo da gamificação, mas, claro, dentro dessa área imensa da tecnologia, existem outras formas de integração com os alunos. Os jogos de interação virtual, por exemplo, são alternativas excelentes quando se foca na capacidade dos alunos de decidir, lidar com problemas e situações adversas e ajuda bastante a contribuir para o aprendizado. Dica O Socrative, por exemplo, é uma plataforma que permite enviar e receber perguntas ao mesmo tempo, em tempo real, entre os alunos, incentivando de imediato a participação de todos. Já o Thinklink é uma plataforma para que mais recursos de multimídia sejam criados, para integrar e interagir ainda mais com seus usuários, como os vídeos, balões, e outros recursos que auxiliam e complementam a experiência em sala de aula. Uma rede social educativa e colaborativa, que aproxima o diálogo sobre as linguagens em artes visuais para o Ensino Médio, é a plataforma Efuturo, em que alunos e professores desenvolvem juntos uma abordagem lúdica sobre diversos temas mediante uso de tecnologia, conseguindo uma ótima conexão entre o ensino e os desafios da aprendizagem do século XXI. Assim, essas e tantas outras plataformas reforçam o que a BNCC (2018, p. 470) descreve por “ampliação da autonomia dos sujeitos”: No Ensino Médio, o foco da área de Linguagens e suas Tecnologias está na ampliação da autonomia, do protagonismo e da autoria nas práticas de diferentes linguagens; na identificação e na crítica aos diferentes usos das linguagens, explicitando seu poder no estabelecimento de relações; na apreciação e na participação em diversas manifestações artísticas e culturais e no uso criativo das diversas mídias. (BNCC, 2018, p. 470) Assim, o conjunto de linguagens e competências voltadas ao Ensino Médio integra as orientações gerais da Educação Básica, subsidiando os currículos escolares e a aprendizagem, de maneira geral, para construírem propostas mais dinâmicas, diversificadas e cada vez mais integradas com o universo desses jovens. Demonstração Partindo das premissas importantes de compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação para se comunicar e exercer protagonismo na vida pessoal e coletiva, e valorizar a diversidade de saberes um para projeto de vida, competências essenciais para formação do indivíduo, vamos aplicar esses conceitos nas propostas práticas desenhadas para ensino de artes no Ensino Médio. Mão na massa Questão 1 A primeira demonstração prática refere-se ao trabalho da Dra. Nanci Saraiva Moreira, intitulado Espaços educativos para a escola de Ensino Médio. Em sua tese, a autora expõe como a arquitetura do edifício interfere no desempenho das práticas pedagógicas e na qualidade de vida – como um todo – daquele aluno de ensino médio. Nesse sentido, ela busca revisar a necessidade de organização espacial e da qualidade ambiental – especialmente em edifícios de escolas públicas – para entender como a arquitetura escolar pode contribuir para o processo de aprendizagem dos alunos. Nanci apresenta duas soluções que as escolas têm adotado para torná-las mais convidativas e atrativas ao encontro e convívio entre os alunos, demonstrando duas formas de “transformação”, a saber: 1. Mantendo a estrutura tradicional da escola, baseada em uma sala de aula com ampliação de sua área construída por meio de incorporação de ambientes especiais; 2. Adotando o sistema de “salas temáticas”, que transforma a sala comum em várias oficinas, onde os ambientes são equipados com materiais específicos de cada disciplina. Dessa maneira, um rodízio sempre acontece com os alunos fazendo com que todos possam ver e conhecer todos os materiais. A imagem a seguir mostra as possibilidades de arranjos organizacionais ou de novos layouts dentro da mesma sala de aula. Dependendo das atividades ou das orientações dadas em salas de aula, o espaço pode ser amplamente redesenhado, pelos alunos ou professores, em função do rearranjo somente do mobiliário: _black Na segunda imagem, por sua vez, a autora descreve os ambientes que possuem um layout com uso predefinido, seja um auditório ou algum laboratório específico. Perceba que, à diferença dos layouts anteriores, estes já apresentam solução com objetivos específicos, ou seja, eles já “moldam” as posturas das atividades a serem feitas naquele local. Os ambientes escolares e suas dimensões devem ser cuidadosamente estudados pelos profissionais responsáveis, de modo a atender os desejos e objetivos específicos de cada ambiente. Dessa maneira, observa-se como a arquitetura escolar interfere no processo de aprendizagem e como ela pode ser usada como estratégia na mediação nesse processo, com foco principalmente nos alunos do ensino médio. Inspirados pela possibilidade de novos layouts, convide os alunos e alunas do Ensino Médio a projetarem e colocarem em prática novas soluções de organização da sala de aula. Deve-se levar em consideração estudos que considerem a sala de aula para as funcionalidades do ensino de artes: ateliê, laboratório, palco, espaço expositivo, entre outros. A dinâmica de planejar e desenvolver novos espaços e funcionalidades para a sala de aula contribui para a atividade em grupo, a noção espacial, o desenvolvimento de projetos e a cooperação, e o reconhecimento da diversidade em um espaço coletivo. Questão 2 A segunda proposta tem como ponto de partida a instalação da artista Anna Maria Maiolino, para a 29ª edição da Bienal de São Paulo, intitulada Arroz e Feijão. Arroz e feijão, instalação de Anna Maria Maiolino. Essa instalação nos suscita muitas reflexões, sendo as principais sobre cultura e alimentação. Esse é, sem dúvida, um tema muito caro entre os jovens desse público que estamos estudando – o ensino médio. Proponha uma atividade em grupo para a realização de uma instalação, considerando o espaço da sala de aula, as mesas e as cadeiras, e incentive os alunos a criarem uma instalação sobre alimentação e cultura na contemporaneidade. Promova o debate sobre o resultado obtido (a obra concluída) e convide a comunidade escolar para visitar a instalação. Registre todas as etapas do processo, inclusive a visitação, para evidências e memória do projeto realizado. Resolução dos Exercícios “Mão na massa” Assista agora a um vídeo que esclarece as questões abordadas. Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A percepção sobre o que é arte e por que os alunos se relacionam com ela abre uma perspectiva complicada. Se para alguns é lazer, passatempo, ou algo de menor importância, para outros, entende-se que o formar o sujeito é vital, e nisso a arte participa. Sobre como alcançar os alunos na adoção de metodologias de ensino em artes para o Ensino Médio, é correto afirmar: A Elas devem ser gamificadas e ajudar no processo de aprendizagem do aluno, sendo a única maneira de garantir sua atenção. B As metodologias devem adotar práticas e soluções socioeducativas, interativas e l b i d d i diál b li i i colaborativas, de modo a aproximar o diálogo sobre as linguagens em artes visuais. C As metodologias dependem dos ambientes escolares, da disponibilidade que a escolas oferecem, e, por isso, não podem ser desenhadas ou propostas sem ser individualmente. D A arte é o alimento do espírito, então, deve-se buscar uma formação do sujeito clássico, capaz de vivenciar o mundo, experimentar a arte, sendo a métrica básica e fundamental para formar sujeitos. E A escola que acolhe a juventude não tem de explicitar seu compromisso com os fundamentos científico-tecnológicos da produção dos saberes em artes, deve somente verificar quais são as habilidades que os alunos possuem, reforçando-as e melhorando-as. Parabéns! A alternativa B está correta. As metodologias ativas, que consideramas práticas e soluções socioemocionais, são fundamentais para formação do aluno e aluna do ensino médio. Questão 2 (Adaptado de FUNDEP – 2018 – Prefeitura de Santa Bárbara – MG - Professor – Artes) “A busca de um ensino de arte em perspectiva do futuro, contra toda forma de reprodução burguesa e alienante, deve propor um currículo consequente, que alcance a grande maioria da população. Essa ação pedagógica é a luz que enxergamos no fim do túnel – deve nascer do real, sempre de maneira crítica e criativa”. (AZEVÊDO. In: Som, Gesto, forma e cor – Dimensões da Arte e seu Ensino, 2003) Sobre as considerações de Azevêdo, avalie as assertivas: I - O ensino de Arte de qualidade não deve ser efetivado como um ato político. II - O ensino de Arte deve garantir a todos o acesso a conteúdos vivos e concretos, ligados às realidades sociais e suas contradições. III - Todas as linguagens artísticas podem dialogar com a política, as ideologias, as ciências, a filosofia, e, ainda, com as guerras, as injustiças, e, acima de tudo, com o amor. IV - O ensino em Arte, em sua contemporaneidade, busca englobar métodos formais e não formais. Assinale a alternativa correta: Considerações �nais Neste conteúdo, vimos o sentido e o significado de competências e habilidades no ensino de Arte e as diversas propostas/estratégias pedagógicas para as diferentes faixas etárias da Educação Básica. Além A I, II e III estão corretas. B I e II estão corretas. C I e III estão corretas. D I e IV estão corretas. E II, III e IV estão corretas. Parabéns! A alternativa E está correta. A concepção da arte como ato político é uma das formas de inseri-la como fonte e instrumento importante para formação de uma sociedade crítica e consciente. Um exemplo que ilustra essa questão são as pinturas, esculturas e os desenhos que retratam cenas de desigualdade social, pessoas com pouca visibilidade ou desconhecidas, como a obra Terceira Classe, de Tarsila do Amaral, que retrata uma família que viaja com poucas condições em vagões de trem separados por classes sociais. Ocupar o espaço de uma tela e conferir a esse tema o valor de obra de arte é um importante ato político de visibilidade das diferentes camadas que compõem a sociedade brasileira. disso, tratamos de pontos elencados na BNCC e que têm grande interface com o campo da prática e crítica artística. Os textos tiveram a função de apresentar de maneira introdutória e teórico-conceitual os 4 módulos previstos para o ensino de artes. Em seguida, as estratégias para as etapas – educação infantil, fundamental I e II e ensino médio – foram sugeridas no formato “mão na massa” para que você compreenda de que maneira a competência pode ser trabalhada em sala de aula, assim como tenha casos práticos exemplares que poderão ser utilizados quando estiver lecionando. Podcast Ouça agora um podcast em que são exploradas ideias sobre arte, escola e educação. Referências BARBOSA, A. M. (Org.). Ensino de Arte: memória e história. São Paulo: Perspectiva, 2008. BARBOSA, A. M. Dilemas da Arte/Educação como mediação cultural em namoro com as tecnologias contemporâneas. In: Arte/Educação Contemporânea. Consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2008, p. 98-112. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – 2ª versão. SEB/MEC, Brasília, 2016. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – 3ª versão. SEB/MEC, Brasília, 2017. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (Educação Infantil e Ensino Fundamental) – última versão. SEB/MEC, Brasília, 2018. COUTO A R O O museu como um espaço de aprendizagem na Educação Infantil Ciências em Foco v 9 n COUTO, A. R. O. O museu como um espaço de aprendizagem na Educação Infantil. Ciências em Foco, v. 9, n. 2, p. 8. Campinas, 2020. FRANCO, M. I. M. Planejamento e organização de exposições – Parte II. 3º Fórum Nacional de Museus, Florianópolis, 2008. FUNDAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO ESCOLAR. Manual de ambientes FDE. São Paulo: FDE, 2003. HUYGHE, R. O poder da imagem. Lisboa: Edições 70, 1986. LEITE, M. I. Museus de Arte: Espaços de Educação e Cultura. In: LEITE, M. I.; OSTETTO, L. E. (Orgs). Educação e Cultura: Encontros de Crianças e Professores com a Arte. 2. ed. Campinas: Papirus, 2006. (Coleção Ágere). MARTINS, M. C.; PICOSQUE, G. GUERRA, M. T. T. Didática do ensino da Arte. São Paulo: Editora FTD, 1998. OSINSKI, D. R. B.; ANTONIO, R. C. Exposições de arte infantil: bandeiras modernas pela construção do novo homem. Acta Scientiarum Education, Maringá, v. 32, n. 2, p. 269-285, 2010. SANTA ROSA, N. S.; SCALÉA, N. S. Arte-educação para professores. Rio de Janeiro: Pinakotheke, 2006. Explore + Você já viu experimentos de arte com professores no seu cotidiano? O prêmio Territórios Educacionais mostra muitas dessas experiências e está disponível na página do Instituto Tomie Othake. Um bom artigo sobre como a arte é poderosa no desenvolvimento infantil é o Arte e desenvolvimento na educação infantil, de Rosana Maria de Jesus e Natália Nunes Scoralick Lempke. Há uma série de projetos de museus infantis cujo foco da arte e do desenvolvimento é priorizado, como o Museu da Imaginação em São Paulo. Uma jóia da literatura infantil inglesa, em livro escrito por Marie Louise de la Ramée, The Dog of Flanders, foi adaptado mais de uma vez para as telas. O destaque fica para a adaptação japonesa feita em 1997, que transformou a história do pequeno Nello, um garoto que sonhava em ser um grande pintor, e seu cão inseparável, Patrasche, em anime. Há um programa de desenho animado no YouTube que apresenta, de forma divertida, grandes nomes da História da Arte. Os episódios giram em torno dos amigos Mati e Dada, que são transportados no tempo para conhecer os artistas renomados. A classificação é livre. Pesquise sobre o Efuturo e conheça um repositório de materiais pedagógicos para uso com Tecnologias. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()