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Imigrações do início do século XIX SP 1_2023


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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
LICENCIATURA EM HISTÓRIA
Amanda Amaral Matias Caetano
David Lucas de Oliveira Costa
Larissa Conceição do Nascimento
Letícia Caetano de Souza
Matheus Henrique Moraes de Andrade Santos
BRASIL REPÚBLICA
IMIGRAÇÕES NO INÍCIO DO SÉCULO XIX ATÉ O SÉCULO XX
ATÉ O XXX
São Paulo
2023
Amanda Amaral Matias Caetano
David Lucas de Oliveira Costa
Larissa Conceição do Nascimento
Letícia Caetano de Souza
Matheus Henrique Moraes de Andrade Santos
BRASIL REPÚBLICA
ATÉ O SÉCULO XXIMIGRAÇÕES DO SÉCULO XIX ATÉ O XXX
Trabalho para obtenção de nota
parcial, no curso de licenciatura em
História, para a Universidade da
Cidade de São Paulo
Orientadora, Prof. Dr. Eliane
São Paulo
2023
2
SUMÁRIO
1. Introdução……………………………………………………………………………4
2. Contextualização
2.1. Imigração……………………………………………………………………………….5
2.2. Divisão…………………………………………………………………………………..5
2.3. Perfil dos Imigrantes…………………………………………………………………...6
2.4. Imigração Rural………………………………………………………………………...6
2.5. Imigração Urbana………………………………………………………………………7
2.6. Descrédito no Brasil……………………………………………………………………7
2.7. Movimento Operário……………………………………………………………………8
3. Japão
3.1 Imigração japonesa no Brasil………………………………………………………….8
3.2. História do Japão no séc. XIX…………………………………………………………9
3.3. Brasil, processos imigratórios e a relação de amizade com Japão……..…10 e 11
3.4. Japoneses chegam ao Brasil………………………………………………………..12
4. Itália…………………………………………………………………………….13 e 14
5. Portugal………………………………………………………………………..14 e 15
6. Alemanha………………………………………………………………..…….15 e 16
7. O Museu da Imigração do Estado de São Paulo………………………….16 e 17
8. Plano de aula………………………………………………………………….17 e 18
9. Referências bibliográficas……………………………………………………18 e 19
3
1. Introdução
Este trabalho visa realizar um estudo acerca do trajeto processual de notáveis grupos
imigratórios e seus fluxos para o Brasil, razões, as políticas desenvolvidas e a posição do
Brasil em relação ao ao cenário político e econômico global nos séculos XX e final do XIX.
O objeto de estudo é fundamento com a contextualização espaço-temporal brasileira,
portuguesa, espanhola, italiana, japonesa e alemã; a partir daí, é arquitetado a
exemplificação de tais jornadas migratórias onde é possível analisar suas pessoalidades, e
suas influências na construção das estruturas brasilienses.
Percebe-se permanências históricas no desenvolvimento e fundamentação urbano, social,
político e econômico da identidade social e geográfica brasileira; visando entender a
materialidade social, cultural e étnica na assimilação destes grupos estrangeiros no produto
moderno e contemporâneo do cidadão e ser social brasileiro – tanto na identidade nacional
quanto na sua formação territorial.
Observa-se com tais levantamentos para análise do processo histórico perante as diversas
historiografias produzidas a respeito da temática.
4
2. Contextualização
2.1. Imigração
Entre 1889 a 1930 houve a chegada de aproximadamente 3,5 milhões de estrangeiros, o
que é equivalente a 65% dos que entraram entre 1822 e 1960. Sob a ótica de uma extinção
do trabalho escravo, a implantação do trabalho livre deveria recorrer a importação de mão
de obra estrangeira, devido a política eugênica de europeização da população.
Daí houve a construção das hospedarias de imigrantes, referentes aos locais de recepção
de imigrantes e migrantes que estavam de passagem e que após chegarem de viagem
partiam para outros lugares em busca de trabalho, quer no campo ou nas cidades, já que
nem sempre vinham com contratos prévios.
O perfil do imigrante em sua maioria se tratava de camponeses que buscavam obter terras,
quebrar contratos onde eram subalternos, fugir da fome, obter condição de camponês
independente e obter uma estadia de longo prazo, objetivos diferentes da grande parte dos
estrangeiros que foram para a Argentina e os Estados Unidos.
Houveram diversos conflitos – em especial nos anos iniciais – devido à divergências de
classes, etnias, à luta no mercado de trabalho e até entre governos. Grande parte dos
conflitos entre afro-descendentes e imigrantes, em cidades como São Paulo onde havia uma
maioria branca, os conflitos foram menos explícitos – porém não os casos de racismo.
A respeito da subvenção, tem-se que governos estaduais e governo federal eram em
maioria os responsáveis, mas os estaduais não conseguiram manter-se por muito tempo e
recorreram à união, esta que não financiou durante boa parte da primeira década do século
XX.
Nos grandes pólos dos fluxos migratórios temos os interesses paulistas que diziam respeito
ao fornecimento de mão de obra para o complexo cafeeiro e os sulistas entre alguns dos
interesses buscavam população estável em áreas escassamente povoadas, fortalecimento
do mercado interno e colonização em áreas fronteiriças.
2.2. Divisão
São Paulo foi o destino de 57% dos imigrantes entre 1889 e 1900, 80% destes eram
imigrantes subvencionados.
Nos estados do Sul a maioria estava em regiões serranas, principalmente no Rio Grande do
Sul, onde haviam consistentes núcleos coloniais rurais formados por pequenos proprietários
e uma urbanização recente.
5
Na região maior dos estados do Norte e Nordeste, houve uma inserção pouco significativa
se comparado ao resto do país, porém extremamente importante nas dinâmicas
econômicas, sociais e culturais das grandes cidades.
O DF e RJ eram destinos para migração urbana, Minas Gerais tinha um número
considerável de imigrantes no seu sul geográfico, o que era de certa forma visto como
extensão paulista e o Espírito Santo já era buscado em sua maioria para uma política de
colonização rural nas áreas serranas, com grande parte dos imigrantes de origem Alemã e
Italiana.
Em 1920, 2/3 da população da cidade de São Paulo era composta pelos imigrantes e seus
descendentes. A cidade do Rio de Janeiro chegou a ter mais de 1/4 de estrangeiros, Porto
Alegre tinha 12% da população e as cidades do norte também tinham um número
considerável, Recife por exemplo, cerca de 4%.
2.3. Perfil dos Imigrantes
Portugueses, sírio-libaneses e alemães tinham forte presença no empresariado e na classe
média comercial, era proporcionalmente consistente desde o início do processo migratório.
Italianos, espanhóis e japoneses tinham forte caracterização proletária, principalmente os
espanhóis.
2.4. Imigração Rural
A inserção prevalente foi do tipo rural, devido ao aumento da agroexportação – em especial
do café – e o processo de industrialização incipiente. Através da grande quantidade de mão
de obra, iniciou-se uma seleção qualitativa que pressionava para baixo os salários.
As primeiras entradas foram estabelecidas através de núcleos coloniais geridos pela união,
após o fracasso que se sucedeu, houve uma reorientação da política imigratória ao longo da
década de 1880 com auxílio de fazendeiros paulistas. Os latifúndios beneficiados em sua
maioria eram localizados nas principais regiões rurais do sudeste, e através dos núcleos
coloniais se fortalecia o sonho de obter terras que poderiam ser quitadas ao passar com o
tempo.
Os núcleos coloniais desempenhariam a função de “germens” de futuras cidades, uma vez
que havia necessidade de povoamento e estruturação social do país, por meio de uma
classe média que deveria ser formada por um novo elemento nacional, diferente do negro,
seguindo planos do governo imperial para “embranquecimento”.
Os latifúndios porém, não absorvem toda mão de obra, há uma diminuição do preço do café
no fim do século XIX e uma crise de superprodução, com esse entrave no sonho de
conquista as terras para uma parcela relativa dos imigrantes, cria-se um reservatório de mão
de obra rural funcional.
6
2.5. Imigração Urbana
Havia dois tipos de imigração, direta e indireta.
A indireta ocorreu em prevalência nos últimos anos do século XIX, geralmente por
insatisfação com condições de trabalho, busca por ascensão social e maiores possibilidades
para educação e a saúde. Não poucas vezes o retorno à pátria de origem passava por um
período de trabalho nos centrosurbanos.
Já a direta, como nos EUA e Argentina, também houveram imigrantes rurais e urbanos que
graças suas redes, já tinham tomado consciência da impossibilidade de adquirir aquela
independência, portanto se utilizaram da imigração subvencionada do próprio grupo familiar,
por vezes tendo breve permanência no meio rural para depois ir para cidades onde eram
aguardados por parentes e patrícios, se inseriram rapidamente no mercado de trabalho
urbano, não poucas vezes devido a contatos nem precisaram passar pela fazenda.
Empresários, comerciantes e profissionais liberais estrangeiros bem sucedidos em sua
maioria geralmente chegavam ao Brasil com capitais ou como técnicos e administradores de
firmas, ou ainda como membros de sólidas redes comerciais, procurando uma ascensão
social e uma consolidação maior que não lhe eram possíveis no país de origem. Em SP em
1920 quase 65% das empresas eram propriedade de estrangeiros.
2.6. Descrédito no Brasil
Obter terras no Brasil para muitos permanecia um sonho, pelo menos a curto prazo. Em
1905, 87% do valor das terras paulistas ainda estavam nas mãos de brasileiros, embora
esse total tenha diminuído para 63% em 1920.
A isso se juntava toda uma série de dificuldades de condição de vida e de trabalho, uma
cultura difusa de maus tratos nas fazendas, desatendimento das condições fixadas nos
contratos de colonato entre fazendeiros e lavradores imigrados, além do isolamento
vivenciados, doenças que acometiam muitos e geram alto índice de mortos – que
desfalcaram os salários.
Além do retorno à terra natal, a luta por melhorias das condições de trabalho e salários
como respostas, também houve a migração secundária para os principais centros urbanos
do estado de São Paulo, para a capital federal e pequenas cidades de Minas Gerais, além
do descrédito do Brasil como país receptor através da veiculação de impressões negativas
pelas redes familiares e regionais de imigração, essa foi mais eficaz que a propaganda em
prol ou a contrapropaganda realizada pela Argentina e outros países.
Essa propaganda foi acompanhada pelas proibições da imigração subvencionada para o
Brasil por parte dos principais países de origem dos imigrantes.
7
A união e sobretudo o governo de São Paulo foi obrigado a procurar cada vez mais países
dentro e fora da Europa, buscando imigrantes.
2.7. Movimento Operário
No movimento operário dos estados do Sul e Sudeste, a presença estrangeira se evidenciou
diretamente nas lideranças sindicais e políticas, chegando a caracterizar fortemente todo o
processo de formação da classe operária local, e se traduziu também na publicação de uma
miríade de jornais voltados para os trabalhadores de diversas tendências políticas
(principalmente anarquistas, sindicalistas, revolucionárias e socialistas).
Isso levou o governo brasileiro a promulgar em 1907 a Lei de Expulsão de Estrangeiros
envolvidos em liderança de greves, manifestações e organizações trabalhistas.
Certamente, os fluxos migratórios e o fato de que estrangeiros constituíam, dependendo dos
setores e períodos, grandes minorias (como na capital federal) ou de 50% a 70% da força de
trabalho (como em muitas cidades do sul e sudeste,sobretudo no estado de São Paulo, isso
sem considerar os filhos que já trabalhavam), chegando a quase monopolizar determinados
ofícios, possibilitaram esse papel de destaque na construção do movimento operário e em
geral na luta de classes.
A circulação de idéias e experiências que os imigrantes proporcionaram teve um peso
indiscutível nesse processo, sobretudo no aspecto transnacional e da difusão de tendências
políticas mais radicais e de ação diretas, algumas bastante difusas em seus países de
origem, contudo a maioria dos imigrantes aqui aportados não vinham com uma "bagagem"
de militância e de lutas, essas geralmente foram construídas nas cidades brasileiras, em
relação às situações e a sociedade local.
3. Japão
3.1 Imigração japonesa no Brasil.
Apesar de ser, entre todos os povos imigrantes, a de menor número em quantidade de
pessoas, sem dúvida alguma, a imigração japonesa é uma das mais importantes imigrações
que o Brasil teve, pois, a troca cultural dos japoneses com o povo brasileiro foi positiva em
que laços entre as duas nações e conhecimentos foram trocados pelos dois países.
Essa movimentação de japoneses dentro do território brasileiro não foi rápida e de imediato
como pensamos ou imaginamos. Processo demorado que precisou ser analisado por ambos
os países, Brasil e Japão, em anos de estudos e negociações até o dia em que
Kasato-Maru, o primeiro navio japonês embarcado pelos imigrantes, chegou no porto de
Santos, no dia 18 de junho de 1908.
Mas antes desse fato, ocorreram outros diversos, tanto no Japão, quanto no Brasil, para que
ambos os países chegassem ao acordo que efetivamente aprovou a chegada das primeiras
famílias japonesas. Antes de fato, de entendermos o processo da imigração japoneses no
8
Brasil, precisamos voltar um pouco no tempo e entender os fatos que fizeram o governo
japonês, aprovar a imigração dos seus cidadãos como forma de resolver problemas sociais
internos de seu país, dessa forma, vamos entender um pouco a curiosa história do Japão,
especificamente, o Japão no séc. XIX.
3.2. História do Japão no séc. XIX
No começo do séc. XVII, uma nova era se iniciou no Japão, chamado de período Edo
(1603-1867). Esse período foi marcado com alguns pontos que inflaram com o passar dos
anos até a metade do século XIX. A primeira característica marcante desse período, é o
isolamento incondicional do Japão com o restante do mundo, onde foi fechado todos os
portos e o país não fazia mais comércios com outras nações da Ásia, principalmente a
China.
Além disso, com a soberania do clã Tokugawa como família imperial, foi iniciado um
processo interno de estruturação social onde os guerreiros, comerciantes e donos de terras
gozavam de privilégios do estado. O comércio era interno, feito através dos estados
vassalos, aos quais líderes militares chefiavam o território e juravam fidelidade ao
Shogunato.
Dentro desse cenário, todos os outros grupos não eram considerados da sociedade, assim
excluídos dentro desse sistema adotado pelo Japão. Com a paz interna, os estados
vassalos aumentaram as taxas de impostos para sustentar os luxos dos samurais e a
economia mercantilista ficou cada vez mais estagnada. Os problemas sociais e econômicos
foram se agravando, pois, a população rural vivia na miséria, procurando atividades para
tentar ajudar na sua subsistência, além de que começou a ser praticado pelas classes mais
pobres o infanticídio e o aborto, a fim de minimizar a fome constante.
Os samurais, por mais que vivia com grande prestígio, não tinham grandes riquezas,
fazendo por muitas vezes empréstimos com agiotas ou comerciantes, e os lavradores
empobrecendo, forçando-os a vender suas terras para grandes latifundiários e
comerciantes, assim uma inversão na estrutura econômica ocorreu dentro do Japão, onde
comerciantes e agiotas começaram a ascender no poder da sociedade japonesa.
Os problemas sociais estavam fora do controle, ao qual muitos samurais se desvincularam
de seus senhores e se aliando aos muitos camponeses descontentes que iniciaram levantes
contra o modelo social dos Tokugawa, da mesma forma que ao sul do japão, muitos
senhores feudais insatisfeitos com essa estrutura, se aliaram a alguns comerciantes pedindo
reformas, apoiando a restauração do poder imperial, apoiando Mutsuhito, o imperador da
nova era que está preste a nascer, o período Meiji.
O fim do reinado do clã Tokugawa estava chegando, pois a política de isolamento sofreu a
sua primeira interferência interna no ano de 1853. O comodoro americano, Matthew Perry,
exigiu a abertura dos portos japoneses. Esse contato trouxe a insegurança do império
japonês, forçando a sua abertura e percebendo que a solução para resolver as crises era
modernizar as estruturas internas do Japão.
9
Dessa forma, a reforma veio através do período chamado Meiji (1868-1912), conhecida
como a Eradas luzes. O Japão não queria submeter a ameaça ocidental, pois nessa época,
a África e seus vizinhos asiáticos já estavam sendo partilhadas pelas potências europeias,
obrigando o Japão se modernizar o mais rápido possível para não sofrer as mesmas
influências que os seus vizinhos estavam tendo, além de aguentar a imensa pressão militar.
Através do estímulo da industrialização e das reformas no governo, o antigo regime foi
abolido e a hierarquia guerreira foi extinta. Isso trouxe desconforto aos mais abastados, pois
camponeses seriam súditos e fariam parte da sociedade e enfraquecia a posição
privilegiada dos comerciantes.
As transformações foram seguidos para um plano educacional, ao qual abrangeu todos os
japoneses sem exceção, para fortalecer as bases da sociedade e garantir o conhecimento a
todos, não mais somente para a elite, trazendo muitos professores estrangeiros para o
Japão, como também, exportando seus professores para a Europa e América, para os
mesmos aprenderem e trazer conhecimento para o Japão. Foi instalado diversas fábricas
em regiões diferentes do território do Japão, a modo de que ocorreu uma grande
movimentação interna da sua população, proporcionando trabalho e remuneração.
A imigração era proibida pelo governo, porém, o governo japonês, no ano de 1884, um
acordo entre Japão e o até então Reino do Havaí, permitiu que os súditos japoneses
pudessem sair do país em busca de novas oportunidades. No final do séc. XIX, o governo
investiu fortemente na imigração, permitindo a ida de japoneses para os Estados Unidos,
Austrália e Canadá. Essa medida, a licença para emigrar, foi uma forma ao qual o império do
Japão tenta solucionar em relação aos altos índices de desemprego, além de que também,
foi uma forma de tentar reparar os problemas sociais do período Edo, mesmo extinguindo as
estruturas do antigo regime, ao qual não conseguiu suprir as necessidades de toda a
população.
3.3. Brasil, processos imigratórios e a relação de amizade com Japão
O Brasil se propôs a partir do segundo reinado a se modernizar e a se igualar às demais
potências do mundo. Mas foi encontrado um obstáculo ao qual a grande presença de
mestiços, negros e os indígenas, que segundo o pensamento da época justificou o atraso,
através da teoria eugênica da superioridade das raças.
A raça alemão era considerada a melhor, depois os outros brancos europeus, pois essa era
a solução para chegar o progresso no Brasil e enfim o desenvolvimento da modernização.
Inicialmente foi um projeto para explorar regiões não povoadas, como o sul do país, porém a
partir de 1888, ano da abolição da escravidão no Brasil, a ideia de braqueamento ganhou
força, tornou métrica para a solicitação da importação de mão de obra europeia, com a
desculpa de falta de mão de obra nas plantações de café.
Apesar de todos os pedidos de imigração e tentativas para branquear a população, o Brasil
não era bem-visto pelos governos europeus, principalmente pela Alemanha, proibindo a
saída dos seus cidadãos. Assim, a atenção foi voltada aos italianos, se tornando em 1870, o
maior fornecedor de imigrantes para o Brasil, porém, anos mais tardes, os italianos também
10
proibiram as imigrações, por causa da sua unificação e também, alegando a mesma
justificativa alemã: “Brasil é um inferno tropical”.
Dessa forma, o Brasil teve uma grande diminuição de entrada de novos imigrantes, e se isso
não bastasse, perdeu muito de seus imigrantes para os argentinos, que promoviam uma
grande propaganda de prosperidade.
Dessa forma, a atenção foi voltada aos asiáticos, mesmo não sendo tão bem-vistos devido a
ideologia étnica da época, mas, principalmente, para os japoneses, pois, aos olhos
brasileiros eram considerados menos piores que o restante da Ásia. Coincidentemente, o
Japão passava pelo mesmo problema que o Brasil, sua mão de obra não agradava os
Estados Unidos e os outros países que adotaram a mão de obra japonesa, alegando serem
diferentes, incompreensíveis e não obedecendo às greves dos grandes sindicatos.
Assim, a primeira tentativa de negócio com o Japão foi feita em 1894, porém não foi
concluída por falta de relações diplomáticas entre os dois países, forçando os países a
formalizar um tratado de amizade. O Brasil rapidamente demonstrou interesse pelos
japoneses, principalmente por causa da possibilidade da expansão de seu mercado
cafeeiro. Logo em 1896, após a assinatura do tratado de amizade, foi firmado um tratado
que deveria recrutar até dois mil jovens de 20 a 30 anos para trabalharem temporariamente
nas lavouras de café, porém, mais uma vez não foi concluído o contrato por causa da queda
do preço do café.
Em 1900, houve novamente uma crise em relação a imigração e a mão de obra, pois os
fazendeiros reclamam que os imigrantes presentes em suas fazendas não eram o suficiente,
e para piorar a situação, muitos imigrantes novamente se moveram para os países platinos,
com a propaganda de melhores condições de vida.
Nesse mesmo ano, no dia 26 de setembro, foi feito uma nova tentativa de negociação, ao
qual o contratante colocaria em sua fazendo no total de 600 famílias, além de que seria
responsável pelo transporte dos imigrantes até o porto de Santos e a repatriação, isso tudo
a pedido do Governo do Estado de São Paulo, que seria encarregado de transportar de
Santos até a capital, como fornecer roupas e agasalhos e a hospedagem no prazo de 8 dias.
Mais uma vez, não foram concluídas as negociações, pois o governo japonês alegava que
não havia nenhuma garantia de bem estar dos seus súditos nas fazendas brasileiras.
Mas o Japão não desistiu de negociar com o Brasil, por isso, para resolver essa questão,
mandou diversos emissários e representantes do governo ao Brasil, para analisar e
descrever as condições de clima e solo das terras brasileiras, para planejar a estrutura para
a imigração.
Chegando ao Brasil, os japoneses ficaram surpresos, pois em todas as cidades que
visitaram, eram recebidos de forma ovacionada pela população local. Foram visitadas
diversas cidades do interior paulista e em todas elas foram planejadas grandes festas, com
gritos da multidão como “viva ao Japão”, com direito a exclusividades e luxo, e até mesmo
acreditarem na vitória contra a Rússia, na guerra russo-japonesa. Isso encantou os
emissários e representantes japoneses, que não pouparam elogios, repercutiram de forma
muito positiva e o interesse pelo Brasil cresceu, ao qual em 1907 foi criado um contrato que
11
regulamentou a imigração. Foi acordado que seriam enviadas ao Brasil 3000 pessoas de
forma experimental, porém, a procura por japoneses interessados não foi disputada e nem
chegou ao limite mínimo, prorrogando a chegada dos japoneses.
3.4. Japoneses chegam ao Brasil
Finalmente em 1908, chegaram ao Brasil os primeiros imigrantes japoneses, no total de 793
pessoas a bordo do Kasato-Maru. Após o desembarque, os imigrantes foram levados para
as hospedarias e logo depois para as fazendas. Nesse primeiro momento, o governo
brasileiro estava muito preocupado na adaptação dos japoneses, sempre enviando fiscais
para acompanhar o trabalho da nova mão de obra. Devido a alguns estranhamentos da
cultura, apenas dois anos depois, em 1910, chega o segundo navio, Bijum-Maru,
prolongando até em 1924 a imigração experimental.
Entre o período de 1912 a 1914, chegaram por volta de treze mil pessoas pelo porto de
Santos. Por causa de estranhamento e má adaptação de alguns imigrantes, um recesso de
entrada dos japoneses, principalmente a restrição de imigrantes vindo das províncias de
Okinawa e Kagoshima durante os anos de 1913 até 1916, porém essa decisão não foi tão
rigorosa devido a eclosão da primeira guerra e diminuição dos imigrantes europeus.
O motivo pelo qual o governo brasileiro pediu essa restrição aos japoneses, era por causa
de alguns costumes que para o ocidente era muito estranho e diferente. Os okinawanos
tinham o costume de andar nus, algo completamente inaceitável para os ocidentais, porém
muito comum entre a população de Okinawa, além de ter um dialeto diferentedos japoneses
e a maioria das mulheres tinha tatuagens na mãos, que seria parecido com o que temos
como as alianças de casamento, porém, visto de forma pejorativa pelos brasileiros da
época.
Porém, isso logo foi amenizado e a restrição abolida, porém, o governo japonês, em 1922,
restringiu a imigração e voltou novamente em 1926, tendo o maior declínio em 1928 até
1934, pois os japoneses começou a movimentar sua população para terras conquistadas,
principalmente para Manchúria. Do ponto de vista dos brasileiros, não era mais vantajoso
subsidiar a imigração de japoneses, porque a mão de obra europeia era mais barata, porém,
não restringiu a entrada de novos imigrantes.
Para os japoneses era vantajoso o envio de seus cidadãos para as terras do Brasil,
principalmente depois de 1923, quando o maior terremoto já registrado até então pelo Japão
atingiu a região de Kanto, província essa que abriga a capital Tóquio. O governo japonês
começou a investir bastante nas imigrações, principalmente a partir de 1926, quando
conseguiu a autorização de seus imigrantes começassem a entrar na região do vale do
Ribeira, em 1928 no Paraná e em 1929 no Pará.
Tudo parecia favorável para os japoneses, que já contava com vários núcleos coloniais e
muitos japanese das primeiras levas já eram pequenos proprietários terras e comerciantes,
porém, após a revolução de trinta e a política do estado novo de que existia um “perigo
amarelo”, restringindo a entrada de novos imigrantes, porém, em 1941, a proibição foi total,
apenas reaberta em 1953.
12
Hoje, o que podemos observar é que esses filhos do Japão aqui em terras brasileiras são
tão brasileiros como qualquer outro povo que aqui veio e ficou. Principalmente na cidade de
São Paulo, vemos uma grande comunidade, muito bem organizada e unida, que ainda
relembram os seus costumes e cultura, que se difundiu muito bem na sociedade brasileira
difusa com os costumes daqui, além de uma grande apreciação, através de seu idioma, sua
culinária e a cultura pop, como animes, mangás e games. O bairro da liberdade é a prova
disso, que é ponto de encontro para viver e permanecer viva a experiências dessa cultura
que se misturou muito bem com a nossa daqui.
4. Itália
Na segunda metade do século XIX, ocorreu um dos maiores movimentos migratórios da
história da humanidade. Entre os anos de 1870 a 1930 ocorreu o maior fluxo de imigrações
ao Brasil. Vimos até aqui que após a abolição da escravidão, a mão de obra para o
atendimento das demandas das lavouras era pouquíssima e não daria conta devido a
expansão em larga escada. Dessa forma, surge a necessidade de novos trabalhadores
agrícolas.
Enquanto isso, na Europa, a Itália passava por longos períodos de instabilidade política,
social e econômica, provocadas principalmente pela unificação. A Itália desde sempre é um
país de arte e cultura milenares, mas essa unificação dos vários estados italianos é algo
muito recente. A organização da Itália era algo muito descentralizado, cada um dos seus 14
estados tinham hábitos, culturas e até línguas diferentes.
Nesse cenário, temos uma Itália recém unificada extremamente pobre. Na região sul, a
situação era um pouco melhor graças à agricultura, mas no norte, não era nada favorável.
Era uma região muito pobre, com invernos muito rigorosos e com terras difíceis para plantio.
Ainda, a taxa de analfabetismo era altíssima.
Outro fator determinante foi a revolução industrial. Com o aumento da produção se tornou
necessário ofertar mais matéria-prima, e os pequenos produtores rurais que antes forneciam
essa matéria-prima não conseguiam dar conta da alta demanda.
Como estavam mudando de sistema de produção feudal para o capitalismo, as grandes
áreas de terras se concentraram nas mãos de poucos proprietários fazendo com que os
camponeses tivessem que se endividar com empréstimos para pagar impostos altíssimos,
além de ver o preço dos seus produtos caírem drasticamente com a concorrência desleal.
Milhões de camponeses que antes tinham a sua terrinha, produziam e vendiam os seus
produtos, se viram obrigados a trabalhar para alguém mais rico e ganhar menos, ou então ir
para as grandes cidades procurar emprego nas fábricas que estavam nascendo. O problema
é que essas fábricas não conseguiam absorver todos esses trabalhadores e o número de
desempregados nas grandes cidades só aumentou. Havia também um excedente
populacional, ou seja, gente demais no território.
13
Nessa perspectiva, era vantajoso para a Itália emigrar e para o Brasil receber novos
imigrantes. Vieram italianos de várias partes da Itália, mas a região norte veio em maior
número. Até 1902, os imigrantes que chegaram aqui vieram com suas passagens
custeadas, o que era uma vantagem em potencial na tomada de decisão de emigrar para o
Brasil.
Assim que desembarcaram nos portos, eles eram alojados gratuitamente por 8 dias nas
hospedarias, uma das mais conhecidas, a hospedaria do Brás, e de lá iam para suas zonas
de destino com um contrato firmado à boca. Um enxame de decepções estaria por vir, as
moradias possuíam o mínimo de higiene possível, costumam ser pequenas e
desconfortáveis e os senhores eram nada gentis, uma vez que até então, comandavam
escravos, e os níveis de violência não baixaram.
Além de tudo, o Brasil vinha sendo afetado por graves epidemias e o problema só
aumentava com a escassez de assistência médica nas fazendas, toda essa situação não
tardaria a chegar ao comissariado geral de emigração (CGE), e após avaliar a situação de
perto, a Itália promulga o decreto Prinetti, em 26 de março de 1902, ele proibia o subsídio
brasileiro para migração italianas, de forma que as recrutamentos agora só poderiam ser
realizados mediante autorização do Estado, com exceção na emigração voluntária e
custeada pelo emigrante. Desse momento até 1920 o número de italianos entrando no Brasil
caiu muito se comparado ao início, e isso representou o declínio das imigrações italianas ao
Brasil.
Não se pode negar que muito se legou pela chegada dessas pessoas. Os italianos, bem
como vários outros povos imigrantes foram um dos pilares responsáveis pela construção do
Brasil contemporâneo. Entender o momento é entender a importância dos processos
migratórios para que se compreenda os processos sociais e a formação do Brasil como se
conhece e tudo aquilo que foi deixado de herança.
5. Portugal
Ao falarmos da imigração portuguesa no Brasil, precisamos dividir em quatro partes,
Imigração restrita (1500-1700), Imigração de transição (1701-1850), Imigração de massa
(1851-1930), Imigração de declínio (1960-1991). Porém trataremos da imigração em massa,
protagonista pelo maior pico de imigrantes entre o final do século XIX e início do século XX.
Segundo o IBGE, entre os anos de 1901 a 1930 a média anual de imigrantes ultrapassou 25
mil.
Em meados do século XIX, o perfil imigrante português sofreu uma radical transformação.
Entre os que chegavam, notava-se os de origem pobres, e as mulheres passaram a
representar parcelas cada vez maiores dos grupos de emigrantes, as crianças menores de
14 anos, pobres órfãs ou abandonadas, chegaram a representar 20% do total dos
emigrados. Para chegar a esses números, alguns fatores em Portugal influenciaram a
imigração, juntando-se com as fortes propagandas brasileiras.
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Constata-se um aumento expressivo na população de Portugal, onde sua taxa de natalidade
saltou de 0,08 em 1835 para 0,94% em 1878.
O empobrecimento dos pequenos proprietários rurais se multiplicaram e engrossaram as
fileiras dos candidatos à emigração. Muitos desses fatores contribuíram não só para
Imigração no Brasil, mas também nos Estados Unidos e, posteriormente, em direção a
África.
Visto como pequenos proprietários rurais pobres e rudes, originários do norte de Portugal,
da região do Minho, contribuíram para a formação da imagem negativa e preconceituosa do
imigrante português, julgadas como pessoas pouco qualificadas intelectualmente. Os
português pobre, ao desembarcar nos portos brasileiros, vestia polaina de saragoça, e
calção, colete de baetãoencarnado com seus corações e meia, geralmente desembarcavam
dos navios com um pau às costas, duas réstia de cebolas, outras tantas de alhos e uma
trouxinha de pano de linho debaixo do braço. Eram minhotos que, para sobreviver, dormiam
na rua e procuravam ajuda de instituições de caridade.
Pequenos proprietários rurais pobres, rudes, originários do norte de Portugal, da região do
Minho, contribuíram para a formação da imagem negativa e preconceituosa do imigrante
português, estigmatizando-os como pessoas pouco qualificadas intelectualmente.
Dentro de todo contexto, os lusitanos chegaram a constituir um quinto da população no Rio
de Janeiro e metade da mão-de-obra ativa na cidade. Porém, como já havia na colônia e no
império, havia um sentimento de nós brasileiros antilusitanos, que era manifestado no
cotidiano de diferentes formas, muitas vezes em conflitos sangrentos.
Hoje podemos notar como a imigração portuguesa foi importante para a cultura brasileira,
mas vestimentas, culinária, estilos de vidas, etc…
6. Alemanha
No caso da Alemanha pontua-se fundamentalmente que os fluxos migratórios alemães
tiveram duas fases e estas ocorreram no período entre 1808 (Fouquet, 1974) - com a grande
movimentação portuária brasileira e em menor número - e 1940. Na Alemanha o cenário
para a movimentação migratória de colonos pode ser lida a partir de 1815 (Wengenroth)
com os seus diversos sistemas políticos e o período de coexistência entre dois deles no
século XX, suas unificações políticas, fronteiras permeáveis e instáveis e mais para frente
duas guerras mundiais e suas consequências econômicas, sociais e também políticas de
grandeza nacional e internacional.
Desde o início e meados do século XIX - contando com as políticas de incentivo à imigração
para trabalho nas lavouras cafeeiras, como o agenciamento - estrangeiros alemães chegam
e povoam, em seu maior número, as regiões Sul e Sudeste, em áreas destacadas como
Nova Friburgo no Rio de Janeiro, Santo Amaro em São Paulo, Santa Izabel e Santa
Leopoldina no Espírito Santo e São Jorge dos Ilhéus na Bahia.
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No Sul seus grupos se movem e assentam na parte rural¹ da região, no que o geógrafo Leo
Waibel argumenta quanto a fabricação da ideia social e antropológica do “imigrante bom
agricultor”. O geógrafo também apresenta duas ideias em relação à imigração alemã, uma
delas é a discussão da terminologia historiográfica para o processo, com o uso de
“colonização” ou “povoamento” (Waibel, 1958) que ele mesmo menciona entender como
similares.
Os povoamentos de pequenas propriedades familiares européias cresciam em terras
públicas e “vazias” onde tais grupos se isolavam espontaneamente, o que preservava seus
pilares sócio-culturais da aculturação à brasilidade; daí formam-se muitas instituições de
caráter étnico e assistencial - também recreativo - como por exemplo, o Sport Club
Germania (atual Esporte Clube Pinheiros) fundado em 1899 em São Paulo e a *Deutscher
Hilfsverein (Sociedade de Beneficência Allemã) em 1844 no Rio de Janeiro.
Um destes pilares é o linguístico e de acordo com Seyferth, as escolas elaboradas dentro
das comunidades alemãs não tinham apenas o papel étnico, mas também contemplavam a
comunidade com o acesso à educação que o governo brasileiro não moveu recursos para.
Segundo o levantamento do IBGE de 1940, a pesquisa sobre pessoas que habitualmente
não falavam português em seus lares, com base nas línguas estrangeiras faladas resulta na
língua alemã com maior número de falantes em relação a brasileiros natos e estrangeiros,
ficando em segundo maior número apenas quanto a brasileiros naturalizados. Nesse último
caso, entre a língua italiana e a alemã há uma diferença de 11,9%.
A existência de estrangeiros teutônicos a partir do primeiro fluxo migrarório nos leva à
segunda onda, desta vez no início do século XX e que se estende até seu pico nos anos 30,
onde o Brasil tem a Era Vargas, tensões ideológicas globais – e um representante
governamental que apesar de flertar com os ideais Alemães, Italianos e Japoneses no
cenário, se viu obrigado repelir a presença estrangeiro como pôde após um ataque de
torpedos à marinha brasileira. O que nos leva à discussão do enorme evento de “brasiliar”
toda instituição alemã o que marginaliza os colonos alemães e os chamados
teuto-brasileiros – grupo étnico formado em regiões brasileiras mas com forte desenvoltura
sócio-cultural alemã.
7. O Museu da Imigração do Estado de São Paulo
O novo Museu da Imigração do Estado de São Paulo herda do Memorial do Imigrante toda a
história de preservação da memória das pessoas que chegaram ao Brasil por meio da
Hospedaria de Imigrantes, e o relacionamento construído, ao longo dos anos, com as
diversas comunidades representativas da cidade e do Estado.
É no entrelaçamento dessas memórias que se encontra a oportunidade única de
compreender e refletir o processo migratório.
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Em seu novo projeto museológico, o Museu da Imigração pretende valorizar ainda mais o
encontro das múltiplas histórias e origens e propor ao público o contato com as lembranças
daquelas pessoas que vieram de terras distantes, suas condições de viagem, adaptação aos
novos trabalhos e contribuição para a formação do que hoje chamamos de identidade
paulista
8. Plano de aula
8.1. Etapas do projeto
AULA 1 - Expositiva, explanação do tema e trabalho com fontes (Jornais, cartas, registros)
através do site do Museu da Imigração. (https://museudaimigracao.org.br/). Ao fim da
apresentação os alunos devem elaborar um relatório.
AULA 2 - Pesquisa de campo.
Visita guiada ao museu da imigração para observação e coleta de material para o
desenvolvimento do projeto.
AULA 3 - Aula destinada para avaliação e filtro dos materiais coletados e quais serão
utilizados na elaboração do trabalho. Também devem decidir se trabalharam com cena ou
podcast.
AULA 4 - Elaboração do roteiro de gravação para apresentação e momento para orientação
e dúvidas.
AULA 5 - Será disponibilizada para a gravação dos vídeos/podcasts e deverão ser enviados
para avaliação do professor com antecedência.
AULA 6 e 7 - Apresentação dos vídeos/podcasts.
Toda a turma assistirá os vídeos de todos os grupos.
AULA 8 - A última aula será para que os alunos troquem experiências. Cada grupo
compartilhará com a turma como foi a experiência e o processo de construção do
vídeo/podcast. Para finalizar o projeto, cada grupo deverá fazer outro relatório fazendo
menção ao relatório realizado no início do projeto.
8.2. Objetivos e competências
Competências Específicas
4. Identificar interpretações que expressam visões de diferentes sujeitos, culturas e povos
com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com base em
princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
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5. Analisar e compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no
espaço e seus significados históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com as
diferentes populações.
Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo a
investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar
causas, elaborar e testar
hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base
nos conhecimentos das diferentes áreas.
7. Produzir, avaliar e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação de modo
crítico, ético e responsável, compreendendo seus significados para os diferentes grupos ou
estratos sociais.
8.3. Imigrações ao Brasil
Duração: 8 aulas de 50 minutos
Recursos: Digitais, sites, jornais e cartas, internet, slide, quadro/lousa, anotações, saída de
campo
Avaliação: Continuada.
Todo o processo de elaboração será avaliado, contando também a nota dos relatórios de
início e fim.
9. Referências Bibliográficas
KUHLMANN, M. C. M. de A. A Imigração Alemã na Literatura Brasileira: uma breve análise.
Anagrama, [S. l.], v. 3, n. 3, p. 1-11, 2010. DOI:
10.11606/issn.1982-1689.anagrama.2010.35439. Disponívelem:
https://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/35439. Acesso em: 26 mar. 2023.
SEYFERTH, G. COLONIZAÇÃO, IMIGRAÇÃO E A QUESTÃO RACIAL NO BRASIL. Revista
USP, [S. l.], n. 53, p. 117-149, 2002. DOI: 10.11606/issn.2316-9036.v0i53p117-149.
Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/33192. Acesso em: 31 abr.
2023.
Joel Mokyr, Joel, et al. A origem das corporações. 2010. Accessed 14 março 2023.
Handa, Tomoo. O imigrante japonês: história de sua vida no Brasil. T.A. Queiroz, Editor,
1987. Accessed 1 April 2023.
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https://www.revistas.usp.br/anagrama/article/view/35439
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Luigi Biondi FONTES: Anuário estatístico do Brasil 1955 (v.16); Anuário estatístico do Brasil
1960 (v.21)
BASSANEZI, M. Atlas; BASSANEZI, M. Repertório; Brasil: 500 anos; HALL, M. Imigrantes
(p. 121-151); HOLLOWAY, T. Imigrantes
PETRONE, M. Imigração (v. 9, p. 104-146); TRENTO, A. Do outro.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censos 1940.
Inovações e impactos nos sistemas de informações estatísticas e geográficas do Brasil. Rio
de Janeiro: IBGE, 1940.
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