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| MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA 03 03 05 06 08 08 09 10 11 IDENTIFICANDO O PACIENTE GRAVE COMO FUNCIONA A TRIAGEM AVALIAÇÃO INICIAL DO MÉDICO CONDUTA INICIAL FRENTE AO PACIENTE CRÍTICO ABCD DA EMERGÊNCIA AIRWAY (VIAS AÉREAS) BREATHING (RESPIRAÇÃO) CIRCULAÇÃO DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA SUMÁRIO 3 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO 1. IDENTIFICANDO O PACIENTE GRAVE É seu primeiro plantão em sala de emergência, você sabe que na emergência chega paciente muito grave ao mesmo tempo que chega paciente com acometimentos menos urgentes. É importante reconhecer quem é o paciente grave. Aquele paciente que necessita de sua assistência o mais rápido possível. Já que o principal objetivo da emergência é ESTABILIZAR o paciente. E como fazer isso? Estabelecendo as prioridades no atendimento na emergência! Para isso, temos o serviço de classificação de risco, a triagem, geralmente de responsabilidade da enfermagem, e sua avaliação inicial, no momento que você vê o paciente. 1.1 COMO FUNCIONA A TRIAGEM A Portaria 2048 do Ministério da Saúde propõe a implantação nas unidades de atendimento de urgências o acolhimento e a triagem de classificação de risco. Um dos principais objetivos da triagem é: classificar a queixa dos pacientes, visando identificar os que necessitam de atendimento médico imediato. Para estabelecer os critérios de gravidade, deve-se coletar de forma rápida a queixa principal, evolução da doença, estado geral do paciente, escala de dor e de nível de consciência, medicações em uso, comorbidades e alergias, além de medir dados NOTA: A triagem NÃO é uma ferramenta de diagnóstico de doença e NÃO exclui os pacien- tes que não são graves do atendimento. 4 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO vitais importantes, como pressão arterial, temperatura, saturação de O2, frequência cardíaca e frequência respiratória. A partir disso, a classificação segue cores (Figura 1), que você provavelmente você já teve contato e já viu nas fichas de atendimento ou nas pulseiras dos pacientes. O que é importante saber: os pacientes classificados como vermelho são de atendimento IMEDIATO e devem ser encaminhados para sala vermelha o mais rápido possível. Figura 1 – TRIAGEM E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO Fonte: Adaptado de Procolo de Montreal. Caso gravíssimo. O paciente necessita de atendimento imediato e possui risco iminentes de morte (ex.: parada cardiorrespiratória, infarto, politrauma, choque hipovolêmico). EMERGÊNCIA Caso grave. O paciente necessita de atendimento o mais prontamente possível. Risco de evoluir para morte MUITO URGÊNCIA Caso de gravidade moderada. Não considerada como emergência, pois o paciente possui condições clínicas para aguardar. URGÊNCIA Caso menos grave. Exige atendimento médico (geralmente até 1 hora), porém o paciente não tem risco de morte. POUCO URGENTE Caso de menor complexidade e sem problemas recentes. O paciente deve ser atendido e acolhido, porém não tem risco de morte. NÃO URGENTE 5 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO 1.2 AVALIAÇÃO INICIAL DO MÉDICO Após ter passado pela triagem, o paciente vai para você, que deve reavaliar e reconhecer acometimentos que são prioridades e que devem ser tratados imediatamente. Para isso, devemos identificar síndromes graves de três sistemas (Figura 2): CARDIOVASCULAR, RESPIRATÓRIO E NEUROLÓGICO. Figura 2 – Identificando o paciente potencialmente crítico Fonte: Yellowbook – Fluxos e Condutas: Emergência, 2ª ed. 2019 Além disso, pacientes com os seguintes achados de história ou exame físico (Figura 3) nos ligam um alerta para os acometimentos de potencial risco de morte abordados na figura anterior. Figura 3 – O paciente crítico Fonte: Yellowbook – Fluxos e Condutas: Emergência, 2ª ed. 2019 6 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO 2. CONDUTA INICIAL FRENTE AO PACIENTE CRÍTICO Após o reconhecimento de um paciente crítico, deve-se solicitar, imediatamente, o auxílio da equipe multiprofissional. A enfermagem é sua maior aliada nesse momento. Deve-se garantir que as condutas, os medicamentos e os procedimentos serão feitos no tempo adequado. Chamou ajuda? Hora de trabalhar! Primeiro é reconhecer se o paciente está sem pulso e sem respiração, ou seja se o paciente está em parada cardiorrespiratória (PCR). Caso esteja, iniciar o protocolo de reanimação de acordo com o ACLS. Vale a máxima: paciente PArado quer PÁ no peito! Caso o paciente não esteja em parada, ele precisa de MOV (todo paciente que se MOVe pede MOV). Essa é uma sigla que engloba: Monitorização cardioscópica (PA, FC, FR, SatO2), Oxigenoterapia e Venóclise. Na Figura 4 tem um resuminho do MOV, com as condutas para cada letra da sigla. Figura 4 – MOV Fonte: Feito pelo autor. O M Monitoração Cardiocópica: conectar o monitor cardíaco e PAM não invasiva Oxigenoterapia: colocar oxímetro de pulso e identificar indicações de intubação. Se SatO2 < 90% suplementar com máscaras de alto fluxo (Venturi ou não-reinalante). Se SatO2 > 90%, utilizar catéter nasal V Venóclise: garantir um acesso venoso de grosso calibre (jelco 16 ou 18) 7 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO Concomitante a esses procedimentos, o médico deve: 1) Realizar anamnese objetiva: Identificar a queixa e a duração com objetividade: “O que está sentindo agora?”, “Que horas começou?”, “Já sentiu isso antes?”, “Como é a dor?”. Deve-se também pesquisar fatores associados, antecedentes patológicos, uso de medicações, se tem acompanhamento médico e/ou alguma receita ou exame prévio. 2) Realizar exame físico mínimo: realizar um exame físico direcionado (Tabela 2), se atentando a achados importantes. Uma forma de padronizar esse atendimento é através do ABCD da sala de emergência clínica. Tabela 2 – Exame físico mínimo do paciente grave Fonte: Yellowbook – Fluxos e Condutas: Emergência, 2ª ed. 2019 Em suma, o tripé do atendimento inicial é: MOV + Exame físico mínimo (ABCD) + Anamnese direcionada (Figura 5). Após isso, deve-se alencar o paciente em algum diagnóstico (se possível), pedir os exames necessários e iniciar as condutas terapêuticas. Exemplo: paciente chega com quadro de déficit neurológico súbito. Após o atendimento inicial, deve-se pedir com urgência a TC de Crânio sem contraste! 8 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO Figura 5 – Conduta frente ao paciente crítico Fonte: Yellowbook – Fluxos e Condutas: Emergência, 2ª ed. 2019 3. ABCD DA EMERGÊNCIA 3.1 Airway (Vias Aéreas) Tem como objetivo reconhecer se o paciente consegue manter permeabilidade da via aérea sem necessitar de suporte ou intervenção e avaliar sinais de obstrução e condições que podem levar a uma obstrução futura. Sinais como alteração da voz, estridores e aumento do esforço respiratório podem alertar para uma obstrução parcial. Pacientes que apresentam obstrução por vômito ou sangue devem ter essas secreções aspiradas e corpos estranhos na via aérea devem ser removidos. Em adultos, a causa mais importante de obstrução de via aérea superior é a queda da musculatura hipoglossa sobre a hipofaringe em situações de rebaixamento do nível de consciência. Assim, essa causa deve ser prontamente revertida com a manobra de abertura da via aérea apropriada (principalmente Jaw-thrust). 9 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO • O que avaliar/atentar no quesito “A” do exame físico: • Paciente fala? Como é a fala? Ruidosa? • Há secreção obstrução de via aérea? Paciente usa prótese dentária? • A respiração é ruidosa? • Traqueia centralizada? • Queimadura em face? 3.2 Breathing (Respiração)Deve ser avaliada através do exame físico do aparelho respiratório, sempre prestando atenção às condições de alta gravidade e intervenção imediata. Deve-se observar se o paciente consegue manter uma boa ventilação através da avaliação, principalmente, da função pulmonar, da caixa torácica e diafragma. Na inspeção avalia-se a expansibilidade do tórax e sua simetria, presença de lesões (ex: enfisema subcutâneo), uso de musculatura acessória, presença de cianose, distensão de veias cervicais, entre outros. Na percussão irá observar se há presença de hipertimpanismo ou macicez e na ausculta busca-se a presença de crepitações, sibilos, diminuição do murmúrio vesicular etc. Dois tipos de insuficiência respiratória devem ser da ciência do médico durante o atendimento inicial. Acometimentos relacionados à ventilação (renovação do ar alveolar) como lesões cerebrais de tronco, afetando o centro respiratório no bulbo, distúrbios tóxico-metabólicos graves (intoxicação por opioides), fadiga muscular respiratória por aumento do trabalho imposto ou diminuição da força muscular e outros acometimentos, levam à insuficiência respiratória tipo II (hipercápnica; PaCO2 > 50 mmHg; pH < 7,30). Já alterações relacionadas à oxigenação sanguínea, como, principalmente, distúrbios na relação ventilação/perfusão (V/Q) levam à insuficiência respiratória do tipo I (hipoxêmica; PaO2 < 60 mmHg). 10 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO Oxigênio suplementar deve ser garantido para todos os pacientes críticos o mais cedo possível. Em pacientes com saturação de oxigênio menor que 90% a oferta é realizada com máscaras de alto fluxo. Já em pacientes com saturação maior que 90%, catéter nasal de oxigênio a 3 L/min é suficiente. Entretanto, em pacientes que cursam sem melhora da saturação com esses dispositivos ou em pacientes com insuficiência respiratória por perda do drive respiratório (tipo II), é necessário lançar mão da ventilação mecânica não invasiva (CPAP ou BiPAP) ou invasiva. O que avaliar/atentar no quesito “B” do exame físico: • Respiração ruidosa? • Frequência respiratória? • Saturação? • Expansibilidade torácica preservada e simétrica? • Uso de musculatura acessória? • Cianose? • Murmúrios vesiculares bem distribuídos? Ruídos adventícios? • Enfisema? Perfuração torácica? Conformação do tórax? 3.3 Circulação A principal alteração que deve ser reconhecida é o choque. O reconheci- mento precoce da hipoperfusão (Tabela 3) possibilita correção de tais dis- funções de modo mais agressivo. No exame cardiovascular durante atendimento inicial devem constar: ava- liação dos sinais vitais (FC, PA etc), avaliação de estase de jugular, auscul- ta cardíaca (bulhas abafadas? B3?), avaliação dos pulsos periféricos (pelo menos os dois carotídeos, radiais/braquiais, femorais e pedioso se trauma, suspeita de TVP ou doença arterial), avaliação do tempo de enchimento capilar (TEC), avaliação da temperatura, edema e coloração das extremi- dades, entre outros. 11 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO Tabela 3 – Indicadores de má perfusão por sistemas Uma vez identificada a má-perfusão e tomadas as medidas imediatas, deve-se tentar esclarecer a causa do choque (hipovolêmico, cardiogênico, distributivo ou neurogênico). O que avaliar/atentar no quesito “C” do exame físico: • Nível de consciência? • Sangramento ativo? • Palpitações? • Turgência de jugulares? • Abafamento de bulhas? B3? • Pulsos periféricos? • Tempo de enchimento capilar? 3.4 Disfunção Neurológica Principal ponto a ser avaliado nesse item é o nível de consciência e déficit neurológico. A escala de coma de Glasgow (GCS), apesar de ter sido apenas validada para pacientes vítimas de trauma, é o instrumento mais utilizado na prática para avaliação do nível de consciência. Outras escalas 12 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO mais adequadas, como a Four, também podem ser utilizadas. Outro fator importante é a análise do reflexo fotomotor direto e indireto em todos os pacientes. As causas de RNC dividem-se em estruturais (doenças neurológicas primárias) e metabólicas (comprometimento funcional), sendo as metabólicas mais comuns. Deve ser realizado o exame neurológico, destacando-se alguns achados como alterações pupilares, padrão motor que permite distinguir entre causas metabólicas (achados simétricos) ou estruturais (achados assimétricos), sinais de irritação meníngea e outros. Importante ficar atento para aqueles pacientes que apresentam um GCS ≤ 8, indicando uma incapacidade de manter permeabilidade das vias aéreas e uma necessidade de intubação orotraqueal imediata. A reavaliação da GCS deve ser feita a cada 2 horas ou em menor tempo. Na avaliação neurológica também deve ser questionado o modo de instalação do déficit (súbito ou progressivo), uso de drogas lícitas e ilícitas, antecedentes médicos hepáticos, renais etc. A glicemia capilar já deve ter sido medida visto que a hipoglicemia é uma causa comum e rapidamente reversível de rebaixamento do nível de consciência. O que avaliar/atentar no quesito “D” do exame físico, minimamente: • Escala de coma de glasgow e seriar avaliação • Status da pupila e seu reflexo direto e indireto bilaterais 13 | MINI GUIA DE ATENDIMENTO INICIAL NA EMERGÊNCIA SUMÁRIO REFERÊNCIAS MTS Emergency Triage 3th edition. Wiley. Rodriguez R, Hern HG. An approach to critically ill patients. West Journal of Medicine. 2001; 175:392-395 Thim T, Kraruo NHV, Grove EL, et al. Initial assessment and treatment with the Airway, Breathing, Circulation, Disability, Exposure (ABCDE) approach. International Journal of General Medicine. 2012; 5:117-121.
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