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A ATUAÇÃO POLÍTICA DE ESCRITORAS NO CENÁRIO EDUCACIONAL BRASILEIRO NO SÉCULO XIX COMO FORMA DE FACILITAR A ESCRITA FEMININA Até o início do século XIX, a escolarização e o letramento eram reservados aos meninos, por serem incompatíveis com a identidade feminina da época, distante da alfabetização, leitura e produção textual. Durante aquele século, a difusão de escolas, jornais e literatura destinados ao público feminino, representa um momento importante na redefinição do repertório cultural dedicado às mulheres. Alguns setores conservadores da sociedade, aceitaram tal redefinição por considerarem que o letramento, o domínio de línguas estrangeiras e de habilidades de conversação, e a desenvoltura social, possibilitavam às mulheres cumprir com melhor destreza o papel de mãe e esposa nas sociedades urbanas, ainda que tais setores conservadores negassem a igualdade de direitos e acesso à educação entre homens e mulheres. Esta lenta transformação possibilitou que alguns textos escritos por mulheres passassem a circular. (GUSMÃO, 2012) Nesse contexto, muitas mulheres que tinham acesso ao letramento, devido a sua posição familiar privilegiada e enriquecida, investiram esforços na educação de meninas, criando escolas e espaços onde fosse possível tal trabalho, ou facilitando o acesso das crianças ao conhecimento. Dentre as escritoras expoentes citadas no capítulo anterior, Ana Aurora do Amaral Lisboa foi educadora durante toda sua vida, defendendo a ativa participação feminina na vida cultural e política da comunidade. Anália Franco também se dedicou ativamente à educação de meninas, produzindo material educativo exclusivo para este fim. Josefina Álvares de Azevedo defendia a educação da mulher como ferramenta essencial para a sua emancipação. Nísia Floresta foi pioneira na educação feminista no Brasil, com protagonismo para as letras, influenciando a prática educacional brasileira no que tange aos limites do lugar social destinado às mulheres. Muitas mulheres que abriram caminho na produção literária feminina no Brasil, dedicaram-se ao letramento e educação de outras meninas e mulheres, facilitando a escrita feminina no futuro, através do aumento da escolarização do público feminino. Foram também grandes defensoras do direito da mulher à educação, tendo expressivo papel político na conquista desses direitos no início do século XIX.
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