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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 RESOLUÇÃO DO SIMULADO DE PEÇA 13 Murilo Camargo, brasileiro, propôs, em 06/06/2010, perante a Justiça do Trabalho de Pernambuco, reclamação trabalhista pelo rito sumaríssimo, em face de sua ex-empregadora Indústria Petroquímica Transforma Ouro e Glamour Ltda. Na peça exordial o autor informou que foi admitido em 14/08/2004 na função de auxiliar de serviços gerais e, posteriormente, em 01/08/2007, passou a exercer a função de auxiliar de produção. A sua dis- pensa ocorreu em 04/02/2010 e, na época do desligamento, seu salário era de R$ 1.500,00 por mês. O reclamante apresentou pedidos líquidos, postulando equiparação salarial com Patrícia Hebe, a qual labo- rava na função de auxiliar de produção e que recebia remuneração no valor de R$ 1.700,00. O obreiro postulou, ainda, devolução de descontos salariais referentes ao seguro de vida, adicional de periculosi- dade, face ao labor realizado em contato com inflamáveis, calculado sobre o salário mensalmente rece- bido e correção monetária a partir do mês a que se refere a verba devida. A reclamação trabalhista foi distribuída para a 29ª Vara do Trabalho de Recife/PE e autuada sob o nº 2.222/2010. Notificada, a reclamada compareceu na audiência una designada, na qual, após recusada a proposta inicial de conciliação, foi apresentada defesa, com prejudicial de prescrição quinquenal a contar da data do ajuizamento da ação e, no mérito, foram impugnadas, na íntegra, as pretensões formu- ladas na petição inicial. Alegou-se em defesa que o labor não era perigoso, que as diferenças salariais não eram devidas porque a paradigma tinha maior produtividade que o reclamante, que os descontos de seguro de vida foram expressamente autorizados pelo obreiro e, ainda, com fulcro no art. 459, §1º, da CLT, afirma que a correção monetária deve incidir apenas a partir do mês subsequente ao da prestação dos serviços. Seguiu-se a oitiva dos litigantes e duas testemunhas de cada parte. Em seguida, suspendeu-se a audi- ência para realização da prova técnica, que visava verificar a existência da periculosidade no trabalho do obreiro. Realizada a perícia, o laudo foi juntado aos autos pelo perito nomeado pelo juízo, que concluiu pela existência de periculosidade. As partes se manifestaram sobre o laudo, e foi designada audiência para o encerramento da instrução, na qual foi realizada a última tentativa de conciliação. Então, o Juízo da 29ª Vara do Trabalho de Recife/PE proferiu sentença declarando a prescrição dos direitos anteriores a 5 (cinco) anos contados da data da dispensa do reclamante, deferiu o pagamento das diferenças salariais perseguidas em razão da equiparação salarial, por entender pela ausência de prova do fato impeditivo alegado pela reclamada, adicional de periculosidade, em razão da conclusão do laudo pericial, calculado sobre o conjunto de parcelas de natureza salarial do reclamante, devolução de des- contos realizados a título de seguro de vida, pois o juízo entendeu que a autorização do reclamante não era suficiente para legitimar o desconto e, correção monetária a partir do mês da prestação dos serviços, sob o argumento de que a concessão ao empregador de prazo para pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao da prestação dos serviços é benefício que deve ser interpretado restritiva- mente, não abrangendo a correção monetária. O juízo ainda arbitrou como valor da condenação a quantia de R$ 19.189,00 e, como custas proces- suais no importe de 2% sobre o valor da condenação. Contra a decisão proferida pelo juízo de primeiro grau, a reclamada, tempestivamente, interpôs re- curso ordinário, impugnando integralmente a condenação imposta na sentença, repetindo os argumentos apresentados na defesa e destacando os casos de violação ao texto de lei e à jurisprudência sumulada. Para tanto, a reclamada realizou o depósito recursal no importe de R$ 9.189,00 e recolheu as custas processuais. www.cers.com.br 3 O referido recurso ordinário patronal foi recebido pelo juízo a quo, por despacho, no efeito mera- mente devolutivo, tendo sido o reclamante notificado para oferecer suas contrarrazões, que por sua vez foram regularmente apresentadas. O processo foi distribuído ao Relator e, na sequência, foi incluído em pauta de julgamento. Na sessão de julgamento, o representante do Ministério Público do Trabalho declinou quanto à realização de parecer oral e a 6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região entendeu por conhecer do apelo patronal e negar-lhe provimento. Foi publicada a certidão de julgamento contendo as mesmas razões declinadas em sentença. Na qualidade de advogado, formule a peça processual cabível em favor da reclamada, que não se conforma com a decisão proferida em sede de recurso ordinário, considerando que ainda não decor- reram 8 dias da publicação da decisão. _____________________________________ II – RESOLUÇÃO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 6ª REGIÃO Recorrente: Murilo Camargo Recorrido: Indústria Petroquímica Ouro Glamour Ltda. RT nº 2.222/2010 NDÚSTRIA PETROQUÍMICA OURO E GLAMOUR LTDA., já qualificada nos autos em epígrafe em que contende com MURILO CAMARGO, também qualificado, vem respeitosamente perante Vossa Excelên- cia por intermédio de seu advogado abaixo assinado, com fulcro no art. 896, § 6º da CLT, INTERPOR RECURSO DE REVISTA para o Colendo Tribunal Superior do Trabalho. Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade deste recurso, dentre os quais se destacam a legitimidade, capacidade, interesse processual, tempestividade e regularidade de represen- tação. Além destes, ressaltam-se também: a) depósito Recursal: recolhido no valor de R$ 10.000,00, no prazo do recurso, por meio da guia GFIP anexa. b) custas Processuais: recolhidas quando da interposição do recurso ordinário. Frisa-se que não houve acréscimo no valor das custas e, portanto, não há valor algum a ser recolhido. c) prequestionamento: a matéria está prequestionada, uma vez que foi tratada no acórdão impugnado, nos termos da Súmula 297 do Colendo TST. d) transcendência: a causa oferece transcendência com relação aos reflexos gerais de natureza econô- mica, política, social ou jurídica, nos moldes do artigo 896-A da CLT Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra parte para apresentar contrarrazões ao recurso de revista no prazo de 8 dias, conforme estabelece o artigo 900 da CLT e a posterior remessa ao Colendo Tribunal Superior do Trabalho. Nesses Termos, Pede deferimento. Local e Data. Advogado OAB n° www.cers.com.br 4 COLENDO TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO RAZÕES DO RECURSO DE REVISTA O respeitável acórdão não merece ser mantido, razão pela qual requer a sua reforma. I – PREJUDICIAL DE MÉRITO 01. PRESCRIÇÃO QUINQUENAL O Egrégio TRT manteve a sentença que acolheu a prescrição quinquenal a partir da data do término do contrato de trabalho. Observa-se pelo trecho a seguir do acórdão recorrido que a matéria está prequestionada: “...”. Tal decisão caracteriza ofensa literal e direta à Constituição e divergência jurisprudencial. Observe-se: O art. 7, XXIX da CF estabelece o seguinte: “Art. 7º, XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho; Já a súmula 308, I, do TST, possui a seguinte redação: “Súmula 308, I, TST. Respeitado o biênio subseqüente à cessação contratual, a prescrição da ação tra- balhista concerne às pretensões imediatamente anteriores a cinco anos, contados da data do ajuizamento da reclamaçãoe, não, às anteriores ao qüinqüênio da data da extinção do contrato. (ex-OJ nº 204 da SBDI-1 - inserida em 08.11.2000)” Apesar do art. 7º, XXIX da CF e súmula 308, I, do TST estabelecerem conjuntamente que o prazo de cinco anos da prescrição quinquenal conta-se da data do ajuizamento da ação, o E. TRT, o juízo “a quo” posicionou-se de forma contrária, acolhendo a prescrição quinquenal a partir da data do término do con- trato de trabalho. Não se pode admitir decisão regional contrária à melhor interpretação da Constituição realizada pelo Colendo TST. Diante do exposto, requer a reforma do acórdão para que seja acolhida a prescrição quinquenal e extinto o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC, quanto às verbas postuladas anteriores aos últimos cinco anos contados da data do ajuizamento da ação 06/06/2005. Sugestão de remissões: no art. 7º, XXIX, CF, incluir a súmula 308, I, do TST. II – MÉRITO 01. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE O Egrégio TRT manteve a sentença que fixou como base de cálculo do adicional de periculosidade o conjunto de parcelas de natureza salarial do reclamante. Observa-se pelo trecho a seguir do acórdão recorrido que a matéria está prequestionada: “...”. Tal decisão caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-se: www.cers.com.br 5 A súmula 191 do TST estabelece o seguinte: “ “Súmula 191, I, TST. I – O adicional de periculosidade incide apenas sobre o salário básico e não sobre este acrescido de outros adicionais. (...)” Apesar da súmula 191 do TST estabelecer que a base de cálculo do adicional de periculosidade é o salário base do empregado, o juízo “a quo” posicionou-se de forma contrária, fixando como base de cál- culo o conjunto de parcelas de natureza salarial. Não se pode admitir decisão regional contrária ao entendimento consolidado do Colendo TST. Diante do exposto, requer a reforma do acórdão para que seja estabelecida como base de cálculo do adicional de periculosidade o salário base do reclamante. Sugestão de remissões: no art. 193 da CLT, incluir a súmula 191 do TST. 02. DEVOLUÇÃO DOS DESCONTOS O Egrégio TRT manteve a sentença determinando a devolução dos descontos realizados a título de seguro de vida, sob o argumento de que a autorização do reclamante não era suficiente para legitimar o des- conto. Observa-se pelo trecho a seguir do acórdão recorrido que a matéria está prequestionada: “...”. Tal decisão caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-se: A súmula 342 do TST estabelece o seguinte: “Súmula 342, TST. Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por es- crito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico.” Apesar da súmula 342 do TST estabelecer que são lícitos os descontos salariais efetuados pelo empre- gador para ser integrado em seguro de vida, mediante autorização do reclamante, o juízo “a quo” posici- onou-se de forma contrária, entendendo insuficiente tal autorização, mantendo a condenação do recla- mado à devolução dos valores descontados. Não se pode admitir decisão regional contrária ao entendimento consolidado do C. TST. Diante do exposto, requer a reforma do acórdão para que seja afastada da condenação os valores des- contados dos salários do reclamante a título de seguro e vida. Sugestão de remissões: no art. 462 da CLT, incluir a súmula 342 do TST. 03. CORREÇÃO MONETÁRIA O Egrégio TRT manteve a sentença que condenou o reclamado ao pagamento da correção monetária a partir do mês da prestação dos serviços, sob o argumento de que a concessão ao empregador de prazo para pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subsequente ao da prestação dos serviços é benefício www.cers.com.br 6 que deve ser interpretado restritivamente, não abrangendo a correção monetária. Observa-se pelo trecho a seguir do acórdão recorrido que a matéria está prequestionada: “...” Tal decisão caracteriza divergência jurisprudencial. Observe-se: A súmula 381 do TST estabelece o seguinte: “Súmula 381, TST. O pagamento dos salários até o 5º dia útil do mês subseqüente ao vencido não está sujeito à correção monetária. Se essa data limite for ultrapassada, incidirá o índice da correção monetária do mês subse- qüente ao da prestação dos serviços, a partir do dia 1º.” Apesar da súmula 381 do TST estabelecer que a correção monetária deve incidir a partir do mês subse- quente ao da prestação dos serviços, o juízo “a quo” posicionou-se de forma contrária, condenando o reclamado a pagar a correção monetária a partir do mês da prestação dos serviços. Não se pode admitir decisão regional contrária ao entendimento consolidado do Colendo TST. Diante do exposto, requer a reforma do acórdão para que a correção monetária seja fixada a partir do mês subsequente ao da prestação dos serviços. Sugestão de remissões: no art. 459, § 1º, da CLT, incluir a súmula 341 do TST. III – REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto requer o conhecimento do presente recurso e o acolhimento da prejudicial de mérito para que seja reformado o acórdão e extinto o processo com resolução o mérito, nos termos do art. 487, II, do CPC, quanto as verbas postuladas anteriores aos últimos cinco anos contados da data do ajuiza- mento da ação 06/06/10, ou seja, 06/06/2005 e, no mérito, o provimento do recurso para fins de reforma do acórdão nos itens supra mencionados. Nesses Termos, Pede deferimento. Local e Data. Advogado OAB n°... www.cers.com.br 7
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