Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIAFACULDADE ÚNICA PRÁTICA PEDAGÓGIA INTERDISCIPLINAR: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIA E BIOLOGIA 1 PRÁTICA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: FUNDAMENTOS E METODOLOGIA DO ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA 1 © 2021, Faculdade Única. Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza- ção escrita do Editor. FACULDADE ÚNICA EDITORIAL Diretor Geral:Valdir Henrique Valério Diretor Executivo:William José Ferreira Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Cristiane Lelis dos Santos Coord. Pedag. da Equipe Multidisciplinar: Gilvânia Barcelos Dias Teixeira Revisão Gramatical e Ortográfica: Izabel Cristina da Costa Revisão/Diagramação/Estruturação: Bruna Luíza mendes Leite Carla Jordânia G. de Souza Guilherme Prado Design: Aline De Paiva Alves Bárbara Carla Amorim O. Silva Élen Cristina Teixeira Oliveira Taisser Gustavo Soares Duarte Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920. NEaD – Núcleo de Educação a Distância FACULDADE ÚNICA Rua Salermo, 299 Anexo 03 – Bairro Bethânia – CEP: 35164-779 – Ipatinga/MG Tel (31) 2109 -2300 – 0800 724 2300 www.faculdadeunica.com.br CDD: 611 CDU: 611 C672a 3 APRESENTAÇÃO Prezado aluno, É com muita honra que dirijo-me a você, felicitando-o pela escolha do seu curso. Es- tou muito feliz, como não poderia deixar de ser, porque sou um apaixonado pela anatomia humana e tudo que a cerca. Sou professor universitário há 26 anos e, nesse tempo todo, a disciplina que mais ministrei foi anatomia humana, seguida pela fisiologia humana. Logo, já estudei um pou- quinho sobre o conteúdo que você está prestes a ler. O livro que você está recebendo é fruto de um compilado de vários autores clássicos e modernos somados aos conhecimentos que adquiri em todos esses anos sem, contudo, ter a pretensão de esgotar o assunto, ao contrário, este livro apresenta de forma resumida, porém direta e objetiva os principais assuntos que são estudados na maioria dos cursos da área da saúde. Estudar anatomia humana é um desafio tremendo, mas ao mesmo tempo, é muito gratificante pois seus conteúdos são base para o entendimento das outras disciplinas na sequência do seu curso. Por isto, não desanime diante das dificuldades encontradas no estudo da anatomia, antes, porém, tome essas dificuldades como um desafio que prazero- samente será vencido em uma leitura atenciosa e metódica. Quero cumprimentar cada estudante e dizer que cada um que conheço me faz lem- brar do meu começo. Sei que muitos estão assustados com tanto conteúdo, mas se tive- rem disciplina e não permitirem que matérias se acumulem, certamente alcançarão êxito em sua empreitada. Faço votos que os momentos de estudo e leitura sejam intensos e extremamente prazerosos. Bom estudo. O autor. 4 LEGENDA DE Ícones Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes nas quais você precisa ficar atento. Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica, mostradas a seguir: São opções de links de vídeos, artigos, sites ou livros da biblioteca virtual, relacionados ao conteúdo apresentado no livro. Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade, associando-os a suas ações. Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos conteúdos abordados no livro. Apresentação dos significados de um determinado termo ou palavras mostradas no decorrer do livro. FIQUE ATENTO BUSQUE POR MAIS VAMOS PENSAR? FIXANDO O CONTEÚDO GLOSSÁRIO 9 INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ANATOMIA HUMANA UNIDADE 01 10 1.1 INTRODUÇÃO Dangelo e Fattini (2004) definiram a anatomia como a ciência que estuda, macro e microscopicamente, a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados. Spence (1991) já havia definido a anatomia como o estudo da estrutura de um organismo e das relações entre suas partes. O termo “anatomia” vem do grego; ana (parte) + tômus (corte), ou seja, a anatomia estuda o corpo humano em suas diversas partes separadas e no conjunto delas. Também é objeto de estudo da anatomia a inter-relação existente entre as diversas estruturas do corpo humano. A inter-relação entre as diversas estruturas pode ser explicada pela locali- zação anatômica, uma sendo ponto de referência da outra, estudo comparativo entre cada estrutura abrangendo forma, tamanho, textura, relevância para esta ou aquela região do corpo. Importante salientar que os seres humanos são formados por células que são as me- nores unidades estruturais e funcionais básicas. O conjunto de células similares quanto à estrutura, funcionamento e origem embrionária, e que são mantidas juntas por quantida- de variável de material intercelular, forma o tecido orgânico. Os tecidos orgânicos se agrupam para formar órgãos que interagem entre si, de- sempenhando funções interdependentes e complementares para formarem o sistema e o somatório de todos os sistemas orgânicos forma o organismo. Resumidamente temos: CÉLULA TECIDO ORGÃO SISTEMA Os sistemas que, em conjunto, formam o organismo humano possuem funções dis- tintas, bem delimitadas e específicas, porém estão agrupados de tal forma que a disfunção de um deles pode ser capaz de causar prejuízo no funcionamento de outros. No corpo humano existe um sistema complexo que controla o funcionamento de todos os outros. Devido a sua complexidade anatômica e funcional, esse sistema é dividido em três outros. Cada um guarda sua característica mas no geral, desempenham funções interdependentes. Esse é o sistema nervoso que é formado pelo Sistema Nervoso Central (SNC), Sistema Nervoso Perifério (SNP) e o Sistema Nervoso Autônomo ou Neurovegetati- vo (SNA). Muitos sistemas possuem funções complementares e, por este motivo, podem também serem divididos em aparelhos, exemplo: aparelho locomotor – formado pelos sis- temas esquelético e muscular; aparelho gênito urinário ou urogenital – formado pelos sis- temas urinário e genital masculino ou feminino. Assim, como dito anteriormente, no nível estrutural mais básico, o corpo humano é formado por células. No início da formação embrionária, células similares agrupam-se em três folhetos: ectoderme (forma o tegumento do corpo e o sistema nervoso), endoderme (forma o revestimento interno do tubo digestório e das estruturas associadas), mesoderme (forma o esqueleto e os músculos do corpo). Figura 1: Formação básica dos sistemas do organismo humano Fonte: Elaborado pelo Autor (2020) 11 Os três folhetos embrionários dão origem aos quatro tipos de tecidos – epitelial; conjuntivo; muscular e nervoso. O tecido epitelial cobre a superfície do corpo e forma as diversas cavida- des corporais, ductos e vasos; o tecido conjuntivo deriva da mesoderme e forma ossos e car- tilagens, tendões, ligamentos e fáscias e o sangue; o tecido muscular é formado por células especializadas com capacidade de contrair e relaxar; o tecido nervoso, por sua vez, é forma- do por células com prolongamentos protoplasmáticos que transmitem mensagens nervosas por todo o corpo. FIQUE ATENTO O agrupamento de tecidos forma o órgão que realiza atividades fisiológicas mais complexas do que as que são realizadas por uma célula em sua individualidade. Um mes- mo órgão pode ser formado por mais de um tecido. O estômago, por exemplo, é formado em sua periferia, por tecido epitelial, mas suaparede média é formada por tecido muscu- lar. Os órgãos se “associam” a outros que são complementares em suas funções. A fun- ção de um é interdependente da função de outro em um verdadeiro sinergismo, ou seja, a função de um órgão é vital para o bom funcionamento de outro que por sua vez também é fundamental para o bom funcionamento do primeiro. Essa organização forma o sistema onde cada órgão cumpre sua parte específica na função geral daquele sistema, ou seja, o somatório das funções dos órgãos é vital para as funções do sistema. 1.2 TERMINOLOGIA ANATÔMICA Os anatomistas, para facilitarem o estudo e a compre- ensão da localização das diversas estruturas do corpo huma- no, criaram terminologias próprias que servem de base para o estudo anatômico em todo mundo. Entender essas terminolo- gias é imprescindível para a sequência do estudo da anatomia. Inicialmente, é relevante conceituar a posição anatômica (Fig. 1). De forma simples dizemos que posição anatômica é a posição do corpo humano para ser estudado. Essa posição é o ponto inicial para a avaliação de um doente pelo profissional da saúde. Assim, posição anatômica consiste em: corpo humano posicionado em decúbito dorsal (barriga para cima), membros superiores estendidos ao longo do corpo com as palmas das mãos voltadas para cima, membros inferiores estendidos ao longo do corpo com tornozelos e pés em posição neutra.Figura 2- Posição anatômica Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 Desta forma, o examinador (profissional de saúde, professor, aluno) analisa o corpo humano de frente e deve imaginar uma linha passando exatamente ao centro do corpo. Essa linha é chamada de linha média. A linha média é uma linha imaginária que inicia-se no ponto mais alto da cabeça, “desce” pelo meio da testa, nariz, boca, queixo e pescoço, “segue” no meio exato do tórax, abdome, cicatriz umbilical, sínfise púbica, genitália e “continua” até uma região entre os 12 dois pés. A linha média “corta”, “separa” o corpo humano em dois lados parecidos, não total- mente iguais. Cada lado (direito e esquerdo), têm características semelhantes, porém de- talhes que vão diferenciá-los em um olhar mais atento. Por exemplo: as mãos e os pés de uma mesma pessoa podem ser ligeiramente diferentes no tamanho e até no formato; a mama direita é diferente da mama esquerda; fígado, apêndice vermiforme são estruturas localizadas do lado direito; o baço está localizado do lado esquerdo; a hemicúpula diafrag- mática é mais elevada do lado direito, etc. Todas as estruturas que estão localizadas mais próximas da linha média dizemos que são estruturas mediais e aquelas que estiverem localizadas mais distantes da linha média são laterais. Para entendermos melhor, consideremos os dois ossos do antebraço: rádio e ulna. Qual deles está localizado na região medial desse segmento? Resposta: ulna. Lembrem que devemos observar sempre a posição anatômica, dessa forma, com a palma da mão voltada para fren- te, temos a ulna mais próxima da linha média, por isso ela está na região medial do antebra- ço. Um detalhe para facilitar ainda mais a localização dos ossos do antebraço é um ditado po- pular: “o polegar é a antena do rádio”, onde lê-se polegar – primeiro dedo da mão e rádio – osso do antebraço. (Fig. 3) FIQUE ATENTO Outra terminologia que merece desta- que é o binômio proximal e distal. Diz-se que uma estrutura é proximal quando ela estiver mais “próxima” da cabeça e distal quando esti- ver mais “distante” da cabeça (Fig. 3). Exemplo: o dedo polegar possui duas falanges uma pro- ximal e a outra distal. Como localizá-las? Fácil: a falange que estiver mais próxima da cabeça é a proximal e a outra é a distal, então, a falange que está na região que tem unha por ser mais distante é a distal, e a outra é a proximal. Pode- mos, a grosso modo, dizer também que a falan- ge que está na “ponta”, na “extremidade” é a distal.A parte da frente do corpo dizemos que é a região anterior ou ventral e a parte de trás é a posterior ou dorsal. Além disto, estruturas que estão localizadas na parte “de cima” do corpo dizemos que são estruturas que estão na parte “superior” ou “cranial” e as que estão na parte “inferior” ou “caudal” são as contrárias. Resumindo, temos os termos que são contrários: medial e la- teral; proximal e distal, anterior e posterior e superior e inferior. Os termos ventral e dorsal; cranial e caudal, para efeito de localização das diversas estruturas corporais, não são muito usados. Figura 3 – Posição anatômica dos ossos do antebraço. Notem que o rádio está do mesmo lado que o polegar. Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 Figura 4 – Proximal e distal Fonte: Adaptado de Levine (2020) 13 Além disto, para facilitar ainda mais a localização das diversas estruturas do cor- po humano em uma visão mais espacial, pensemos em dividí-lo em planos. Conse- guimos separá-lo em quatro planos distin- tos: sagital (mediano); frontal; transverso; oblíquo. (Fig. 4). Figura 4. Planos de divisão do corpo humano Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 1.3 DIVISÃO DO CORPO HUMANO A maior parte dos autores de anatomia consideram que o corpo humano é dividido em três partes (cabeça, tronco, membros). Nesta obra consideramos a divisão do corpo humano em quatro partes (cabeça, pescoço, tronco e membros). (Fig. 5) A cabeça é a região superior do corpo. É unida ao tronco pelo pescoço que é uma porção mais estreita. Podemos dividir a cabeça em face (região anterior) e crânio (região póstero superior). O pescoço é a porção intermediária entre a cabeça e o tórax. Nesta região estão a sete vértebras da coluna cervical e músculos próprios que vão permitir movimentos que comumente dizemos serem movimentos da cabeça quando, na verdade, são do pescoço. O pescoço, por ser região de transição, tem vasos sanguíneos com fluxo ascendente e outro descendente, o mesmo é observado quando analisamos o sistema nervoso, prolon- gamento do encéfalo (medula espinhal) “desce” pelo pescoço (no canal vertebral formado pelas vértebras cervicais), nervos “descem” e “sobem” por esta região. O tronco é dividido em tórax e abdome. No tórax existe a cavidade torácica e no ab- dome a cavidade abdominal. Os membros são separados em membros superiores e mem- bros inferiores. Os membros superiores se dividem em braço, antebraço e mão (palma e dorso) e os membros inferiores se dividem em coxa, perna e pé (planta e dorso). As extremidades dos membros superiores (mãos) e dos membros inferiores (pés) também se dividem em três partes. A mão é dividida em carpo, metacarpo e falanges e o pé é dividido em tarso, metatarso e falanges. Ao analisarmos mão e pé é comum percebermos que a maioria dos estudantes ini- ciais de anatomia confundem o carpo (mão) e o tarso (pé) como sendo nomes de ossos. Esta confusão talvez esteja na forma como são estudadas as extremidades do corpo. Carpo é uma região da mão. É a sua região proximal. É formada por oito ossos Tarso, da mesma forma, é uma região do pé. É formado por sete ossos que, diferente dos ossos do carpo, não estão posicionados em duas fileiras. No capítulo de sistema esquelético fala- remos desses ossos. 14 1.4 SISTEMA TEGUMENTAR 1.4 1 Introdução O Sistema Tegumentar é o conjunto de estruturas que formam o revestimento externo do corpo humano. É formado pela pele e suas estruturas acessórias (fâneros e glândulas). Os fâneros são cabelos, pêlos e unhas. O Sistema Tegumentar proporciona ao corpo um revestimento protetor. Figura 5 – Divisão do corpo humano Fontes: Borges, FAGUNDES. 2018 1.4.2 Pele A principal estrutura do Sistema Tegumentar é a pele. No adulto, a pele tem área de aproximadamente 2 m² e espessura variável de 1 a 4 mm de acordo com a região. Nas superfícies dorsais e extensoras a pele é mais espessa do que nas ventrais e flexoras. Em áreas de pressão (palma das mãos e plantas dos pés) é também mais espessa e nas pálpebras é bem fina. A idade também influi na espessura da pele. Quanto mais nova, maisfina é a pele e o contrário acontece quanto mais velho for a pessoa. A pele possui elasticidade própria que também varia de acordo com a idade. Quanto mais jovem maior é a distensibilidade da pele. A distensibilidade também varia de acordo com a região do corpo, no dorso da mão é mais distensível do que na palma. A pele forma o revestimento completo e externo do corpo. Ela é contínua com as mucosas que revestem os sistemas respiratório, digestório e urogenital. “A pele é composta de duas camadas principais: epiderme e a derme. A epiderme é a camada su- perficial formada por células epiteliais intimamente unidas. A derme é a camada mais profunda forma- da por tecido conjuntivo denso irregular. A derme está conectada com a fáscia dos músculos por uma camada de tecido conjuntivo frouxo chamada hipo- derme”. (BORGES; FAGUNDES, 2018) 15 Em muitas áreas gordura é depositada no tecido conjuntivo frouxo, formando o tecido adiposo. A hipoderme conecta frouxamente a pele à fáscia dos músculos subjacentes o que permite a eles contrair-se sem “repuxar” a pele (Fig. 6). Figura 6. Camadas da pele Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS &WILKINS, 2003 Em áreas onde não há músculos abaixo da derme, há somente uma pequena quantidade de hipoderme e, em regiões onde áreas ósseas são muito superficiais, a pele está aderida diretamente no periósteo (na região anterior da perna). A epiderme deriva-se do ectoderma. A epiderme é geralmente muito fina. Possui menos de 0,12 mm na maior parte do corpo, mas é mais espessa em áreas sujeitas a constante pressão ou fricção, tais como sola dos pés e palmas das mãos. A pressão contínua num dado local causa o espessamento da epiderme em calos e calosidades. 1.4.2.1 Camadas da Epderme É possível identificar quatro camadas na epiderme quando ela é espessa. A camada mais interna é a camada germinativa. Acima da camada germinativa existe a camada granulosa, depois a transparente (lúcida) e a mais externa é a camada córnea. Em regiões onde a epiderme é fina, frenquentemente falta a camada transparente. É na camada germinativa que acontecem mitoses para substituir aquelas células que são perdidas na camada mais superficial da epiderme. As células da camada basal estão unidas entre si por desmossomos. As células mais profundas que estão em contato com a derme, são cilíndricas. A camada granulosa (granuloso – granular) possui células achatadas e estão arranjadas em cerca de três planos de células, superficialmente à camada germinativa. A camada transparente é superficial à camada granulosa. Consiste de várias camadas de células achatadas intimamente ligadas, a maioria das quais tem limites indistintos e perderam todas as suas inclusões citoplasmáticas, exceto as fibrilas de queratina e algumas gotículas de eleidina que é transformada em queratina assim que as células da camada transparente tornam-se parte da camada córnea, a mais externa. Esta camada é mais proeminente em áreas de pele mais espessa. Camada córnea (cornu – corno – ponta) é a camada mais superficial da epiderme. Desde que seu citoplasma tenha sido substituído por uma proteína fibrosa chamada queratina, estas células mortas são referidas com corneificadas. As células corneificadas formam uma cobertura ao redor de toda a superfície do corpo e não só protegem o corpo contra invasão por substâncias do meio externo como também contribuem para a perda menor de água do corpo. As células das camadas mais superficiais da camada córnea são constantemente perdidas como resultado da abrasão (atrito pela roupa, banho, massagens esfoliantes, etc). 16 1.4.2.2 Cor da pele A cor da pele é determinada principalmente pela presença e distribuição de um pigmento escuro chamado melanina. A melanina é produzida por células chamadas melanócitos que migram na epiderme e transferem o pigmento às células da camada germinativa. FIQUE ATENTO As diferenças na cor da pele são devidas principalmente na quantidade de melanina produzida e sua distribuição. As pessoas de pele escura têm uma grande quantidade de melanina em todas as camadas da epiderme. Nas pessoas de pele clara, a relativamente pouca melanina está distribuída entre as camadas da epiderme, exceto em áreas intensamente pigmentadas, como os mamilos das mamas. A presença de pigmento amarelo, caroteno, nas camadas da epiderme, em combinação com a melanina, produz o matiz amarelado típico do povo oriental. A tonalidade da pele é também devido a tom avermelhado proveniente dos vasos sanguíneos da derme que “reflete” na epiderme. Enquanto a quantidade de caroteno na pele é relativamente constante para cada pessoa, mudanças na quantidade de sangue nos capilares da derme, ou na quantidade de oxigênio do sangue desses capilares, pode causar mudança intensa e temporária na cor da pele. Por exemplo: o rubor (vermelhidão) pode ser causado pela expansão do leito capilar, enquanto o azulado, que é característico da cianose, resulta do decréscimo da quantidade de hemoglobina oxigenada no sangue dos capilares. 1.4.2.3 Derme A derme é uma camada de tecido conjuntivo fibroso irregular que se localiza abaixo da camada germinativa da epiderme. Em contraste com a epiderme, a derme desenvolve-se a partir da mesoderme embrionária, assim como os músculos e o esqueleto. A derme é formada de fibras elásticas e reticulares e colágenas. É bem suprida por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. A derme contém também glândulas especializadas e órgãos dos sentidos. A espessura da derme varia em diferentes locais, mas, em média é de cerca de 2 mm. É composta de duas camadas: papilar e reticular. “A camada mais externa da camada papilar está intimamente ade- rida ao estrato basal da camada germinativa. Na palma das mãos e planta dos pés, estas papilas estão dispostas em sulcos paralelos e encurvados, o que obriga ao aparecimento na epiderme supraja- cente das características impressões digitais, palmares e plantares. Muitas papilas contêm alças capilares; outras contêm receptores sensoriais especializados que reagem a estímulos externos, como mudanças da temperatura e pressão”. (BORGES; FAGUNDES, 2018) A camada reticular da derme consiste de feixes densos de fibras colágenas orientadas em várias direções, assim formando um retículo. As fibras são contínuas com as da hipoderme. 17 1.4.2.4 Hipoderme A hipoderme não integra a pele, mas é importante porque fixa a pele nas estruturas subjacentes. A hipoderme é tecido subcutâneo. É formada por tecido conjuntivo frouxo com células adiposas depositadas entre as fibras. Em algumas regiões do corpo como abdome e nas nádegas, acúmulo de gordura no tecido subcutâneo pode ser muito amplo. A hipoderme é bem suprida de vasos sanguíneas e terminações nervosas. 1.4.2.5 Glândulas da pele A pele possui dois tipos básicos de glândulas: sebáceas e sudoríparas (Fig. 6). Existem outros tipos de glândulas especializadas como: glândulas cerumosas (formadoras de cera) do me- ato acústico externo, glândulas ciliares e as tarsais das pálpebras e as gândulas mamárias. FIQUE ATENTO As glândulas da pele se desenvolvem a partir da ectoderme embrionária, como invaginações sólidas. Os cordões em brotamento tornam-se tubos ocos e continuam a crescer em direção à derme, formando as glândulas na pele e seus ductos associados. “As glândulas sudoríparas ou sudoríferas estão distribuídas na maior parte da superfície do corpo e não estão presentes nos lábios, mamilos e porções da pele dos órgãos genitais. As glândulas sudoríparas são glândulas merócrinas, cada uma com a forma de um túbulo simples que se torna espiralado dentro da derme. Quando estimuladas as glândulas secre- tam solução aquosa de cloreto de sódio, com traços de uréia, sulfatos e fosfatos. A quantidade de suor secretado depende de fatores como a temperatura e umidade do meio, a quan- tidade de atividade muscular e várias condições que causam fadiga”. (SPENCE, 1991) As glândulas sudoríparas que estão localizadas na axila,ao redor do ânus, no escroto e nos grandes lábios da genitália feminina são usualmente grandes e se estendem até dentro do tecido subcutâneo. Estas glândulas secretam num folículo piloso e não diretamente na superfície da pele. Essas grandes glândulas são glândulas sudoríparas apócrinas, isto é, parte do citoplasma das células secretoras está incluído na secreção, que é mais espessa e mais complexa que o suor verdadeiro. As glândulas ceruminosas, que produzem cerume no meato acústico externo, também são glândulas apócrinas que são consideradas glândulas sudoríparas modificadas. “As glândulas sebáceas desenvolvem-se a partir dos folícu- los pilosos, e neles eliminam suas secreções. Sua secreção é substância oleosa, rica em lipídeos. O sebo, secreção das glân- dulas sebáceas, lubrifica a pele e os pêlos prevenindo-os do ressecamento e contém substâncias tóxicas para algumas bactérias. As glândulas sebáceas, que são estimuladas pela 18 presença dos hormônios sexuais, são particularmente ativas durante a adolescência”. (SPENCE, 1991) A maioria das regiões do corpo sem pêlos (regiões glabras), como nas palmas das mãos e as plantas dos pés, não têm glândulas sebáceas. Entretanto, em algumas áreas onde faltam pelos, como os lábios, a glande do pênis e os pequenos lábios, há glândulas sebáceas que secretam diretamente na superfície da epiderme. Estruturalmente, as glândulas sebáceas são do tipo alveolar simples, embora algumas sejam alveolaras compostas (por exemplo as glândulas tarsais das pálpebras). Funcionalmente, todas as glândulas sebáceas são glândulas holócrinas. Figura 8 – Estrutura anatômica da pele Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 1.4.3 Pêlos Os pêlos se localizam por todo o corpo, mas são mais presentes na cabeça e nas regiões axilares e púbicas e ausentes nos lábios, palmas das mãos, plantas dos pés, mamilos e partes dos genitais externos. Os pêlos crescem devido a atividade mitótica de células epidérmicas na base do folículo piloso. Uma camada externa de tecido conjuntivo que se desenvolve a partir da derme, envolve o folículo. Uma porção da derme forma a papila do pelo porque projeta-se do fundo de cada folículo. Terminando nos folículos pilosos existem uma ou mais glândulas sebáceas, cuja secreção ajuda a amaciar o pêlo. A matriz do pêlo é formada por células mitoticamente ativas que recobrem a papila e a raiz do pêlo é a região que se situa logo acima da matriz. A haste do pêlo se desenvolve a partir da matriz. A ponta livre da haste ultrapassa a superfície da pele. A medula do pêlo é o núcleo central da haste do pêlo que consiste de células corneificadas dispostas em espaços aéreos entre elas. O córtex do pêlo, que envolve a medula é formado de células queratinizadas fortemente comprimidas. Por fora do córtex está a cutícula do pêlo, formada de células queratinizadas endurecidas (Fig. 8). Os pêlos retos são cilíndricos ou ovais enquanto os encaracolados são um pouco achatados. Embora haja muitas variações na cor dos pêlos, existem apenas três pigmentos: preto (melanina), castanho e amarelo. Combinações variadas desses três pigmentos produzem as diferentes cores dos pêlos; a melanina é formada por melanócitos do folículo e fica localizada no córtex e na medula de cada pêlo. Figura 9 – Anatomia do pêlo Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 97) 19 Os pêlos ficam gradualmente cinzentos à medida que envelhecemos. Esse processo é devido à diminuição do pigmento, possivelmente como resultado de uma queda no nível de enzima específica que é necessária para a produção da melanina. Quando os pigmentos acabam, os pêlos tornam-se brancos. FIQUE ATENTO Os folículos pilosos têm atividade cíclica com momentos de atividade alternando com momentos de inatividade. Durante o período ativo as células na matriz de um folículo dividem-se por mitose, empurrando as células mais velhas para cima e causando alongamento do pêlo. Durante os períodos inativos, quando as células da matriz não estão em divisão mitótica, a raiz dos pêlos destaca-se da matriz e o pêlo gradualmente se move para fora do folículo. O pêlo solto pode ser retirado do folículo por atrito ou escovação, ou pode permanecer no folículo até o próximo período de atividade, quando o novo pêlo produzido pela matriz o empurrará para fora. Os folículos pilosos de diferentes partes do corpo têm comportamentos distintos de ativida- de cíclica. Por exemplo, no couro cabeludo os folículos podem permanecer ativos e causar o alongamento contínuo dos pêlos por muitos anos antes de se tornarem inativos por um período de meses. Em outras regiões do corpo, os folículos podem se manter ativos somente por poucos meses e depois entrar em uma fase inativa. O corte dos pêlos ou o barbear, por não afetarem a atividade cíclica dos folículos, não têm qualquer influência no crescimento do pêlo. FIQUE ATENTO Por causa da formação repetida de novos pêlos durante os períodos ativos, a queda normal dos pêlos não indica a calvície. A calvície é uma característica genética que requer a presença de hormônios masculinizantes, os andrógenos, para que a tendência hereditária se torne efetiva. Por essa razão, a calvície é mais comum nos homens do que nas mulheres, que podem ter herdado o caráter, mas não têm os andrógenos necessários para ativá-lo. 1.4.4 Unha Nas superfícies dorsais das falanges distais dos dedos das mãos e dos pés, os dois folhetos epidérmicos mais externos (camada córnea e camada transparente) são intensamente corneificados, formando as unhas. O leito da unha é formado por células germinativas. É onde a unha está posicionada. Esta camada é espessada abaixo da extremidade proximal da unha, formando uma área esbranquiçada, com forma de meia lua, chamada lúnula, que é visível através da unha. A matriz da unha é a região espessada da camada germinativa. É nesta matriz que ocorrem as mitoses, empurrando para frente as células previamente formadas que 20 já se corneificaram e, assim, causando o crescimento da unha. Na extremidade proximal da unha, forma-se o eponíquo ou cutícula que é uma prega da epiderme que se estende sobre a superfície livre. O hiponíquo é a camada córnea que se espessa e está localizado abaixo da ponta livre da unha. As unhas geralmente têm Figura 10- Anatomia da unha Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 uma coloração rosada por causa da rede de capilar que existe abaixo dela e que se torna visível através das células corneificadas. (Fig. 9) 1.4.5 Funções o Sistema Tegumentar O Sistema Tegumentar tem função de: proteção, regulação da temperatura do corpo, excreção, sensação e produção de vitamina D. 1.4.5.1 Proteção A pele forma uma barreira física que protege o corpo contra a invasão de microrganismos e a entrada de substâncias estranhas do meio externo, incluindo a água. Também protege contra o excesso da radiação ultravioleta e reduz grandemente a perda de água do corpo. A superfície da pele está protegia por uma fina película líquida que tende para a acidez (pH 4 a 6,9). Por causa de sua acidez, essa película pode atuar como camada anti séptica e retardar o crescimento de microrganismos na superfície da pele. 1.4.5.2 Regulação da temperatura corporal Mesmo sob condições de elevada temperatura do meio ou durante um exercício, a temperatura do corpo se mantém normal, em parte porque uma considerável quantidade de calor é perdida pela pele. As arteríolas da derme se dilatam quando a temperatura do corpo começa a aumentar, trazendo maior volume de sangue para a superfície do corpo e assim permite que o calor interno seja perdido para o meio. No mesmo instante, a superfície corporal fica úmida, devido ao aumento da atividade secretora das glândulas sudoríparas. A evaporação do suor facilita a perda de calor pelo corpo. Do mesmo modo, no frio, o calor do corpo é conservado pela constrição das arteríolas da derme. Esta constrição diminui o volume de sangueque circula pela superfície do corpo, de tal forma que menos calor será perdido para o meio externo. O fluxo de sangue pode variar intensamente. Em condições normais, o fluxo de sangue no sistema tegumentar é de aproximadamente 400 ml por minuto, porém, em condições extremas, mais de 2.500 ml de sangue podem circular pelos vasos deste sistema por minuto. O arranjo dos vasos sanguíneos da pele torna possível esse enorme fluxo sanguíneo. Existem extensos plexos venosos subcutâneos, localizados próximos à superfície, além dos leitos capilares comuns, que são capazes de comportar grandes volumes de sangue. Estes plexos permitem que o calor passe do sangue para a superfície e então seja perdido pelo corpo. Além disso, em alguns locais é possível que o sangue possa fluir nos plexos venosos diretamente a partir das artérias, por meio de anastomoses arteriovenosas. (Fig. 10) 21 Figura 11– Regulação da temperatura corporal pelo sistema tegumentar Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 1.4.5.3 Excreção Além do seu efeito refrescante, o suor funciona como um meio de excreção. Porções pequenas de resíduos nitrogenados e de cloreto de sódio saem do corpo pelo suor. 1.4.5.4 Sansação Devido a presença de terminações nervosas e receptores especializados, a pele guarnece o corpo com muitas informações do meio externo. Alterações da temperatura, u m toque suave e rápido ou não, pressão, e um trauma doloroso estimulam os receptores tegumentares. Estes receptores, alertam o sistema nervoso central sobre o ocorrido e, assim, possibilita que seja deflagrada uma ação apropriada. Esta ação pode ser simples e automática, como retirar a mão do fogo, ou pode requerer um ato mais complicado, como decidir que tipo de agasalho dever ser usado. 1.4.5.5 Produção de Vitamina D A pele também participa da produção de vitamina D. Na presença de luz solar ou de radiação ultravioleta, um dos esteroides (7-deidrocolesterol) encontrados na pele é alterado de tal maneira que fora a vitamina D3 (colecalciferol). Depois de ser metabolicamente transformada, a vitamina D3 participa da absorção de cálcio e de fosfato de origem alimentar, A vitamina D3 é ainda importante na manutenção do nível ótimo de cálcio e de fosfato no corpo, facilitando assim, o crescimento normal dos ossos e seu reparo pós fratura. 1.5 APARELHO LOCOMOTOR O aparelho locomotor é formado por um conjunto de todas as estruturas envolvidas na locomoção humana. Por questão prática, formam o aparelho locomotor o sistema esquelético e o sistema muscular e, por esta razão, muitos autores consideram sistema musculoesquelético. 22 Por uma questão funcional, não concordamos em unir os nomes dos dois sistemas pois, “musculoesquelético” pode dar a ideia de estarmos falando apenas de músculos que envolvem o esqueleto. Na verdade, se pensarmos apenas na locomoção humana de per si, poderíamos pensar apenas nos músculos esqueléticos realmente, porém, o conceito de locomoção que trazemos nesta unidade vai muito além dos movimentos corporais como o aluno poderia pensar inicialmente. Pensamos também no movimento do sangue dentro dos vasos sanguíneos, nas contrações rítmicas do coração, nos movimentos durante a respiração, no trânsito intestinal ou mesmo na ejeção das substâncias químicas produzidas pelas glândulas. Tudo isto é movimento e, como tal, é determinado por tipos diferentes de músculos que veremos a seguir. Antes, porém, estudamos o sistema esquelético. 1.6 SISTEMA ESQUELÉTICO Sistema esquelético é a união dos diversos tipos de esqueleto, ou seja, é o conjunto de ossos, cartilagens que se interligam para formar o arcabouço do corpo humano e desempenhar suas funções (Fig. 11). O esqueleto divide-se em dois tipos: esqueleto axial (eixo do corpo, parte central) e esqueleto apendicular (membros). O esqueleto axial é formado pelos seguintes ossos: ossos da cabeça, ossos da caixa torácica, ossos da coluna vertebral. O esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros superiores e inferiores. Articulando os dois tipos de esqueleto existem os ossos de transição (escápula, clavícula e ilíaco). Esses ossos permitem a articulação do esqueleto apendicular no esqueleto axial da seguinte forma: o úmero, osso do braço, se articula com a escápula que, por sua vez se articula com a clavícula; e o fêmur, osso da coxa, se articula com o ilíaco. A articulação entre os esqueletos apendicular e axial forma duas cinturas anatômicas que são representadas por linhas imaginárias que circundam as articulações. A primeira cintura é chamada de cintura escapular e é formada por uma linha imaginária que circunda os dois ombros. É formada pelos ossos escápula, clavícula e úmero direitos juntamente com a escápula, Figura 12- . Esqueleto humano Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 clavícula e úmero esquerdos. A segunda cintura é a cintura pélvica que é formada por uma linha imaginária que circunda os dois quadris. É formada pelos ossos fêmur e ilíaco direitos juntamente com o fêmur e ilíaco esquerdos. O termo cintura vem de círculo ou circunferência, por isso a linha imaginária “dá” a volta ao redor dos dois ombros e dos dois quadris. 23 1.6.1 Funções do esqueleto O esqueleto humano desempenha várias funções como suporte, movimento, proteção, estoque ou reserva de minerais e participa da hematopoiese. O esqueleto atua como arcabouço do corpo, dando suporte aos tecidos moles e provendo pontos de fixação para a maioria dos músculos do corpo humano. Pelo fato de muitos músculos estarem fixados ao esqueleto, e muitos ossos estarem organizados, agrupados, articulados em articulações móveis, o esqueleto desempenha um papel importante na determinação do tipo e extensão do movimento corporal. O esqueleto protege de lesões muitos dos órgãos vitais internos pois os envolve. É fácil en- tender quando percebemos que o encéfalo está localizado no interior da cavidade craniana, protegido por todos os ossos que formam o crânio, da mesma forma, ao analisarmos as es- truturas da caixa torácica veremos que a proteção maior do coração, pulmões, vasos impor- tantes se dá pelos ossos, o mesmo acontece com as estruturas nobres da cavidade pélvica. FIQUE ATENTO O esqueleto é fonte de reserva de minerais. Cálcio, fósforo, sódio, potássio entre outros, estão estocados, armazenados nos ossos. Estes minerais podem ser mobilizados e distribuídos pelo corpo por meio do sistema circulatório de acordo com a necessidade de cada região. Após o nascimento, a medula óssea vermelha de certos ossos produz células sanguíneas. 1.6.2 Osso A unidade funcional do esqueleto é o osso que é formado por tecido conjuntivo. É esbranquiçado, duro complexo e dinâmico, que está em constante atividade. Sua principal característica é a mineralização de sua matriz óssea que é formada também de fibras colágenas e proteoglicanas. No osso existem três tipos de células: osteócito (célula madura, derivada do osteoblasto, célula óssea propriamente dita); osteoblasto (célula jovem responsável pela síntese dos componentes orgânicos da matriz óssea, colágeno, proteoglicanas, glicoproteínas e, por isso, está relacionada com a formação óssea) e osteoclasto (célula grande, polinucleada, responsável pela absorção da matriz óssea e de células velhas do osso. O indivíduo adulto possui 206 ossos. Esse número pode variar levando-se em conta algumas situações: (1) fator etário – no nascimento, vários ossos são divididos para auxiliar no momento do parto, permitir o crescimento de estruturas que eles protegem ou permitir o desenvolvimento e crescimento da região onde estão; (2) fator individual – em algumas pessoas, por característica hereditária podem existir ossos extranumerários como é o caso do osso occipital que na verdade é osso único, ímpar, na grande maioria das pessoas, mas em algumas, esse osso apresenta uma protuberância que é, na verdade, outro osso. Os ossos possuem camadas. A camada externa do osso é o periósteoque é uma dupla camada de tecido conjuntivo fibroso. A camada externa do periósteo é vascularizada 24 e inervada, a camada interna do periósteo está fixada ao osso por feixes colágenos, fibras perfurantes do osso ou Fibras de Sharpey. A outra camada do osso é o endósteo que é formado por tecido conjuntivo frouxo e reveste o interior da cavidade medular do osso (Fig. 12). Figura 13 – Camadas do osso Fonte: Adaptado de Vanputte, Regan e Russo (2016) Os ossos possuem uma parte compacta e outra esponjosa. Em uma análise microscópica do osso percebemos que o osso compacto é visto como sendo formado por muitos sistemas organizados de canais interconectados. A unidade do osso compacto é o sistema haversiano ou osteônio. Cada sistema haversiano tem um canal central (canal central do osteônio ou Canal de Havers) que é rodeado por lamelas ou camadas concentricamente arranjadas de osso. Pelo fato dos osteônios estarem paralelos ao longo do eixo do osso, os canais aparecem em secção longitudinal como longos tubos. Esta posição do sistema haversiano dá ao osso, capacidade de resistir a forças compressivas. Cavidades pequenas, lacunas, estão localizadas entre lamelas adjacentes num osteônio. Cada lacuna contém um osteócito. Todas as lacunas estão interconectadas por finíssimos canalículos. Os osteócitos têm pequenos processos protoplasmáticos nas suas superfícies que entram nos canalículos e conectam com os processos celulares dos osteócitos localizados em lacunas adjacentes. No ponto de contato, dentro dos canalículos, os processos celulares dos osteócitos adjacentes são mantidos unidos por junções comunicantes que tornam possível a rápida passagem de nutrientes e resíduos de um para o outro. Cada canal central do osteônio (canal haversiano) contém pelo menos um capilar sanguíneo, que proporciona uma fonte de nutrientes e um meio de eliminação de resíduos dos osteócitos que estão alojados nas lacunas. Os nutrientes e resíduos somente podem se difundir a curta distância através do tecido fluido das lacunas e canalículos, seja para entrar ou sair do canal haversiano. Após entrar no osteócito, os nutrientes provenientes dos vasos sanguíneos são distribuídos para osteócitos adjacentes por meio dos processos citoplasmáticos dentro dos canalículos. Os vasos sanguíneos que alcançam os canais são provenientes de vasos maiores que se encontram localizados ou na superfície do osso (camada vascular do periósteo) ou na cavidade medular. Os vasos sanguíneos, bem como os vasos linfáticos e nervos, entram e saem da cavidade medular por meio dos canais nutrícios que perfuram o osso desde a superfície e se comunicam com a cavidade medular. Os vasos sanguíneos de ambas as fontes alcançam os canais centrais dos osteônio através dos canais perfurantes ou Canais de Volkmann que correm perpendicularmente aos canais centrais dos osteônios. Na superfície externa do osso, logo por baixo do periósteo, são encontradas várias lamelas circunferenciais, que acompanham a circunferência da diáfise, como que rodeando à distância um canal haversiano (Fig. 13). O osso esponjoso é organizado de forma diferente do osso compacto. Embora os 25 osteócitos estejam alojados em lacunas e estas se comuniquem através dos canalículos, como no osso compacto, as lamelas não estão arranjadas em camadas concêntricas. As lamelas estão distribuídas em várias direções que correspondem às linhas de máxima pressão ou tensão. Os capilares sanguíneos alcançam a vizinhança dos osteócitos passando nos espaços da medula óssea entre as placas de osso formadas pelas lamelas. Figura 14 – Visão interna do osso Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS, 2003 1.6.2.1 Composição do osso A substância intercelular ou matriz do osso é formada por dois componentes principais: arcabouço orgânico e sais inorgânicos. O arcabouço orgânico é formado por fibras colágenas semelhantes às encontradas nos demais tecidos conjuntivos. Cálcio e fosfato são, em grande maioria, os sais inorgânicos do osso. As fibras colágenas conferem ao osso grande força de tensão, fazendo com que ele tenha resistência ao alongamento e à torção. Os sais permitem ao osso resistir à compressão. Esta combinação de fibras e sais confere ao osso extraordinária força sem torná-lo quebradiço. O mesmo princípio é usado para reforçar o concreto, onde cabos de aço conferem a força de tensão, e o cimento, areia e brita fornecem a força de compressão. 1.6.2.2 Tipos de ossos Existem vários tipos de ossos: longos; curtos; laminar, chatos ou planos; alongados; pneumáticos; sesamóides e irregulares. Os ossos longos são aqueles que apresentam o comprimento maior do que sua largura. Os exemplos clássicos de ossos longos são: úmero, rádio, ulna, fêmur, tíbia, fíbula, falanges. Reparem que osso longo não é necessariamente osso comprido ou grande. Se compararmos o fêmur (maior osso do corpo humano) com a falange proximal do dedo indicador (segundo dedo da mão) perceberemos facilmente uma diferença descomunal no tamanho, porém, os dois ossos são longos pois o comprimento deles é maior do que a largura. O osso longo se divide em três partes: duas extremidades que são as epífises proximal e distal e a diáfise entre elas (Fig. 14). Esta divisão não é meramente didática e sim anatômica e funcional. Entre a diáfise e as epífises (proximal e distal) existem uma região chamada fise óssea ou zona (área) de crescimento do osso. Nestas regiões existem cartilagens epifisárias que permitirão, em um processo de ossificação, o crescimento do osso. A diáfise é o “corpo” do osso. No Figura 15 – Divisão do osso longo Fonte: Adaptado de Martini, Timmons e Tallitsch (2009) 26 Os ossos curtos são ossos pequenos que não possuem diferenças marcantes entre suas dimensões. Os ossos do carpo e alguns ossos do tarso são exemplos de ossos curtos. Os ossos laminares também chamados planos ou chatos ou ainda achatados, apresentam comprimento e largura equivalentes predominando sobre a espessura. Esses ossos são finos e um pouco curvos. Os exemplos clássicos desses ossos são ossos do crânio, escápula, ilíaco, etc. Os ossos alongados são curvos, achatados, longos, mas que não possuem canal central, ou seja, não são tubulares como os ossos longos tradicionais. O exemplo deste tipo de osso é a costela. Osso pneumático é osso que possui, em seu interior, cavidades preenchidas por ar. A palavra pneu significa “ar”, logo, osso pneumático é aquele osso que possui ar dentro dele. Embora a definição deste tipo de osso possa dar idéia de osso “oco”, frágil, é justamente o contrário. Esses ossos são muito resistentes, são fortes e suportam traumas que por sua aparente fragilidade não suportariam. As cavidades destes ossos são preenchidas por ar, em uma pressão absoluta, para conferir uma maior resistência àquela porção do osso. Essas cavidades formam os “sinus” ou seios da face. Os ossos que são exemplos deste tipo são: frontal, maxilar, etimóide, esfenoide, temporal. Os ossos sesamóides são ossos que estão localizados entre tendões, membranas, cápsulas. Os ossos sesamóides que estão localizados entre tendões são intratendíneos e os localizados entre membranas, cápsulas são peri articulares. A patela é um exemplo de osso sesamóide. Os ossos irregulares são os mais fáceis de todos. São ossos que por sua aparência, localização e formato, não se enquadram em nenhuma das outras classificações. São ossos que não possuem forma geométrica definida. Temporal, zigomático, calcâneo, vértebras são exemplos de ossos irregulares. O Quadro 1, apresenta exemplos de todos os tipos de ossos do corpo humano, separados em cada tipo e representados nas Figuras 15,16,17,18,19,20,21 1.6.2.3 Relevos ósseos Todo osso possui acidentes anatômicos também conhecidos como relevos ósseos. Esses re- levos estão presentes de forma mais marcante em muitos ossos. São imperfeiçoes, detalhes encontrados na superfície dos ossos. Podem ser protuberância, pontas, depressões, eleva-ções, buracos. Os mais comuns são: superfície articular – extremidade proximal e distal do osso que se articula com outro; crista – linha óssea proeminente, aguda; côndilo – proemi- nência arredondada que se articula com outro osso; epicôndilo – pequena projeção localiza- da acima ou no côndilo; sulco – vale entre duas projeções ósseas; faceta – superfície articular quase achatada, lisa; fissura – passagem estreita como uma fenda; forame – buraco; fossa – depressão, frequentemente usada como superfície articular; fóvea – depressão pequena geralmente usada como fixação, mais do que articulação; cabeça – geralmente a extremi- dade maior de um osso longo, frequentemente separada do corpo do osso por um colo es- treitado; linha – margem óssea suave; meato – canal; processo – proeminência ou projeção; espinha – projeção afilada; trocânter – processo globoso grande; tubérculo – nódulo ou pe- queno processo arredondado; tuberosidade – processo amplo, maior do que um tubérculo. FIQUE ATENTO seu interior existe uma cavidade denominada canal medular que abriga a medula óssea. Por esta razão os ossos longos também são chamados tubulares. 27 Figura 16– Osso longo Fêmur Figura 17 – Osso curto Ossos do carpo Figura 18 – Osso laminar, plano ou chato Figura 19 – Osso pneumático Esfenóide Figura 20 – Osso alongado Costela Figura 21 – Osso sesamóide Patela Figura 22– Osso irregular Vértebra Quadro1 – Exemplos de todos os tipos de ossos do corpo humano Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 1.6.2.3.1 Funções dos relevos ósseos Os relevos ósseos têm funções variadas. A primeira delas e mais óbvia é servir de ponto de articulação com outro osso. Por exemplo: a cabeça do úmero se articula na cavidade glenóide da escápula; a cabeça do fêmur se articula na fossa do acetábulo do ilíaco. Outra importante função dos relevos ósseos é servir de ponto de fixação de tendões, ligamentos, membranas, capsulas. Por exemplo: o ligamento teres major fixa a fóvea da cabeça do fêmur no fundo do acetábulo; o tendão patelar é fixado na tuberosidade tibial. Servir de ponto de referência para localização de outras estruturas anatômicas também é outra função do relevo ósseo. Por exemplo: para localizar a artéria radial palpa-se primeiro, com a polpa digital do segundo e do terceiro dedos, o processo estilóide do rádio. A artéria radial é mais facilmente palpável “escorregando” os dedos em direção à região medial do antebraço. Ela estará bem em cima da extremidade distal do rádio. 28 Os relevos ósseos também servem como ponto de passagem de vasos, nervos, tendões. Por exemplo: no sulco bicipital “passa” o tendão longo do músculo bíceps braquial; pelos forames transversos das vértebras cervicais passa a artéria vertebral. 1.6.3 Localização dos ossos 1.6.3.1 Cabeça Para melhor entendimento dividimos os ossos em ossos do crânio e ossos da face. 1.6.3.1.1 Ossos do crânio Frontal : osso ímpar que forma a região ântero superior do crânio. Forma a testa. Parietal: osso par; parietal direito e parietal esquerdo. Formam a maior parte da abóboda craniana. Os parietais se articulam na linha mediana para formar a sutura sagital. Tempora: osso par; temporal direito e temporal esquerdo. Formam juntamente com o osso esfenoide a fossa média do crânio. Occipital: osso ímpar, localizado na região posterior da cabeça, mais precisamente na porção póstero inferior da abóboda craniana. Esfenóide: osso ímpar. Estende-se completamente de um lado ao outro da cabeça. Forma o assoalho da fossa média do crânio. Articula-se com o osso temporal e occipital. Vai de um lado ao outro. Etmóide: osso ímpar. Está situado no meio do assoalho da fossa craniana anterior onde forma a maior parte das paredes da porção superior da cavidade nasal. O Quadro 2 mostra os ossos do crânio por meio das Figuras 23 a 28. Figura 23 – Frontal Figura 24 – Parietal Figura 25 – Temporal Figura 26 – Occipital Figura 27 – Esfenóide Figura 28 – Etimóide Quadro 2 – Ossos do crânio Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 29 1.6.3.1.2 Ossos da face Frontal: é comum tanto no crânio quanto na face devido seu tamanho e formato. Maxilar ou maxila : osso par. Formam a porção central do esqueleto facial. Com exceção da mandíbula, todos os ossos da face se articulam com o maxilar. Zigomático: osso par. São também chamados malar. Articulam-se com o maxilar e o temporal para formar a proeminência da face (maçã do rosto). Também se articulam com o frontal e com o esfenoide para formar parte do assoalho e da parede lateral da órbita ocular. Nasal : osso par. São dois ossos pequenos que se encontram na linha mediana da face para formar o dorso do nariz. Lacrimal : osso par. São ossos delicados e pequenos que ajudam a formar a face medial da órbita ocular. Mandíbula: osso ímpar. Possui um corpo horizontal com formato de ferradura e dois ramos perpendiculares a ele. Se articula como os ossos temporais para formar a articulação temporomandibular. Com o movimento dessas articulações (direita e esquerda) falamos, mastigamos, etc. Vômer: osso ímpar. É um delgado osso quadrangular que forma a porção póstero inferior do septo nasal Concha nasal inferior: osso par. Conchas nasais inferiores são alongadas e se projetam medialmente das paredes laterais da cavidade nasal. Estão localizadas logo abaixo das conchas médias do osso etmoide. Palatino: osso par. Tem um formato da letra “L”. Formam a porção posterior do palato duro (céu da boca). O Quadro 3 mostra os ossos da face por meio das Figuras 29 a 36. Figura 29 – Maxila Figura 30 – Zigomático Figura 31 – Nasal Figura 32 – Lacrimal Figura 33 – Mandíbula Figura 34 – Vômer Figura 35 – Concha nasal inferior Figura 36 – Palatino Quadro 3 – Ossos da Face Fonte: HANSEN; LAMBERT, 2007 30 1.6.3.1.3 Ossos da audição Três minúsculos ossos estão localizados na cavidade da orelha média, cavidade timpânica. Os ossículos são pares. Se localizam entre a membrana timpânica e a janela do vestíbulo (janela oval), que separa a orelha média da orelha interna. O martelo está fixado na face interna do tímpano. A bigorna se articula em sua porção anterior com o martelo e em sua porção posterior com o estribo. O estribo prende-se na janela oval. Quando o som entra pelo conduto auditivo externo (orelha externa) faz vibrar o tímpano. Como o martelo está aderido ao tímpano, movimenta-se chocando contra a bigorna que por sua vez faz o estribo movimentar e estimular as estruturas da janela oval. A energia mecânica proveniente do som, ao chegar na cóclea é transformada em energia elétrica e daí segue até o centro responsável pela audição. O Quadro 4 apresenta os ossículos por meio das Figuras 37 ,38 e 39. Figura 37 – Martelo Figura 38- Bigorna Figura 39 Estribo Quadro 4 - Ossículos Fonte: LIPPINCOTT, WILLIAMS & WILKINS 1.6.3.1.4 Hióide O osso hióide (Fig. 40) merece destaque por ser um osso que não se articula com nenhum outro. É osso ímpar. Tem formato da letra “U” e está suspenso por ligamentos no processo estiloides dos ossos temporais. Está localizado logo acima da laringe. Serve como ponto de fixação dos músculos da língua e da faringe. Figura 40 – Osso hióide Fonte: Adaptado de Martini, Timmons e Tallitsch (2009) e Moore, Dalley e Agur (2014) 1.6.3.2 Coluna vertebral A coluna vertebral é formada por ossos que estão posicionados em sequência. Ela é dividida em cinco regiões que são formadas por ossos que guardam características físicas idênticas entre eles. Seus ossos recebem o nome genérico de vértebras e somente a primeira e a segunda vértebras cervicais têm nomes especiais, porém, ainda são mais conhecidos pelo nome genérico. A primeira vértebra cervical chama-se Atlas e a segunda Axis (Fig. 41). A Áxis possui um relevo ósseo conhecido por dente ou processo odontóide que se articula com o Atlas. A primeira vértebra, Atlas, tem esse nome em alusão a um deus grego (mitologia grega) que era representadopela figura de um homem que sustentava 31 o planeta Terra com as mãos e a nuca. Assim, o Atlas é representado pelo processo odontóide do Axis (cabeça do deus Atlas), suas mãos são as facetas articulares para o osso occipital e o planeta Terra é a cabeça. Figura 41 – Atlas e Axis (Primeira e segunda vértebras da coluna cervical) Fonte: Adaptado de Martini, Timmons e Tallitsch (2009) A coluna vertebral é dividida em cinco regiões que são: coluna cervical (7 vértebras), coluna torácica ou dorsal (12 vértebras), coluna lombar (5 vértebras), sacro (5 vértebras) e cóccix (4 vértebras) (Fig. 42). As vértebras (nome genérico) são também conhecidos de forma técnica e didática da seguinte forma: letra inicial maiúscula da região da coluna onde se encontra seguido do número que corresponde a posição que a mesma ocupa nessa região. Assim, como a coluna cervical possui 7 vértebras, elas são conhecidas como C1, C2, C3, C4, C5, C6, e C7. A posição das vértebras é sempre de proximal para distal, ou seja, de cranial para caudal. Desta forma, as vértebras C1 e C2 são o Atlas e o Axis, respectivamente. A coluna torácica ou dorsal tem suas 12 vértebras conhecidas pela inicial “T” (torácica) ou “D” (dorsal) seguida do número que identifica a posição delas na região. Dessa forma elas são T1, T2, T3 até T12 ou D1, D2, D3 até D12. A vértebra T1 se articula com a vértebra C7 e a vértebra T12 se articula com a L1, ou seja, a primeira vértebra da coluna torácica (T1) se articula com a última vértebra da coluna cervical (C7) e a última vértebra da coluna torácica (T12) se articula com a primeira Figura 42 – Divisão da coluna vertebral Fonte: : Adaptado de Martini, Timmons e Tallitsch (2009)vértebra lombar (L1). A coluna lombar é formada por cinco vértebras assim conhecidas: L1, L2, L3, L4, L5. Da mesma forma obedece ao mesmo sentido de proximal para distal. O sacro é formado por cinco vértebras que se fundiram formando um osso, mas é possível identificar cada uma. S1, S2, S3, S4, S5 são os nomes de suas vértebras. O cóccix é a última região da coluna vertebral. É formado por quatro vértebras que se fundiram em um único osso, mas, a exemplo do sacro, é possível identificar cada uma. Para diferenciar das vértebras cervicais que também iniciam com a letra C, as vértebras do cóccix são conhecidas pelas letras “Ccx”. Assim, fica: Ccx1, Ccx2, Ccx3, Ccx4. Na maioria dos espaços entre as vértebras existe uma estrutura localizada e apoiada no corpo da vértebra que tem função de amortecer os impactos sofridos. Esta estrutura, chamada de disco intervertebral, é formada por um tecido conjuntivo envolto por fibras de colágeno (Fig. 43). No seu interior existem anéis fibrosos e um núcleo pulposo, de consistência gelationosa, localizado na região central. Nem todos os espaços entre as vértebras existem disco intervertebral. Entre a primeira e a segunda vértebra cervicais (C1- C2), entre as vértebras do sacro, entre a quinta vértebra do sacro e a primeira vértebra do cóccix (S5-Ccx1) e entre as vértebras do cóccix não existem disco intervertebral. 32 Figura 43 – Anatomia do disco intervertebral Fonte: MOORE, 2014 Ao contrário do que muitos possam pensar, a coluna vertebral não é reta. Ao analisar a coluna vertebral de frente ou de costas (visão anterior ou posterior) podemos ter essa errônea impressão, mas ao analisar a coluna vertebral de lado constatamos como são suas curvaturas. Suas curvaturas normais, fisiológicas estão localizadas nas regiões da coluna vertebral de forma intercalada. A coluna cervical possui a curvatura lordose da mesma forma que a coluna lombar. A coluna torácica possui a curvatura normal chamada cifose da mesma forma que o sacro e o cóccix. Portanto, lordose e cifose são nomes de curvaturas normais da coluna vertebral. O que é anormal é o aumento da curvatura (hiperlordose ou hipercifose) ou a diminuição da curvatura (hipolordose ou hipocifose). 1.6.3.3 Caixa Torácica A caixa torácica é formada pelos seguintes ossos: esterno, costelas, clavícula, escápulas, vértebras torácicas (Fig. 44). O osso esterno é um osso achatado e alongado. Está localizado ao centro do tórax. É composto de três partes: manúbrio, corpo e processo ou apêndice xifoide. A porção superior do manúbrio se articula com a extremidade esternal das duas clavículas. Suas margens laterais articulam-se com as cartilagens costais da primeira e da segunda costelas. O corpo do esterno articula-se nas suas margens laterais com com as cartilagens costais da segunda costela (que também Figura 44- Caixa Torácica, visão anterior e posterior Fonte: NETTER, 2000. compartilham com o manúbrio) até a sétima costela. O processo xifoide não se articula com nenhuma costela. Ele serve de ponto de fixação de diversos ligamentos e músculos, incluindo o músculo reto do abdome. Uma curiosidade sobre o osso esterno é a forma como é escrito. A segunda letra deste osso é “S” e não “X”. Externo significa lado de fora e não o nome do osso que, por sua vez, é “esterno” (Fig. 45). As costelas são 12 pares totalizando 24. Os primeiros sete pares articulam-se posteriormente com as vértebras torácicas e anteriormente com o osso esterno por meio das cartilagens costais. Estas são as costelas verdadeiras ou costelas vertebroesternais. Os outros cinco pares são chamadas de costelas falsas. Os primeiros três pares de costelas falsas (oitava, nona e décima) têm suas cartilagens costais fixadas na cartilagem costal acima delas, são as costelas vertebrocondrais. As 33 cartilagens costais da décima primeira e da décima segunda constelas são curtas e não se articulam com o osso esterno ou com outra cartilagem costal, são as costelas flutuantes ou costelas vertebrais. Figura 45- Osso esterno Fonte: NETTER, 2000. Figura 46- Costelas Fonte: MOORE, 2014 Figura 48- Escápula Fonte: NETTER, 2000 Assim, os 12 pares de costelas são distribuídas: sete pares de costelas verdadeiras ou vertebroesternais, cinco pares de costelas falsas, das quais, três pares são costelas vertebrocondrais e duas são costelas flutuantes ou costelas vertebrais (Fig 46). As cartilagens costais são formadas de cartilagem hialina. Dão resistência ao tórax, servindo de fixação anterior para a maioria das costelas. Ao mesmo tempo, pelo fato de serem cartilagens, conferem flexibilidade à caixa torácica para se expandir durante a inspiração e retrair durante a expiração. As clavículas são ossos pares, tem a forma de um “S”. Possui duas extremidades: uma esternal que se articula com o manúbrio do esterno e uma acromial que se articula com o acrômio da escápula (Fig. 47). As escápulas são ossos pares, em formato triangular (Fig. 48). São delgado e achatado. Encontram-se sobre a face posterior das costelas, da segunda à sétima. A margem superior forma a base do triângulo com uma margem medial (vertebral) e uma lateral (axilar). Sua extremidade distal é o vértice do triângulo. Chama-se ângulo inferior da escápula. O ângulo lateral forma a cavidade glenóide que se articula com o úmero. Figura 47- Clavícula Fonte: NETTER, 2000. Os membros superiores são divididos em três partes (Fig. 49). Sua região proximal é chamada braço e tem um osso único chamado úmero. O úmero articula-se, em sua região proximal, com a escápula e na sua região distal com a ulna e o rádio formando o cotovelo. A porção mediana do membro superior é o antebraço. Esta região possui dois ossos: rádio e ulna. A ulna e o rádio se articulam com o úmero em suas regiões proximais e com a primeira fileira do carpo em suas regiões distais. Os dois ossos do antebraço, na posição anatômica, estão paralelos. A ulna está localizada na região medial do antebraço e o rádio na região lateral. Na sua extremidade proximal, a ulna tem dois proeminentes processos: o maior, posterior, chamado olecrano e o menor, anterior, chamado processo coronóide. Ela se articula com o úmero por meio de seu olecrano que faz um “encaixe” quaseperfeito na fossa do olecrano que é relevo 34 anatômico da extremidade distal e posterior do úmero. Entre o rádio e a ulna existe uma membrana fibrosa, muito resistente chamada membrana interóssea. Em sua extremidade distal, a ulna é fina com uma pequena cabeça arredondada chamada processo estiloide. O processo estiloide da ulna se articula com a primeira fileira do carpo mas tem um espaço maior entre eles que permite o movimento de desvio ulnar do punho em uma amplitude bem maior do que o desvio radial. O rádio possui uma extremidade proximal pequena e cilíndrica que é a cabeça do rádio. A cabeça do rádio articula-se com o capítulo do úmero e com a incisura radial da ulna. Devido ao formato da cabeça do rádio, durante os movimentos de supinação e pronação, ele “gira” sobre a ulna permitindo esses movimentos. Na extremidade distal do rádio existe o processo estiloide que se articula com a primeira fileira do carpo, mas, diferente da ulna, seu processo estiloide é grande e resistente e existe espaço bem menor entre ele e a primeira fileira do carpo. Figura 49 - Ossos do membro superior Fonte : Drake, Vogl e Mitchell (2015) A extremidade distal do membro superior é a mão. A mão divide-se em três partes: carpo, metacarpo e falanges. O carpo é a região proximal da mão, formada por oito ossos dispostos em duas fileiras de quatro ossos. Os ossos do carpo são: primeira fileira – escafoide, semilunar, piramidal e psiforme; segunda fileira – trapézio, trapezoide, capitato e hamato. A primeira fileira do carpo se articula com o rádio e a ulna da seguinte forma: o escafoide e o semilunar se articulam com o rádio e o piramidal se articula com a ulna. O psiforme fica localizado um pouco mais acima. As articulações entre a primeira fileira do carpo e o rádio e a ulna formam a articulação do punho. A segunda fileira do carpo se articula com os metacarpos (Figura 50). Figura 50- Ossos do carpo Fonte: Adaptado de Drake, Vogl e Mitchell (2015) 35 Muitos alunos têm dificuldade de aprender os ossos do carpo. Você pode memorizar, inclu- sive a posição de cada um, com uma dica simples. Os ossos da primeira fileira vamos gravar apenas as duas primeiras letras de cada nome: ES, SE, PI, PI. Os ossos da segunda fileira va- mos, memorizar as três primeiras letras: TRA, TRA, CA, HA. Fica mais fácil assim. Dá até para cantar. A primeira fileira é ES, SE, PI, PI e a segunda é TRA, TRA, CA, HA FIQUE ATENTO Existem cinco metacarpos que recebem o nome da posição que ocupam: primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto metacarpos. O primeiro metacarpo é o que está do mesmo lado do polegar que é o primeiro dedo da mão. Os metacarpos se articulam em sua região proximal com a segunda fileira do carpo e em sua região distal com as falanges proximais. O primeiro dedo, o polegar, é o dedo mais importante da mão. Este dedo é o único capaz de fazer o movimento de oponência que consiste em fazê-lo tocar o quinto dedo. O polegar possui duas falanges: uma proximal e outra distal. Os outros dedos da mão possuem três falanges cada que são falange proximal, falange medial e falange distal. O termo “falange medial” se refere à falange que está entre outras duas e, aqui, “medial” não se refere à linha média (Fig. 51 ). FIQUE ATENTO Em resumo, o membro superior possui 30 ossos assim distribuídos: braço – um, antebraço – dois; mão 27 (carpo – oito, metacarpo – cinco e falanges – 14). Figura 51: Falanges das mãos Fonte: Adaptado de Drake, Vogl e Mitchell (2015) 36 1.6.3.4 Membro inferior Os membros inferiores são divididos em coxa, perna e pé (Figura 52). Sua região proximal, a coxa, possui um único osso chamado fêmur. O fêmur é o maior osso existente no corpo humano. Articula-se, em sua extremidade proximal, com o ilíaco para formar a articulação do quadril e em sua região distal com a patela e a tíbia. A cabeça do fêmur é a sua epífise proximal esférica que é voltada para a região medial para se articular na fossa do acetábulo do ilíaco. No ponto mais alto da cabeça do fêmur existe uma depressão chamada fóvea da cabeça do fêmur de onde o ligamento teres major emerge para “prendê-la” no fundo do acetábulo. Abaixo da cabeça do fêmur existe uma região estreitada chamada colo do fêmur. No ponto onde o colo do fêmur “encontra” com o corpo do osso há dois processos: um grande chamado trocânter maior e um pequeno, trocânter menor. Na extremidade distal do fêmur existem relevos alargados que são os côndilos lateral (mais distante da linha média) e o medial (mais próximo da linha média). Os côndilos do fêmur se articulam com a tíbia. Na região ântero inferior entre os côndilos há um ponto liso (face patelar) onde a patela se articula na extensão do joelho. Na região póstero inferior há uma fossa profunda chamada fossa intercondiliana ou intercondilar (que está entre os côndilos). A perna possui três ossos: patela, tíbia e fíbula. A patela é um osso sesamóide e está localizado, na verdade, entre a coxa e a perna. Tíbia e fíbula são os ossos próprios da perna. A tíbia é um osso longo, robusto e está localizado na região ântero medial da perna e a fíbula é osso longo, porém fino e está localizado na região lateral da perna. A tíbia suporta o peso corporal que é transmitido a ela pelo fêmur. Sua extremidade proximal é alargada em côndilos lateral e medial. As superfícies superiores dos côndilos são achatadas e irregulares em sua região central. Essa região é conhecida como Plateau (ou platô) tibial. Ela se articula com a extremidade distal dos côndilos do fêmur. Sobre as bordas do plateau tibial estão localizados os meniscos que servem como uma espécie de amortecedor para os impactos sofridos pelo joelho. Na região anterior, um pouco abaixo da extremidade proximal existe uma tuberosidade chamada tuberosidade tibial ou tuberosidade da tíbia onde o tendão patelar se insere. O tendão patelar é prolongamento do tendão do quadríceps que é um grupamento muscular da região anterior da coxa. Ainda na região anterior, em uma área conhecida popularmente por “canela”, existe uma margem que se estende por quase todo o corpo do osso. Esta região é chamada de crista ou espinha da tíbia. Na extremidade distal da tíbia existe o maléolo medial ou maléolo da tíbia. A face distal da tíbia é achatada par se articular como o tálus (primeiro osso do tarso). A fíbula é osso fino localizado na região lateral da perna. Sua extremidade proximal, Figura 52 -Ossos do Membro Inferior (a) e do pé (b) Fonte: Adaptado de Drake, Vogl e Mitchell (2015) 37 cabeça, se articula com o côndilo lateral da tíbia. Em sua extremidade distal, existe o maléolo lateral ou maléolo da fíbula que se articula com a extremidade distal da tíbia e com o tálus. Os maléolos medial (tíbia) e lateral (fíbula) e a face distal da tíbia se articulam com o tálus e formam a articulação tíbio társica ou talocrural (tornozelo). Embora seja muito fino, a fíbula tem papel fundamental. Serve como ponto de ancoragem do ligamento colateral lateral do joelho, fixação de tendões de músculos e forma a articulação do tornozelo juntamente com a tíbia e o tálus. Entre a tíbia e a fíbula existe uma membrana fibrosa, densa, muito resistente, chamada membrana interóssea. A extremidade distal do membro inferior é o pé. O pé é dividido em três partes: tarso, metatarso e falanges. O tarso é uma região formado por sete ossos. O primeiro osso do tarso chama-se tálus. Articula-se em sua região proximal com a tíbia e a fíbula e, em sua região distal com o calcâneo (segundo osso do tarso). O calcâneo forma o proeminente osso do calcanhar. Ele se articula com o navicular e com o cubóideo. O osso navicular está localizado na região medial, enquanto o cubóideo está localizado na região lateral. O navicular se articula com os três cuneiformes e o cubóideo com o quinto metatarso. Os três ossos cuneiformes (em forma de cone) são cuneiforme medial (mais próximo da linha média), cuneiforme intermédio(entre os outros dois) e cuneiforme lateral (mais distante da linha média). Assim, os ossos do tarso são sete: tálus, calcâneo, navicular, cubóideo, cuneiforme medial, cuneiforme intermédio e cuneiforme lateral. Os metatarsos são em número de cinco. Recebem o nome da posição que se encontram: primeiro, segundo, terceiro, quarto e quinto metatarsos. O primeiro metatarso é o osso que está do mesmo lado que o hállux (primeiro dedo do pé). 1.6.3.4.1 Cingulos O corpo humano possui dois cíngulos ou cinturas que são as cinturas escapular e pélvica. A cintura escapular está localizada na região superior do tórax. É formada pelos ossos clavícula, escápula e úmero. A cintura é uma linha imaginária que interliga as duas articulações dos ombros. A cintura pélvica é formada pelos ossos fémur, ilíaco e sacro. Assim como a cintura escapular, a cintura pélvica é uma linha imaginária que interliga as articulações dos quadris. Os humanos, devido sua condição bípede e postura ereta, adotam padrões de marcha que são facilitados e melhorados pelas cinturas. Durante a marcha, exercemos o que chamamos de dissociação das cinturas. A cintura escapular gira para um lado enquanto que a cintura pélvica gira para o outro. Assim, quando o membro inferior direito é posicionado a frente do corpo, o membro superior esquerdo o “acompanha” em movimento coordenado e, quando o membro inferior esquerdo é posicionado a frente o membro superior direito é quem faz o mesmo movimento. O ato de balançar os braços de forma rítmica e coordenada com os membros inferiores permite ao ser humano uma marcha mais eficiente com mais desenvoltura e independência. 38 Figura 53 - Cintura Escapular Fonte: Adaptado de Netter (2014) Figura 54- Cintura Pélvica Disponível em: https://bit.ly/3y0ATlF . Acesso em: 12 maio 2020. 1.7 SISTEMA MUSCULAR O Sistema muscular é o conjunto de órgãos denominados músculos dotados da capacidade de diminuir o seu comprimento (contração) e retornar à posição inicial (relaxamento). Os músculos determinam toda a dinâmica do corpo humano, desde o deslocamento dos ossos até o trânsito intestinal. Kura e Spassim (2013) definiram o sistema muscular como um conjunto constituídos por três tipos de tecidos musculares que formam os músculos esqueléticos, liso e cardíaco. Anatomicamente, os músculos são definidos como estruturas que apresentam capacidade de se contrair quando estimulados. O termo miologia (mio = músculo; logia = estudo) é utilizado para definir o estudo dos músculos. A função dos músculos é dependente de sua localização. A ação muscular é o resultado da ação das células musculares individuais e no conjunto com outras. As células musculares são as que melhor exibem a propriedade da contratilidade. Como resultado, as células musculares são importantes em atividades tais como movimento de várias partes do corpo, propulsão de materiais através do corpo e a expulsão de resíduos. Além disto, a contração dos músculos produz calor que pode ser usado para a manutenção da temperatura corporal. O tecido muscular constitui cerca da metade do peso total do corpo humano e, por causa de suas muitas funções, contribui para a manutenção da homeostase. FIQUE ATENTO O corpo humano é dotado de três tipos de músculos: músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso. https://bit.ly/3y0ATlF 39 1.7.1 Músculo Estriado Esquelético Os músculos estriados esqueléticos encontram-se revestindo o esqueleto. São de contração voluntária, ou seja, estão sob o controle consciente do indivíduo. Entretanto, sob diversas condições, as contrações desses músculos não requerem um propósito consciente. Por exemplo, uma pessoa usualmente não tem que pensar na contração dos músculos envolvidos na manutenção da postura. De qualquer forma, a ação melhor entendida para esse tipo de músculo é, de fato a voluntária; se o indivíduo quiser andar, seus músculos contrairão de forma a permitir todo o complexo movimento da marcha. Nas diversas situações do dia a dia, é pouco provável ou mesmo quase impossível que apenas um único músculo estriado esquelético seja “recrutado” para desenvolver um movimento. O movimento corporal, por mais simples que seja até os mais complexos é um somatório de ações de vários músculos esqueléticos, ao mesmo tempo. Macroscopicamente o músculo estriado esquelético possui elementos distintos e facilmente identificados. O músculo é formado por uma parte central vermelha chamada de ventre muscular, que está posicionada entre dois ou mais tendões que são estruturas esbranquiçadas que fixam o músculo ao osso. O ventre muscular é a parte contrátil e o tendão é a parte que tem elasticidade baixa e uma resistência muito alta. A fixação do músculo ao osso é feita pelas suas extremidades por meio dos tendões de origem e de inserção. O tendão de origem estará fixando o músculo ao osso em sua parte inicial, ou seja, que não apresentará movimento, já o tendão de inserção estará fixando o músculo ao osso, em sua parte final. A contração muscular é a aproximação do ponto de inserção ao ponto de origem. Logo, o tendão de inserção fixa o músculo no osso que está no segmento que será movimentado em função da contração daquele músculo. Assim, quando um músculo estriado esquelético se contrai ele se encurta e “puxa” seu ponto de inserção, promovendo o movimento. FIQUE ATENTO Cada músculo estriado esquelético é composto de numerosas células musculares individuais, chamadas fibras musculares. As fibras musculares estão mantidas unidas por delgadas bainhas de membranas de tecido conjuntivo chamada fáscias. Epimísio é a fáscia que envolve o músculo. A fáscia também penetra o músculo, separando as fibras musculares em feixes chamados fascículos. Esta fáscia é o perimísio. Extensões muito delgadas da fáscia, chamadas de endomísio, envolvem Figura 55: Estrutura de um músculo esquelético Fonte: NETTER (2000) a membrana celular de cada fibra muscular (Figura 55). Os vasos sanguíneos e os nervos passam no músculo com as bainhas de fáscia para alcançar cada célula muscular. 40 1.7.1.1 Anatomia microscópica do músculo estriado esquelético Quando observados ao microscópio, os músculos esqueléticos possuem bandas transversas alternadamente claras e escuras dando-lhes um aspecto de estrias, daí serem chamados de estriados. Na análise do músculo esquelético ao microscópio observa-se que as fibras musculares têm uma estrutura subcelular regular. As fibras musculares esqueléticas são multinucleadas com aproximadamente 10 a 100 micra de diâmetro e com muitos centímetros de comprimento. Cada fibra contém desde várias centenas até vários milhares de estruturas regularmente dispostas, chamadas de miofibrilas que se estendem ao longo do comprimento da célula. Quando as miofibrilas estão aumentadas, parecem ser estriadas transversalmente, pela presença de faixas alternadamente claras e escuras. As faixas escuras são chamadas anisotrópicas ou Banda A; as faixas claras são chamadas isotrópicas ou Banda I. Atravessando o centro tem-se uma densa linha Z que dividem as miofibrilas numa série de segmentos repetitivos chamados sarcômeros. No centro do sarcômero encontra-se uma região pouco menos densa, referida como Banda H. Uma fina e escura Banda M atravessa o centro da Banda H. O sarcômero possui dois tipos distintos de miofilamentos posicionados longitudinalmente; filamentos grossos e filamentos finos. Tantos os filamentos grossos como os delgados são compostos de proteínas. Os filamentos grossos consistem de uma proteína chamada miosina. Uma molécula de miosina é formada por duas subunidades idênticas. As duas subunidades estão fortemente enroladas uma na outra de tal forma que a molécula completa de miosina apresenta duas fileiras de cabeças bulbosas fazendo saliência numa extremidade da haste reta. Um filamento grosso contém aproximadamente 200 moléculas de miosina arranjadas de tal maneira que as hastes das moléculas estão
Compartilhar