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E E IZANETE VICTOR DOS SANTOS PROFESSOR: Rilton José Vieira Pereira DISCIPLINA: GEOGRAFIA – 2º Ano DO CAPITALISMO COMERCIAL À REVOLUÇÃO DO CONHECIMENTO O capitalismo, sistema econômico e social que rege o mundo de hoje, teve origem na Europa, entre os séculos XIII e XIV, com o renascimento urbano e comercial e o surgimento de uma nova classe social: a burguesia. Os principais mecanismos do capitalismo se alteraram ao longo do tempo para se adaptarem às novas formas de relações políticas e econômicas estabelecidas entre as nações. Para entender melhor sua evolução, vamos considerar quatro fases principais nesse processo: 1 – Capitalismo comercial, que vai do século XV até o século XVIII. Corresponde ao período das Grandes Navegações (Mapa abaixo) e do colonialismo. Nessa época, países da Europa ocidental (Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda) ampliaram suas relações comerciais e conquistaram territórios em diversas partes do mundo. As monarquias apoiavam o comércio segundo a doutrina mercantilista – um conjunto de práticas econômicas. Para garantir a prosperidade da nação, as políticas mercantilistas defendiam a forte intervenção do Estado na economia e pregavam a ideia de que a riqueza e a importância de um país eram medidas pela quantidade de metais preciosos acumulados (metalismo). Os lucros obtidos com o comércio colonial eram muito altos e essa rentabilidade permitiu o acúmulo de capitais, que muitos estudiosos chamam acumulação primitiva de capitais. 2 – Capitalismo industrial, que vai do século XVIII até 1941/1918. Na segunda metade do século XVIII, quando a atividade produtiva era caracterizada pelo artesanato e pela manufatura, na Grã-Bretanha ocorreram várias mudanças tecnológicas, sociais e econômicas que ficaram conhecidas como Revolução Industrial. O surgimento e a expansão de invenções e do uso de novas fontes de energia, como a máquina a vapor movida a carvão, transformaram a produção de mercadorias e multiplicaram a produtividade do trabalho. Nessa etapa do capitalismo, desenvolveu-se a divisão entre capital e trabalho. Os meios de produção (fábricas, comércios, propriedades rurais, minas, etc.) e a propriedade privada se concentravam nas mãos de poucas pessoas: a burguesia, enquanto a maioria da população possuía apenas sua força de trabalho, que podia ser vendida mediante um salário. A produção industrial tornou-se a maior fonte de lucro, e o trabalho assalariado passou a ser a relação típica do capitalismo: quem recebia salário acabava consumindo os produtos que ajudava a fabricar. Segundo Karl Marx (1818-1883), um dos maiores críticos do capitalismo, o lucro dos proprietários dos meios de produção advinha da prática da mais-valia (Imagem abaixo). Na sociedade capitalista, o empregado produz mais lucro para o patrão do que o salário que lhe é pago. Por exemplo: o trabalhador tem uma jornada de seis horas diárias; entretanto, em cinco horas, ele produz um valor equivalente ao salário de seis horas, sendo o valor de outra hora apropriado pelo capitalista. Em resumo, o que é produzido nessa sexta hora é a mais-valia. Essa etapa do capitalismo se caracterizou pela intervenção cada vez menor do Estado na economia, provocando mudanças que contribuíram para a consolidação do capitalismo como sistema econômico e para o surgimento de uma nova doutrina econômica: o liberalismo. Segundo os princípios liberais, o capitalismo é um sistema de livre-iniciativa, cujo objetivo é o maior lucro possível. Trata-se de uma economia de mercado regulado pela lei da oferta e da procura. 3 – Capitalismo financeiro ou monopolista, que vai do fim século XIX até 1960. O crescente aumento da produção e a expansão da indústria para outros países, no final do século XIX, desencadearam disputas por novos mercados consumidores e também por fornecedores de matérias-primas entre os países industrializados da Europa. Como nessa época muitas das antigas colônias da América já haviam conseguido sua independência, as potências europeias estenderam seus domínios para outros pontos do globo e partiram em busca de novas colônias na África e na Ásia, dando início à partilha desses dois continentes, período que ficou conhecido como imperialismo (Mapa abaixo). Nesse cenário, a atividade industrial e a economia passaram a ter um crescimento acelerado, e o funcionamento das empresas se tornou mais complexo, o que possibilitou aos bancos assumirem um novo papel. Assim, o capital tornou-se essencial para o funcionamento das empresas. Para atrair recursos, muitas empresas se tornaram Sociedades Anônimas (S.A.) e passaram a emitir ações. A união do capital industrial com o capital de financiamento (bancário) deu origem ao capital financeiro e fortaleceu os bancos como outro tipo de instituição financeira: os bancos de investimentos especializados em empréstimos a longo prazo, que participavam do capital das empresas. Com as fusões de empresas e os acordos entre bancos e indústria, surgiram grandes corporações que passaram a controlar o mercado e a impor seus preços, tornando a livre concorrência bastante limitada. A concentração de capital nas mãos de poucas pessoas ou empresas trouxe, como consequência, a monopolização e, depois, a oligopolização de vários setores da economia, que passaram a ser dominados por grandes grupos econômicos. Nesse panorama, o Estado já dava os primeiros sinais de intervenção na economia. Essa intervenção ocorreu, sobretudo, quando a liberdade excessiva dos mercados, somada ao cenário mundial do período entreguerras, resultou na crise de 1929, em razão da quebra da Bolsa de Valores de Nova York. Essa crise abalou o sistema capitalista e causou falências, diminuição da produção e desemprego generalizado. O Estado reforçou seu duplo papel como agente econômico: o de empresário, como proprietário de empresas (estatais), e o de planejador. Assim, passou a intervir diretamente na economia. O principal teórico e defensor da intervenção estatal na economia oligopolizada foi o inglês John Maynard Keynes (1883-1946). Suas ideias ficaram conhecidas como teoria keynesiana, ou keynesianismo. Um dos grandes acontecimentos do século XX foi o fim dos impérios colônias entre 1945 e 1975. As novas nações independentes, em sua maioria localizadas na África e na Ásia, passaram a fazer parte do grande bloco de países subdesenvolvidos, então chamados Terceiro Mundo, do qual também faziam parte antigas colônias da América, com exceção dos Estados Unidos e do Canadá. Com a independência política do então Terceiro Mundo e a oligopolização dos mercados, as empresas multinacionais, hoje chamadas, mais apropriadamente, transnacionais, mantiveram a sede em seu país de origem e abriram unidades de produção em países subdesenvolvidos para conseguir menores custos de matéria-prima, mão de obra, incentivos fiscais e mercado consumidor. Com a superação da crise, a economia retomou seu crescimento, fazendo com que a concentração empresarial se tornasse mais complexa. Foi quando surgiram os conglomerados, constituídos por empresas que diversificaram sua produção para dominar a oferta de determinados produtos ou serviços. Geralmente, os conglomerados são administrados por um holding (Imagem abaixo), que pode ser definida como o estágio mais avançado do capitalismo monopolista. 4 – Capitalismo informacional, que começa a partir dos anos 1970. Após a segunda metade do século XX, os computadores e as tecnologias de comunicação se aperfeiçoaram e permitiram o armazenamento de dados e a transmissão de informação com velocidade cada vez maior. Isso tornou possível a reestruturação do modo de produção capitalista, fazendo com que esse sistema entrasse na era informacional. O processo industrial baseado em pesquisas que levaram ao desenvolvimento e aprimoramento das tecnologias de informação caracteriza a Terceira Revolução Industrial.Segundo o sociólogo espanhol Manuel Castells, desde as décadas de 1960 e 1970, é possível falar em capitalismo informacional. A partir desse período, o conhecimento tornou-se tão importante que empresas passaram a investir bilhões de dólares em pesquisa e desenvolvimento. Nessa nova etapa do capitalismo, os avanços tecnológicos podem agregar mais valor aos produtos fabricados ou serviços oferecidos e proporcionar melhorias na produção por meio do processamento de informações e da expansão das atividades que fazem parte do setor terciário. Surge, assim, uma sociedade pós-industrial, chamada sociedade da informação, que se torna parte de uma economia global, devido às novas tecnologias de comunicação e de transporte. Os principais componentes dessa economia, como consumo, circulação, trabalho, matéria-prima, tecnologia e mercado funcionam em escala mundial, daí chamamos globalização. Nas décadas de 1970 e 1980 houve uma redefinição das práticas do liberalismo clássico. Para reestruturar as economias, surgiu uma nova doutrina econômica: o neoliberalismo, que cresceu e praticamente dominou a economia mundial na década de 1990 e na primeira década do século XXI. Bibliografia ALMEIDA, Lúcia Marina Alves de. RIGOLIN, Tércio Barbosa. Fronteiras da Globalização, volumes 2. 3ª Ed. São Paulo: Ática,2017.
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