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2. Processos de Desenvolvimento do Capitalismo

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Geografia 
 Geral & Brasil 
 
 01 
 
Processo de Desenvolvimento do Capitalismo 
 
O capitalismo, como sistema econômico e social, passou a ser dominante no mundo ocidental a partir 
do século XVI. A transição do feudalismo para o capitalismo, porém, ocorreu de forma bastante desigual 
no tempo e no espaço: foi mais rápida na porção ocidental da Europa e muito mais lenta na porção 
central e na oriental. O Reino Unido foi, por várias razões, o país no qual a transição foi mais acelerada. 
O capitalismo evoluiu gradativamente e foi se transformando à medida que novas dificuldades 
surgiam. O sistema capitalista sempre apresentou, ao longo de sua história, grande dinamismo. Isso se 
explica devido ao seu profundo enraizamento histórico e cultural, pois sua origem é muito antiga (final da 
Idade Média) e sua evolução histórica foi muito lenta, particularmente na Europa Ocidental e na América 
Anglo-Saxônica. Gradativamente, ele foi se sobrepondo a outras formas de produção, até se tornar 
hegemônico, o que, em âmbito mundial, ocorreu em sua fase industrial. 
Considerando seu processo de desenvolvimento, costuma-se dividir o capitalismo em três fases: 
 
Século XVI XVII XVIII XIX 1850 XX 1914/1918 
 
CAPITALISMO COMERCIAL 
 
CAPITALISMO INDUSTRIAL 
 
Feudalismo 
 
 
 MERCANTILISMO 
 
 
 
 
 
 Expansão Marítima Europeia 
 Acumulação Primitiva de Capitais 
 
 
Colonialismo 
 (partilha da América) 
 
 
Carbonífero Petrolífero 
Têxtil Elétrica 
Naval Química 
Siderúrgica Motores 
 
Primeira Revolução ------- Segunda Revolução 
 Industrial Industrial 
 
Reino Unido  Estados Unidos 
FrançaAlemanha  Alemanha 
Estados UnidosJapão 
Canadá 
Rússia 
 
L I B E R A L I S M O  
 
 Imperialismo  
 
1885 Congresso de BerlimRevolução 
 (partilha da África) Russa 
 
 
 
1914/1918 1929 1939/1945 1950 1960 1970 1980 1990 
 
CA P I T A L I S M O F I N A N C E I R O 
 Nuclear 
 Informática 
 Robótica 
 Segunda Guerra Telecomunicações 
 Mundial 
 
 Imperialismo  DESCOLONIZAÇÃO Terceira Revolução 
 Monopólios e Oligopólios  Subdesenvolvimento Industrial 
 (trustes e Cartéis)  Conglomerados Estados Unidos / Japão 
 
L I B E R A L I S M OK E Y N E S I A N I S M O 
 (Clássico)  intervenção do Estado na economia 
 (welfare State) 
 NEOLIBERALISMO  
 Formação da  Thatcher (Reino Unido) 
 União Soviética  Reagan (Estados Unidos) 
 Crise de 29: queda da  Globalização da Economia  
 Bolsa de Nova Iorque  Colapso do Socialismo 
  Fim da União Soviética 
 
 
Primeira 
Guerra 
Mundial 
Revolução 
Técnico 
Cientifico 
Geografia 
 Geral & Brasil 
 
 02 
O CAPITALISMO 
 COMERCIAL 
Essa etapa do capitalismo estendeu-se desde 
fins do século XV até o século XVIII. Foi marcada 
pela expansão marítima das potências da Europa 
Ocidental na época (Portugal e Espanha), em 
busca de uma nova rota para as Índias, 
objetivando romper a hegemonia italiana no 
comércio com o Oriente via Mediterrâneo. Foi o 
período das Grandes Navegações e 
descobrimentos, das conquistas territoriais, e 
também da escravização e genocídio de milhões de 
nativos da América e da África. 
O grande acúmulo de capitais se dava na esfera 
da circulação, ou seja, por meio do comércio, daí o 
termo capitalismo comercialpara designar o 
período. A economia funcionava segundo a 
doutrina mercantilista, que, em sentido amplo, 
pregava a intervenção governamental na 
economia, a fim de promover a prosperidade 
nacional e aumentar o poder do Estado. Nesse 
sentido, defendia a necessidade de acumulação de 
riquezas no interior dos Estados, e a riqueza e o 
poder de um país era medido pela quantidade de 
metais preciosos (ouro e prata) que possuíam. 
Esse princípio ficou conhecido como metalismo. 
Após a descoberta de ouro e prata na América, 
houve um enorme afluxo de metais preciosos para 
a Europa, sobretudo para a Espanha, o Reino 
Unido e Portugal. 
Outro meio de acumular riquezas era manter 
uma balança comercial sempre favorável, daí o 
esforço para exportar mais do que importar, 
garantindo saldos comerciais positivos. Assim, o 
Estado deveria ser forte para apoiar a expansão 
marítima e o colonialismo, que garantiriam alta 
lucratividade, já que as colônias eram obrigadas a 
vender seus produtos às metrópoles a preços 
baixos e a comprar delas o que necessitavam a 
preços altos. 
O mercantilismo foi fundamental para o 
desenvolvimento do capitalismo, pois permitiu, 
como resultado de um comércio altamente 
lucrativo, da exploração das colônias e da 
pirataria, grande acúmulo de capitais nas mãos da 
burguesia europeia. Karl Marx designou essa fase 
como a da acumulação primitiva, primária ou 
inicial de capitais, somada a outros fatores, que 
veremos a seguir, criou as condições, primeiro no 
Reino Unido e depois na Europa continental, para 
que ocorresse a Revolução Industrial, projetando o 
capitalismo para sua fase seguinte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Política econômica desenvolvida pelos Estados europeus entre os séculos XVI e XVIII, baseada no 
absolutismo estatal e na empresa privada. Corresponde à transição do feudalismo para o capitalismo, 
portanto à era de acumulação do capital. Caracteriza-se pela interferência do governo na economia, na 
acumulação de metais preciosos, na balança comercial favorável (exportação maior que importação) e 
na exploração colonial. O fortalecimento do poder real depende de sua capacidade de acumular 
riquezas e de proteger a nação da concorrência militar e econômica de outros países. Com a formação 
das Monarquias nacionais surge o desejo das nações de se tornar potências, apoiadas pela burguesia. 
Nessa época, a riqueza de uma nação é determinada pela quantidade de metais preciosos (ouro e 
prata) que possui. Os países que não têm acesso direto às minas procuram aumentar seu comércio. 
Para isso iniciam sua expansão marítima e comercial, conquistando e explorando novos territórios.Para controlar a riqueza e a economia da nação, os Estados utilizam-se de barreiras alfandegárias, 
tarifas de comércio, incentivo às empresas privadas, controle da produção interna e promoção das 
atividades comerciais. A criação de companhias de comércio para a exploração colonial também é um 
elemento da política mercantilista. São empresas privadas nas quais se associam o governo e 
empresas comerciais de um país para ampliar e defender, inclusive militarmente, os negócios nos 
territórios então descobertos. Um exemplo é a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, cujo 
objetivo era garantir para a Holanda (Países Baixos) o mercado fornecedor de açúcar. Com a 
Revolução Industrial, em meados do século XVIII, o mercantilismo é substituído pelo liberalismo 
econômico, que defende a não interferência do Estado na economia. 
 
 
Geografia 
 Geral & Brasil 
 
 03 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CAPITALISMO 
 INDUSTRIAL 
 
O capitalismo industrial foi marcado por 
grandes transformações econômicas, sociais, 
políticas e culturais. As maiores mudanças 
resultaram do que se convencionou chamar 
Revolução Industrial (estamos nos referindo aqui à 
Primeira Revolução Industrial; ocorrida no Reino 
Unido na Segunda metade do século XVIII). Um de 
seus aspectos mais importantes foi a enorme 
potencialização da capacidade de transformação da 
natureza, por meio da utilização cada vez mais 
disseminado de máquinas movidas a vapor 
produzido pela queima de carvão, tornando 
acessível aos consumidores uma quantidade cada 
vez maior de produtos, o que multiplicava os 
lucros dos produtores. 
O comércio não era mais a essência do sistema. 
O lucro – objetivo dessa nova fase do capitalismo – 
advinha fundamentalmente da produção de 
mercadorias. Mas de que modo se lucrava com a 
produção em série de tecidos, máquinas, 
ferramentas, armas? Ou com os rápidos avanços 
nos transportes, graças ao surgimento dos trens e 
barcos a vapor? 
Foi Karl Marx, um dos mais influentes 
pensadores alemães do século passado, quem 
desvendou o mecanismo da exploração capitalista, 
que é a essência do lucro, chamando-o de mais-
valia. 
O trabalho assalariado é uma relação 
tipicamente capitalista, pois se dissemina à medida 
que o capital começa a ser reproduzido, 
provocando uma crescente necessidade de 
expansão dos mercados consumidores. O 
trabalhador assalariado, além de apresentar maior 
produtividade que o escravo, tem renda disponível 
para o consumo, ao contrário daquele. Assim, a 
escravidão, uma relação de trabalho típica da fase 
comercial do capitalismo, foi extinta quando o 
trabalho assalariado passou a predominar. 
Com o aumento da produção industrial, a partir 
de meados do século XIX, mais e mais fábricas 
necessitavam de matérias-primas, de energia, de 
mão de obra e de mercados para seus produtos. A 
industrialização não se restringia somente ao Reino 
Unido; já se expandira para a Bélgica, a França, a 
Alemanha, a Itália, a Rússia e até para além da 
Europa: os Estados Unidos e, de forma incipiente, 
o Japão. 
Sistema de governo no qual o poder é centralizado nas mãos do monarca, característico dos regimes da 
maioria dos Estados europeus entre os séculos XVII e XVIII. Os reis controlam a administração do 
Estado, organizam Exércitos permanentes, dominam a padronização monetária e fiscal, procuram 
estabelecer as fronteiras de seus países e intervêm na economia nacional por meio de políticas 
mercantilistas e coloniais. Também criam uma organização judiciária nacional, a justiça real, que se 
sobrepõe ao fragmentado sistema feudal. 
A centralização do poder desenvolve-se a partir da crise do feudalismo. Com o crescimento comercial, a 
burguesia tem interesse em disputar o poder político com os nobres e apoia a centralização do poder. A 
Reforma Protestante do século XVI também colabora para o fortalecimento do poder monárquico, pois 
enfraquece o poder papal e coloca as igrejas nacionais sob o controle do soberano. 
Com a evolução das leis, a partir do estudo do direito romano, surgem teorias que justificam o 
absolutismo, como as de Nicolau Maquiavel, Jean Bodin (1530-1596), Jaques Bossuet (1627-1704) e 
Thomas Hobbes (1588-1679). 
O Estado absolutista típico é a França de Luís XIV (1638-1715). Conhecido como o Rei Sol, a ele é 
atribuída a frase que se torna o emblema do poder absoluto: "O Estado sou eu". Luís XIV atrai a nobreza 
para o Palácio de Versalhes, perto de Paris, onde vive em um clima de luxo inédito na história do 
Ocidente. Na Inglaterra, no início do século XVI, Henrique VIII, segundo rei da Dinastia Tudor, consegue 
impor sua autoridade aos nobres com o apoio da burguesia e assume também o poder religioso. O 
processo de centralização do poder completa-se no reinado de sua filha Elizabeth I. 
No século XVIII surge o despotismo esclarecido, uma nova maneira de justificar o fortalecimento do 
poder real, apoiada pelos filósofos iluministas. 
O processo de extinção do absolutismo na Europa começa na Inglaterra com a Revolução Gloriosa 
(1688), que limita o poder real com a Declaração de Direitos (Constituição), assinalando a ascensão da 
burguesia ao controle do Estado. Na França, o absolutismo termina com a Revolução Francesa (1789). 
Nos outros países ele vai sendo derrotado com as Revoluções Liberais do século XIX. 
Geografia 
 Geral & Brasil 
 
 04 
Se, no mercantilismo (fase comercial), o Estado 
absolutista era favorável aos interesses da 
burguesia comercial, no tocante à atuação da nova 
burguesia industrial, ou capitalista, era um 
empecilho. Ele não deveria intervir na economia, 
que funcionaria segundo a lógica do mercado, 
guiada pela livre concorrência. Consolidava-se, 
assim, uma nova doutrina econômica: o 
liberalismo. Dissemina-se entre os capitalistas essa 
nova ideologia, difundida por economistas 
britânicos, como Adam Smith lançou as bases do 
liberalismo no livro A riqueza das nações, 
publicado na Inglaterra em 1776. 
Essas novas ideias interessavam principalmente 
à Inglaterra, “oficina do mundo” – devido ao seu 
avanço industrial – e “rainha dos mares” – 
devido ao seu poderio naval. O país vendia seus 
produtos aos quatro cantos do planeta. 
Dentro das fábricas, mudanças importantes 
estavam acontecendo: a produtividade e a 
capacidade de produção aumentavam velozmente; 
aprofundava-se a divisão de trabalho e crescia a 
produção em série. Nessa época, segunda metade 
do século XIX, estava ocorrendo o que se 
convencionou chamar de Segunda Revolução 
Industrial. Uma das características mais 
importantes desse período foi à introdução de 
novas tecnologias e novas fontes de energia no 
processo produtivo. Pela primeira vez, tendo como 
pioneiros os Estados Unidos e a Alemanha, a 
ciência era apropriada pelo capital, ou seja, era 
posta a serviço da técnica, não mais como na 
Primeira Revolução Industrial, ocorrida no século 
XVIII, quando os avanços tecnológicos eram 
resultado de pesquisas espontâneas e autônomas. 
Agora havia uma verdadeira canalização de 
esforços por parte das empresas e do Estado para 
a pesquisa científica com o objetivo de desenvolver 
novas técnicas de produção. 
A siderurgia avançou significativamente, assim 
como a indústria mecânica, graças ao 
aperfeiçoamento da fabricação do aço. Na indústria 
química, com a descoberta de novos elementos e 
materiais, ampliaram-se às possibilidades para 
vários novos setores, como o petroquímico. A 
descoberta da eletricidade beneficiou as indústrias 
e a sociedade em geral, pois promoveu grande 
melhoriana qualidade de vida. O desenvolvimento 
do motor a combustão interna, e a consequente 
utilização de combustíveis derivados do petróleo, 
abriu novos horizontes para os transportes, que se 
dinamizaram imensamente, em virtude da 
expansão das indústrias automobilística e 
aeronáutica. Os fragmentos a seguir, do livro de 
Michel Beaud, nos dão uma ideia clara de como foi 
esse período. 
Com o brutal aumento da produção, pois a 
industrialização expandia-se para outros países, 
acirrou-se cada vez mais a concorrência. Era cada 
vez maior a necessidade de se garantirem novos 
mercados consumidores, novas fontes de 
matérias-primas e novas áreas para investimentos 
lucrativos. 
Foi dentro desse quadro que ocorreu a 
expansão imperialista na Ásia e na África. Em 
1885, na Conferência de Berlim, retalhou-se o 
continente africano, partilhado entre as potências 
europeias. 
Às duas potências hegemônicas da época, Reino 
Unido e França, couberam as maiores extensões 
de territórios coloniais. Portugal e Espanha há 
muito decadentes, tentaram conservar seus 
domínios, conquistados no século XVI. Bélgica e 
Países Baixos, apesar de terem perdido muito do 
poderio alcançado no século XVIII, ocuparam 
importantes possessões. Finalmente, Alemanha e 
Itália, recentemente unificadas, apoderaram-se de 
pequenas porções territoriais. 
A partilha imperialista das potências industriais 
consolidou a divisão internacional do trabalho, pela 
qual as colônias se especializavam em fornecer 
matérias-primas baratas para os países que então 
se industrializavam. Tal divisão, delineada no 
capitalismo comercial, consolidou-se na fase do 
capitalismo industrial. Assim, estruturou-se nas 
colônias uma economia complementar e 
subordinada à das potências imperialistas. 
Nessa época, também surgia uma potência 
industrial fora da Europa: os Estados Unidos da 
América. Em 1823, o então presidente norte-
americano James Monroe decretou a Doutrina 
Monroe, que tinha como lema “A América para 
os Americanos”. Assim, os Estados Unidos 
delimitavam a América Latina como sua área de 
influência econômica e geopolítica. 
Na Ásia, também em fins do século XIX, o 
Japão emergiu como potência, sobretudo após a 
ascensão do imperador Mitsuhito, que deu início à 
chamada Era Meiji. O império do Sol passou a 
competir com as potências europeias na conquista 
de territórios no leste da Ásia, como a rica China, 
disputado como os britânicos e os russos. 
Geografia 
 Geral & Brasil 
 
 05 
A Alemanha, por ter se unificado tardiamente 
(1871), perdeu a fase mais importante da corrida 
imperialista e sentiu-se lesada, especialmente 
frente ao Reino Unido e à França. Além disso, 
como a sua indústria crescia em ritmo mais rápido 
que a dos demais países, também se ressentia 
mais da falta de mercados consumidores. O 
choque de interesses internos e externos entre as 
potências imperialistas europeias acabou levando o 
mundo à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). 
Assim, a primeira metade do século XX, 
marcada por significativos avanços tecnológicos, 
foi também um período de grande instabilidade 
econômica e geopolítica. Além da Primeira Guerra 
Mundial, ocorreu a Revolução Russa de 1917, a 
crise de 1929 e a Grande Depressão, a ascensão 
do nazismo e o fascismo na Europa e a Segunda 
Guerra Mundial (1939-1945). Nessas poucas 
décadas, o capitalismo passou por crises e 
transformações, adquirindo novos contornos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O CAPITALISMO 
 FINANCEIRO 
 
Uma das consequências mais importantes do 
crescimento acelerado da economia capitalista foi 
brutal processo de concentração e centralização de 
capitais. Várias empresas surgiram e cresceram 
rapidamente: indústrias, bancos, corretoras de 
valores, casas comerciais, etc. A acirrada 
concorrência favoreceu as grandes empresas, 
levando a fusões e incorporações que resultaram, 
a partir de fins do século XIX, na monopolização ou 
oligopolização de muitos setores da economia. 
O capitalismo entrava desse modo, em sua fase 
financeira e monopolista. É consenso marcar como 
o início dessa nova etapa da evolução capitalista a 
virada do século XIX para o século XX, coincidindo 
com o período da Expansão Imperialista (1875-
1914). No entanto, a consolidação só ocorreu 
efetivamente após a Primeira Guerra Mundial, 
quando as empresas tornaram-se muito mais 
poderosas e influentes, acentuando a 
internacionalização dos capitais. 
Boa parte dos grandes grupos econômicos da 
atualidade surgiu nesse período. 
Consolidou-se, particularmente nos Estados 
Unidos, um vigoroso mercado de capitais: as 
empresas foram abrindo cada vez mais seus 
capitais através da venda de ações em bolsa de 
valores. Isso permitiu a formação das gigantescas 
corporações da atualidade, cujas ações estão 
Doutrina política e econômica que visa assegurar a liberdade dos indivíduos e limitar o poder do Estado. As ideias 
liberais - formuladas na Europa entre os séculos XVII e XIX - desafiam os Estados absolutistas e mercantilistas vigentes 
em favor da instituição de governos constitucionais baseados no livre mercado. Sua difusão está ligada ao 
desenvolvimento do capitalismo e à ascensão da classe burguesa. 
Liberalismo político – As diretrizes do Estado liberal são expostas pelo inglês John Locke (1632-1704) em Dois 
Tratados sobre o Governo (1690). Locke formula a teoria dos direitos naturais, segundo a qual os indivíduos possuem, 
por natureza, direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à propriedade. E a sociedade civil - formada livremente pelos 
homens - existe para preservar e consolidar esses direitos, agora sob o amparo da lei. Na França, o filósofo Montesquieu 
(1689-1755) escreve Do Espírito das Leis (1751), em que defende a separação dos poderes (Executivo, Legislativo e 
Judiciário), princípio incorporado às futuras constituições liberais. A doutrina recebe, mais tarde, a contribuição de Stuart 
Mill (1806-1873). 
O liberalismo influencia movimentos importantes da Idade Moderna. A Revolução Gloriosa inglesa de 1689 assinala o 
triunfo completo do Parlamento sobre o poder do rei. Nos EUA, os preceitos liberais são fixados na Declaração de 
Independência de 1776. E, na França, tornam-se hegemônicos após a Revolução Francesa. 
Seus teóricos condenam as políticas mercantilista, apoiadas na intervenção estatal. Acreditam que a dinâmica de 
produção, distribuição e consumo de bens é regida por leis naturais. Dessa forma, a função do Estado é garantir o 
funcionamento dessas leis e a propriedade privada. O principal expoente é o escocês Adam Smith (1723-1790), autor de 
Uma Investigação sobre a Natureza e Causas da Riqueza das Nações (1776). Nela, propõe um modelo econômico 
baseado no jogo livre da oferta e da procura, o laissez-faire (deixai fazer, em francês). Para o autor, a riqueza está no 
trabalho humano, que deve ser dirigido pela livre iniciativa dos empreendedores. Sua teoria é enriquecida pelos trabalhos 
de Thomas Malthus (1766-1834) e David Ricardo (1772-1823). 
As ideias liberais permanecem hegemônicas até o fim do século XIX. A partir de então se vão atenuando e dando 
lugar a uma maior participação dos governos em setores como saúde e educação, com o objetivo de superar as 
desigualdades sociais. 
Geografia 
 Geral & Brasil 
 
 06 
pulverizadas entre milhares de acionistas. Em 
geral, essas grandes empresas têm um acionista 
majoritário, que pode ser uma pessoa, uma 
família, uma empresa, um banco ou uma holding, 
e o restante, muitas vezes milhões de ações, está 
nas mãos de pequenosinvestidores. No Brasil, 
uma empresa de capital aberto leva em sua razão 
social o termo S. A. (sociedade anônima). 
Não é mais possível distinguir o capital 
industrial do capital bancário. Fala-se agora em 
capital financeiro. Os bancos passam a ter um 
papel cada vez mais importante como 
financiadores da produção. Bancos incorporam 
indústrias e, por outro lado, indústrias incorporam 
ou constituem bancos para lhes dar retaguarda. 
O liberalismo restringe-se cada vez mais ao 
plano da ideologia, pois o mercado passa a ser 
oligopolizado, dominado por grandes corporações, 
substituindo a livre concorrência e o livre mercado. 
O Estado, por sua vez, passa a intervir na 
economia, seja como agente planejador ou 
coordenador, seja como agente produtor ou 
empresário. Essa atuação do Estado na economia 
intensificou-se após a crise de 1929, que viria a 
sepultar definitivamente o liberalismo clássico. 
A crise de 1929 deveu-se ao excesso de 
produção industrial e agrícola, pois os baixos 
salários pagos na época impediram a expansão do 
mercado de consumo interno; à recuperação da 
indústria europeia, que passou a importar menos 
dos Estados Unidos; e à exagerada especulação 
com ações na bolsa de valores. A ideologia 
capitalista vigente na época, porém foi decisiva: 
acreditava-se, segundo os preceitos liberais, que o 
Estado não deveria intervir na atividade 
econômica. Mesmo depois da fase mais aguda da 
crise, que foi a quebra da bolsa de valores de Nova 
Iorque, o Estado ainda relutou durante meses 
antes de intervir na economia para evitar o 
aprofundamento da crise. Resultado: milhares de 
indústrias e bancos foram à falência, gerando 
cerca de quatorze milhões de desempregados em 
1933. Assim, sucumbindo às evidências, foi 
elaborado um plano de combate à crise. 
Colocado em prática em 1933, pelo então 
presidente Franklin Roosevelt, o New Deal (“novo 
plano” ou “novo acordo”), foi um clássico exemplo 
de intervenção do Estado na economia. Baseado 
em um audacioso plano de obras públicas, com o 
objetivo principal de acabar com o desemprego, o 
New Deal foi fundamental para a recuperação da 
economia norte-americana. 
Essa política de intervenção estatal numa 
economia oligopolizada, que acaba favorecendo o 
grande capital, ficou conhecida como 
Keynesianismo, por ter sido o economista inglês 
John Maynard Keynes (1883 - 1946) seu 
principal teórico e defensor. 
Em cada setor da economia - petrolífero, 
elétrico, siderúrgico, têxtil, naval, ferroviário, etc. - 
passam a predominar alguns grandes grupos. São 
os trustes, que controlam todas as etapas da 
produção, desde a retirada da matéria-prima da 
natureza, passando pela transformação em 
produtos até a distribuição das mercadorias. 
Quando esses trustes fazem acordos entre si, 
estabelecendo um preço comum, dividindo os 
mercados potenciais e, portanto, inviabilizando a 
livre concorrência, criam um cartel. 
No cartel não há, como no truste, a perda de 
autonomia das empresas envolvidas. O truste é 
resultado de processos tipicamente capitalistas 
(concentração e centralização de capitais), que 
levam a fusões e incorporações de empresas de 
um mesmo setor de atividade. Já o cartel surge 
quando as empresas fazem acordos visando 
partilhar entre si determinados mercados ou 
setores da economia. 
Em 1928, constituiu-se um dos mais famosos e 
poderosos cartéis de todos os tempos, reunindo as 
companhias petrolíferas Exxon, Chevron, Gulf Oil, 
Mobil Oil, Texaco, British Petroleum e Royal 
Dutch/Shell, mundialmente conhecido como as 
“sete irmãs” do petróleo. Essas empresas (as cinco 
primeiras, norte-americanas; a outra, britânica e a 
última, anglo-holandesa) tinham, e ainda têm, 
mais poder do que muitos Estados; controlam, em 
muitas regiões, todas as etapas da atividade 
petrolífera (extração, transporte, refino e 
distribuição do petróleo). 
Muitos trustes, surgidos no final do século XIX e 
início do século XX, transformaram-se em 
conglomerados. Resultantes de um processo mais 
amplo de concentração e centralização de capitais, 
de uma brutal ampliação e diversificação dos 
negócios, visando dominar a oferta de 
determinados produtos ou serviços no mercado, os 
conglomerados, também chamados grupos ou 
corporações, são os exemplos mais perfeitos de 
empresas que atuam no capitalismo monopolista. 
Controlados por um holding eles estendem seus 
Geografia 
 Geral & Brasil 
 
 07 
“tentáculos” (fazendo analogia com um polvo, a 
holding seria a cabeça) por diferentes setores da 
economia. O objetivo fundamental é a manutenção 
da estabilidade do conglomerado, garantindo uma 
lucratividade média, já que há rentabilidades 
diferentes em cada setor. 
Os maiores conglomerados surgem hoje no 
Japão. O Mitsubishi Group, o maior do mundo, 
fabrica desde alimentos e lapiseiras até navios e 
aviões, passando por automóveis, aço, aparelhos 
de som, videocassetes, televisores, etc., sem 
contar que as indústrias Mitsubishi têm 
tradicionalmente, como agente financiador, o 
Banco Mitsubishi. Este, que já constava na lista 
dos maiores bancos do mundo, após a fusão com o 
Banco Tokyo, transformou-se no maior do planeta, 
o Tokyo - Mitsubishi. Outros exemplos de grandes 
conglomerados que atuam em vários e têm 
interesses globais são AT&T (Estados Unidos), 
General Motors (Estados Unidos), Daimler-Benz 
(Alemanha), Siemens (Alemanha), Fiat (Itália), 
Nestlé (Suíça), Matsushita (Japão), Hitachi 
(Japão), Unilever (Países Baixos Reino - Unido). 
As necessidades do capitalismo industrial- 
liberal – matérias-primas, fontes de energia e 
mercados – continuaram existindo no capitalismo 
financeiro - monopolista? Na verdade, tais 
necessidades se ampliaram, pois a produção 
industrial, movida pela Segunda Revolução 
Industrial, aumentou cada vez mais. Até meados 
deste século, a maior parte do mundo ainda era 
formada por colônias que apresentavam uma 
economia complementar à das potências, definindo 
a tradicional divisão internacional do trabalho. O 
imperialismo continuou, garantindo a expansão 
nos países que estavam se industrializando. 
O desfecho da Segunda Guerra Mundial agravou 
o processo de decadência das antigas potências 
europeias, que se verificava desde o final da 
Primeira Guerra Mundial. Aos poucos, elas foram 
perdendo os seus domínios coloniais na Ásia e na 
África e, com a destruição provocada pela guerra, 
houve o deslocamento do centro de poder mundial 
com a emergência de duas superpotências: os 
Estados Unidos e a União Soviética. 
Do ponto de vista econômico, o período do pós-
guerra foi marcado por acentuada mundialização 
da economia capitalista, sob o comando dos 
grandes conglomerados, agora chamados de 
multinacionais ou transnacionais. Foi o período de 
gestação das profundas transformações 
econômicas pelas quais o mundo iria passar, 
principalmente a partir dos anos 80, ou seja, o 
atual processo de globalização da economia. 
Características das Fases do Capitalismo 
Características Capitalismo 
Comercial 
Capitalismo 
Industrial 
Capitalismo 
Financeiro 
PERÍODO 
APROXIMADO 
 
Século XVI a 1850 
1850 ao inicio do século 
XX 
 
Século XX 
PRÁTICA 
ECONÔMICA 
 
Mercantilismo 
 
Liberalismo económico Keynesianismo 
Neoliberalismo 
ESCALA 
ESPACIAL 
Formação de grandes 
impérios 
Soberania para o Estado-
Nação e neocolonialismo 
Imperialismo e domínios dos 
blocos econômicos 
 
PAPEL DO 
ESTADO 
 
Intervenção na 
economia 
Regulação da economia, 
defesa da propriedade e 
da livre iniciativa. 
Desregulamentação, abertura da 
economia para as transnacionais. 
CENTRO DE 
DECISÕES 
 
Nacional 
 
Nacional 
 
Supranacional 
 
PRINCIPAIS 
INOVAÇÕES 
TECNOLÓGICAS 
 
Transporte marítimo,armamentos e técnicas 
de navegação. 
1ª Revolução: maquina 
2ª Revolução: motores, 
química, petróleo, 
automóveis. 
3ª Revolução: Computação, 
química fina, nuclear, 
telecomunicações, robótica, 
biotecnologia. 
 
MERCADO 
Protecionismo 
alfandegário 
 
Barreiras Alfandegárias 
Internacionalização da economia 
 
ORGANIZAÇÃO 
DE TRABALHO 
 
Artesanal 
Produção em massa e 
padronizada 
(fordismo/taylorismo) 
Toyotismo, inovações, ajustes 
flexíveis, 
just in time. 
 
ECONOMIA 
 
Expansão comercial 
 
Produção industrial 
Período técnico-científico: 
informação e comunicação. 
PRINCIPAIS 
ESPAÇOS DE 
REFERÊNCIA 
Portugal, Espanha, 
Inglaterra, Holanda e 
França. 
 
Grã-Bretanha, França, 
Alemanha, EUA, Japão. 
EUA, Japão, União Europeia, 
Tigres Asiáticos, China e Índia. 
Geografia 
 Geral & Brasil 
 
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