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TCC II - Bitcoin - Protocolo Final

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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - UDC 
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO 
 
 
 
 
Arthur Gabriel Zvir Machado dos Santos 
Italo Pagnoncelli Corrêa 
Luan Nicolas Farias Villaverde 
Matheus Cascardo Werneck 
 
 
 
 
 
 
MOEDA DIGITAL: OPORTUNIDADES E RISCOS DA UTILIZAÇÃO DA 
CRIPTOMOEDA BITCOIN - UM ESTUDO COM OS ACADÊMICOS DO 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - CAMPUS 
CENTRO DE FOZ DO IGUAÇU/PR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOZ DO IGUAÇU/PR 
2022 
 
Arthur Gabriel Zvir Machado dos Santos 
Italo Pagnoncelli Corrêa 
Luan Nicolas Farias Villaverde 
Matheus Cascardo Werneck 
 
 
 
 
 
MOEDA DIGITAL: OPORTUNIDADES E RISCOS DA UTILIZAÇÃO DA 
CRIPTOMOEDA BITCOIN - UM ESTUDO COM OS ACADÊMICOS DO 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - CAMPUS 
CENTRO DE FOZ DO IGUAÇU/PR 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso II submetido 
à Avaliação dos Docentes do curso de 
Administração como requisito parcial para 
aprovação na disciplina de TCC II. 
 
Orientador: Professor Me. Azenir Dahlem 
Pacheco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FOZ DO IGUAÇU/PR 
2022 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃO 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado como requisito parcial para a 
obtenção do Título de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Dinâmica 
das Cataratas 
 
 
 Foz do Iguaçu, 05 de julho de 2022. 
 
 
 
 
 
Prof. Mestre Sínvales Roberto Souza 
Coordenador do Curso de Administração 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA: 
 
 
 
 
 
 
Prof. Mestre Azenir Dahlem Pacheco (Orientador) 
Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC 
 
 
 
 
 
 
 
Profa. Doutora Gabrielle Ribeiro Rodrigues da Silva (Avaliadora) 
Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC 
 
 
 
 
 
 
Prof. Mestre Roberto Otuzi de Oliveira (Avaliador) 
Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 Em primeiro lugar agradecemos a Deus, pois ele nos deu o dom da vida e nos 
proporcionou saúde em nossos anos de ensino superior. 
Viemos aqui agradecer também ao Centro Universitário Dinâmica das 
Cataratas por nos proporcionar um ensino de excelência e qualidade, bem como ao 
corpo docente da universidade por nos ensinar tanto durante esses anos. Um 
agradecimento mais do que especial ao professor orientador Me. Azenir Dahlem 
Pacheco por nos conduzir com maestria durante todo o processo de execução deste 
trabalho de conclusão de curso, bem como agradecemos ao professor Me. Sínvales 
Roberto Souza por toda a ajuda e conselhos para que este trabalho fosse concluído 
da melhor forma possível. 
Por fim, agradecemos aos nossos pais e demais familiares, amigos e 
namoradas, Luiza, Marjorie e Giselly, que sempre estiveram do nosso lado, e que de 
alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. 
Obrigado. 
 
RESUMO 
O ser humano sempre buscou formas cada vez mais eficientes de realizar o processo 
de troca de bens e serviços, e esse processo evoluiu ao longo dos anos. No início, o 
meio de troca mais utilizado era o escambo; porém, hoje, o que se vê de mais atual 
na sociedade é o dinheiro digital. Dentro desse cenário de digitalização do dinheiro, 
percebe-se o surgimento das criptomoedas, sendo a primeira e mais importante delas, 
o Bitcoin. Através de uma rede de blockchain, o Bitcoin objetiva “imitar” as 
propriedades do dinheiro físico; porém, com o diferencial de promover a 
descentralização do seu controle, tirando o poder dos governos de influenciar no preço 
dessa criptomoeda, ficando, assim, livre para oscilar em relação à oferta e demanda 
de Bitcoins no mercado. Este trabalho de conclusão de curso tem por finalidade 
analisar a relação que os acadêmicos da Unidade Centro da UDC na cidade de Foz 
do Iguaçu-PR possuem com a criptomoeda Bitcoin. Neste trabalho, a metodologia de 
pesquisa utilizada foi a abordagem quantitativa, através de um estudo transversal, 
tendo como tipologia uma abordagem de pesquisa descritiva. Os instrumentos 
utilizados na coleta de dados foram pesquisas bibliográficas e aplicação de um 
questionário do tipo survey pela plataforma Google Forms. A partir da análise dos 
resultados, foi possível demonstrar como funciona a regulamentação, as 
características e a funcionalidade da criptomoeda Bitcoin, passando por identificar 
qual é o fator que motiva o uso dessa criptomoeda, e, por fim, identificar se os 
acadêmicos da UDC compreendem as oportunidades e os riscos do Bitcoin em 
comparação aos padrões monetários fiduciários mais utilizados na atualidade e o que 
pode acarretar sua utilização. Em resumo, conclui-se que a maior parte dos 
acadêmicos realiza algum tipo de investimento, e que, apesar de saberem do 
potencial de lucratividade que o Bitcoin possui, os acadêmicos compreendem que a 
criptomoeda em questão possui um risco elevado, e que é uma categoria de 
investimento que deve ser analisada com cautela. Apenas uma parte pequena dos 
questionados não têm probabilidade de investir em Bitcoin nesse ano, demonstrando, 
assim, que a criptomoeda exerce influência no momento da escolha de qual 
investimento os acadêmicos irão realizar com o seu dinheiro. 
 
Palavras chave: Bitcoin, Blockchain, Investimento. 
 
 
ABSTRACT 
Human beings have always sought more efficient ways to accomplish the process of 
exchanging goods and services, and this process has evolved over the years. In the 
beginning, bartering was the most common means of exchange, but today, digital 
money is the most current way of payment. Within this digital money scenario, we can 
also see the emergence of cryptocurrencies, the most important of which is Bitcoin. 
Using a blockchain network, Bitcoin aims to “imitate” the properties of the physical 
money, but with the differential of promoting the decentralization of its control. It takes 
away the power of governments to influence the price of this cryptocurrency, being free 
to fluctuate in relation to Bitcoins supply and demand in the market. The aim of this 
research is to analyze the relationship that academics of Centro Universitário Dinâmica 
das Cataratas – Campus Centro (UDC University) have with the Bitcoin 
cryptocurrency. This research was carried out by the quantitative methodology, 
through a transversal study, having as typology a descriptive research approach. The 
collection instruments were bibliographic research and the application of a survey-type 
questionnaire through the Google Forms platform. Analyzing the results, it was 
possible to demonstrate how the regulation, characteristics, and functionality of the 
Bitcoin cryptocurrency works, then, identifying which is the factor that motivates the 
use of this cryptocurrency, and finally, identifying whether UDC academics understand 
the opportunities and risks of using the Bitcoin cryptocurrencies when it is compared 
to the most used fiat monetary standards today and what it can entail in its use. It is 
concluded that most academics make investment and despite knowing the potential 
for profitability that Bitcoin has, academics understand that Bitcoin has a high risk and 
that it is a kind of investment that should be analyzed with caution. Only a small part 
of the respondents is not likely to invest in Bitcoin this year. It demonstrates that Bitcoin 
exerts influence when choosing which investments academics will make with their 
money. 
 
Keywords: Bitcoin, Blockchain, Investment. 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Figura 1 - Esquema de funcionamento do blockchain .............................................. 34 
Figura 2 - Demonstrativo da oscilação de valor do Bitcoin no decorrer do tempo .... 40 
Figura 3 - Valores calculados de Zα conforme o valor do erro α estipulados para um 
estudo ....................................................................................................................... 64 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 - Valores máximos atingidos pelo Bitcoin por ano ..................................... 41 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1 -Características dos mercados financeiros .............................................. 23 
Quadro 2 - Síntese da metodologia .......................................................................... 65 
Quadro 3 - Síntese dos principais resultados obtidos .............................................. 84 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1 - Situação financeira dos entrevistados que realizam investimentos ........ 69 
Gráfico 2 - Faixa etária que realiza investimento ..................................................... 69 
Gráfico 3 - Realizam investimento em algum produto financeiro ............................. 72 
Gráfico 4 - Entendimento total ou parcial sobre o funcionamento de uma exchange
 .................................................................................................................................. 73 
Gráfico 5 - Meios mais utilizados para buscar novas formas de investimento ......... 75 
Gráfico 6 - Ouviram ou leram conteúdos relacionados a criptomoedas ................... 79 
Gráfico 7 - Entendimento total ou parcial do funcionamento do Bitcoin ................... 82 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
a.C. – Antes de Cristo. 
ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros. 
ATM – Automatic Teller Machine, do inglês: Caixa automático. 
B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. 
BB – Banco do Brasil, primeira instituição bancária a operar no Brasil. 
BC – Banco Central, instituição que visa assegurar a estabilidade do poder de compra 
da moeda nacional. 
BTC – Abreviação da criptomoeda Bitcoin. 
CEPE – Centro de Estudos e Pesquisas. 
CMN – Conselho Monetário Nacional. 
DDOS – Distributed Denial of Service, do inglês: ataque de negação de serviço. 
ETF – Exchange Traded Fund, do inglês: fundo de referência de um índice. 
IPO – Initial Public Offering, do inglês: oferta inicial pública de ações. 
MBA – Master in Business Administration, do inglês: Mestre em administração de 
negócios. 
P2P – Peer-to-peer, do inglês: ponto a ponto. 
PoE – Prova de Esforço, prova para que uma transação seja considerada verídica 
PoW – Proof of Work, do inglês: prova de esforço. 
SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. 
SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia. 
SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito, autoridade monetária anterior a 
criação do Banco Central do Brasil. 
TAM - Tecnology Acceptance Model, do inglês: modelo de aceitação da tecnologia. 
UDC – Centro Universitário Dinâmica das Cataratas. 
USD – United States Dollar, moeda oficial dos Estados Unidos da América. 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................... 12 
1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12 
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................. 13 
1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 13 
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13 
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 15 
2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16 
2.1 ORIGEM DO DINHEIRO ..................................................................................... 16 
2.1.1 Meios de pagamento ...................................................................................... 20 
2.1.2 Funções do Banco Central ............................................................................ 21 
2.2 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS ........................................................ 22 
2.2.1 Bolsa de valores ............................................................................................. 24 
2.2.2 Finanças Comportamentais – Perfis de Investidor ..................................... 26 
2.2.3 Finanças Comportamentais – Efeito de Manada ......................................... 27 
2.3 CRIPTOGRAFIA ................................................................................................. 28 
2.4 CRIPTOMOEDAS ............................................................................................... 29 
2.4.1 O Nascimento das criptomoedas .................................................................. 30 
2.4.2 O Bitcoin ......................................................................................................... 31 
2.3.2.1 Mineração ...................................................................................................... 41 
2.4.3 Exchanges ...................................................................................................... 43 
2.5 O BITCOIN AMEAÇA O SISTEMA FINANCEIRO TRADICIONAL? ................... 44 
2.6 O QUE DETERMINA O PREÇO DO BITCOIN ................................................... 47 
2.7 COMO O BITCOIN SE TRANSFORMA EM DINHEIRO ..................................... 49 
2.7.1 O que leva as pessoas a investirem em Bitcoin .......................................... 50 
2.8 BITCOIN E SEUS ASPECTOS LEGAIS ............................................................. 52 
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 55 
3.1 ABORDAGEM DE PESQUISA ............................................................................ 55 
3.2 TIPOLOGIA E RECORTE DE PESQUISA .......................................................... 57 
 
3.3 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ............................................................................ 58 
3.4 SUJEITO DE PESQUISA / AMOSTRA ............................................................... 59 
3.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ....................................................... 60 
3.6 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ...................................................... 62 
3.6.1 Cálculo da amostragem ................................................................................. 63 
3.7 QUADRO SÍNTESE ............................................................................................ 64 
4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 66 
4.1 DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS 
CATARATAS - CAMPUS CENTRO .......................................................................... 66 
4.2 IDENTIFICAÇÃO DO QUE MOTIVA O USO DA CRIPTOMOEDA BITCOIN 
PELOS ACADÊMICOS DA UDC - CENTRO DE FOZ DO IGUAÇU. ........................ 68 
4.3 IDENTIFICAÇÃO DA COMPREENSÃO DOS ACADÊMICOS DA UDC - CENTRO 
DE FOZ DO IGUAÇU QUANTO ÀS OPORTUNIDADES E OS RISCOS DA 
UTILIZAÇÃO DO BITCOIN EM COMPARAÇÃO A PADRÕES MONETÁRIOS 
TRADICIONAIS ......................................................................................................... 77 
4.4 QUADRO SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS .................... 84 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 86 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 91 
APÊNDICE A – MATRIZ DE AMARRAÇÃO ............................................................ 99 
APÊNDICE B – MODELO DE QUESTIONÁRIO .................................................... 101 
 
10 
1 INTRODUÇÃO 
Desde o início dos tempos, o ser humano busca maneiras de sobreviver e 
desenvolver diferentes formas de suprir suas necessidades. Ao longo do 
desenvolvimento social, o ser humano percebia a necessidade de possuir o que o 
outro possui. É costume dizer que o dinheiro é um meio de troca, que tem a vantagem 
de eliminaras ineficiências do escambo (FERGUSON, 2009). Se um comerciante na 
antiguidade possuía farinha e gostaria de adquirir vinho, por exemplo, ele precisaria 
encontrar alguém disposto a efetuar essa troca específica. Portanto, o dinheiro veio 
para facilitar as trocas comerciais; assim, pode-se dizer que sua criação mudou a 
forma de vida das pessoas e toda a história da humanidade. Com o avanço da vida 
em sociedade, o ser humano passou a trocar produtos por serviços, como exemplo 
de produto muito utilizado, tem-se o sal, originando-se, assim, a palavra “salário” para 
descrever a realização de pagamentos. Outro progresso importante foi o do 
surgimento das primeiras moedas, cujos pesos e material utilizado em sua fabricação 
determinavam seu valor. 
O dinheiro como moeda de troca passou por décadas de desenvolvimento até 
chegar em como o conhecemos hoje. Pode-se resumir o dinheiro como um meio de 
troca, algo que é aceito em troca de um bem ou serviço valioso, que é usado para ser 
trocado posteriormente por outro bem ou serviço (VELDE, 2013). Além disso, a moeda 
serve para mensurar o valor relativo de determinado produto, levando em conta sua 
raridade e sua abundância. Foi nesse contexto que as primeiras moedas surgiram, 
sendo o principal propósito estabelecer um padrão monetário. Cabe aqui destacar que 
os primeiros metais empregados na fabricação de moedas foram o ouro e a prata e, 
ao longo do tempo, naturalmente, surgiu o papel moeda, haja vista sua maior 
facilidade em ser transportado. 
Anos mais tarde surge o primeiro banco comercial, o Banco Monte dei Paschi 
di Siena, fundado em 1472 na Itália; empresa bancária criada no século XV para o 
financiamento público do principado de Gênova que viria a se tornar um agente central 
na capitalização de empreendimentos comerciais daquela época (SOUZA, 2017). 
Com o surgimento dos bancos, possibilitou-se o surgimento de novos métodos de 
pagamentos e transferências monetárias. As mais atuais e conhecidas são os 
cheques, cartões de crédito ou débito, e a forma mais moderna, através do pagamento 
instantâneo online, no Brasil conhecido como “Pix”. Recentemente, teve-se um grande 
11 
avanço no desenvolvimento de novas tecnologias com finalidade monetária, sendo 
possível a criação das criptomoedas. 
As criptomoedas vêm ganhando cada vez mais espaço na sociedade global, 
não sendo diferente no Brasil e, atualmente, praticamente qualquer pessoa do mundo 
já ouviu falar em Bitcoin, o que é um reflexo do rápido crescimento das moedas 
digitais. Como pontua Carvalho (2017, p. 3), a criptomoeda Bitcoin 
 
[...] utiliza a tecnologia de um sistema de registro de transações em rede de 
dados peer-to-peer (P2P), conhecida como blockchain, ou cadeia de blocos, 
para ser transferido, comprado e vendido, sem necessidade de autenticação 
e verificação de uma terceira parte. 
 
O processo da criptografia ocorre através de uma codificação avançada que 
está envolvida no armazenamento e na transmissão de dados de criptomoeda entre 
as carteiras e os livros contábeis públicos, portanto, é um sistema de pagamento e um 
sistema de registro de transações considerado inovador, descentralizado e privado, e 
com grau de segurança bastante elevado (CARVALHO, 2017). 
O Bitcoin possui algumas características que o fazem ser fascinante, capaz de 
impactar o mercado internacional e transformar o mundo como o conhecemos. 
Transacionar com o Bitcoin é extremamente rápido, tão fácil quanto enviar um e-mail; 
basta um smartphone à disposição para executar a transação. O Bitcoin não pode ser 
rastreado nem confiscado, e seu sistema oferece muita privacidade em uma transação 
entre duas partes, pois não depende de intermediários, diferentemente de como 
funciona uma transação com dinheiro tradicional. Outra diferença é que a transação 
através do Bitcoin não necessita de nenhum governo para autorizar a emissão, 
transferências etc.; são os próprios usuários que o fazem. 
O Bitcoin é comumente utilizado, também, como reserva de valor e proteção 
de patrimônio, pois ao acumular uma quantidade grande de dinheiro, é possível 
comprar Bitcoins e armazená-los em sua carteira, seja ela física ou virtual. Todas 
essas vantagens são advindas da tecnologia blockchain, que assim como explicam 
Formigoni, Braga e Leal (2017), pode ser entendida de diversas formas, como um 
sistema distribuído de base de dados em log, que é mantido de maneira compartilhada 
e descentralizada, sendo armazenado e mantido em uma base de dados em que todos 
os participantes são responsáveis. É uma tecnologia totalmente baseada na 
12 
segurança das operações, descentralização de armazenamento, da integridade dos 
dados e na imutabilidade das transações. 
Por possuir uma quantidade numérica limitada que poderá ser produzida, o 
Bitcoin é considerado não inflacionário, pois não é afetado por uma autoridade central 
com poderes para criar uma grande quantidade de dinheiro “novo” para financiar seus 
gastos e dívidas. Além disso, por suas características que limitam o seu crescimento 
infinito, o Bitcoin faz o papel de simular artificialmente a escassez, sendo, muitas 
vezes, comparado ao ouro por causa disso (BOFF, 2016). Por fim, o Bitcoin é um 
grande exemplo de estímulo à inovação financeira, pois ele nada mais é do que um 
software de código-fonte aberto que qualquer pessoa pode usar e inspecionar. Após 
a criação do Bitcoin, muitas outras criptomoedas foram criadas, trazendo cada vez 
mais disrupção no mercado financeiro. 
Para compreender o problema de pesquisa a seguir, estabeleceu-se como 
sujeito de pesquisa os acadêmicos do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas, 
utilizando como ferramenta de coleta um questionário aplicado aos acadêmicos do 
Campus Centro. A quantidade de acadêmicos matriculados no período letivo do 
primeiro semestre do ano de 2022, em sua totalidade, se aproximam a 2.077, 
distribuídos em 21 cursos. 
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA 
Diante do exposto, o seguinte trabalho de conclusão de curso visa responder: 
Qual a relação que os acadêmicos do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas no 
Campus Centro da cidade de Foz do Iguaçu possuem com a criptomoeda Bitcoin? 
1.2 OBJETIVOS 
Este trabalho de conclusão de curso apresenta os objetivos geral e específicos 
a seguir. 
13 
1.2.1 Objetivo geral 
Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo geral analisar a relação 
que os acadêmicos da Unidade Centro da UDC na cidade de Foz do Iguaçu-PR 
possuem com a criptomoeda Bitcoin. 
1.2.2 Objetivos específicos 
1. Demonstrar a regulamentação, as características e a funcionalidade da 
criptomoeda Bitcoin; 
2. Identificar o que motiva o uso da criptomoeda Bitcoin pelos acadêmicos 
da UDC - Centro, de Foz do Iguaçu; e 
3. Identificar a compreensão dos acadêmicos da UDC - Centro de Foz do 
Iguaçu quanto às oportunidades e os riscos da utilização do Bitcoin em 
comparação a padrões monetários tradicionais. 
1.3 JUSTIFICATIVA 
Desde os primórdios, a humanidade elabora maneiras de resolver problemas 
individuais e coletivos. Muitos desses problemas envolviam o desejo ou a posse de 
bens. Com o advento da tecnologia, o desenvolvimento de novas técnicas aprimorou-
se cada vez mais. Atualmente, diversas maneiras diferentes de realizar transações 
monetárias são conhecidas e utilizadas, sendo uma dessas maneiras as moedas 
digitais criptografadas ou, simplesmente, "criptomoedas". 
Em 2008, a sociedade foi apresentada ao projeto que viria a ser a primeira 
criptomoeda da história: o Bitcoin. Porém, foi apenas no ano seguinte, em 2009, que 
a moeda passou a ser utilizada, após seu criador (ou criadores), nomeado com o 
pseudônimo “Satoshi Nakamoto”, tê-la disponibilizado oficialmente em um software 
de código aberto. O Bitcoin é a criptomoeda pioneira no uso da tecnologia blockchain 
e, atualmente, a mais utilizada em todo o planeta; é também a criptomoeda que 
acumula a maior capitalizaçãode mercado. Como pontua Carvalho (2017), o 
blockchain tem a capacidade de remodelar o sistema financeiro como um todo. Devido 
ao seu alto valor de mercado e sua volatilidade, ela é costumeiramente comercializada 
em frações muito pequenas. 
14 
Segundo Reis (2019), a ideia por trás do Bitcoin é replicar as propriedades do 
dinheiro físico no ambiente digital, ou seja, criar um dinheiro digital. O Bitcoin, porém, 
é muito mais do que somente uma moeda digital, trata-se de um sistema de 
pagamentos global, sem fronteiras, que funciona totalmente em uma rede 
descentralizada, não dependendo de nenhum governo nem de algum banco central, 
tornando-se algo sem precedentes na história da humanidade. Ulrich (2014) diz que 
o Bitcoin é uma forma de dinheiro, bem como o real, dólar, euro e demais moedas, 
sendo que a principal diferença é que o Bitcoin é puramente digital, não é emitido por 
nenhum governo e seu valor é determinado livremente pelos usuários no mercado. 
Desde o momento de sua criação, muitos investidores do Brasil e ao redor do 
mundo passaram a voltar seus interesses ao Bitcoin, valendo destacar que, conforme 
dizem Batista e Alves (2021), já há mais de um milhão de investidores cadastrados 
nas bolsas de Bitcoin no Brasil, número superior ao dos investidores na bolsa de 
valores B3. Já quando é tratado em relação ao número de Bitcoins em circulação, 
atualmente, estima-se que seja aproximadamente 18.930.000 unidades. 
Segundo Oliveira (2022), o volume de investidores registrados nesse tipo de 
reserva de valor passou de 30 mil pessoas, em 2020, para mais de 410 mil pessoas 
no ano de 2021. Isso foi reflexo do aumento da oferta dessa criptomoeda em forma 
de diversos produtos financeiros, visto que, em 2020, encerrou com 12 fundos de 
investimento disponíveis nas prateleiras para os investidores e, no ano de 2021, 
fechou com o total de 31 fundos de investimento – uma alta de 158%, apresentado 
pelo jornal. Um desses 31 fundos, o HASH11, tornou-se o segundo maior fundo da 
B3, bolsa de valores do Brasil, em número de cotistas, ficando atrás apenas do 
BOVA11 (ETF que replica o Ibovespa). 
Dada a notoriedade que o Bitcoin vem adquirindo dentro do mercado financeiro, 
é de extrema importância o estudo mais aprofundado perante os efeitos que ele possa 
vir a causar na vida dos acadêmicos. Assim, esta pesquisa tem como finalidade 
compreender qual a relação que os acadêmicos do Centro Universitário Dinâmica das 
Cataratas na Unidade Centro possuem com a criptomoeda Bitcoin. Suas respostas 
são de grande ajuda para compreender quais impactos a mais promissora das 
criptomoedas causa no dia a dia dos estudantes dessa faculdade, e o que motiva o 
seu uso, bem como identificar se os acadêmicos compreendem quais são as 
oportunidades e os riscos da utilização do Bitcoin. 
15 
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO 
O capítulo 1 deste trabalho de conclusão de curso contém os elementos 
introdutórios da pesquisa. É nesse primeiro capítulo que contém informações que 
contextualizam sobre o tema do Bitcoin, assim como a pergunta de pesquisa que será 
utilizada como base para o desenvolvimento deste estudo. Em seguida, são descritos 
os objetivos gerais e específicos, juntamente com a justificativa da pesquisa, 
demonstrando a sua importância para os acadêmicos e para a instituição de ensino 
UDC. Ao final, é demonstrada a estrutura que compõe o trabalho. 
No capítulo 2, são apresentadas as fundamentações teóricas que fazem parte 
desta pesquisa, em que são abordados subtítulos como: Origem do Dinheiro, 
Criptografia, Criptomoedas, O que determina o preço do Bitcoin, bem como é 
abordado sobre o funcionamento de toda a rede do Bitcoin, entre outros. Essa etapa 
tem o papel de construir uma base teórica de conhecimento, a qual irá ajudar no 
entendimento do leitor. 
É no capítulo 3 que se encontram todos os procedimentos metodológicos que 
foram utilizados neste trabalho, contendo a abordagem de pesquisa, tipologia e 
recorte de pesquisa em conjunto dos instrumentos de coleta e de análise dos dados; 
ao fim, encontra-se o quadro síntese deste capítulo. 
O capítulo 4 mostra a análise dos resultados que foram obtidos por meio da 
aplicação do questionário. Foi feita uma descrição do ambiente onde foi aplicado o 
estudo; e, em seguida, são apresentadas as respostas aos objetivos específicos 
propostos. 
Por fim, é no capítulo 5 que são apresentadas as considerações finais desta 
pesquisa. É nesse capítulo que é abordado se o problema de pesquisa foi respondido 
ou não, como foi feito o processo de resposta dos objetivos específicos propostos, as 
limitações que a pesquisa encontrou, bem como sugestões para a continuação do 
estudo em relação ao tema Bitcoin. 
 
16 
2 REFERENCIAL TEÓRICO 
Neste capítulo serão abordados temas referentes a Bitcoin como moeda na era 
digital, o surgimento, as funções e as utilizações dessa criptomoeda a fim de 
contextualização geral do tema. Para melhor introdução ao assunto, são abordados 
tópicos mais amplos, como a própria história do dinheiro e a criptografia como um 
todo, afunilando aos pontos mais específicos do Bitcoin. 
2.1 ORIGEM DO DINHEIRO 
Antes do surgimento da moeda, as relações comerciais entre os homens só 
aconteciam por meio de trocas de mercadorias, conhecido como escambo. Segundo 
Abdalla (2017), evidências apontam que em torno de 10 mil anos a.C., as pessoas já 
utilizavam animais como gado, vacas, ovelhas e carneiros, como moeda em trocas de 
bens e serviços, visto que antes disso os grupos humanos mais primitivos realizavam 
apenas o escambo, sem o envolvimento de qualquer meio de troca em suas 
transações. Por vezes, isso se tornava algo trabalhoso e pouco prático, pois os 
agentes deveriam possuir interesse na mercadoria um do outro, além dos aspectos 
logísticos das mercadorias negociadas (SILVA, 2015). 
Carvalho et al. (2000) afirmam que a moeda é um objeto que veio para resolver 
uma necessidade social originada da divisão do trabalho, pois, na atual sociedade 
capitalista, fez-se necessárias inúmeras compras e vendas em períodos bem curtos, 
ou seja, a falta de uma moeda acabaria atrasando a vida econômica das pessoas. A 
fim de exemplificar essa necessidade e, levando em consideração a agilidade de 
certas trocas, a coincidência mútua e complementar de necessidades é descrita por 
Carvalho et al. (2000, p. 2) da seguinte forma: 
 
[...] diante de uma chuva inesperada, um indivíduo desejoso de adquirir um 
guarda-chuva e que tivesse um excedente em laranjas teria que encontrar 
alguém que tivesse um excedente de guarda-chuvas e que desejasse trocar, 
naquele momento, uma parcela desse excedente por laranjas. Esse tipo de 
coincidência é chamado de coincidência mútua e complementar de 
necessidades. Elas podem ocorrer, mas certamente são raras e sua busca 
desgasta física e mentalmente os interessados em transações tão 
específicas. 
 
17 
De acordo com Abdalla (2017), a partir de 3 mil a.C., na Mesopotâmia, pela 
falta de conveniência ao utilizar seres vivos como moeda de troca, as pessoas 
passaram a utilizar grãos para realização destas trocas e, mais tarde nos continentes 
africano, asiático e até no continente americano há apontamentos da utilização de 
conchas como moeda de troca. 
Na Europa Ocidental, os feudos foram um ponto extremamente importante na 
história da criação da moeda. Neles, o dinheiro foi se desenvolvendo conforme a 
necessidade do homem feudal para trocar seus produtos produzidos por outros 
produtos, o qual não tinha habilidade alguma em fabricar. Como descreve Huberman 
(2010, p. 13): 
 
Nos primórdios da sociedade feudal, a vida econômica decorria sem muita 
utilização de moeda. Havia uma economia de consumo, em que cada aldeia 
feudal era praticamente autossuficiente. Se alguém perguntar quanto 
pagamos por um casaco novo, a proporção é de 100 para 1 como você 
responderá em termos de dinheiro. Mas se essa mesma perguntafosse feita 
no início do período feudal, a resposta provavelmente seria: "Eu mesmo o 
fiz." O servo e sua família cultivavam seu alimento e com as próprias mãos 
fabricavam qualquer mobiliário de que necessitassem. [...] Sem dúvida, havia 
um certo intercâmbio de mercadorias. Alguém podia não ter lã suficiente para 
fazer seu casaco, ou talvez não houvesse na família alguém com bastante 
tempo ou habilidade. Nesse caso, a resposta à pergunta sobre o casaco 
poderia ser: "Paguei cinco galões de vinha por ele." Essa transação 
provavelmente se efetuou no mercado semanal mantido junto de um mosteiro 
ou castelo [...]. 
 
Com o aumento populacional nos feudos, a necessidade por mais produtos e 
o surgimento do conceito de excedente de produção foram se tornando mais 
frequentes. A ideia de padronizar o dinheiro surgiu pois se encontrava muita 
dificuldade em realizar trocas comerciais nessa época da era dos feudos. 
Huberman (2010) ainda traz que, nos feudos, as feiras possuíam grande 
relevância financeira. Os trocadores de dinheiro representavam uma parte muito 
importante do comércio em determinadas datas especiais, dedicadas à venda de 
fazendas e peles nas feiras. É possível perceber, assim, que, naquela época, as feiras 
comerciais tinham grande importância na economia, não somente pelas trocas de 
produtos, mas também pelas transações financeiras que eram realizadas. De acordo 
com Ferguson (2009, p. 25), ele define o dinheiro como: 
 
[...] uma unidade de valor, que facilita a avaliação e o cálculo; e um recipiente 
de valor, que permite que as transações econômicas sejam conduzidas 
durante longos períodos e também a despeito das distâncias geográficas. 
18 
Para desempenhar todas essas funções da melhor maneira, o dinheiro tem 
que estar disponível, e ser durável, fungível, portátil e confiável. Como 
preenchem a maioria desses critérios, ao longo dos milênios os metais, como 
ouro, prata e bronze foram considerados como a matéria-prima monetária 
ideal. 
 
Ulrich (2014) apresenta que os registros históricos documentam os mais 
diversos bens que desempenharam a função de meio de troca ao longo do tempo: 
tabaco, na Virgínia colonial; açúcar, nas Índias Ocidentais; gado, na Grécia antiga; 
cobre, no Antigo Egito; além de grãos, rosários, chás, conchas e anzóis. Entretanto, 
ao longo dos séculos, duas mercadorias, o ouro e a prata, foram espontaneamente 
escolhidas como dinheiro na livre concorrência do mercado. A característica comum 
a todas essas mercadorias é a tangibilidade. Todos esses bens são objetos materiais 
que existem no mundo físico com propriedades químicas, físicas e até mesmo 
biológicas distintas. 
Sendo assim, houve a escolha pelos metais preciosos como moeda de troca, 
já que proporcionavam uma relativa superioridade do tomador sobre o vendedor e sua 
respectiva distribuição da necessidade quase ilimitada no espaço, juntamente com 
seu baixo custo de transporte em relação ao seu valor, e, por outro lado, de sua 
durabilidade ilimitada e custo relativamente pequeno de acumulá-los (MENGER, 
2009). 
Mas, nessa e por essas funções, os metais preciosos já se constituíam meios 
de troca geralmente correntes. Em outras palavras, eles funcionavam, assim, como 
mercadorias pelas quais cada um procurava trocar seus bens de mercado, não 
necessariamente para consumo, mas inteiramente por causa de sua especial 
vendabilidade, na intenção de trocá-los posteriormente por outros bens diretamente 
rentáveis para aqueles que os possuíam (MENGER, 2009). 
Menger (2009) afirma que foi a justa compreensão de seu interesse individual 
que fez com que todas as nações economicamente mais avançadas aceitassem os 
metais preciosos como dinheiro, sendo um suprimento suficiente por eles coletado e 
introduzido no mercado, sendo esse avanço de objetos monetários menos caros para 
os mais caros dependentes das causas análogas. Finalmente, os metais preciosos, 
devido à peculiaridade de sua cor, seu aro e, em parte, de sua gravidade específica, 
não são difíceis de reconhecer com alguma prática, e, através de sua marcação 
durável, podem ser facilmente controladas quanto à qualidade e peso. Isso também 
19 
contribuiu materialmente para aumentar sua vendabilidade e encaminhar a adoção e 
difusão deles como dinheiro. 
A China foi precursora no fim do uso de metais preciosos como moeda de troca 
e busca da padronização da moeda. Pelas dificuldades geradas, os metais preciosos 
foram proibidos em alguns lugares, pois em caso de invasão e saque, a economia 
local do país poderia ser arruinada, sendo limitada apenas a circulação de moedas de 
ferro, que tinham pouco valor e eram pouco práticas. Devido a essas medidas, na 
China, surge um modelo primitivo das notas promissórias, chamado jiaozi, um papel 
feito de casca de amoreira, em que o comprador se comprometia a pagar quando 
fosse mais conveniente, sistemática adotada também pela Mongólia na época do 
exército cosmopolita de Gengis Khan (CHAGAS, 2020). 
Uma das grandes vantagens da padronização da moeda para todos os 
usuários de um mesmo sistema econômico, dentro de um país, é seu poder como 
facilitadora das trocas comerciais. Assaf Neto (2021, p. 35) mostra que: 
 
A moeda desempenha três importantes funções. Inicialmente, a moeda 
constitui-se em instrumento (meio) de troca, promovendo o intercâmbio de 
certos bens e serviços por outros. Se não existisse moeda, as relações 
comerciais seriam efetuadas por trocas diretas (escambo), exigindo a 
coincidência de desejos de compradores e vendedores com relação nos itens 
oferecidos para negócio. Outra vantagem da moeda como instrumento de 
troca é sua divisibilidade, que permite a negociação de partes ou frações dos 
bens e serviços. Essas características presentes no uso da moeda imprimem 
maior agilidade às transações de mercado, dinamizando toda a atividade 
econômica. 
 
A ideia do dinheiro da forma como é conhecida atualmente evoluiu muito desde 
a época do feudalismo até os dias de hoje, principalmente, no âmbito de padronizar a 
moeda que circula em territórios governados pelo mesmo poder. Assaf Neto (2021) 
diz que a moeda é um instrumento previsto pela lei para a realização de pagamentos 
e/ou transações de bens e serviços. Pelo fato de estar previsto em lei, apresenta um 
poder liberatório (libera o devedor do compromisso) e curso legal forçado, isto é, sua 
aceitação é obrigatória. O uso da moeda garante o funcionamento da economia, 
induzindo os bens e serviços a serem produzidos de maneira a satisfazer as 
necessidades e demandas dos vários agentes envolvidos. 
20 
2.1.1 Meios de pagamento 
Com início no oriente, o modelo de papel-moeda foi levado à Europa por Marco 
Polo e outros viajantes ocidentais, fazendo com que, em 1657, na Suécia, o 
Stockholms Banco se tornasse o primeiro banco europeu a imprimir dinheiro em 
cédulas de papel (ABDALLA, 2017). De acordo com Chagas (2020), na mesma época, 
os bancos passaram a fornecer os cheques, que funcionavam como os jiaozi 
chineses, com a diferença que o lastro deixa de ser a palavra do emissor e passa a 
ser o valor da sua conta bancária. 
De acordo com Marcondes (1998), após o início do papel moeda, países 
europeus, principalmente a Inglaterra, adotaram o padrão-ouro como forma de 
proteção de suas reservas de ouro, fixando o valor da moeda nacional em relação ao 
ouro, evitando, assim, processos inflacionários. Para Marcondes (1998, p. 537): 
 
A prematura constituição do padrão-ouro na Inglaterra decorreu das 
dificuldades anteriores de manter o bimetalismo a uma taxa distinta da 
França, país detentor de enormes reservas na época, e a expectativa de uma 
maior estabilidade com o ouro, o qual era visto como um metal de maior 
dificuldade de obtenção do que a prata. 
 
Segundo Abdalla (2017), a partir das décadas de 1950 e 1960 surgem as 
indústrias dos cartões, ideia que se iniciou com um empresário chamado Fred 
McNamara ao esquecer sua carteiraquando saiu para jantar, se indagando por que 
ele não poderia gastar uma quantia que, de fato, pudesse pagar ao invés de ficar 
limitado ao dinheiro que portava no momento, criando um cartão que cerca de 200 
pessoas utilizavam em 27 estabelecimentos. Em 1958, a American Express introduziu 
um cartão para despesas com entretenimento e viagens, bem como o Bank of 
America, precursor dos cartões VISA, que passou a ser aceito em uma variedade 
maior de estabelecimentos, com a possibilidade de parcelamento com uma taxa de 
juros. 
Com o início da era dos cartões, surge a primeira máquina ATM, um caixa 
eletrônico criado pelo Barclays Bank, inaugurando a forma de pagamentos 
eletrônicos. Os cartões continuaram evoluindo e, na década de 1970, têm-se os 
primeiros cartões com tarja magnética. Na década seguinte, surgem os programas de 
cashback e recompensas. Na década de 1990, nascem os cartões com chip e os sites 
de comércio eletrônico, permitindo compras com cartões de crédito de forma online. 
21 
Na mesma década são fundados o Paypal e as carteiras digitais, além dos primeiros 
pagamentos móveis por SMS (ABDALLA, 2017). 
Abdalla (2017) complementa que, com as aceleradas inovações tecnológicas, 
surgem as moedas digitais, como o próprio Bitcoin, bem como a criação dos 
smartphones e smartwatches, os pagamentos via NFC, substituindo os cartões de 
crédito e débito de plástico e utilizando os aparelhos celulares para efetuar os 
pagamentos. Aparelhos estes que passaram a fornecer ainda os pagamentos por 
biometria e transferências instantâneas, um serviço conhecido no Brasil como “Pix”. 
2.1.2 Funções do Banco Central 
Quando se trata do dinheiro tradicional, é necessário que haja um órgão 
específico para controlar assuntos referentes ao volume de dinheiro disponível em um 
país, seu poder de compra e, principalmente, controlar o sistema financeiro interno. 
Essas e outras funções são exercidas pelos Bancos Centrais dos países. Segundo o 
Banco Central do Brasil (2016, p. 6): 
 
Essa atribuição dos bancos centrais geralmente está associada ao objetivo 
de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional. Além 
disso, a maior parte dos bancos centrais também tem como missão promover 
a eficiência e o desenvolvimento do sistema financeiro de um país. 
 
Outras funções que cabem ao Banco Central (BC) de um país são de: 
banqueiro do governo; ser o banco dos bancos; e de aplicar as políticas monetárias e 
cambiais. No Brasil, as funções que são hoje exercidas pelo BC, antes de sua criação, 
eram de responsabilidade da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), do 
Banco do Brasil (BB) e do Tesouro Nacional de forma conjunta. 
Conforme descreve o Banco Central do Brasil (2016), a SUMOC era a 
responsável por exercer o controle monetário e preparar a organização de um banco 
central, tendo outras funções, como a fixação de juros sobre depósitos bancários, 
taxas de redesconto e os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais. 
O Tesouro Nacional era o responsável pela emissão do papel-moeda, enquanto o BB 
era quem atuava como banqueiro do governo e banco dos bancos, além de executar 
operações de câmbio e controlar as operações que envolviam o comércio exterior. 
22 
Ainda de acordo com o Banco Central do Brasil (2016), outra função muito 
importante desempenhada pelo BC é a de controlar a inflação, mantendo-a em torno 
da meta que é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A inflação é o 
aumento dos preços de bens e serviços, que acarreta diminuição do poder de compra 
da moeda. Para alcançar esse objetivo, o BC utiliza a política monetária, cujo principal 
instrumento é a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia e influencia todas 
as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos 
financiamentos e das aplicações financeiras. 
Já que o BC é o responsável pela arbitragem do sistema financeiro, Ulrich 
(2014) indaga sobre como se multiplicam os depósitos bancários. Ele argumentou que 
esse aspecto é por meio de um mecanismo chamado “Reservas Fracionárias”, que 
significa que os bancos podem entesourar, nos seus cofres, uma fração do dinheiro 
que foi depositado e emprestar o restante ao público (pessoas físicas, jurídicas, 
entidades financeiras). Isso pode ocasionar um impacto monumental através desse 
instrumento no sistema financeiro por um todo, porque tal mecanismo concede aos 
bancos o poder de criar depósitos bancários por meio da expansão do crédito, e como 
esses depósitos bancários são considerados parte da massa monetária, os bancos 
criam moeda, de fato. 
No Brasil, esse mecanismo se tornou conhecido com o conceito do 
“Compulsório”, o qual é determinado pelo ente central financeiro. Em 2014, o 
percentual de compulsório para os depósitos à vista estava estabelecido em 10%. 
Através dessa política, com um depósito, somente a modo explicativo, de R$ 1.000, 
um banco pode expandir o crédito em R$ 9.000, criando do nada R$ 9.000 de 
depósitos à vista, pelo simples registro contábil (débito de R$ 9.000 em empréstimos 
contra crédito de R$ 9.000 em depósitos à vista, via método contábil das partidas 
dobradas), com isso caracteriza-se o termo “Dinheiro Escritural” (ULRICH, 2014). 
2.2 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS 
De acordo com Assaf Neto (2021), o desenvolvimento da intermediação 
financeira ocorre de maneira segmentada e toma como base quatro subdivisões já 
estabelecidas para o mercado financeiro. São elas: mercado monetário, mercado de 
crédito, mercado de capitais e mercado cambial. 
23 
Para explanar de maneira breve cada um dos conceitos dessas quatro 
subdivisões, Pinheiro (2009) elaborou um quadro sumário (Quadro 1). 
 
Quadro 1 - Características dos mercados financeiros 
 
Fonte: Pinheiro (2009). 
 
O Mercado de Capitais está estrategicamente estruturado de forma a suprir as 
necessidades de investimentos dos agentes econômicos, utilizando diversas 
maneiras de financiamentos a médio e longo prazo, tanto para capital de giro como 
capital fixo. É formado por instituições financeiras não-bancárias, instituições 
componentes do sistema de poupança e empréstimo (SBPE) e diversas outras 
instituições auxiliares. Os financiamentos de prazo indeterminado são operações que 
compreendem a emissão e a subscrição de ações (ASSAF NETO, 2021). 
O preço das ações é cotado na bolsa de valores e tem papel fundamental nas 
economias, pois, muitas vezes, são esses preços que acabam definindo onde são 
investidos os recursos das pessoas e empresas, a fim de obterem um rendimento 
maior. Os preços das ações refletem a avaliação coletiva dos investidores sobre o 
desempenho atual de uma empresa e perspectivas futuras. Quando o mercado estiver 
mais otimista sobre a empresa, o preço das ações tende a subir. Esse preço mais alto 
torna mais fácil para a empresa levantar capital e, portanto, incentiva o investimento 
(LIRA, 2020). 
24 
É importante destacar que o mercado financeiro possui seus riscos, e deve ser 
sempre analisado com muita cautela no momento de alocar os investimentos, pois, 
como diz Lira (2020), os mercados de capitais canalizam recursos para o uso mais 
eficiente do dinheiro, mas, podem atuar, também, de forma inversa, causando 
prejuízos, quase sempre, resultado de uma volatilidade sistêmica. Em acordo com 
isso, os retornos são oriundos do risco tomado e da consistência de investimento, 
gerando, como consequência, o efeito “bola de neve”, ou seja, o acúmulo de capital 
investido acrescido da multiplicação dos juros compostos. Especificamente, em uma 
alocação em dado portfólio, aqueles que são mais gananciosos estão mais propensos 
a tomarem riscos maiores e seus devidos retornos ajustados, possivelmente, 
devido às diferenças que alguns investidores têm. Os investidores qualificados 
possuem acesso a oportunidades de investimentos exclusivos ou melhor renda 
(CHEN, 2020). 
2.2.1 Bolsa de valoresA bolsa de valores pode ser caracterizada como um aglomerado de contratos 
formais e informais, com o objetivo de coordenar o mercado acionário, promover 
estímulos, controles e agilizar o fluxo de informações para todos os agentes 
importantes, criando um ambiente propício para a melhoria do mundo empresarial por 
meio da economia dos custos de transação envolvidos em suas operações 
(SACHETT; BEGNIS, 2019). 
De acordo com Güths et al. (2012, p. 4) “Os principais títulos negociados são 
os representativos do capital de empresas - as ações - que permitem a circulação de 
capital para custear o desenvolvimento econômico das empresas em questão.” Essas 
ações são emitidas por sociedades anônimas, ou seja, empresas de capital aberto, 
representando títulos de renda variável, que permitem que o comprador se torne 
coproprietário dessa determinada empresa, tendo, assim, participação nos seus 
resultados. De forma simples, se a empresa obtiver uma crescente na bolsa, o 
coproprietário lucra e, caso contrário, obtém prejuízo. É também através da bolsa que 
essas ações são convertidas em dinheiro, a qualquer hora. 
Particularmente, o mercado de capitais brasileiro, segundo Macarini apud 
Sachett e Begnis (2019), não apresentou um desenvolvimento significativo até 1965 
devido, principalmente, ao ambiente macroeconômico apresentado, sendo, assim, 
25 
responsável pela concentração das transações em poucas ações. Além disso, em 
virtude da má organização jurídico-organizacional das bolsas existentes, possibilitou 
a manipulação através do monopólio dos corretores, da forma de atuação das 
sociedades e de uma legislação inapropriada, a qual não resguardava os direitos dos 
acionistas minoritários e de uma tributação que penalizava os agentes, com impostos 
excessivos sobre os rendimentos. Com isso, o mercado de capitais brasileiro pode ser 
apresentado em dois espectros com características e sistemas regulatórios distintos. 
O primeiro corresponde à análise prévia à 1965, em que as particularidades do 
mercado estão marcadas pelos fatos históricos, econômicos e políticos do século XIX. 
O segundo corresponde ao resultado de melhorias em aspectos estruturais do país, 
sendo estas transformações advindas desde o ano em questão, ocasião em que, em 
paralelo à política de estabilização econômica, um conjunto amplo de reformas nas 
tecelagens institucionais foi posta em prática. 
A partir do ano de 1965, ano que ocorre o marco de aperfeiçoamento 
institucional do mercado de ações, foi instituída a Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, 
Lei do Mercado de Capitais, elemento essencial ao início das regulamentações 
inseridas no mercado acionário brasileiro. 
A partir da Lei do Mercado de Capitais, as Bolsas de Valores passaram a ter 
autonomia administrativa, financeira e patrimonial, operando sob a tutela do Banco 
Central (BC), de acordo com a regulamentação do Conselho Monetário Nacional 
(CMN). Com o início da estruturação regulatória do mercado, buscava-se promover a 
segurança jurídica do ambiente institucional para fortalecer a confiança no mercado, 
reduzir a assimetria informacional e restringir as extremas alavancagens. Porém, a 
pouca dinâmica de empresas familiares a sociedades de capital aberto fez com que a 
expansão fosse desordenada (SACHETT; BEGNIS, 2019). 
Houve vários players ingressando na Bolsa de Valores ao redor do mundo e no 
Brasil, sendo uma delas a Coinbase, uma Exchange cujo valor de mercado ao 
momento de seu IPO era de US$ 100 bilhões. Outra empresa a ingressar foi a Exodus, 
que obteve 6.800 investidores e US$ 75 milhões arrecadados, sendo essa lista de 
ingressantes regularmente atualizada, visto que a Argo Blockchain, uma empresa 
mineradora, foi listada na Nasdaq, emitindo 75 milhões de ações ordinárias e 
arrecadando US$ 138 milhões, alcançando o valor de mercado de US$ 745 milhões. 
26 
2.2.2 Finanças Comportamentais – Perfis de Investidor 
Dentro do mercado financeiro, existem as finanças comportamentais, que 
segundo Haubert, Lima e Herling (2022), é uma área de estudo que busca analisar os 
aspectos psicológicos dos indivíduos no processo de tomada de decisões financeiras. 
Optar pelo investimento mais adequado neste processo de tomada de decisão 
sobre qual investimento realizar, é fundamental para atingir os resultados esperados 
com base na aptidão ao risco de cada pessoa. Os investimentos devem ser decisões 
individuais de cada pessoa, e as características do investimento devem fazer sentido 
para o investidor. De acordo com Cardozo et al. (2019), o principal objetivo do 
investimento financeiro é repor o valor de compra da moeda perdido com a inflação, 
podendo ser divididos em classes: renda fixa, renda variável, fundo de investimento, 
investimentos alternativos. 
É de extrema importância compreender o nível de tolerância ao risco de cada 
investidor, pois o mercado financeiro é composto por ciclos econômicos, e em 
momentos de baixa, é fundamental que o investir saiba manter a calma para não se 
perder dinheiro fazendo o resgate do investimento em um momento errado, podendo 
gerar prejuízos, ainda mais nos dias de hoje, onde as opções de investimento estão 
cada vez mais variadas. Conhecer o perfil do investidor e as características de cada 
investimento traz uma maior segurança no momento de aplicar o capital, é através 
destas informações que será possível determinar qual é o investimento que mais se 
encaixa ao perfil e com os objetivos de cada pessoa. O perfil do investidor depende 
de vários fatores como o nível de risco que aceita tomar nas suas aplicações, o 
horizonte de investimento (prazo), o nível das despesas familiares, o nível de 
segurança e as garantias envolvidas, entre outros. Existem três categorias de perfil 
para os investidores, cada uma de acordo com o grau de aversão ao risco 
demonstrado perante os investimentos (SACCÓL & PIENIZ, 2018). 
• Perfil Conservador: busca uma maior segurança para os seus investimentos e 
não gosta de correr riscos. Visa preservar seu patrimônio em investimentos 
sólidos (renda fixa) e em investimentos que permitam sacar seus recursos em 
um período curto de tempo (CARDOZO et al., 2019). 
• Perfil Moderado: investe parte de seu patrimônio em ativos de renda fixa e parte 
em ativos de renda variável. Prioriza por segurança, mas está aberto a assumir 
alguns riscos em busca de um retorno maior a médio prazo. Procura um 
27 
equilíbrio entre segurança e rentabilidade e está disposto a correr um risco 
moderado para que o seu dinheiro renda um pouco mais do que as aplicações 
mais seguras (BANDINELLI, 2010). 
• Perfil Arrojado: perfil mais agressivo que está disposto a correr mais riscos, 
está sempre em busca de novas alternativas atrativas de retorno financeiro. 
Privilegia a rentabilidade e é capaz de correr grandes riscos para que seu 
investimento renda o máximo possível. Possui grande conhecimento do 
mercado, acesso a informações, bem como acompanha ativamente seus 
investimentos (BANDINELLI, 2010). 
Compreender e definir o perfil de cada investidor e optando pelos investimentos 
que mais se encaixam em cada perfil, permite obter retornos e riscos compatíveis com 
cada pessoa, evitando assim decepções dentro do mercado financeiro. De acordo 
com Rambo (2014), se o investidor deseja bons rendimentos, comumente eles estão 
vinculados a operações mais arriscadas, que podem gerar o que se almeja ou pode 
retornar valores inferiores. Se deseja segurança e liquidez, pode recorrer a aplicações 
menos arriscadas, que darão retorno garantido. 
2.2.3 Finanças Comportamentais – Efeito de Manada 
O mercado financeiro é composto por pessoas, e devido a esse fator, os preços 
dos ativos que compõem o mercado financeiro sofrem, muitas vezes, variações de 
preços decorrentes de decisões irracionais dos seres humanos. Conforme dizem 
Kimura, Basso e Krauter (2006), as decisões financeiras podem ser influenciadas por 
processosmentais, e os defensores das finanças comportamentais argumentam que 
atitudes não racionais dos agentes econômicos podem impactar, de maneira 
prolongada e consistente, o comportamento de variáveis financeiras. O homem das 
finanças comportamentais não é totalmente racional; é um homem simplesmente 
normal. Essa normalidade implica um homem que age, frequentemente, de maneira 
irracional, que tem suas decisões influenciadas por emoções e por erros cognitivos 
(HALFELD; TORRES, 2001). O comportamento humano é influenciado por diversos 
aspectos psicológicos que podem distorcer a identificação e a percepção dos fatos. 
Isso leva a uma decisão baseada em julgamentos individuais, nos quais a 
racionalidade imposta pela teoria da utilidade esperada pode não ser obedecida 
(KIMURA; BASSO; KRAUTER, 2006). 
28 
Dentro das finanças comportamentais, um dos maiores efeitos percebidos 
dentro do mercado é o chamado "efeito de manada" que, como define Liang (2017), 
é o movimento sincronizado dos preços dos ativos em uma forma exuberante e 
irracional, que não é justificado pelos fundamentos. Geralmente, os ativos que mais 
sofrem desse efeito são os que mais estão na "moda" e são mais comentados nas 
redes sociais. Há diversos motivos que levam um indivíduo a apresentar esse 
comportamento de manada: i) outros agentes podem saber mais sobre o retorno de 
um investimento e seus movimentos revelam essa informação; ii) incentivos/pacotes 
de remuneração beneficiam a imitação (aplicável somente a gestores de carteiras de 
terceiros); e iii) indivíduos podem apresentar uma preferência intrínseca pela 
conformidade (LIANG, 2017). 
O efeito de manada é um dos principais conceitos discutidos em finanças. Ele 
representa comportamentos correlacionados de grandes grupos de investidores. Para 
as finanças comportamentais, o efeito de manada é fruto da ineficiência de mercado 
e da racionalidade limitada dos investidores, uma das maiores causas apontadas para 
a supervalorização dos ativos que, em caso de excesso de otimismo, geram bolhas 
nos mercados de capitais (PEDRO, 2018). 
2.3 CRIPTOGRAFIA 
A criptografia, do grego kryptós (oculto) e grápho (escrita), estuda maneiras de 
escrever em códigos (SACCHI; TREVISAN; SANABRIA, 2013). A criptografia utiliza 
um conceito que é o de modificar a mensagem de maneira que apenas o destinatário 
possa entendê-la. Heródoto conta a história de um grego que precisava transmitir uma 
mensagem secretamente. Então, ele raspa o cabelo do mensageiro, tatua a 
mensagem na cabeça raspada e espera que seu cabelo cresça novamente. Ao chegar 
em seu destino, o mensageiro raspa a cabeça, revelando a mensagem (COSTA; 
FIGUEIREDO, 2010, p. 13). Ou seja, é utilizado um conjunto de métodos que servem 
para transformar um texto claro em texto cifrado que tem a aparência de um texto 
gerado aleatoriamente sem sentido algum, para que apenas o emissor e o destinatário 
consigam ter acesso ao conteúdo. 
Segundo Stallings (2014), o ato de transformar dados legíveis para uma forma 
ilegível é um processo chamado cifragem, que possui o objetivo de manter 
informações ocultas de terceiros, pois, mesmo que estes consigam visualizar os 
29 
dados cifrados, não serão capazes de entender o conteúdo, garantindo, assim, a 
privacidade dos dados. Para que seja possível ler essas informações cifradas, é 
necessário executar o processo inverso da cifragem, que é chamado de decifragem. 
Ao utilizar ambos os processos, faz-se necessário o uso de informações confidenciais, 
chamadas de chaves, que são divididas em dois tipos: as chaves simétricas e as 
chaves assimétricas. 
De acordo com Burnett (2002), as chaves simétricas podem também ser 
chamadas de criptografia de chaves privadas. Nela, o emissor, responsável pela 
transmissão da mensagem, utiliza determinada chave para executar a cifragem, e o 
receptor deve ter o conhecimento dessa chave, pois é necessária a utilização da 
mesma chave para decifrá-la. A maior dificuldade desse método é a distribuição 
segura das chaves, pois pode haver interceptações na transmissão da chave. 
O outro tipo de chave, as chaves assimétricas, são também conhecidas como 
criptografia de chave pública. Nelas, são utilizadas duas chaves distintas, sendo, 
assim, possível obter uma comunicação mais segura, mesmo através de canais de 
comunicação inseguros. Essa técnica de criptografia é chamada de assimétrica 
porque usa um par de chaves distintas, ou seja, o emissor utiliza determinada chave 
para executar a cifragem da mensagem, enquanto o receptor utiliza outra chave para 
decifrá-la. Burnett (2002) diz que a principal vantagem desse método é a maior 
segurança, principalmente, por não ser necessário o compartilhamento da chave 
privada, visto que, diferentemente das chaves simétricas, não existe transmissão e, 
por sua vez, não é possível executar uma interceptação. Mas como tudo possui prós 
e contras, a desvantagem das chaves assimétricas é que o tempo de processamento 
de mensagens com criptografia assimétrica é muito maior do que com criptografia 
simétrica, limitando seu uso em algumas situações. 
Com base nas características dos tipos de chave, principalmente quanto à 
segurança, item essencial na utilização do Bitcoin, Nakamoto (2008) diz que, para que 
os Bitcoins sejam transferidos de forma segura, a rede Bitcoin utiliza a criptografia 
assimétrica. 
2.4 CRIPTOMOEDAS 
Segundo Griffith (2014), as criptomoedas unem o conceito de dinheiro e 
movimentação financeira com a tecnologia da criptografia. De acordo com Fernando 
30 
Ulrich (2014), quando aplicadas às criptomoedas, a criptografia possui duas funções 
primordiais: a primeira é impossibilitar que um usuário transacione com as unidades 
de moeda digital da carteira de outro usuário (autenticação de dados e informações a 
respeito do usuário e de sua solicitação de transação); e a segunda é evitar que a 
cadeia (blockchain) seja violada e/ou corrompida (isso consiste na integridade e na 
segurança dos dados). Além disso, a criptografia permite que determinada carteira 
seja protegida por uma senha, caso o proprietário deseje, aumentando sua segurança. 
De forma resumida, a ideia por trás da criptografia na segurança das 
transações com criptomoedas é a de que toda criptomoeda reivindicada por algum 
usuário está atrelada à sua identidade, a qual é criptografada por uma sequência 
aleatória que segue um padrão alfanumérico, de modo que apenas o usuário possa 
decodificá-la. Isso é, todas as vezes que um usuário realizar determinada transação, 
a base de dados que mantém o registro das transações irá requerer uma chave 
privada deste para validar a operação e, assim, ser realizada com sucesso e em 
segurança (NARAYANAN et al., 2016). 
O conceito de criptografia e sua aplicação na blockchain é essencial para a 
compreensão do funcionamento do Bitcoin e das demais criptomoedas existentes. 
2.4.1 O Nascimento das criptomoedas 
Considera-se que a origem das criptomoedas ocorreu entre o final da década 
de 1980 e o início da década de 1990, quando surgiram os primeiros conceitos e 
alguns projetos e tentativas de criação de um novo tipo de moeda que fosse capaz de 
substituir o dinheiro convencional (GRIFFITH, 2014). O primeiro uso de uma moeda 
digital que possuía criptografia como método de segurança das transações foi feito 
por David Chaum, fundador da empresa DigiCash. O sistema criado e utilizado por ele 
foi batizado de eCash, considerado pioneiro nas transações criptografadas. A moeda 
eCash foi ainda utilizada por alguns bancos em países como os Estados Unidos e a 
Finlândia, mas não se caracterizava exatamente como as moedas digitais de hoje 
(CHUEN, 2015). 
Por divergência de compromissos entre a empresa DigiCash e os bancos, 
problemas apareceram e a empresa teve que declarar falência. A moeda desenvolvida 
pela equipe de David Chaum foi esquecida e descontinuada pelos novos donos da 
empresa. No entanto,o sistema era promissor, pois utilizava um procedimento de 
31 
assinaturas cegas (Blind Signatures) para proteger a identidade dos usuários, além 
da criptografia (CHUEN, 2015). 
No início do século XXI, um novo conceito de moeda digital surgiu: a Digital 
Gold Currency, também conhecida como e-Gold. Esse sistema originou-se em 1996 
e era bancado e mantido através do depósito de barras de ouro (GRIFFITH, 2014). 
Além disso, a empresa oferecia a capacidade de realização de transações monetárias 
instantâneas entre contas cadastradas no sistema. O sistema e-Gold foi o primeiro a 
ter relevância no âmbito de pagamentos e transações eletrônicas, e contribuiu com 
tecnologias que são utilizadas até os dias de hoje por sistemas de e-commerce. 
Segundo Chuen (2015), essas tecnologias incluem métodos de realizar pagamentos 
através de uma conexão criptografada, e oferecem uma interface de programação que 
permite que outras plataformas e websites possam desenvolver serviços utilizando o 
sistema de transações da e-Gold. 
2.4.2 O Bitcoin 
Tucker apud Ulrich (2014), traz um marco antecessor dessa criptomoeda, 
sendo esta oriunda de muitas tentativas previamente realizadas, considerando que as 
tentativas realizadas possuíam essas características: 1) outras moedas eram 
usualmente detidas por uma empresa comercial em específico, portanto, 
apresentavam um ponto centralizado de erro; e 2) não ultrapassavam o chamado 
problema do “gasto duplo”, que, por outro lado, era absolutamente não reproduzível e 
construído de tal modo que seus registros históricos de transações possibilitassem 
que cada parcela monetária fosse conciliada e verificada no decorrer do progresso da 
moeda. Além disso, ela foi elaborada em um "código-fonte", o que era extremamente 
essencial, porque é ele que faz com que a criptomoeda não seja de ninguém em 
específico; porém, este não é o único ponto. A criptografia, por ora sendo uma 
plataforma que reúne um constante movimento de maneira distribuída entre seus 
desenvolvedores, alicerçou esse grande projeto, remunerando, assim, aqueles que 
verificassem os protocolos realizados. 
Franco, Bazan e Felix (2018) comparam a criação do Bitcoin à criação da 
Internet, que derrubou várias barreiras e é tida hoje como indispensável, mas, que em 
sua fase inicial, as pessoas não a compreendiam totalmente e suas utilizações 
tornavam-se limitadas, levando décadas para sua dissipação ao redor do mundo. Com 
32 
o Bitcoin o processo foi e continua sendo muito semelhante, pois, sendo uma inovação 
em um meio muito técnico, poucas pessoas entendiam seu protocolo. Mais de uma 
década após sua criação, várias pessoas ainda desacreditam do Bitcoin por não 
compreenderem as vantagens que a criptomoeda é capaz de proporcionar e, muito 
menos a tecnologia por detrás, assim como ocorreu com a Internet. 
A operação do sistema Bitcoin é essencialmente baseada na gerência eficiente 
de um ledger público (livro-razão) denominado blockchain. Esse ledger contém todas 
as transações realizadas desde a criação do sistema, permitindo a todos os 
participantes verificar o histórico de cada transação. A autenticidade de cada 
transação é protegida por assinaturas digitais, associadas aos endereços Bitcoin de 
quem as realizou (RODRIGUES, 2017). 
Segundo Göbel (2016), as transações não são intermediadas por uma agência 
ou instituição central. Todas as transações ocorridas são registradas em um tipo de 
livro-razão público e distribuído, chamado blockchain (corrente de blocos, ou 
simplesmente um registro público de transações, o que nada mais é do que uma 
grande tecelagem de dados públicos, contendo o histórico de todas as transações 
realizadas nesta plataforma). As novas transações são verificadas com o objetivo de 
assegurar que os mesmos Bitcoins não tenham sido previamente gastos, eliminando, 
assim, o famoso problema do “gasto duplo”, no afã de dar exclusividade de sua 
propriedade unitária e de seu controle. 
Tucker apud Ulrich (2014) menciona sobre a invenção desse criptoativo como 
sendo algo revolucionário, já que, pela primeira vez, uma moeda não possui a 
necessidade de uma terceira parte envolvida; ele o faz distribuindo o imprescindível 
registro histórico a todos os usuários do sistema via uma rede peer-to-peer (ponto a 
ponto). 
A rede global peer-to-peer, composta de diversos usuários, torna-se o próprio 
intermediário; podendo, assim, o usuário transacionar sem a necessidade de uma 
terceira parte fazendo o intermédio, como o PayPal ou o Mastercard, por exemplo 
(ULRICH, 2014). 
Conforme expõem Franco, Bazan e Felix (2018, p. 47) sobre o objetivo do 
Bitcoin: 
 
[...] Um sistema puramente digital e não dependente de uma instituição 
financeira. Essa foi a proposta inicial do Bitcoin. Aquele paper definia as 
33 
bases técnicas de um protocolo de transferência de dinheiro entre pessoas 
(por isso o peer-to-peer). 
 
As transações, conforme Franco, Bazan e Felix (2018), acontecem de modo 
semelhante às transações bancárias, de maneira mais parecida ainda com cartões de 
crédito. O fato de não existir um órgão central para controlar essas transações faz 
com que estas não sejam “auditadas” por um intermediário, tornando o processo 
menos custoso e, principalmente, mais rápido; basta comparar o processo para 
transferir dinheiro tradicional através de algum banco para o exterior e realizar uma 
transação internacional utilizando Bitcoin. A semelhança descrita com o cartão de 
crédito é que o cartão nada mais é do que um pedaço de plástico que coloca o usuário 
em contato com um saldo totalmente digital, fazendo, assim, com que aquele pedaço 
de plástico funcione como dinheiro. 
Por conta do motivo mencionado, seria de baixa possibilidade ocorrer a brecha 
de emitir cheques sem fundo, uma vez que, quem recebe o cheque tem a certeza de 
que a transação foi verificada no aspecto em que o emissor tem capacidade financeira 
para sua efetivação, gerando, assim, uma saída na conta (FRANCO; BAZAN; FELIX, 
2018). 
As transações são verificáveis e verificadas arduamente. Com isso, o gasto 
duplo é prevenido por meio de um uso inteligente desse enorme bloco de dados 
conjuntos de chaves públicas, o blockchain. Tal mecanismo exige que, para cada 
desenvolvedor seja atribuído duas “chaves”, uma privada, que é mantida em segredo, 
como uma senha, e outra pública, que pode ser compartilhada com todos aqueles 
inseridos na plataforma, iniciando, assim, a busca por encontrar a sequência de dados 
(chamada de bloco) que produz certo padrão quando o algoritmo “hash” do Bitcoin é 
aplicado aos dados. Quando uma combinação ocorre, o minerador obtém um prêmio 
de Bitcoins (e uma taxa pelo serviço, na própria moeda, no caso de o mesmo bloco 
de dados ter sido utilizado para verificar outra transação). O tamanho do prêmio é 
reduzido ao passo que Bitcoins são minerados e criados outros “hash”. Uma vez que 
se torna ainda mais complexo realizá-los (ULRICH, 2014). 
Assim, a plataforma funciona como um sistema de armazenamento de dados 
que, quanto mais blocos são compilados na sequência com o passar do tempo, mais 
robusto o sistema se torna e mais difícil é reverter o processo já registrado para tentar 
alterar a informação original. Ou seja, quanto mais o tempo passa, mais segurança 
ele transmite (FRANCO; BAZAN; FELIX, 2018). 
34 
Ao iniciar o processo de transação do Bitcoin, é gerado um bloco que é 
difundido na rede e, após validação, é adicionado na cadeia blockchain, concluindo a 
transação. Com isso, diferentemente de algumas redes disponíveis, onde há um 
servidor central e os computadores (clientes ou nós, nodes, na língua inglesa) se 
conectam a ele, essa criptomoeda possui uma rede peer-to-peer que não possui um 
servidor centralizado. Nessa arquitetura de redes computacionais, cada um dos 
pontos da rede tem a atribuição tanto como cliente quanto como servidor, em que 
cada um dos nós é igual aosoutros (peer traduz-se como “par” ou “igual”, em inglês), 
o que possibilita o compartilhamento de dados sem a necessidade de um servidor 
central. Por esse motivo, uma rede ponto a ponto é considerada descentralizada, em 
que a força computacional é distribuída e balanceada por aqueles que a utilizam 
(ULRICH, 2014). 
A Figura 1 exemplifica um esquema demonstrativo que explica o 
funcionamento e a ordem do fluxo da cadeia do blockchain em uma transação. 
 
Figura 1 - Esquema de funcionamento do blockchain 
 
Fonte: Elaborado pelos autores (2021). 
 
Ulrich (2014) afirma que a dificuldade reside no fato de que, 
computacionalmente, será mais difícil encontrar uma combinação. Esses dois efeitos 
juntos irão reduzir, ao longo do tempo, a taxa com que a moeda será produzida, 
imitando a taxa de produção de uma commodity como o ouro. Em um momento futuro, 
35 
novos Bitcoins não serão produzidos, sendo que o único incentivo econômico aos 
mineradores serão as taxas recebidas pelos serviços prestados nas verificações de 
transações. 
De acordo com Rodrigues (2017), quando o Bitcoin foi lançado, a recompensa 
por bloco minerado era de 50,0 BTC. Esse valor de recompensa é dividido por 2 a 
cada 230.000 blocos minerados na rede ou, aproximadamente, a cada quatro anos, 
já que cada bloco leva, em média, cerca de dez minutos para ser minerado. Esse 
ajuste é conhecido como halving. O Bitcoin já passou por três halvings e, atualmente, 
cada bloco minerado é recompensado com 6,25 Bitcoins. Para se ter uma ideia, entre 
2016 e 2020 era possível obter 12,5 Bitcoins por bloco e, conforme mencionado, hoje 
são 6,25. A partir de 2024, será só a metade disso, 3,15. Isso é o halving (de half, 
"metade" em inglês). 18,8 milhões de Bitcoins já foram minerados. Por conta do 
halving, o último dos 21 milhões de Bitcoin só será minerado no ano 2140 
(VERSIGNASSI, 2021). 
Uma pergunta que costuma ser feita é: “Até que ponto existe o anonimato?”. 
Primeiro, Ulrich (2014) detalha que as chaves públicas das transações efetuadas na 
plataforma, conhecidas como “Endereços Bitcoin”, são devidamente lançadas no 
blockchain, sendo elas não vinculadas à identidade de nenhuma pessoa física ou 
jurídica. Porém, se a identidade de algum adquirente estivesse associada à uma 
chave pública, seria possível investigar todas as suas devidas transações na 
plataforma e, trabalhosamente, ver todas aquelas associadas à essa chave em 
específico. Dessa maneira, ainda que o Bitcoin seja bastante semelhante ao dinheiro 
em espécie, uma vez que as partes podem transacionar sem revelar suas identidades 
e informações pessoais a um terceiro ou entre elas, ele é também distinto, pois todas 
as transações de “A” através de um endereço Bitcoin qualquer podem ser rastreadas. 
Então, nesse sentido, o Bitcoin não garante o anonimato total, mas permite o uso de 
pseudônimos em sua vasta base transacional. 
“E em relação ao seu potencial?”. O Bitcoin tem todas as melhores 
características do melhor dinheiro que pode ser utilizado, uma vez que sendo escasso, 
divisível, portátil e, inclusive, vai ao encontro à direção do ideal monetário, por unir 
estas duas características “sem peso e sem espaço”, é incorpóreo. Isso dá a 
possibilidade de transferência da unidade monetária a despeito da geografia a um 
custo virtualmente nulo e sem depender de uma terceira parte, contornando, dessa 
forma, todo o sistema bancário completamente transformado pela intervenção 
36 
governamental em subsequentes governos. Esse ativo propicia a perspectiva de 
restaurar a consistência e o universalismo do padrão-ouro do mundo em capítulos 
anteriores, além de potencializá-lo por existir fora do controle direto do governo e seus 
entes reguladores. Isso posto, Ulrich (2014) ainda afirma que, por esse aspecto em 
específico, a moeda é digna de admiração. 
Franco, Bazan e Felix (2018) descrevem certas características que 
proporcionam maior potencial à moeda, tais como sua “usabilidade”, que consiste na 
utilização da criptomoeda alinhada ao aspecto da segurança, e na adoção de 
plataformas menos complexas para a expansão de dito mercado. A segunda seria a 
de “instrumentos de varejo e acesso de investidores institucionais”, relacionados a 
fundos de investimentos que possam se posicionar no mercado de criptomoedas, e 
pessoas jurídicas que utilizem como meio ou, até mesmo, invistam em tecnologias 
desse ramo, tal como o blockchain, fornecendo, assim, novos ares de expansão e 
ganho de proporção. Por último, “a fragilidade das moedas fiduciárias”, mencionada 
por diversos autores como um aspecto bastante crítico utilizado no sistema financeiro 
atual, a famosa centralização de emissão monetária. 
“Potencial elevado essa criptomoeda possui, porém quais são os benefícios 
que essa moeda proporciona?”. Ulrich (2014) aponta consequências positivas obtidas 
pela adoção e criação do BTC (abreviação de Bitcoin), começando em ser atrativo 
para as pequenas empresas que possuem margens operacionais apertadas, que 
procuram formas de reduzir seus custos de transação financeira na condução de seus 
negócios, já que os cartões de crédito expandiram de forma considerável a facilidade 
de realizar transações, mas seu uso vem acompanhado de elevados custos aos 
proprietários dos negócios. Aqueles que desejam oferecer aos seus clientes a opção 
de pagamento com cartões de crédito precisam, primeiramente, contratar uma conta 
com as empresas de cartões, no qual também possuirá um terceiro intermediário, seja 
banco, cooperativa etc. 
Além disso, Franco, Bazan e Felix (2018) associam esse novo ativo ao termo 
“assimetria positiva”, que consiste no fato de que os ganhos futuros com a adoção 
desse ativo são maiores que as perdas de não o adotar, direcionando as ações para 
que assim ocorra o chamado de “efeito de rede”, que é o efeito que um adotante tem 
sobre o valor de certo produto. Então, fazer com que as criptomoedas se expandam 
para o grande público significa ativar esse efeito, ocasionando a potencialização do 
valor cada vez mais, principalmente, para quem as utiliza. Soma-se a isso um estudo 
37 
que ficou conhecido como a “Lei de Metcalfe”, o qual, a partir do efeito de rede, diz 
que o valor desta é equivalente ao quadrado do número de indivíduos que a utiliza, 
inferindo, assim, que quanto mais adotantes das criptomoedas, mais o sistema ganha, 
mais seu valor aumenta no mercado de forma exponencial, desembocando na 
ultrapassagem do “Tripping Point” ou “Ponto de Inflexão”, no qual se torna algo 
expansivo e capilarizado, mais ainda quando grandes instituições privadas e 
financeiras a adotam. 
Ao aceitar pagamentos com cartões de crédito, as pessoas também se expõem 
ao risco de fraude de estorno de pagamentos (charge-back fraud). Existem muitos 
comerciantes que têm sido afetados por estornos fraudulentos, ou reversões de 
pagamentos iniciadas pelos próprios clientes, baseados na falsa desculpa de que o 
produto não foi entregue. Os aderentes, portanto, podem perder o pagamento pelo 
item vendido, além do próprio bem em si, e terão que pagar uma taxa pelo estorno 
ocasionado. Como o sistema de pagamentos do BTC não é reversível, isso elimina a 
“fraude amigável” ocasionada pelo uso mal-intencionado de estornos de clientes. Aos 
pequenos comerciantes, isso pode ser fundamental e de grande agilidade; porém, o 
que demandaria seria maior gestão na parte logística e verificação da ordem de 
compra, bem como verificar as lacunas nesses mencionados processos (ULRICH, 
2014). 
Outro ponto relevante é o fato de que o Bitcoin possui a capacidade de reduzir 
a pobreza, uma vez que irá aproximar as pessoas de baixas rendas ao mercado de 
ativos financeiros, já que, ao possuir um telefone, você teria acesso à sua “wallet” e à 
Casa de Câmbio que faria a conversão desse ativo em moeda corrente. Outrossim, 
os altos custos bancários, devido a certas regulações, tornam-se um diferencial

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