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CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - UDC CURSO DE ADMINISTRAÇÃO Arthur Gabriel Zvir Machado dos Santos Italo Pagnoncelli Corrêa Luan Nicolas Farias Villaverde Matheus Cascardo Werneck MOEDA DIGITAL: OPORTUNIDADES E RISCOS DA UTILIZAÇÃO DA CRIPTOMOEDA BITCOIN - UM ESTUDO COM OS ACADÊMICOS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - CAMPUS CENTRO DE FOZ DO IGUAÇU/PR FOZ DO IGUAÇU/PR 2022 Arthur Gabriel Zvir Machado dos Santos Italo Pagnoncelli Corrêa Luan Nicolas Farias Villaverde Matheus Cascardo Werneck MOEDA DIGITAL: OPORTUNIDADES E RISCOS DA UTILIZAÇÃO DA CRIPTOMOEDA BITCOIN - UM ESTUDO COM OS ACADÊMICOS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - CAMPUS CENTRO DE FOZ DO IGUAÇU/PR Trabalho de Conclusão de Curso II submetido à Avaliação dos Docentes do curso de Administração como requisito parcial para aprovação na disciplina de TCC II. Orientador: Professor Me. Azenir Dahlem Pacheco FOZ DO IGUAÇU/PR 2022 TERMO DE APROVAÇÃO Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do Título de Bacharel em Administração pelo Centro Universitário Dinâmica das Cataratas Foz do Iguaçu, 05 de julho de 2022. Prof. Mestre Sínvales Roberto Souza Coordenador do Curso de Administração BANCA EXAMINADORA: Prof. Mestre Azenir Dahlem Pacheco (Orientador) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC Profa. Doutora Gabrielle Ribeiro Rodrigues da Silva (Avaliadora) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC Prof. Mestre Roberto Otuzi de Oliveira (Avaliador) Centro Universitário Dinâmica das Cataratas - UDC AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar agradecemos a Deus, pois ele nos deu o dom da vida e nos proporcionou saúde em nossos anos de ensino superior. Viemos aqui agradecer também ao Centro Universitário Dinâmica das Cataratas por nos proporcionar um ensino de excelência e qualidade, bem como ao corpo docente da universidade por nos ensinar tanto durante esses anos. Um agradecimento mais do que especial ao professor orientador Me. Azenir Dahlem Pacheco por nos conduzir com maestria durante todo o processo de execução deste trabalho de conclusão de curso, bem como agradecemos ao professor Me. Sínvales Roberto Souza por toda a ajuda e conselhos para que este trabalho fosse concluído da melhor forma possível. Por fim, agradecemos aos nossos pais e demais familiares, amigos e namoradas, Luiza, Marjorie e Giselly, que sempre estiveram do nosso lado, e que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. Obrigado. RESUMO O ser humano sempre buscou formas cada vez mais eficientes de realizar o processo de troca de bens e serviços, e esse processo evoluiu ao longo dos anos. No início, o meio de troca mais utilizado era o escambo; porém, hoje, o que se vê de mais atual na sociedade é o dinheiro digital. Dentro desse cenário de digitalização do dinheiro, percebe-se o surgimento das criptomoedas, sendo a primeira e mais importante delas, o Bitcoin. Através de uma rede de blockchain, o Bitcoin objetiva “imitar” as propriedades do dinheiro físico; porém, com o diferencial de promover a descentralização do seu controle, tirando o poder dos governos de influenciar no preço dessa criptomoeda, ficando, assim, livre para oscilar em relação à oferta e demanda de Bitcoins no mercado. Este trabalho de conclusão de curso tem por finalidade analisar a relação que os acadêmicos da Unidade Centro da UDC na cidade de Foz do Iguaçu-PR possuem com a criptomoeda Bitcoin. Neste trabalho, a metodologia de pesquisa utilizada foi a abordagem quantitativa, através de um estudo transversal, tendo como tipologia uma abordagem de pesquisa descritiva. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram pesquisas bibliográficas e aplicação de um questionário do tipo survey pela plataforma Google Forms. A partir da análise dos resultados, foi possível demonstrar como funciona a regulamentação, as características e a funcionalidade da criptomoeda Bitcoin, passando por identificar qual é o fator que motiva o uso dessa criptomoeda, e, por fim, identificar se os acadêmicos da UDC compreendem as oportunidades e os riscos do Bitcoin em comparação aos padrões monetários fiduciários mais utilizados na atualidade e o que pode acarretar sua utilização. Em resumo, conclui-se que a maior parte dos acadêmicos realiza algum tipo de investimento, e que, apesar de saberem do potencial de lucratividade que o Bitcoin possui, os acadêmicos compreendem que a criptomoeda em questão possui um risco elevado, e que é uma categoria de investimento que deve ser analisada com cautela. Apenas uma parte pequena dos questionados não têm probabilidade de investir em Bitcoin nesse ano, demonstrando, assim, que a criptomoeda exerce influência no momento da escolha de qual investimento os acadêmicos irão realizar com o seu dinheiro. Palavras chave: Bitcoin, Blockchain, Investimento. ABSTRACT Human beings have always sought more efficient ways to accomplish the process of exchanging goods and services, and this process has evolved over the years. In the beginning, bartering was the most common means of exchange, but today, digital money is the most current way of payment. Within this digital money scenario, we can also see the emergence of cryptocurrencies, the most important of which is Bitcoin. Using a blockchain network, Bitcoin aims to “imitate” the properties of the physical money, but with the differential of promoting the decentralization of its control. It takes away the power of governments to influence the price of this cryptocurrency, being free to fluctuate in relation to Bitcoins supply and demand in the market. The aim of this research is to analyze the relationship that academics of Centro Universitário Dinâmica das Cataratas – Campus Centro (UDC University) have with the Bitcoin cryptocurrency. This research was carried out by the quantitative methodology, through a transversal study, having as typology a descriptive research approach. The collection instruments were bibliographic research and the application of a survey-type questionnaire through the Google Forms platform. Analyzing the results, it was possible to demonstrate how the regulation, characteristics, and functionality of the Bitcoin cryptocurrency works, then, identifying which is the factor that motivates the use of this cryptocurrency, and finally, identifying whether UDC academics understand the opportunities and risks of using the Bitcoin cryptocurrencies when it is compared to the most used fiat monetary standards today and what it can entail in its use. It is concluded that most academics make investment and despite knowing the potential for profitability that Bitcoin has, academics understand that Bitcoin has a high risk and that it is a kind of investment that should be analyzed with caution. Only a small part of the respondents is not likely to invest in Bitcoin this year. It demonstrates that Bitcoin exerts influence when choosing which investments academics will make with their money. Keywords: Bitcoin, Blockchain, Investment. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Esquema de funcionamento do blockchain .............................................. 34 Figura 2 - Demonstrativo da oscilação de valor do Bitcoin no decorrer do tempo .... 40 Figura 3 - Valores calculados de Zα conforme o valor do erro α estipulados para um estudo ....................................................................................................................... 64 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Valores máximos atingidos pelo Bitcoin por ano ..................................... 41 LISTA DE QUADROS Quadro 1 -Características dos mercados financeiros .............................................. 23 Quadro 2 - Síntese da metodologia .......................................................................... 65 Quadro 3 - Síntese dos principais resultados obtidos .............................................. 84 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Situação financeira dos entrevistados que realizam investimentos ........ 69 Gráfico 2 - Faixa etária que realiza investimento ..................................................... 69 Gráfico 3 - Realizam investimento em algum produto financeiro ............................. 72 Gráfico 4 - Entendimento total ou parcial sobre o funcionamento de uma exchange .................................................................................................................................. 73 Gráfico 5 - Meios mais utilizados para buscar novas formas de investimento ......... 75 Gráfico 6 - Ouviram ou leram conteúdos relacionados a criptomoedas ................... 79 Gráfico 7 - Entendimento total ou parcial do funcionamento do Bitcoin ................... 82 LISTA DE SIGLAS a.C. – Antes de Cristo. ANBIMA – Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros. ATM – Automatic Teller Machine, do inglês: Caixa automático. B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. BB – Banco do Brasil, primeira instituição bancária a operar no Brasil. BC – Banco Central, instituição que visa assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional. BTC – Abreviação da criptomoeda Bitcoin. CEPE – Centro de Estudos e Pesquisas. CMN – Conselho Monetário Nacional. DDOS – Distributed Denial of Service, do inglês: ataque de negação de serviço. ETF – Exchange Traded Fund, do inglês: fundo de referência de um índice. IPO – Initial Public Offering, do inglês: oferta inicial pública de ações. MBA – Master in Business Administration, do inglês: Mestre em administração de negócios. P2P – Peer-to-peer, do inglês: ponto a ponto. PoE – Prova de Esforço, prova para que uma transação seja considerada verídica PoW – Proof of Work, do inglês: prova de esforço. SBPE – Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo. SELIC – Sistema Especial de Liquidação e Custódia. SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito, autoridade monetária anterior a criação do Banco Central do Brasil. TAM - Tecnology Acceptance Model, do inglês: modelo de aceitação da tecnologia. UDC – Centro Universitário Dinâmica das Cataratas. USD – United States Dollar, moeda oficial dos Estados Unidos da América. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ............................................................................... 12 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12 1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................. 13 1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................... 13 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................ 15 2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16 2.1 ORIGEM DO DINHEIRO ..................................................................................... 16 2.1.1 Meios de pagamento ...................................................................................... 20 2.1.2 Funções do Banco Central ............................................................................ 21 2.2 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS ........................................................ 22 2.2.1 Bolsa de valores ............................................................................................. 24 2.2.2 Finanças Comportamentais – Perfis de Investidor ..................................... 26 2.2.3 Finanças Comportamentais – Efeito de Manada ......................................... 27 2.3 CRIPTOGRAFIA ................................................................................................. 28 2.4 CRIPTOMOEDAS ............................................................................................... 29 2.4.1 O Nascimento das criptomoedas .................................................................. 30 2.4.2 O Bitcoin ......................................................................................................... 31 2.3.2.1 Mineração ...................................................................................................... 41 2.4.3 Exchanges ...................................................................................................... 43 2.5 O BITCOIN AMEAÇA O SISTEMA FINANCEIRO TRADICIONAL? ................... 44 2.6 O QUE DETERMINA O PREÇO DO BITCOIN ................................................... 47 2.7 COMO O BITCOIN SE TRANSFORMA EM DINHEIRO ..................................... 49 2.7.1 O que leva as pessoas a investirem em Bitcoin .......................................... 50 2.8 BITCOIN E SEUS ASPECTOS LEGAIS ............................................................. 52 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS............................................................... 55 3.1 ABORDAGEM DE PESQUISA ............................................................................ 55 3.2 TIPOLOGIA E RECORTE DE PESQUISA .......................................................... 57 3.3 ESTRATÉGIA DE PESQUISA ............................................................................ 58 3.4 SUJEITO DE PESQUISA / AMOSTRA ............................................................... 59 3.5 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ....................................................... 60 3.6 INSTRUMENTOS DE ANÁLISE DE DADOS ...................................................... 62 3.6.1 Cálculo da amostragem ................................................................................. 63 3.7 QUADRO SÍNTESE ............................................................................................ 64 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................. 66 4.1 DESCRIÇÃO DO AMBIENTE DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DINÂMICA DAS CATARATAS - CAMPUS CENTRO .......................................................................... 66 4.2 IDENTIFICAÇÃO DO QUE MOTIVA O USO DA CRIPTOMOEDA BITCOIN PELOS ACADÊMICOS DA UDC - CENTRO DE FOZ DO IGUAÇU. ........................ 68 4.3 IDENTIFICAÇÃO DA COMPREENSÃO DOS ACADÊMICOS DA UDC - CENTRO DE FOZ DO IGUAÇU QUANTO ÀS OPORTUNIDADES E OS RISCOS DA UTILIZAÇÃO DO BITCOIN EM COMPARAÇÃO A PADRÕES MONETÁRIOS TRADICIONAIS ......................................................................................................... 77 4.4 QUADRO SÍNTESE DOS PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS .................... 84 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 86 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 91 APÊNDICE A – MATRIZ DE AMARRAÇÃO ............................................................ 99 APÊNDICE B – MODELO DE QUESTIONÁRIO .................................................... 101 10 1 INTRODUÇÃO Desde o início dos tempos, o ser humano busca maneiras de sobreviver e desenvolver diferentes formas de suprir suas necessidades. Ao longo do desenvolvimento social, o ser humano percebia a necessidade de possuir o que o outro possui. É costume dizer que o dinheiro é um meio de troca, que tem a vantagem de eliminaras ineficiências do escambo (FERGUSON, 2009). Se um comerciante na antiguidade possuía farinha e gostaria de adquirir vinho, por exemplo, ele precisaria encontrar alguém disposto a efetuar essa troca específica. Portanto, o dinheiro veio para facilitar as trocas comerciais; assim, pode-se dizer que sua criação mudou a forma de vida das pessoas e toda a história da humanidade. Com o avanço da vida em sociedade, o ser humano passou a trocar produtos por serviços, como exemplo de produto muito utilizado, tem-se o sal, originando-se, assim, a palavra “salário” para descrever a realização de pagamentos. Outro progresso importante foi o do surgimento das primeiras moedas, cujos pesos e material utilizado em sua fabricação determinavam seu valor. O dinheiro como moeda de troca passou por décadas de desenvolvimento até chegar em como o conhecemos hoje. Pode-se resumir o dinheiro como um meio de troca, algo que é aceito em troca de um bem ou serviço valioso, que é usado para ser trocado posteriormente por outro bem ou serviço (VELDE, 2013). Além disso, a moeda serve para mensurar o valor relativo de determinado produto, levando em conta sua raridade e sua abundância. Foi nesse contexto que as primeiras moedas surgiram, sendo o principal propósito estabelecer um padrão monetário. Cabe aqui destacar que os primeiros metais empregados na fabricação de moedas foram o ouro e a prata e, ao longo do tempo, naturalmente, surgiu o papel moeda, haja vista sua maior facilidade em ser transportado. Anos mais tarde surge o primeiro banco comercial, o Banco Monte dei Paschi di Siena, fundado em 1472 na Itália; empresa bancária criada no século XV para o financiamento público do principado de Gênova que viria a se tornar um agente central na capitalização de empreendimentos comerciais daquela época (SOUZA, 2017). Com o surgimento dos bancos, possibilitou-se o surgimento de novos métodos de pagamentos e transferências monetárias. As mais atuais e conhecidas são os cheques, cartões de crédito ou débito, e a forma mais moderna, através do pagamento instantâneo online, no Brasil conhecido como “Pix”. Recentemente, teve-se um grande 11 avanço no desenvolvimento de novas tecnologias com finalidade monetária, sendo possível a criação das criptomoedas. As criptomoedas vêm ganhando cada vez mais espaço na sociedade global, não sendo diferente no Brasil e, atualmente, praticamente qualquer pessoa do mundo já ouviu falar em Bitcoin, o que é um reflexo do rápido crescimento das moedas digitais. Como pontua Carvalho (2017, p. 3), a criptomoeda Bitcoin [...] utiliza a tecnologia de um sistema de registro de transações em rede de dados peer-to-peer (P2P), conhecida como blockchain, ou cadeia de blocos, para ser transferido, comprado e vendido, sem necessidade de autenticação e verificação de uma terceira parte. O processo da criptografia ocorre através de uma codificação avançada que está envolvida no armazenamento e na transmissão de dados de criptomoeda entre as carteiras e os livros contábeis públicos, portanto, é um sistema de pagamento e um sistema de registro de transações considerado inovador, descentralizado e privado, e com grau de segurança bastante elevado (CARVALHO, 2017). O Bitcoin possui algumas características que o fazem ser fascinante, capaz de impactar o mercado internacional e transformar o mundo como o conhecemos. Transacionar com o Bitcoin é extremamente rápido, tão fácil quanto enviar um e-mail; basta um smartphone à disposição para executar a transação. O Bitcoin não pode ser rastreado nem confiscado, e seu sistema oferece muita privacidade em uma transação entre duas partes, pois não depende de intermediários, diferentemente de como funciona uma transação com dinheiro tradicional. Outra diferença é que a transação através do Bitcoin não necessita de nenhum governo para autorizar a emissão, transferências etc.; são os próprios usuários que o fazem. O Bitcoin é comumente utilizado, também, como reserva de valor e proteção de patrimônio, pois ao acumular uma quantidade grande de dinheiro, é possível comprar Bitcoins e armazená-los em sua carteira, seja ela física ou virtual. Todas essas vantagens são advindas da tecnologia blockchain, que assim como explicam Formigoni, Braga e Leal (2017), pode ser entendida de diversas formas, como um sistema distribuído de base de dados em log, que é mantido de maneira compartilhada e descentralizada, sendo armazenado e mantido em uma base de dados em que todos os participantes são responsáveis. É uma tecnologia totalmente baseada na 12 segurança das operações, descentralização de armazenamento, da integridade dos dados e na imutabilidade das transações. Por possuir uma quantidade numérica limitada que poderá ser produzida, o Bitcoin é considerado não inflacionário, pois não é afetado por uma autoridade central com poderes para criar uma grande quantidade de dinheiro “novo” para financiar seus gastos e dívidas. Além disso, por suas características que limitam o seu crescimento infinito, o Bitcoin faz o papel de simular artificialmente a escassez, sendo, muitas vezes, comparado ao ouro por causa disso (BOFF, 2016). Por fim, o Bitcoin é um grande exemplo de estímulo à inovação financeira, pois ele nada mais é do que um software de código-fonte aberto que qualquer pessoa pode usar e inspecionar. Após a criação do Bitcoin, muitas outras criptomoedas foram criadas, trazendo cada vez mais disrupção no mercado financeiro. Para compreender o problema de pesquisa a seguir, estabeleceu-se como sujeito de pesquisa os acadêmicos do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas, utilizando como ferramenta de coleta um questionário aplicado aos acadêmicos do Campus Centro. A quantidade de acadêmicos matriculados no período letivo do primeiro semestre do ano de 2022, em sua totalidade, se aproximam a 2.077, distribuídos em 21 cursos. 1.1 PROBLEMA DE PESQUISA Diante do exposto, o seguinte trabalho de conclusão de curso visa responder: Qual a relação que os acadêmicos do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas no Campus Centro da cidade de Foz do Iguaçu possuem com a criptomoeda Bitcoin? 1.2 OBJETIVOS Este trabalho de conclusão de curso apresenta os objetivos geral e específicos a seguir. 13 1.2.1 Objetivo geral Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo geral analisar a relação que os acadêmicos da Unidade Centro da UDC na cidade de Foz do Iguaçu-PR possuem com a criptomoeda Bitcoin. 1.2.2 Objetivos específicos 1. Demonstrar a regulamentação, as características e a funcionalidade da criptomoeda Bitcoin; 2. Identificar o que motiva o uso da criptomoeda Bitcoin pelos acadêmicos da UDC - Centro, de Foz do Iguaçu; e 3. Identificar a compreensão dos acadêmicos da UDC - Centro de Foz do Iguaçu quanto às oportunidades e os riscos da utilização do Bitcoin em comparação a padrões monetários tradicionais. 1.3 JUSTIFICATIVA Desde os primórdios, a humanidade elabora maneiras de resolver problemas individuais e coletivos. Muitos desses problemas envolviam o desejo ou a posse de bens. Com o advento da tecnologia, o desenvolvimento de novas técnicas aprimorou- se cada vez mais. Atualmente, diversas maneiras diferentes de realizar transações monetárias são conhecidas e utilizadas, sendo uma dessas maneiras as moedas digitais criptografadas ou, simplesmente, "criptomoedas". Em 2008, a sociedade foi apresentada ao projeto que viria a ser a primeira criptomoeda da história: o Bitcoin. Porém, foi apenas no ano seguinte, em 2009, que a moeda passou a ser utilizada, após seu criador (ou criadores), nomeado com o pseudônimo “Satoshi Nakamoto”, tê-la disponibilizado oficialmente em um software de código aberto. O Bitcoin é a criptomoeda pioneira no uso da tecnologia blockchain e, atualmente, a mais utilizada em todo o planeta; é também a criptomoeda que acumula a maior capitalizaçãode mercado. Como pontua Carvalho (2017), o blockchain tem a capacidade de remodelar o sistema financeiro como um todo. Devido ao seu alto valor de mercado e sua volatilidade, ela é costumeiramente comercializada em frações muito pequenas. 14 Segundo Reis (2019), a ideia por trás do Bitcoin é replicar as propriedades do dinheiro físico no ambiente digital, ou seja, criar um dinheiro digital. O Bitcoin, porém, é muito mais do que somente uma moeda digital, trata-se de um sistema de pagamentos global, sem fronteiras, que funciona totalmente em uma rede descentralizada, não dependendo de nenhum governo nem de algum banco central, tornando-se algo sem precedentes na história da humanidade. Ulrich (2014) diz que o Bitcoin é uma forma de dinheiro, bem como o real, dólar, euro e demais moedas, sendo que a principal diferença é que o Bitcoin é puramente digital, não é emitido por nenhum governo e seu valor é determinado livremente pelos usuários no mercado. Desde o momento de sua criação, muitos investidores do Brasil e ao redor do mundo passaram a voltar seus interesses ao Bitcoin, valendo destacar que, conforme dizem Batista e Alves (2021), já há mais de um milhão de investidores cadastrados nas bolsas de Bitcoin no Brasil, número superior ao dos investidores na bolsa de valores B3. Já quando é tratado em relação ao número de Bitcoins em circulação, atualmente, estima-se que seja aproximadamente 18.930.000 unidades. Segundo Oliveira (2022), o volume de investidores registrados nesse tipo de reserva de valor passou de 30 mil pessoas, em 2020, para mais de 410 mil pessoas no ano de 2021. Isso foi reflexo do aumento da oferta dessa criptomoeda em forma de diversos produtos financeiros, visto que, em 2020, encerrou com 12 fundos de investimento disponíveis nas prateleiras para os investidores e, no ano de 2021, fechou com o total de 31 fundos de investimento – uma alta de 158%, apresentado pelo jornal. Um desses 31 fundos, o HASH11, tornou-se o segundo maior fundo da B3, bolsa de valores do Brasil, em número de cotistas, ficando atrás apenas do BOVA11 (ETF que replica o Ibovespa). Dada a notoriedade que o Bitcoin vem adquirindo dentro do mercado financeiro, é de extrema importância o estudo mais aprofundado perante os efeitos que ele possa vir a causar na vida dos acadêmicos. Assim, esta pesquisa tem como finalidade compreender qual a relação que os acadêmicos do Centro Universitário Dinâmica das Cataratas na Unidade Centro possuem com a criptomoeda Bitcoin. Suas respostas são de grande ajuda para compreender quais impactos a mais promissora das criptomoedas causa no dia a dia dos estudantes dessa faculdade, e o que motiva o seu uso, bem como identificar se os acadêmicos compreendem quais são as oportunidades e os riscos da utilização do Bitcoin. 15 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO O capítulo 1 deste trabalho de conclusão de curso contém os elementos introdutórios da pesquisa. É nesse primeiro capítulo que contém informações que contextualizam sobre o tema do Bitcoin, assim como a pergunta de pesquisa que será utilizada como base para o desenvolvimento deste estudo. Em seguida, são descritos os objetivos gerais e específicos, juntamente com a justificativa da pesquisa, demonstrando a sua importância para os acadêmicos e para a instituição de ensino UDC. Ao final, é demonstrada a estrutura que compõe o trabalho. No capítulo 2, são apresentadas as fundamentações teóricas que fazem parte desta pesquisa, em que são abordados subtítulos como: Origem do Dinheiro, Criptografia, Criptomoedas, O que determina o preço do Bitcoin, bem como é abordado sobre o funcionamento de toda a rede do Bitcoin, entre outros. Essa etapa tem o papel de construir uma base teórica de conhecimento, a qual irá ajudar no entendimento do leitor. É no capítulo 3 que se encontram todos os procedimentos metodológicos que foram utilizados neste trabalho, contendo a abordagem de pesquisa, tipologia e recorte de pesquisa em conjunto dos instrumentos de coleta e de análise dos dados; ao fim, encontra-se o quadro síntese deste capítulo. O capítulo 4 mostra a análise dos resultados que foram obtidos por meio da aplicação do questionário. Foi feita uma descrição do ambiente onde foi aplicado o estudo; e, em seguida, são apresentadas as respostas aos objetivos específicos propostos. Por fim, é no capítulo 5 que são apresentadas as considerações finais desta pesquisa. É nesse capítulo que é abordado se o problema de pesquisa foi respondido ou não, como foi feito o processo de resposta dos objetivos específicos propostos, as limitações que a pesquisa encontrou, bem como sugestões para a continuação do estudo em relação ao tema Bitcoin. 16 2 REFERENCIAL TEÓRICO Neste capítulo serão abordados temas referentes a Bitcoin como moeda na era digital, o surgimento, as funções e as utilizações dessa criptomoeda a fim de contextualização geral do tema. Para melhor introdução ao assunto, são abordados tópicos mais amplos, como a própria história do dinheiro e a criptografia como um todo, afunilando aos pontos mais específicos do Bitcoin. 2.1 ORIGEM DO DINHEIRO Antes do surgimento da moeda, as relações comerciais entre os homens só aconteciam por meio de trocas de mercadorias, conhecido como escambo. Segundo Abdalla (2017), evidências apontam que em torno de 10 mil anos a.C., as pessoas já utilizavam animais como gado, vacas, ovelhas e carneiros, como moeda em trocas de bens e serviços, visto que antes disso os grupos humanos mais primitivos realizavam apenas o escambo, sem o envolvimento de qualquer meio de troca em suas transações. Por vezes, isso se tornava algo trabalhoso e pouco prático, pois os agentes deveriam possuir interesse na mercadoria um do outro, além dos aspectos logísticos das mercadorias negociadas (SILVA, 2015). Carvalho et al. (2000) afirmam que a moeda é um objeto que veio para resolver uma necessidade social originada da divisão do trabalho, pois, na atual sociedade capitalista, fez-se necessárias inúmeras compras e vendas em períodos bem curtos, ou seja, a falta de uma moeda acabaria atrasando a vida econômica das pessoas. A fim de exemplificar essa necessidade e, levando em consideração a agilidade de certas trocas, a coincidência mútua e complementar de necessidades é descrita por Carvalho et al. (2000, p. 2) da seguinte forma: [...] diante de uma chuva inesperada, um indivíduo desejoso de adquirir um guarda-chuva e que tivesse um excedente em laranjas teria que encontrar alguém que tivesse um excedente de guarda-chuvas e que desejasse trocar, naquele momento, uma parcela desse excedente por laranjas. Esse tipo de coincidência é chamado de coincidência mútua e complementar de necessidades. Elas podem ocorrer, mas certamente são raras e sua busca desgasta física e mentalmente os interessados em transações tão específicas. 17 De acordo com Abdalla (2017), a partir de 3 mil a.C., na Mesopotâmia, pela falta de conveniência ao utilizar seres vivos como moeda de troca, as pessoas passaram a utilizar grãos para realização destas trocas e, mais tarde nos continentes africano, asiático e até no continente americano há apontamentos da utilização de conchas como moeda de troca. Na Europa Ocidental, os feudos foram um ponto extremamente importante na história da criação da moeda. Neles, o dinheiro foi se desenvolvendo conforme a necessidade do homem feudal para trocar seus produtos produzidos por outros produtos, o qual não tinha habilidade alguma em fabricar. Como descreve Huberman (2010, p. 13): Nos primórdios da sociedade feudal, a vida econômica decorria sem muita utilização de moeda. Havia uma economia de consumo, em que cada aldeia feudal era praticamente autossuficiente. Se alguém perguntar quanto pagamos por um casaco novo, a proporção é de 100 para 1 como você responderá em termos de dinheiro. Mas se essa mesma perguntafosse feita no início do período feudal, a resposta provavelmente seria: "Eu mesmo o fiz." O servo e sua família cultivavam seu alimento e com as próprias mãos fabricavam qualquer mobiliário de que necessitassem. [...] Sem dúvida, havia um certo intercâmbio de mercadorias. Alguém podia não ter lã suficiente para fazer seu casaco, ou talvez não houvesse na família alguém com bastante tempo ou habilidade. Nesse caso, a resposta à pergunta sobre o casaco poderia ser: "Paguei cinco galões de vinha por ele." Essa transação provavelmente se efetuou no mercado semanal mantido junto de um mosteiro ou castelo [...]. Com o aumento populacional nos feudos, a necessidade por mais produtos e o surgimento do conceito de excedente de produção foram se tornando mais frequentes. A ideia de padronizar o dinheiro surgiu pois se encontrava muita dificuldade em realizar trocas comerciais nessa época da era dos feudos. Huberman (2010) ainda traz que, nos feudos, as feiras possuíam grande relevância financeira. Os trocadores de dinheiro representavam uma parte muito importante do comércio em determinadas datas especiais, dedicadas à venda de fazendas e peles nas feiras. É possível perceber, assim, que, naquela época, as feiras comerciais tinham grande importância na economia, não somente pelas trocas de produtos, mas também pelas transações financeiras que eram realizadas. De acordo com Ferguson (2009, p. 25), ele define o dinheiro como: [...] uma unidade de valor, que facilita a avaliação e o cálculo; e um recipiente de valor, que permite que as transações econômicas sejam conduzidas durante longos períodos e também a despeito das distâncias geográficas. 18 Para desempenhar todas essas funções da melhor maneira, o dinheiro tem que estar disponível, e ser durável, fungível, portátil e confiável. Como preenchem a maioria desses critérios, ao longo dos milênios os metais, como ouro, prata e bronze foram considerados como a matéria-prima monetária ideal. Ulrich (2014) apresenta que os registros históricos documentam os mais diversos bens que desempenharam a função de meio de troca ao longo do tempo: tabaco, na Virgínia colonial; açúcar, nas Índias Ocidentais; gado, na Grécia antiga; cobre, no Antigo Egito; além de grãos, rosários, chás, conchas e anzóis. Entretanto, ao longo dos séculos, duas mercadorias, o ouro e a prata, foram espontaneamente escolhidas como dinheiro na livre concorrência do mercado. A característica comum a todas essas mercadorias é a tangibilidade. Todos esses bens são objetos materiais que existem no mundo físico com propriedades químicas, físicas e até mesmo biológicas distintas. Sendo assim, houve a escolha pelos metais preciosos como moeda de troca, já que proporcionavam uma relativa superioridade do tomador sobre o vendedor e sua respectiva distribuição da necessidade quase ilimitada no espaço, juntamente com seu baixo custo de transporte em relação ao seu valor, e, por outro lado, de sua durabilidade ilimitada e custo relativamente pequeno de acumulá-los (MENGER, 2009). Mas, nessa e por essas funções, os metais preciosos já se constituíam meios de troca geralmente correntes. Em outras palavras, eles funcionavam, assim, como mercadorias pelas quais cada um procurava trocar seus bens de mercado, não necessariamente para consumo, mas inteiramente por causa de sua especial vendabilidade, na intenção de trocá-los posteriormente por outros bens diretamente rentáveis para aqueles que os possuíam (MENGER, 2009). Menger (2009) afirma que foi a justa compreensão de seu interesse individual que fez com que todas as nações economicamente mais avançadas aceitassem os metais preciosos como dinheiro, sendo um suprimento suficiente por eles coletado e introduzido no mercado, sendo esse avanço de objetos monetários menos caros para os mais caros dependentes das causas análogas. Finalmente, os metais preciosos, devido à peculiaridade de sua cor, seu aro e, em parte, de sua gravidade específica, não são difíceis de reconhecer com alguma prática, e, através de sua marcação durável, podem ser facilmente controladas quanto à qualidade e peso. Isso também 19 contribuiu materialmente para aumentar sua vendabilidade e encaminhar a adoção e difusão deles como dinheiro. A China foi precursora no fim do uso de metais preciosos como moeda de troca e busca da padronização da moeda. Pelas dificuldades geradas, os metais preciosos foram proibidos em alguns lugares, pois em caso de invasão e saque, a economia local do país poderia ser arruinada, sendo limitada apenas a circulação de moedas de ferro, que tinham pouco valor e eram pouco práticas. Devido a essas medidas, na China, surge um modelo primitivo das notas promissórias, chamado jiaozi, um papel feito de casca de amoreira, em que o comprador se comprometia a pagar quando fosse mais conveniente, sistemática adotada também pela Mongólia na época do exército cosmopolita de Gengis Khan (CHAGAS, 2020). Uma das grandes vantagens da padronização da moeda para todos os usuários de um mesmo sistema econômico, dentro de um país, é seu poder como facilitadora das trocas comerciais. Assaf Neto (2021, p. 35) mostra que: A moeda desempenha três importantes funções. Inicialmente, a moeda constitui-se em instrumento (meio) de troca, promovendo o intercâmbio de certos bens e serviços por outros. Se não existisse moeda, as relações comerciais seriam efetuadas por trocas diretas (escambo), exigindo a coincidência de desejos de compradores e vendedores com relação nos itens oferecidos para negócio. Outra vantagem da moeda como instrumento de troca é sua divisibilidade, que permite a negociação de partes ou frações dos bens e serviços. Essas características presentes no uso da moeda imprimem maior agilidade às transações de mercado, dinamizando toda a atividade econômica. A ideia do dinheiro da forma como é conhecida atualmente evoluiu muito desde a época do feudalismo até os dias de hoje, principalmente, no âmbito de padronizar a moeda que circula em territórios governados pelo mesmo poder. Assaf Neto (2021) diz que a moeda é um instrumento previsto pela lei para a realização de pagamentos e/ou transações de bens e serviços. Pelo fato de estar previsto em lei, apresenta um poder liberatório (libera o devedor do compromisso) e curso legal forçado, isto é, sua aceitação é obrigatória. O uso da moeda garante o funcionamento da economia, induzindo os bens e serviços a serem produzidos de maneira a satisfazer as necessidades e demandas dos vários agentes envolvidos. 20 2.1.1 Meios de pagamento Com início no oriente, o modelo de papel-moeda foi levado à Europa por Marco Polo e outros viajantes ocidentais, fazendo com que, em 1657, na Suécia, o Stockholms Banco se tornasse o primeiro banco europeu a imprimir dinheiro em cédulas de papel (ABDALLA, 2017). De acordo com Chagas (2020), na mesma época, os bancos passaram a fornecer os cheques, que funcionavam como os jiaozi chineses, com a diferença que o lastro deixa de ser a palavra do emissor e passa a ser o valor da sua conta bancária. De acordo com Marcondes (1998), após o início do papel moeda, países europeus, principalmente a Inglaterra, adotaram o padrão-ouro como forma de proteção de suas reservas de ouro, fixando o valor da moeda nacional em relação ao ouro, evitando, assim, processos inflacionários. Para Marcondes (1998, p. 537): A prematura constituição do padrão-ouro na Inglaterra decorreu das dificuldades anteriores de manter o bimetalismo a uma taxa distinta da França, país detentor de enormes reservas na época, e a expectativa de uma maior estabilidade com o ouro, o qual era visto como um metal de maior dificuldade de obtenção do que a prata. Segundo Abdalla (2017), a partir das décadas de 1950 e 1960 surgem as indústrias dos cartões, ideia que se iniciou com um empresário chamado Fred McNamara ao esquecer sua carteiraquando saiu para jantar, se indagando por que ele não poderia gastar uma quantia que, de fato, pudesse pagar ao invés de ficar limitado ao dinheiro que portava no momento, criando um cartão que cerca de 200 pessoas utilizavam em 27 estabelecimentos. Em 1958, a American Express introduziu um cartão para despesas com entretenimento e viagens, bem como o Bank of America, precursor dos cartões VISA, que passou a ser aceito em uma variedade maior de estabelecimentos, com a possibilidade de parcelamento com uma taxa de juros. Com o início da era dos cartões, surge a primeira máquina ATM, um caixa eletrônico criado pelo Barclays Bank, inaugurando a forma de pagamentos eletrônicos. Os cartões continuaram evoluindo e, na década de 1970, têm-se os primeiros cartões com tarja magnética. Na década seguinte, surgem os programas de cashback e recompensas. Na década de 1990, nascem os cartões com chip e os sites de comércio eletrônico, permitindo compras com cartões de crédito de forma online. 21 Na mesma década são fundados o Paypal e as carteiras digitais, além dos primeiros pagamentos móveis por SMS (ABDALLA, 2017). Abdalla (2017) complementa que, com as aceleradas inovações tecnológicas, surgem as moedas digitais, como o próprio Bitcoin, bem como a criação dos smartphones e smartwatches, os pagamentos via NFC, substituindo os cartões de crédito e débito de plástico e utilizando os aparelhos celulares para efetuar os pagamentos. Aparelhos estes que passaram a fornecer ainda os pagamentos por biometria e transferências instantâneas, um serviço conhecido no Brasil como “Pix”. 2.1.2 Funções do Banco Central Quando se trata do dinheiro tradicional, é necessário que haja um órgão específico para controlar assuntos referentes ao volume de dinheiro disponível em um país, seu poder de compra e, principalmente, controlar o sistema financeiro interno. Essas e outras funções são exercidas pelos Bancos Centrais dos países. Segundo o Banco Central do Brasil (2016, p. 6): Essa atribuição dos bancos centrais geralmente está associada ao objetivo de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda nacional. Além disso, a maior parte dos bancos centrais também tem como missão promover a eficiência e o desenvolvimento do sistema financeiro de um país. Outras funções que cabem ao Banco Central (BC) de um país são de: banqueiro do governo; ser o banco dos bancos; e de aplicar as políticas monetárias e cambiais. No Brasil, as funções que são hoje exercidas pelo BC, antes de sua criação, eram de responsabilidade da Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), do Banco do Brasil (BB) e do Tesouro Nacional de forma conjunta. Conforme descreve o Banco Central do Brasil (2016), a SUMOC era a responsável por exercer o controle monetário e preparar a organização de um banco central, tendo outras funções, como a fixação de juros sobre depósitos bancários, taxas de redesconto e os percentuais de reservas obrigatórias dos bancos comerciais. O Tesouro Nacional era o responsável pela emissão do papel-moeda, enquanto o BB era quem atuava como banqueiro do governo e banco dos bancos, além de executar operações de câmbio e controlar as operações que envolviam o comércio exterior. 22 Ainda de acordo com o Banco Central do Brasil (2016), outra função muito importante desempenhada pelo BC é a de controlar a inflação, mantendo-a em torno da meta que é definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). A inflação é o aumento dos preços de bens e serviços, que acarreta diminuição do poder de compra da moeda. Para alcançar esse objetivo, o BC utiliza a política monetária, cujo principal instrumento é a taxa Selic, que é a taxa básica de juros da economia e influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicações financeiras. Já que o BC é o responsável pela arbitragem do sistema financeiro, Ulrich (2014) indaga sobre como se multiplicam os depósitos bancários. Ele argumentou que esse aspecto é por meio de um mecanismo chamado “Reservas Fracionárias”, que significa que os bancos podem entesourar, nos seus cofres, uma fração do dinheiro que foi depositado e emprestar o restante ao público (pessoas físicas, jurídicas, entidades financeiras). Isso pode ocasionar um impacto monumental através desse instrumento no sistema financeiro por um todo, porque tal mecanismo concede aos bancos o poder de criar depósitos bancários por meio da expansão do crédito, e como esses depósitos bancários são considerados parte da massa monetária, os bancos criam moeda, de fato. No Brasil, esse mecanismo se tornou conhecido com o conceito do “Compulsório”, o qual é determinado pelo ente central financeiro. Em 2014, o percentual de compulsório para os depósitos à vista estava estabelecido em 10%. Através dessa política, com um depósito, somente a modo explicativo, de R$ 1.000, um banco pode expandir o crédito em R$ 9.000, criando do nada R$ 9.000 de depósitos à vista, pelo simples registro contábil (débito de R$ 9.000 em empréstimos contra crédito de R$ 9.000 em depósitos à vista, via método contábil das partidas dobradas), com isso caracteriza-se o termo “Dinheiro Escritural” (ULRICH, 2014). 2.2 MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS De acordo com Assaf Neto (2021), o desenvolvimento da intermediação financeira ocorre de maneira segmentada e toma como base quatro subdivisões já estabelecidas para o mercado financeiro. São elas: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado cambial. 23 Para explanar de maneira breve cada um dos conceitos dessas quatro subdivisões, Pinheiro (2009) elaborou um quadro sumário (Quadro 1). Quadro 1 - Características dos mercados financeiros Fonte: Pinheiro (2009). O Mercado de Capitais está estrategicamente estruturado de forma a suprir as necessidades de investimentos dos agentes econômicos, utilizando diversas maneiras de financiamentos a médio e longo prazo, tanto para capital de giro como capital fixo. É formado por instituições financeiras não-bancárias, instituições componentes do sistema de poupança e empréstimo (SBPE) e diversas outras instituições auxiliares. Os financiamentos de prazo indeterminado são operações que compreendem a emissão e a subscrição de ações (ASSAF NETO, 2021). O preço das ações é cotado na bolsa de valores e tem papel fundamental nas economias, pois, muitas vezes, são esses preços que acabam definindo onde são investidos os recursos das pessoas e empresas, a fim de obterem um rendimento maior. Os preços das ações refletem a avaliação coletiva dos investidores sobre o desempenho atual de uma empresa e perspectivas futuras. Quando o mercado estiver mais otimista sobre a empresa, o preço das ações tende a subir. Esse preço mais alto torna mais fácil para a empresa levantar capital e, portanto, incentiva o investimento (LIRA, 2020). 24 É importante destacar que o mercado financeiro possui seus riscos, e deve ser sempre analisado com muita cautela no momento de alocar os investimentos, pois, como diz Lira (2020), os mercados de capitais canalizam recursos para o uso mais eficiente do dinheiro, mas, podem atuar, também, de forma inversa, causando prejuízos, quase sempre, resultado de uma volatilidade sistêmica. Em acordo com isso, os retornos são oriundos do risco tomado e da consistência de investimento, gerando, como consequência, o efeito “bola de neve”, ou seja, o acúmulo de capital investido acrescido da multiplicação dos juros compostos. Especificamente, em uma alocação em dado portfólio, aqueles que são mais gananciosos estão mais propensos a tomarem riscos maiores e seus devidos retornos ajustados, possivelmente, devido às diferenças que alguns investidores têm. Os investidores qualificados possuem acesso a oportunidades de investimentos exclusivos ou melhor renda (CHEN, 2020). 2.2.1 Bolsa de valoresA bolsa de valores pode ser caracterizada como um aglomerado de contratos formais e informais, com o objetivo de coordenar o mercado acionário, promover estímulos, controles e agilizar o fluxo de informações para todos os agentes importantes, criando um ambiente propício para a melhoria do mundo empresarial por meio da economia dos custos de transação envolvidos em suas operações (SACHETT; BEGNIS, 2019). De acordo com Güths et al. (2012, p. 4) “Os principais títulos negociados são os representativos do capital de empresas - as ações - que permitem a circulação de capital para custear o desenvolvimento econômico das empresas em questão.” Essas ações são emitidas por sociedades anônimas, ou seja, empresas de capital aberto, representando títulos de renda variável, que permitem que o comprador se torne coproprietário dessa determinada empresa, tendo, assim, participação nos seus resultados. De forma simples, se a empresa obtiver uma crescente na bolsa, o coproprietário lucra e, caso contrário, obtém prejuízo. É também através da bolsa que essas ações são convertidas em dinheiro, a qualquer hora. Particularmente, o mercado de capitais brasileiro, segundo Macarini apud Sachett e Begnis (2019), não apresentou um desenvolvimento significativo até 1965 devido, principalmente, ao ambiente macroeconômico apresentado, sendo, assim, 25 responsável pela concentração das transações em poucas ações. Além disso, em virtude da má organização jurídico-organizacional das bolsas existentes, possibilitou a manipulação através do monopólio dos corretores, da forma de atuação das sociedades e de uma legislação inapropriada, a qual não resguardava os direitos dos acionistas minoritários e de uma tributação que penalizava os agentes, com impostos excessivos sobre os rendimentos. Com isso, o mercado de capitais brasileiro pode ser apresentado em dois espectros com características e sistemas regulatórios distintos. O primeiro corresponde à análise prévia à 1965, em que as particularidades do mercado estão marcadas pelos fatos históricos, econômicos e políticos do século XIX. O segundo corresponde ao resultado de melhorias em aspectos estruturais do país, sendo estas transformações advindas desde o ano em questão, ocasião em que, em paralelo à política de estabilização econômica, um conjunto amplo de reformas nas tecelagens institucionais foi posta em prática. A partir do ano de 1965, ano que ocorre o marco de aperfeiçoamento institucional do mercado de ações, foi instituída a Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, Lei do Mercado de Capitais, elemento essencial ao início das regulamentações inseridas no mercado acionário brasileiro. A partir da Lei do Mercado de Capitais, as Bolsas de Valores passaram a ter autonomia administrativa, financeira e patrimonial, operando sob a tutela do Banco Central (BC), de acordo com a regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN). Com o início da estruturação regulatória do mercado, buscava-se promover a segurança jurídica do ambiente institucional para fortalecer a confiança no mercado, reduzir a assimetria informacional e restringir as extremas alavancagens. Porém, a pouca dinâmica de empresas familiares a sociedades de capital aberto fez com que a expansão fosse desordenada (SACHETT; BEGNIS, 2019). Houve vários players ingressando na Bolsa de Valores ao redor do mundo e no Brasil, sendo uma delas a Coinbase, uma Exchange cujo valor de mercado ao momento de seu IPO era de US$ 100 bilhões. Outra empresa a ingressar foi a Exodus, que obteve 6.800 investidores e US$ 75 milhões arrecadados, sendo essa lista de ingressantes regularmente atualizada, visto que a Argo Blockchain, uma empresa mineradora, foi listada na Nasdaq, emitindo 75 milhões de ações ordinárias e arrecadando US$ 138 milhões, alcançando o valor de mercado de US$ 745 milhões. 26 2.2.2 Finanças Comportamentais – Perfis de Investidor Dentro do mercado financeiro, existem as finanças comportamentais, que segundo Haubert, Lima e Herling (2022), é uma área de estudo que busca analisar os aspectos psicológicos dos indivíduos no processo de tomada de decisões financeiras. Optar pelo investimento mais adequado neste processo de tomada de decisão sobre qual investimento realizar, é fundamental para atingir os resultados esperados com base na aptidão ao risco de cada pessoa. Os investimentos devem ser decisões individuais de cada pessoa, e as características do investimento devem fazer sentido para o investidor. De acordo com Cardozo et al. (2019), o principal objetivo do investimento financeiro é repor o valor de compra da moeda perdido com a inflação, podendo ser divididos em classes: renda fixa, renda variável, fundo de investimento, investimentos alternativos. É de extrema importância compreender o nível de tolerância ao risco de cada investidor, pois o mercado financeiro é composto por ciclos econômicos, e em momentos de baixa, é fundamental que o investir saiba manter a calma para não se perder dinheiro fazendo o resgate do investimento em um momento errado, podendo gerar prejuízos, ainda mais nos dias de hoje, onde as opções de investimento estão cada vez mais variadas. Conhecer o perfil do investidor e as características de cada investimento traz uma maior segurança no momento de aplicar o capital, é através destas informações que será possível determinar qual é o investimento que mais se encaixa ao perfil e com os objetivos de cada pessoa. O perfil do investidor depende de vários fatores como o nível de risco que aceita tomar nas suas aplicações, o horizonte de investimento (prazo), o nível das despesas familiares, o nível de segurança e as garantias envolvidas, entre outros. Existem três categorias de perfil para os investidores, cada uma de acordo com o grau de aversão ao risco demonstrado perante os investimentos (SACCÓL & PIENIZ, 2018). • Perfil Conservador: busca uma maior segurança para os seus investimentos e não gosta de correr riscos. Visa preservar seu patrimônio em investimentos sólidos (renda fixa) e em investimentos que permitam sacar seus recursos em um período curto de tempo (CARDOZO et al., 2019). • Perfil Moderado: investe parte de seu patrimônio em ativos de renda fixa e parte em ativos de renda variável. Prioriza por segurança, mas está aberto a assumir alguns riscos em busca de um retorno maior a médio prazo. Procura um 27 equilíbrio entre segurança e rentabilidade e está disposto a correr um risco moderado para que o seu dinheiro renda um pouco mais do que as aplicações mais seguras (BANDINELLI, 2010). • Perfil Arrojado: perfil mais agressivo que está disposto a correr mais riscos, está sempre em busca de novas alternativas atrativas de retorno financeiro. Privilegia a rentabilidade e é capaz de correr grandes riscos para que seu investimento renda o máximo possível. Possui grande conhecimento do mercado, acesso a informações, bem como acompanha ativamente seus investimentos (BANDINELLI, 2010). Compreender e definir o perfil de cada investidor e optando pelos investimentos que mais se encaixam em cada perfil, permite obter retornos e riscos compatíveis com cada pessoa, evitando assim decepções dentro do mercado financeiro. De acordo com Rambo (2014), se o investidor deseja bons rendimentos, comumente eles estão vinculados a operações mais arriscadas, que podem gerar o que se almeja ou pode retornar valores inferiores. Se deseja segurança e liquidez, pode recorrer a aplicações menos arriscadas, que darão retorno garantido. 2.2.3 Finanças Comportamentais – Efeito de Manada O mercado financeiro é composto por pessoas, e devido a esse fator, os preços dos ativos que compõem o mercado financeiro sofrem, muitas vezes, variações de preços decorrentes de decisões irracionais dos seres humanos. Conforme dizem Kimura, Basso e Krauter (2006), as decisões financeiras podem ser influenciadas por processosmentais, e os defensores das finanças comportamentais argumentam que atitudes não racionais dos agentes econômicos podem impactar, de maneira prolongada e consistente, o comportamento de variáveis financeiras. O homem das finanças comportamentais não é totalmente racional; é um homem simplesmente normal. Essa normalidade implica um homem que age, frequentemente, de maneira irracional, que tem suas decisões influenciadas por emoções e por erros cognitivos (HALFELD; TORRES, 2001). O comportamento humano é influenciado por diversos aspectos psicológicos que podem distorcer a identificação e a percepção dos fatos. Isso leva a uma decisão baseada em julgamentos individuais, nos quais a racionalidade imposta pela teoria da utilidade esperada pode não ser obedecida (KIMURA; BASSO; KRAUTER, 2006). 28 Dentro das finanças comportamentais, um dos maiores efeitos percebidos dentro do mercado é o chamado "efeito de manada" que, como define Liang (2017), é o movimento sincronizado dos preços dos ativos em uma forma exuberante e irracional, que não é justificado pelos fundamentos. Geralmente, os ativos que mais sofrem desse efeito são os que mais estão na "moda" e são mais comentados nas redes sociais. Há diversos motivos que levam um indivíduo a apresentar esse comportamento de manada: i) outros agentes podem saber mais sobre o retorno de um investimento e seus movimentos revelam essa informação; ii) incentivos/pacotes de remuneração beneficiam a imitação (aplicável somente a gestores de carteiras de terceiros); e iii) indivíduos podem apresentar uma preferência intrínseca pela conformidade (LIANG, 2017). O efeito de manada é um dos principais conceitos discutidos em finanças. Ele representa comportamentos correlacionados de grandes grupos de investidores. Para as finanças comportamentais, o efeito de manada é fruto da ineficiência de mercado e da racionalidade limitada dos investidores, uma das maiores causas apontadas para a supervalorização dos ativos que, em caso de excesso de otimismo, geram bolhas nos mercados de capitais (PEDRO, 2018). 2.3 CRIPTOGRAFIA A criptografia, do grego kryptós (oculto) e grápho (escrita), estuda maneiras de escrever em códigos (SACCHI; TREVISAN; SANABRIA, 2013). A criptografia utiliza um conceito que é o de modificar a mensagem de maneira que apenas o destinatário possa entendê-la. Heródoto conta a história de um grego que precisava transmitir uma mensagem secretamente. Então, ele raspa o cabelo do mensageiro, tatua a mensagem na cabeça raspada e espera que seu cabelo cresça novamente. Ao chegar em seu destino, o mensageiro raspa a cabeça, revelando a mensagem (COSTA; FIGUEIREDO, 2010, p. 13). Ou seja, é utilizado um conjunto de métodos que servem para transformar um texto claro em texto cifrado que tem a aparência de um texto gerado aleatoriamente sem sentido algum, para que apenas o emissor e o destinatário consigam ter acesso ao conteúdo. Segundo Stallings (2014), o ato de transformar dados legíveis para uma forma ilegível é um processo chamado cifragem, que possui o objetivo de manter informações ocultas de terceiros, pois, mesmo que estes consigam visualizar os 29 dados cifrados, não serão capazes de entender o conteúdo, garantindo, assim, a privacidade dos dados. Para que seja possível ler essas informações cifradas, é necessário executar o processo inverso da cifragem, que é chamado de decifragem. Ao utilizar ambos os processos, faz-se necessário o uso de informações confidenciais, chamadas de chaves, que são divididas em dois tipos: as chaves simétricas e as chaves assimétricas. De acordo com Burnett (2002), as chaves simétricas podem também ser chamadas de criptografia de chaves privadas. Nela, o emissor, responsável pela transmissão da mensagem, utiliza determinada chave para executar a cifragem, e o receptor deve ter o conhecimento dessa chave, pois é necessária a utilização da mesma chave para decifrá-la. A maior dificuldade desse método é a distribuição segura das chaves, pois pode haver interceptações na transmissão da chave. O outro tipo de chave, as chaves assimétricas, são também conhecidas como criptografia de chave pública. Nelas, são utilizadas duas chaves distintas, sendo, assim, possível obter uma comunicação mais segura, mesmo através de canais de comunicação inseguros. Essa técnica de criptografia é chamada de assimétrica porque usa um par de chaves distintas, ou seja, o emissor utiliza determinada chave para executar a cifragem da mensagem, enquanto o receptor utiliza outra chave para decifrá-la. Burnett (2002) diz que a principal vantagem desse método é a maior segurança, principalmente, por não ser necessário o compartilhamento da chave privada, visto que, diferentemente das chaves simétricas, não existe transmissão e, por sua vez, não é possível executar uma interceptação. Mas como tudo possui prós e contras, a desvantagem das chaves assimétricas é que o tempo de processamento de mensagens com criptografia assimétrica é muito maior do que com criptografia simétrica, limitando seu uso em algumas situações. Com base nas características dos tipos de chave, principalmente quanto à segurança, item essencial na utilização do Bitcoin, Nakamoto (2008) diz que, para que os Bitcoins sejam transferidos de forma segura, a rede Bitcoin utiliza a criptografia assimétrica. 2.4 CRIPTOMOEDAS Segundo Griffith (2014), as criptomoedas unem o conceito de dinheiro e movimentação financeira com a tecnologia da criptografia. De acordo com Fernando 30 Ulrich (2014), quando aplicadas às criptomoedas, a criptografia possui duas funções primordiais: a primeira é impossibilitar que um usuário transacione com as unidades de moeda digital da carteira de outro usuário (autenticação de dados e informações a respeito do usuário e de sua solicitação de transação); e a segunda é evitar que a cadeia (blockchain) seja violada e/ou corrompida (isso consiste na integridade e na segurança dos dados). Além disso, a criptografia permite que determinada carteira seja protegida por uma senha, caso o proprietário deseje, aumentando sua segurança. De forma resumida, a ideia por trás da criptografia na segurança das transações com criptomoedas é a de que toda criptomoeda reivindicada por algum usuário está atrelada à sua identidade, a qual é criptografada por uma sequência aleatória que segue um padrão alfanumérico, de modo que apenas o usuário possa decodificá-la. Isso é, todas as vezes que um usuário realizar determinada transação, a base de dados que mantém o registro das transações irá requerer uma chave privada deste para validar a operação e, assim, ser realizada com sucesso e em segurança (NARAYANAN et al., 2016). O conceito de criptografia e sua aplicação na blockchain é essencial para a compreensão do funcionamento do Bitcoin e das demais criptomoedas existentes. 2.4.1 O Nascimento das criptomoedas Considera-se que a origem das criptomoedas ocorreu entre o final da década de 1980 e o início da década de 1990, quando surgiram os primeiros conceitos e alguns projetos e tentativas de criação de um novo tipo de moeda que fosse capaz de substituir o dinheiro convencional (GRIFFITH, 2014). O primeiro uso de uma moeda digital que possuía criptografia como método de segurança das transações foi feito por David Chaum, fundador da empresa DigiCash. O sistema criado e utilizado por ele foi batizado de eCash, considerado pioneiro nas transações criptografadas. A moeda eCash foi ainda utilizada por alguns bancos em países como os Estados Unidos e a Finlândia, mas não se caracterizava exatamente como as moedas digitais de hoje (CHUEN, 2015). Por divergência de compromissos entre a empresa DigiCash e os bancos, problemas apareceram e a empresa teve que declarar falência. A moeda desenvolvida pela equipe de David Chaum foi esquecida e descontinuada pelos novos donos da empresa. No entanto,o sistema era promissor, pois utilizava um procedimento de 31 assinaturas cegas (Blind Signatures) para proteger a identidade dos usuários, além da criptografia (CHUEN, 2015). No início do século XXI, um novo conceito de moeda digital surgiu: a Digital Gold Currency, também conhecida como e-Gold. Esse sistema originou-se em 1996 e era bancado e mantido através do depósito de barras de ouro (GRIFFITH, 2014). Além disso, a empresa oferecia a capacidade de realização de transações monetárias instantâneas entre contas cadastradas no sistema. O sistema e-Gold foi o primeiro a ter relevância no âmbito de pagamentos e transações eletrônicas, e contribuiu com tecnologias que são utilizadas até os dias de hoje por sistemas de e-commerce. Segundo Chuen (2015), essas tecnologias incluem métodos de realizar pagamentos através de uma conexão criptografada, e oferecem uma interface de programação que permite que outras plataformas e websites possam desenvolver serviços utilizando o sistema de transações da e-Gold. 2.4.2 O Bitcoin Tucker apud Ulrich (2014), traz um marco antecessor dessa criptomoeda, sendo esta oriunda de muitas tentativas previamente realizadas, considerando que as tentativas realizadas possuíam essas características: 1) outras moedas eram usualmente detidas por uma empresa comercial em específico, portanto, apresentavam um ponto centralizado de erro; e 2) não ultrapassavam o chamado problema do “gasto duplo”, que, por outro lado, era absolutamente não reproduzível e construído de tal modo que seus registros históricos de transações possibilitassem que cada parcela monetária fosse conciliada e verificada no decorrer do progresso da moeda. Além disso, ela foi elaborada em um "código-fonte", o que era extremamente essencial, porque é ele que faz com que a criptomoeda não seja de ninguém em específico; porém, este não é o único ponto. A criptografia, por ora sendo uma plataforma que reúne um constante movimento de maneira distribuída entre seus desenvolvedores, alicerçou esse grande projeto, remunerando, assim, aqueles que verificassem os protocolos realizados. Franco, Bazan e Felix (2018) comparam a criação do Bitcoin à criação da Internet, que derrubou várias barreiras e é tida hoje como indispensável, mas, que em sua fase inicial, as pessoas não a compreendiam totalmente e suas utilizações tornavam-se limitadas, levando décadas para sua dissipação ao redor do mundo. Com 32 o Bitcoin o processo foi e continua sendo muito semelhante, pois, sendo uma inovação em um meio muito técnico, poucas pessoas entendiam seu protocolo. Mais de uma década após sua criação, várias pessoas ainda desacreditam do Bitcoin por não compreenderem as vantagens que a criptomoeda é capaz de proporcionar e, muito menos a tecnologia por detrás, assim como ocorreu com a Internet. A operação do sistema Bitcoin é essencialmente baseada na gerência eficiente de um ledger público (livro-razão) denominado blockchain. Esse ledger contém todas as transações realizadas desde a criação do sistema, permitindo a todos os participantes verificar o histórico de cada transação. A autenticidade de cada transação é protegida por assinaturas digitais, associadas aos endereços Bitcoin de quem as realizou (RODRIGUES, 2017). Segundo Göbel (2016), as transações não são intermediadas por uma agência ou instituição central. Todas as transações ocorridas são registradas em um tipo de livro-razão público e distribuído, chamado blockchain (corrente de blocos, ou simplesmente um registro público de transações, o que nada mais é do que uma grande tecelagem de dados públicos, contendo o histórico de todas as transações realizadas nesta plataforma). As novas transações são verificadas com o objetivo de assegurar que os mesmos Bitcoins não tenham sido previamente gastos, eliminando, assim, o famoso problema do “gasto duplo”, no afã de dar exclusividade de sua propriedade unitária e de seu controle. Tucker apud Ulrich (2014) menciona sobre a invenção desse criptoativo como sendo algo revolucionário, já que, pela primeira vez, uma moeda não possui a necessidade de uma terceira parte envolvida; ele o faz distribuindo o imprescindível registro histórico a todos os usuários do sistema via uma rede peer-to-peer (ponto a ponto). A rede global peer-to-peer, composta de diversos usuários, torna-se o próprio intermediário; podendo, assim, o usuário transacionar sem a necessidade de uma terceira parte fazendo o intermédio, como o PayPal ou o Mastercard, por exemplo (ULRICH, 2014). Conforme expõem Franco, Bazan e Felix (2018, p. 47) sobre o objetivo do Bitcoin: [...] Um sistema puramente digital e não dependente de uma instituição financeira. Essa foi a proposta inicial do Bitcoin. Aquele paper definia as 33 bases técnicas de um protocolo de transferência de dinheiro entre pessoas (por isso o peer-to-peer). As transações, conforme Franco, Bazan e Felix (2018), acontecem de modo semelhante às transações bancárias, de maneira mais parecida ainda com cartões de crédito. O fato de não existir um órgão central para controlar essas transações faz com que estas não sejam “auditadas” por um intermediário, tornando o processo menos custoso e, principalmente, mais rápido; basta comparar o processo para transferir dinheiro tradicional através de algum banco para o exterior e realizar uma transação internacional utilizando Bitcoin. A semelhança descrita com o cartão de crédito é que o cartão nada mais é do que um pedaço de plástico que coloca o usuário em contato com um saldo totalmente digital, fazendo, assim, com que aquele pedaço de plástico funcione como dinheiro. Por conta do motivo mencionado, seria de baixa possibilidade ocorrer a brecha de emitir cheques sem fundo, uma vez que, quem recebe o cheque tem a certeza de que a transação foi verificada no aspecto em que o emissor tem capacidade financeira para sua efetivação, gerando, assim, uma saída na conta (FRANCO; BAZAN; FELIX, 2018). As transações são verificáveis e verificadas arduamente. Com isso, o gasto duplo é prevenido por meio de um uso inteligente desse enorme bloco de dados conjuntos de chaves públicas, o blockchain. Tal mecanismo exige que, para cada desenvolvedor seja atribuído duas “chaves”, uma privada, que é mantida em segredo, como uma senha, e outra pública, que pode ser compartilhada com todos aqueles inseridos na plataforma, iniciando, assim, a busca por encontrar a sequência de dados (chamada de bloco) que produz certo padrão quando o algoritmo “hash” do Bitcoin é aplicado aos dados. Quando uma combinação ocorre, o minerador obtém um prêmio de Bitcoins (e uma taxa pelo serviço, na própria moeda, no caso de o mesmo bloco de dados ter sido utilizado para verificar outra transação). O tamanho do prêmio é reduzido ao passo que Bitcoins são minerados e criados outros “hash”. Uma vez que se torna ainda mais complexo realizá-los (ULRICH, 2014). Assim, a plataforma funciona como um sistema de armazenamento de dados que, quanto mais blocos são compilados na sequência com o passar do tempo, mais robusto o sistema se torna e mais difícil é reverter o processo já registrado para tentar alterar a informação original. Ou seja, quanto mais o tempo passa, mais segurança ele transmite (FRANCO; BAZAN; FELIX, 2018). 34 Ao iniciar o processo de transação do Bitcoin, é gerado um bloco que é difundido na rede e, após validação, é adicionado na cadeia blockchain, concluindo a transação. Com isso, diferentemente de algumas redes disponíveis, onde há um servidor central e os computadores (clientes ou nós, nodes, na língua inglesa) se conectam a ele, essa criptomoeda possui uma rede peer-to-peer que não possui um servidor centralizado. Nessa arquitetura de redes computacionais, cada um dos pontos da rede tem a atribuição tanto como cliente quanto como servidor, em que cada um dos nós é igual aosoutros (peer traduz-se como “par” ou “igual”, em inglês), o que possibilita o compartilhamento de dados sem a necessidade de um servidor central. Por esse motivo, uma rede ponto a ponto é considerada descentralizada, em que a força computacional é distribuída e balanceada por aqueles que a utilizam (ULRICH, 2014). A Figura 1 exemplifica um esquema demonstrativo que explica o funcionamento e a ordem do fluxo da cadeia do blockchain em uma transação. Figura 1 - Esquema de funcionamento do blockchain Fonte: Elaborado pelos autores (2021). Ulrich (2014) afirma que a dificuldade reside no fato de que, computacionalmente, será mais difícil encontrar uma combinação. Esses dois efeitos juntos irão reduzir, ao longo do tempo, a taxa com que a moeda será produzida, imitando a taxa de produção de uma commodity como o ouro. Em um momento futuro, 35 novos Bitcoins não serão produzidos, sendo que o único incentivo econômico aos mineradores serão as taxas recebidas pelos serviços prestados nas verificações de transações. De acordo com Rodrigues (2017), quando o Bitcoin foi lançado, a recompensa por bloco minerado era de 50,0 BTC. Esse valor de recompensa é dividido por 2 a cada 230.000 blocos minerados na rede ou, aproximadamente, a cada quatro anos, já que cada bloco leva, em média, cerca de dez minutos para ser minerado. Esse ajuste é conhecido como halving. O Bitcoin já passou por três halvings e, atualmente, cada bloco minerado é recompensado com 6,25 Bitcoins. Para se ter uma ideia, entre 2016 e 2020 era possível obter 12,5 Bitcoins por bloco e, conforme mencionado, hoje são 6,25. A partir de 2024, será só a metade disso, 3,15. Isso é o halving (de half, "metade" em inglês). 18,8 milhões de Bitcoins já foram minerados. Por conta do halving, o último dos 21 milhões de Bitcoin só será minerado no ano 2140 (VERSIGNASSI, 2021). Uma pergunta que costuma ser feita é: “Até que ponto existe o anonimato?”. Primeiro, Ulrich (2014) detalha que as chaves públicas das transações efetuadas na plataforma, conhecidas como “Endereços Bitcoin”, são devidamente lançadas no blockchain, sendo elas não vinculadas à identidade de nenhuma pessoa física ou jurídica. Porém, se a identidade de algum adquirente estivesse associada à uma chave pública, seria possível investigar todas as suas devidas transações na plataforma e, trabalhosamente, ver todas aquelas associadas à essa chave em específico. Dessa maneira, ainda que o Bitcoin seja bastante semelhante ao dinheiro em espécie, uma vez que as partes podem transacionar sem revelar suas identidades e informações pessoais a um terceiro ou entre elas, ele é também distinto, pois todas as transações de “A” através de um endereço Bitcoin qualquer podem ser rastreadas. Então, nesse sentido, o Bitcoin não garante o anonimato total, mas permite o uso de pseudônimos em sua vasta base transacional. “E em relação ao seu potencial?”. O Bitcoin tem todas as melhores características do melhor dinheiro que pode ser utilizado, uma vez que sendo escasso, divisível, portátil e, inclusive, vai ao encontro à direção do ideal monetário, por unir estas duas características “sem peso e sem espaço”, é incorpóreo. Isso dá a possibilidade de transferência da unidade monetária a despeito da geografia a um custo virtualmente nulo e sem depender de uma terceira parte, contornando, dessa forma, todo o sistema bancário completamente transformado pela intervenção 36 governamental em subsequentes governos. Esse ativo propicia a perspectiva de restaurar a consistência e o universalismo do padrão-ouro do mundo em capítulos anteriores, além de potencializá-lo por existir fora do controle direto do governo e seus entes reguladores. Isso posto, Ulrich (2014) ainda afirma que, por esse aspecto em específico, a moeda é digna de admiração. Franco, Bazan e Felix (2018) descrevem certas características que proporcionam maior potencial à moeda, tais como sua “usabilidade”, que consiste na utilização da criptomoeda alinhada ao aspecto da segurança, e na adoção de plataformas menos complexas para a expansão de dito mercado. A segunda seria a de “instrumentos de varejo e acesso de investidores institucionais”, relacionados a fundos de investimentos que possam se posicionar no mercado de criptomoedas, e pessoas jurídicas que utilizem como meio ou, até mesmo, invistam em tecnologias desse ramo, tal como o blockchain, fornecendo, assim, novos ares de expansão e ganho de proporção. Por último, “a fragilidade das moedas fiduciárias”, mencionada por diversos autores como um aspecto bastante crítico utilizado no sistema financeiro atual, a famosa centralização de emissão monetária. “Potencial elevado essa criptomoeda possui, porém quais são os benefícios que essa moeda proporciona?”. Ulrich (2014) aponta consequências positivas obtidas pela adoção e criação do BTC (abreviação de Bitcoin), começando em ser atrativo para as pequenas empresas que possuem margens operacionais apertadas, que procuram formas de reduzir seus custos de transação financeira na condução de seus negócios, já que os cartões de crédito expandiram de forma considerável a facilidade de realizar transações, mas seu uso vem acompanhado de elevados custos aos proprietários dos negócios. Aqueles que desejam oferecer aos seus clientes a opção de pagamento com cartões de crédito precisam, primeiramente, contratar uma conta com as empresas de cartões, no qual também possuirá um terceiro intermediário, seja banco, cooperativa etc. Além disso, Franco, Bazan e Felix (2018) associam esse novo ativo ao termo “assimetria positiva”, que consiste no fato de que os ganhos futuros com a adoção desse ativo são maiores que as perdas de não o adotar, direcionando as ações para que assim ocorra o chamado de “efeito de rede”, que é o efeito que um adotante tem sobre o valor de certo produto. Então, fazer com que as criptomoedas se expandam para o grande público significa ativar esse efeito, ocasionando a potencialização do valor cada vez mais, principalmente, para quem as utiliza. Soma-se a isso um estudo 37 que ficou conhecido como a “Lei de Metcalfe”, o qual, a partir do efeito de rede, diz que o valor desta é equivalente ao quadrado do número de indivíduos que a utiliza, inferindo, assim, que quanto mais adotantes das criptomoedas, mais o sistema ganha, mais seu valor aumenta no mercado de forma exponencial, desembocando na ultrapassagem do “Tripping Point” ou “Ponto de Inflexão”, no qual se torna algo expansivo e capilarizado, mais ainda quando grandes instituições privadas e financeiras a adotam. Ao aceitar pagamentos com cartões de crédito, as pessoas também se expõem ao risco de fraude de estorno de pagamentos (charge-back fraud). Existem muitos comerciantes que têm sido afetados por estornos fraudulentos, ou reversões de pagamentos iniciadas pelos próprios clientes, baseados na falsa desculpa de que o produto não foi entregue. Os aderentes, portanto, podem perder o pagamento pelo item vendido, além do próprio bem em si, e terão que pagar uma taxa pelo estorno ocasionado. Como o sistema de pagamentos do BTC não é reversível, isso elimina a “fraude amigável” ocasionada pelo uso mal-intencionado de estornos de clientes. Aos pequenos comerciantes, isso pode ser fundamental e de grande agilidade; porém, o que demandaria seria maior gestão na parte logística e verificação da ordem de compra, bem como verificar as lacunas nesses mencionados processos (ULRICH, 2014). Outro ponto relevante é o fato de que o Bitcoin possui a capacidade de reduzir a pobreza, uma vez que irá aproximar as pessoas de baixas rendas ao mercado de ativos financeiros, já que, ao possuir um telefone, você teria acesso à sua “wallet” e à Casa de Câmbio que faria a conversão desse ativo em moeda corrente. Outrossim, os altos custos bancários, devido a certas regulações, tornam-se um diferencial
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