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D. Penal - Crimes em Espécie II Professora Rosa Lícia Rocha de Oliveira UNIFASB/UNINASSAU DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA TITULO IX DO CÓDIGO PENAL ESSE MATERIAL É DE ORGANIZAÇÃO DA PROFESSORA ROSA LÍCIA ROCHA DE OLIVEIRA, MONTADO COMO APOIO PARA AS AULAS DE DIREITO PENAL - CRIMES EM ESPÉCIE II. TRATA-SE DE UM COMPILADO REALIZADO ATRAVÉS DA DOUTRINA, JURISPRUDÊNCIA, LEI SECA E SINOPSES (PARA ANÁLISE DE INCIDÊNCIA EM PROVAS). OS MATERIAIS ESTÃO PASSÍVEIS DE ALTERAÇÕES/ACRÉSCIMOS E EVENTUAIS CORREÇÕES POR PARTE DA PROFESSORA. Dos Crimes contra a Incolumidade Pública Incitação ao Crime Art. 286 Apologia de crime ou criminoso Art. 287 Associação Criminosa Art. 288 Constituição de Milícia Privada Art. 288-A Considerações Iniciais O bem jurídico tutelado pelos crimes do título IX do Código Penal é a paz pública que protegem a paz pública, que significa a necessária sensação de tranquilidade, de segurança, de paz, de confiança que a nossa sociedade deve ter em relação à continuidade normal da ordem jurídico-social (GRECO, 2022, p. 1186). A punição dos fatos integrantes do capítulo é inspirada mais em motivo de prevenção; é com o fim de conjurar maiores males que o legislador os pune e reprime, tal qual acontece, v.g., com o bando ou quadrilha,126 cujo propósito deliberado é praticar delitos, ofendendo, dessarte, concretamente outros bens de sumo valor, como a vida, o patrimônio, a liberdade etc. Em tal emergência, como já se escreveu, a impaciência do legislador se antecipa e não espera que o propósito delituoso se consume, punindo, em última análise, a intenção, o projeto delituoso. São quase todos esses crimes autênticos atos preparatórios e a razão de puni-los está no relevo que o legislador dá ao bem ameaçado ou porque sua frequência está a indicar a necessidade da repressão, em qualquer caso, em nome da paz social (NORONHA, Edgard Magalhães. Direito penal, v. 4, p. 77.) Punição de atos preparatórios Greco vai advertir que não se trata de punição dos atos preparatórios: Devemos tomar cuidado com as lições do renomado autor para não chegarmos a conclusões equivocadas, a exemplo de se afirmar que, nos casos apontados, o Código Penal, excepcionalmente, pune os chamados atos preparatórios. Não existe exceção à regra constante do art. 14, II do diploma repressivo, quando diz ser o crime tentado, uma vez que, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente (GRECO, 2022, p. 1187). INCITAÇÃO AO CRIME Art. 286 Incitar, publicamente, a prática de crime. Pena detenção, de três a seis meses, ou multa. Incitação dirigida a prática de crime. Núcleo do tipo incitar, significa estimular, instigar, induzir ( GRECO, 2022). Elementar do tipo - Publicamente Crime de ação livre pode ser cometido por meios diversos palavras, gestos, escritos Atenção: Não se configura o crime em epígrafe quando a incitação se dirige à prática de contravenção penal. Verbo do tipo Bem jurídico: Paz Pública Crime comum doloso comissivo (podendo ser cometido por omissão imprópria) forma livre instantâneo monossubjetivo plurissubsistente (podendo ser cometido na forma unissubsistente transeunte) Sujeito - ativo qualquer pessoa Sujeito - passivo a sociedade CLASSIFICAÇÃO Atenção: A incitação precisa se dirigir à prática de determinado crime, não pode ser uma incitação vaga! Não há necessidade, para a configuração do delito do art 286 de que as pessoas incitadas pratiquem o crime O tipo previsto no art. 286 trata somente de crimes e estes devem ser determinados pelo agente, a exemplo daquele que incita a multidão a linchar um delinquente que fora preso em flagrante ou, mesmo, a quebrar as vidraças das lojas no centro da cidade. Enfim, a incitação deverá ser dirigida à prática de determinada infração penal, não se configurando o delito quando ocorrer uma incitação vaga, genérica” (GRECO, 2022). Importante: Saimon incita Fernandinho (pessoa específica) a praticar um crime de roubo. Fernandinho comete o crime de roubo. Nesse caso, haverá CONCURSOS DE PESSOAS, ou seja, Saimon responderá pelo delito de roubo, nos termos do art. 29 do Código Penal. Figuras específicas previstas na Legislação especial Atenção: Art. 23 da Lei de Segurança Nacional (Lei 7.170/83) - REVOGADO! A lei 14.197/2021 acrescentou o Parágrafo único: Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade. Art.155 do Código Penal Militar Art. 3º da Lei 2899/1956 Art.20 da Lei 7.716/1989 Art. 155 do Código Penal Militar. Incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à administração militar, impressos, manuscritos ou material mimeografado, fotocopiado ou gravado, em que se contenha incitamento à prática dos atos previstos no artigo. . Lei de Genocídio - Lei n° 7.960/89 Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: (Vide Lei nº 7.960, de 1989) Pena: Metade das penas ali cominadas. . http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7960.htm#art1iii.m Lei de racismo - Lei 7.716/1989 Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97) Pena: reclusão de um a três anos e multa . https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9459.htm#art1 STJ " (...) Pois bem, o delito previsto no art 286 do Código Penal (incitação ao crime), necessita, para sua caracterização, que o crime alegadamente estimulado pelo agente seja claro, preciso, determinado, com todas as suas dimensões bem delineadas (ato típico e antijurídico), não se prestando o encorajamento genérico a determinada conduta caracterizador do delito Assim, a forma genérica e ampla da narrativa do Governador representado deixa escapar a tipicidade do delito, imprescindível à inauguração de qualquer procedimento criminal." . Para a configuração do delito previsto no art 286 do Código Penal (incitação à prática de crime) é indispensável que o agente instigue pessoas determinadas ou indeterminadas da coletividade a praticar crimes específicos Assim, havendo somente menção genérica a crimes, não há conduta típica, devendo a sindicância ser arquivada. Como é sabido, descabe ao Poder Judiciário entender contrariamente à promoção ministerial de arquivamento de investigações, por ausência de provas para a continuidade das diligências ou para interpor denúncia, quando efetivada no âmbito da própria Procuradoria Geral da República. É que, nesse âmbito, sequer se pode aludir à aplicação do art 28 do CPP De outra parte, a se admitir o contrário, estar se ia, na prática, obrigando o Ministério Público a investigar ou denunciar, violando a cláusula constitucional de independência funcional do Chefe do Ministério Público da União. A jurisprudência desta Corte Especial, na matéria, revela o entendimento acima exposto, como se deduz do seguinte aresto, cuja ementa transcrevo abaixo. ARQUIVAMENTO DETERMINADO. Sd 748 / Rel Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado em 16 10 2019 DJe 12 11 2019.) Apologia de crime ou criminoso - Art. 287 Fazer, publicamente, apologia de fato criminoso ou de autor de crime. Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa Incitação dirigida a prática de crime Não se configura o crime em epígrafe quando a incitação se dirige à prática de contravenção penal. Núcleo do tipo: Fazer, significa realizar, levar a efeito, manifestar fazer apologia tem o sentido de enaltecer, engrandecer um fato criminoso ou um autor de crime um aplauso de público a um fato criminoso ou a um autor de crime (GRECO, 2022). Exemplo - Aplaudir, em público, fato criminoso ou autor de crime. Conceito Apologia é a manifestaçãode um pensamento consistente no elogio de um fato criminoso ou de seu autor, realizada publicamente para aprovar, louvar ou exaltar o crime ou seu praticante, ou ambos (GRECO, 2022). Atenção Art. 22 da Lei de Segurança Nacional - REVOGADA! Classificação (A mesma do crime de Incitação ao crime): Bem jurídico: Paz Pública Crime comum doloso comissivo (podendo ser cometido por omissão imprópria) forma livre instantâneo monossubjetivo plurissubsistente (podendo ser cometido na forma unissubsistente transeunte) Sujeito - ativo qualquer pessoa Sujeito - passivo a sociedade Marcha da Maconha Marcha da Maconha O STF na ADPF 187/2014-DF decidiu que os participantes da Marcha da maconha não praticam o delito de apologia de crime a partir dos fundamentos: direito de reunião (liberdade de meio) direito de manifestação (liberdade de fim). Associação Criminosa Art. 288 do Código Penal Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se a associação é armada ou se houver a participação de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art27 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art27 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art24 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12850.htm#art27 Considerações Iniciais Crime de bando e Quadrilha Não houve abolitio criminis, houve uma alteração da terminologia do crime que passou de “bando-quadrilha” para associação criminosa e um endurecimento da lei que antes necessitava de 04 pessoas e agora só 3. Mudanças trazidas pela Lei 12.850 (Lei do crime organizado). Atenção: Para o computo serão contados eventuais menores. Pode haver dois adultos e um adolescente, por ex. Atenção Crimes plurissubjetivos/ crimes de concurso necessário - São crimes diferentes. Na hora de analisar o caso concreto se atentar para as características para amoldar a conduta ao tipo correto. Associação criminosa x associação para o tráfico (Art. 35 da LD) Associação criminosa x Formação de cartel Atenção LEI Nº 8.137, DE 27 DE DEZEMBRO DE 1990. Art. 4° Constitui crime contra a ordem econômica: I - abusar do poder econômico, dominando o mercado ou eliminando, total ou parcialmente, a concorrência mediante qualquer forma de ajuste ou acordo de empresas; II - formar acordo, convênio, ajuste ou aliança entre ofertantes, visando: (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). a) à fixação artificial de preços ou quantidades vendidas ou produzidas; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). b) ao controle regionalizado do mercado por empresa ou grupo de empresas; (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). c) ao controle, em detrimento da concorrência, de rede de distribuição ou de fornecedores. (Redação dada pela Lei nº 12.529, de 2011). Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e multa. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art116 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art116 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art116 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12529.htm#art116 Associação Criminosa Art. 288 do Código Penal O tipo penal não exige que todas as pessoas sejam imputáveis, de modo que se admite, para a composição do crime, a formação de associação criminosa entre maiores e menores de 18 anos (posição majoritária: Mirabete, Manual de direito penal, v. 3, p. 188; Delmanto, Código Penal comentado, p. 511; Damásio, Código Penal anotado, p. 818; Noronha, Direito penal, v. 4, p. 91-92). Quem se associa (pelo menos três agentes) para o fim específico de praticar crimes (no plural, o que demonstra a ideia de durabilidade), assim o faz de maneira permanente e indefinida, vale dizer, enquanto durar o intuito associativo dos integrantes. Além disso, é fundamental exigir-se que os associados tenham noção dos delitos a praticar. Associação Criminosa x Concurso de Agentes Distingue-se a associação criminosa do mero concurso de agentes por alguns pontos principais: 1) para o delito de associação é preciso o mínimo de três pessoas; o concurso pode dar-se com duas; 2) no delito de associação, os agentes têm a específica finalidade de cometer crimes, não valendo para a prática de contravenção penal; o concurso de pessoas admite a prática de contravenção penal; 3) a associação criminosa exige, para a configuração do delito, estabilidade e durabilidade da integração de seus membros; o concurso de pessoas pode formar-se para o cometimento de um só crime, sem perpetuação. Associação Criminosa x Organização Criminosa Diferencia-se a associação criminosa do delito de organização criminosa, constante do art. 2.º, c/c. art. 1.º, § 1.º, da Lei 12.850/2013, pois a ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA deve possuir, ao menos, quatro integrantes, além de exigir constituição estruturada, hierarquizada, com divisão de tarefas entre os seus membros. Além disso, a organização deve voltar-se à prática de delitos cuja pena máxima supera os quatro anos, ou sejam de caráter transnacional. Classificação Elemento subjetivo do tipo específico - É a finalidade de “cometer crimes”. Elemento subjetivo do crime É o dolo Comum; formal; de forma livre; comissivo; permanente; de perigo abstrato e comum; plurissubjetivo; plurissubsistente. Sobre a classificação dos crimes. Tentativa - Não é admissível, pois depende da estabilidade e permanência indispensáveis. Momento consumativo - Quando o grupo se tornar duradouro e estável. Classificação Causa de aumento de pena (parágrafo único) - Deve o juiz aumentar até a metade a pena aplicada (referente ao caput) quando a associação criminosa for armada, isto é, fizer uso de arma. Como o tipo penal não estabelece qualquer restrição, entende-se ser possível configurar a causa de aumento tanto a arma própria (instrumento destinado a servir de arma, como as armas de fogo, punhais, espadas etc.) como a imprópria (instrumento utilizado extraordinariamente como arma, embora sem ter essa finalidade, como ocorre com a faca de cozinha, pedaços de pau, entre outros) (NUCCI, 2020, p. 1353). Constituição de Milícia Privada - Art. 288-A A Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código Penal .reclusão, de 4 ( a 8 ( anos Constituição de Milícia Privada Art. 288-A do Código Penal Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4 A Lei nº 12.720, de 27 de setembro de 2012, inseriu o art. 288- A ao Código Penal, criando o delito de constituição de milícia privada, atendendo, assim, ao disposto no item 1º da Resolução nº 44/162, editada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1989, que preceitua: “Os governos proibirão por lei todas as execuções extralegais, arbitrárias ou sumárias, e zelarão para que todas essas execuções se tipifiquem como delitos em seu direito penal, e sejam sancionáveis como penas adequadas que levem em contaa gravidade de tais delitos. Não poderão ser invocadas, para justificar essas execuções, circunstâncias excepcionais, como por exemplo, o estado de guerra ou o risco de guerra, a instabilidade política interna, nem nenhuma outra emergência pública. Essas execuções não se efetuarão em nenhuma circunstância, nem sequer em situações de conflito interno armado, abuso ou uso ilegal da força por parte de um funcionário público ou de outra pessoa que atue em caráter oficial ou de uma pessoa que promova a investigação, ou com o consentimento ou aquiescência daquela, nem tampouco em situações nas quais a morte ocorra na prisão. Esta proibição prevalecerá sobre os decretos promulgados pela autoridade executiva.” Importante: O crime de constituição de milícia não exclui a penalização de outros crimes cometidos pela milícia, como homicídio, furto e etc. Conceituação e noções históricas Paramilitares são associações ou grupos não oficiais, cujos membros atuam ilegalmente, com o emprego de armas, com estrutura semelhante à militar. Atuam, ilegal e paralelamente às forças policiais e/ou militares. Essas forças paramilitares utilizam as técnicas e táticas policiais oficiais por elas conhecidas, a fim de executarem seus objetivos anteriormente planejados. Não é raro ocorrer – e, na verdade, acontece com frequência – que pessoas pertencentes a grupos paramilitares também façam parte das forças militares oficiais do Estado, a exemplo de policiais militares, bombeiros, policiais civis e federais (GRECO, 2022, p. 1248). . No Império era "milícia” as chamadas tropas de segunda linha, que exerciam uma reserva auxiliar ao Exército, considerado de primeira linha. A polícia militar, durante muito tempo, foi considerada uma reserva do Exército, passou, em virtude disso, a ser considerada milícia. Atualmente não se utiliza mais essa definição para a PM. Militares são as forças policiais pertencentes à Administração Pública, que envolvem não somente as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica), como também as forças policiais (Polícia Militar), que tenham uma função específica, determinada legalmente pelas autoridades competentes. Milícia Paramilitares são as organizações que não compõe as forças policiais pertencentes à Administração Pública. Milícia As milícias privadas, consideradas criminosas, ou seja, que se encontram à margem da lei, eram, inicialmente, formadas por policiais, ex-policiais e também por civis (entendidos aqui aqueles que nunca fizeram parte de qualquer força policial) (GRECO, 2022). Incialmente as milícias exerciam uma vigilância da comunidade por meio de pessoas armadas, que se revezam em turnos, impedindo, assim, a ação de outros grupos criminosos. Com o passar do tempo houve uma adequação para passar auferir lucros com outros serviços, por eles monopolizados, como aconteceu com os transportes realizados pelas “vans” e motocicletas, com o fornecimento de gás, TV a cabo (vulgarmente conhecido como “gatonet”), internet (ou “gato velox”, como é conhecida) etc. Milícia A população sofre de forma que os moradores que não se submetem ao jugo miliciano, se negando a pagar, são ameaçados, torturados e mortos, quando menos expulsos da favela e suas casas ‘desapropriadas'. 1. controle de um território e da população que nele habita por parte de um grupo armado irregular; 2. o caráter coativo desse controle; 3. o ânimo de lucro individual como motivação central; 4. um discurso de legitimação referido à proteção dos moradores e à instauração de uma ordem; 5. a participação ativa e reconhecida dos agentes do Estado. Milícia Relatório Final da Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (pág. 36 - Resolução nº 433/2008) Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Lei nº 12.720, de 2012). Que grupo? É aquele ligado ao extermínio de pessoas, ou seja, um grupo, geralmente, de “justiceiros”, que procura eliminar aqueles que, segundo seus conceitos, por algum motivo, merecem morrer. Podem ser contratados para a empreitada de morte, ou podem cometer, gratuitamente, os crimes de homicídio de acordo com a “filosofia” do grupo criminoso, que escolhe suas vítimas para que seja realizada uma “limpeza.” Milícia https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12720.htm#art4 termo esquadrão diga respeito, normalmente, a uma pequena unidade militar ou força especial, como acontece com o esquadrão antibombas, antissequestro etc. também é utilizado pelas Forças Armadas em suas unidades aéreas, terrestres ou navais. O tipo prevê o esquadrão de natureza clandestina, marginal, ou seja, que fica às margens da lei e tem como finalidade precípua o extermínio de pessoas. Milícia Classificação Sujeito ativo - Qualquer pessoa Sujeito passivo- É a sociedade Objeto jurídico- É a paz pública Objeto material - É a paz pública Classificação Elementos objetivos do tipo: Constituir (formar), organizar (estabelecer bases para algo), integrar (tomar parte), manter (sustentar, prover) ou custear (financiar) são as condutas alternativas Finalidade: cujo objeto é a organização paramilitar (agrupamento de pessoas armadas, imitando a corporação militar oficial), milícia particular (grupo paramilitar, que age ao largo da lei), grupo ou esquadrão (é o agrupamento residual, envolvendo qualquer tipo de milícia). Classificação Milícia privada x Associação Criminosa - Este delito difere da associação criminosa, prevista no art. 288 do Código Penal, por dois principais motivos: a) é mais restrito quanto à sua finalidade, pois é grupo armado, semelhante ao militar, para cometer crimes previstos no Código Penal; b) não demanda um número mínimo de três participantes; logo, bastam dois indivíduos para formar um grupo paramilitar. O crime necessita da prova da durabilidade e da estabilidade, sob pena de se confundir com mero concurso de agentes. A pena é de reclusão, de 4 a 8 anos. . Classificação Elemento subjetivo do tipo específico - É a finalidade de cometer crimes previstos no Código Penal. Elemento subjetivo do crime - É o dolo Comum; formal; de forma livre; comissivo; permanente, nas formas “constituir” Tentativa - Não é admissível, pois depende da estabilidade e permanência indispensáveis para a sua constituição. Ademais, há duas condutas com caráter de habitualidade, que não comportam, igualmente, tentativa. Momento consumativo - Quando o grupo se tornar duradouro e estável. Ou, nos casos de manter e custear, quando se demonstrar a habitualidade “organizar”, “integrar”, mas habitual nas modalidades “manter” e “custear); de perigo comum; plurissubjetivo; plurissubsistente. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA TITULO IX DO CÓDIGO PENAL Bem Jurídico - Fé Pública A fé pública é uma realidade e é um interesse que a lei deve proteger. Sem ela seria impossível a vida em sociedade. Fruto da civilização e do progresso – pois seria incompreensível ou inútil nas sociedades primitivas – hoje constitui um bem do qual a vida comunitária não pode absolutamente prescindir. Com efeito, o homem tem necessidade de acreditar na veracidade ou genuidade de certos atos, documentos, sinais, símbolos etc., empregados na multiplicidade das relações diárias, em que intervém. A atividade civil, o mundo dos negócios etc., carecem deles e daí a natural crença ou confiança de todos em que eles atestam ou provam a veracidade das relações jurídicas e sociais. Não se trata de bem particular ou privado. Ainda que, no caso, haja ofensa real ou perigo de lesão ao interesse de uma pessoa, é ofendida a fé pública, isto é, a crença ou convicção geral na genuinidade e valor dos documentos, atos etc., prescritos ou usuais para aquelas relações (HUNGRIA). Bem Jurídico - Fé Pública O falso é o meio utilizado pelo agente nas infrações penais em que a fé pública é atacada. O falso se contrapõeao real, ao que é legítimo, verdadeiro (GRECO, 2022). IMPORTANTE: Para que ocorra qualquer crime que iremos estudar no título X é NECESSÁRIO que o falso tenha aparência de real/verdadeiro. “Não há delito de falso sem a potencialidade lesiva (possibilidade de dano). É preciso que traga em si mesmo a capacidade de iludir a vítima e, assim, causar-lhe um dano. Se o falso é grosseiro, incapaz de enganar, ou forma um documento nulo (nulidade estranha à própria falsidade), não ofende a fé pública e, por isso, inexiste crime (JESUS, ) ” Bem Jurídico - Fé Pública Compete privativamente ao Banco Central da República do Brasil, conforme determina o art. 10, I, da Lei nº 4.595/64, emitir papel-moeda nas condições e limites autorizados 1.10 pelo Conselho Monetário Nacional É necessário também que o falso tenha RELEVÂNCIA no mundo jurídico. É necessário observar que exista um prejuízo a fé pública, que atente contra a relação de confiança que deve nortear o comportamento social. Falso como crime meio Súmula 17 do STJ - Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. Características dos crimes de falso Imitação da verdade - O agente imita/copia a verdade ao fabticar o objeto material semelhante ao verdadeiro, pois objetiva enganar. Alteração da verdade - Ocorre quando um fato falso é representado no documento como se fosse verdadeiro. Potencialidade do dano - É necessário que a falsificação possa provocar algum dano, ou seja repercutir na esfera de direitos. Dolo - Os crimes de falso são dolosos. Capítulo I Da Moeda Falsa Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no estrangeiro: Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa. § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. Classificação A falsificação de moeda é fato antigo - Desde seu surgimento em substituição ao sistema de escambo e troca. O Estado é o detentor da Dentro do tipo penal temos: O núcleo falsificar tem o sentido de imitar o que é verdadeiro, tornando-o parecido. A falsificação pode ocorrer por meio da: a) a conduta de falsificar, fabricando ou alterando; b) moeda metálica ou papel-moeda; c) de curso legal no país ou no estrangeiro. Fabricação ou, Alteração. Entendendo o tipo penal Ocorrerá a fabricação, também chamada de contrafação, o ato de criar materialmente o objeto, que será utilizado como moeda metálica ou papel-moeda, fazendo-o passar por verdadeiro; Na falsificação-alteração, o agente se utiliza de moeda metálica ou de um papel-moeda já existente, isto é, verdadeiro, e modifica o valor, a fim de que passe a representar/valer mais do que efetivamente vale. 1. 2. Entendendo o tipo penal Ocorrerá a fabricação, também chamada de contrafação, o ato de criar materialmente o objeto, que será utilizado como moeda metálica ou papel-moeda, fazendo-o passar por verdadeiro; Na falsificação-alteração, o agente se utiliza de moeda metálica ou de um papel-moeda já existente, isto é, verdadeiro, e modifica o valor, a fim de que passe a representar/valer mais do que efetivamente vale. Atenção: Não comete crime aquele que altera o valor para menos. 1. 2. Entendendo o tipo penal Polícia descobre 'Casa da Moeda' falsa na Zona Leste de SP https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/policia- descobre-casa-da-moeda-falsa-na-zona-leste-de- sp.ghtml Classificação Sujeito ativo - Comum. Qualquer pessoa; Sujeito passivo - Estado; Crime doloso. Não há previsão para crime culposo; comissivo (podendo, também, nos termos do art. 13, § 2º, do Código Penal, ser praticado via omissão imprópria, na hipótese de o agente gozar do status de garantidor); Forma livre; Instantâneo - Nas modalidades falsificar, fabricar, alterar, importar, exportar, adquirir, vender, trocar, ceder e introduzir) e permanente, no que diz respeito à conduta de guardar); Monossubjetivo; Plurissubsistente. Consumação e tentativa delito tipificado no caput do art. 289 do Código Penal se consuma quando o agente, efetivamente, realiza a falsificação, seja fabricando ou alterando moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no País ou no estrangeiro, não havendo necessidade, outrossim, de ser colocada em circulação. É possível a tentativa. Circulação de moeda falsa § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa. Tipo misto alternativo IMPORTANTE: Caso o agente pratique o tipo previsto no caput com o dolo de colocar em circulação, responderá somente pelo §1°. Não haverá concurso de crimes. Erro de tipo: Caso o agente acredite na autenticidade da moeda, poderá ser arguido o erro de tipo, eliminando-se o dolo e, consequentemente, a tipicidade do fato, mesmo sendo inescusável o erro, por ausência de modalidade de natureza culposa. Entendendo o tipo penal § 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa. Modalidade privilegiada Justifica-se a mitigação da sanção, em primeiro lugar, porque o que impulsiona a conduta do sujeito não é propriamente a vontade de lesar a fé pública, nem de locupletar-se, mas o desejo de evitar um prejuízo pecuniário, transferindo-o a outra vítima, o que revela ação de mero criminoso de ocasião, que pratica a infração penal em virtude de circunstâncias não criadas unicamente por ele; em segundo lugar, porque não estará, com sua ação, iniciando a circulação da moeda falsa, que já ocorrera em momento precedente, mas tão só dando-lhe continuidade, de modo que também a magnitude da culpabilidade seja menor, se comparada às figuras precedentes, contidas no caput e no § 1º do art. 289 (PRADO). Modalidade privilegiada § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão: I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada. Modalidade qualificada Crime Próprio - funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão; Não é prevista a modalidade culposa. Entendendo o tipo penal § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada. A conduta prevista pelo aludido parágrafo diz respeito ao fato de o agente desviar e fazer circular moeda antecipadamente ou, conforme preleciona Ney Moura Teles, dando “à moeda destino que ela não tinha naquele momento, colocando-a em circulação antes da data autorizada. A moeda verdadeira, fabricada, apta a entrar em circulação, não o pode, por não ser o momento próprio. O agente, entretanto, desvia-a e a coloca em circulação antecipadamente (TELES) Desvio e circulação antecipada A ação penal é de iniciativa pública incondicionada; Será de competênciado Juizado Especial Criminal, bem como se aplicará o rito da Lei 9099/95 para o crime previsto no §2°; Caberá Suspensão Condicional do Processo somente para o crime previsto no §2°. Pena, ação penal, competência para julgamento e suspensão condicional do processo Para configurar o crime de falso é necessário que exista qualidade na falsificação, que emite o verdadeiro, que seja possível "enganar" o homem médio; Quando a falsificação é grosseira não há a aplicação do crime tipificado no art. 289 do Código Penal. Falsificação grosseira, sem qualquer capacidade de iludir as pessoas Súmula nº 73 do STJ. A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, de competência da Justiça Estadual. Falsificação grosseira, sem qualquer capacidade de iludir as pessoas Não sendo grosseira a falsificação, afastando-se, portanto, a Súmula nº 73 do STJ, competirá à Justiça Federal o processo e julgamento do delito de moeda falsa. Conflito negativo de competência entre as Justiças Estadual e Federal. Moeda falsa. Laudo pericial. Falsificação grosseira. Incidência da Súmula nº 73/STJ. Competência da Justiça Estadual. Hipótese na qual o laudo pericial aponta a má qualidade da moeda falsificada e as circunstâncias dos autos indicam que ela não possui a capacidade de ludibriar terceiros. ‘A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual’ (Súmula nº 73/STJ)” (STJ, CC 135.301/PA, Rel. Min. Ericson Maranho, Des. convocado do TJ-SP, S. 3, DJe 15/04/2015). Competência para julgamento Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. PETRECHOS PARA FALSIFICAÇÃO DE MOEDA O tipo contém as seguintes condutas: a) as condutas de fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar; Os seguintes objetos: maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto, especialmente destinando à falsificação de moeda. Punição de Ato Preparatório? Dois posicionamentos Não. O agente é punido não pela prática de um ato meramente preparatório, mas porque, efetivamente, executou uma das condutas previstas pelo tipo (GRECO, 2022). Entendendo o tipo penal Classificação Sujeito ativo - Comum. Qualquer pessoa; Sujeito passivo - Estado; Crime doloso. Não há previsão para crime culposo; Plurissubsistente - Portanto, cabe tentativa. Crime é da competência da Justiça Federal, pois somente a União controla a emissão de moeda; Concurso entre os crimes de moeda falsa e de petrechos para falsificação de moeda Capítulo III Da falsidade documental Falsificação de documento público Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. § 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art2 III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.(Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9983.htm#art2 Documento - É o escrito emanado de um autor determinado, conterndo declaração de vontade ou exposição de fatos, possuidores de relevância jurídica (AZEVEDO; SALIM, 2021). Em sentido estrito é o escrito com valor probatório. Em sentido amplo, documento é toda materialização de um dado, fato ou narração, bem como todo objeto que seja capaz de reconhecer algum dado ou uma declaração de vontade ou pensamento atribuído a uma pessoa e destinado a suportar algum negócio jurídico ( MUNOZ, apud, NUCCI) Art. 232 do Código de Processo Penal - Art. 232. Consideram-se documentos quaisquer escritos, instrumentos ou papéis, públicos ou particulares. Parágrafo único. À fotografia do documento, devidamente autenticada, se dará o mesmo valor do original. Entendendo o tipo penal Espécies de documento a) Documento público - É o elaborado por funcionário público competente, no exercício de suas atribuições, com a observância das formalidades legais. b) Documento particular - A lei não define, dessa forma o seu conceito se obtém por exclusão, o que não é público é particular. Entendendo o tipo penal Classificação do documento público a) Formal e substancialmente público - Emitido por servidor público com conteúdo de interesse público. b) Formalmente público e substancialmente privado - Emitido por servidor público, mas com o conteúdo preponderantemente particular. Atenção: Em ambos os casos o documento é público. O que importa é o aspecto formal, isto é, ser elaborado por funcionário público. Entendendo o tipo penal Sujeito ativo - Comum. O agente pode ser qualquer pessoa. Atenção: Se for Funcionário haverá a incidência do §1°, art. 297 do Código Penal. Sujeito passivo - Estado de forma direta e a pessoa eventualmente lesada será a vítima mediata ou indireta. Tipo objetivo - A conduta consiste em: 1° Falsificar, no todo ou em parte, documento público - Trata-se de contrafação que significa a formação total ou parcial do documento. Pode ser total quando ocorre a confeccção integral do documento - o agente cria materialmente um documento que não existia ou parcial, se ocorre a modificação do documento verdadeiro - o agente modifica, altera parcialmente documento já existente. Classificação Alterar - É o ato de modificar as letras ou números existentes ou com a substituição da fotografia da pessoa. Objeto material - É o documento público falsificado, no todo ou em parte, ou o documento público verdadeiro alterado. Classificação Quando houver concurso entre falsificação e uso de documento falso, implica no reconhecimento de uma autêntica progressão criminosa, ou seja, falsifica-se algo para depois usar. Deve o sujeito responder somente pelo uso de documento falso, pois o fato antecedente não é punível. Distinções Quando se tratar de falsificação de atestado ou certidão emitida por escola configura a falsidade de documento público e não o delito do art. 301 (certidão ou atestado ideológica ou materialmente falso). O crime tipificado no art. 301 do Código Penal prevê que o atestado ou a certidão seja destinado à habilitação de alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou serviço público ou qualquer outra vantagem semelhante, o que não é necessariamente a finalidade do atestado ou da certidão escolar. Competência da Justiça Estadual, súmula104 do STJ. Distinções Falsidade gerada na CTPS - Art. 49 do Decreto-lei 5.452/43 (CLT), se a falsidade gerada na CTPS disser respeito ou produzir prejuízo no cenário dos direitos trabalhistas do empregado, aplica-se o mencionado art. 49. Porém, se a referida falsidade voltar-se ao contexto da Previdência Social, aplica-se o disposto no art. 297, § 3.º, II, do CP. Afinal, cada um dos tipos penais tutela objeto jurídico diverso (direito do trabalhador versus direito relativo à Previdência Social) Distinções Quanto à competência para apurar o delito, é da Justiça Estadual (Súmula 104 do STJ: “Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino”); Distinções Exige-se a potencialidade lesiva do documento falsificado ou alterado, pois a contrafação ou modificação grosseira, não apta a ludibriar a atenção de terceiros, é inócua para esse fim. Trata-se de crime impossível (art. 17, CP) (NUCCI, 2020); É necessário exame de corpo de delito (perícia) para a prova da existência do crime, pois é infração que deixa vestígios (art. 158, CPP); Aplica-se a Súmula 17 do Superior Tribunal de Justiça: “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Trata-se da aplicação da regra de que o crime-fim absorve o crime-meio Observações §2° - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. Norma explicativa Manuais e doutrinas utilizadas na produção deste material