Buscar

Ensino de Geografia


Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

(Organizador)
Leonardo Batista Pedroso
TEORIAS E
EXPERIÊNCIAS
 
ENSINO DE
GEOGRAFIA
 
(Organizador)
Leonardo Batista Pedroso
TEORIAS E
EXPERIÊNCIAS
 
ENSINO DE
GEOGRAFIA
Ensino de Geografia [livro eletrônico]: teorias e experiências
Leonardo Batista pedroso (organizador). Ituiutaba, MG : Editora Zion, 2021.
Formato: PDF
Vários autores.
ISBN 978-65-994954-2-7 DOI 10.29327/543350
1. Ensino - Metodologia 2. Geografia - Estudos e ensino 3. Prática de ensino 
I. Pedroso, Leonardo Batista. 
 
Dr. Antonio Guimaraes Brito
Universidade Federal do Rio Grande
Dr. Leonardo Batista Pedroso 
 Instituto Federal Goiano
Dr. Luiz Carlos Goiabeira Rosa 
 Universidade Federal de Uberlândia
Dr. Marcus Vinícius Costa da Conceição 
Instituto Federal Goiano
Dra. Mariana Velasque Borges 
Okinawa Institute of Science and
Technology
Dr. Matheus Silva de Paiva 
Universidade Católica de Brasília
Dr. Paulo Ricardo dos Santos 
Universidade Federal do Cariri
Dr. Rildo Aparecido Costa
Universidade Federal de Uberlândia
Dra. Risely Ferraz Almeida
Universidade de São Paulo
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Direção Editorial
Revisão
Projeto Gráfico, Diagramação e Capa
Organizadores
Dra. Fernanda Pereira Martins
Eliete Marques da Silva - CRB-8/9380
Leonardo Batista Pedroso
 
Biliotecária
Os Autores
Editora Zion
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
21-75898 Elaborado por Eliete Marques da Silva - CRB-8/9380 CDD:910.07
Índices para catálogo sistemático:
 1. Geografia: Ensino 910.07
1.a Edição - Copyright© dos autores
Direitos de Edição reservados à editora ZIon
O conteúdo dos capítulos que compõem esta obra são de inteira responsabilidade dos seus
respectivos autores, os quais tem propriedade intelectual sobre a mesma. Os autores também
se responsabilizam pela revisão gramatical e ortográfica, bem como pelo cumprimento das
normas da ABNT NBR6023.
Todos os direitos desta edição estão reservados aos autores, organizadores e editores, sendo,
portanto, proibida a reprodução desta obra sem a autorização da Editora Zion. É permitida a
livre distribuição da publicação, bem como sua utilização como fonte de pesquisa, desde que
sejam seguidas as normas da ABNT NBR6023.
 contato@editorazion.com.br
www.editorazion.com.br
Conselho Editorial
https://www.cblservicos.org.br/servicos/meus-livros/visualizar/?id=d078631a-b6e1-eb11-bacb-000d3ac19f01
https://doi.org/10.29327/543350
 
 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO .............................................................................. 4 
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E LEITORES DE MUNDO EM PRIVAÇÃO DE 
LIBERDADE: OS MAPAS MENTAIS, OS CROQUIS CARTOGRÁFICOS E O 
OLHAR ESPACIAL DOS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DA EJA NA 
UNIDADE DE ASSIS/SP ..................................................................... 5 
João Marcos Garcia Vieira/ Andréa Aparecida Zacharias 
DOI 10.29327/543350.1-1 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ASSOCIAÇÃO DE PROTEÇÃO AOS 
CONDENADOS DE IMPERATRIZ, MARANHÃO: DEBATES E ANALISES 
PRELIMINARES ............................................................................. 36 
Karolayne Carneiro dos Santos / Allison Bezerra Oliveira / José Alencar Viana e 
Araújo / Daniely Lima Silva / Maria do Rosário Sá Araújo 
DOI 10.29327/543350.1-2 
O PAPEL DO PROFESSOR DE GEOGRAFIA NA FORMAÇÃO DE 
EDUCANDOS CRÍTICOS E REFLEXIVOS: SABERES E FALAS COMO 
CAMPO INVESTIGATIVO ................................................................ 56 
Elvis Reis de Oliveira / Maicon Lemos Sathler 
DOI 10.29327/543350.1-3 
AFRICANIDADES E ENSINO: LIVRO DIDÁTICO E FORMAÇÃO 
ACADÊMICA .................................................................................. 75 
Rafaela Pacheco Dalbem / Adilar Antonio Cigolini 
DOI 10.29327/543350.1-4 
A UTILIZAÇÃO DO KAHOOT NAS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO 
ENSINO A DISTÂNCIA ................................................................... 103 
Carolina dos Santos Camargos / Fernanda Pereira Martins / Raquel Balli Cury 
DOI 10.29327/543350.1-5 
 
SOBRE O ORGANIZADOR .............................................................. 112 
ÍNDICE REMISSIVO ...................................................................... 113
4 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Compreender o espaço geográfico e suas múltiplas relações é uma 
tarefa que perpassa os diversos campos de conhecimentos inerentes à 
Geografia. Promover relações de ensino-aprendizagem que favoreçam 
essa compreensão é, notoriamente, uma tarefa de suma importância 
para entender as relações que se estabelecem na sociedade. 
O ensino reflexivo da Geografia promove bases para a edificação 
de cidadãos críticos, aptos a enxergarem o mundo para além de como é 
posto pelos atores sociais. Cria condições para que o educando se veja 
como parte dos processos sociais e entenda o espaço geográfico sob a 
ótica do viés identitário, isto é, como parte do seu ser, assumindo seu 
lugar e sua função nessa perspectiva. 
Tão nobre é a arte de ensinar a Geografia, que pode ser 
contemplada enquanto uma ciência única, capaz de gerar nos indivíduos 
mudanças e/ou compreensão de paradigmas inerentes à sua rotina e 
história nunca antes percebidos ou analisados. Quando essa 
transformação acontece, a mente se abre e o mundo passa a ser 
percebido de forma diferente, como um universo de possibilidades, mas 
também palco de disputas, conflitos e desigualdades. 
Se tão relevante, necessário é compartilhar experiências e saberes 
que dialoguem entre si, que venham a somar sobretudo na perspectiva 
da inclusão. Diante deste contexto, essa obra traz 5 capítulos, dos quais 
será possível constatar a riqueza da diversidade da percepção da 
importância do ensino de Geografia. 
Desejo uma excelente leitura. Que os conhecimentos aqui 
compartilhados possam ampliar seus horizontes! 
Leonardo Batista Pedroso 
 
 
5 
 
CAPÍTULO 1 
EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E LEITORES DE 
MUNDO EM PRIVAÇÃO DE LIBERDADE: OS 
MAPAS MENTAIS, OS CROQUIS 
CARTOGRÁFICOS E O OLHAR ESPACIAL DOS 
ALUNOS DO ENSINO MÉDIO DA EJA NA 
UNIDADE DE ASSIS/SP1 
 
João Marcos Garcia Vieira 
Bacharel em Direito pela Universidade Paulista – UNIP 
Profº de Sociologia e Filosofia na SEE/São Paulo 
Profº de Ciências Humanas - Projeto “Educação nas Prisões” na D.R 
de Ensino de Assis/SP 
Profº de Geografia do Colégio Paraguaçu em Paraguaçu Paulista 
Graduando em Geografia pela Universidade Estadual Paulista - 
UNESP/Câmpus de Ourinhos 
http://lattes.cnpq.br/1670349183025333 
 
Andréa Aparecida Zacharias 
Doutora em Geografia pela Universidade Estadual Paulista – 
UNESP/Câmpus de Rio Claro/SP 
Profª Drª da Universidade Estadual Paulista - UNESP/Câmpus de 
Ourinhos/SP 
Profª do Programa de Pós-graduação em Geografia (M e D) - 
UNESP/Câmpus de Rio Claro/SP 
Líder do GP em Geotecnologias e Cartografia Aplicadas à Geografia – 
GEOCART/CNPq 
Coordenadora do GT “Geotecnologias e Método de Representação 
Espacial” – ENANPEGE/ANPEGE 
http://lattes.cnpq.br/8074996481293417
 
1 As discussões apesentadas neste capítulo traz novas abordagens, análises e 
acréscimos, daquelas já iniciadas durante o XI Colóquio de Cartografia para Crianças 
e Escolares, realizado no ano de 2020, pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), 
onde pelo formato online não houve a publicação dos trabalhos em Anais, garantindo 
sua originalidade. 
http://lattes.cnpq.br/1670349183025333
http://lattes.cnpq.br/8074996481293417
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
6 
 
 
RESUMO: O presente artigo trata da importância da Cartografia 
Social e dos mapas mentais e croquis cartográficos, como método 
e metodologias, para a formação de alunos críticos e mapeadores 
conscientes, durante as atividades com o uso de mapas, em sala de 
aula, a partir da percepção do aluno sobre os elementos e 
componentes geográficos representados. Assim, a partir de 
práticas espaciais, envolvendo alunos do
2º ano do EM do Ensino 
de Jovens e Adultos, em situação de privação de liberdade, por 
meio do sistema prisional da Unidade de Assis/SP, explicita sobre 
as diferentes representações cartográficas elaboradas, tendo como 
base o mapa mental do bairro de local de vivência dos alunos. 
Através dos métodos da Cartografia Social, os alunos elaboram os 
mapas mentais de seus bairros de vivências, onde a partir da 
análise espacial: a) num primeiro momento, investigamos como 
os alunos percebem, veem, sentem, entendem, interpretam e, 
sobretudo como viviam e conviviam com o seu espaço cotidiano 
quando em liberdade; b) num segundo momento, construímos 
uma aprendizagem significativa dos conceitos geográficos, 
desenvolvendo nos alunos a capacidade crítica da percepção, da 
interpretação e da leitura sobre a espacialidade dos espaços vividos 
pelos croquis elaborados e; c) num terceiro momento, avaliamos 
os mapas mentais obtidos por meio dos croquis cartográficos 
considerando as cinco operações cognitivas espaciais para a leitura 
e domínio espacial do mapa - Alfabetização Cartográfica – AC; 
Letramento Cartográfico – LC; Pensamento Espacial – PE; 
Raciocínio Geográfico – RG; Raciocínio Gráfico e Cartográfico – 
RGC) - entendo-as como marco de avaliação das práticas espaciais 
representadas pelos reeducados. Os resultados obtidos podem ser 
observados nos 05 (cinco) croquis cartográficos elaborados por 05 
(cinco) reeducandos, matriculados no Ensino Médio, durante a 
aplicação das aulas de Geografia, no mês de fevereiro de 2020, cujas 
propostas mostraram a representação espacial do bairro de 
vivência, destacando seus espaços percebidos, vividos e afetivos. 
Os mapas mentais, por meio de croquis cartográficos, na leitura de 
mundo, é um importante caminho metodológico para a leitura 
crítica e reflexiva sobre os espaços vividos, percebidos e afetivos 
pelos alunos em situação de privação de liberdade. 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
7 
 
PALAVRAS-CHAVE: Cartografia Social; Croqui Cartográfico, EJA; 
Ensino; Educação nas Prisões. 
 
NON-FORMAL EDUCATION AND WORLD 
READERS IN DEPRIVATION OF FREEDOM: 
MENTAL MAPS, CARTOGRAPHIC SKETCHES AND 
SPATIAL VIEWS OF EJA HIGH SCHOOL 
STUDENTS FROM THE ASSIS/SP UNIT 
ABSTRACT: This article deals with the importance of Social 
Cartography and mental maps and cartographic sketches, as 
method and methodologies, for the formation of critical students 
and conscious mappers, during activities with the use of maps, in 
the classroom, from of the student's perception of the represented 
geographic elements and components. Thus, based on spatial 
practices, involving students of the 2nd year of the MS of Youth and 
Adult Education, in a situation of deprivation of freedom, through 
the prison system of the Assis / SP Unit, it explains about the 
different cartographic representations elaborated, having based 
on the mental map of the neighborhood where students live. 
Through the methods of Social Cartography, students prepare 
mental maps of their neighborhoods of experiences, where from 
the spatial analysis: a) at first, we investigate how students 
perceive, see, feel, understand, interpret and, above all, how they 
lived and lived with their everyday space when in freedom; b) in a 
second moment, we build a significant learning of the geographical 
concepts, developing in the students the critical capacity of 
perception, interpretation and reading about the spatiality of the 
spaces lived by the elaborated sketches and; c) in a third moment, 
we evaluated the mental maps obtained by means of cartographic 
sketches considering the five spatial cognitive operations for the 
reading and spatial domain of the map - Cartographic Literacy - AC; 
Cartographic Literacy - LC; Spatial Thinking - PE; Geographic 
Reasoning - RG; Graphical and Cartographic Reasoning - RGC) - I 
understand them as a framework for evaluating the spatial 
practices represented by the re-educated. The results obtained can 
be seen in the 05 (five) cartographic sketches prepared by 05 (five) 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
8 
 
reeducated, enrolled in high school, during the application of 
Geography classes, in February 2020, whose proposals showed the 
spatial representation of the neighborhood of experience, 
highlighting their perceived, lived and affective spaces. Mind 
maps, by means of cartographic sketches, in the reading of the 
world, are an important methodological path for critical and 
reflective reading about the spaces experienced, perceived and 
affective by students in situations of deprivation of liberty. 
KEYWORDS: Social Cartography; Cartographic Sketch, EJA; 
Teaching; Education in prisons. 
INTRODUÇÃO 
A Educação para pessoas em situação de privação de 
liberdade se insere na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e deve 
ser entendida como um processo contínuo ao longo da vida, que 
requer clara aplicabilidade sobre o desenvolvimento de 
competências e habilidades para a eficiência do ensino. 
No hodierno, encontramos duas realidades nas prisões, uma 
opressora, que tem como finalidade adaptar o indivíduo ao 
isolamento social e cárcere e, outra que é libertadora e 
transformadora, a partir da educação. Realidades que, trabalhar 
com pessoas em situação de privação de liberdade torna-se um 
desafio permanente e constante, se refletirmos que a escola está 
inserida dentro de um local totalmente adverso do contexto e da 
dinâmica que compõem as relações sociais de vida na/da 
sociedade. 
Romper esses paradigmas significa inventar e se reinventar, 
diariamente, como professor, efetivando-se muitas vezes em um 
trabalho astucioso, ardiloso e perspicaz que requer dedicação, 
vocação, além de estudos constantes sobre o cotidiano do 
sujeito/indivíduo (aluno) e o conteúdo (componente curricular) 
que são inseridos no mesmo ambiente e mundo escolar. Ou seja, 
buscar caminhos para desenvolver algo libertador e transformador 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
9 
 
pela educação, em um lugar de prisão, marcado pela opressão, 
sempre serão os maiores exercícios no ensino e a aprendizagem 
durante a prática docente. 
É notório que o atual sistema prisional, que dê atual não tem 
nada, é extremamente falho, fracasso e não cumpre seu principal 
papel que é a ressocialização da pessoa em privação de liberdade. 
No, Brasil existem poucas, ou quase inexistentes, políticas públicas 
eficientes para trabalhar tal realidade, havendo necessidades de 
buscar respostas sobre quem são essas pessoas dentro da 
sociedade? São sujeitos (alunos) historicamente marginalizados, 
privados de direitos básicos, negligenciados pelo Estado e pela 
sociedade? São pessoas esquecidas (por quem e porquê?) que 
cometeram delitos, assim definido pelo grupo social aos quais 
nunca pertenceram? São muitas inquietações, que: 
[...] quem, melhor que os oprimidos, se 
encontrarão preparado para entender o 
significado terrível de uma sociedade 
opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os 
efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para 
ir compreendendo a necessidade da 
libertação? Libertação a que não chegarão pelo 
acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo 
conhecimento e reconhecimento da 
necessidade de lutar por ela. Luta que, pela 
finalidade que lhe derem os oprimidos, será 
um ato de amor, com o qual se oporão ao 
desamor contido na violência dos opressores, 
até mesmo quando está se revista da falsa 
generosidade referida. (FREIRE, 2011, p. p.59). 
 
A proposta educacional traçada para essas escolas, baseada 
nos princípios da EJA, enfatiza que a ação educativa deve promover 
o indivíduo como agente do seu aprendizado, levando em conta o 
conhecimento já apresentado por ele, suas visões de mundo e 
buscar transformar o mundo em que ele esteve e/ou está inserido. 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
10 
 
Assim, o processo de ensino da EJA deve sempre levar em conta a 
vocação ontológica – o ser; e as condições nas quais estão inseridos, 
analisando todo seu contexto. A educação
não deve ser utilizada 
como instrumento de ajuste e, sim como um meio que permita ao 
indivíduo vislumbrar, através da educação, outras possibilidades 
de vida. 
E, dentro desta lógica social, composta por inúmeras 
diversidades e pluralidades, no Brasil, ainda temos a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC), como o documento norteador dos 
Currículos – estaduais – e das Propostas Pedagógicas das escolas na 
educação básica brasileira. Sua grande finalidade é determinar 
além, das competências gerais e específicas, também, as 
habilidades e as aprendizagens essenciais que os alunos devem 
desenvolver, durante cada etapa da educação, independentemente 
das heterogeneidades culturais dos lugares e regiões de moradias 
onde estudam as crianças, os adolescentes ou os jovens. 
Na BNCC, o componente curricular Geografia, se insere na 
área de Ciências Humanas (Ensino Fundamental) e nas Ciências 
Humanas e Sociais Aplicadas (Ensino Médio), adotando-se de 
diferentes linguagens cartográficas para mediar conhecimentos 
para a leitura de mundo de forma a “permitir que os alunos se 
tornem produtores e leitores de mapas dos mais variados lugares 
vividos, concebidos e percebidos” (Brasil, 2018, p. 353 – grifo 
nosso). 
Nessa perspectiva, ler o mundo vai além dos livros e das 
linguagens cartográficas, uma vez que, não é apenas uma leitura 
do mapa ou pelo mapa. E, sim compreender tudo aquilo que faz 
parte da dinâmica do espaço. Por isso sua leitura traz uma marca 
na vida dos homens, visto que o exercício de compreensão do 
mundo irá levá-lo ao resultado da vida em sociedade. A partir desta 
relação dialógica, é preciso criar possibilidades para encontrar 
formas de ler o mundo, produzindo um conhecimento que possa 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
11 
 
ser empregado, no decorrer do desenvolvimento da metodologia 
do ensino de Geografia, em sala de aula, uma vez que: 
[...] o conhecimento geográfico produzido na 
escola pode ser o explicitamente do diálogo 
entre a interioridade dos indivíduos e a 
exterioridade das condições do espaço 
geográfico que os condiciona (REGO, 2000, 
p.8). 
 
Face ao exposto, este capítulo tem como objetivo apresentar 
alguns croquis cartográficos, elaborados a partir do mapa mental 
do bairro de vivência dos alunos do Ensino de Jovens e Adultos do 
2º ano do Ensino Médio, da E.E Prof. Léo Pizzato, alocada na 
unidade prisional do Município de Assis/SP2, para que se possa 
entender os saberes dos alunos, frente à toda complexidade de 
mundo que os rodeiam, transformando-os em leitores críticos das 
contradições de mundo as suas voltas. 
METODOLOGIA 
O grande desafio, na atualidade, do ensino é fazer com que os 
professores busquem formas de tornar suas aulas mais atrativas e 
dinâmicas. Assim, incluir os alunos neste processo é fundamental 
 
2 Vale esclarecer que, esta pesquisa traz como recorte espacial a unidade prisional de 
Assis2, por meio da Escola E.E Prof. Léo Pizzato, onde o pesquisador é professor. 
Vinculada ao Programa Educação nas Prisões, a Escola conta com 10 (dez) salas de 
aulas, sendo 3 (três) salas de Ensino Fundamental I, 4 (quatro) salas de Ensino 
Fundamental II e 3 (três) salas de Ensino Médio, onde são oferecidas em média de 400 
(quatrocentas vagas) a cada semestre que, em detrimento da alta rotatividade de 
alunos são atendidas, em média, (380) trezentos e oitenta alunos por semestre. A 
Diretoria Regional de Ensino de Assis compreende 14 (quatorze) municípios - Assis, 
Borá, Candido Mota, Cruzália, Florínea, Iepê, Lutécia, Maracaí, Nantes, Palmital, 
Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Platina e Tarumã -, e conta com 3 (três) 
unidades prisionais de ensino nos municípios de Assis, Florínea e Paraguaçu Paulista. 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
12 
 
para que possam ser sujeitos críticos, reflexivos e acima de tudo, 
cidadão. 
Constatação de que, a pesquisa tem como objeto de análise o 
método da Cartografia Social (CS), que traz reflexões sobre as 
realidades de comunidades fragilizadas, a partir de atividades 
escolares, compostas pela tríade ENSINO DE GEOGRAFIA - 
ESPAÇO - LINGUAGEM CARTOGRÁFICA, CUJOS resultados 
protagonizam leituras críticas acerca da realidade vivida por um 
grupo social. Nesta lógica, a CS: 
[...] não é meramente uma técnica de 
representação, mas sim uma construção de 
um processo social, a partir da percepção da 
visão de mundo daqueles que elaboram os 
mapas [...] onde passa a ser compreendida, 
como um processo e não uma técnica de 
representação em si, a CS tem como princípio 
a autorrepresentação do sujeito que se 
apropria do território e ali constrói sua 
identidade. Esse processo envolve percepção, 
concepção e representação (GOMES, 2017, p. 
99). 
E, para a prática da CS, o estudo adota os caminhos 
metodológicos propostos por Simielli (1996), ao estimular a 
elaboração de croquis cartográficos para a formação do aluno 
leitor crítico e mapeador consciente, reflexivos a partir de práticas 
espaciais por eles representadas. 
De acordo com Simielli (1996), partindo do pressuposto que 
os alunos já tenham noções de uma alfabetização cartográfica, 
pelos anos anteriores, o professor deve trabalhar o mapa em dois 
eixos (Figura 1 e Quadro 1): 
a) um primeiro eixo, onde se trabalha com o produto 
cartográfico já elaborado - os mapas, as cartas e as plantas – 
partindo de uma escala menor para uma escala maior, 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
13 
 
tendo ao final do processo um leitor crítico. O aluno 
trabalha com produtos já elaborados, portanto, será um 
leitor de mapas, porém um leitor crítico e não um aluno que 
simplesmente usa o mapa para localizar fenômenos; 
b) num segundo eixo, o aluno é participante efetivo do 
processo, tendo como resultado um aluno mapeador 
consciente que trabalhará tanto com imagem 
tridimensional, quanto imagem bidimensional. Como? 
Através de maquetes (que é uma representação 
tridimensional) e os croquis (que são desenhos e mapas 
mentais cuja representação é bidimensional). A grande 
diferença em relação ao primeiro eixo é que o aluno 
efetivamente vai participar do processo de mapeamento ao 
confeccionar a maquete, o mapa ou o croqui. 
 
Figura 1. Caminhos Metodológicos para a formação do aluno 
leitor crítico e mapeador consciente – Simelli (1996) 
 
Fonte: Simielli (1996), adaptado pelos autores (2020) 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
14 
 
Quadro 1. Produtos Cartográficos para a formação de alunos 
críticos e mapeador consciente Simielli (1996) 
PRODUTO 
CARTOGRÁFICO DEFINIÇÃO 
 
 
MAPA 
Representação plana, em pequena escala, de uma área da 
superfície terrestre, vista de cima, delimitada por 
acidentes naturais (bacias, planaltos, chapadas, etc.) e 
político-administrativos, apresentando seus aspectos 
naturais e artificiais (construídos pelo homem). É obtido 
da redução de escala e das informações contidas nas cartas 
e representa uma unidade (município, estado, país, 
continente, etc.), geralmente em escala pequena (IBGE, 
1985, p. 9). 
 
 
CARTA 
Representação gráfica dos aspectos naturais e artificiais da 
Terra, permitindo a medição precisa de distâncias, áreas, 
direções, altitudes e a localização geográfica dos detalhes 
representados. É subdividida em folhas, obedecendo a um 
plano nacional ou internacional, podendo apresentar-se 
em es_calas grandes, médias ou pequenas (IBGE, 1985, p. 
7) 
 
 
PLANTAS 
Representação gráfica em escala grande, destinada a 
fornecer informações detalhadas de determinada área. As 
plantas geralmente se apresentam numa só folha, 
podendo ser subdividida em folhas denominadas cartas. A 
PLANTA CADASTRAL, por exemplo, representa 
detalhadamente ruas, edificações e muitas outras 
características, inclusive o perímetro urbano. Se a área 
cadastrada for apresentada em folhas, teremos a CARTA 
CADASTRAL (IBGE, 1985, p. 7). 
 
 
 
ANAMORFOSES 
São mapas representados por uma imagem disforme (os 
polígonos), que torna as superfícies
dos territórios 
proporcionais aos dados que se deseja representar. Esse 
modo de representação gráfica é mais adequado para 
apresentação de fenômenos sociais, como: projeção da 
população, índice de mortalidade e natalidade, pesquisas 
de opinião com repostas “sim” ou “não”, pois esse tipo de 
mapa procura adaptar a representação das superfícies 
com o tamanho da população, apresentando os dados de 
forma mais proporcional do que se fossem apresentados 
através da cartografia temática clássica (Tobler, 2004, 
apud TOBIAS, 2001, p. 16) 
 
CROQUIS 
De acordo com o IBGE (1985, p. 9) O croqui é um esboço e 
não obedece à rotina técnica para a· elaboração de mapas. 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
15 
 
Não tem como finalidade a divulgação para o público; 
contém informações sobre uma pequena área e supre a 
falta de uma representação cartográfica detalhada. 
 
 
 
 
 
MAPAS MENTAIS 
O mapa mental é uma representação gráfica de um 
determinado espaço geográfico feita a partir da percepção 
e subjetividade do autor do processo. Nesse caso, as 
informações contidas nesse tipo de mapa partem da 
intencionalidade, da leitura e da visão de mundo 
particular desse indivíduo, levando em consideração sua 
imaginação e vivências próprias (KOZEL, 2007 apud 
RICHTER, 2011). Assim, o mapa mental contém 
informações consideradas desnecessárias ou sem valor 
científico para os padrões da cartografia cartesiana, como: 
escala, orientação, título, uso de variáveis visuais, 
coerência entre legenda-conteúdo, entre outros aspectos. 
Contudo, ainda para o mesmo autor, a importância de se 
trabalhar o mapa mental está no fato de que essa 
concepção de mapa possibilita a formação de indivíduos 
capazes de compreender o mapa para além do processo de 
cópia, tornando-se uma linguagem que contribui para a 
expressão e interpretação do cotidiano. (RICHTER, 2011). 
 
 
 
MAQUETES 
É a representação em miniatura de uma construção civil 
ou de parte restrita da superfície terrestre, com todos os 
seus aspectos. Na construção de maquetes em sala de aula, 
cabe ao professor incentivar a criatividade dos estudantes 
na busca de material, no exercício do trabalho coletivo e 
nas representações dos objetos. A maquete não deve ser 
vista como um fim em si mesma, mas como um meio 
didático pelo qual elementos da realidade devem ser 
trabalhados em conjunto (SIMIELLI et al.,1991). 
 
BLOCO-
DIAGRAMA 
De acordo com o Dicionário Cartográfico, o bloco-
diagrama é a representação tridimensional 
(comprimento, largura e altura) de mapa ou fotografia, 
representando uma determinada área da superfície da 
Terra, a fim de mostrar, além das formas do relevo, os 
cortes geológicos e seus aspectos naturais e artificiais 
(OLIVEIRA,1987). 
 
PERFIL 
TOPOGRÁFICO 
O desenho do perfil topográfico, ou transecto, do terreno 
é obtido através de um corte, que dá a ideia do 
delineamento topográfico da área. Permite calcular com 
exatidão as distâncias horizontais e verticais (altitudes), 
(IBGE, 1985, p. 116). 
Fonte: Autores (2020) 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
16 
 
 
Tendo como meta de que a característica social desta 
modalidade de cartografia, por um lado valoriza os espaços 
percebido, afetivo e vivido pelos indivíduos e, de outro contempla 
suas experiências levando-os as diferentes leituras espaciais, 
buscamos desenvolver os croquis cartográficos, tendo como 
sequência pedagógica a ficha de trabalho do MAPA MENTAL DO 
BAIRRO DE VIVÊNCIA DOS ALUNOS, onde são indicados os 
objetivos, conteúdo, material, tempo de aplicação, marcos de 
avaliação, além das habilidades e competências propostas pela 
BNCC, observados na figura 2. 
Figura 2. Ficha de Trabalho do Mapa Mental do Bairro de 
Vivência 
 
Fonte: Autores (2020) 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
17 
 
RESULTADOS E DISCUSSÕES 
Os resultados obtidos constatam que, a Cartografia Social 
foge aos métodos tradicionais de representação gráfica e visual da 
cartografia. Constatação que a utilização de croquis cartográficos, 
na leitura de mundo, é umas das melhores formas de representar 
o espaço vivido, percebido e sentido pelos alunos em situação de 
privação de liberdade. Através dos croquis, os alunos são 
convidados a estabelecer situações a serem cartografadas, 
levantando dados e informações para que possam futuramente 
analisar as demandas visibilizadas nos mapas. 
Assim, cabe lembrar que o croqui cartográfico é um desenho, 
um esquema rápido, geralmente feito à mão, dos principais 
elementos de um determinado espaço geográfico. Há tempos é 
utilizado por geógrafos nos trabalhos de campo e pelos professores 
de Geografia em sala de aula para explicação de fenômenos e 
processos físicos, naturais, sociais e culturais. E, para sua 
elaboração, o aluno geralmente parte da representação de um 
lugar conhecido, criando esta representação gráfica e visual, a 
partir de mapa mental. 
Para Richter (2011), neste processo, o mapa mental é: 
[...] analisado como um recurso que permite a 
construção de uma expressão gráfica mais 
livre, tendo a perspectiva de que o estudante 
possa transpor para essa representação 
espacial os conteúdos geográficos aprendidos 
ao longo da educação básica. Assim, além de 
utilizar a fala, a escrita, a imagem ou o próprio 
mapa convencional/tradicional, o aluno terá a 
oportunidade de apresentar num mapa mental 
suas interpretações a respeito de um 
determinado lugar, provenientes de leituras 
mais científicas da realidade (Richter, 2011, p. 
18). 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
18 
 
 De acordo Simielli (1996), os principais tipos de croquis que 
interessam à área da cartografia são: croqui de análise-localização, 
croqui de correlação e croqui de síntese (Quadro 2). 
Quadro 2. Tipos de Croquis Cartográficos (Simielli, 1996) 
TIPO DE CROQUI FINALIDADE 
LOCALIZAÇÃO E 
ANÁLISE 
É aquele em que o aluno apresenta apenas um 
determinado fenômeno geográfico para poder 
analisá-lo 
 
 
CORRELAÇÃO 
É aquele que correlaciona dois ou mais 
fenômenos geográficos que ocorrem no mesmo 
espaço. A escolha dos elementos 
correlacionados será feita pelo estudante. Isso é 
importante, pois o estudante terá a autonomia 
de escolher os elementos mais pertinentes para 
a situação didática proposta. 
 
 
SÍNTESE 
 
É quando o estudante analisa, correlaciona e 
chega 
a uma determinada síntese daquele espaço 
geográfico, elaborando um mapa (croqui) de 
síntese. O interessante é que o estudante é o 
próprio autor do processo e do produto final, 
isto é, do croqui. 
Fonte: Simielli (1996), organizado pelos autores (2020) 
Nesta lógica, a seguir, discutiremos os resultados obtidos com 
os 5 (cinco) croquis cartográficos elaborados por 5 (cinco) 
reeducandos - M.H.L.S (30 anos), M.T. (27 anos), J.G.T.R (28 anos), 
I.F.S (26 anos) e A.F.G (38 anos) -, matriculados no 2º ano do Ensino 
Médio, durante a aplicação das aulas de Geografia, no mês de 
fevereiro de 2020. 
Este foi o primeiro passo adotado na construção dos mapas 
regionais dos alunos em situação de privação de liberdade. Nesses 
mapas, os alunos apresentaram a delimitação do território do seu 
bairro, ruas, estradas, comércios, escola, postos de saúdes, pontos 
de vendas de drogas e prostituição. Além de aspectos naturais, 
como lagos, rios, vegetação e plantações. 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
19 
 
Ao inserir esse procedimento em sala de aula durante as aulas 
de geografia foi possível um maior engajamento dos alunos, dada 
a possibilidade de justapor teoria e prática, onde a prática 
metodológica permitiu aos alunos autoria do próprio mapa, 
refletindo teoricamente sobre suas realidades sociais, ambientais, 
naturais, culturais, políticas, além da história de vida no local de 
vivência, a partir dos mapas por eles elaborados. Ainda, após o 
término dos croquis, os alunos continuaram a fazer levantamento 
de dados até a produção final do mapa. As informações foram 
ampliadas e o mapa foi produzido com diferentes elementos 
cartográficos apontados
pelos reeducando. 
Os croquis cartográficos representados pelos alunos foram 
avaliados considerando as principais discussões acerca dos 
caminhos das operações cognitivas espaciais para a leitura e 
domínio espacial, no processo de ensino-aprendizagem do mapa 
(conforme o Quadro 3) – ALFABETIZAÇÃO CARTOGRÁFICA (AC) / 
LETRAMENTO CARTOGRÁFICO (LC) / PENSAMENTO ESPACIAL 
(PE) / RACÍOCINIO GEOGRÁFICO (RG) / RACÍOCINIO GRÁFICO E 
CARTOGRÁFICO (RGC) -, entendo-as como marco de avaliação das 
práticas espaciais representadas pelos reeducandos. Além de 
refletir sobre seus espaços percebidos, vividos e afetivos, quando 
em privação de liberdade. 
Quadro 3. Principais discussões acerca dos caminhos das 
operações cognitivas espaciais para o processo de ensino-
aprendizagem do mapa 
OPERAÇÕES 
COGNITIVAS 
ESPACIAIS 
 
DEFINIÇÕES 
 
 
 
ALFABETIZAÇÃO 
CARTOGRÁFICA 
(AC) 
A Alfabetização Cartográfica está fortemente 
relacionada ao processo metodológico de 
aprendizagem do mapa a partir dos seus elementos e 
conteúdos básicos, como signos, escalas, normativas, 
simbologia, orientação etc. [...] Ou seja, seu termo faz 
menção aos próprios códigos cartográficos que são 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
20 
 
essenciais para possibilitar a sua leitura. Vale lembrar 
que neste caso estamos nos referindo a um mapa na 
perspectiva mais cartesiana, que se estrutura a partir 
de normativas e convenções universais. Entendo que 
esta aprendizagem permite que os alunos possam 
fazer a leitura e a interpretação de representações 
cartográficas presentes em atlas, mapas temáticos, 
mapas turísticos, entre outros, que utilizam as 
referências da ciência cartográfica para construir 
seus mapas. (RICTHER, 2017, p. 291) 
 
 
 
LETRAMENTO 
CARTOGRÁFICO 
(LC) 
Se estabelece na ação e no processo de desenvolver o 
uso do mapa para as práticas sociais dos indivíduos, 
de entender o mapa como um instrumento que 
possibilita compreender nossas ações e vivências 
cotidianas. Para isso é pertinente que o professor 
integre o mapa em diferentes atividades e propostas 
tornando esta linguagem mais viva e presente na vida 
do aluno. Representar seus caminhos, suas leituras 
espaciais, correlacionar diferentes formas de mapear 
com os conteúdos geográficos ensinados em aula são 
atividades que podem contribuir neste trabalho. Ou 
seja, fazer que o mapa seja efetivamente um material 
que contribua na leitura espacial e nas práticas 
cotidianas dos indivíduos (RICHER, 2017, p. 291). 
 
 
 
PENSAMENTO 
ESPACIAL 
(PE) 
Está associado ao desenvolvimento intelectual que 
integra conhecimentos não somente da Geografia, 
mas também de outras áreas (como Matemática, 
Ciência, Arte e Literatura). Essa interação visa a 
resolução de problemas que envolvem mudanças de 
escala, orientação e direção de objetos localizados na 
superfície terrestre, efeitos de distância, relações 
hierárquicas, tendências à centralização e à 
dispersão, efeitos da proximidade e vizinhança etc. 
(BRASIL, 2018, p. 359); (RICHTER; MORAES, 2020, p. 
157). Para os autores (op. cit), baseados em Silvia, 
Roque Ascenção e Valadão (2018), este tipo de 
raciocínio se caracteriza por ser um “exercício 
intelectual em que são produzidas compreensões 
relativas à espacialidade de fenômenos” (Silvia, 
Roque Ascenção e Valadão, 2018, p. 74 apud Richter e 
Moraes, 2020, p. 159). Assim, é “um tipo de 
pensamento baseado em três elementos: conceitos 
espaciais, instrumentos de representação e processos 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
21 
 
de raciocínio (NRC, 2006, apud RICHTER; MORAES, 
2020, p. 159). 
 
RACIOCÍNIO 
GEOGRÁFICO 
(RG) 
Se destaca como sendo a localização e a distribuição 
dos fatos e fenômenos na superfície terrestre, o 
ordenamento territorial, as conexões existentes entre 
componentes físico-naturais e as ações antrópicas 
(RICHTER; MORAES, 2020). Para obter o Raciocínio 
Geográfico, a BNCC pressupõe trabalhar estruturas 
próprias de um pensamento geográfico, um 
pensamento conceitual de fundamentação 
geográfica, por meio de conceitos clássicos da 
Geografia: espaço, território, lugar, região, natureza, 
paisagem e tempo. (RABELO, BORBA, SOUZA, 2020, 
p. 39). 
 
RACIOCÍNIO 
GRÁFICO E 
CARTOGRÁFICO 
(RGC) 
Se destaca pela capacidade de representar gráfica e 
cartograficamente, no plano bidimensional, as 
informações do espaço geográfico traduzidos pelos 
fenômenos físicos, econômicos, sociais, culturais, a 
partir das mais variadas formas de representações 
utilizadas como ferramentas de análise espacial. 
Diferenciam-se dos textos alfabéticos por se 
apresentarem como figura espacial: linhas, pontos, 
áreas, formas, superfícies, distâncias, extensões, 
volumes e suas várias dimensões – comprimento, 
largura e altura (BRASIL, 2018). 
Fonte: Autores (2020) 
Neste sentido, compartilhamos com as ideias de Richter e 
Moraes (2020), ao destacarem que: 
[...] tendo essas leituras como parâmetros do 
que vem a ser a contribuição da Geografia na 
escola é preciso reconhecer que existem os 
aliados a este processo, pois [...] se o objeto da 
Educação Geográfica é o da formação de 
pensamentos ou raciocínios geográficos como 
defendem diversos autores (Cavalcanti, 2000 e 
2002; Castellar, 2005, apud RICHTER; 
MORAES, 2020) e se queremos que o mapa 
deixe de ser utilizado apenas para localização 
dos fenômenos e que, em acréscimo a isso os 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
22 
 
alunos/cidadãos sejam capacitados a avançar 
para além do nível elementar de leitura dos 
mapas (Simielli, 2007, p. 80 apud (RICHTER; 
MORAES, 2020), precisamos pautar nossa 
metodologia da Cartografia Escolar na 
compreensão das operações cognitivas que 
envolvem o entendimento de fenômenos 
socioespaciais com forte conteúdo geográfico. 
(RICHTER; MORAES, 2020, p. 159). 
CROQUI CARTOGRÁFICO 1 
 O croqui cartográfico 1 (Quadro 4) foi elaborado pelo 
reeducando M.H.L.S., de 30 anos, onde representa o bairro Parque 
Colinas, localizado na cidade de em Assis/SP. 
 
Quadro 4. CROQUI CARTOGRÁFICO 1 – Bairro Parque Colinas 
em Assis/SP 
 
 
A REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DO BAIRRO DE VIVÊNCIA 
espaços percebidos / espaços vividos / espaços afetivos 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
23 
 
 
Neste croqui observarmos uma representação espacial voltada para a 
elaboração de uma planta urbana, onde foi feito o uso da escala grande, 
com detalhes espaciais, para retratar uma parte do bairro periférico. Mas 
que pela afetividade e olhar espacial do aluno, foi transcodificado como 
sendo um bairro harmônico, onde os aspectos físicos, representados por 
meio de cores fortes, são os maiores locais de lazer, retratando quase 1/3 
de todo desenho e, assim da relação de pertencimento do aluno a este 
espaço. Nele, também, identificamos apenas algumas moradias de 
familiares, de forma isolada, sem vizinhos, amigos e, assim sem a 
necessidade do convívio social. Todavia, como contraditório, a igreja do 
bairro mostrou-se como um ponto de referência. 
OPERAÇÕES 
COGNITIVAS ESPACIAS 
COMPETÊNCIAS HABILIDADES 
 
AC 
Denota que o aluno apresenta alfabetização 
cartográfica, com pleno domínio das 
relações (topológicas, projetivas e 
euclidianas), conseguindo codificar sua 
representação espacial para a leitura do 
mapa. 
 
LC 
Observa-se um domínio de letramento 
cartográfico onde o aluno através de seu 
conhecimento sobre o lugar, correlacionou 
os conteúdos geográficos ensinados na aula, 
com sua forma de mapear as afetividades ao 
lugar vivido, posta no croqui. 
 
 
PE 
Podemos identificar também, que o aluno 
possui o pensamento espacial, 
representando o bairro em uma escala 
grande, possibilitando perceber maiores 
detalhes e as interações de proximidade e 
distanciamento entre a casa dos familiares 
separados pela área verde do bairro e a não 
representação de outros moradores. 
 
 
RG 
Ao representar o bairro de forma 
harmoniosa com essa grande interação 
entre a área verde e as moradias de seus 
familiares, além da representação da linha 
férrea
que é um marco econômico para as 
cidades do Oeste Paulista, o aluno 
apresentou satisfatório raciocínio 
geográfico. Um fato curioso é que não 
identificou, nenhum ponto de venda de 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
24 
 
droga, que é uma geograficidade ilícita 
recorrente no bairro. 
 
RGC 
O Raciocínio gráfico e cartográfico é 
percebido pelo desenho da planta baixa do 
bairro no plano bidimensional, diante de 
uma visão vertical, utilizando linhas, 
pontos, zonas, textos, além de símbolos 
pictóricos e linhas curvas. 
Fonte: Autores (2020) 
CROQUI CARTOGRÁFICO 2 
 O croqui cartográfico 2 (Quadro 5) foi elaborado pelo 
reeducando M.T., 27 anos, matriculado no 2º ano do EM, 
apresentando, também, o bairro Parque Colinas, como o aluno 
supracitado, localizado na cidade de Assis/SP. 
 
Quadro 5. CROQUI CARTOGRÁFICO 2 – Bairro Parque Colinas em 
Assis/SP 
 
A REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DO BAIRRO DE VIVÊNCIA 
espaços percebidos / espaços vividos / espaços afetivos 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
25 
 
Neste Croqui, igualmente ao aluno anterior, observamos uma 
representação espacial, composta uma planta urbana que, pela escala 
representada nos permite uma visão mais geral e regional do bairro e seu 
entorno. E, para isto, utilizou a legenda para personalizar os fenômenos 
geográficos espaciais. Neste, a representação dos aspectos físicos do 
bairro foi voltada as atividades agrícolas, corpos hídricos e áreas verdes. 
Também, em seu olhar espacial, foi identificado diversas moradias, 
chácaras, escolas, centro de referência de assistência social, uma grande 
linha férrea, além do ponto de venda de droga no bairro periférico. 
 
OPERAÇÕES COGNITIVAS 
ESPACIAS 
COMPETÊNCIAS HABILIDADES 
 
AC 
Denota que o aluno apresenta alfabetização 
cartográfica, com pleno domínio das 
relações (topológicas, projetivas e 
euclidianas), conseguindo codificar e 
decodificar pelas suas geometrias uma 
excelente representação espacial do real 
para o mapa. 
 
LC 
O domínio do letramento cartográfico foi 
inserido nas discussões prévias e durante a 
realização do croqui, onde o aluno através 
de seu conhecimento sobre o lugar 
apresenta sua afetividade ao lugar vivido. 
 
 
PE 
Podemos identificar também, que o aluno 
possui o pensamento espacial, 
representando o bairro em uma escala 
média, possibilitando sua síntese e 
interações de proximidade e 
distanciamento entre outros bairros 
limítrofes. Além de codificar, simbolizar 
através do uso da legenda as informações 
que melhores conhecem, desses bairros, no 
primeiro plano do desenho. 
 
 
RG 
O aluno consegue territorializar as 
atividades agrícolas que ocorrem neste 
bairro e alteram toda sua paisagem, bem 
como o ponto de venda de droga e o local de 
busca para a comercialização como 
“malote”. Podemos perceber que ele utiliza 
seu croqui para demonstrar as relações de 
poder que se constitui entre os grandes 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
26 
 
agricultores, pontos de venda de droga e os 
moradores desses dois bairros. 
 
RGC 
O Raciocínio gráfico e cartográfico é 
percebido pelo desenho da planta baixa do 
bairro no plano bidimensional, utilizando 
linhas, pontos, zonas, textos, além de 
símbolos pictóricos expressos na legenda, 
diante de um ponto de vista com visão 
vertical. 
 Fonte: Autores (2020) 
O CROQUI CARTOGRÁFICO 3 
 O croqui cartográfico 3 (Quadro 6) elaborado pelo 
reeducando J.G.T.R, de 28 anos, matriculado no 2º ano do EM e, 
apresenta o bairro San Fernando do Valley, localizado na cidade de 
Assis-SP. 
Quadro 6. CROQUI CARTOGRÁFICO – Bairro San Fernando do 
Valley em Assis/SP 
 
 
A REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DO BAIRRO DE VIVÊNCIA 
espaços percebidos / espaços vividos / espaços afetivos 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
27 
 
O mapa mental, apresentado por este croqui cartográfico, revela por meio 
de uma escala de detalhe e inúmeros símbolos pictóricos apenas um 
pequeno trecho da área urbana do bairro, no qual possui infraestrutura 
(área residencial, área comercial, ruas largas com rotatórias e jardinagens, 
áreas verdes, além de áreas de lazer com práticas de atividades esportivas). 
OPERAÇÕES 
COGNITIVAS ESPACIAS 
COMPETÊNCIAS HABILIDADES 
 
AC 
O aluno apresenta domínio das relações 
topológicas, projetivas e euclidianas na 
representação espacial do mapa. 
 
LC 
Observa-se um domínio de letramento 
cartográfico onde o aluno através de seu 
conhecimento sobre o lugar, correlacionou 
os conteúdos geográficos ensinados na aula, 
com sua forma de mapear as afetividades ao 
lugar vivido, posta no croqui. 
 
 
PE 
Podemos, também, identificar que o aluno 
possui o pensamento espacial, representando 
o bairro em uma escala grande, onde 
possibilitou melhor detalhamento sobre o 
uso e ocupação do espaço urbano, 
localizando as áreas de residências, comércio 
e área verde e lazer. 
 
 
RG 
Ao representar o bairro de forma harmoniosa 
com essa grande interação entre a área 
comercial, as áreas verdes e as moradias, o 
aluno mostrou atenção para as políticas 
públicas de planejamento. Também, 
explicitou que a área comercial, que é a 
principal fonte de renda do município. Evitou 
localizar e identificar os conflitos sociais, 
presentes no urbano, e assim não houve a 
inserção de nenhum ponto de violência ou 
venda de droga. 
 
RGC 
Para o Raciocínio gráfico e cartográfico fez 
uso da representação no plano bidimensional 
destacando os componentes geográficos por 
meio da visão vertical, horizontal e obliqua 
das informações espaciais. 
Fonte: Autores (2020) 
 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
28 
 
 O CROQUI CARTOGRÁFICO 4 
 O croqui cartográfico 4 (Quadro 7) elaborado pelo 
reeducando I.F.S, de 26 anos, apresenta o Bairro Itatinga, 
localizado na cidade de Campinas-SP. 
 
Quadro 7. CROQUI CARTOGRÁFICO – Bairro Itatinga em 
Campinas/SP 
 
 
A REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DO BAIRRO DE VIVÊNCIA 
espaços percebidos / espaços vividos / espaços afetivos 
Neste Croqui podemos perceber que se trata de uma área periférica da 
cidade, com a presença de uma marcante área comercial, dotada de 
diversas casas de prostituição, tendo seu acesso marcado por grandes 
avenidas. O bairro conta com supermercado 24h, posto de combustível, 
academia e posto de saúde. Além de contar com uma parcela de locais, que 
o aluno não soube representar por não mais se lembrar atentamente de 
sua vivência real. 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
29 
 
OPERAÇÕES COGNITIVAS 
ESPACIAS 
COMPETÊNCIAS HABILIDADES 
 
AC 
Denota que o aluno apresenta alfabetização 
cartográfica, conseguindo apresentar 
domínios das relações topológicas, 
projetivas e euclidianas na representação 
espacial do mapa. 
 
LC 
O domínio do letramento cartográfico foi 
inserido nas discussões prévias e durante a 
realização do croqui, onde o aluno através 
de seu conhecimento sobre o lugar 
apresentou sua afetividade ao lugar vivido. 
 
 
PE 
Podemos identificar também, que o aluno 
possui o pensamento espacial, 
representando o bairro em uma escala de 
detalhe, onde por meio das áreas 
comerciais, posto de saúde e entre outras 
ele configurou o território da prostituição, 
além de suas territorialidades. 
 
 
RG 
Houve a apresentação harmoniosa do 
bairro, porém trata-se de um bairro com 
tendência a prostituição, tanto de mulheres, 
quanto de homens. Percebemos que existe 
uma territorialização da região onde maior 
é a presença deste tipo de atividade – lado 
direito do croqui. Não houve a identificação 
de pontos de droga. Esse bairro é o maior 
bairro da América latina, em quantidade de 
casas de prostituição. Nota-se, que essa foi 
sua lembrança viva e afetiva. 
 
RGC 
O Raciocínio gráfico e cartográfico é 
percebido pelo desenho da planta baixa em 
representação bidimensional do bairro, 
onde os componentes geográficos foram 
representados pela visão vertical das 
informações espaciais. 
Fonte: Autores (2020) 
 
 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
30 
 
O CROQUI CARTOGRÁFICO 5 
 O croqui cartográfico
5 (Quadro 8) elaborado pelo 
reeducando A.F.G, de 38 anos, apresenta o Bairro Copacabana, 
localizado na cidade de Belo Horizonte-MG. 
 
QUADRO 8. CROQUI CARTOGRÁFICO – Bairro Copacabana em 
Belo Horizonte/MG 
 
 
A REPRESENTAÇÃO ESPACIAL DO BAIRRO DE VIVÊNCIA 
espaços percebidos / espaços vividos / espaços afetivos 
Neste Croqui a representação espacial é repleta por símbolos pictóricos, 
onde trata-se de um bairro de periferia, com pleno destaques para as 
habitações do tipo barracos (comunidades) e de alvenaria (denominada de 
“casa boa”), além dos pontos de venda de droga, locais de violências e, na 
parte central uma casa de prostituição. Também, neste pertencimento, 
trata-se de um bairro onde o patrulhamento militar é recorrente, pela forte 
existência das drogas, prostituição e criminalidade. 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
31 
 
OPERAÇÕES COGNITIVAS 
ESPACIAS 
COMPETÊNCIAS HABILIDADES 
 
AC 
Denota que o aluno apresenta alfabetização 
cartográfica, conseguindo apresentar 
domínios das relações topológicas, 
projetivas e euclidianas na representação 
espacial do mapa. 
 
LC 
O domínio do letramento cartográfico foi 
inserido nas discussões prévias e durante a 
realização do croqui, onde o aluno através 
de seu conhecimento sobre o lugar 
apresenta sua afetividade ao lugar vivido. 
 
 
PE 
Podemos identificar também, que o aluno 
possui o pensamento espacial, 
representando o bairro em uma escala 
grande, possibilitando um melhor 
detalhamento dos tipos de residência, 
bares, ponto de venda de droga e casa de 
prostituição. As ruas são estreitas, o que 
denuncia a falta de planejamento adequado 
para o bairro. 
 
RG 
O aluno apresentou geograficamente, os 
diversos problemas estruturais e sociais que 
um bairro periférico contém: violência, 
moradias inadequadas, desigualdade social, 
droga, prostituição e criminalidade. 
 
RGC 
O Raciocínio gráfico e cartográfico é 
percebido pelo desenho no plano 
bidimensional, utilizando muitos símbolos 
pictóricos expressos na legenda, diante de 
um ponto de vista com visão vertical, 
horizontal e obliqua da realidade. 
Fonte: Autores (2020) 
 
 Pelas práticas espaciais, denotamos que os alunos 
apresentam: a) AC, com plenos domínios das relações topológicas, 
projetivas e euclidianas na representação espacial do mapa; b) LC, 
ao correlacionarem os conteúdos geográficos ensinados na aula, 
com suas formas de mapearem as afetividades ao lugar vivido; c) 
PE pela capacidade de espacializar o bairro em uma escala grande, 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
32 
 
possibilitando melhor detalhamento dos tipos de residências, 
bares, pontos de vendas de droga, além das casas de prostituição; 
d) RG, pela forma de localização a distribuição dos fatos e 
fenômenos conforme o ordenamento territorial dos bairros e; e) 
RGC ao utilizarem a representação no plano bidimensional, para 
destacarem os componentes geográficos do espaço urbano por 
meio da visão vertical, horizontal e obliqua das informações 
espaciais. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Pelos croquis cartográficos elaborados podemos constatar 
que as práticas de representação e percepção dos fenômenos 
geográficos, a partir do bairro de vivência, ganharam dimensão 
em relação à mensuração das operações cognitivas e suas noções 
espaciais, uma vez que, os envolveu de tal forma que podemos 
dizer que as aprendizagens foram significativas e 
(res)significativas, dando-lhes a oportunidade do processo de 
(re)construção das noções de localização, proporção, distância e 
legenda, além da leitura crítica das diferentes paisagens do espaço 
urbano, durante a leitura mundo, pelos reeducandos avaliados. 
Desta forma, os mapas mentais dos lugares de vivências, 
viabilizados pelos croquis, mostram-se metodologias eficientes 
para que entender os caminhos das operações cognitivas espaciais 
na leitura e domínio espacial durante o processo de ensino- 
aprendizagem que, quando em conjunto com a construção de 
conceitos geográficos e sua socialização no ambiente escolar, 
desenvolvem as competências e habilidades de alunos mapeadores 
perceptivos, críticos e conscientes sobre a sua realidade. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. 
Rio de Janeiro. 2º vol. 1985. Disponível em: 
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
33 
 
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-
catalogo?view=detalhes&id=281663 
 
BRASIL. Educação para jovens e adultos: ensino fundamental: 
proposta curricular – 1º segmento / coordenação e texto final 
(de) Vera Maria Masagão Ribeiro. São Paulo: Ação Educativa; 
Brasília: MEC, 2001. 
 
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC). Brasília: Ministério da Educação, 2018. 
 
CALLAI, H. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos 
iniciais do ensino fundamental. Caderno Cedes, Campinas, vol. 
25, n. 66, p. 227-247, maio/ago.2005. Disponível em 
http://www.cedes.unicamp.br. 
 
CASTELLAR, S. M. V. O letramento cartográfico e a formação 
docente: o ensino de geografia nas séries iniciais . In: 9º 
Encuentro de Geógrafos da América Latina – EGAL... Anais. 
Mérida/México. Anais. p. 1-15. 2003. 
 
COSTA, R. de C. M; MOREIRA, Cileya de F. Neves. Metodologia 
do Ensino de Geografia. Editora da Universidade Federal do 
Ceará. Sobral/CE. 1ªed. 2017. 78p. Disponível em: 
https://md.uninta.edu.br/geral/pos-
graduacao/pedagogia/metodologia_do_ensino_de_geografia/mobi
le/index.html#p=8 
 
DIAS, A. M. de L; LIMA, J. F. S. de; MORAIS, I. R. Diniz. Ensino de 
geografia: linguagem, representação e símbolos. Anais. In: IV 
Fórum Internacional de Pedagogia – IV FIPED... Anais. Editora 
Realize. Parnaíba/Piauí. Disponível em: 
https://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/59 
 
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido – 50 ed. Ver. E atual. – Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 2011. 
 
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=281663
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=281663
http://www.cedes.unicamp.br/
https://md.uninta.edu.br/geral/pos-graduacao/pedagogia/metodologia_do_ensino_de_geografia/mobile/index.html#p=8
https://md.uninta.edu.br/geral/pos-graduacao/pedagogia/metodologia_do_ensino_de_geografia/mobile/index.html#p=8
https://md.uninta.edu.br/geral/pos-graduacao/pedagogia/metodologia_do_ensino_de_geografia/mobile/index.html#p=8
https://www.editorarealize.com.br/artigo/visualizar/59
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
34 
 
GADOTTI, M. Por uma política nacional de educação de jovens e 
adultos. 1. ed. São Paulo: Editora Moderna, Fundação Santillana, 
2014. 
 
GOMES, M. de F. V. B. Cartografia Social e Geografia Escolar: 
aproximações e possibilidades. Revista Brasileira de Educação 
em Geografia, Campinas, v.7, nº 13, p. 97-110, jan/jun., 2017. 
 
OLIVEIRA, C. de. Dicionário cartográfico. Rio de Janeiro. 
Editora: IBGE. 1987. 
 
RABELO, S. de P; BORBA, O. de F.; SOUZA, V. C. de. Políticas 
Curriculares, Ensino de Geografia e o Protagonismo Docente. In: 
ROSA, C. do C; BORBA, O. de F.; OLIVEIRA, S. R.L.(org). 
Formação de Professores e Ensino de Geografia – contextos e 
perspectivas. Goiânia: C&A Alfa Comunicação. 2020. 29–47p. 
 
REGO, N. et al. Geografia e educação: geração de ambiências. 
Porto Alegre: UFRGS, 2000. 
 
RICHTER, D. O mapa mental no Ensino de geografia: 
Concepções e propostas para o trabalho docente. Cultura 
Acadêmica – Editora UNESP. São Paulo. 2011. 270p. 
 
RICHTER, D. A linguagem cartográfica no ensino de geografia. 
Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v. 7, n. 
13, p. 277-300, jan./jun., 2017. 
 
RICHTER, D.; MARIN, F. A.D.G; DECANINI, M. M.S. Ensino de 
geografia, espaço e linguagem cartográfica. Mercator. V.9, nº 20, 
set/dez. 2010. Disponível em: 
http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/469 
 
RICHTER, D.; MORAES, L. B. de. A Cartografia Escolar na BNCC 
de Geografia do Ensino Fundamental: uma análise do 
pensamento espacial e do raciocínio geográfico. In: ROSA, C. do
C; BORBA, O. de F.; OLIVEIRA, S. R.L.(org). Formação de 
http://www.mercator.ufc.br/mercator/article/view/469
Ensino de Geografia – Capítulo 1 
35 
 
Professores e Ensino de Geografia – contextos e perspectivas. 
Goiânia: C&A Alfa Comunicação. 2020. 141-168p. 
 
SIMIELLI, M.E.et. Do Plano ao Tridimensional: a maquete como 
recurso didático. Boletim Paulista de Geografia. São Paulo/SP. 
AGB. Nº 70. P. 5-20. 1991. 
 
SIMIELLI, M. E. R. Cartografia e Ensino: proposta e contraponto 
de uma obra didática. 300f. volume 1 e 2. Tese (Livre Docência). 
DG/FFLCH/Universidade de São Paulo-SP, São Paulo, 1996. 
 
SIMIELLI, M.E.R. Cartografia no Ensino Fundamental e Médio. 
In: CARLOS, A. F. A. (org). A Geografia na Sala de Aula. Editora 
Contexto, São Paulo, 92-108 p. 1999. 
 
TOBIAS, D. C. Anamorfose: um recurso cartográfico relevante 
na Geografia urbana do município de São Paulo. 94f. Dissertação 
(Mestrado em Geografia). Faculdade de Filosofia, Letras e 
Ciências Humanas. Universidade de São Paulo/SP. 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
CAPÍTULO 2 
EDUCAÇÃO INCLUSIVA NA ASSOCIAÇÃO DE 
PROTEÇÃO AOS CONDENADOS DE IMPERATRIZ, 
MARANHÃO: DEBATES E ANALISES PRELIMINARES 
 
Karolayne Carneiro dos Santos 
Graduanda em Geografia da Universidade Estadual da Região 
Tocantina do Maranhão – UEMASUL, MA, Brasil 
https://orcid.org/0000-0003-1698-5900 
 
Allison Bezerra Oliveira 
Professor da Universidade Estadual da Região Tocantina do 
 Maranhão - UEMASUL, MA, Brasil 
https://orcid.org/0000-0003-0320-5661 
 
José Alencar Viana e Araújo 
Professor da Prefeitura Municipal de Imperatriz, MA, Brasil 
https://orcid.org/0000-0002-7014-120X 
 
 Daniely Lima Silva 
Graduada em Geografia pela Universidade Estadual da Região 
Tocantina do Maranhão – UEMASUL, MA, Brasil 
https://orcid.org/0000-0002-1666-9038 
 
Maria do Rosário Sá Araújo 
Professora na Universidade Estadual da Região 
Tocantina do Maranhão - UEMASUL, MA, Brasil 
https://orcid.org/0000-0002-5966-4536 
 
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo dialogar sobre a 
educação inclusiva em ambientes carcerários no Brasil além de 
apresentar breves aspectos do perfil educacional do apenado na 
Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC), no 
município de Imperatriz, estado do Maranhão. Para tal, além de debate
https://orcid.org/0000-0003-0320-5661
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
37 
 
 teórico, apresenta dados preliminares de questionários 
socioeconômicos relacionados ao perfil daqueles em processo de 
ressocialização atendidos na instituição. 
PALAVRAS-CHAVE: Educação Inclusiva. Associação de Proteção e 
Assistência aos Condenados. Imperatriz-MA. 
 
INCLUSIVE EDUCATION IN THE ASSOCIATION FOR 
THE PROTECTION OF PRISONERS OF IMPERATRIZ, 
MARANHÃO: PRELIMINARY DEBATES AND 
ANALYSES 
 
ABSTRACT: This work aims to dialogue about inclusive education in 
prison environments in Brazil and to present brief aspects of the 
educational profile of the convict in the Association of Protection and 
Assistance to the Sentenced (APAC), in the city of Imperatriz, state of 
Maranhão. To this end, in addition to a theoretical debate, it presents 
preliminary data from socioeconomic questionnaires related to the 
profile of those in the resocialization process attended at the institution. 
KEYWORDS: Inclusive Education. Association for the Protection and 
Assistance of Convicts. Imperatriz-MA. 
INTRODUÇÃO 
Uma das grandes lacunas sociais presente no Brasil está ligado 
diretamente ao sistema carcerário e o processo de ensino como 
ferramenta de reintegração do apenado na sociedade. No âmbito 
educacional a ressocialização das pessoas privadas de liberdade no país 
está longe de ser uma realidade uma vez que segundo os dados do 
Sistema de Informações Estatísticas do Sistema Penitenciário Brasileiro 
- INFOPEN (2017) aproximadamente 65% dos presos no Brasil possuem 
o ensino fundamental incompleto, 9% são analfabetos, e menos de 13% 
têm acesso a atividades educativas no período de cumprimento da pena. 
Nesse contexto, nota-se que a aplicação de um modelo educacional 
adaptado às condições do ambiente carcerário é um desafio muito 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
38 
 
complexo. Vários são os fatores que contribuem para dificultar a prática 
escolar nestas condições. Entender os desafios que perpassam o espaço 
geográfico no âmbito da educação dentro do sistema carcerário requer 
renovação e inovação perante as mazelas que ainda existe nas práticas 
metodológicas de ensino fundamentadas na pedagogia da esperança e 
da liberdade. (PRADO, 2015; OLIVEIRA, et al., 2016; MASULLO, et al., 
2020) 
No sistema carcerário são inúmeras as atividades que podem ser 
desenvolvidas para alcançar a finalidade da ressocialização. Segundo 
Freire (1987) a educação promovida para o sujeito em espaços de 
reclusão, é uma forma de ressocialização, uma vez que esta é capaz de 
provocar transformações e facilitar a reinserção dos sujeitos privados de 
liberdade na sociedade, de maneira que estes não voltem a cometer 
novos delitos. 
Tomando como base essa compreensão, o presente trabalho tem 
por objetivo dialogar sobre a educação inclusiva em ambientes 
carcerários no Brasil além de apresentar breves aspectos do perfil 
educacional do apenado na Associação de Proteção e Assistência aos 
Condenados (APAC), no município de Imperatriz, estado do Maranhão. 
Além desta introdução, metodologia e considerações finais, o 
trabalho está dividido em quatro tópicos: o primeiro, trata do “sistema 
prisional brasileiro e o acesso a educação no cárcere”, o segundo, discute 
“história do sistema prisional do maranhão e a ressocialização como agente 
fundamental para a reinserção do indivíduo na sociedade”, e por fim, 
resultados empíricos são discutidos em “breves apontamentos sobre a 
educação na APAC de Imperatriz-MA”. 
METODOLOGIA 
A pesquisa tem como recorte de análise a Associação de Proteção e 
Assistência aos Condenados – APAC (Centro de reintegração social Dr. 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
39 
 
Franz de Castro Holzwarth), localizada no município de Imperatriz, 
estado do Maranhão (figura 1). 
Figura 1. APAC de Imperatriz - MA 
 
Fonte: os autores (2021). 
O universo da pesquisa compreende os apenados em processo de 
ressocialização que fazem parte atualmente do quadro de atendidos pela 
unidade. De caráter quali-quantitativo, a pesquisa compreende uma 
análise situacional dos indivíduos atendidos na APAE buscando 
compreender o perfil socioeconômico dos mesmos. Para tal, foram 
realizadas visitas de campo destinadas ao conhecimento das rotinas 
institucionais além da realização de questionários para análise das 
informações primária entre os internos. Do total de 53 pessoas que estão 
atualmente na unidade, 32 participaram da pesquisa. 
SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO E O ACESSO A EDUCAÇÃO NO 
CÁRCERE 
A debilidade de atuação do Estado brasileiro em muitas áreas da 
vida social se mistura com a história do desenvolvimento do sistema 
prisional vigente. Ainda há enorme dificuldade de aproximação do 
preconizado por lei e o que realmente acontece no encarceramento 
brasileiro. 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
40 
 
A reformulação do Código Penal brasileiro de 1890 estabeleceu 
novas modalidades de prisões, cancelando o sentenciamento para penas 
perpétuas. Limitando-se à penas restritivas de liberdade individual, 
penalidade de no máximo 30 anos, além de reclusão, prisões com 
trabalho obrigatório e prisão disciplinar (MACHADO et al, 2013; 
OLIVEIRA; PEREIRA, 2018). 
Segundo Dullius e Hartmann (2011), ao passar dos anos o sistema 
carcerário brasileiro passou por diversas alterações estruturais e 
legislativas até os dias de hoje. Entre essas mudanças destacam-se o 
Código Penitenciário da República de 1935, Código Penal Brasileiro de 
1940, Lei de Execução Penal (Lei N° 7.210/1984) e a própria Constituição 
da Republica Federativa do Brasil de 1988, que incorporou questões 
preestabelecidas
em atos normativos, reforçando aspectos ligados aos 
direitos humanos. Salienta-se, que as diferentes legislações foram 
alteradas diversas vezes, sempre se adequando a ideologia 
preponderante vigente. 
Ainda, de acordo com o art. 39 da Lei n° 7.210 (Lei de Execução 
Penal) de 11 de julho de 1984, o condenado tem direito à alimentação 
suficiente, ao vestuário e à previdência social; distribuição do tempo 
entre trabalho, descanso e recreação; direito à assistência material, de 
saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; visita de parentes em dias 
determinados; e contato com o mundo exterior por meio de 
correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que 
não venham comprometer a moral e os bons costumes (BRASIL, 1984). 
Em declaração o Conselho Nacional de Justiça – CNJ expõe que, o 
Brasil é o terceiro país do mundo com maior quantitativo de população 
carcerária. No ano de 2019 os dados do INFOPEN (2017), contabilizavam 
cerca de 748.009 pessoas privadas de liberdade no País. Sendo que os 
maiores quantitativos de unidades prisionais se concentram no Sudeste 
do Brasil. 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
41 
 
Os dados do Levantamento Nacional de Informações 
Penitenciárias – INFOPEN (2017) apontam que aproximadamente 65% 
dos presos no Brasil possuem apenas o ensino fundamental incompleto, 
e 9% são analfabetos. Os dados ainda mostram que aproximadamente 
76% dos presos ficam ociosos na prisão e em todo o país, apenas 17% 
deles estudam no cárcere, ou seja, participa de atividades educacionais 
de alfabetização, ensino fundamental, ensino médio e supletivo, uma 
vez que estatísticas mostram que o estudo na prisão diminui as chances 
de reincidência criminal em até 40%. 
A educação no Brasil é regulamentada pela Lei 9.394/96 Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação - LDB. Sua base jurídica está no texto 
constitucional art. 205: A educação, direito de todos e dever do Estado e 
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da 
sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo 
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. 
Nesse contexto, a LDB (Lei nº 9.394/1996), regulamentada na 
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 208, inciso I, estabelece que 
toda a população brasileira tenha direito ao ensino fundamental 
obrigatório e gratuito, sendo assegurada, inclusive, essa oferta no 
sistema penitenciário. Ainda de acordo com essa legislação, os artigos 17 
aos 21 descrevem como deverá ser aplicada a assistência educacional no 
âmbito carcerário, uma vez que estes estabelecem assistência 
educacional, instrução escolar, formações do preso, obrigatoriedades do 
ensino fundamental, alem da instalação de uma biblioteca por unidade 
prisional - para uso de todas as categorias de reclusos - provida de livros 
instrutivos, recreativos e didáticos. (BRASIL, 1984). 
No sistema carcerário são inúmeras as atividades que podem ser 
desenvolvidas para alcançar a finalidade da ressocialização; sendo a 
educação a mais preciosa delas. Segundo Freire (1987) a educação 
promovida para o sujeito privado de liberdade, é uma forma de 
ressocialização, uma vez que esta promove aos detentos outros meios 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
42 
 
para sua reinserção na sociedade que não seja o retorno ao mundo do 
crime, capacitando-o para ter um trabalho e uma vida dignos, de tal 
maneira que não volte ao meio criminoso. 
Dessa forma, segundo Oliveira e Pereira (2018), o processo de 
ressocialização através da educação é um dos métodos mais eficazes 
para o Estado combater o retorno à criminalidade dos detentos e 
egressos, uma vez que através da educação é possível promover um 
retorno a sociedade de maneira com que estes se reintegrem na 
sociedade de forma igualitária e democrática capazes de retomar suas 
vidas com competência e qualificação. 
Vale ressaltar que, a assistência à educação no âmbito 
penitenciário não se trata de um privilégio concedido aos presidiários, 
embora esse discurso seja erroneamente disseminado na sociedade, mas 
trata-se de um direito garantido a ele pela Constituição de 1988 e pela Lei 
de Execução Penal de 1984, assegurado pela própria Carta Magna 
segundo a qual “todos são iguais perante a lei”, e também está presente 
na Declaração Universal dos Direitos Humanos em seu art° 26, onde se 
estabelece o direito à educação, cujo objetivo é o pleno desenvolvimento 
da pessoa e o fortalecimento do respeito aos direitos humanos (BRASIL, 
1988). 
Outro ponto a evidenciar, é o dever que cabe ao Estado, de não só 
punir aqueles que cometem delitos, mas também garantir que os direitos 
dessas pessoas sejam respeitados enquanto estiverem sob-
responsabilidade do estado pagando pelo crime que cometeram. Assim 
sendo, seus direitos não podem ser atingidos pela sua perda de 
liberdade. Nesse sentido, o Estado assume a responsabilidade de 
garantir que um processo de ressocialização ocorra de forma eficiente 
para que, esses indivíduos sejam reinseridos na sociedade e não venham 
a cometer mais delitos, visto que a finalidade da pena não é punir, mas 
também ressocializar e prevenir (OLIVEIRA; PEREIRA, 2018). 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
43 
 
Para tanto, faz-se necessário conhecer essa dinâmica socioespacial 
e as pessoas que estão interligadas ao sistema prisional. O problema do 
sistema prisional no Brasil vem se desenvolvendo abruptamente em 
todos os estados da Federação, seja no que se refere à violência entre os 
encarcerados, ou pela ausência do Estado em dar um tratamento digno 
para os presidiários, um problema se relaciona com o outro. Sob essa 
perspectiva, analisa-se a seguir de forma específica, o perfil social do 
sistema carcerário do Maranhão. 
PRISIONAL DO MARANHÃO E A RESSOCIALIZAÇÃO COMO AGENTE 
FUNDAMENTAL PARA A REISERÇÃO DO INDIVIDUO NA SOCIEDADE 
Assim como no Brasil, o Estado do Maranhão também apresenta 
uma população carcerária resultante de uma política de repressão e 
criminalização à pobreza. Esse modelo, parte do pressuposto de que o 
encarceramento em massa e a construção de novos presídios reduzem 
as ocorrências criminais. No entanto, é preciso salientar que a segurança 
pública influencia e é influenciada por fatores socioeconômicos e 
políticas públicas ligadas a educação, saúde, lazer e turismo (MASULLO, 
2020). 
A primeira penitenciaria do Estado do Maranhão foi construída no 
Bairro dos Remédios, no centro da capital, com o objetivo de separar os 
presos pela ordem ou grau das penas, fazendo o papel apenas de casa da 
correção. Em seguida começou a apresentar características de 
Penitenciaria Estadual, uma vez que começou a se utilizar recursos do 
governo para a obtenção de agentes de segurança, vestuário, 
alimentação e demais serviços (FREITAS, 2016; BRITO, 2017) 
Em 1948, dois anos após a aberturada unidade no Centro, foi feita 
a transferência desta para o município de Alcântara. A mudança para a 
mais nova penitenciaria do Estado, intitulada como Penitenciaria de 
Pedrinhas, só veio a ocorrer em 12 de Dezembro de 1965, quando o 
município de Alcântara, importante cidade histórica, teve sua renda 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
44 
 
“turística e cultural” prejudicada, já que a situação do presídio 
demonstrava insegurança para os visitantes (FREITAS, 2016; BRITO, 
2017) 
Situada a 15 km de São Luis, a margem da BR-135, com área de 122 
hectares, a então Penitenciaria de Pedrinhas passou por varias 
adaptações e desencadeou a criação de um complexo para atender as 
necessidades quanto a quantidade de detentos. O presídio, desde então, 
passou por diversas reformas, sempre com intuitos ou de aumenta-lo ou 
de concertá-lo. Porém, as reformas de um prédio-base completamente 
sem infraestrutura adequada nunca saíram de acordo com o planejado. 
Assim, desde a sua construção até os dias atuais a estrutura física do 
presídio de pedrinhas é completamente comprometida. (FREITAS, 2016; 
BRITO, 2017; MASULLO et al., 2020)
Segundo os dados do INFOPEN (2019), o complexo penitenciário de 
pedrinhas encontra se em estado de superlotação, com cerca de 3.187 
detentos e em todo o Estado a população carcerária alcançou 12.346. A 
construção de novos presídios no interior do Estado reduziu a 
concentração dos presos na capital maranhense e contribuíram para o 
aumento do quantitativo de pessoas com privação de liberdade, em 
municípios como Balsas, Caxias, Codó, Coroatá, Imperatriz e Timom 
(SOUZA, 2019; MASULLO, et al., 2020) 
Em 2018, o Maranhão passou a contar com 45 UPRs e 7 APACs, 
concentrando 46,6% dos presos do Estado. Ao Leste do Estado (Caxias, 
Timom, Codó e Coroatá) situam-se 13% e na região Sudoeste 7,5% 
(Imperatriz, Açailândia, Davinópolis e Porto Franco) da população 
carcerária lotada nos presídios maranhenses. 
 
 
 
 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
45 
 
Gráfico 1. Escolaridade das pessoas privadas de liberdade no 
Maranhão 
 
Fonte: INFOPEN, 2017. Organizado pelos autores (2021) 
A baixa escolaridade dos apenados influencia questões como o alto 
percentual de entrada e reentrada no sistema prisional. Segundo dados 
da SEAP (2019), aproximadamente 47,5% das pessoas que passam pelos 
presídios do Estado retornam, seja pelo mesmo crime anteriormente 
cometido, ou por cometer outro ato criminoso. Nitidamente, isso revela 
que a reinserção ou ressocialização do indivíduo não é cumprida, uma 
vez que dentro do sistema presidiário mais da metade das pessoas 
custodiadas possuem baixa escolaridade. No que concerne ao grau de 
escolaridade, o gráfico abaixo mostra que 45% dos detentos não 
possuem ensino fundamental completo, cerca de 10% são analfabetos e 
menos de 5% possuem ensino superior (MASULLO, et al, 2020). 
No que tange a realidade do sistema prisional brasileiro, os 
detentos maranhenses não se diferenciam dos demais apenados em todo 
o cárcere brasileiro, uma vez que estes em sua maioria são jovens, 
negros, primários e com um baixo grau escolar. Estes dados enfatizam a 
fragilidade dos modelos de aprisionamento e reforça a realidade de 
exclusão e marginalização que acontece com grande parcela da 
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Analfabeto Alfabetizado Ensino
Fundamental
Incompleto
Ensino
Fundamental
Completo
Ensino
Médio
Incompleto
Ensino
Médio
Completo
Ensino
Superior
Incompleto
Ensino
Superior
Completo
Ensino
acima de
Superior
Completo
Não
Informado
Q
u
an
ti
ta
ti
v
o
 e
m
 %
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
46 
 
população, constatando assim que a educação fica em segundo plano 
para o estado (JUNIOR, 2014; CASTIGLIONI; FILHO, 2017). 
Dessa forma, as questões sociais relacionadas às desigualdades 
como as más condições de vida e falta de acesso à educação levam esses 
jovens a praticarem atividades ilícitas como um rápido meio de 
conseguir bens ou ate mesmo sobreviver. A relação escola e crime 
andam lado a lado, uma vez que a educação é uma condição para o 
acesso a uma qualidade de vida melhor, respaldando assim que o baixo 
nível escolar significa dificuldade de acesso à renda. O indivíduo uma 
vez excluído do mercado de trabalho por falta de qualificação, mesmo 
que mínima, o índice do individuo cometer delitos é alta, e o índice de 
saída é baixo (JUNIOR, 2014; CASTIGLIONI; FILHO, 2017). 
A educação para a ressocialização em um ambiente insalubre é um 
desafio extremo. Esta inserida em espaços de privação de liberdade 
enfrenta diversos desafios, desde a parte de estrutura física até a de 
metodologias de ensino adequadas à situação e ao meio, e 
principalmente a difícil tarefa de propiciar às pessoas que foram muitas 
vezes excluídas do ambiente escolar ou que devido a diversas 
circunstâncias abandonaram a educação formal, o retorno à escola 
(MASULLO, et al., 2020). 
Para que ocorra o processo de ressocialização do individuo faz-se 
necessária não somente a aplicação de uma privação de liberdade, mas 
também uma junção de ações destinadas a incentivar o apenado a 
resignificar sua percepção de mundo, uma vez que a efetivação do 
objetivo de ressocialização do apenado concerne na aplicação de 
mecanismos que possibilitem sua reinserção social, de forma que seja 
reintegrado à sociedade da melhor forma possível – sem que volte a 
realizar atos delituosos (ANDRADE, 2015). 
Nessa perspectiva, a chamada Educação em Espaços de Privação 
de Liberdade busca propiciar um reencontro do aluno com o ambiente 
escolar e promover neste ambiente, a construção individual e coletiva do 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
47 
 
conhecimento objetivando novas perspectivas para o futuro. O acesso à 
educação permite que o aluno construa um conhecimento critico do 
mundo, promovendo debates sobre questões políticas, econômicas e 
sócias, de modo que estes consigam resignificar o conteúdo com suas 
vivencias (SANTOS; FRANCO, 2018). 
BREVES APONTAMENTOS SOBRE A EDUCAÇÃO NA APAC DE 
IMPERATRIZ-MA 
Em Imperatriz, a Unidade prisional da Associação de Proteção e 
Assistência aos Condenados - APAC foi criada em 31/10/2006, por meio 
de um convênio com o Poder Judiciário. Parte da manutenção e 
assistência da unidade prisional provem de voluntários que se 
identificam com a metodologia da APAC. As unidades prisionais APAC 
tem o método que possibilita uma maior integração entre o preso, a 
família e a sociedade, e isso faz com que ele sinta necessidade de corrigir 
seu erro e de reintegrar-se ao convívio social, seja por meio do estudo, 
seja por meio do trabalho (ZENKNER, 2017). 
Atualmente, a Unidade da APAC de Imperatriz possui 53 
recuperandos. Todos os internos em situação de cárcere participam das 
atividades educativas, cursos de profissionalização e artesanato a partir 
da inserção nos seguintes projetos: Modalidade Educação de Jovens e 
Adultos - EJA; revisão de literatura; cursos profissionalizantes; religião 
com o projeto “viagem de um Prisioneiro”; malharia/artesanato, com 
cursos de costureiro (produção de tapetes de crochê); cursos de culinária 
com a produção de bolos, bombons e salgados; trabalhos de limpeza do 
ambiente alem do método APAC (ZENKNER, 2017). 
Nesse contexto, esta pesquisa buscou conhecer o perfil 
socioeconômico nos internos que são atendidos por esta Unidade. Os 
resultados aqui obtidos foram expostos a partir de gráficos, na qual nos 
dão uma maior visão acerca do perfil dos internos desta unidade. 
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
48 
 
Dito isso, verifica-se a partir dos resultados do questionário que dos 
32 internos que estão na Unidade Prisional APAC, 12 se encontram com 
faixa etária entre 50 a 60 anos de idade, representando 37% de todos os 
internos; 7 internos com idade entre 30 a 40 anos, representando 22% 
dos reclusos; 19% com idade de 20 a 30 anos; 16% com idade de 40 a 50 
anos e com idades de 60 a 70 anos somam apenas 6% os apenados, como 
mostra o gráfico 2. 
Gráfico 2. Faixa Etária dos Internos – APAC de Imperatriz/MA 
 
Fonte: Os autores (2121) 
Em relação à questão étnico-racial dos internos da APAC, observa-
se no gráfico 3, que 18 dos 32 internos reclusos na unidade se 
reconhecem como pardo, representando 58% de todos os internos; 7 
internos se reconhecem como negro, representando 23% dos apenados; 
e apenas 19% dos internos se reconhecem como branco, gráfico 3. 
Isso reforça a vulnerabilidade social, e evidencia a diferença 
marcante entre os pardos e os brancos no cárcere. Mesmo com a maior 
parcela da sociedade maranhense, sendo composta por pardos e negros, 
segundo o IBGE (2020), os estereótipos de cor parecem funcionam 
efetivamente, como reflexo das desigualdades sociais no país. Outra 
0
5
10
15
20 - 30
anos
30 - 40
anos
40 -50
anos
50 - 60
anos
60 - 70
anos
Q
u
a
n
ti
ta
ti
v
o
Faixa Etaria
Ensino de Geografia – Capítulo 2 
 
49 
 
questão a ser ressaltada, é o baixo nível escolar, que amplia a 
vulnerabilidade das pessoas dentro do sistema prisional. 
Gráfico 3. Cor dos internos da APAC de Imperatriz/MA 
 
Fonte: Os autores

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando