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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO DISSERTAÇÃO David Dias Raposo Trabalho da disciplina Direito Constitucional Avançado Tutor: Profª. Mestra Caroline Brito MACAPÁ-AP 2022 1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS NA PANDEMIA TEXTO DE REFERÊNCIA: 1. ESTADO EXCEÇÃO: UMA AFRONTA E/OU UMA MITIGAÇÃO DE DIREITOS E GARANTIAS CONSTITUCIONAIS NA PANDEMIA DA COVID-19? O Estado de exceção é uma situação oposta ao Estado democrático de direito, decretada pelas autoridades em situações de emergência nacional, como agressão efetiva por forças estrangeiras, grave ameaça à ordem constitucional democrática ou calamidade pública. Caracteriza-se pela suspensão temporária de direitos e garantias constitucionais, que proporcionam a necessária eficiência na tomada de decisões para casos de proteção do Estado (BRANCO, 2009). Em tempos de pandemia causada pelo coronavírus (COVID-19) diversas medidas restritivas no tocante aos direitos de liberdades foram tomadas pelos Chefes de Estado para combaterem o avanço da pandemia. Nesse contexto, no momento em que as condições de vida estavam sendo duramente afetadas, e, com isso, também a capacidade de o Direito reagir de modo ao mesmo tempo eficaz e constitucionalmente consistente, às diversas, complexas e urgentes demandas que gravitam em torno da contenção e combate à pandemia, os direitos fundamentais de liberdades, mais vulnerável a restrições, foram postos à prova pela causa da saúde pública (SARLET e NETO, 2020). Em face disso, por meio de uma DISSERTAÇÃO, analise e argumente em que medida a necessidade de adoção de providências excepcionais de combate à pandemia justificou a restrição a direitos fundamentais e outros princípios constitucionais. Os direitos fundamentais são direitos protetivos que garantem o mínimo necessário para que um indivíduo exista de forma digna em uma sociedade regida pelo Estado. Isto é, os direitos fundamentais baseiam-se no princípio da dignidade humana. Importante salientar que esses direitos desempenham um papel central, norteadores. Sendo assim, os três poderes da República devem ser observá-los, respeitá-los, aplica-los e executados nos termos da Constituição Federal de 1988(CF/88). Além disso, esses direitos são cláusulas pétreas (rígidas), ou seja, não podem ser eliminados ou reduzidos nem mesmo por emendas constitucionais. No entanto, sabe-se que esses direitos, embora fundamentais, não são permanentes e absolutos. Portanto, em determinadas circunstâncias, os direitos fundamentais podem ser mitigados (contanto que viole a Carta Ápice) A própria Carta Magna fez algumas premissas limitantes sobre esses direitos em seu texto, como o artigo 5º, XLVII, que autoriza a pena de morte em caso de declaração de guerra declarada. Tal mitigação torna viável quando se estiver diante de um conflito aparente entre princípios/ normas constitucionais. Isso é chamado de julgamento ponderado. Isso significa que, quando dois ou mais direitos fundamentais estão em conflito, o caso concreto deve ser analisado, e o equilíbrio dos direitos fundamentais deve ser feito por um juiz e decidir qual prevalece na situação. Em suma, na atual situação pandêmica, diante da colisão do direito à vida/saúde e demais direitos fundamentais, algumas restrições impostas pelo poder público têm legitimidade constitucional por buscarem uma finalidade maior. Em princípio, os direitos de ir de vir e do livre comércio, por exemplo, são direitos constitucionais. No entanto, nenhum direito é absoluto. A regra da proporcionalidade estabelece que um princípio deve ceder a outro desde que sejam atendidos os seguintes requisitos: adequação; necessidade; e proporcionalidade em sentido estrito. De qualquer forma, quando analisamos hoje as restrições impostas pela Lei 13.979/20 ao direito de lomoção, e as medidas que afetam o direito à privacidade sob o enfoque constitucional da proteção do direito à saúde, podemos concluir que aquelas devem prevalecer sobre a liberdade de ir e vir dos cidadãos assim como a privacidade, pois tais medidas destinam-se a servir ao bem maior, proteger a saúde da coletividade como um todo, fazendo uso do julgamento de peso. Portanto, neste caso não há conflito entre direitos fundamentais e nenhum dano à sociedade, pois no contexto da pandemia do coronavírus o principal objetivo desse equilíbrio é proteger o bem maior da sociedade que é a saúde pública e a saúde individual, mostrando-se ponderado, legal, constitucional, perfeitamente correto e justo. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO: BRANDÃO, Rodrigo. Coronavírus, ‘estado de exceção sanitária’ e restrições a direitos fundamentais. Disponível em https://www.jota.info/opiniao-e-analise/artigos/coronavirus-estado-excecao-sanitaria-direitos-fundamentais-04042020. WOLFGANG SARLET, Ingo e WEINGARTNER NETO, Jayme. Direitos fundamentais em tempos de pandemia III: o fechamento de igrejas. Disponível em https://www.conjur.com.br/2020-abr-20/direitos-fundamentais-tempos-pandemia-iii. FEDERICI GOMES, Magno. Direitos Fundamentais e Dignidade Humana. Disponível em https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-constitucional/direitos-fundamentais-e-dignidade-humana/.
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