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Por Daiane Bendia 1 Por Daiane Bendia 2 PARASITOLOGIA – INTRODUÇÃO Prof.: Vinícius Evangelista “A parasitologia é a ciência que estuda os parasitas, seus hospedeiros e a relação entre eles.” Nós seres humanos estamos sempre em contato com parasitas, porém nem sempre isso causará parasitoses. Lembre-se: sufixo “ose” - patologia FATOR DETERMINANTE PARA UMA PARASITOSE O que determina o surgimento de doenças parasitárias no ser humano é uma TRÍADE: PARASITO (agente) + HOSPEDEIRO + AMBIENTE. Existe um ciclo da doença x pobreza. O Brasil é um país tropical com má distribuição de renda, e por isso, a pobreza da população, condições climáticas, favorecem o aparecimento de doenças parasitárias. Índice alto de pobreza, falta de educação, população universitária e analfabeta. Há muitas pessoas que não tomam água filtrada, não higienizam verduras adequadamente e criam animais como o porco e boi de modo que a fiscalização da vigilância não permite. Essas práticas favorecem o aparecimento de doenças. ORIGEM DO PARASITISMO Sinergia vital: interação simultânea de todas as espécies dos mais diferentes reinos, buscando a manutenção. O objetivo do parasitismo não é a morte, porém um se beneficia e o outro fica desfavorecido. O parasitismo busca a harmonia entre os seres, a fim de que a espécie parasitada não morra. FORMAS DE ASSOCIAÇÃO Forésia: na associação entre dois organismos de espécies diferentes, uma delas busca apenas abrigo/transporte. Ex.: a veiculação de ovos de Dermatopia Hominis por moscas ou mosquitos (varejeira). Mutualismo: Organismos de espécies diferentes vivem em íntima associação, havendo benefício mútuo. Ex.: a associação de protozoários e bactérias no rúmen de bovinos. Comensalismo: Associação de duas espécies, sendo que uma obtém vantagem sem promover prejuízos ao hospedeiro. Ex.: a Entamoeba coli vive no intestino grosso do humano. Parasitismo: associação entre seres vivos, na qual existe unilateralidade de benefícios, o parasito promove danos ao hospedeiro. Entaboeba histolytica no instestino grosso humano. ADAPTAÇÕES AÇÃO DO PARASITA SOBRE O HOSPEDEIRO ADAPTAÇÕES MORFOLÓGICAS - Degenerações Os parasitas podem perder alguma parte do corpo para assim, conseguirem se adaptar ao seu hospedeiro. Ex. A Cestoda que perde parte do seu tubo digestivo para adaptação. - Hipertrofia Alguns helmintos possuem órgãos de fixação muito fortes, como lábios, ventosas, bolsa copuladora a fim de absorver todos os nutrientes que eles precisam. Ou seja, alguns órgãos já existentes se hipertrofiam para se adaptar. Parasito (agente) Hospedeiro Ambiente Por Daiane Bendia 3 ADAPTAÇÕES BIOLÓGICAS - Capacidade reprodutiva A capacidade reprodutiva dos parasitos é muito importante para a perpetuação da espécie. Eles produzem uma quantidade muito grande de ovos, cistos ou outras formas infectantes. Um grande exemplo é o hermafroditismo, em que um ser só é capaz de se reproduzir sozinho, apesar de não fornecer tanta variabilidade genética. - Capacidade de resistência à agressão do hospedeiro Existem algumas enzimas que são capazes de fazer processos para que a espécie sobreviva. A presença de antiquinase, neutraliza a ação dos sucos digestivos sobre muitos helmintos, fazendo com que resistam à ação de anticorpos ou de macrófagos, induzindo o hospedeiro uma imunossupressão. - Tropismo Algumas espécies conseguem sobreviver em situações totalmente inóspitas. Isso facilita a propagação, reprodução ou sobrevivência de determinada espécie de parasito. Os tropismos mais importantes são: geotropismo (abrigar-se na terra), termotropismo, quimiotropismo, heliotropismo, etc. AÇÃO DO PARASITO SOBRE O HOSPEDEIRO - Mecânica Ação exercida pela presença do parasito em determinado órgão, podendo ser uma obstrutiva durante sua migração. EX.: enovelamento do Ascaris lumbricoides no intestino delgado, causando uma alteração mecânica no paciente, que é a dificuldade em evacuar. - Espoliativa O parasita retira nutrientes do hospedeiro. Ex.: Competição entre o Ascaris lumbricoides, tênias e o hospedeiro. - Tóxica O parasita libera produtos tóxicos para o hospedeiro. Ex.: Formação de granulomas pelos ovos de Shistosoma mansoni, produto tóxico do metabolismo do parasito. - Imunogênica Partículas antigênicas de parasitos sensibilizam tecidos do hospedeiro, aumentando a resposta do sistema imune do hospedeiro, e essa ação exagerada, piora a parasitose. - Enzimática Penetração de Shistosoma mansoni na mucosa intestinal, por exemplo. É uma ação enzimática. - Inflamatória Assim como na ação imunogênica, que é a respeito da resposta do hospedeiro, na ação inflamatória o parasita com liberação de produtos tóxicos, estimulam o afluxo de células inflamatórias locais, como histamina e prostaglandinas. - Anóxia Pode ocorrer que com grande consumo de oxigênio pelo parasita nas hemácias, pode provocar anóxia generalizada, incapacitando o transporte normal de oxigênio. CONCEITO DE HOSPEDEIRO Hospedeiro definitivo: alberga formas adultas (sexuadas) do parasita. Hospedeiro intermediário: alberga formas jovens (assexuadas) do parasita. TIPOS BÁSICOS DE CICLOS BIOLÓGICOS Ciclo monoxênico (ciclo direto) – há participação de apenas um hospedeiro. Ciclo heterôxênico (ciclo indireto) – há participação de um hospedeiro intermediário e depois um definitivo. Por Daiane Bendia 4 VETORES Vetores são como veículos, capaz de transmitir o parasito. Vetor biológico – Transmite o parasito entre dois hospedeiros. Parte do ciclo do parasita ocorre dentro desse tipo de vetor. Um exemplo de vetor biológico é o caramujo do gênero Biomphalaria, em que a larva do S. mansoni se transforma dentro dele, até que possa ser liberado e infectar humanos. Vetor mecânico – Quando o parasito não se multiplica ou desenvolve no vetor. Esse vetor serve apenas como veículo de transporte para o parasito. Ex.: Aedes aegypti. Vetor inanimado/fômite: O parasita é transportado por objetos inanimados, tais como toalha, seringa, talher, copo. É muito importante na disciplina de parasitologia, conhecer a epidemiologia da doença. Para o médico, no momento da anamnese, saber onde tem a prevalência da doença que ele está investigando para ter um raciocínio lógico diante dos sinais e sintomas apresentados pelo paciente. A epidemiologia estuda a distribuição de doenças e enfermidades determinantes na população humana. Assim, podemos trabalhar na prevenção de doenças em grupos populacionais, conhecendo seu foco. NOÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA - TRÍADE Agente – é o fator cuja presença é essencial para a ocorrência da doença. Hospedeiro – é o organismo capaz de ser infectado por um agente. Meio ambiente – é o local onde tem fatores de interação entre o agente e o hospedeiro, sendo favorável a ocorrência da doença. A DINÂMICA DA DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS NA POPULAÇÃO Endêmica: ocorre dentro do esperado, presença constante da doença. EX.: Itaperuna é região endêmica para elefantíase. A doença ocorre há anos e sempre atinge a previsão dada. Epidêmica: ocorre fora do esperado, descontrolado. Consiste numa evolução progressiva, ultrapassando os valores endêmicos ou esperados pela previsão. EX.: a previsão de casos para elefantíase foi ultrapassada em comparação com o ano passado. Pandemia: Alcança vários países no mundo. Nesse caso, há a superação dos casos endêmicos em vários países ao mesmo tempo. DISSEMINAÇÃO Veículo comum – o agente etiológico pode ser transferido por uma única fonte e infectar várias pessoas ao mesmo tempo. Ex.: água, alimentos – infecções alimentares, giardíase e cólera. De pessoa para pessoa – a agente etiológico é transferido por via oral, anal ou genital. Ex.: a via respiratória como via de transmissão de doenças como gripe, covid. Zoonose– entre animais, não necessariamente da mesma espécie. Pode ocorrer entre animais e homens. Ex.: leptospirose, sarna. Antropozoonose – doenças que podem ser transmitidas apenas entre homens. Primariamente são doenças entre animais. Ex.: raiva, tuberculose, amebíase. PREVENÇÃO Primária: prevenção antes da doença ocorrer, impedindo que os indivíduos adoeçam, controlando os fatores de risco. (tela para janela, evitar o mosquito) Por Daiane Bendia 5 Secundária: Previne precocemente e evita a transmissão. O indivíduo já está sob ação do patógeno, e a prevenção secundária evita a transmissão para outros. (diagnóstico precoce) Terciária: Trata as consequências, utilizando medidas para que seja possível evitar a incapacidade do doente. (pós AVC, tratando as sequelas). TEMA: DOENÇA DE CHAGAS Trypanosoma cruzi – protozoário, que é o agente etiológico da Doença de Chagas. É frequente nas Américas, principalmente na América Latina. Geralmente a doença está interligada no meio social pobre, com casas de pau- a-pique, pelo Barbeiro (triatomíneo). Ciclo hetaroxênico – Barbeiro pica uma pessoa infectado e depois passa a infecção para outra pessoa. Picada – fezes – prurido – inoculação das fezes no orifício ao coçar. No ciclo do tipo hetaroxênico o parasita precisa de pelo menos dois hospedeiros para completar seu ciclo evolutivo. O Trypanosoma cruzi passa por uma fase de multiplicação intracelular no hospedeiro vertebrado e extracelular no inseto vetor (triatomíneos). FORMAS DO PROTOZOÁRIO Tripomastigotas metacíclico com flagelo ondulante – forma infectante, muita mobilidade Epimastigota – forma alongada, móveis, se reproduz no barbeiro, não é infectante. Amastigota (sem flagelo) – carreamento pelos macrófagos – ganha músculo liso do esôfago – ganha músculo cardíaco, fica no interior das células humanas. TRANSMISSÃO O mecanismo de transmissão ocorre pela penetração da forma tripomastigota metacíclico, eliminados nas fezes ou na urina de triatomíneos (barbeiro), durante o hematofagismo (sucção de sangue humano ou animal (tatu). Também pode ser transmitido por transfusão sanguínea ou transmissão congênita. Acidentes de laboratório, transmissão oral (alimentos contaminados, amamentação e transplante. A DOENÇA – FASE AGUDA Pode ser sintomática ou assintomática (mais frequente). Inicia-se através das manifestações locais quando o t. cruzi penetra na conjuntiva (sinal de romanã) edema palpebral. Ou pela pele (chagoma de inoculação), no local da inoculação, inflamação no local da picada. Febre, edema, poliadenia (infarto de linfonodos), hepatomegalia, esplenomegalia, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas (raras, em consequência da meningoencefalite, que ocorre apenas em crianças muito jovens e em pacientes imunossuprimidos) FASE CRÔNICA ASSINTOMÁTICA Após a fase aguda, o paciente entra numa fase crônica assintomática por um longo tempo (10 a 30 anos), forma latente e é caracterizada pelos parâmetros: Por Daiane Bendia 6 - Positividade de exames sorológicos ou parasitológicos - Ausência de sintomas (cerca de 70% dos pacientes) - ECG normal - Órgãos como coração, fígado, esôfago e cólon radiologicamente normais. FASE CRÔNICA SINTOMÁTICA Pacientes podem já passar da fase aguda e desenvolver sintomas ao longo da fase crônica, ou passar pela fase de latência e depois apresentam sintomatologia relacionada ao sistema cardiocirculatório (forma cardíaca) e digestivo, ou ambos. A forma cardíaca atinge cerca de 20 a 40% dos pacientes no centro-oeste e sudeste do Brasil. Na cardiopatia chagásica, os pacientes apresentam principalmente a Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC). Na forma digestiva, o Brasil apresenta 7 a 11% dos casos. Ocorrendo nesta forma alterações morfológicas e funcionais importantes, como aperistalse, discinesia), justificando o megaesôfago e o mega cólon. Muitas vezes na fase crônica, o parasito não vai ser mais encontrado nos exames, devido a baixa parasitemia (parasito no sangue). Para trazer uma evidência para o caso, faz-se necessário o IgG/IgM. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Boa anamnese, pesquisa de condições de moradia e se foi picado. Correlaciona-se aos sinais e sintomas, há quanto tempo. Presença do Sinal de romanã (sinal de inoculação) – edema orbital unilateral Febre irregular ou ausente Adenopatia satélite ou generalizada Hepatoesplenomegalia Taquicardia Edema generalizado ou dos pés. ** fazem suspeitar da fase aguda da doença LABORATORIAL – FASE AGUDA Fase aguda, alta parasitemia, IGG e IGM em níveis alterados. Exame gota espessa (mais chances de detectar) / PCR Exame parasitológico, exame de sangue a fresco, esfregaço sanguíneo corado por Giemsa, cultura de sangue ou material para biópsia. Inoculação de sangue em camundongos sensíveis à infecção, e xenodiagnóstico são métodos sensíveis na fase aguda. O método ELISA detecta classes específicas de anticorpos. É indicado para fase aguda, conjugando o anti-IGM. FASE CRÔNICA Exame parasitológico: sendo a parasitemia da fase crônica muito escassa, portanto, a detecção se dá por meio de parasitológicos indiretos. Xenodiagnóstico – é o método de diagnóstico indireto utilizado na fase crônica. A Hemocultura é um outro tipo de diagnóstico utilizado junto com o xeno, atingindo maior sensibilidade. PROFILAXIA Melhoria das habitações, combate ao barbeiro, controle do doador de sangue, educação sanitária e ambiental. Por Daiane Bendia 7 TRATAMENTO Nifurtimox: forma sanguínea/formas teciduais/ fase aguda Benzenidazol: forma sanguínea / fase aguda Os efeitos colaterais são: anorexia, vertigens, dermatites urticariformes, cefaleia, sonolência e dores abdominais. TEMA: TRICOMONÍASE Trichomonas vaginalis – protozoário, agente etiológica da Tricomoníase. É a DST não viral mais comum no mundo. “Comportamento promíscuo.” PATOLOGIA Tricomoníase é a infecção da vagina ou do trato urogenital masculino, causado por Trichomonas vaginalis. Pode ser assintomática ou produzir uretrite, vaginite, ou ocasionalmente, cistite, epididimite ou prostatite. O diagnóstico é feito por meio de exame microscópico direto, teste de tira reagente ou testes de amplificação de ácido nucleico das secreções vaginais, por urina ou cultura uretral. Parceiros de contato sexuais também são tratados com metronidazol ou tinidazol. O AGENTE ETIOLÓGICO T. vaginalis é o principal patógeno do trato urogenital, promove transmissão de HIV. Predispõe a doenças inflamatórias da pelve, câncer cervical e até infertilidade. TRANSMISSÃO O principal meio de transmissão do T. vaginalis se dá por meio de contato sexual ou com secreções que estejam contaminadas. PATOGÊNESE O agente etiológico se estabelece no sítio da infecção quando o pH da região aumenta, sendo favorável à sua instalação e desenvolvimento. O pH da vagina é ácido, em torno de 3,8 a 4,5. Maior que 5 já se torna um meio favorável. SINAIS E SINTOMAS Secreção mucopurulenta em infecções genitais, associadas a Neisseria gonorrhoeae, Clamydia trachomatis ou herpes simples (múltiplas infecções). Comum em exocérvice. Incubação de 3 a 20 dias. No homem ocorre corrimento peniano leitoso ou purulento pela manhã, com sensação de prurido e uretrite. Problemas relacionados à gestação: Ruptura prematura da membrana Parto prematuro Baixo peso do RN Natimorto Morte neonatal Endometriose pós-parto 80% são assintomáticas, porém com casos de vaginite aguda. DIAGNÓSTICO É importante frisar que o diagnóstico da tricomoníase não pode ser baseado somente na clínica do paciente, visto que os sinais e sintomas são comuns à outras enfermidades. É necessário exame laboratorial. Por Daiane Bendia 8 Microscopia – se caso os exames laboratoriais (ELISA) derem negativo, deve-se pedir cultura.No homem, o material é coletado com Swab, pela manhã, antes de urinar e não ter tomado nenhum tipo de medicação nos últimos 15 dias. Na mulher deve-se evitar o uso de medicações (gel, creme, oral por 15 dias). Evitar higiene íntima entre 18 a 24h antes do exame de coleta. PROFILAXIA As medidas profiláticas devem ser as mesmas comunas ao combate de todas as DST’s. Incluindo educação sexual e uso de preservativos. TRATAMENTO Usa-se o Metronidazol e Tinidazol. Sendo que o(os) parceiro(s) sexuais também devem ser tratados. TEMA: LEISHMANIOSE Como agente etiológico, protozoários da espécie Leishmania, transmitido pelas fêmeas do Lutzomya. FORMAS DO PROTOZOÁRIO Promastigota – tem flagelos. Essa forma adere ao trato digestivo de hospedeiros invertebrados. Ex.: inseto lutzomya. Amastigota – sem flagelo. Encontrado dentro de macrófagos. CICLO BIOLÓGICO O homem (hospedeiro vertebrado) é infectado quando formas de promastigota metacíclica do agente etiológico são inoculadas pela fêmea do inseto vetor durante o repasto sanguíneo (picada). A leishmania entra nos macrófagos por endocitose, devido a ação dos componentes da saliva desses insetos (que contém vasodilatadores, anticoagulantes). Nesse momento, as promastigotas (forma infectante) se transformam em amastigotas dentro dos macrófagos e se multiplicam até ocorrer a lise celular, liberando as amastigotas na corrente sanguínea, infectando mais células do sistema fagocitário. O inseto do gênero flebotomíneo, espécie lutzomya se infecta fazendo o repasto sanguíneo, contendo macrófagos cheios de amastigotas. No intestino desse hospedeiro invertebrado, as amastigotas se transformam em promastigotas metacíclicas prontas para infectar novamente o ser humano. CLASSIFICAÇÃO No geral, eram classificados 3 agentes etiológicos: Leishmania donavani – responsável pela leishmaniose visceral ou Calazar Leishmania tropica – Leishmaniose cutânea Leishmania braziliensis – Leishmaniose cutaneomucosa ou úlcera de Bauru. Por Daiane Bendia 9 Em 1961, foi sugerido uma nova classificação, observando os aspectos epidemiológicos: Leishmania donovani – causadora das formas viscerais em todo o mundo. Leishmania tropica tropica – causadora da cutânea urbana, lesões secas no Velho Mundo Leishmania tropica major – causadora das lesões úmidas, mais típicas de regiões rurais. No Novo Mundo foram consideradas subespécieis de Leishmania braziliensis responsáveis pelas diferentes formas da LTA (Leishmaniose Tegumentar Americana), que são: Leishmania brazieliensis braziliensis – cutânea e cutaneomucosa grave, úlcera de Bauru, pode formar metástases. Leishmania braziliensis guyanensis – tegumentar benigna, sem metástase Leishmania braziliensis peruviana – cutânea benigna UTA Leishmania braziliensis mexicana – lesão benigna frequente no pavilhão auricular, raras metástases. Leishmania braziliensis pifonoi – lesões difusas. LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA (LTA) Tem caráter zoonótico e pode acometer tanto seres humanos quanto animais domésticos. ASPECTOS BIOLÓGICOS A LTA é causada pelos gêneros Leishmania Viannia e Leishmania. O ciclo é heteroxênico. ESPÉCIEIS DE LTA NO BRASIL MAIS COMUNS Leishmania viannia brazieliensis – provoca lesões chamadas de úlcera de Bauru, ferida brava, ferida seca, úlcera em forma de cratera. Leishmania viannia guyanensis – as lesões são conhecidas como cratera de lua, podendo ser única ou outras similares pelo corpo. Leishmania amazonenses – lesões simples e limitada, porém com presença de muitos parasitas na borda da lesão. FORMAS DO PROTOZOÁRIO DE LTA Amastigotas – são esféricas, sem flagelo Promastigotas – são formas alongadas com flagelo livre Promastigotas – são ovais. CICLO DA DOENÇA E MECANISMO DE TRANSMISSÃO Uma parte do ciclo do parasita ocorre em pequenos insetos da ordem Diptera, subfamília Phlebotominae, do gênero lutzomya, ou mosquito palha, hospedeiro invertebrado 4/8h. (Os cães e outros animais como preguiças, tatus, gambás e primatas podem servir de reservatório dos parasitas. O mosquito palha pica humanos e os infecta, levando o leishmania para o hospedeiro vertebrado. Na pele dos humanos, as formas amastigotas estão dentro dos macrófagos, o mosquito pode picar e se infectar por humanos, Por Daiane Bendia 10 desenvolvendo formas promastigotas em seu intestino e assim, podem infectar outra pessoa. A incubação da doença ocorre de 2 semanas a 2-3 meses. EVOLUÇÃO DA DOENÇA De início, não dá para diferenciar as lesões de acordo com a espécie. Elas podem regredir sozinhas, permanecer estacionária ou evoluir para um nódulo, que surge no local da picada do inseto. A LTA pode variar desde uma lesão autorregular quando lesões desfiguradas, e isso depende do estado imune do paciente, condição clínica, idade e início de tratamento. LEISHMANIOSE CUTANEOMUCOSA (LCM) Agente etiológico é a Leishmaniose braziliensis. Uma lesão é identificada pelo corpo, porém, lesões secundárias podem aparecer meses e até anos depois dessa primeira lesão. E vir comprometendo mucosas e cartilagens, sendo conhecida como “nariz de anta”. LEISHMANIOSE CUTÂNEA DIFUSA (LCD) Agente etiológico L. pifonoi (Venezuela) e L. amazonensis (Brasil). Ocorrem inúmeras lesões difusas não ulceradas por toda a pele com grande número de amastigotas nas bordas. EPIDEMIOLOGIA No mundo todo, cerca de 1,5 milhões de pessoas são infectadas por ano pela Leishmanionse tegumentar. Está presente em pelo menos 88 países do mundo, e desses, 73 são subdesenvolvidos. Nas Américas, a leishmaniose tegumentar é endêmica no México, na maior parte da América Central e em todos os países da América do Sul, exceto o Chile. No Brasil, ocorre em TODOS os estados, sendo de maior incidência no Norte do país. Também na América, a Leishmaniose cutânea e Mucosa são endêmicas em pelo menos 18 países. A braziliensis está presente nos seguintes estados: Pará, Ceará, Amapá, Paraíba, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. PROFILAXIA Controle do vetor, uso de inseticidas de ação residual indicado para áreas novas, ainda não tratados que estiver em surto com o objetivo de diminuir o contato dele com seres humanos e animais que sirvam de depósito dos protozoários. Uso de repelentes e roupas brancas. DIAGNÓSTICO TESTE DE SENSIBILIDADE – CAPACIDADE DE VERDADEIRO POSITIVOS – pode-se confiar que se deu positivo, realmente é positivo. TESTE DE ESPECIFICIDADE – CAPACIDADE DE VERDADEIRO NEGATIVO – podendo confiar que realmente não é a doença DIAGNÓSTICO CLÍNICO – anamnese Confirmação laboratorial mais a clínica do paciente, o que ele apresentou de sinal. Diagnostico diferencial: analisar as várias opções de doenças relacionadas a clínica do paciente, tais como: tuberculose, hanseníase, infecção por fungos, etc. Por Daiane Bendia 11 Analisar a vida do paciente, se ele viajou, pra onde, se foi picado, há quanto tempo teve o início dos sinais. Testes: TESDE DE MONTENEGRO – mais usado, sensibilidade alta e custo baixo. Sorologia IgG e IgM. Fazer exame parasitológico (raspar a ferida pra analisar microscopicamente) Por cultura (crescer em laboratório a partir de um fragmento) PCR – DNA do parasito Esfregaço corado – melhor que tem TRATAMENTO Mais utilizado é o Glucantine – esse medicamento é o de primeira escolha. Mata a leishmania. LEISHMANIOSE VISCERAL - CALAZAR Causada pela L. donavani na África, Ásia, Europa (Velho Mundo) e L. infantum chagasi nas Américas (Novo Mundo). Essa forma é considerada a mais GRAVE, com alta letalidade. Afeta muitos cães. EPIDEMIOLOGIA Cerca de 60.000 pessoas por ano, principalmente crianças, morrem da Leishmaniose visceral. É considerada a enfermidadetransmitida por vetor mais relevante no mundo. No Brasil, ocorrem mais de 90% dos casos relatados na América Latina, principalmente na região Nordeste. SINTOMAS Os sintomas mais listados são: Linfodenopatia Caquexia Esplenomegalia Mais importante achado Anemia Hepatomegalia Febre CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO O ciclo biológico desse agente é semelhante aos demais ciclos de Leishmaniose. A transmissão é feita também pela picada do inseto e por compartilhamento de agulhas e por transfusão sanguínea. QUADRO CLÍNICO Fase sintomática O doente pode iniciar com sintomas de forma abrupta ou de forma gradual. Além dos sintomas já citados, pode cursar com emagrecimento, dor abdominal, tosse não produtiva, que são sinais comuns da fase aguda. Pode ocorrer sangramento nasal (epistaxe), hemorragia gengival, edema, icterícia, anorexia e desnutrição, o que causa muita debilidade ao doente. Fase assintomática Algumas pessoas podem desenvolver sintomas como febre baixa, porém recorrente, diarreia, sudorese, debilidade física e se curarem sozinhos. O parasita vive no hospedeiro sem causar nenhuma outra evolução da clínica do paciente. PROFILAXIA Diagnóstico precoce do doente Diagnóstico de cães infectados e eliminar Combate ao vetor DIAGNÓSTICO É feito uma boa anamnese do paciente, colher sinais e sintomas, saber se viajou. É feito PCR e imunoenzimático ELISA. EPS: relação com albumina (ph sanguíneo) e globulina (imunidade). TRATAMENTO Glucantine e anfotericina B Por Daiane Bendia 12 TEMA: PROTOZOA Células mais aprimoradas. Protozoários tem muita variabilidade genética, o que dificulta as vacinas. REPRODUÇÃO Reprodução assexuada – o filho é um clone e sexuada- favorecendo a variabilidade genética FORMAS DO PROTOZOA Os protozoários podem ter formatos: Esféricos, ovais ou alongados. Possuem fases do desenvolvimento: Trofozoíto: é a forma ativa do protozoário, quando ele se alimenta e reproduz. Cisto: Forma vegetativa e de resistência. Nessa fase, ele possui uma parede resistente que o protege em condições desfavoráveis do meio. Pode ser encontrado em tecidos ou nas fezes. Gameta: é forma sexuada. Gameta feminino é macromagameta, gameta masculino é o micro- gameta. Oocisto: forma gerada a partir da reprodução sexuada. NUTRIÇÃO Se alimenta quanto de origem animal (autotróficos) e vegetal (heterotróficos). RESPIRAÇÃO Aeróbios e anaeróbios. LOCOMOÇÃO É feita por uma ou associação de mais de uma das seguintes organelas: pseudópodes, flagelos, cílios, microtúbulos. Para a parasitologia, quatro filos têm maior interesse de estudos, pois são responsáveis por parasitar o homem. São eles: Filo Sarcomastigophora, Apicomplexa, Ciliophoran e Microspora. TEMA: GIARDÍASE O agente etiológico é o Giardia duonenalis (G.lamblia, G. intestinalis). Parasitam o intestino, causando uma severa diarreia. PATOLOGIA Giardíase é a infecção causada pelo protozoário flagelado, Giardia. A infecção pode ser assintomática ou ter sintomas que variam desde flatulências a má absorção crônica, com presença de diarreia. FORMAS DO PROTOZOÁRIO São protozoários flagelados, simples e com presença de carioteca. Possui formas evolutivas: Trofozoíto – responsável pelas manifestações da clínica dos pacientes. Cisto – forma infectante CICLO E TRANSMISSÃO Tem um ciclo monoxênico (de homem para homem), com ciclo biológico direto. A via mais comum para a ocorrência da infecção é por meio da ingestão. Cerca de 10 a 100 cistos já são suficientes. O desincestamento ocorre no meio ácido do estômago, completando no duodeno e no jejuno. A transmissão ocorre via fecal-oral ou em alimentos que estejam contaminados com fezes do parasito e não têm boa higienização. A água se torna um excelente veículo de transmissão, a qual também pode ser ingeridos Por Daiane Bendia 13 cistos por meio dela, in natura ou na preparação de bebidas e alimentos. Atenção para piscina: o cloro não é suficiente para matar cistos de Giardia. SINTOMATOLOGIA Muitos pacientes cursam com a infecção assintomáticos (90%). Os sintomáticos apresentam: Diarreia aguda e persistente Má absorção Perda de peso Fraqueza e fadiga Anorexia Em crianças também é comum: Irritabilidade Falta de foco e atenção Dor abdominal Má evolução do desenvolvimento Esteatorreia (gordura nas fezes) Perda de apetite Emagrecimento DIAGNÓSTICO Os exames devem feitos em pessoas assintomáticas também, pois, apesar de não apresentarem sintomas, são excretores de cistos, e, portanto, podem contaminar outras pessoas. Exame parasitológico de fezes – microscopia, que identifica formas evolutivas do parasito (trofozoítos/cistos) e, Exame imunológico – método ELISA. PROFILAXIA Lavagem das mãos Destino correto das fezes (fossas) Proteção e higienização dos alimentos Tratamento da água Medidas de saneamento básico, em geral. TRATAMENTO O metronidazol é o medicamento de primeira escolha (80 a 95% de cura) Albendazol. Secnidazol. TEMA: TOXOPLASMOSE o agente etiológico é o protozoário, Toxoplasma Gondii. Encontrado em fezes de gatos e felinos, podendo contaminar o ser-humano. PATOLOGIA É uma parasitose (zoonose) de grande sucesso evolutivo. Tem distribuição geográfica mundial. A manifestação clínica da doença é pouco frequente, sendo a forma mais grave em recém-nascidos, causando complicações neurológicas, encefalite e hidrocefalia, com altas taxas de morbidade e mortalidade. Os felídeos, principalmente gatos, são considerados hospedeiros definitivos (forma sexuada). O ser humano e outros animais, são hospedeiros intermediários, ocorrendo apenas a fase assexuada do ciclo. Por Daiane Bendia 14 FOMAS DO PROTOZOÁRIO As formas infectantes são: Taquizoítos – encontrado durante a fase aguda e pouco resistente ação do suco gástrico. Bradizoítos (cistozoítos) – encontrados em células permanentes, como retina, tecido nervoso e cardíaco, durante a fase crônica da infecção. Oocisto – forma de resistência, produzidos em células intestinais dos felídeos e são eliminados nas fezes. CICLO E TRANSMISSÃO Ciclo heteroxênico. Nos felídeos ocorre tanto a fase sexuada quanto a assexuada, por isso, considerados hospedeiros definitivos. Inicia-se quando os felinos ingerem ratos infectados, também considerados hospedeiros intermediários, contendo oocistos imaturos, que mais tarde se transformam em bradizoítos. Os ovos são eliminados nas fezes do gato. MEIOS DE TRANSMISSÃO O oocisto pode estar na água – ingestão de água e alimentos. Cistos em carne crua. Passagem via transplacentária (14% no primeiro trimestre e 59% no terceiro trimestre). SINTOMATOLOGIA A maioria dos infectados e são imunocompetentes (capaz de se manter bem com a presença de algum parasito, vírus ou bactéria). Algumas pessoas sentem febre, dor de cabeça e congestão nasal. TOXOPLASMOSE TRANSPLACENTÁRIA OU PRÉ-NATAL Para que ocorra a transmissão via placentária a gestante deve estar na fase aguda da doença, ou dependendo das suas condições imunológicas, se ela já for portadora do T. gondii, ele vier a reativar sintomas e infectar o feto. Os taquizoítos que atravessam a placenta. ALTERAÇÕES NA GRAVIDEZ 1º TRIMESTRE – alterações raras, porém graves. 2º TRIMESTRE - aborto, nascimento prematuro, o bebê pode nascer sem sequelas ou com anomalias graves. 3º TRIMESTRE – se o bebê nascer sem anomalias, pode apresentar depois de dias, semanas e até meses pós-parto: cegueira, microftalmia, estrabismo, nistagmo, catarata e irite. Mesmo que não apresente nenhum sintoma na infância, na idade adulta ainda pode ter toxoplasmose ocular. TOXAPLASMOSE GANGLIONAR OU FEBRIL AGUDA Forma MAIS FREQUENTE. Pode serencontrada tanto em crianças quanto em adultos. Os gânglios podem estar comprometidos ou não, apresentar febre alta. O sintoma mais comum aqui é a hepatoesplenomegalia, mas pode ocorrer também, mialgia, dor abdominal, mal-estar e exantema. TOXOPLASMOSE OCULAR A coriorretinite faz inflamação da coroide, e possível necrose de retina, que fica bem definido. Lesão mais frequente na toxoplasmose ocular. Por Daiane Bendia 15 ENCEFALITE É raro, podendo acontecer em imunossuprimidos, com AIDS ou transplantados renais. Pode ocorrer a reativação de infecções latentes. NEUROTOXOPLASMOSE Sinais e sintomas podem ser generalizados ou focais. Pode ocorrer déficit neurológico em pacientes com AIDS. É necessário fazer uma tomografia com contraste para identificar lesões neurotóxicas, que são típicas e hipodensas com apresentação anelar. ATENÇÃO: Líquor e sorologia não servem para fazer esse diagnóstico. DIAGNÓSTICO É clínico ou laboratorial de difícil visualização. Feito com base em testes sorológicos: IgM agudo/ IgG crônico. Os testes sorológicos são feitos na suspeita de toxoplasmose aguda, em intervalos de 2-3 semanas. Teste ELISA. Lembre-se: IgM (-) e IgG (+) = infecção crônica e imunidade IgM (+) e IgG (+) = infecção aguda e recente IgM (+) e IgG (-) = infecção aguda/recente sem início de desenvolvimento de imunidade. IgM (-) e IgG (-) = paciente suscetível a doença. Nunca foi exposto. DIAGNÓSTICO DE TOXOPLASMOSE NO RECÉM-NASCIDO O método de escolha é de pesquisa dos anticorpos do tipo IgM no soro do recém-nascido. IgM não atravessa a parede placentária – se ele estiver aumentado, é do próprio bebê e não da mãe. Trofozoíto pode ultrapassar IgG – atravessa a parede da placenta. Sendo assim, fica difícil saber se os anticorpos são dele ou da mãe. Necessário fazer duas medidas de exame para confirmação, método ELISA. DIAGNÓSTICO DE TOXOPLASMOSE OCULAR Feito através de dados clínicos e exames de fundo de olho para pesquisa. DIAGNÓSTICO DE PACIENTES IMUNODEFICIENTES Pedir TC com contraste mesmo em pacientes sem sintomas. PROFILAXIA A doença é considerada incurável. Ter todo cuidado com animais de estimação, principalmente gatos, higienização dos mesmos e de seus pertences. Lavar bem as mãos antes de se alimentar ou tocar olhos, nariz e boca. Atenção à ingestão de carnes mal- passadas, que podem conter cistos, tanto para alimentar felídeos e seres humanos. TRATAMENTO Fase aguda assintomática: associa-se pirimetamina com sulfatiazina ou sulfadoxina. Para toxoplasmose ocular ativa, além desses, utiliza- se prednisona, que é anti-inflamatório e antiparasitários. associa-se pirimetamina com sulfatiazina + predinisona – escolha mais usada (acima de 85%) Por Daiane Bendia 16 cloridrato de clindamicina, sulfatiazina e prednisona – alcança 93%. Espiramicina, sulfatiazina e meticortem 65% Azitromicina tem bom resultado, porém causa muito efeito colateral. TEMA: MALÁRIA Agente etiológico da doença: - Plasmodium falciparum: + letal - Plasmodium vivax: + comum Transmitida pelo mosquito Anopheles AGENTE ETIOLÓGICO Plasmodium falciparum – é o agente etiológico mais letal Plasmodium vivax – é o agente mais comum Plasmodium malarie Plasmodium ovale Esses são os principais agentes etiológicos de importância médica. Plasmodium Knowesi – agente etiológico da malária na Asia. ETIOLOGIA E CICLO Hospedeiro vertebrado – ciclo assexuado no homem – merozoítos ganham hemácia Hospedeiro invertebrado – ciclo sexuado no mosquito Anopheles. Forma esporozoítos são inoculadas no homem. 70% - atingem o sangue 30% - atingem linfonodos O ciclo exoeritrocítico – passa para o fígado e não dá sintomas. PATOGENIA A malária é uma doença infecciosa febril aguda, causada pelo Plasmodium. É transmitida pela fêmea de mosquitos conhecidos como “mosquito prego”, os Anopheles. É uma doença grave, principalmente na criança. Regiões com temperatura alta favorecem a doença. TRANSMISSÃO Picada do mosquito Transfusão de sangue contaminado Via placenta para o feto Seringas infectadas Os parasitas chegam no fígado após infectar os humanos onde se multiplicam rapidamente. Na corrente sanguínea, invadem os glóbulos vermelhos do sangue e, começam a destruí-los. Nesse momento, quando as hemácias se rompem e liberam os merozoítos, ocorre os sintomas da doença. Paciente começa quadro de anemia e febre. SÃO OS DOIS SINTOMAS MAIS COMUNS. SINTOMAS A principal manifestação clínica da malária em sua fase inicial e aguda é a febre. Pode ocorrer: Suores noturnos Cefaleia Dor no corpo Cansaço Diarreia Vômitos Falta de apetite A febre corresponde ao momento em que as hemácias estão rompendo. Há eritrocitose no Hemograma. Período de incubação: - 9 a 14 dias para P. Falciparum - 12 a 17 dias P. vivax Por Daiane Bendia 17 QUADRO CLÍNICO Paciente tem mialgia, cefaleia e evolui para febre alta. Passa por uma semana sem sintomas e a febre volta. (febre cíclica) FEBRE TERÇÃ – ocorre de 2 em 2 dias – ou seja, febre no terceiro dia. FEBRE QUARTÃ – ocorre de 3 em 3 dias – ou seja, febre no quarto dia. Quando as hemácias se rompem, de 15 min a 1 hora o paciente inicia febre alta e desajuste hipotalâmico. MALÁRIA NÃO COMPLICADA Paciente se apresenta pálido e baço palpável MALÁRIA COMPLICADA Adultos não imunes, assim como criança e grávidas apresentam formas graves. Coma, insuficiência renal, edema agudo, hipoglicemia (crianças), icterícia, convulsões, aumento da bilirrubina a partir das hemácias destruídas. Malária cerebral: falciparum EPIDEMIOLOGIA 97% dos casos estão na área amazônica, 150 a 200 mil/ano. Pacientes menores que 5 anos correspondem a 80% dos casos, mais de 400.000 mil mortes no mundo, destes, 90% na África. DIAGNÓSTICO Gota espessa – na hora da febre – método de escolha para identificar se é plasmodium. Esfregaço tem menor sensibilidade. TRATAMENTO Profilaxia – redução da transmissão, usando medidas de proteção, roupas claras e compridas. Por Daiane Bendia 18 TEMA: ESQUISTOSSOMOSE Também chamada de Barriga d’água, xistose, a Esquistossomose é causada por um helminto trematódeo, o Schistossoma mansoni. PATOGENIA A esquistossomose é uma parasitologia muito relacionada com o saneamento básico precário e em contato com água doce onde existam caramujos infectados pelo helminto Shistossoma mansoni. O período de incubação, e o início dos sintomas é de duas a seis semanas. É importante dizer que a transmissão da esquistossomose não ocorre por contato direto com o doente, nem por autoinfecção. Os sintomas e gravidade da doença dependem da espécie de Schistossoma. Aqui no Brasil, mais comum é o S. mansoni. A doença depende de qual cepa, carga parasitária adquirida, idade e estado nutricional. EPIDEMIOLOGIA É prevalente de regiões tropicais e subtropicais, em comunidades sem acesso à água potável, sendo registrada em 54 países. No Brasil, as áreas endêmicas estão no Nordeste e Sudeste: Alagoas, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Paraíba, Sergipe, Espírito Santo e Minas Gerais (norte e nordeste deste Estado). Estima-se que cerca de 1,50 milhões de pessoas que vivem em áreas de risco. AGENTE ETIOLÓGICO Schistossoma mansoni é a única espécie presente no hemisfério ocidental e nas regiões da América do Sul. FORMAS EVOLUTIVAS Ovos – liberados pelo homem Miracídios – advindos da eclosão dos ovos e que infectam os caramujos Cercárias – os miracídios dentro dos caramujos se transformam em cercárias, forma infectando do homem. Vermes adultos – reproduzem ovos CICLO E TRANSMISSÃO O Homem é o hospedeiro definitivo. Caramujos Biomphalaria e o hospedeiro intermediário. Fatores que podemse tornar um risco para a infecção: Existência do caramujo transmissor Contato com a água contaminada Usar água contaminada para uso doméstico Residir em regiões com saneamento básico precário Regiões onde não há água potável 1) No hospedeiro humano, os ovos contendo miracídios são eliminados nas fezes ou urina na água. Por Daiane Bendia 19 2) Na água, os ovos eclodem e liberam os miracídios. 3) Os miracídios nadam e penetram em um caramujo (hospedeiro intermediário) 4) Dentro do caramujo, os miracídios progridem através de 2 gerações de esporocistos para se tornarem cercárias. 5) As cercárias nadadoras livres são liberadas pelo caramujo e penetram na pele do hospedeiro humano. 6) Durante a penetração, as cercárias perdem sua cauda bifurcada, tornando-se esquisossônulos, que são transportados através da vasculatura até o fígado. Lá, se transformam em vermes adultos. A cauda da cercária que fica no chão pode infectar pés, pernas e serem levados para água. 7) O par (macho e fêmea) dos vermes adultos, dependendo da espécie, para as veias intestinais no intestino ou reto, ou para o plexo venoso do trato genitourinário, no qual vivem e botam os seus ovos. SINAIS E SINTOMAS A maioria das pessoas que são portadoras são assintomáticas. No entanto, na fase aguda, algumas pessoas apresentam após 50 DIAS da infecção: No hemograma apresenta eosinófilos aumentado (eosinófilos: presença de inflamação/parasitoses) Fibrose hepática Dor abdominal Febre alta Dor de cabeça Calafrios Suores Fraqueza Inapetência Dor muscular Diarreia O sistema complemento forma uma inflamação importante no órgão acometido. Na fase crônica, a diarreia persiste, pode apresentar sangue nas fezes e emagrecimento, além disso: Tonturas Sensação de plenitude gástrica Prurido anal Palpitações Impotência Hepatomegalia Em casos graves da fase crônica, estado geral de piora, Há AUMENTO DO VOLUME DO ABDOMEN e: Hepatomegalia Aumento do baço Hemorragia digestiva Hipertensão pulmonar e portal Morte PROFILAXIA A prevenção da esquistossomose consiste em: - Contato com água onde existam caramujos infectados - Medidas de saneamento básico - Educação em saúde DIAGNÓSTICO Exame parasitológico de fezes Katu Katz: 3 amostras PCR: tem maior sensibilidade, porém é mais caro. Biópsia de raspagem retal Ultrassonografia TRATAMENTO Baseia na utilização do PRAZIQUANTEL, medicação específica para a cura da infecção. É o único fármaco disponível, sendo distribuído gratuitamente pelo Ministério da Saúde. Por Daiane Bendia 20 ATENÇÃO: Esse medicamento não deve ser administrado nas seguintes situações: Durante a GESTAÇÃO Período de amamentação – caso a mulher esteja infectada e amamentando, deve amamentar somente após 72h após a tomar a medicação. Crianças menores de 2 anos Pacientes com insuficiência hepática grave Pacientes com insuficiência renal Risco/benefício avaliado pelo médico. Tratamento de quimioterapia para evitar formas crônicas. TEMA: ASCARIDÍASE Também conhecida como “Lombriga”, a ascaridíase é a infecção intestinal por helminto mais prevalecente no mundo, o Ascaris lumbricoides. PATOGENIA Deve ser estudada acompanhando o ciclo deste helminto, ou seja, as alterações produzidas pelas larvas e adultos. Em ambas as situações, a intensidade das alterações provocadas está diretamente relacionada com o número de formas presentes no hospedeiro. Infecções de baixa intensidade: não se observa nenhuma alteração e sintomas inespecíficos (3 a 4 vermes). Infecções moderadas: vermes no estágio adulto encontrado no intestino delgado (30 a 40 vermes). Infecções intensas ou maciças: alterações sistêmicas, com obstruções e toxidez nos sistemas, podendo ser preciso intervenção cirúrgica (mais de 100 vermes). EPIDEMIOLOGIA A ascaridíase tem distribuição universal. Ela se concentra nas regiões tropicais e subtropicais com condições sanitárias precárias. É considerada a infecção intestinal mais comum por helminto no mundo. Prevalece em crianças de 2 a 10 anos. Estima-se que 30% da população mundial, ou seja, 1,5 milhões de pessoas são infectadas, contribuindo para uma população mais desnutrida em condições sanitárias precárias. Ela é responsável por 60.000 mortes em todo o mundo anualmente, dentre esses, 2.000 por obstrução intestinal ou do trato biliar, principalmente crianças. AGENTE ETIOLÓGICO O agente etiológico é da família Acarididae, subfamília Ascaridinae. O Ascaris lumbricoides é popularmente conhecimento como A. duodenale, por estar presente no intestino delgado e intestino grosso. A reprodução é de forma sexuada, sendo que oxigênio, temperaturas altas entre 25º/30ºC e umidade menor de 70% favorecem. É um agente patológico que conseguiu grande sucesso evolutivo ao longo dos anos, a fêmea põe cerca de mais de 200 mil ovos, e biologicamente, as infecções por ascaridíase são consideradas moderadas. FORMAS EVOLUTIVAS Ovos – forma infectante contendo larvas L3. São encontrados nas fezes e no ambiente. Larvas – forma encontrada nos pulmões, a qual faz a síndrome de Loeffler. Por Daiane Bendia 21 Adulto fêmea e macho – A fêmea é pouco maior que o macho, reprodução sexuada, a qual produzem ovos. CICLO E TRANSMISSÃO O ciclo é monoxênico fecal/oral e de homem para homem. A transmissão se dá por meio da ingesta de ovos contendo larva L3, por má higienização de alimentos, lavagem das mãos incorretamente, sendo que eles não são removidos facilmente, podendo se instalar debaixo de unhas. Poeira, aves, insetos (moscas, baratas) são consideradas veículos para transmissão. O ciclo: ovos de A. lumbricoides ingeridos eclodem no duodeno e as larvas resultantes penetram na parede do intestino delgado, migrando pela circulação portal através do fígado para o coração e para os pulmões. As larvas se fixam nos vasos capilares alveolares, penetram nas paredes alveolares e ascendem à árvore brônquica para a orofaringe. São ingeridos, passando pela laringe, faringe, esôfago e voltam ao intestino delgado, no qual se desenvolve até vermes adultos (+/- uns 40 dias para chegar na fase adulta), se acasalando e liberando ovos nas fezes. Ao passar pelo sistema respiratório, ocorre a Síndrome de Loeffler, caracterizada por uma pneumonia eosinofílica, na qual parasitas intestinais passam pelos infiltrados pulmonares, é detectado no hemograma, e os pacientes apresentam tosse seca, dispneia, sibilos e febre baixa. SINAIS E SINTOMAS Infecções nocivas por larvas no fígado e no pulmão podem apresentar pontos hemorrágicos e até apresentar necrose. Nesse caso, pede-se RX a partir de sintomas respiratórios. Achado: Pneumonia (PNM). Sintomas: Febre, tosse (catarro pode apresentar sangue, muco e larvas do helminto), dispneia, manifestações alérgicas, bronquite e eosinofilia. Verme adulto – Há ações do tipo: Ação espoliadora: Vermes consomem proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas A e C. Levando o paciente, principalmente crianças, a à subnutrição e depauperamento físico e mental. Ação tóxica/alérgica: a reação do parasita com anticorpos causa edema, urticária e convulsões. Ação mecânica do verme: se enovelam no intestino, causando obstrução, irritação da parede intestinal onde é necessário realizar intervenção cirúrgica. Essa é a complicação aguda mais comum. Localização ectópica: altas cargas parasitárias, uso impróprio de medicamentos, alimentos condimentados e febre, pode deslocar o helminto dos locais habituais, chamamos de áscaris errático. Situações ectópicas que cursam para cirurgia: No apêndice cecal: apendicite aguda Ducto colédoco: obstrução, colestase Duto Pancreático: pancreatite aguda Eliminação de vermes pela boca e narinas. Por Daiane Bendia 22 PROFILAXIAEducação em saúde (nas escolas), saneamento básico, condições melhores de moradia. Os pacientes tratados, mas que residem em área não saneadas recebem fezes contendo ovos do parasita por todo ambiente, isso explica a razão de que em áreas urbanas, mesmo com tratamento regular para os doentes, e ainda ser uma área com altos níveis de infeção. Desse modo, o saneamento é essencial para a manutenção, em longo prazo, do controle do helminto. Educação em saúde foi enfatizado para a redução da prevalência e intensidade de infecção de A. lumbricoides. Essa medida em escolas é de grande valia, especialmente considerando a prevalência da doença em crianças (alta prevalência, alta porcentagem de resistência ao tratamento, altas taxas de eliminação de ovos e altos níveis de reinfecção. Melhores condições sanitárias, educacionais e culturais da população. Construção de rede de esgoto, fossas sépticas, destino adequado de resíduos orgânicos domésticos, tratamento da água, lavagem de alimentos e proteção contra insetos e poeira, diagnóstico e tratamento de casos positivos no parasitológico. Políticas públicas nas UBS. DIAGNÓSTICO É pouco sintomático e, por isso, de difícil diagnóstico. A gravidade depende do número de vermes que infecta. O diagnóstico da ascaridiose é feito pela identificação de ovos do parasita nas fezes. EPF com sedimentação: 40 dias de contaminação, sem necessidade de metodologia específica ou métodos de enriquecimento. Fase precoce o EPF dá negativo, devido as larvas estarem nos pulmões. O método Kato Katz é recomendado pela OMS apenas para inquéritos epidemiológicos, permitindo a quantificação dos ovos e grau de parasitismo. A infecção é exclusivamente por vermes fêmeas. TRATAMENTO Indicados pela OMS: Albendazol – pouco absorvido pelo hospedeiro e sua ação anti-helmíntica ocorre no TGI. Mebendazol – absorção pequena, aumenta com alimento gorduroso. Ivermectina – é absorvido pelo sangue, induz íons cloro pelas membranas o que paralisa o helminto até sua excreção. Os medicamentos são eficientes contra vermes adultos, por isso, três meses após o tratamento é necessário repetir o exame para controle da cura. TEMA: ANCILOSTOMÍASE Conhecida popularmente como Amarelão, devido o helminto absorver sangue e ferro do hospedeiro, causando um quadro de anemia. PATOGENIA Ancislostomíase é uma infecção provocada por Acylostoma duodenale ou Necator americanos. É Por Daiane Bendia 23 uma das principais causas de anemia por deficiência de ferro em regiões endêmicas. EPIDEMIOLOGIA As infecções pelo mundo chegam a 576 a 740 milhões de pessoas, principalmente em países em desenvolvimento. A. duodenale e N. americanos, são encontrados na África, na Ásia e nas Américas. Somente o A. duodenale é encontrado no Oriente Médio, no norte da África e no sul da Europa, regiões frias. N. americanos predomina nas Américas e na Austrália, distribuído pelo sul dos Estados Unidos. Pode ser encontrado em regiões rurais e em regiões urbanas. AGENTE ETIOLÓGICO Ancilostoma duodenale e Necator americanus são muito comuns no Brasil. A reprodução do parasita é sexuada. A fêmea é um pouco maior que o macho. O verme adulto de N. americanus forma cilíndrica e cápsula bucal contendo duas lâminas ou placas cortantes semilunares subventrais e duas lâminas cortantes subdorsais. O verme adulto de A. duodenale apresenta dois pares de dentes ventrais na martem interna da boca e duas lancetas subventrais no fundo da boca. Fêmeas de ambas as espécies são maiores em relação ao macho. FORMAS EVOLUTIVAS Ovos – são dispersos no ambiente Larvas – L1 (3/4 dias) -> L2 (após 5º dia) -> L3 – larvas filariformes que sobrevivem em condições ambientais favoráveis. FORMA INFECTANTE Embrionamento – 12 a 24 horas. Vermes adultos (macho e fêmea) – reprodução sexuada no intestino delgado. Alimentam-se de sangue. Podem viver por mais de 2 anos. Excretam ovos pelas fezes que são dispersas no ambiente. CICLO E TRANSMISSÃO Os ovos saem pelas fezes, evolui para larvas no ambiente, a qual penetra a pele/mucosas e alcançam a circulação e fazem o Ciclo de Loeffler (o mesmo que ocorre na ascaridíase). As espécies de ancilostomídeo que alcançam a maturidade no intestino humano têm ciclos de vida semelhante. Os ovos eliminados nas fezes eclodem em 1 a 2 dias (se depositados em local aquecido e úmido no solo) e liberam larvas que podem sobreviver de 3 a 4 semanas. Essas larvas penetram a pele humana quando as pessoas andam descalças pelo solo infectado. Alcançam a circulação e chegam nos pulmões. Ascendem à árvore respiratória para a epiglote e são deglutidos, se desenvolvendo nos adultos, prendendo-se à parede do intestino delgado e alimentam-se de sangue. SINAIS E SINTOMAS Frequentemente a infecção é assintomática. Pode haver prurido no local da penetração da larva (exantema papulovesicular/coceira da terra), especialmente nos pés. Por Daiane Bendia 24 A migração das larvas para os pulmões pode causar a síndrome de Loeffler, cursando com tosse, inflamação na garganta, febre, eosinofilia e sibilos. Quando as larvas estão passando pelo trato respiratório o paciente tem dificuldade de deglutir, obstrução da garganta e dor ao falar. Ao chegar no intestino, na fase aguda, os pacientes podem queixar dor epigástrica, dor abdominal, náuseas, vômitos, anorexia, flatulências, diarreia e perda ponderal. Na fase crônica, quando há a laceração da mucosa pelos aparatos bucais de vermes adultos, ocorre anemia, deficiência de ferro, palidez, dispneia, fraqueza, taquicardia e cansaço. A perda crônica de sangue causa anemia por deficiência de ferro devido à sucção e excreção de enzimas que acarreta perda de sangue nas fezes (sangue oculto). O desenvolvimento de anemia depende da carga parasitária e da quantidade absorvida de ferro na dieta. A hipoalbuminemia está associada à diminuição da capacidade de síntese da albumina no fígado, à perda de plasma durante a hematofagia e à desnutrição do hospedeiro. Em gestantes, ocorre retardo no crescimento do feto. PROFILAXIA Saneamento básico Alimentação de qualidade Água filtrada Defecar em lugar apropriado Lavar bem as mãos Educação em saúde Uso de calçados DIAGNÓSTICO Exame parasitológico de fezes – EPF: método para saber se é ancilostoma. Coprocultura: métodos especiais – objetivo de identificar espécies. TRATAMENTO Albendazol Mebendazol Tratamento em massa não tem sentido, devido a resistência e reinfecção. Não tem vacina. TEMA: TENÍASE e CISTICERCOSE Infecções pela classe de cestodas, são conhecidas popularmente como Solitária, devido este agente etiológico ser Hermafroditas. PATOGENIA Os cestoides pertencem à família Taenidae, na qual se destacam Taenia solium e T. saginata, responsáveis pelo complexo teniose-cisitcercose, definido como alterações patológicas causadas pelas formas adultas e larvares nos hospedeiros. É um problema sério de saúde pública onde existe condições sanitárias, socioeconômicas e culturais precárias, favorecendo a transmissão. A teníase é contraída ao ingerir carne contaminada, de suínos ou bovinos, malpassada ou crua. Os bovinos são hospedeiros intermediários da T. saginata e os suínos são hospedeiros da T. solium. O homem é hospedeiro definitivo para as duas espécies e libera ovos para o ambiente, contaminando os hospedeiros intermediários. Por Daiane Bendia 25 EPIDEMIOLOGIA A teníase e a cisticercose ocorrem em todo o mundo. A cisticercose é prevalente, e a neurocisticercose é a maior causa de epilepsia na América Latina. A cisticercose é rara nos países muçulmanos. A infecção nos EUA é mais comum em imigrantes, mas norte-americanos que não viajaram para o exterior foram infectados pela ingestão de ovos a partir de imigrantes que abrigam a T.solium adulta. Segundo a literatura disponível na biblioteca e orientada pelo professor, há cerca de 77 milhões de pessoas parasitadas por T. saginata no mundo, dos quais 32 milhões na África, 11 milhões na Ásia (exceto Rússia), 2 milhões na América do Sul e 1 milhão na América do Norte. Em tese, em todos os lugares que comem carne estão sujeitos a contrair as infecções. AGENTE ETIOLÓGICO Como já mencionado, são parasitos do grupo da classe Cestoda que apresentam o corpo achatado dorsoventralmente e são providos de órgãos de adesão, a qual se fixa na parede intestina, chamados de ventosas. Taenia solium – vivem em porcos T. saginata – vivem em bois A diferença entre eles é pela conformação do estróbilo, segundo o professor. Acúleos: ganchos FORMAS EVOLUTIVAS Os ovos são esféricos e medem cerca de 30mm. Cisticercos, larvas e vermes adultos. Vermes adultos possuem: escólex (apresenta ventosas que fixam às mucosas), Colo (intensa multiplicação, zona de crescimento e estróbilo (restante do corpo, diferenciação dos órgãos genitais e formadoras de proglotes). CICLO E TRANSMISSÃO Os seres humanos desenvolvem infecção intestinal com tênias adultas após a ingestão de carne de porco e boi contaminadas cruas ou malcozidas contendo cisticercos, ou podem desenvolver cisticercose após a ingestão de ovos de T. solium (tornando os seres humanos hospedeiros intermediários). Teníase: ingesta acidental de ovos Autoinfecção externa: eliminam ovos e proglotes pelas fezes e leva as mãos contaminadas sem higienização na boca (coprofagia). Autoinfecção interna: pode ocorrer durante os vômitos, que voltam ao estômago e posteriormente voltam ao intestino, ciclo auto infectante. Autoinfecção: paciente pode evoluir de teníase para neurocisticercose. Heteroinfecção: ingerindo alimentos e água contaminados por dejeções de outras pessoas. Ciclo biológico Teníase Carne com cisticerco são ingeridas e se transformam em ver0mes adultos que se fixam no intestino delgado e reproduzem. Há a evacuação de ovos, que a água e no ambiente, podendo infectar porcos e bois. Com o contado, os ovos ganham tecidos (olho, SNC, músculos). O ser humano come a carne malpassada, malcozida contendo o cisticerco. Por Daiane Bendia 26 Ciclo biológico Cisticercose O ser humano evacua ovos, caem na água e no ambiente, ficando contaminados. Com essa água, lava-se verduras, frutas e se usa para ingestão. Os ovos ingeridos pelo ser humano ganha tecidos, músculos, SNC (neurocisticercose) na qual o paciente faz crise convulsiva (muito grave). SINAIS E SINTOMAS Teniose Devido ao longo tempo que T. solium e T. saginata parasitam o ser humano, causam fenômenos tóxicos alérgicos por substâncias excretadas, provocam hemorragias devido sua fixação na mucosa, destroem o epitélio, inflamando e produzindo muco. Os doentes sentem: tontura, astenia, apetite excessivo, náuseas, vômitos, alargamento do abdômen, dor abdominal e perda de peso. Pode ocorrer a obstrução intestinal. Cisticercose Manifesta graves alterações nos tecidos musculares, subcutâneos, bulbo ocular e sistema nervoso central. A cisticercose muscular é geralmente assintomática, formando uma reação local e membrana fibrosa onde estão alojados. Quando há sintomas devido a muitos cisticercos: dor, fadiga, cãibras. No subcutâneo: pode ser palpável, indolor e ser confundido com um cisto sebáceo. A neurocisticercose: pode resultar em compressão, irritação vascular e obstrução ventricular, alterando o fluxo liquórico. Hipertensão intracraniana e hidrocefalia. Há presença de calcificações de cisticercos e serem associados à epilepsias. Os sintomas dependem do número, localização, tipo morfológico. PROFILAXIA Segundo a OMS a teniose é uma doença erradicável, devido ao ciclo biológico dos parasitas, a depender dos seres humanos contaminados, que excretam fezes em local desapropriado sendo fonte de contaminação animal, quando há inexistência de fossas e rede de esgoto. Sendo necessário a intervenção de órgãos públicos, com construção e manejo dessas redes. A educação em saúde. Combate ao abate clandestino de animais. Impedir que animais tenho contato com fezes humana. Orientar população a não ingerir carne crua ou malpassada, malcozida. Neurocisticercose: presença de lesões císticas, hipodensas, contornos delimitados no parêquima cerebral. Por Daiane Bendia 27 Medidas de inspeção pelo Ministério da Agricultura: Liberação de carnes com manejo adequado, tratamento especial para carcaças com cisticerco (salga, defuma, refrigera), rejeição total para o consumo humano. DIAGNÓTICO Os diagnósticos têm como base a análise clínica, epidemiológica e laboratorial. Assim, como é de grande importância para nós, os relatos do paciente, se há criação inadequada de suínos, hábitos higiênicos, acesso à saneamento básico, água de qualidade e ingesta de carnes malcozidas, e se há diagnóstico em familiares. Teníase EPF – detecta presença de ovos da Taenia. Tamisação – diagnóstico específico. Consiste em lavagem em peneira fina de todo bolo fecal, recolhendo as proglotes e identificando pela morfologia uterina. Método de Graham - Método de fita adesiva – é indicado para o diagnóstico de Taenia sp e Enterobius vermiculares, cujos ovos são frequentemente encontrados na região perianal e mais raramente nas fezes. Os ovos da região ficam aderidos na fita DUREX e esta funciona como uma lamínula. Microscopicamente os ovos de T. solium e T. saginata são iguais. PCR – é sensível, mas de custo alto. Cisticercose Em geral não é sintomática e pode haver presença de calcificação. Biópsias – diagnóstico laboratorial por pesquisa do parasito em observações da anatomopatologia. Necropsia e cirurgia, se necessário. Neurocisticercose: neuroimagem (TC) apresentando calcificações difusas pelo parênquima cerebral, lesões císticas, hipodensas, contorno delimitado LCR – pleocitose, eosinofilorraquina e positividade da reação de fixação do complemento até hoje. Exame oftálmico de fundo do olho: indicado em pacientes com cefaleia, visão turva. E punção lombar: análise do líquido cefalorraquidiano. TRATAMENTO Teniose As medicações mais recomendadas são: Niclosamida: imobiliza a taenia, facilitando a eliminação pelas fezes. Geralmente à esse tratamento é associado leite de magnésio para promover a eliminação de tênias inteiras. Praziquantel Neurocisticercose Praziquantel e albendazol. Tratamento cirúrgico O papel do tratamento cirúrgico tem caído em desuso com o passar do tempo, ficando restrito apenas se há obstrução na circulação liquórica, causando hidrocefalia secundária, ou em casos isolados de neurocisticercose na topografia intraventricular ou no espaço subaracnóideo, quando exequível. Por Daiane Bendia 28 TEMA: OXIURIOSE Infecção intestinal causada por oxiúros Enterobius vermicularis, geralmente em crianças. Pode acontecer em adultos e com aqueles que tem contato anal-oral. PATOGENIA A oxiurose/oxiuríase, é causada pelo nematódeo Enterobius vermiculares, comum em crianças, mas podem atingir membros adultos da família. Os vermes são pequenos e de aspecto delgado, filiformes, que hospeda, preferencialmente, no intestino grosso e região perianal. Como principal sintoma, é a coceira perianal, gerando grande desconforto e pode ocasionar lesões e infecções secundários ao redor do ânus. Esse nematódeo é pertencente da família Oxuuridae, gênero Enterobius. EPIDEMIOLOGIA A Enterobiose apresenta distribuição mundial, sendo o seu aspecto cosmopolita evidenciado pelos vários estudos epidemiológicos existentes, os quais indicam ocorrência e prevalência significativa da infecção por E. vermicularis em diferentes localidades, climas e populações. O helminto é de grande importânciaclínica mais prevalente em países da Europa, na Austrália e nos EUA, onde a prevalência total média foi estimada em 11,4%. Considerando-se apenas a população infantil norte- americana, as prevalências de infecção ainda alcançam 30%. Há relatos de até 30 e 89% de positividade entre escolares da Inglaterra e da Bélgica, respectivamente. No Brasil, a ausência de estudos atuais com metodologia específica para o diagnóstico do parasito faz a real frequência enterobiose ser desconhecida. Previamente, prevalências de 22,3 a 65% foram detectadas em crianças. AGENTE ETIOLÓGICO O E. vermicularis apresenta nítido dimorfismo sexual, há caracteres comuns aos dos sexos: cor branca, corpo filiforme e cutícula finamente estriada em sentido transversal. Na extremidade anterior, lateralmente à boca, notam-se expansões vesiculares da cutícula, chamadas “asas cefálicas”. A boca é pequena, com três lábios retráteis. Segue um esôfago também característico, claviforme e relativamente musculoso, terminando em um bulbo cardíaco. FORMAS EVOLUTIVAS Ovo: mede de 50 a 60 µm por cerca de 20 µm de largura. Apresenta um aspecto de letra D, pois um lado do ovo é achatado e o outro é convexo. Quando os ovos o corpo da fêmea, já possui uma larva já formada em seu interior. O ovo tem uma substância viscose que favorece a adesão à substratos. Fêmea: quando desenvolvida, a fêmea mede cerca de 1 cm por 0,4 cm mm de diâmetro. A extremidade posterior é bastante afilada, sendo a cauda longa e pontiaguda. As fêmeas põem em média 16 mil ovos. Macho: é menor que a fêmea, medindo 0,3 a 0,5 cm de comprimento por 0,3 mm de diâmetro. A cauda é recurvada em sentido ventral. CICLO E TRANSMISSÃO O ciclo é monoxênico. Depois da cópula, os machos são eliminados com as fezes do hospedeiro e morrem. As fêmeas grávidas de E. vermicularis, desprendem-se do ceco, passam por todo o intestino grosso, pelo esfíncter anal e alcançam o ambiente externo. Certa quantidade, pode se fixar no ânus e em áreas adjacentes. Os ovos são postados pelo rompimento do corpo do verme, por dessecamento ocasionado pelo meio externo ou por quantidades grandes de ovos no corpo da fêmea. Os ovos podem resistir até 3 semanas no ambiente. Por Daiane Bendia 29 Após a ingestão de ovos pelo hospedeiro, larvas do tipo rabditoide eclodem no duodeno, passam pelo jejuno e pelo íleo, alcançando então o ceco. Se transformam em vermes adultos, realizam cópula, os machos são eliminados e morrem, e as fêmeas grávidas povoam o reto e ânus, sendo externalizadas, iniciando um novo ciclo. Transmissão Heteroinfecção: quando os ovos estão presentes em alimentos, poeira e outros fômites alcançando novo hospedeiro. Indireta: ovos presentes em alimentos, poeira e fômites, infectando o mesmo hospedeiro que os eliminou. Autoinfecção externa ou direta: o próprio indivíduo após coçar a região perianal, leva os ovos infectantes na boca. Sendo esse o mecanismo mais comum em crianças. Autoinfecção interna: as larvas eclodem ainda dentro do reto e depois migram até o ceco, viram adultos. É considerado um processo excepcional. Retroinfecção: as larvas que eclodem na região perianal readentram o sistema digestivo pelo ânus, ascendem o intestino grosso e chegam ao ceco e aí se transformam em vermes adultos. SINAIS E SINTOMAS A patogenicidade de E. vermicularis é baixa, ilustra- se pela ausência de sintomas ou manifestações clínicas. A depender de quantidades maiores do parasito no hospedeiro, a clínica é observada: O prurido na região perianal é a manifestação clínica mais prevalente na parasitose. Cuja exacerbação ocorre no período noturno, devido ao calor do leito e quando há maior ativação do parasita. Há irritação local, edema, lesões mínimas no intestino, podendo haver erosões e discreta inflamação, causando pequenas hemorragias e presença de muco. Ulcerações de mucosa ou submucosa são resultantes, de infecções bacterianas secundárias. Se o número de oxiurídeos é muito elevado pode acontecer uma inflamação catarral na região ileocecal pode ocorrer, havendo, nessas situações, manifestações gastrointestinais, como náuseas, vômito, dores abdominais (pouco característico), alterações na frequência evacuatória e nas características das fezes, como diarreia e melena devido ao aumento de eosinófios. Devido maior ativação do parasito no período noturno, há alterações neurocomportamentais devido à qualidade do sono. Principalmente as crianças, se mexem excessivamente na cama, há relatos de bruxismo, sonambulismo e pesadelos. Causando durante o dia, cansaço extremo, presença de olheiras, apatia e inquietação. Pode ocorrer baixo rendimento escolar, angústia, irritabilidade, vertigem e anorexia. PROFILAXIA Manejo adequado de vestes, roupas íntimas e de cama usadas pelo infectado. Não podem ser sacudidas pela manhã, mas enroladas e lavadas diariamente em água fervente. Manter unhas cortadas e lavar frequentemente as mãos. Principalmente após o uso do banheiro e antes das refeições. Banho diário, ao chuveiro, pela manhã. Evitar coçar a região perianal. Evitar levar as mãos à boca. Limpeza diária da casa. Por Daiane Bendia 30 Tratar todos da casa. DIAGNÓTICO Clínico O diagnóstico é facilitado se há o relato de prurido noturno e mudança nos hábitos comportamentais, devido à insônia. Na anamnese, deve procurar saber se há outras pessoas do círculo familiar apresentando prurido e questionar se há presença de outros sintomas que podem ocorrer. Deve ser perguntado se há a observância de vermes do tipo “largatinhas” no ânus, que podem ser vistos a olho nu ou no papel higiênico após a higienização. Pode ser relatado a presença de prurido vaginal, no caso de sexo feminino. Complementar O exame parasitológico de fezes por vezes é limitado, pois as fêmeas não se ovipõem na luz intestinal, tendo uma eficácia de 5 a 15% apenas. Podemos ter um positivo no exame se houver uma grande infestação do parasita. Considerando a eficácia e os custos, o método de fita adesiva de Graham é, sem dúvida, o mais adequado para identificar ovos e fêmeas de E. vermicularis. TRATAMENTO Os fármacos mais utilizados são: Pamoato de pirantel: efeitos colaterais cursando com náuseas, vômitos, cefaleia e sonolência. Contraindicado para gestantes e pacientes com disfunção hepática. Eficácia de 80 a 100%. Albendazol: efeitos colaterais com náuseas, vômito, cefaleia, podendo ou não estar associado a desconforto gastrointestinal. Não deve ser usado na gravidez. Eficácia próxima a 100%. Ivermectina: efeitos colaterais bem parecidos com os outros medicamentos, incluindo prurido, tontura e astenia, é contraindicado em pacientes com alterações de sistema nervoso e durante a gravidez ou amamentação. Eficácia superior a 85 a 100%. TEMA: FILARIOSE Muito conhecida como Elefantíase, a filariose linfática é causada por helmintos da espécie Wuchereria bancrofti, na qual espécies adultas do verme estão nos vasos linfáticos. PATOGENIA Doença causada por nematodas Wuchereria bancrofti que se alojam nos tecidos linfáticos e subcutâneos, causando severos edemas em diversos membros. Vermes adultos machos e fêmeas permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos humanos, vivendo, em média, 8 a 10 anos. As regiões do corpo humano que normalmente abrigam as formas adulta são: pélvica (pernas e escroto), braços e mamas (mais raramente). São frequentemente localizados nos vasos linfáticos do cordão espermático. As microfilárias eliminadas pelas fêmeas saem dos ductos linfáticos e ganham a circulação sanguínea do hospedeiro. A transmissão é feita através da picada de mosquitos vetores como Culex quinquefasciatus. EPIDEMIOLOGIA A Filariose linfática, da espécie W. bancrofti está presente em áreas tropicais e subtropicais da África, da Ásia, no Pacífico e nas Américas, inclusiveno Haiti. No Brasil, a patologia atualmente está restrita a alguns focos no Pará, Pernambuco e Alagoas. AGENTE ETIOLÓGICO As formas evolutivas de W. brancrofti que parasitam os hospedeiros humanos são os vermes adultos e os embriões denominados microfilárias. O estágio larvário se desenvolve no mosquito vetor. FORMAS EVOLUTIVAS Verme adulto macho: corpo delgado e branco- leitoso. Mede de 3,5 a 4 cm de comprimento e 0,1 Por Daiane Bendia 31 mm de diâmetro. Extremidade anterior afilada e posterior enrolada ventralmente. Verme adulto fêmea: corpo delgado e branco leitoso. Mede de 7 a 10 cm de comprimento e 0,3 mm de diâmetro. Possui órgãos genitais duplos, com exceção da vagina, que é única e se exterioriza. Microfilária: também pode ser chamada de embrião. A fêmea grávida faz a postura de microfilárias. Larvas: são encontradas no inseto vetor. (L1, L2 e L3) CICLO E TRANSMISSÃO O ciclo é heteroxênico. A fêmea do Culex suga o sangue de pessoas parasitadas, ingere microfilárias, que, no estômago do mosquito, após poucas horas, perdem a bainha, atravessam a parede do estômago do inseto, caem na cavidade geral, alojam-se nos músculos torácicos e transformam-se em larva L1. De 6 a 10 dias após, se transforma em L2, e de 10 a 15 dias depois, muda-se para L3, migrando até alcançar o aparelho picador do inseto. No hospedeiro, as larvas L3 penetram a pele, migram para os vasos linfáticos, meses depois, as larvas amadurecem e se transformam em vermes adultos. As fêmeas grávidas após fecundadas produzem microfilárias que migram para o sangue do hospedeiro. Esse ciclo é longo e varia de 7 a 9 meses. Transmissão Unicamente pela picada do inseto vetor, a fêmea do Culex quinquefasciatus, que depositam as larvas infectantes no hospedeiro. Por curiosidade, o que permite a evasão das larvas pelo aparelho picador do mosquito, é o calor do corpo humano. A vida média do mosquito é de 1 mês, e o ciclo biológico do parasito no vetor é de aproximadamente de 15 a 20 dias, e, portanto, é curto o período que ele transmite as larvas. SINAIS E SINTOMAS Infelizmente, o indivíduo infectado fica assintomático e ao aparecer sintomas, já cursa com formas irreversíveis da elefantíase, devido à presença de vermes adultos no sistema linfático ou à resposta imune contra o parasito. O período de incubação é longo, dura meses e até anos. Assintomáticos: podem apresentar doença subclínica com danos nos vasos linfáticos ou no sistema renal, merecendo atenção médica precoce. Manifestação aguda: linfagite (inflamação dos linfáticos), linfadenite (inflamação dos gânglios linfáticos), febre, mal-estar, funiculite e orquiepididimite. Manifestação crônica: linfedema (edema linfático), hidrocele, quiluria (urina com aspecto leitoso ou urina quilosa) e elefantíase, alguns anos após o início dos ataques agudos em moradores de áreas endêmicas. A hidrocele é a manifestação mais comum e se desenvolve na ausência de reações inflamatórias, apresentando microfilárias no sangue periférico e nos fluidos escrotais. A elefantíase acomete, geralmente, membros inferiores e região escrotal. Por Daiane Bendia 32 PROFILAXIA Basicamente evitar o contato com o vetor. Principalmente quem mora em áreas endêmicas, realizar medidas de controle do mosquito, usar mangas longas, tela em janelas, repelente. Tratamento de todas as pessoas parasitadas, controle do vetor e melhoria sanitária. Tratamento em massa em áreas endêmicas, à base de dietilcarbamazina ou a associação deste com ivermectina. Em áreas com baixa endemicidade, o tratamento seletivo é o mais indicado. Educação em saúde, saneamento ambiental e controle da morbidade. DIAGNÓSTICO Clínico Como a doença cursa assintomática por muito tempo, o diagnóstico clínico é muito difícil, sendo necessário recursos auxiliares quando se suspeita da parasitose. Boa anamnese, observar a história clínica e epidemiológica, além de exames laboratoriais e por imagem. Atentar para pacientes que apresentam febre, adenolinfagite e posterior linfedema, o que indica a doença. Pode-se observar alteração pulmonar, eosinofilia e níveis elevados de IgE total. Pode acontecer elefantíase sem causa filarial, como por má formação de vasos linfáticos, por hanseníase por M. leprae e erisipela de repetição que perturbam o fluxo linfático. Laboratorial - Pesquisa de microfilárias O mais utilizado é a gota espessa. Se tiver ausentes as microfilárias no sangue, podem estar presentes na urina ou líquidos na hidrocele, nesse caso, deve usar método de técnica de concentração. - Pesquisa de Antígenos Solúveis Feito por ensaio imunoenzimático (ELISA) – identificando uma infecção ativa. - Pesquisa de DNA do Parasito Por PCR, utilizado em estudos epidemiológicos para o diagnóstico da infecção nos mosquitos vetores. Teste caro e usado só para fins de estudos. - Pesquisa de Vermes Adultos Ultrassonografia detecta a presença e localiza onde estão vermes adultos vivos, principalmente nos vasos linfáticos escrotais. Pacientes com linfadenopatia, a biópsia detecta vermes adultos. Raramente usado. - Diagnóstico da Infecção no Vetor É um método complementar, para identificar prevalência de infecção humana, monitorar a eficácia das estratégias de controle. O diagnóstico é feito por dissecção individual dos insetos e analisados microscopicamente. Pode ser difícil e por isso, pode ser substituído por PCR, porém, o processamento individual tem custo baixo. TRATAMENTO Específico – Quimioterápico O tratamento da filariose linfática é indicado para indivíduos com infecção ativa, mesmo sem sintomas. Assim, previne a morbidade, linfangite, linfedema, hidrocele. Contra o parasito é utilizado o Citrato de Dietilcarbamazina (DEC). Têm-se tentado novos fármacos e esquemas, combinando o DEC com ivermectina ou albendazol, recomendado pela OMS. Inespecífico – Controle da Morbidade Para tratar o linfedema é recomendado a higiene local com água, sabão e se necessário, antifúngicos e antimicrobianos para combater infecções secundárias. Uso de compressas frias, fisioterapia, drenagem, repouso a fim de reduzir a evolução para Por Daiane Bendia 33 elefantíase. Pode ser usado meias elásticas, para redução do edema. O tratamento da hidrocele deve ser feito cirurgicamente. Pode ser feito cirurgia para retirada de membros afetados. TEMA: LARVA MIGRANS Conhecido popularmente como “bicho geográfico” ou “bicho das praias”. Larvas infectantes, que deixam um rastro sinuoso. PATOGENIA As larvas do tipo L3 desses ancilostomídeos penetram ativamente a pele dos humanos e migram através do tecido subcutâneo durante semanas ou meses e então morrem. Elas podem ser ingeridas, e alcançar o intestino, migrando para vísceras e provocando a síndrome da larva migrans visceral. LARVA MIGRANS CUTÂNEA (LMC) Denominada dermatite serpiginosa e dermatite pruriginosa, de distribuição cosmopolita, porém ocorre com maior frequência nas regiões tropicais e subtropicais. AGENTE ETIOLÓGICO Os principais agentes etiológicos são larvas infectantes de A. braziliense e A. caninum, parasitos do intestino delgado de cães e gatos, para fechar o ciclo. CICLO BIOLÓGICO NO HOSPEDEIRO DEFINITVO (ocorre por acidente) As fêmeas de A. braziliense e de A. caninum fazem a postura de milhares de ovos, eliminados junto com as fezes de cães e gatos. Em condições ideais de umidade, temperatura e oxigenação, ocorre o desenvolvimento de larvas L1 dentro do ovo, que eclodem e se alimentam no solo de matéria orgânica e microrganismos. Em 7 dias, as L1 realizam duas mudas, alcançam o terceiro estádio: larva infectante L3. Esta não se alimenta e pode sobreviver no solo por várias semanas. Cães e gatos podem infectar-se pelas vias oral, cutânea e transplacentária. SINTOMASAs partes do corpo frequentemente acometidas são aquelas que entram em maior contato com o solo: pés, pernas, nádegas, mãos e antebraços e mais raramente boca, lábios e palato. Algumas vezes, as lesões são múltiplas, podendo ocorrer em várias partes do corpo. Em sua migração, as larvas produzem um rastro saliente e pruriginoso, que por vezes pode estar acompanhado de infecções secundárias decorrentes do ato de coçar-se, o que leva a escoriações na pele. Nas lesões mais antigas, há formação de crostas, que desaparecem lentamente, deixando uma linha sinuosa escura que posteriormente também desaparece, mas há risco de infecção secundária. DIAGNÓSTICO Fundamentado no exame clínico: anamnese, sintomas e aspecto dermatológico da lesão, caracterizado por erupção linear e tortuosa na pele. Geralmente o relato é que tem um cão ou gato na praia, por exemplo. Por Daiane Bendia 34 TRATAMENTO Nos casos benignos, o tratamento pode ser dispensado, uma vez que a infecção pode se resolver espontaneamente ao fim de alguns dias. Assim, para uso tópico, o medicamento de escolha é o tiabendazol, sendo recomendada a aplicação da pomada quatro vezes ao dia. Geralmente, o prurido diminui em 24 a 72 horas e a cura clínica se dá entre sete e 14 dias. TEMA: ESTRONGILOIDOSE A estrongiloidose tem como mais importante helminto, o Strongyloides stercoralis. Prevalente em regiões tropicais e subtropicais. PATOGENIA A estrongiloidose é uma importante parasitose emergente e relevante causa de morbidade e mortalidade em áreas tropicais e subtropicais, principalmente em indivíduos imunossuprimidos (HIV, oncológicos, transplantes). O principal geo-helminto (helminto da terra) é o S. stercoralis, que infecta aproximadamente de 30 a 100 milhões de pessoas no mundo, infecta também cães, gatos e macacos (S.f.fuelleborni). A elevada prevalência em regiões tropicais e subtropicais, a facilidade de transmissão, o caráter de cronicidade e autoinfecção, originando formas graves de hiperinfecção e disseminação, além da possibilidade da reagudização em indivíduos imunodeprimidos, evoluindo muitas vezes para óbito, tornam a estrongiloidose um importante problema médico e social, destacando-se como uma doença tropical em condições de negligenciamento. AGENTE ETIOLÓGICO As fêmeas partenogenéticas em seu hábitat normal localizam-se na parede do intestino, mergulhadas nas criptas da mucosa duodenal. CICLO BIOLÓGICO E TRANSMISSÃO Strongyloides apresenta uma complexa biologia com dois ciclos de vida distintos: o ciclo direto, ou partogenética, e o indireto, sexuado ou de vida livre, ambos monoxênicos. A fase dos ciclos que se passa no solo exige condições semelhantes às dos ancilostomídeos: solo arenoso, umidade alta, temperatura entre 25º e 30ºC e ausência de luz solar direta. No ciclo direto as larvas rabditoides no solo ou sobre a pele da região perianal, após 24 a 72 horas, transformam-se em larvas filarioides infectantes. Os ciclos direto e indireto se completam pela penetração ativa das larvas L3 na pele ou em mucosas oral, esofágica ou gástrica do hospedeiro. Essas larvas secretam metaloproteases, que as aulixiam, tanto na penetração quanto na migração através dos tecidos, que ocorre em uma velocidade de 10 cm/h. Algumas morrem no local, mas o ciclo continua pelas larvas que alcançam as circulações venosa e linfática e através desses vasos seguem para o coração e pulmões. Chegam aos capilares pulmonares, onde se transformam em L4, atravessam a membrana alveolar e, por meio de migração pela árvore brônquica, chegam à faringe. Podem ser expelidas pela expectoração ou deglutidas, chegando ao intestino delgado, onde se transformam em fêmeas partenogenéticas que depositam larvas rabditoides maturam, alcançam a luz intestinal e são eliminadas com Por Daiane Bendia 35 as fezes do paciente, constituindo a forma diagnóstica visualizada em microscopia óptica. Transmissão Larvas filarioides infectantes (L3) penetram usualmente através da pele ou ocasionalmente, pelas mucosas, principalmente da boca e do esôfago. Nas pessoas que não usam calçados, a penetração ocorre pela pele dos pés, particularmente nos espaços interdigitais. Esse modo de transmissão é o mais frequente. Autoinfecção externa ou exógena Larvas rabditoides presentes na região perianal de indivíduos infectados transformam-se em larvas filarioides infectantes e aí penetram, completando o ciclo direto. Autoinfecção interna ou endógena Larvas rabditoides, ainda na luz intestinal de indivíduos infectados, transformam-se em larvas filarioides, que penetram a mucosa intestinal (íleo ou cólon). Essa modalidade pode ocorrer em indivíduos com estrongiloidose e constipação intestinal devido ao retardamento da eliminação do material fecal. Em pacientes com ou sem retardo de eliminação das fezes, mas com baixa de imunidade (uso de substâncias imunossupressoras, radioterapia, indivíduos imunodeprimidos por neoplasias, transplantes, síndrome nefrótica, gravidez, tuberculose, desnutrição, idade avançada), pode ocorrer a autoinfecção interna com presença de L1, L2 e L3 em diferentes órgãos. A autoinfecção pode acelerar, aumentando o número de parasitos no pulmão e coração. Esse fato é conhecido como hiperinfecção ou disseminar por vários órgãos do paciente, condição conhecida como forma disseminada. Ambas são consideradas formas graves, potencialmente, fatais, em indivíduos imunossuprimos. As associações mais comuns da hiperinfecção são aquelas induzidas farmacologicamente, sobretudo por tratamento de doença autoimune, alergia ou doenças inflamatórias. Quando o paciente está em uso de corticosteroides associa-se à estrongiloidose grave. Contudo, somente poucos casos de estrongiloidose disseminada têm sido relatados em pacientes com AIDS, sendo a hiperinfecção a forma mais frequente e realmente fatal, possivelmente pela associação do tratamento com corticosteroides, em decorrência de outras doenças concomitantes, com a maioria dos casos diagnosticados post-mortem. Usa-se albendazol primeiro e depois corticoide. As infecções graves têm sido associadas à imunossupressão, como ocorre em linfomas, leucemias agudas ou crônicas, carcinomas metastáticos, síndrome nefrótica, glomerulonefrite crônica, subnutrição (deficiências proteico-calórica graus II e III), alcoolismo crônico, tuberculose, diabetes melito, transplante renal, HIV, AIDS, HTLV- I, uso de corticosteroides e seus metabólitos exercem efeito estimulatório direto sobre as larvas intraintestinais acelarando sua conversão (rabditoide em filarioide), e favorecendo a autoinfecção, ou ainda sobre a fêmea parasito, levando ao aumento da oviposição. PATOLOGIA E SINTOMATOLOGIA Os indivíduos portadores de pequena quantidade de parasitos no intestino geralmente são assintomáticos, podendo haver lesões. Formas graves, às vezes fatais, relacionam-se com fatores extrínsecos, principalmente, pela carga parasitária adquirida e com fatores intrínsecos (enterite, diarreia e vômito, facilitando os mecanismos de autoinfecção. Alcoolismo crônico, infecções parasitárias e bacterianas associadas, comprometimento da resposta imunitária natural ou adquirida, intervenções cirúrgicas gastroduodenais e outras cirurgias que utilizam anestesia geral, pois facilitam a estase broncopulmonar). Forma Cutânea Em geral é discreta. Ocorre pontos de penetração das larvas infectantes, tanto na pele como nas mucosas. Nos casos de reinfecção, há reação de hipersensibilidade com formação de edema, eritema, prurido, pápulas hemorrágicas e urticárias. Lesão caracterizada como larva currens, que ocorre Por Daiane Bendia 36 mais frequentemente no tronco, nádegas, períneo, virilha e coxas, avançando de 5 a 15 cm/h. Forma Pulmonar Apresenta intensidade variável, porém presente em todos os indivíduos infectados, caracterizadapor tosse, com ou sem expectoração, febre, dispneia e crises asmatiformes decorrentes das larvas filarioides. Em casos graves, pode provocar broncopneumonia, síndrome de Loeffler, edema pulmonar e insuficiência respiratória. Forma Intestinal Enterite catarral: os parasitos são visualizados nas criptas glandulares e ocorre reação inflamatória leve, acúmulo de células que secretam mucina, sendo reversível. Fezes com pus. Enterite edematosa: os parasitos são visualizados em todas as túnicas da parede intestinal e ocorre reação inflamatória com edema de submucosa e desaparecimento do relevo mucoso, caracterizado por síndrome de má absorção intestinal. Enterite ulcerosa: grande quantidade de parasitos provoca inflamação intensa, eosinofilia, úlceras, com invasão bacteriana. Lesão irreversível. Sintomas mais comuns: dor intensa, diarreia em surtos, náuseas e vômitos, até síndrome disentérica com esteatorreia, seguida de desidratação, que pode levar a choque hipovolêmico, se associada a vômito, emagrecimento e acentuado comprometimento do estado geral do doente, podendo ser fatal. Forma Disseminada Essa forma é observada em pacientes infectados e imunocomprometidos pelas situações citadas ou por megacólon, diverticulite, íleo paralítico, uso de antidiarreicos e constipação intestinal, que favorecem a autoinfecção com grande produção de larvas rabditoides e filarioides no intestino, que alcançam a circulação e vários órgãos. As larvas completam o ciclo, além de intestino e pulmões, ocorre no fígado (elevação de bilirrubina e enzimas hepáticas), vesícula biliar, coração, cérebro (liquor e meninges), pâncreas, ovários, tireoide, adrenais, próstata, glândulas mamárias, linfonodos. Pode haver infecções secundárias com Gram negativos, piorando o quadro. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico é dificultado, uma vez que em aproximadamente 50% dos casos não há sintomas, e quando existentes, são comuns a helmintos intestinais. A tríade clássica de diarreia, dor abdominal e urticária é sugestiva. A eosinofilia (+ de 80%) podem auxiliar no diagnóstico. Laboratorial Método de EPF se fundamenta para achado de formas evolutivas de S. stercoralis. Realiza-se pesquisa de larvas em fezes sem conservantes pelos métodos BAERMANN-MORAES e de Rugai. Esses métodos se baseiam em hidro e termotropismo das larvas, necessitando de três a cinco amostra de fezes, coletadas em dias alternados, para confirmação da presença de larvas rabditoides. Demonstrou-se que uma única amostra de fezes falha em detectar larvas em até 70% dos casos. Repetidos exames de fezes aumentam a chance de encontrar os parasitos, elevando a sensibilidade para 50% com três amostras e aproximadamente 100% com sete amostras. Pesquisa de Larvas em Secreções e Outros Líquidos Orgânicos A pesquisa das formas evolutivas por exame direto ou após centrifugação, conforme o quadro clínico: broncopulmonar – exame de escarro e lavado broncopulmonar; duodenal – coletado por tubagem; urina; líquido pleural; vômito; líquido ascético e liquor. Endoscopia Digestiva Observa-se alterações duodenojejunais: mucosa edemaciada, com vilosidades esbranquiçadas e eritema, e possibilita a realização de biópsia em várias localizações. Por Daiane Bendia 37 Esfregaços citológicos A partir de aspirado gástrico ou de secreção cervicovaginal, prepara-se esfregaços citológicos, corados por Papanicolau ou por outras colorações citológicas. Métodos Indiretos – usados quando há suspeita e contribuem para o esclarecimento do diagnóstico. Hemograma Mesmo na ausência de sintomas, a eosinofilia pode ser indicativo da parasitose. Em fase aguda, chega a 82%. Na fase crônica, de 8 a 15%, após 6 meses de tratamento específico, a taxa volta ao normal, 1 a 3%. Imagens Radiografia de tórax, identifica a síndrome de Loeffler. Ultrassonografia e tomografia também podem ser requisitadas (infrequente). Métodos imunológicos Esses métodos são utilizados preferencialmente para detecção de anticorpos. A maior limitação é a dificuldade de se obter quantidade suficiente de larvas filarioides de S. stercoralis. Outra limitação é o fenômeno de “reação cruzada” com outras parasitoses, principalmente esquistossomose e filariose. PCR é bom, porém, a dificuldade pelo custo alto. Biologia Molecular A PCR primers pode ser útil para análises moleculares, auxilia no diagnóstico e nos estudos epidemiológicos. A PCR em tempo real nas fezes é de alta sensibilidade. EPIDEMIOLOGIA A infecção natural de S. stercoralis confirmada em cães, gatos e macacos que estão em contato com o homem pode ser um importante reservatório da parasitose. Os fatores que influenciam o aparecimento, a manutenção e a propagação da estrongiloidose são: Fezes de homens e animais infectados contaminando o solo. Larvas infectantes originárias dos ciclos direto e de vida livre no solo. Solo arenoso ou arenoargiloso, úmido, com ausência de luz solar direta. Temperatura entre 25º e 30ºC. Condições sanitárias inadequadas. Hábitos higiênicos inadequados. Contato com alimento contaminado por água de irrigação poluída com fezes. Não utilização de calçados. PROFILAXIA A estrongiloidose não é uma doença de notificação obrigatória. Para minimizar a ocorrência do complexo ciclo de transmissão, as equipes de saúde das regiões endêmicas devem elaborar programas de controle adotando as medidas preconizadas para as geo-helmintoses, com foco na atenção aos hábitos higiênicos principalmente a lavagem adequada dos alimentos, na utilização de calçados, em educação e engenharia sanitária, além da melhoria da alimentação. TRATAMENTO É uma das parasitoses mais difíceis de tratar. Tiabendazol Atua somente sobre as fêmeas partenogenéticas, provavelmente inibindo o desencadeamento das vias metabólicas do parasito. A eficácia é superior a 90%. Efeitos colaterais: náusea, vômito, diarreia, tontura, cefaleia, sonolência e erupções cutâneas. Cambendazol Atua sobre fêmeas partenogenéticas e larvas. Eficácia superior a 90%. Observa-se como efeitos colaterais: cólicas, náuseas, vômitos, diarreia e sonolência. Albendazol Atua sobre fêmeas partenogenéticas e larvas. Em dose de 400mg/dia durante 3 dias (60% eficácia). 800mg/dl durante 3 dias (90% de eficácia). Efeitos colaterais: cefaleia, tontura e desconforto gastrointestinal. Por Daiane Bendia 38 Ivermectina (melhor opção) Considerada a melhor escolha para indivíduos imunocompetentes, imunossuprimidos e pacientes coninfectados com HIV. Recomenda-se dose única via oral de 200µg/kg, cura de 88%. A eficácia pode ser comprovada pela ausência de larvas nas fezes quatro dias após o tratamento. Os efeitos colaterais são leves, observa-se diarreia, anorexia e prurido. ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS TEMA: OFIDISMO EPIDEMIOLOGIA De todos os 30 mil casos de acidentes ofídicos no Brasil, 85% por cobras que são peçonhentas. Na maioria dos casos, ocorre no Norte e Nordeste, sendo o Pará com o maior número dos casos notificados. PROFILAXIA Uso de botas e perneiras ajuda a reduzir o número desses acidentes. RECONHECENDO A COBRA RESPONSÁVEL PELO ACIDENTE Características ofídicas Presença de órgão termorreceptor, orifício entre os olhos e narinas, chamada de fosseta loreal. Dentes inoculadores bem desenvolvidos e móveis localizados na porção anterior do maxilar. Presença do aparelho inoculador para injetar as toxinas. Exceção: cobra coral (Micrurus) não possui fosseta loreal e tem dentes inoculadores fixo e pouco desenvolvidos. Cauda com presença de “chocalho” (Crotalus, cascavel). Por Daiane Bendia 39 Característica epidemiológicas Acidentes do tipo botrópicos (Jararaca, Micrurus e Jraracuçu) ocorre em todo território nacional. Acidentescrotálicos (Cascavel) em áreas mais secas. Acidetes Lachesis (Surucucu) em áreas florestais. Características clínicas Acidentes botrópicos Jararaca e Jararacuçu: o veneno dessas cobras age de forma proteolítica, coagulante e hemorrágica. No local: dor, edema endurado, equimose e sangramento. Pode haver necrose. Sistêmico: sangramento de gengiva, pele e urina e síndrome compartimental. Exames: tempo de coagulação alargado, leucocitose com aumento de neutrófilos e desvio à esquerda, plaquetopenia pode estar presente. Tratamento: elevação do membro. Administração imediata de soro antibotrópico e soro antibotrópico -laquético. Acidentes laquéticos Surucucu e pico-de-jaca: veneno é proteolítico, coagulante, hemorrágico e neurotóxico. Local: inflamação intensa, eritema, dor, edema, equim Sistêmica: alterações vagais, diarreia, cólica, alteração na pressão. Tratamento: soro antibotrópico-laquético. Acidente crotálico Cascavel: efeito neurotóxico (age na vesícula pré- sináptica, impedindo a ação da acetilcolina, levando um bloqueio neuromuscular, podendo levar o paciente à uma insuficiência respiratória, miotóxico e coagulante de pouca intensidade. Local: sensação de formigamento sem lesão evidente. Sistêmica: fáceis miastênica, visão turva ou dupla, dores musculares generalizadas, urina escura por rabdominólise. Exames: aumento de enzimas musculares. Tratamento: feito com soro anticrotálico. Prevenção renal induzida por rabdomiólise, hidratação vigorosa com salina isotônica. Acidente elapídico - cobra coral Coral: veneno neurotóxico. Local: sensação de formigamento. Sistêmico: visão borrada, fáceis miastênica. Tratamento: soro antielapídico e anticolinesterásico. Por Daiane Bendia 40 TEMA: ESCORPIONISMO EPIDEMIOLOGIA Acidente mais notificado no Brasil, com aumento predominante no Nordeste e Sudeste, e em geral, do gênero Tityus. SINTOMATOLOGIA A picado do escorpião é bem dolorosa. O veneno dos escorpiões ativa canais de sódio, causando despolarização das terminações nervosas pós-ganglionares com liberação de acetilcolina e catecolaminas. Atuam no nervo periférico sensitivo, motor e autônomo. Há efeitos simpáticos e parassimpáticos. Ocorre impotência sexual. TRATAMENTO Uso de anestésico sem vasoconstritor e soro antiescorpionismo para pacientes moderados a graves. TEMA: ARANEÍSMO EPIDEMIOLOGIA Foi registrado 17 óbitos em cerca de quase 25 mil casos, em 2010 no Brasil, desses casos, destaca-se a Phoneutria (armadeira) no Sudeste, Loxosceles (marrom) no Sul e Latrodectus (viúva-negra) no Nordeste (menos frequente). CARACTERÍSTICAS DE CADA ESPÉCIE Loxosceles – aranha marrom Causa processo inflamatório intenso com ativação do sistema complemento da coagulação e das plaquetas. Forma cutânea: 99% ocorrem de forma lenta e progressiva com dor, edema endurado e eritema. A lesão pode ser diferenciada: Evidente: base eritematosa com ou sem enduração, pode aparecer bolhas, dor em queimação, evoluem para necrose. Provável: eritema, dor discreta, equimose, dor em queimação, com ou sem enduração, acompanhada de rash. Por Daiane Bendia 41 Possível: eritema, dor discreta, prurido, necrose e infecção. Edematose: tecido frouxo e edema intenso. Forma cutâneo-visceral ou hemolítica: hemólise intravascular, anemia, icterícia, hemoglobinúria, coagulação intravascular disseminada. Confirmando o quadro por Loxosceles: boa anamnese, perguntando se o paciente sentiu a picada e levou a aranha para o médico. Se disser que não viu, não sentiu, mas, possui lesão característica. Paciente relata cefaleia, tontura, náusea, vômito, febre e exantema. Não existe exame complementar para fechar o diagnóstico. Tratamento: a eficácia da soroterapia diminui após 24-36h. Soro antiaracnídeo só é indicado para casos moderados e graves. Pode-se usar prednisona em formas cutânea e grave. Dapsona ajuda na resposta inflamatória. Phoneutria - armadeira Local: dor imediata, edema, eritema, parestesia e sudorese no local da picada. Sistêmica: ocorre tremores, convulsão, taquicardia, arritmias. Tratamento: eficácia com soroterapia diminui com 24-36h. Soro antiaracnídeo e analgésico sistêmico. Latrodectus – viúva-negra Local: dor de intensidade leve e com queimação. Sistêmico: promove descargas adrenérgicas e colinérgicas. Tratamento: não tem soro, trata com benzodiazepínico, gluconato de cálcio e clorpromazina, se necessário. PREZADO ALUNO, FOI UM PRAZER COMPARTILHAR ESSE MATERIAL COM VOCÊ E CONTRIBUIR PARA SEUS ESTUDOS. ESSE MATERIAL FOI PREPARADO COM MUITO CARINHO E ESFORÇO, E POR RESPEITO À MIM, NÃO COMPARTILHE, VENDA OU REPRODUZA. POR LEI, A VIOLAÇÃO DESSE DIREITO É CRIME, CABÍVEL A MULTA. BIBLIOGRAFIA UTLIZADA: PARASITOLOGIA HUMANA – DAVID PEREIRA NEVES – 13ª EDIÇÃO.