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DIREITO DIGITAL
DIREITO DIGITAL E A SOCIEDADE DIGITAL
Objetivos
Tecer comentários iniciais sobre o direito digital, avaliando o conceito de sociedade digital, Direito Comunitário
e o Direito Individual.
Conteúdos
Informática, Sociedade Convergente e o Surgimento da Internet; Direito digital e suas principais características;
Direito comunitário e direito individual.
Prof.ª Karin Cristina Bório Mancia
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
1)	Informática, Sociedade Convergente e o Surgimento da Internet
Informática é a ciência que estuda o tratamento automático e racional da informação (João Carlos Kanaan, 2016, p. 59); compreende o processamento e o armazenamento de dados através de dispositivos eletrônicos e sistemas computacionais, o que envolve o desenvolvimento contínuo de métodos e técnicas de automação;
Computador pode ser entendido como uma máquina composta de elementos físicos de natureza eletrônica, hábil a praticar grande variedade de tarefas com grande velocidade e precisão, em obediência a determinadas instruções (Marcelo Araújo, 2016, p. 7);
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
A Internet, que se tornou a grande maravilha tecnológica da segunda metade do século XX, surgiu em 1969, nos Estados Unidos, com o estabelecimento do chamado Advanced Research Projects Agency Network (ARPANET) (para atender departamento de defesa americano);
Posteriormente, agregaram-se a este sistema outras universidades, laboratórios, centros de pesquisas e, mais adiante, empresas, a partir de melhorias tecnológicas que foram sucessivamente alcançadas, especialmente os microcomputadores, que permitiram a utilização destes equipamentos para uso pessoal e comercial;
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
No início, criaram-se pequenas redes locais, denominadas LAN, localizadas em lugares estratégicos dos Estados Unidos e interligadas por meio de telecomunicação geográfica (sistema WA). Porém, em 1973, deu-se um passo importante, pois o responsável pelo ARPANET, Virton Cerf, do Departamento de Pesquisa Avançada da Universidade da Califórnia, registrou o Projeto de Controle de Transmissão, com o lançamento dos protocolos Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP);
Estes serviram de instrumento para o estabelecimento de normas técnicas apropriadas para a transmissão de informações através da rede de computadores, quando então os usuários foram identificados mediante endereços e nomes de domínio. Os padrões então criados permitiram a interligação entre diferentes redes, nascendo, daí, a Internet como um sistema mundial de comunicação;
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
Em 1989, criou-se a World Wide Web (WWW), nascida no Laboratório Europeu de Física, em Genebra, transformando a Internet num fenômeno de comunicação de massa; a partir de 1990 o desenvolvimento dessa tecnologia deslanchou, com a parceria do governo norte-americano e entidades privadas;
De lá para cá, o fenômeno da Internet operou verdadeira revolução tecnológica e comportamental, afetando as pessoas no seu relacionamento pessoal e comercial;
As transformações sociais e econômicas constatadas no cotidiano dos indivíduos são influenciadas por uma tecnologia chamada de “disruptiva”, na medida em que apresentam novos cenários, novas realidades e novos padrões na difusão de conhecimentos.
Todo este intenso incremento tecnológico ruma para a consolidação de uma “Sociedade Convergente”, um parâmetro social novo que tem direta relação com o conceito de convergência tecnológica (tendência de utilização de uma única infraestrutura de tecnologia para prover serviços, que, anteriormente, requeriam equipamentos, canais de comunicação, protocolos e padrões independentes) – aldeia global;
O grande desafio do Direito é enfrentar essa contradição entre a globalização e a individualização, que é a grande característica da nossa era (Patrícia Peck Pinheiro, 2016, p. 53).
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
2) Direito Digital
O Direito Digital, que se desenvolveu nas últimas duas décadas, é uma nova disciplina jurídica que consiste na incidência de normas jurídicas aplicáveis ao chamado ciberespaço, num reconhecimento de que a legislação e a doutrina jurídica tradicionais são insuficientes para regular as relações no mundo virtual;
Alguns autores afirmam, portanto, que é a disciplina do Direito Digital representa uma renovação do modo de compreender o próprio Direito, a partir de novos paradigmas e novas visões construídas no campo filosófico, científico, social e cultural;
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
2.a) Principais características/pontos marcantes:
seu principal instrumento é o poder inerente à circulação da informação – rapidez na transformação dos hábitos e comportamentos;
práticas virtuais pressupõem transparência, colaboração, compartilhamento de conhecimento e capacidade de mobilização da rede, assim como novas posturas e comportamentos nas mídias sócias;
exige-se dos operadores novas interpretações quanto à liberdade de expressão e seus limites, exame de autenticidade da prova eletrônica, hermenêutica aplicável ao Direito do Consumidor, proteção de dados pessoais, proteção da propriedade intelectual, tipificação de crimes eletrônicos, intimação das partes em processo judicial por meio virtual, tributação de operações comerciais, entre outros pontos que desafiam o Poder Judiciário;
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
2.a) Principais características/pontos marcantes:
A celeridade e o dinamismo do Direito Digital provocam, não raro, para fins de solução de conflitos, a interpretação pela analogia, o uso da arbitragem e a utilização do Direito costumeiro, considerando os usos e costumes utilizados nas redes digitais;
Em resumo, é preciso acentuar que, excetuadas certas regras que lhe são peculiares, o Direito Digital, a rigor, não chega a ser um ramo específico do Direito (como o Direito Civil, Direito Penal, etc), diferenciando-se apenas pela forma como transita, ou seja, por canais virtuais.
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
3) Direito comunitário e direito individual:
A natureza da sociedade digital é comunitária. Saímos de uma sociedade agrícola-comunitária para uma sociedade industrial-individualista e entramos em uma sociedade digital-comunitária;
Assim sendo, diz-se que o Direito Digital é um direito comunitário, por natureza (Patrícia Peck Pinheiro, 2016, p. 112);
O indivíduo, pelos meios virtuais, passa a ter mais conhecimento e mais informação, partilhando preocupações de índole geral em conexão com outros indivíduos além das fronteiras nacionais;
A sociedade digital é uma aldeia global conectada!
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
Considerando a necessidade de se estabelecer regras de convivência social, surgem temas relevantíssimos que precisam ser equacionados e estudados, a exemplo da Privacidade do Indivíduo X Segurança Pública Coletiva; Liberdade de Expressão X Responsabilidade; Identidade Obrigatória X Anonimato; Proteção de dados X Acesso à informação; Novos Crimes digitais (tipificação);
Equacionar os direitos individuais, observando os ditames constitucionais e respeitando o interesse maior dessa grande comunidade de pessoas (comunidade digital) é o grande desafio do Direito Digital.
DIREITO DIGITAL - INTRODUÇÃO
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Marcelo Barreto de. Comércio eletrônico; Marco Civil da Internet; Direito Digital / Marcelo Barreto de Araújo. – Rio de Janeiro : Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, 2017.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:
Senado, 1988.
PINHEIRO, Patricia Peck. #Direito Digital. 6 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2016;
SILVA, Carolike Teófilo da. A privacidade na era da ausência da privacidade. In: PINHEIRO, Patricia Peck. (Coord.). Direito digital aplicado 2.0. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
Bom estudo !