As características do direito digital na regulação de novas tecnologias com o advento da quarta revolução industrial

Prévia do material em texto

Ana Fábia Mascarenhas de Sena Pena 30/11/2020 
Instagram: @anafabiamsp. 
 
 
 
DIREITO DIGITAL 
 
As características do direito digital na regulação de novas tecnologias com o 
advento da quarta revolução industrial 
 
 Em meio à evolução tecnológica, a sociedade encara um novo processo social, 
onde cada vez mais é vista como uma rede1 e não uma estrutura, encarada como uma 
matriz de conexões e desconexões. A vida humana a partir de alguns acontecimentos 
toma novas proporções, de tal modo a surgir um mundo novo (“novo normal”) que 
possui características próprias, por isso, tornam-se recorrentes expressões como 
“ciberespaço2”, para designar um mundo paralelo ao mundo real. 
 Diante das características próprias, das “tecnologias disruptivas3”, da evolução 
pela globalização e da revolução digital, o “novo mundo” passa a fazer parte da 
sociedade e, depois que hábitos se consolidam nesta, surge a necessidade de prever 
seus riscos e possibilitar, por meio de normas (viés legislativo4), resguardar os direitos 
dos indivíduos. Possível relacionar o entendimento com os dizeres de Volti5: 
 
“Os progressos ocasionados pelas Novas Tecnologias causam 
grande impacto social na vida das pessoas e esses mesmos 
progressos não ocorrem em um vácuo social, pois a tecnologia 
é uma criação humana e, como os humanos são criaturas 
sociais, a mudança tecnológica é necessariamente um 
processo social”. 
 
 
1
 Rede no direito digital pode ser entendido como o termo que define a ampla possibilidade de interação 
com diversos meios, pessoas e informações. Assim, é uma forma de ligar estes por meio eletrônico. 
2
 Ciberespaço tem como definição: “é um espaço social, formado pelo fluxo de informações e de 
mensagens transmitidas entre computadores. É uma rede aberta, qualquer pessoa pode ter acesso a ela. 
Possui caráter interativo possibilitando ao usuário gerar dados, navegar e estabelecer relações na rede. 
Por meio de provedores de acesso se realizam várias atividades como o correio eletrônico; a computação 
de longa distância, o comércio eletrônico, o lazer, a pesquisa e outros”. (BOFF, Salete Oro e FORTES, 
Vinícius Borges. A privacidade e a proteção dos dados pessoais no ciberespaço como um direito 
fundamental: perspectivas de construção de um marco regulatório para o Brasil. (Florianópolis) [online]. 
2014, n.68, pp.109-127. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2177-
70552014000100006&script=sci_arttext> em: 18/10/2020 às 15:57) 
3
 Tecnologias Disruptivas são tecnologias inovadoras que rompem com padrões. 
4
 Há que se falar no viés legislativo do direito digital, este de acordo com o site da FIA
4
: “tem como 
definição a criação de leis para regulamentar condutas onlines e estabelecer novos tipos penais, 
ocorridos no ambiente virtual”. (Direito digital (Guia Completo): tudo o que você precisa saber, Fundação 
Instituto de Administração, 2018. Disponível em: https://fia.com.br/blog/direito-digital/. Acesso em: 
18/10/2020 às 7:48). 
5
 VOLTI, RUdi. Society and Technological Change. 6ª ed. New York: Worth Publishers, 2016 
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2177-70552014000100006&script=sci_arttext
https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2177-70552014000100006&script=sci_arttext
https://fia.com.br/blog/direito-digital/
Ana Fábia Mascarenhas de Sena Pena 30/11/2020 
Instagram: @anafabiamsp. 
 
 
 Diante do “mundo novo” menciona Klaus Schwab6 que uma nova revolução 
existe: 
 “Três razões, no entanto, sustentam minha convicção da 
ocorrência de uma quarta – e distinta – revolução: 
Velocidade – ao contrário das revoluções industriais 
anteriores, esta evolui em um ritmo exponencial e não linear. 
Esse é o resultado do mundo multifacetado e profundamente 
interconectado em que vivemos, além disso, as novas 
tecnologias geram outras mais novas e cada vez mais 
qualificadas. 
Amplitude e profundidade – ela tem a revolução digital como 
base e combina várias tecnologias, levando a mudanças de 
paradigma sem precedentes da economia, dos negócios, da 
sociedade e dos indivíduos. A revolução não está modificando 
apenas o “o que” e o “como” fazemos as coisas, mas também 
“quem” somos. 
Impacto sistêmico – ela envolve a transformação de sistemas 
inteiros entre países e dentro deles, em empresas, indústrias e 
em toda a sociedade”. 
 
Na evolução do direito digital surge o direito disruptivo7, este na 4ª revolução 
industrial (supramencionada) engloba as normas e também as possibilidades, já que, 
conforme a notícia do enunciado8, criam sistemas de segurança e inovações 
tecnológicas envolvendo a justiça; o combate à desinformação política e Fake News; e 
a busca pelo afastamento da alienação, assim, esses sistemas estão sendo cada vez 
mais inseridos na sociedade. Com o direito acompanhando a evolução tecnológica é 
possível tornar a sociedade mais justa e evitar problemas que podem existir na vida 
dos indivíduos no ciberespaço, se relacionando: (i) ao financeiro (ex.: “Phishing9”), (ii) 
 
6
 SCHWAB, Klaus.. A Quarta Revolução Industrial. Tradução Daniel Moreira Miranda. São Paulo: Ed.ipro, 
1° ed. 2016, p. 13 
7
 Direito Disruptivo tem como conceito: aquele que tem sua racionalidade expressada pelo Paradigma da 
Complexidade (Novo), um Direito que constrói Estratégias Jurídicas na busca de melhor gerenciar e 
reduzir riscos produzidos pelas Tecnologias Disruptivas. TWIGG-FLESNER, Christian. Disruptive 
Technology – Disrupted Law? How the Digital Revolution Affects Contract Law. Em: DE FRANCESCHI, 
A: European Contract Law and the Digital Single Market. Cambridge: Intersentia, 2016. 
8
 INTERNET LAB. Plataforma remove as sugestões de preenchimento automático sobre candidatos e 
campanhas eleitorais. Semanário, 15. set. 2020. Disponível em 
< https://www.internetlab.org.br/pt/semanario/> Acesso em 18, out. 2020. 
9
 De acordo com Sandro D’Amato Nogueira
9
: “Phishing” pode ser considerado como o envio de e-mails 
enganosos (com “iscas”), com a finalidade de disseminação de vírus, furto de dados pessoais e senha, 
entre outros”. (NOGUEIRA, Sandro D’Amato. Crimes de Informática, 2ª ed. Leme: BH, 2009, p. 45). 
https://www.internetlab.org.br/pt/semanario/#_blank
Ana Fábia Mascarenhas de Sena Pena 30/11/2020 
Instagram: @anafabiamsp. 
 
 
à saúde mental (possível stress que pode surgir pela violação de direitos, como: 
autorais ou divulgação de dados), (iii) à dificuldade de obter lucros e informações em 
situações inesperadas (ex.: pandemia. Nota-se a importância do comércio eletrônico 
para garantir lucros na relação de consumo e, aplicativos que trouxeram a 
possibilidade de, através de dados nele inseridos, - no caso, sensíveis10– o usuário 
realizasse uma auto-avaliação de sintomas para que soubesse as chances de ter 
contraído o Covid-19). 
 Por fim, há que se falar na necessidade de ser criado pelo Ministério da 
Educação um projeto que exija que as crianças e adolescentes tenham aulas de 
informática que ensinem sobre o direito digital: direitos e deveres e o que são alguns 
termos (ex.:“cookies11” e “IP12”), uma vez que essa dimensão13 já nasce no auge da 
era digital e precisa saber: das normas que envolvem o ciberespaço (ex.:LGPD14 e lei 
do Marco Civil da Internet15); os limites da liberdade de expressão nas plataformas 
quando atingirem a esfera penal e as violações de direitos fundamentais; e realizar 
pesquisas sobre contratos eletrônicos, uma vez que além de utilizarem a internet para 
estudos e jogos também podem por meio dela, no futuro, trabalhar (ex.:e-
commerce16), assim, facilita o contato com esse “mundo”desde cedo, pois precisarão 
observar as exigências legais do direito digital. 
 
10
 Dados pessoais sensíveis são aqueles que podem gerar maiores danos para os seus “donos” quando 
divulgados, como por exemplo os dados da saúde de um indivíduo. 
11
 “Cookies” são termos que aparecem nos sites para autorização do usuário, uma vez autorizados os 
dados são armazenados temporariamente na plataforma. 
12
 IP” (Internet Protocol) é um número exclusivo atribuído a cada computador como um protocolo de 
intenet, utilizado para identificação de usuário. 
13
 Opta-se na presente dissertação pela nomenclatura dimensão" em detrimento de "geração" a fim de 
conceder mais clareza ao texto. A distinção é realizada por alguns autores entre os termos e, de antemão, 
adota-se no presente estudo a ideia defendida por Ingo Sarlet em sua obra "A eficácia dos direitos 
fundamentais" (2007). O ilustre autor esclarece que, em que pese o termo "geração" seja amplamente 
utilizado, ele pode trazer a falsa ideia de que uma "geração de sobrepor à outra, quando, na verdade, elas 
se complementam (SARLET, 2007, p. 54-35), 
14
 Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (Redação dada pela Lei nº 13.853, de 2019) 
15
 Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 - Marco civil da internet 
16
 Entende-se que significa comércio eletrônico, ou seja, através de um site é possível vender pela 
internet 
produtos ou serviços. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13853.htm#art1