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EXCELENTISSÍMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE SÃO PAULO. Processo: xxxxxxxxxx LUIZ, já devidamente qualificado, nos autos da ação penal vem por intermédio de seu advogado que está subscreve. Inconformado com a r. decisão. Que recebeu a pronúncia, vem tempestivamente perante Vossa Excelência interpor RECURSO EM SENTIDO ESTRITO, nos termos 581, IV, do Código de Processo Penal. Desde já, requer o recorrente que o presente recurso seja recebido, processado, e após ser realizado o juízo de retratação previsto no 589 do código de processo penal, na hipótese de Vossa Excelência não considerar os argumentos e manter a decisão, que seja encaminhado ao Egrégio Tribunal a Justiça do Estado de São Paulo. Termos em que, pede deferimento. Comarca, data. Advogado: ______ OAB: __________ RAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO Processo n° xxxxxxxxxxxx Tribunal do Júri da Comarca de São Paulo Recorrente: Luiz Recorrido: Ministério Público Egrégio Tribunal de Justiça, Colenda Câmara, Ínclitos Desembargadores, Douta Procuradoria de Justiça Trata-se de ação penal movida em face de Luiz por suposta prática do crime de tentativa de aborto com o consentimento da gestante, um recurso em sentido estrito contra a respeitável decisão de pronúncia contra o recorrente, aguardando que Vossa Excelência reformá-la pelas razões expostas a seguir. I – SÍNTESE PROCESSUAL Luiz começou a namorar Betina, que possui idade 19 anos, logo após o início de namoro. É surpreendido pela informação de que estava grávida do seu ex-namorado, bem como solicitou a ajuda para retirar o feto. Diante disso, Luiza adquiriu o medicamento para a realização do aborto no dia 3/01/2019 No entanto, Betina, então, expele algo não identificado pela vagina que ela acredita ser o feto. Os pais presenciam os fatos e levam a filha imediatamente ao hospital. Em seguida, comparecem à delegacia e narra o ocorrido. No hospital, foi informado pelos médicos que, na verdade, Betina possuía um cisto, mas nunca estivera grávida. E o que for expelido não era um feto. Após as investigações, dia 20 do um 2019, Luiz foi denunciado pelo artigo 126, caput, c/c. O artigo 14, inciso II, ambos do Código Penal, perante a juízo do tribunal do júri da comarca de São Paulo, não sendo oferecido qualquer instituto despenalizador, apesar do reclamo defensivo. A inicial acusatória foi recebida em 22/01/2019. Durante a instrução da primeira fase do procedimento especial, são ouvidas as testemunhas e Betina, assim como interrogado o réu, todos confirmando o ocorrido. Foram apresentadas alegações finais e juntados boletim de atendimento médico de Betina no qual consta a informação de que ela não estivera grávida no momento dos fatos, a Folha de Antecedentes Criminais de Luiz sem outras anotações e um exame de corpo de delito, que indicava que o remédio utilizado não causara lesões na adolescente. O magistrado proferiu decisão de pronúncia nos termos da denúncia, sendo publicada na mesma data, qual seja, 18 de abril de 2019, ocasião em que as partes foram intimadas. II – DO MERITO: II – I DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA Desde logo, requerem o reconhecimento da extinção da punibilidade em razão da prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato, uma vez que os fatos ocorreram em 3/01/2019, quando o réu era menor de 21 anos e a denúncia fora recebida em 22/01/2019, funcionando como causa de interrupção de prazo prescricional, nos termos do Art. 117, inciso I do CP. Verifica-se que o crime imputado ao agente possui pena máxima de 4 anos, certo que ainda que reduzido pela tentativa, a principio o prazo prescricional seria de 8 anos, conforme o Art. 109, inciso IV, do Código Penal, sendo o recorrente menor de 21 anos na data dos fatos, logo o prazo deveria ser computado pela metade conforme o art. 115 do CP, sendo então, o prazo prescrição total de 4 anos, período esse ultrapassado entre o recebimento da denúncia e a pronúncia. II – II NULIDADE DA DECISÃO POR CERCEAMENTO DE DEFESA Observa-se que houve uma violação ao princípio da ampla defesa, uma vez que o recorrente não teve acesso às provas que foram acostadas ao procedimento, a ampla defesa e o contraditório são princípios constitucionais, art 5º, LV, da CF e sua inobservância acarreta a nulidade da decisão. Nessa toada, como afirma Luiz Guilherme Marioni, “de nada adianta a participação sem a possibilidade do uso dos meios necessários. A demonstração das alegações. O direito à prova, destarte, é a necessidade de garantir a parte a adequação participação no processo”. II – III DA ABSOLVIÇÃO SUMARIA DO ARTIGO 415, III DO CPP Requer a absolvição sumária, tendo em vista que o fato evidentemente não constitui crime, sendo sua conduta atípica. E isto porque estamos diante da hipótese de crime impossível. Prevê o Art. 17 do Código Penal Que não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar o crime, tendo em vista que a intenção do agente era causar aborto em uma pessoa que não estava sequer grávida. LUIZ acreditava que ela estava praticando o aborto, porém no mundo fático não havia feto em risco e bem jurídico a ser protegido, então, ao entregar remédio abortivo para a pessoa que não estava grávida, não sendo causada qualquer lesão, a conduta é atípica, devendo ser o agente absolvido de imediato, nos termos do Art. 415, inciso III do CPP Nesse sentido, preceitua Luiz Flávio Gomes: Para a existência de uma tentativa idônea, como se vê, não basta a intenção do agente, (o desvalor da intenção). Ela requer atos executórios e, mais do que isso, atos capazes de efetivamente colocar em risco o bem jurídico protegido (desvalor da ação). Não temos o posicionamento do supremo tribunal de justiça do estado de São Paulo: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO COM A NUMERAÃO RASPADA. INEFICÁCIA DA ARMA ATESTADA POR LAUDO PERICIAL. AUSÊNCIA DE POTENCALIADE LESIVA. CRIME IMPOSSÍVEL. ATIPICIDADE DA CONDUTA ABSOLVIÇÃO. ORDEM CONCEDIDA. 1. A terceira seção desta corte pacificou o entendimento no sentido de que tipo penal de Posse ou porte ilegal de arma de fogo. Cuida-se de delito de mera conduta ou de perigo abstrato, sendo irrelevante a demonstração de seu efetivo caráter ofensivo. 2. Na hipótese, contudo, em que demonstrada por laudo pericial, a total ineficácia da arma de fogo inapta a disparar, deve ser reconhecida a atipicidade da conduta perpetrada, Diante da ausência de afetação da bem jurídica incolumidade pública, tratando-se de crime impossível, pela ineficácia absoluta do meio. 3. Ordem concedida. (STJ – HC 445564 SP 2018/0085667-9, Relator: Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, dada de julgamento: 15/05/2018, T6 – SEXTA TURMA, Data de Publicação: DJe 24/05/2018) III – DOS PEDIDOS a) O recebimento e provimento do presente recurso; b) Ser reconhecida a prescrição da pretensão punitiva; c) Anulação da decisão de pronúncia; d) Nulidade da decisão por cerceamento de defesa; e) Absolvição sumária nos termos do ART. 415, inciso III, do CPP; Termos em que, Pede deferimento. São Paulo, data xxxxxxx ADV XXX / OAB XXX
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