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SEMINÁRIO VI - IMPOSTO SOBRE A RENDA PESSOA JURÍDICA

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9
INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS
WOLFGANG GUARDIA RUIZ
SEMINÁRIO VI
IMPOSTO SOBRE A RENDA PESSOA JURÍDICA
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
2022
SUMÁRIO
1. QUAIS AS FORMAS DE APURAÇÃO E DE RECOLHIMENTO DO IRPJ DETERMINADOS PELO LEGISLADOR ORDINÁRIO? DIFERENCIE-AS. HÁ DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE AO ARBITRAMENTO DO LUCRO, NO CASO DE IMPRESTABILIDADE DE SUA CONTABILIDADE?	4
2. QUAL O CONCEITO JURÍDICO DE PERMUTA?	6
2.1. Ela pode ser equiparada ao instituto da compra e venda?	6
2.2. A permuta implica acréscimo patrimonial? Há incidência do imposto sobre a renda nas operações de permuta? Quais os impactos tributários sobre a operação de permuta trazidos pela Lei n. 12.973 de 2014?	6
2.3 O regime de apuração (lucro real ou lucro presumido) influencia no tratamento tributário a ser dispensado às permutas imobiliárias para fins de incidência do IRPJ?	7
3. COM RELAÇÃO À BASE DE CÁLCULO DO IRPJ PERGUNTA-SE:	8
3.1. “Entradas” e “ingressos” são sinônimos de “receitas”? As despesas reembolsadas por clientes integram a receita bruta dos escritórios e empresas que trabalham com bens e direitos de terceiros que adotam o lucro presumido? Esses reembolsos podem ser tributados pelo IRPJ?	8
3.2. O ICMS pode compor a base de cálculo do IRPJ no caso de empresas sujeitas ao regime de tributação pelo lucro presumido?	8
3.3. O art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.316/96 prevê a impossibilidade de dedução do valor correspondente a CSLL para efeito da determinação do lucro real, compondo, portanto, a base de cálculo do IRPJ. A inclusão desse valor coaduna com o conceito constitucional de renda? A exigência legal de adição da CSLL, registrada como custo ou despesa ao lucro líquido, se afigura como hipótese de ficção jurídica apta a alterar o critério quantitativo da regra-matriz de incidência do IRPJ? Esta disposição legal viola algum princípio constitucional consentâneo ao imposto incidente sobre a renda?	8
4. A LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA PRESCREVE QUE A COMPENSAÇÃO DOS PREJUIZOS FISCAIS APURADOS É LIMITADA À DENOMINADA TRAVA DE 30%. POR OUTRO LADO, REGULA AINDA A FORMA COM QUE O DIREITO À COMPENSAÇÃO SUBSISTE, ESPECIALMENTE EM FACE DE EVENTOS DE CISÃO, INCORPORAÇÃO OU FUSÃO DE SOCIEDADES. INDAGA-SE: É CABÍVEL A DENOMINADA “INCORPORAÇÃO REVERSA” OU “INCORPORAÇÃO ÀS AVESSAS”, ISTO É, A OPERAÇÃO EM QUE FIGURA COMO INCORPORADORA A SOCIEDADE DETENTORA DE PREJUÍZOS FISCAIS, REALIZADA JUSTAMENTE PARA QUE ESTES NÃO SE PERCAM? TRATA-SE DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO LÍCITO, OU SERIA, ESSE CASO, HIPÓTESE DE FRAUDE OU SIMULAÇÃO? ESTARIA ESSA OPERAÇÃO PROIBIDA PELO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 116 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL?	10
5. EMPRESA CTX QUE ATUA NO RAMO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, SITUADA NO ESTADO DE SANTA CATARINA SE UTILIZOU DO PROGRAMA PRÓ-EMPREGO E REGIME ESPECIAL (DO ART. 148-A DO RICMS/SC). DE ACORDO COM ESSE REGIME OS VALORES DAS IMPORTAÇÕES FICAM COM TRIBUTAÇÃO EFETIVA DE 3,45% NO CASO DO PROGRAMA PRÓ-EMPREGO E DE 0,92% NO CASO DO REGIME ESPECIAL. EM FISCALIZAÇÃO REALIZADA A AUTORIDADE AUTUANTE AFIRMA QUE OS BENEFÍCIOS CONFIGURAM SUBVENÇÃO CORRENTE PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO, CIRCUNSTÂNCIA EM QUE INCIDE O IRPJ. CONTUDO O CONTRIBUINTE CONSIDEROU EM SUA ESCRITURA COMO SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO, PORTANTO, FORA DO ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DO IRPJ. EM RAZÃO DISSO FOI LAVRADO AUTO DE INFRAÇÃO COM COBRANÇA DE IRPJ. NESSE CONTEXTO QUESTIONA-SE:	11
5.1. No que consistem as subvenções para investimento e para custeio? Os créditos presumidos de ICMS, outorgados pelos Estados e seus contribuintes, podem ser considerados subvenções?	11
5.2. É possível identificar o intuito subvencionador do Estado de Santa Catarina se para custeio ou investimento?	11
5.3. A prática do Estado de Santa Catarina pode ser compreendida como doação? Em caso positivo quais os efeitos para o IRPJ do contribuinte?	12
6. RECENTEMENTE, O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) CONCEDEU DECISÃO FAVORÁVEL AOS CONTRIBUINTES, NO SENTIDO DE RECONHECER A NÃO INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS (ESTANDO AINDA PENDENTES EMBARGOS DE DECLARAÇÃO APRESENTADOS PELA UNIÃO EM RELAÇÃO AO ALCANCE E MODULAÇÃO DOS EFEITOS). TAL DECISÃO GEROU OU IRÁ GERAR IMPACTOS PARA FINS DE IRPJ? EXPLICAR.	13
7. A LEI COMPLEMENTAR Nº 104/2001 ACRESCENTOU UM PARÁGRAFO SEGUNDO AO ARTIGO 43 DO CTN, DISPONDO “QUE NA HIPÓTESE DE RECEITA OU DE RENDIMENTO ORIUNDOS DO EXTERIOR, A LEI ESTABELECERÁ AS CONDIÇÕES E O MOMENTO EM QUE SE DARÁ SUA DISPONIBILIDADE, PARA FINS DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO...”. INDAGA-SE: O REGIME DE TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS ABRANGENDO AS CONTROLADAS E COLIGADAS NO EXTERIOR NOS MOLDES EM QUE PRESCRITO PELA LEI Nº 12.973/2014 ESTÁ DE ACORDO COM O ORDENAMENTO JURÍDICO?	14
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	15
1. QUAIS AS FORMAS DE APURAÇÃO E DE RECOLHIMENTO DO IRPJ DETERMINADOS PELO LEGISLADOR ORDINÁRIO? DIFERENCIE-AS. HÁ DIREITO SUBJETIVO DO CONTRIBUINTE AO ARBITRAMENTO DO LUCRO, NO CASO DE IMPRESTABILIDADE DE SUA CONTABILIDADE?
	
Atualmente, existem quatro formas de apuração e recolhimento do IRPJ, quais sejam: (i) lucro real; (ii) lucro presumido; (iii) lucro arbitrado e; (iv) Simples Nacional.
A Lei nº 9.718/98 dispõe sobre o lucro presumido em seu art. 13º, e sobre o lucro real no art. 14º. Diferente do lucro real, o lucro presumido é facultativo, e poderá ser aderido pela pessoa jurídica quando a sua receita bruta total no ano-calendário anterior tenha sido igual ou inferior a R$78.000.000,00 (setenta e oito milhões de reais) ou a R$6.500.000,00 (seis milhões e quinhentos mil reais) multiplicado pelo número de meses de atividade no ano-calendário anterior, quando inferior a doze meses; Quando o valor for superior, obrigatoriamente deverá a aderir ao lucro real. 
A principal diferença entre eles é que a apuração por lucro presumido leva em consideração a receita bruta da empresa, e a apuração por lucro real a apuração contábil dos resultados.
Não obstante, a Lei nº 8.981/95 dispõe no art. 47[footnoteRef:1] acerca do lucro arbitrado, que será definido nas seguintes hipóteses: [1: BRASIL. Lei Federal nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Brasília, DF, 20 jan. 1995. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8981.htm>. Acesso em: 01 jun. 2022.] 
Art. 47. O lucro da pessoa jurídica será arbitrado quando:
I - o contribuinte, obrigado à tributação com base no lucro real ou submetido ao regime de tributação de que trata o Decreto-Lei nº 2.397, de 1987, não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras exigidas pela legislação fiscal;
II - a escrituração a que estiver obrigado o contribuinte revelar evidentes indícios de fraude ou contiver vícios, erros ou deficiências que a tornem imprestável para:
a) identificar a efetiva movimentação financeira, inclusive bancária; ou
b) determinar o lucro real.
III - o contribuinte deixar de apresentar à autoridade tributária os livros e documentos da escrituração comercial e fiscal, ou o livro Caixa, na hipótese de que trata o art. 45, parágrafo único;
IV - o contribuinte optar indevidamente pela tributação com base no lucro presumido;
V - o comissário ou representante da pessoa jurídica estrangeira deixar de cumprir o disposto no § 1º do art. 76 da Lei nº 3.470, de 28 de novembro de 1958;
VII - o contribuinte não mantiver, em boa ordem e segundo as normas contábeis recomendadas, livro Razão ou fichas utilizados para resumir e totalizar, por conta ou subconta, os lançamentos efetuados no Diário.
VIII – o contribuinte não escriturar ou deixar de apresentar à autoridade tributária os livros ou registros auxiliares de que trata o § 2o do art. 177 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e § 2o do art. 8o do Decreto-Lei no 1.598, de 26 de dezembro de 1977. 
Trata-se, portanto, de hipóteses em que o Fisco irá arbitrar o lucro da empresa, para fins de apuração, quando a mesma cometer ilegalidades.
Por fim, a Lei Complementar 123/06 de que trata o Simples Nacional, traz um regime tributário diferenciado para as microempresas e empresasde pequeno porte, aos aderentes, poderão recolher não só o IRPJ, mas também o IPI, ICMS, ISSQN, PIS/PASEP, Cofins, CSLL e CPP, por meio de um único documento de arrecadação, nos termos do art. 13º. Sua apuração leva em consideração a receita bruta. 
2. QUAL O CONCEITO JURÍDICO DE PERMUTA?
Muito embora o Código Civil trate da permuta em seu art. 533, o códex não traz o seu conceito jurídico, pelo contrário, trata apenas das diferenças deste instituto com o da compra e venda.
De acordo com os ensinamentos trazidos José Henrique Longo e Rafael Palma Bifano, o contrato de permuta consiste num negócio jurídico em que as partes se obrigam a dar uma coisa certa em troca de outra, sem envolver dinheiro, portanto, sem acréscimo patrimonial, em tese. As operações podem ocorrer de duas formas, quais sejam: (i) permuta de bens de natureza semelhante e; (ii) permuta de bens de natureza diferente. Nesse sentido, asseveram ainda que:
“Não se deve perder de vista que as principais características de uma permuta são a inexistência de preço e o pressuposto de equivalência econômica entre as coisas trocadas.”[footnoteRef:2]. [2: BIFANO, Rafael Palma. HENRIQUE, José Longo. Tributação atual da renda. São Paulo: Noeses, 2015.] 
2.1. Ela pode ser equiparada ao instituto da compra e venda?
Em meu sentir, não. Isso porque no instituto da compra e venda há um preço, um valor que é atribuído ao bem objeto daquela operação, nesse sentido, trata-se de um negócio pelo qual se entrega uma coisa certa pelo pagamento de um preço.
Todavia, no que se refere à permuta de bens de natureza diferente, José Henrique Longo e Rafael Palma Bifano[footnoteRef:3] nos ensinam que: [3: BIFANO, Rafael Palma. HENRIQUE, José Longo. Tributação atual da renda. São Paulo: Noeses, 2015.] 
“Essa nova maneira de reconhecer contabilmente a transação como um adiantamento do cliente, resulta por equiparar, contábil e economicamente, a permuta a uma venda de unidades a construir, a qual é quitada à vista mediante a entrega do terreno.”
Portanto, nessa espécie, é possível a equiparação dos institutos.
2.2. A permuta implica acréscimo patrimonial? Há incidência do imposto sobre a renda nas operações de permuta? Quais os impactos tributários sobre a operação de permuta trazidos pela Lei n. 12.973 de 2014?
Em relação à permuta de bens de natureza semelhante, não há acréscimo patrimonial. Nesse sentido, dispõe o item 20 da OCPC1 o seguinte:
“Quando unidades imobiliárias de mesma natureza e valor são permutados entre si (apartamentos por apartamentos, terrenos por terrenos, etc.) essa troca não é considerada uma transação que gera ganho ou perda.”.
Em contrapartida, a permuta de bens de natureza diferente é considerada uma transação com substância comercial e, portanto, gera ganho e perda, nos termos do item 21 da OCPC1.
Com o advento da Lei nº 12.973/2014, o art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598/77 trouxe um conceito mais amplo de receita bruta que possibilitou a incidência do imposto de renda. De acordo com José Henrique Longo e Rafael Palma Bifano[footnoteRef:4]: [4: BIFANO, Rafael Palma. HENRIQUE, José Longo. Tributação atual da renda. São Paulo: Noeses, 2015.] 
“Esse alargamento dá abertura para que seja considerada como receita bruta qualquer lançamento contábil em resultado que seja credor, desde que decorrente da atividade empresarial do contribuinte. Aí, incluem-se as permutas imobiliárias que, nos termos da OCPC1, passaram a representar operações com reflexo em conta de resultado.”
Nesse sentido, essa abrangência interfere diretamente na apuração da base de cálculo do IR e da CSLL, das pessoas jurídicas submetidas ao lucro presumido e ao lucro arbitrado, e também na apuração de PIS e de COFINS em qualquer regime de apuração.
2.3 O regime de apuração (lucro real ou lucro presumido) influencia no tratamento tributário a ser dispensado às permutas imobiliárias para fins de incidência do IRPJ?
	
Sim, existe uma influência, isso porque o cálculo do IR das pessoas jurídicas submetidas à apuração pelo lucro presumido, é realizado com base em sua receita bruta, logo, conforme dito alhures, a permuta imobiliária compõe o cálculo de sua receita.
Em relação às pessoas jurídicas submetidas à apuração pelo lucro real, o cálculo é realizado com base no lucro líquido e, considerando que na permuta não há um acréscimo patrimonial líquido a ser apurado, não compõe a sua base de cálculo.
3. COM RELAÇÃO À BASE DE CÁLCULO DO IRPJ PERGUNTA-SE:
3.1. “Entradas” e “ingressos” são sinônimos de “receitas”? As despesas reembolsadas por clientes integram a receita bruta dos escritórios e empresas que trabalham com bens e direitos de terceiros que adotam o lucro presumido? Esses reembolsos podem ser tributados pelo IRPJ?
“Entradas” e “ingressos” não são sinônimos de “receita”, isso porque nem sempre representam um acréscimo patrimonial. Nesse sentido, as despesas reembolsadas não integram a receita bruta dos escritórios e empresas, justamente por não representar um acréscimo patrimonial destes. Por todo o exposto, os reembolsos não podem ser tributados pelo IRPJ, isso porque se o fizessem, estariam na verdade tributando o seu patrimônio, e não a sua renda.
3.2. O ICMS pode compor a base de cálculo do IRPJ no caso de empresas sujeitas ao regime de tributação pelo lucro presumido?
	O ICMS não pode compor a base de cálculo do IRPJ neste caso, isso porque, novamente, não se trata de valores que representam um acréscimo patrimonial da empresa, não é receita.
3.3. O art. 1º, parágrafo único, da Lei n. 9.316/96 prevê a impossibilidade de dedução do valor correspondente a CSLL para efeito da determinação do lucro real, compondo, portanto, a base de cálculo do IRPJ. A inclusão desse valor coaduna com o conceito constitucional de renda? A exigência legal de adição da CSLL, registrada como custo ou despesa ao lucro líquido, se afigura como hipótese de ficção jurídica apta a alterar o critério quantitativo da regra-matriz de incidência do IRPJ? Esta disposição legal viola algum princípio constitucional consentâneo ao imposto incidente sobre a renda?
	De acordo com os mais valiosos ensinamentos de Paulo de Barros Carvalho[footnoteRef:5]: [5: CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8ª ed. São Paulo: Noeses, 2021. p. 698. ] 
A definição do conceito de “renda”, no Brasil, é construída no plano da legislação complementar (arts. 43 e 44 do Código Tributário Nacional), porém com supedâneo em referência constitucional expressa, patamar normativo onde se encontram estabelecidos seus pressupostos (art. 153, III, da CR).
	
	Deveras, o que prevalece no direito brasileiro é, portanto, o conceito da renda à luz da teoria do acréscimo patrimonial, onde a renda é todo ingresso líquido, em bens materiais, imateriais ou serviços avaliáveis em dinheiro, periódico, transitório ou acidental de caráter generoso ou gratuito, que importe um incremento líquido do patrimônio de determinado indivíduo, em certo período de tempo.
	Nesse sentido, assevera José Artur Lima Gonçalves[footnoteRef:6] que o conteúdo semântico do vocábulo “renda”, nos termos prescritos pelo Sistema Constitucional Tributário Brasileiro, compreende o saldo positivo resultante do confronto entre certas entradas e certas saídas, ocorridas ao longo de um dado período. É, em outras palavras, acréscimo patrimonial. [6: GONÇALVES, José Artur Lima. Imposto sobre a renda: pressupostos constitucionais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 179.] 
	Sendo assim, a previsão legal em comento não está em sintonia com o texto constitucional, isso porque a CSLL deve ser deduzida da base de cálculo do IRPJ, porque não configura acréscimo patrimonial. Não obstante, tal dispositivo ainda fere o princípio da capacidade contributiva.
	
 
4. A LEGISLAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA PRESCREVE QUE A COMPENSAÇÃO DOS PREJUIZOS FISCAIS APURADOS É LIMITADA À DENOMINADA TRAVA DE 30%. POR OUTRO LADO, REGULA AINDA A FORMA COM QUE O DIREITO À COMPENSAÇÃO SUBSISTE, ESPECIALMENTE EM FACE DE EVENTOS DE CISÃO, INCORPORAÇÃO OU FUSÃODE SOCIEDADES. INDAGA-SE: É CABÍVEL A DENOMINADA “INCORPORAÇÃO REVERSA” OU “INCORPORAÇÃO ÀS AVESSAS”, ISTO É, A OPERAÇÃO EM QUE FIGURA COMO INCORPORADORA A SOCIEDADE DETENTORA DE PREJUÍZOS FISCAIS, REALIZADA JUSTAMENTE PARA QUE ESTES NÃO SE PERCAM? TRATA-SE DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO LÍCITO, OU SERIA, ESSE CASO, HIPÓTESE DE FRAUDE OU SIMULAÇÃO? ESTARIA ESSA OPERAÇÃO PROIBIDA PELO PARÁGRAFO ÚNICO DO ARTIGO 116 DO CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL?
O Decreto nº 9.580/18 dispõe em seu art. 585[footnoteRef:7] que: [7: BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Brasília, DF, 22 nov. 2018. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 01 jun. 2022.] 
Art. 585. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compensar prejuízos fiscais da sucedida
Nesse sentido, fica evidente que ao incorporar uma empresa, a incorporadora não poderá se utilizar dos prejuízos fiscais da sucedida para fins de compensação.
Sendo assim, a “incorporação às avessas” ou a “incorporação reversa” configura evasão fiscal e não elisão, por se tratar de simulação, isso porque numa incorporação normal, neste caso, os prejuízos fiscais não seriam aproveitados.
Por fim, em se tratando de simulação (como é o caso em comento), a autoridade administrativa poderá desconsiderar o negócio jurídico praticado e tributar as empresas, nos termos do parágrafo único do art. 116 do CTN.
5. EMPRESA CTX QUE ATUA NO RAMO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, SITUADA NO ESTADO DE SANTA CATARINA SE UTILIZOU DO PROGRAMA PRÓ-EMPREGO E REGIME ESPECIAL (DO ART. 148-A DO RICMS/SC). DE ACORDO COM ESSE REGIME OS VALORES DAS IMPORTAÇÕES FICAM COM TRIBUTAÇÃO EFETIVA DE 3,45% NO CASO DO PROGRAMA PRÓ-EMPREGO E DE 0,92% NO CASO DO REGIME ESPECIAL. EM FISCALIZAÇÃO REALIZADA A AUTORIDADE AUTUANTE AFIRMA QUE OS BENEFÍCIOS CONFIGURAM SUBVENÇÃO CORRENTE PARA CUSTEIO OU OPERAÇÃO, CIRCUNSTÂNCIA EM QUE INCIDE O IRPJ. CONTUDO O CONTRIBUINTE CONSIDEROU EM SUA ESCRITURA COMO SUBVENÇÃO DE INVESTIMENTO, PORTANTO, FORA DO ÂMBITO DE INCIDÊNCIA DO IRPJ. EM RAZÃO DISSO FOI LAVRADO AUTO DE INFRAÇÃO COM COBRANÇA DE IRPJ. NESSE CONTEXTO QUESTIONA-SE:
5.1. No que consistem as subvenções para investimento e para custeio? Os créditos presumidos de ICMS, outorgados pelos Estados e seus contribuintes, podem ser considerados subvenções?
Visando o desenvolvimento econômico e o fomento das atividades empresariais, o Poder Público poderá dispor de subvenção, que consiste num estímulo destinados aos setores da economia. Em âmbito tributário, existem duas formas de subvenções, quais sejam: (i) para custeio, aquelas destinadas ao conjunto de despesas corrente e operações do beneficiário, que devem ser registradas e computadas como receitas, compondo, desta forma, o resultado de apuração do IR e; (ii) para investimento, que são aquelas direcionadas para a implantação ou expansão de empreendimentos econômicos, e não estão sujeitas à incidência do IR (desde que cumpridos os requisitos legais).
	Nesse sentido, os créditos presumidos de ICMS, nos termos da LC nº 160/17, podem ser considerados como subvenções, isso porque o Fisco recebe à menor com o fito de auxiliar o beneficiário no investimento ou custeio de suas atividades.
5.2. É possível identificar o intuito subvencionador do Estado de Santa Catarina se para custeio ou investimento?
	Do que se depreende da leitura do Decreto nº 105/07, que regulamenta o Programa Pró-Emprego instituído pela Lei nº 13.992/07, o intuito da subvenção é de promover o estímulo à implantação e expansão dos empreendimentos econômicos que se adequarem aos requisitos ali estabelecidos, logo, se trata de uma subvenção para investimento.
5.3. A prática do Estado de Santa Catarina pode ser compreendida como doação? Em caso positivo quais os efeitos para o IRPJ do contribuinte?
	Acerca da doação, disciplina o art. 538 do Código Civil:
Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra.
	
Considerando que há uma transferência do Poder Público para o particular por mera liberalidade, sem contraprestação pecuniária, configura uma doação. Neste caso, a subvenção pode ser entendida como uma doação.
Em relação ao IRPJ, dispõe o art. 523[footnoteRef:8] do Decreto nº 9.580/2018 que: [8: BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Brasília, DF, 22 nov. 2018. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 01 jun. 2022.] 
Art. 523. As subvenções para investimento, inclusive por meio de isenção ou de redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou à expansão de empreendimentos econômicos e as doações feitas pelo poder público não serão computadas para fins de determinação do lucro real, desde que sejam registradas na reserva de lucros a que se refere o art. 195-A da Lei nº 6.404, de 1976 , que somente poderá ser utilizada para (Lei nº 12.973, de 2014, art. 30, caput ) :
Portanto, não incidente o referido imposto em relação às subvenções para investimento, em contrapartida, no que se refere às subvenções para custeio, serão computadas no lucro real e incidirá o IRPJ.
 
6. RECENTEMENTE, O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF) CONCEDEU DECISÃO FAVORÁVEL AOS CONTRIBUINTES, NO SENTIDO DE RECONHECER A NÃO INCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DO PIS E DA COFINS (ESTANDO AINDA PENDENTES EMBARGOS DE DECLARAÇÃO APRESENTADOS PELA UNIÃO EM RELAÇÃO AO ALCANCE E MODULAÇÃO DOS EFEITOS). TAL DECISÃO GEROU OU IRÁ GERAR IMPACTOS PARA FINS DE IRPJ? EXPLICAR.
Como dito alhures neste trabalho, o valor de ICMS arrecadado pelas empresas não representam acréscimo patrimonial, trata-se apenas de mero trânsito cambial, logo, não integram a receita bruta da pessoa jurídica. Nesse sentido, entendeu o STF que tais valores não compõem o faturamento da empresa e, por isso, não devem integrar a base de cálculo do PIS e da Cofins.
Deste modo, pode-se observar um precedente favorável aos contribuintes, isso porque o entendimento do STF é de que o ICMS não deve ser considerado na computação da receita de uma empresa, o que acaba por reverberar na arrecadação do IRPJ. Seguindo a mesma lógica, tais valores não compõem a receita de uma empresa, para fins de apuração do IRPJ pelo lucro presumido, visto que nesta modalidade a apuração da base de cálculo é calculada pela sua receita bruta.
7. A LEI COMPLEMENTAR Nº 104/2001 ACRESCENTOU UM PARÁGRAFO SEGUNDO AO ARTIGO 43 DO CTN, DISPONDO “QUE NA HIPÓTESE DE RECEITA OU DE RENDIMENTO ORIUNDOS DO EXTERIOR, A LEI ESTABELECERÁ AS CONDIÇÕES E O MOMENTO EM QUE SE DARÁ SUA DISPONIBILIDADE, PARA FINS DE INCIDÊNCIA DO IMPOSTO...”. INDAGA-SE: O REGIME DE TRIBUTAÇÃO EM BASES UNIVERSAIS ABRANGENDO AS CONTROLADAS E COLIGADAS NO EXTERIOR NOS MOLDES EM QUE PRESCRITO PELA LEI Nº 12.973/2014 ESTÁ DE ACORDO COM O ORDENAMENTO JURÍDICO?
O regime de tributação prescrito pela Lei nº 12.973/2014 configura, à luz do conceito de renda e da teoria do acréscimo patrimonial, a incidência do IRPJ antes mesmo que as empresas localizadas no Brasil tenham acesso aos lucros, ou seja, quando ainda não ocorreu o acréscimo patrimonial.
	Como vimos, o critério material da regra matriz de incidência do IRPJ é a auferir renda, portanto, tal regime entra em confronto com o ordenamento jurídico, inclusive constitucional.
	Ao julgar a ADI 2588/DF, o STF decidiu que “... o art. 74 da MP nº 2.158-35/2001 não se aplica às empresas “coligadas” localizadas em países sem tributação favorecida (não “paraísos fiscais”), e que o referido dispositivo se aplica às empresas “controladas” localizadas em países de tributação favorecida ou desprovidos de controles societários e fiscais adequados (“paraísos fiscais”, assim definidos em lei)”.
	Entendo apenas e tão somente acertada a decisão referente a não aplicação do regime às empresas coligadas localizadas em países sem tributação favorecida.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIFANO, Rafael Palma. HENRIQUE, José Longo. Tributação atualda renda. São Paulo: Noeses, 2015.
BRASIL. Decreto nº 9.580, de 22 de novembro de 2018. Brasília, DF, 22 nov. 2018. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/decreto/D9580.htm>. Acesso em: 01 jun. 2022.
BRASIL. Lei Federal nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995. Brasília, DF, 20 jan. 1995. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8981.htm>. Acesso em: 01 jun. 2022.
CARVALHO, Paulo de Barros. Direito tributário: linguagem e método. 8ª ed. São Paulo: Noeses, 2021. p. 698.
GONÇALVES, José Artur Lima. Imposto sobre a renda: pressupostos constitucionais. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 1997. p. 179.

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