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231PPG1707A_ Roteiro de Estudos

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Caro(a) aluno(a), neste roteiro será possível conhecer os principais temas sobre a tutela penal
no meio digital na sociedade contemporânea permeada pelo risco da interdependência do
homem com esse meio digital.
O roteiro está estruturado de forma a proporcionar um processo de ensino-aprendizagem
articulado com as inovações legislativas na matéria. O sucesso nos estudos dependerá do
comprometimento e da dedicação que você fará no estudo do conteúdo apresentado.
Bons estudos!
Caro(a) estudante, ao ler este roteiro você vai:
compreender as implicações do Direito no uso da rede de computadores;
conhecer os principais bens jurídicos tutelados;
saber diferenciar os sujeitos nos delitos informáticos;
diferenciar as modalidades de crimes informáticos;
atualizar quanto à legislação pertinente à matéria.
Bons estudos!
Introdução
Tutela Penal do Meio Ambiente Digital
Roteiro deRoteiro de
EstudosEstudos
Autor: Dra. Silvia Mara Novaes Sousa Bertani
Revisor: Me. Silvio Sandro Soares Junior
Na sociedade contemporânea vivemos um momento de risco constante decorrente da relação
do homem com o meio ambiente digital. É nesta sociedade permeada pelos riscos constantes
que interagimos em dependência com a rede de computadores que permite a alta circulação
de informações, pessoas e mercadorias.
Nesse contexto, a rede é um modelo que in�uencia a vida de todos e por isso é tão importante
estudarmos como o Direito tem tratado a internet e as consequências advindas do uso
inadequado e criminoso.
No mesmo sentido compreender quais os bens tutelados pelo Direito nos permitirão enumerar
os crimes mais comuns e seus sujeitos adequando à legislação do Código Penal brasileiro e
demais legislações pertinentes.
Internet e Direito
A internet e suas conexões promovem o aumento da informatização de todos os serviços e
segmentos da economia e do mercado. No entanto, a evolução da técnica e o aprimoramento
das conexões trouxeram à sociedade consequências nefastas, quais sejam, os crimes
cibernéticos que são cada vez mais frequentes e de difícil tratamento penal em razão da
sensação de impunidade gerada e pela di�culdade da punibilidade.
O mundo globalizado e a sociedade da informação promoveram o acesso livre às tecnologias
que é considerado um direito fundamental de homem. Estar incluído digitalmente ou estar on-
line é uma realidade do ser social digital.
O Direito, por sua vez, como ciência que é, tem trabalhado no sentido de criar regras de
comportamento seja quanto aos direitos e/ou deveres de todos os usuários e prestadores de
serviços.
A lei do marco civil da internet prevê os princípios que regulam o uso da rede de
computadores, dentre os quais se destacam o princípio da proteção da privacidade e dos
dados pessoais, a inviolabilidade e sigilo do �uxo de suas comunicações e inviolabilidade e
sigilo de suas comunicações privadas armazenadas.
O mesmo diploma legal trata da proteção dos registros, dos dados pessoais e das
comunicações privadas e deixa claro a possibilidade de requisição judicial dos dados privados.
A internet teve a sua primeira fase nos anos 1960 com pesquisas cientí�cas e o início das trocas
de mensagens. No �nal da década uma rede americana de computadores passou a utilizar a
comunicação baseada na lógica entre usuários. O modelo anterior se baseava na interligação
física entre usuários. Os computadores passam a ser interligados na década seguinte a uma
velocidade até então desconhecida.
Na década de 1970 a rede utilizava como protocolo para comutação de dados o chamado
Network Control Protocol (NCP). Já na década de 1980 surge a padronização do TCP/IP como
protocolo e surge a difusão da rede pelas comunidades cientí�cas e de pesquisa. A década de
1990 é marcada pelo fechamento da Arpanet e um marco do início do uso da rede por pessoas
naturais e ou jurídicas.
Os anos 1990 serão berço fecundo para a ciência jurídica com a publicação de inúmeros
trabalhos e estudos sobre a aplicação do Direito à rede de computadores.
No Brasil, num primeiro momento, foi adotada a legislação penal vigente à época como forma
de punir condutas praticadas por intermédio ou contra sistemas informáticos, mais tarde  tais
direitos foram normatizados pela lei do marco civil da internet (Lei 12.965/2014).
A internet surge na guerra fria na década de 1960 em razão da pretensão do governo
americano na aquisição de um sistema que possibilitasse a troca de informações entre os
computadores militares e que especialmente preservasse dados militares em caso de uma
investida bélica nuclear.
No Brasil a disponibilização da internet ao público terá seu termo inicial em meados dos anos
1990 quando o governo federal inicia a implantação da infraestrutura necessária para
consolidação dos protocolos de uso da internet e de�nição legal para a operação de empresas
privadas provedoras de acesso aos usuários.
O Direito que re�ete uma sociedade em determinado tempo e lugar também se transforma e
os conceitos jurídicos antes estáticos passam a ser interpretados de modo inovador e
permeados pelas tecnologias em suas modalidades.
No entanto, as normas jurídicas vigentes não conseguiam resolver os con�itos decorrentes do
uso da rede de computadores. Surge, então, um novo ramo jurídico marcado pela necessidade
de conhecimentos especí�cos sobre os protocolos computacionais e sobre a internet. É o
Direito que tutela o ambiente digital e ao qual denominamos Direito digital ou eletrônico.
Podemos dizer que o Direito Penal Ambiental Digital tem por base as situações sociais,
políticas, econômicas e jurídicas decorrentes do estabelecimento da rede de computadores e
de todas as atividades via utilização da internet.
Para Pinheiro (2016, p. 71) “[...] essa disciplina consiste na evolução do próprio Direito,
abrangendo todos os princípios fundamentais e institutos do Direito que estão vigentes e são
aplicados até hoje, assim como introduzindo novos institutos e elementos para o pensamento
jurídico, em todas as áreas”.
A autora ainda aponta para algumas situações pontuais tratadas pelo Direito digital. Segundo a
autora:
A possibilidade de visibilidade do mundo atual traz também riscos inerentes à
acessibilidade, tais como segurança da informação, concorrência desleal,
plágio, sabotagem por hacker, entre outros. Assim na mesma velocidade da
evolução da rede, em virtude do relativo anonimato proporcionado pela
internet, crescem os crimes, as reclamações devido a infrações ao Código de
Defesa do Consumidor, as infrações à propriedade intelectual, marcas e
patentes, entre outras (PINHEIRO, 2016, p. 76).
Ainda da lavra de Pinheiro (2016, p. 77) nos é apresentada de�nição de Direito Eletrônico ou
Digital: “[...] consiste na evolução da própria ciência jurídica, abrangendo todos os princípios
fundamentais e institutos que estão vigentes e são aplicados até hoje, assim como
introduzindo novos institutos e elementos para o pensamento jurídico, em todas as suas
áreas”.
A legislação aplicável no Direito brasileiro está insculpida nas Leis n. 12.735/2012 e n.
12.737/2012, consideradas a Lei de Crimes Informáticos que tratam das condutas ilícitas na
seara dos crimes no ambiente digital e pela Lei do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), que
serão objeto de estudo ao �nal.
LIVRO
A vida em rede
Autores: Ronaldo Lemos e Massimo di Felice
Editora: 7 Mares
Ano: 2015
Comentário: os autores analisam a vida em rede sob o enfoque
das noções da privacidade na internet e tratam dos desa�os que
surgem a cada dia e lançam a pergunta: O que nos espera? E o
que esperamos? Indicação do segundo capítulo: Economia de
mercado e redes informativas. Esse título está disponível na
Biblioteca Virtual da .
LEITURA
Os crimes cibernéticos e a ine�cácia da lei Carolina Dieckmann
Autor: Arthur Bernardo Egewarth
Ano: 2019
Comentário: As facilidades que a internet propicia também facilitam a ocorrência de crimes. A
autora analisa os principais crimes cometidos na internet abordando de maneira clarae
objetiva pontos questionáveis da Lei Dieckmann.
ACESSAR
Delitos Informáticos: Bens
Jurídicos Protegidos
Os benefícios que a internet proporciona também trazem ao convívio social condutas
criminosas praticadas por agentes em constante atualização tecnológica. O cibercrime decorre
do conhecimento dos sistemas de informação e da �nalidade de atingir bens jurídicos fazendo
uso das inúmeras possibilidades de atuação no âmbito da rede.
O alcance dos delitos informáticos abrange não só as contravenções penais como também as
condutas praticadas no meio virtual e toda e qualquer conduta que tenha relação com o uso da
rede de computadores.
A doutrina pátria ainda apresenta divergências quanto à nomenclatura ideal para tratar do
tema dos crimes digitais, mas a que parece estar mais adequada e atualizada com a realidade
fática é que se destina a tutela penal da proteção de dados e dos sujeitos envolvidos nas
práticas usuais da internet.
Importante salientar que nos delitos informáticos muito importante é a classi�cação dentre os
que são próprios e os impróprios. Nos delitos virtuais próprios o sujeito ativo utiliza o sistema
http://bibliodigital.unijui.edu.br:8080/xmlui/handle/123456789/6497
do sujeito passivo. O objeto para a execução do crime é o computador como sistema
tecnológico. Podemos citar como exemplo o caso da invasão de dados não autorizados, da
interferência em dados, invasão de dados armazenados como objetivo de modi�car, alterar,
inserir dados e que atingem máquina. Nos crimes virtuais próprios o bem jurídico protegido é a
privacidade e o sigilo das informações e dados.
Já na modalidade de crime virtual impróprio o modus operandi está na utilização do
computador e da internet como instrumento para realização da conduta que atinge o bem
tutelado. Nessa modalidade a diferença está na dispensabilidade do computador para a
concretização do ilícito, pois a prática pode se dar não necessariamente pela informática como
é o exemplo o crime de pedo�lia.
Um exemplo de crime informático muito usual e de que muitos são vítimas é a prática de
acesso ao sistema como um hacker que acessa, observa, mas não toma qualquer atitude que
possa prejudicar o usuário ou lhe furtar dados sigilosos.
Os crimes utilizando os sistemas informáticos podem atentar contra vários tipos de bens
jurídicos, nomeadamente as pessoas e o patrimônio.
LIVRO
Mídias sociais... e agora?
Autor: Carolina Frazon Terra
Editora: Saraiva
Ano: 2011
Comentário: os autores analisam a vida em rede sob o enfoque
das noções da privacidade na internet e tratam dos desa�os que
surgem a cada dia e lançam a pergunta: O que nos espera? E o
que esperamos? Indicação do segundo capítulo: Economia de
mercado e redes informativas. Esse título está disponível na
Biblioteca Virtual da .
LEITURA
A Teoria do Direito, a Era Digital e o Pós-Humano: o novo estatuto do corpo sob
um regime tecnológico e a emergência do Sujeito Pós-Humano de Direito
Autor: Eduardo C. B. Bittar
Ano: 2019
Comentário: o autor discute o estatuto jurídico que se atribui ao cyber-corpo no âmbito do
Direito. O autor analisa as transformações com o surgimento desse novo homem da era da
internet e se pergunta: quem será esse pós-humano?
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Sujeitos dos Delitos
Conforme nos ensina Mirabete (2016, p. 110), o sujeito ativo é “aquele que pratica a conduta
descrita na lei”, seja isoladamente ou em grupo. Nos crimes digitais uma particularidade está
instalada, pois o sujeito ativo tem a peculiaridade de estar ausente �sicamente o que lhe
garante a di�culdade de identi�cação, ainda que momentânea.
São exemplos de sujeitos ativos nos crimes digitais os hackers e o crackers . Ambos possuem
habilidade ímpar no conhecimento da área da informática. O que diferencia um do outro é o
objetivo criminoso. O primeiro apenas observa sem interferir em qualquer dado do usuário, o
segundo utiliza de seu conhecimento para causar danos, obter vantagens pecuniárias etc.
O sujeito passivo nos crimes virtuais pode ser qualquer pessoa, seja ela física ou jurídica, pois a
determinante da ação delituosa digital será aquela que objetivando desviar e/ou atingir o
patrimônio do sujeito ativo ou lhe furtar dados sigilosos tenha êxito no seu objetivo criminoso.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2179-89662019000200933&script=sci_arttext&tlng=pt
LEITURA
Direito digital: da regularização de um novo ambiente ao limite da liberdade de
expressão
Autores: Priscila Santana Vieira, Igor Toneti de Brito, Isabella Fernanda Semprebon Tolardo
Ano: 2019
Comentário: o artigo trata do avanço da tecnologia e das relações que ela promove entre
pessoas diferentes de todos os lugares do mundo. A interação que a internet promove também
traz con�itos que precisam ser compreendidos quanto à liberdade de expressão.
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LIVRO
Investigação digital em fontes abertas
Autores: Alessandro Gonçalves Barreto; Emerson Wendt e
Guilherme Caselli
Editora: Editora Brasport
Ano: 2017
Comentário: os autores analisam a vida em rede sob o enfoque
das noções da privacidade na internet e tratam dos desa�os que
surgem a cada dia e lançam a pergunta: O que nos espera? E o
que esperamos? Indicação do segundo capítulo: Economia de
mercado e redes informativas. Esse título está disponível na
Biblioteca Virtual da .
http://periodicos.unifil.br/index.php/rev-juridica/article/view/1152
Crimes Informáticos
O ordenamento jurídico penal brasileiro tutela diversos bens, dentre eles, os mais importantes
são aqueles que têm como principal objetivo a proteção à pessoa . A vida é o bem jurídico
mais importante e está expresso na CF/88 ao prever a igualdade e a garantia de inviolabilidade
dos direitos inerentes aos brasileiros e estrangeiros.
Os crimes contra o preconceito e raça previstos na CF/88 no título que trata dos direitos e
garantias individuais, expressa que “a prática do racismo constitui crime ina�ançável e
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei” (BRASIL, 1988, on-line ).
Os crimes contra a autodeterminação e a dignidade sexual também é um bem jurídico tutelado
pelo Direito Penal. Segundo Nucci (2010, p. 42), associa-se à respeitabilidade e à autoestima, à
intimidade e à vida privada, permitindo-se deduzir que o ser humano pode realizar-se,
sexualmente, satisfazendo a lascívia e a sensualidade como bem lhe aprouver, sem que haja
qualquer interferência estatal ou da sociedade.
A lei penal brasileira trata dos crimes relacionados à dignidade sexual destacando que os
criminosos podem utilizar meios eletrônicos para facilitar sua prática, se valendo das vítimas
que têm acesso à internet.
A disponibilidade de conteúdo pornográ�co e o agenciamento de pessoas  são exemplos que
se enquadram no delito do art. 230  do Código Penal - Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro
de 1940, que prevê ser crime “tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de
seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça" (BRASIL, 1940,
on-line ).
Quanto aos crimes contra o patrimônio a lei penal estabelece no art. 155 do Código Penal
(Decreto-lei n. 2.848/1940) que “subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel” caracteriza
o delito de furto. O crime de furto capitulado na lei penal adequa-se à prática por meio dos
sistemas informáticos. É o caso da transferência de numerário de determinada conta bancária
utilizando como modus operandi a invasão do sistema. Na forma quali�cada do delito de furto
mediante fraude, destacamos o cibercriminoso que utiliza de técnicas de phishing para obter
informações relacionadas aos dados da conta da vítima e assim subtrair os seus bens
pecuniários.
O crime de extorsão previsto no art. 158 do Código Penal (Decreto-Lei n. 2.848/1940) se
adequa à modalidade virtual, já que a grave ameaça ao usuário também é catalogada na lei
penal. No crime de extorsão os cibercriminosos podem ameaçar a vítima por qualquer meio de
comunicação disponível na rede de computadores como ocorre nas redes sociaise nos
programas de mensagens instantâneas, e consequentemente fazer a vítima de alguma forma
entregar dinheiro ou outro bem patrimonial.
O crime de estelionato previsto no art. 171 do Código Penal (Decreto-Lei n. 2.848/1940)
consiste em convencer a vítima a entregar algo de valor econômico em troca de um benefício
maior. Essa modalidade criminosa ganhou destaque com a utilização de recursos e aplicativos
de comunicação por meio da internet já que estes garantem o anonimato.
Para a ocorrência do crime de receptação é necessária a existência de um crime anterior. Nos
crimes informáticos o cibercriminoso utiliza do anonimato que a internet possibilita para obter
o seu intento, negociando e fazendo tratativas ilícitas.
Ainda no âmbito do direito patrimonial , o direito que versa sobre direitos autorais estabelece
em seu artigo 87 (Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998) que: "O titular do direito patrimonial
sobre uma base de dados terá o direito exclusivo, a respeito da forma de expressão da
estrutura da referida base, de autorizar ou proibir" (BRASIL, 1998a, on-line ). O artigo de lei
de�ne o crime de pirataria que consiste na cópia de dados, de qualquer dispositivo, sem
autorização do autor ou ainda disponibiliza ao público.
O crime de lavagem de dinheiro tem legislação própria e trata no  seu art. 1. (Lei n. 9.613, de 3
de março de 1998) das condutas de "ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização,
disposição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal" (BRASIL, 1998b, on-line ). Essa modalidade criminosa pode ser
praticada através da rede de computadores utilizando-se, por exemplo, um site fake para
venda de entorpecentes ou para fornecer senhas de acesso a órgãos governamentais com o
objetivo de obter vantagens.
O crime de falsi�cação de documentos particulares inclui o cartão de crédito e demais
documentos particulares. O modus operandi dessa modalidade delituosa pode ser concretizado
com a obtenção de dados da vítima sem que esta perceba utilizando-se programas espiões que
capturam operações realizadas.
A pedo�lia não tem tipi�cação penal expressa, no entanto o agente que comete atos dessa
natureza externando desejos que visam satisfazer sua lascívia, pode ser condenado pela
prática de estupro de vulnerável, em se tratando de menor de 14 anos conforme tipi�cação do
art. 217-A do Código Penal.
Para Brito (2013, p. 126) “[...] a internet, maior rede de comunicação, transmissão e
armazenamento de informações do mundo, transformou-se, também, no principal
instrumento para o cometimento de alguns crimes, e dentre eles, podemos destacar a
exploração de pornogra�a infantil em todas as suas formas”.
No entanto, a rede de computadores também se presta ao combate dos crimes de pedo�lia e
da pornogra�a infantil (BRITO, 2013, p. 127).
Em se tratando de pornogra�a infantil caracterizada pela prática da divulgação de conteúdo
sexual, e não necessariamente em atividade sexual, a proteção legal está disposta nos 241 e
241-A do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei n. 8069, de 13 de julho de 1990).
LEITURA
Responsabilidade civil dos in�uenciadores digitais.
Autores: Ana Paula Gilio Gasparatto, Cinthia Obladen de Almendra Freitas e Antônio Carlos
E�ng
Ano: 2019
Comentário: O artigo trata das formas de interação entre as pessoas que recorrem aos
in�uenciadores digitais, a �m de angariar clientes e obter lucro. Trata, também, das formas
como indivíduos compartilham opiniões e in�uenciam a opinião digital. A leitura é interessante
para compreender os processos de �delização que in�uenciadores utilizam nas redes.
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LIVRO
Mudar a Mudança: lições da internet generativa -
quem propõe mudanças, não as deveria gerir!
Autor: Pedro Demo
Editora: Editora Pearson
Ano: 2012
Comentário: os autores analisam a vida em rede sob o enfoque
das noções da privacidade na internet e tratam dos desa�os que
surgem a cada dia e lançam a pergunta: O que nos espera? E o
que esperamos? Indicação do segundo capítulo: Economia de
mercado e redes informativas. Esse título está disponível na
Biblioteca Virtual da .
https://periodicos.unicesumar.edu.br/index.php/revjuridica/article/view/6493
Legislação Brasileira dos Crimes
Informáticos
A Convenção sobre a Cibercriminalidade, adotada pelo Conselho da Europa em 2012 e aberta à
assinatura por todos os países do mundo, obriga os Estados a tipi�car as seguintes condutas de
infrações contra a con�dencialidade, integridade e disponibilidade dos dados e sistemas
informáticos, as infrações informáticas e as infrações relativas ao conteúdo e as que atentem à
propriedade intelectual e aos direitos que lhe são conexos.
A Constituição Federal Brasileira, em seu art. 5º, inciso X, trata da proteção à inviolabilidade da
intimidade, da vida privada, da honra etc.
A Lei n. 12.737/2012 ou simplesmente Lei Dickmann trouxe alterações ao Código Penal,
tipi�cando condutas delituosas. Como exemplo podemos citar o art. 154 que trata da
inviolabilidade dos segredos e que estabelece que:
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de
computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com
o �m de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização
expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para
obter vantagem ilícita (BRASIL, 2012b, on-line).
O artigo mencionado visa combater a invasão de dispositivos informáticos alheios, conectados
ou não à internet. O tipo penal indica, também, a necessidade de o dispositivo informático
possuir algum mecanismo de segurança, sob pena de ser considerado desprotegido
penalmente (NUCCI, 2013, p. 742).
Noutras palavras, para que ocorra a conduta típica codi�cada o sujeito ativo deverá violar o
dispositivo alheio, sem precisar necessariamente estar conectado com a rede de
computadores, e com a �nalidade de obter, adulterar ou destruir dados ou informações.
Vale ressaltar, ainda, que os crimes contra inviolabilidade dos segredos possuem previsão
constitucional, advindo da proteção da intimidade e da vida privada da pessoa (BRASIL, 1988,
art. 5º, inciso X).
O marco civil da internet (Lei 12.965, de 23 de abril de 2014) trouxe para o ordenamento
jurídico brasileiro importantes mudanças e em especial, tratou dos direitos, deveres e garantias
no uso da rede. Segundo Fiorillo (2015, p. 17)  a nova lei
[...] ao pretender estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres vinculados
à manifestação do pensamento, à criação, à expressão e à informação (meio
ambiente cultural), por meio do uso da internet no Brasil (meio ambiente
digital), procura de qualquer forma tentar organizar parâmetros jurídicos
destinados a tutelar o conteúdo da comunicação social e mesmo dos direitos e
deveres fundamentais da pessoa humana por meio do uso de computadores
no Brasil em redes interligadas visando, ao que tudo indica, destacar a
importância da tutela jurídica da internet no século XXI em nosso país.
Dentre as mudanças signi�cativas trazidas pela lei do marco civil da internet destaca-se a
proteção à privacidade dos usuários que determinou que somente mediante ordem judicial
conteúdos de trocas privadas de mensagens podem ser divulgados.
Outro ponto que merece destaque na citada lei é a possibilidade que o usuário tem de
requerer a exclusão de todas as informações pessoais visando proteger seus dados privados e
assim garantindo que a exclusão em determinado site evite que bens sejam lesados.
Se de um lado a legislação protege o usuário diligente que solicita exclusão de seus dados, de
outro os provedores da rede se eximem de qualquer responsabilidade advinda da divulgação
de dados por terceiros mal-intencionados.
A Lei Carolina Dieckmann (Lei 12.737, de 30 de novembro de 2012) traz dentre seus
dispositivos a tipi�cação do crime de invasão, conforme estabelece o art. 154 que determina
que
Art. 154-A - Invadir dispositivo informáticoalheio, conectado ou não à rede de
computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com
o �m de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização
expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para
obter vantagem ilícita. (BRASIL, 2012b, on-line).
A inclusão da lei Carolina Dieckmann trouxe ao ordenamento jurídico penal importantes
alterações e adequações como se depara dos parágrafos incluídos ao art. 266 do Código Penal
(Decreto Lei n. 2.848/1940):
Art. 266 - Interromper ou perturbar serviço telegrá�co, radiotelegrá�co ou
telefônico, impedir ou di�cultar-lhe o restabelecimento:
§ 1o Incorre na mesma pena quem interrompe serviço telemático ou de
informação de utilidade pública, ou impede ou di�culta-lhe o restabelecimento.
(Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012)
§ 2o Aplicam-se as penas em dobro se o crime é cometido por ocasião de
calamidade pública. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) (BRASIL, 1940, on-
line).
O diploma jurídico penal também sofreu alteração no art. 298 (BRASIL, 1940, on-line )
equiparando o cartão de crédito e de débito com documentos pessoais.
Pinheiro (2016) em análise do artigo em questão nos traz importante contribuição. É da lavra
de Pinheiro e Haikal (2013, on-line ):
Ainda, receberá as mesmas penas da invasão aquele que instala uma
vulnerabilidade em um sistema de informação para obter vantagem indevida,
por exemplo, um backdoor ou uma con�guração para que algumas portas de
comunicação à internet �quem sempre abertas. O usuário de gadgets e
dispositivos informáticos comuns estão protegidos contra hackers e pessoas
mal intencionadas que abusam de con�ança ou buscam intencionalmente
devassar dispositivo para se apropriar de dados do computador ou prejudicar
o seu proprietário, com a exclusão ou alteração de dados, para que �quem
imprestáveis, ou ainda, informações íntimas e privadas, como fotos,
documentos e vídeos. As empresas possuem maior proteção jurídica contra a
espionagem digital, pois a obtenção de segredos comerciais e ou informações
sigilosas de�nidas por lei agora também se enquadram na lei.
O regramento processual penal identi�ca a natureza da ação penal em se tratando de crimes
digitais como aqueles condicionados à representação. No entanto, em se tratando da
administração pública direta ou indireta em qualquer esfera da União, a ação penal será
pública incondicionada.
LEITURA
O Direito Penal e a disseminação de fake news pelos meios de comunicação em
massa: a possível tipi�cação da conduta e suas implicações
Autor: Mayara Utiyama
Ano: 2019
Comentário: a autora analisa a questão relativa à criminalização do ato de disseminar notícias
falsas, as fake news. A atualidade do tema nos mostra como a construção das fake news
interferem na forma de apresentar uma notícia ou um dado.
ACESSAR
LIVRO
Direito penal informático
Autor: Auriney Brito
Editora: Saraiva
Ano: 2013
Comentário: o autor trata das questões relativas à tutela penal
na sociedade da informação e traça um histórico da evolução da
internet e os crimes de maior frequência.  A leitura nos faz
re�etir sobre o que nos espera no mundo virtual.
https://repositorio.uniceub.br/jspui/handle/prefix/13826
Conclusão
A evolução da rede de computadores e as transformações sociais que o mundo assiste em
conjunto com o aumento da informatização provocam o celeuma da segurança digital. Os
incidentes cibernéticos são matérias que não perdem a importância, de modo que se tornou
necessária a elaboração de lei especí�ca para tratar dessas modalidades delituosas.
A entrada em vigor da Lei n. 12.737/2012 representou signi�cativa mudança no ordenamento
jurídico tipi�cando condutas que não eram previstas, de forma especí�ca, como infrações
penais. A nova legislação supre algumas lacunas do Direito, no entanto outras permanecem,
haja vista que o texto legal permite interpretações e no que diz respeito à repressão das
práticas delituosas as penas propostas aumentam a possibilidade da impunidade pela
prescrição.
Referências Bibliográ�cas
BARRETO, A. G.; WENDT, E.; CASELLI, G. Investigação digital em fontes abertas . São Paulo:
Brasport, 2017.
BITTAR, E. C. B. A Teoria do Direito, a Era Digital e o Pós-Humano: o novo estatuto do corpo sob
um regime tecnológico e a emergência do Sujeito Pós-Humano de Direito. Rev. Direito Práx. ,
Rio de Janeiro, v. 10, n. 2, p. 933-961,  jun. 2019. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S2179-89662019000200933&script=sci_arttext&tlng=pt . Acesso 28 fev. 2020.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário O�cial da União . 1988.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm . Acesso em:
22 fev. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. Diário O�cial da União
. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848.htm . Acesso em: fev.
2020.
BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Diário O�cial da União . Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm . Acesso em 28 fev. 2020.
BRASIL. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre
direitos autorais e dá outras providências. Diário O�cial da União . 1998a.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S2179-89662019000200933&script=sci_arttext&tlng=pt
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