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OBJETIVOS DE ESTUDO Caro(a) aluno(a), Esta palestra tem o objetivo de demonstrar ao discente como as empresas podem usar inteligência artificial, metadados e algoritmos para segmentar o seu cliente e desenvolver produtos que sejam muito próximos ao que o cliente deseja consumir. O uso de metadados e algoritmos matemáticos tem se difundido entre empresas que possuem recursos internos para utilizá-los ou recursos financeiros para adquiri-los. Essa prática se deve ao potencial de segmentação de clientes que essas ferramentas possuem e à capacidade de fornecer informações detalhadas sobre o que, de fato, é interessante para o cliente. Nós saímos de uma era em que pesquisas sobre consumo eram feitas em papel ou em pequenos formulários eletrônicos, com apenas algumas poucas centenas ou, no máximo, milhares de pessoas, para coletar múltiplos dados de milhões de pessoas. Essa técnica de análise de dados não só coleta as percepções dos clientes, mas também as correlaciona. Isso possibilita que o departamento de marketing consiga criar, em vez de apenas uma, milhares de personas e clusters, em diversas regiões do mundo. Essa mudança de patamar em pesquisa de marketing já é dada como realidade nos grandes centros de tecnologia mundial. Segundo eles, ainda há muito o que se fazer, porém, agora o foco é nos detalhes do comportamento do cliente. Essa realidade, mesmo que não a percebamos em um primeiro momento, já nos impacta diretamente. Isso muda o nosso comportamento e a forma com que nos relacionamos com o resto do mundo. Sendo assim, é necessário estudar formas de socialização e aprendizagem para que não nos isolemos em um mundo que nós mesmos criamos. Tudo que a Netflix sabe sobre você (e por que quer saber tanto) 6 maio 2017 CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, Alguma vez já te perguntaram quanto a Netflix sabe sobre você? Talvez a resposta possa surpreender Enquanto você vê a Netflix, a Netflix te vê. O serviço de vídeo por assinatura é cada vez mais popular. Bateu recorde de assinantes internacionais em 2016 e já está disponível em 190 países, segundo o site da empresa. Ao todo, conta com mais de 100 milhões de clientes no mundo. Uma chave desse sucesso é a profundidade com que conhece seu público: a Netflix estuda seus hábitos de consumo em detalhes para conhecê-lo melhor e tirar o melhor proveito de cada usuário. • Como descobrir tudo que o Google sabe de você – e como apagar seu rastro A prática ecoa uma velha lição do guru do marketing Philip Kotler: "O mais importante é prever para onde vão os clientes e se postar bem na frente deles". PUBLICIDADE É isso o que faz a Netflix cada vez que nos conectamos ao serviço. CRÉDITO,PASCAL LE SEGRETAIN/GETTY IMAGES Legenda da foto, A Netflix utiliza todo o tempo dados produzidos pela navegação dos clientes A chave são os metadados, os dados sobre dados que definem seu perfil, baseados nas informações que deixa cada vez que assiste a um vídeo (e até antes disso). A Netflix observa a hora em que se conectou para assistir ao último capítulo de sua série favorita (e o primeiro), do ponto exato em que começou até quando perdeu o interesse. • Quanto dinheiro o Facebook ganha com você (e como isso acontece) Analisa também quantos minutos da série você viu, quantas pausas fez e quanto cada uma delas durou. O serviço sabe se está "enganchado" a alguma série, filme ou documentário, ou se a produção não chegou a atrair sua atenção. O que você vê... e o que quer ver A Netflix conhece os perfis de seus clientes e reconhece os dispositivos que usa para se conectar à internet: modelo e marca de televisão, smartphone ou tablet que usa em cada ocasião, navegador de internet e endereço IP de seu terminal. Também sabe as palavras que escreve no buscador do serviço para acessar as séries e os filmes oferecidos quando aciona a busca (e também quando não aciona). CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, A empresa americana conhece o dispositivo e o lugar de onde nos conectamos Sabe ainda seu histórico de buscas, os produtos que mais gosta, as notas que dá a cada produção e, claro, como paga pelos serviços. https://www.bbc.com/portuguese/geral-36833505 https://www.bbc.com/portuguese/geral-36833505 https://www.bbc.com/portuguese/institutional/2015/01/000000_advertising_faqs https://www.bbc.com/portuguese/internacional-37898626 Possui um registro do número de horas de conteúdo audiovisual que viu desde a abertura da conta, quantos programas e séries consumiu e quanto pagou. Em 2015, a companhia tornou pública uma estatística que mostra o momento exato em que os usuários se "engancham" a alguma série. É o chamado "episódio gancho". Ou seja, a partir de poucos dados pessoais, como nome, e-mail e dados para faturamento, somam-se os metadados gerados pela navegação e a gigante do entretenimento é capaz de construir um perfil comercial que define os usuários em diferentes categorias de hábitos de consumo e interesses. CRÉDITO,GETTY IMAGES Legenda da foto, Netflix opera no Brasil desde 2011 Poder dos algoritmos Pule Podcast e continue lendo Podcast Brasil Partido João Fellet tenta entender como brasileiros chegaram ao grau atual de divisão. Episódios Fim do Podcast Em notas à imprensa disponíveis no site da Netflix, a empresa detalha dados analisados para compor o perfil dos usuários. "58% dos mexicanos se adiantam aos companheiros em episódios de séries", diz um dos comunicados. E assim justifica a busca por saber tudo sobre você: "Na Netflix nossa meta é conectá-lo a grandes histórias. Cada um de nossos membros possui preferências únicas e trabalhamos constantemente para melhorar as sugestões personalizadas que permitem encontrar os melhores conteúdos de modo mais fácil e rápido". "Todos os dados são alimentados por diferentes algoritmos (expressões matemáticas que orientam a solução de problemas), e cada algoritmo é otimizado para propósitos distintos", afirmou Xavier Amatriain em 2013 quando era diretor de engenharia da empresa. Segundo Amatriain, os algoritmos dividem os usuários pelos gostos individuais e usam esse comportamento para estabelecer quais são suas preferências. Graças a esses algoritmos, a Netflix resolveu dar um passo além em 2013 ao apostar em produções próprias, oferecendo os 13 primeiros episódios da série House of Cards, pela qual pagou antecipadamente, sem testes prévios em episódio piloto. Os dados sobre o conteúdo mais visto e bem avaliado pelos usuários tinham revelado três ingredientes chave: o ator Kevin Spacey, o diretor David Fincher e dramas políticos produzidos pela BBC. https://www.bbc.com/portuguese/geral-39832577#end-of-podcasts https://www.bbc.com/portuguese/podcasts/p0cyhvny CRÉDITO,REUTERS Legenda da foto, Algoritmos dividem usuários pelos gostos individuais e usam esse comportamento para estabelecer quais são suas preferências Daí a encomenda de um remake da produção inglesa, exibida pela BBC na década de 1990. E a comprovação de que os algoritmos tinham razão - e sabiam muito sobre os clientes. Caso queira saber exatamente o que a Netflix sabe sobre você, a legislação de proteção de dados prevê o acesso a informações pessoais existentes em banco de dados. Sancionado em 2014, o Marco Civil da Internet no Brasil diz que os usuários têm direito a "informações claras e completas sobre coleta, uso, armazenamento, tratamento e proteção de seus dados pessoais". A lei também determina que tais dados podem ser usados apenas em "finalidades que justifiquem sua coleta, não sejam vedadas pela legislação e estejam especificadas nos contratos de prestação de serviços ou em termos de uso de internet". Como descobrir tudo que o Google sabe de você – e como apagar seu rastro • Yolanda Valery • BBC Mundo 20 julho 2016 CRÉDITO,REUTERS Legenda da foto, Como o 'Grande Irmão' do livro '1984', de George Orwell, o Google tem acesso a um mundo de informações"Quando usa os serviços do Google, você confia a nós sua informação", deixam logo claro os termos e condições de privacidade do principal site de buscas do mundo. Pode ser que isso não te surpreenda, pois sabemos que o serviço coleta informações sobre seus usuários. Mas estamos falando de exatamente quanta e qual tipo de informação? • Como descobrir o que o Facebook sabe sobre você • Como um canal do YouTube levou a polícia a investigar 1,2 mil brasileiros por tráfico de maconha Seu nome, seu endereço, sua idade, seu endereço de e-mail. Seu modelo de telefone, sua operadora de telefonia celular, seu plano e consumo telefônico e de internet. PUBLICIDADE https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151014_facebook_salasocial_informacoes_cc https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-36779463 https://www.bbc.com/portuguese/salasocial-36779463 https://www.bbc.com/portuguese/institutional/2015/01/000000_advertising_faqs As palavras que usa com mais frequência em seus e-mails. Todos os e- mails que tenha escrito ou recebido, incluindo spam. Os nomes de seus contatos, seus endereços e telefones. Pule Matérias recomendadas e continue lendo Matérias recomendadas • 'É muito provável que a internet pare em algum momento e tudo deixe de funcionar' • Telegram: por que Justiça mandou tirar aplicativo do ar no Brasil • Google Tradutor: 3 truques para tirar máximo proveito da ferramenta • O que se sabe sobre suspeito de vazar documentos secretos dos EUA Fim do Matérias recomendadas As fotos que faz com seu telefone Android, ainda que tenha apagado tudo e nunca publicado em redes sociais. Os sites em que navega, dentro e fora do país; a data da visita e o caminho que levou para chegar. A rapidez com que chegou. O cartão de crédito ou débito que usa para pagar. O Google sabe muito sobre você, certo? E de quem é a culpa? Sua, claro Lee Munson, especialista em segurança Todos os sites da internet que visitou por meio do Google, a frequência e o que viu dentro de cada um. Em qual idioma procura. A hora em que navega. Com quem conversou via Hangouts. Quais vídeos te agradam e quais músicas escuta. Essas e outras categorias aparecem no documento de política de privacidade do Google (aqui o link, em inglês), que soma 2.874 palavras. "O Google sabe muito sobre você, certo? E de quem é a culpa? Sua, claro", diz Lee Munson, investigador em segurança da Comparitech.com. "As pessoas confiam demais e compartilham sem pensar muitas informações sobre si, quando a recompensa é uma conta gratuita de e-mail, alguns gigas de armazenamento e a possibilidade de pertencer a um mundo virtual com seus amigos e conhecidos." Tudo é feito de forma legal, assim que você marca concorda com os termos e condições da empresa. Confira como você pode encontrar seus dados. 'Minha conta' Desde junho de 2015, o Google reúne toda a informação que coleta sobre seus usuários em um lugar chamado "minha conta" ou "my account", em inglês. Você tem uma conta do Google se já fez um e-mail Gmail ou até se já iniciou uma sessão em telefone ou tablet Android, se trabalhou em arquivos no Google Docs ou está registrado no YouTube. https://www.bbc.com/portuguese/geral-36833505#end-of-recommendations https://www.bbc.com/portuguese/geral-63649908 https://www.bbc.com/portuguese/geral-63649908 https://www.bbc.com/portuguese/articles/c25ewyqev32o https://www.bbc.com/portuguese/curiosidades-62494060 https://www.bbc.com/portuguese/articles/cg31qyjvxdqo https://www.google.com/policies/privacy/ Se você nunca fez nada disso, parabéns. Google ainda terá suas informações, mas não poderá associá-las a seu nome. Aqui você pode comprovar se é uma dessas pessoas. Segundo dados citados pela publicação Business Insider em janeiro deste ano, estima-se que haja 2,2 bilhões de usuários ativos no Google. Ou seja: é bem provável que seu nome esteja na lista. Comecemos com sua conta no Gmail. O círculo no canto superior esquerdo com sua inicial é o ponto de partida. Você chegará a uma página como a reproduzida acima. Algumas categorias interessantes em termos de dados coletados são "aplicativos e sites conectados", "suas informações pessoais", "configurações de anúncios", "idiomas e ferramentas de entrada". "Verificação de segurança" e "check-up de privacidade" são duas janelas que permitem ajustar e restringir informação diretamente. Mas vamos seguir com a opção marcada pela seta: a janela "Minha atividade". https://support.google.com/accounts/answer/40560?hl=es https://support.google.com/accounts/answer/40560?hl=es CRÉDITO,REPRODUÇÃO "Minha atividade" abre, de novo, várias opções. A tela exibida abaixo é a geral (que aqui aparece em inglês, mesmo com a conta configurada para português como idioma principal). Inclui atividade diária no YouTube, busca, notificações, notícias e ajuda, item por item. Mas é possível filtrar o material por data e produto específico, clicando na seta vermelha mais ao alto. Há ainda a opção de apagar seu histórico, indicada pela seta mais abaixo na tela. Mas antes de confirmar a ação, aparecerá uma mensagem do Google que diz que "sua atividade pode fazer com o Google seja mais útil, com melhores opções de transporte pelos mapas e melhores resultados de busca". CRÉDITO,REPRODUÇÃO No canto superior esquerdo, o ícone de menu (três listas horizontais) abre outro mundo de dados. Use a opção "outra atividade no Google" para acessar o que o Google guarda sobre suas viagens, telefone e muito mais. Tudo o que já fez pelo Google Maps deverá estar registrado. Para checar todos os dados nessa categoria, volte a "minha atividade" e filtre os resultados pelas categorias "maps" e "maps timeline". O Google dá a opção de informar o endereço de casa e do trabalho. CRÉDITO,REPRODUÇÃO Outra categoria reveladora são os anúncios. Para chegar lá, volte ao primeiro passo, "minha conta". Clique em "configurações de anúncios". Uma vez lá, selecione a opção "gerenciar as configurações de anúncios" e descubra o que o Google imagina que te interesse (a partir do que procura com mais frequência). CRÉDITO,REPRODUÇÃO Você também pode solicitar ao Google uma cópia de toda a informação que a empresa guarda sobre você. Para isso, volte a "minha conta" (canto superior direito, no círculo com sua inicial). Logo abaixo de "configuração de anúncios" está "controlar seu conteúdo". Escolha essa opção e encontrará uma tela como esta: CRÉDITO,REPRODUÇÃO "Criar arquivo" levará a uma janela com a opção de decidir quais dados de serviços. O Google adverte que compilar os dados pode levar dias. No caso da repórter, em cerca de duas horas três arquivos chegaram ao Gmail. Baixar os arquivos levou mais duas horas. E abrir alguns deles foi um pouco complicado: alguns vêm em formatos que não são comuns, como .json o .mbox. Os arquivos continham todas as mensagens de e-mail da repórter - foi possível abri-las após encontrar uma programa que lia arquivos com extensão .mbox. Não é possível acessar uma lista de "palavras mais usadas" nas mensagens - o Google diz que o processo de monitoramento das mensagens é "totalmente automatizado". Legenda da foto, O arquivo com as mensagens pessoais recuperadas E o Google ainda tinha as fotos. Todas que a repórter havia feito com seu telefone nos últimos dois anos. Deletadas our não, compartilhadas ou não. Como isso é possível? A resposta é simples: tudo tem um preço. Você não paga seu e-mail nem seu serviço de vídeos em dinheiro vivo, mas em dados. Como diz o especialista em segurança Lee Munson, "a informação é a nova moeda de troca". "É uma mina de ouro. Para o Google, representa bilhões de dólares", concorda Jonathan Sander, vice-presidente da Lieberman Software. CRÉDITO,AFP Legenda da foto, Os dados são fonte de renda para o Google Desde que diga que concorda com termos e condições que quase sempre não lê, você está entregando suas informações. Mas há quemdiscorde dessas condições. "A legalidade e a interpretação da lei dependem das regras e normais locais", afirma Mark James, especialista em segurança da ESET. "O Google e a Europa já se enfrentaram por temas como privacidade, monopólio, direito a ser esquecido, coleta de dados. A empresa foi multada em alguns casos, mais geralmente se considera que opera dentro do marco legal." O que fazer? Estamos à mercê desse gigante da tecnologia então? Especialistas concordam que há muito pouco a ser feito nesse sentido. "É preciso um esforço consciente e organizado para evitar ser seguido (em sua navegação na internet). Por exemplo, não usar o Google e executar atividades diferentes em máquinas distintas, ou com contas diferentes", afirma James. "Considere a possibilidade de apagar a localização, de usar contas de e-mail que na verdade não usa para entrar em sites de compras, usar datas de nascimento ligeiramente incorretas desde que seja legalmente possível e nunca, nunca, nunca diga ao Facebook, Twitter ou outra rede social o que comeu no café da manhã, e muito menos detalhes pessoais e principais fatos de sua vida", aconselha Munson.