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Capítulo 17 – teoria geral da pena: conceitos e fundamentos 27.10.2020LEGENDA Conceito Prazo Destaque Cai em prova Jurisprudência/súmula Revisão 1: 3.11.20 Teoria geral da pena Pena é sanção penal imposta pelo estado, consubstanciada na restrição ou privação de determinado bem jurídico do agente em razão da não observância de norma penal. Finalidades (funções) da pena: · Absolutistas: pena é uma decorrência da delinquência, retribuição do mal causado · Utilitaristas: pena é instrumento de prevenção: · Prevenção geral: intimidação social · Negativa: ameaça legal (coação psicológica) dirigida aos cidadãos para se abstenham de cometer crimes · Positiva: demonstração de que a lei está vigente, sensação de confiança na sociedade · Prevenção especial: dirigida ao criminoso · Negativa: carcerização do condenado quando meios menos lesivos não foram eficazes · Positiva: ressocialização do condenado · Teoria eclética: finalidade da pena assume as duas funções = prevenção geral e especial + retribuição · Adotada pelo art. 59, CP Teorias da pena: · Teoria agnóstica (Zaffaroni) · Fundamento: modelos ideais de estado de polícia e de estado de direito · Não acredita que a pena possa cumprir as funções atribuídas a ela pelo discurso oficial · A pena cumpre apenas o papel degenerador, visto que é empiricamente comprovada a impossibilidade de ressocialização do apenado · Não quer abandonar a ressocialização, mas afirma que deve ser vista de uma forma diferente: não ressocializar por meio da pena, mas sim apesar dela = o melhor criminoso é o que não existe · Teoria dialética da pena (Zaffaroni) · Emergência histórica da retribuição equivalente como fenômeno específico das sociedades capitalistas · Função da retribuição corresponde aos fundamentos das sociedades fundadas na relação entre capital e trabalho assalariado · Pensamento crítico entre teoria jurídica e criminológica · Contribuições da teoria marxista · O sistema de produção descobre a punição que corresponde as suas relações produtivas: · Se a força de trabalho é insuficiente para as necessidades do mercado, o sistema penal adota métodos punitivos de preservação da força de trabalho · Se a força de trabalho excede as necessidades, o sistema penal adota métodos punitivos de destruição da força de trabalho · Teoria retributiva (absoluta): finalidade da pena é punir o autor de infração penal = um mal justo em retribuição a um mal injusto · Restabelecimento da ordem jurídica violada · Teoria preventiva geral intimidatória (negativa): direcionada a generalidade dos cidadãos · Intimidação pelo sofrimento causado ao apenado · Teoria preventiva geral integradora (positiva): direcionada a generalidade dos cidadãos · Estabelece confiança no cumprimento das leis (validade e vigência) · Teoria preventiva especial ressocializadora (positiva): direcionada a um criminoso · Ressocialização através da correção · Teoria preventiva especial inocuizadora (negativa): direcionada a um criminoso · Neutralizar a possível nova ação delitiva por meio da intimidação · Teoria da prevenção geral positiva fundamentadora (Welzel, Jeschech e Jakobs) · Welzel: pena tem dupla missão = função ético-social e função protetiva de bens jurídicos · Função ético-social: a função primária do direito penal é criar na coletividade uma consciência jurídica de que as pessoas se comportem de acordo com os padrões ético-sociais = efeito pedagógico · Antes de proteger bens jurídicos, quer que as pessoas respeitem as normas · A aplicação da pena teria a função de reafirmação dos valores jurídicos · Jakobs: o direito penal não tem a função de proteger bens jurídicos, mas sim com a vigência da norma (ideia do contrato social que deve ser seguido) · Quando o direito penal aplica a pena, ele nega a conduta do agente que violou a norma (negação da negação de Hegel), reafirmando a vigência da norma para a coletividade · As pessoas vivem com a expectativa cognitiva e normativa, que tudo ocorra normalmente e que as pessoas sigam as normas de conduta · A defraudação da expectativa normativa deve ser combatida = a pena é instrumento de reação à defraudação da expectativa normativa · Teoria da prevenção geral positiva limitadora: Roxin e Hassimer · A função da pena é funcionar como instrumento de intimidação geral, dirigida a coletividade para que as pessoas se comportem conforme o direito · O direito penal e a pena são fatores de limitação do jus puniendi do Estado · Direito penal é instrumento de controle social formalizado, mas deve sofrer limitações · Limitações: direitos e garantias individuais do cidadão Finalidade da pena no Brasil: · Retributiva · Preventiva · Reeducativa (ressocializadora) Justiça restaurativa: ideia de restaurar a situação anterior ao crime, recompondo os danos sofridos pela vítima (nova função da pena). Princípios informadores da pena · Princípio da legalidade: não há pena sem prévia cominação legal · Art. 5º, XXXIX, CF e art. 1º, CP · Fundamento: estado de direito · Nullum crimen, nulla poena sine lege: · Praevia · Scripta · Stricta · Certa · Princípio da personalidade ou da intransmissibilidade: a pena não passará da pessoa do condenado · Intranscendência da pena · Princípio da individualização da pena: pela lei (regula) e pelo juiz na dosimetria, e pelo juiz na execução · Princípio da proporcionalidade: implícito decorrente do devido processo legal · Razoabilidade na aplicação, considerando a personalidade do agente, danos causados, condições da vítima · Proibição do excesso · Proibição da proteção deficiente · Verificada pelo legislador e pelo juiz · Princípio da inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena: sujeito que comete crime deve se submeter à pena · Princípio da dignidade da pessoa humana: postulado anterior ao princípio · Não comporta ponderação: não é direito fundamental, é núcleo duro · Vedação a pena de morte, pena perpétua, de trabalhos forçados, banimento, penas cruéis · Princípio da vedação do bis in idem: não prevista na CF, mas sim no Estatuto de Roma · Não é absoluto = uma pessoa pode ser processada e julgada duas vezes no caso de extraterritorialidade incondicionada · STF em face de duas sentenças considerou nula a segunda, ainda que mais benéfica Penas proibidas no Brasil · Pena de morte · Salvo em caso de guerra declarada: fuzilamento por crimes militares · Doutrina traz duas exceções: · Abate de aeronave hostil que não obedece a ordem de pouso · Pessoa jurídica com atividades encerradas por violações ambientais · Pena de caráter perpétuo · Constitucional e previsto no art. 75, CP = tempo de cumprimento não superior a 40 anos · Súmula 715, STF: a pena unificada para cumprir a determinação do art. 75 não é considerada para a concessão de outros benefícios · Pena de trabalhos forçados · Não é o trabalho do preso pois este favorece a dignidade humana · Pena de banimento: expulsão do nacional · Penas cruéis: viola a dignidade da pessoa humana · Assegurar condições mínimas para o cumprimento de pena · Estado de coisas inconstitucional nos presídios viola Penas permitidas no Brasil: art. 5º, XLVI - exemplificativa · Privação ou restrição da liberdade · Perda de bens · Multa · Prestação social alternativa · Suspensão e interdição de direitos Privação da liberdade · Reclusão: delitos mais greves · Regime fechado · Regime semiaberto · Regime aberto · Detenção: delitos menos graves · Regime semiaberto · Regime aberto · *admite regime fechado em caráter de regressão por falta grave · Não admite regime inicial fechado · Prisão simples: · Regime semiaberto · Regime aberto · *inadmite regime fechado mesmo em caráter de regressão Regimes: · Fechado: cumprido em estabelecimento prisional de segurança mínima ou máxima · Pena superior a 8 anos · Semiaberto: colônia agrícola, industrial ou similar · Pena igual ou inferior a 8 anos e superior a 4 anos · Aberto: casa de albergado · Pena igual ou inferior a 4 anos Critérios para definição do regime de pena: · Quantidade de pena: · Pena superior a 8 anos: regime fechado · Pena igual ou inferior a 8 anos, mas superior a 4: regimesemiaberto · Pena igual ou inferior a 4 anos: regime aberto · Reincidência: · Para entrar no regime semiaberto ou aberto, o acusado deve ser não reincidente · Reincidente inicia o cumprimento de pena no regime fechado · Se o acusado for reincidente, e o crime for punido com detenção, VAI INICIAR NO SEMIABERTO, mesmo sendo reincidente · Circunstâncias judiciais: para fixar em qualquer regime, sempre vai considerar as circunstâncias judiciais · Juiz pode fixar regime mais severo do que o admitido em lei: súmula 719, STF · Desde que haja motivação idônea · Opinião sobre a gravidade em abstrato não é motivação idônea (súmula 718, STF e 440, STJ) · Juiz pode fixar regime mais benéfico do que o determinado em lei: súmula 269, STJ · Pode fixar regime semiaberto a reincidente condenado a pena inferior ou igual a 4 anos, se as circunstâncias forem favoráveis Progressão de regime: art. 33, §2º, CP c/c art. 112, LEP · Requisitos para a progressão: · Requisito objetivo: o cumprimento de determinado percentual de pena · Gradação de percentual de acordo com a natureza do delito, condições pessoais do agente · Pacote anticrime definiu percentuais · Súmula 715, STF: a pena considerada para o cálculo para progressão de regime ou livramento condicional é a pena aplicada na sentença, não o máximo de 40 anos · Requisito subjetivo: bom comportamento carcerário atestado pelo diretor do estabelecimento · ***Crimes contra a administração pública: art. 33, §4º, CP exige como requisito a reparação dos danos que causou ou a devolução do produto do ilícito praticado · Mulher gestante ou que for mãe ou responsável por crianças ou pessoas com deficiência · Não ter cometido crime com violência ou grave ameaça · Não ter cometido crime contra seu filho ou dependente · Ter cumprido ao menos 1/8 da pena no regime anterior · Primariedade e bom comportamento carcerário · Não ter integrado organização criminosa Exame criminológico: a lei 10.792/03 suprimiu o requisito do exame criminológico. Todavia, o STF e STJ permitem que o juiz determine o exame criminológico, desde que por decisão motivada (súmula 439, STJ e súmula vinculante 26, STF) Inadimplemento da multa: não é requisito para progressão, mas o STF já decidiu que o não pagamento de multa impediria a progressão de regime, salvo no caso de absoluta impossibilidade (info. 782). Progressão per saltum: não é admitida. Súmula 491, STJ. Forma de cômputo do prazo para progressão: · Cálculo feito com base no total da pena para a progressão · Na nova progressão, o novo cálculo da progressão para o regime aberto deve ser feito com base no tempo restante a ser cumprido. · Pena cumprida é pena extinta Falta grave: interrompe o prazo para a progressão de regime. Súmula 534, STJ = volta a correr a partir do cometimento da falta grave. Regressão de regime: · Art. 118, LEP · Hipóteses: · Cometimento de falta grave · Cometimento de crime doloso · Não exige o trânsito em julgado para a regressão · Condenação por crime anterior cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torna incabível o regime (art. 111) · É possível a regressão per saltum Detração: é o desconto do tempo de prisão provisória, prisão administrativa, internação, no Brasil ou no exterior que será descontado da pena final. Medidas cautelares: não implicam em privação de liberdade, então não são descontados. O STJ tem julgados admitindo detração do tempo cumprido por medidas como o recolhimento noturno e monitoração eletrônica, pois implicariam em restrição da liberdade. Penas restritivas de direito (penas autônomas que substituem as penas privativas de liberdade) Requisitos: · São cumulativos · Crime doloso · Pena aplicada (na sentença) não superior a 4 anos · Crime praticado sem violência ou grave ameaça · Crime culposo: qualquer pena · Réu não reincidente em crime doloso · Pode se a substituição for socialmente recomendável e a reincidência não for no mesmo crime (reincidência específica) · Lei de falências: dois requisitos · Falência de ME ou EPP · Não ser prática habitual de condutas fraudulentas por parte do falido Modalidades: · Prestação pecuniária: pagamento de dinheiro à vítima · Valor não inferior a 1 salário mínimo e não superior a 360 salários mínimos · Antecipação da reparação civil: a prestação pecuniária é descontada de eventual reparação civil fixada posteriormente · Não é multa: a multa é destinada ao fundo penitenciário. A prestação pecuniária é destinada a vítima · Se não cumprida, é convertida em pena privativa de liberdade · Se a vítima aceitar, pode ser prestada em coisas e serviços de outra natureza que não dinheiro. Ex: cesta básica. · Parte da doutrina entende que é inconstitucional, mas é minoritária · Perda de bens e valores: em favor do Fundo Penitenciário Nacional · Não se confunde com a perda do produto ou proveito do crime do art. 91, II, “b” · O do art. 91 é mero efeito da condenação, não pena propriamente dita · Os bens são ilícitos no efeito da condenação · A perda de bens como pena são bens e valores LÍCITOS, obtidos licitamente pelo condenado · Há alegação de inconstitucionalidade por prever confisco · Prestação de serviço a comunidade ou entidades públicas (art. 46) · Penas superiores a 6 meses de privação de liberdade · Doutrina critica · Tarefa gratuita · 1h de tarefa por dia de condenação (ex: 2 anos de pena = 730 horas de condenação) · Não prejudica o trabalho habitual · Se a pena supera 1 ano, pode cumprir em menor tempo desde que não seja inferior a metade do tempo de pena fixado · Interdição temporária de direitos · Limitação de fim de semana: obrigação de permanecer aos sábados e domingos por 5h diárias em casa de albergado ou estabelecimento adequado · *PRD do estatuto do torcedor: impedimento de comparecimento às proximidades de estádio, bem como qualquer lugar que se realize evento esportivo, pelo prazo de 3 meses a 3 anos · PRD no CDC e CTB são diferentes · CTB permite aplicação cumulativa com a privativa de liberdade: arts. 302, 303, 306, 307 e 308 Conversão da pena restritivas de direitos: art. 44, 4º, CP · Descumprimento injustificado: converte em privativa de liberdade · O tempo já cumprido é descontado da pena de liberdade a cumprir (detração) · Mínimo de 30 dias, ou seja, se faltavam menos de 30 dias para o condenado cumprir a pena restritiva de direitos, ele ainda deve cumprir no mínimo 30 dias de pena privativa de liberdade Duração da pena restritiva de direitos: art. 55 · Incisos III, IV e V tem a duração igual a da pena privativa de liberdade · Salvo a prestação pecuniária e perda de bens e valores · Prestação de serviços pode ser cumprida em menos tempo se superior a 1 ano Pena restritiva de direitos em crime hediondo ou equiparado: não há vedação legal. A proibição contida na lei de drogas foi declarada inconstitucional pelo STF por violar o princípio da individualização da pena. Pena de multa: art. 49, CP · Espécie de sanção penal autônoma · Pagamento ao Fundo Penitenciário: é o destinatário · Fixada na sentença penal condenatório · Sistema dias-multa: forma de cálculo · Mínimo 10 e máximo 360 dias-multa Espécies: · Isolada: prevista na lei apenas a pena de multa · Alternativa: prevista a multa como pena alternativa à outra pena · Cumulativa: cominada juntamente com a outra penal · Substitutiva: art. 44, §2º, CP = pode substituir a pena privativa de liberdade quando a condenação for igual ou inferior a 1 ano · Superior a 1 ano = 1 restritiva e multa ou 2 restritivas Aplicação da pena de multa · Sistema dias-multa: dois passos para encontrar a pena · 1º passo: número de dias multa (art. 49, caput): mínimo 10 e máximo 30 dias-multa · A quantidade de dias multa deve ser proporcional à aplicação da pena privativa de liberdade · Se a PPL for fixada no mínimo, é proporcional que a pena de multa fique no mínimo ou próxima do mínimo (10 dias) · 2º passo: valor de cada dia-multa (art. 49, §1º): o valor será ficado entre o patamar de 1/30 ou até 5 vezes o salário mínimo vigente ao tempo do fato · Principal critério: situação econômica do réu (art. 60) ·Juiz pode triplicar se for muito rico · Pode adotar outros critérios, mas o principal é a situação econômica Execução da pena de multa · Multa é considerada uma dívida de valor · Não pode ser convertida em prisão se descumprida · Descumprimento: execução da pena · Nos termos da lei de execução fiscal · Legitimidade para execução: · 1ª corrente: MP executa porque é sanção penal · 2ª corrente: Procuradoria da Fazenda Nacional porque é dívida de valor · STJ: exclusiva da PGFN · STF: prioritariamente do MP, perante a vara de execuções penais, mas se o MP não executa no prazo de 90 dias, a legitimidade passa a ser da PGFN, perante a Vara da Fazenda Pública · POSIÇÃO ATUAL (PACOTE ANTICRIME): executada perante a Vara de Execução Penal, executada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO · Aplicáveis as regras relativas à dívida ativa da FP, inclusive quanto às causas interruptivas e suspensivas da prescrição Vedação da substituição da prisão por multa: a súmula 171 do STJ enuncia que é vedada a substituição da prisão por multa, quando forem aplicadas cumulativamente pena privativa de liberdade e pena de multa, previstas em lei especial. Isso porque, caso fosse possível, a pena seria de multa mais multa. Essa súmula não tem qualquer sentido ou fundamento legal, mas visou especificamente proibir que os crimes da antiga Lei de Drogas fossem punidos com pena de multa mais multa. Ainda é aplicada pelo STJ. Medida de segurança: art. 96 · Natureza jurídica: espécie de sanção penal autônoma · Sistemas: · Duplo binário: ao réu poderia ser aplicada uma pena mais uma medida de segurança · É vedado o bis in idem · Não é aplicado · Era aplicado ao semi-imputável · Vicariante: ao réu só pode ser aplicado uma pena OU uma medida de segurança · É o aplicado · Conceito: espécie de sanção penal autônoma, aplicável ao inimputável ou ao semi-imputável (a depender do caso concreto), por meio da qual o juízo aplica ao autor de um fato típico e ilícito uma internação ou um tratamento ambulatorial. · Destinatário: · Inimputável: pelo critério biopsicológico · Semi-imputável: pode receber pena ou medida de segurança Pena x medida de segurança: · Finalidade: · Pena: retribuição e prevenção · Medida de segurança: prevenção · Destinatário: · Pena: imputável · Medida de segurança: inimputável e semi-imputável · Tempo de cumprimento: · Pena: tempo determinado · Medida de segurança: a lei prevê apenas um tempo mínimo · Doutrina critica · STJ: súmula 527 = o tempo de duração da medida de segurança não pode ultrapassar o limite máximo da pena abstratamente comina ao delito · STF: o tempo máximo seria 30 anos, o limite máximo de cumprimento de pena no Brasil · Pacote anticrime aumentou para 40 anos (crime praticado antes do pacote anticrime aplica 30 anos) Espécies: · Detentiva: internação e hospital de custódia · Art. 96, I · Aplicada aos crimes punidos com reclusão · Restritiva: tratamento ambulatorial · Art. 96, II · Aplicada aos crimes punidos com detenção Critério: · Depende da espécie de pena cominada ao crime, se reclusão ou detenção · Criticado pela doutrina Medida de segurança substitutiva da pena privativa de liberdade: art. 98 · Espécie de medida de segurança · Hipóteses: · Réu semi-imputável que recebeu pena na sentença · Durante a execução da pena o réu precisa de tratamento = o juiz substitui · STJ: o prazo de duração da medida de segurança não pode superar o tempo de condenação Natureza jurídica da sentença que aplica medida de segurança: · Absolutória imprópria · Só pode ser aplicada após o trâmite do processo penal · É absolvição imprópria porque não é absolvição, há aplicação de pena Concurso de crimes Sistemas de aplicação de pena · Cúmulo material: soma das penas = aplica todas as penas · Dosimetria de cada um dos crimes e depois soma · Caso um crime seja punido com reclusão e o outro com detenção, executa primeiro a pena de reclusão · Exasperação: não aplica todas as penas cominadas a todos os delitos · Aplica a pena do crime de um dos crimes, com um aumento, que é a exasperação · Se diferentes, aplica a mais grave e exaspera · Se igual, aplica qualquer delas e exaspera Concurso material: art. 69 · Requisitos: · Pluralidade de condutas: mais de uma ação ou omissão · Pluralidade de crimes: dois ou mais crimes, idênticos ou não · Espécies: · Homogêneo: crimes praticados são idênticos · Heterogêneo: crimes praticados não são idênticos · Sistema de aplicação de pena: cúmulo material · Juiz faz a dosimetria de cada crime praticado · Soma as penas · Se uma de reclusão e outra de detenção, executa primeiro a de reclusão · Art. 69, §1º: se uma das penas privativas de liberdade for suspensa (sursis penal do art. 77), caberá a substituição das outras por restritiva de direito · Penas restritivas de direito compatíveis são cumpridas simultaneamente · Incompatíveis serão cumpridas de forma sucessiva Concurso formal: art. 70 · Requisitos: · Unidade de condutas: uma só ação ou omissão · Pluralidade de crimes: dois ou mais crimes, idênticos ou não · Espécies: · Homogêneo: crimes praticados são idênticos · Heterogêneo: crimes praticados não são idênticos · Próprio/perfeito: agente pratica apenas uma conduta com dois ou mais resultados culposos, ou com resultados dolosos e outros culposos = sempre deve haver um resultado culposo · O agente não age com dolo em relação a todos os resultados · Impróprio/imperfeito: o agente pratica uma conduta dolosa que dá causa a vários resultados dolosos · Os resultados da única conduta são dolosos, o agente age com dolo com relação a todos os resultados · O agente tem desígnios autônomos · Sistema de aplicação de pena: · Concurso formal próprio/perfeito: exasperação. Pega a maior pena e aumenta de 1/6 a 1/2, de acordo com o número de crimes praticados: · 2 crimes: 1/6 · 3 crimes: 1/5 · 4 crimes: 1/4 · 5 crimes: 1/3 · 6 crimes ou mais: ½ · Concurso formal benéfico: se aplicando o sistema da exasperação, a pena ficar maior do que se somadas as penas, despreza-se a exasperação, e usa o critério do cúmulo, somando-se as penas · Concurso formal impróprio/imperfeito: cúmulo material · Faz a dosimetria de cada pena e soma as duas Crime continuado (art. 71) · Ficção jurídica: todos os crimes praticados são continuação de um só = considera-se que há apenas um crime, sendo os demais apenas continuação desse · Requisitos: · Pluralidade de condutas: mais de uma ação ou omissão · Pluralidade de crimes: dois ou mais crimes da mesma espécie · 1ª corrente: crimes da mesma espécie são crimes previstos no mesmo tipo penal, ainda que de forma derivada (um tentado, um consumado, um simples, um qualificado). · Ex: 3 furtos, 4 homicídios, 2 roubos, etc) · 2ª corrente: crimes da mesma espécie são crimes que protegem o mesmo bem jurídico · Ex: roubo e extorsão. · Defendida por parte da doutrina · É a posição majoritária = STJ E STF (estiveram por muitos anos na primeira corrente, mas já há julgados no sentido da proteção de bens jurídicos iguais) · Sistema de aplicação de pena: · Sistema da exasperação: pena mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3 · 2 crimes: 1/6 · 3 crimes: 1/5 · 4 crimes: 1/4 · 5 crimes: 1/3 · 6 crimes: 1/2 · 7 crimes ou mais: 2/3 · Teorias: · Teoria subjetiva: o que caracteriza o crime continuado é a programação mental inicial do agente = há crime continuado quando o agente pretende desde o início praticar vários crimes de forma parecida · Teoria objetiva: só importam elementos objetivos para saber se há crime continuado = basta analisar de todos os crimes foram praticados nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução, independentemente da intenção inicial do agente · Doutrina entende que é adotada pelo código penal · Teoria objetivo-subjetiva ou mista: haverá crime continuado se o agente já tinha a programação mental inicial, associada à prática dos crimes nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outros fatores semelhantes · STF e STJ entendem que foi adotada a teoria mista, porque o código penal fala em dolo · Requisitos objetivos: · Mesmas condições de tempo: periodicidade entreos vários crimes praticados · Conexão temporal entre as condutas · Ritmo e uniformidade entre os crimes · Jurisprudência: intervalo médio de 30 dias entre uma infração e outra · *Sonegação de imposto de renda: como é declarado uma vez por ano, só pode ser sonegado uma vez por ano. Jurisprudência entende cabível o crime continuado de sonegação fiscal de IR · Mesmas condições de lugar: localidades próximas · Conexão espacial · Jurisprudência: pode até mesmo em cidades vizinhas · Mesma maneira de execução: seguem o mesmo modus operandi · Modo, estilo e forma · Outros fatores semelhantes: outros fatores que não tempo, lugar e forma de execução · Pode faltar algum dos requisitos, mas deve preservar outros · Possível crime continuado contra a pessoa? · Súmula 605, STF: não é admitida em crimes contra a vida = súmula antiga e superada · Parágrafo único do art. 71 admite em casos de crimes contra a vida e crimes com violência e grave ameaça, contra vítimas distintas · Pode triplicar a pena · Já tem processo de cancelamento da súmula · Crime continuado específico ou qualificado: · Requisitos: · Crimes dolosos · Vítimas diferentes · Crimes praticados com violência ou grave ameaça a pessoa · Aumenta a pena até o triplo, segundo circunstâncias pessoais do agente · Habitualidade delitiva: STJ entende ser incompatível com o crime continuado · Se pratica crimes de forma habitual, não será beneficiado · Roubo contra vítimas dentro de ônibus: concurso formal (impróprio ou impróprio não foi definido) (info 551, STJ) · Contra o cobrador: crime único · Pena de multa: não aplica · Prescrição: os crimes prescrevem de forma separada Livramento condicional · É a última etapa do cumprimento de pena · É um benefício concedido ao condenado · Natureza despenalizadora · Natureza jurídica: · 1ª corrente: direito subjetivo do condenado: se preenche os requisitos legais, será posto em liberdade = posição majoritária · 2ª corrente: faculdade do juiz · É colocado no convívio social de forma antecipado Requisitos: art. 83 · Condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 anos · Mais de um crime praticado (concurso de crimes): somatório das penas deve ser igual ou ultrapassar 2 anos · Tempo de prisão: · Não reincidente em crime doloso e bons antecedentes: 1/3 da pena · Súmula 144, STJ: inquéritos e processos em andamento não contam como maus antecedentes · Se não for reincidente, mas tiver maus antecedentes deve enquadrar aqui · Reincidente em crime doloso: 1/2 da pena · Crime hediondo e equiparados (tráfico de drogas e pessoas, terrorismo, tortura): MAIS de 2/3 da pena · Não pode ser reincidente específico em crimes dessa natureza = reincidente específico não tem direito a livramento condicional · Tráfico de drogas (art. 44, lei de drogas): não é mais de 2/3, é exatamente 2/3 · Bom comportamento carcerário · Não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses · Bom desempenho no trabalho · Aptidão para prover a subsistência mediante trabalho honesto · Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo · *Condenado por crime doloso, cometido com violência ou grave ameaça a pessoa: constatação de condições pessoais que façam presumir que o liberado não voltará a delinquir Condições: art. 85 (ler) · Obrigatórias: art. 132, §1º, LEP · Facultativas: art. 132, §2º, LEP Revogação: · Obrigatória (art. 86): · Condenação a pena privativa de liberdade com sentença transitada em julgado por crime cometido durante a vigência do livramento · O tempo que ficou em livramento não é descontado da pena, ele perde o tempo cumprido · Condenação por crime anterior ao livramento · Não perde o tempo que ficou em livramento = o tempo é descontado do restante da pena · Facultativas (art. 87): · Descumprimento das condições · Réu condenado a sentença transitada em julgado por crime ou contravenção à pena diversa da privativa de liberdade (restritiva de direitos ou multa) Extinção da pena (arts. 89 e 90) · Cumpridas as condições: extingue a punibilidade · Se comete crime durante, o juiz não pode extinguir até o trânsito em julgado da sentença do novo crime