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2ºAula O Mercado de Capitais Brasileiro Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • aprender sobre a origem do mercado de capitais brasileiro; • compreender a evolução do mercado de capitais brasileiro ao longo do tempo; • analisar as principais características do mercado de capitais brasileiro. Olá, turma! Em nossa segunda aula, estudaremos sobre o mercado de capitais brasileiro. Estudaremos a sua origem, ou seja, como se deu sua constituição, sua evolução ao longo do tempo e também, suas principais características. Assim, atendendo aos objetivos de aprendizagem propostos no plano de ensino desta disciplina, vamos refletir acerca do mercado de capitais brasileiro. Desejo a todos uma excelente aula. Bons estudos! 10Mercado de Capitais - Análise de Investimento 1 – A origem e evolução do mercado de capitais brasileiro 2 – Principais características do mercado de capitais brasileiro 1 - A Origem e Evolução do Mercado de Capitais Brasileiro O Brasil só realizou sua inserção no mercado de capitais na década de 1960, pois até então, este mercado possuía pouca expressividade em nosso país. Até este momento, os investimentos de maior expressividade eram os ativos reais (imóveis), pois havia certo receio em investir em ativos financeiros, como os títulos públicos e privados. É preciso destacar que, a lei da usura, que limitava em 12% a taxa máxima de juros anual, bem como a aceleração do processo inflacionário, que alcançou o patamar de 100% ao ano no primeiro trimestre de 1964, inviabilizava as operações com títulos de prazo superior a quatro meses. Isto se dava devido à falta de estrutura das bolsas de valores e das corretoras locais, portanto, o mercado não se desenvolvia, ficando restrito a poucos negócios com ações de algumas empresas (PINHEIRO, 2019). Em abril de 1964, ocorreu uma reestruturação do mercado financeiro e também de sua legislação, resultado das reformas iniciadas pelo governo vigente, que começou a mudar este cenário, começando assim, a se modificar. Novas leis surgiram, como as que instituíram a correção monetária, a reforma bancária, a Lei de Mercado de Capitais, todas reformularam o sistema de intermediação financeira como um todo. Neste período, também foram criados o Conselho Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central (BC) que estabeleceram médias para o funcionamento dos mercados financeiros (PINHEIRO, 2019). Porém, apenas em 1965, que o mercado de capitais brasileiro se desenvolve mais rapidamente. A Lei n° 4.728/65, também conhecida como Lei de Mercado de Capitais, contribuiu para a ampla reformulação do sistema financeiro. Segundo Pinheiro (2019), seus objetivos foram: » estabelecimento de padrões de conduta para os participantes do mercado de capitais, naturalmente bastante sensíveis à confiança do público; » criação de novas instituições e fortalecimento das existentes; » concessão de incentivos a companhias que procedem à abertura de capital. Como resultados desta implementação, ocorreram diversas modificações neste mercado, tais como: » reformulação da legislação sobre bolsas de valores; » transformação dos corretores de fundos públicos em sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários; » criação dos bancos de investimento. Seções de estudo Em 1970, o governo federal concedeu incentivos fiscais para a aquisição de ações. Esse fato resultou em um crescimento na demanda por ações e, portanto, em uma grande valorização nos preços levando os investidores a realizarem seus lucros com a venda, em massa, das ações, o que acarretou uma desvalorização e grandes perdas a alguns investidores (PINHEIRO, 2019). Diante deste cenário de queda, em 1976, na tentativa de recuperar o mercado acionário, foram criadas as Lei das Sociedades Anônimas e a segunda Lei do Mercado de Capitais, que criou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Porém, a partir da década de 90, com a aceleração do movimento de abertura da economia brasileira, o volume de investidores estrangeiros atuando no mercado de capitais brasileiro aumenta consideravelmente. Posteriormente, mais iniciativas, por parte do setor público, foram implementadas, como podemos verificar no Quadro 1, abaixo. QUADRO 1 – INICIATIVAS DO SETOR PÚBLICO » Em 2000, a Resolução CMN 2.689 facilitou o ingresso de investidores estrangeiros no mercado brasileiro; » Em 2001 houve a reforma dos marcos regulatórios: Lei do Mercado de Valores Mobiliários (Lei no 6.385/76, alterada pela Lei no 10.303/2001); e Lei das Sociedades por Ações (Lei no 6.404/76, alterada pela Lei no 10.303/2001); » Em junho de 2002, o fim da CPMF para operações realizadas em bolsa tornou o mercado acionário brasileiro mais competitivo; » Aprimoramento dos padrões contábeis das empresas abertas e exigência de transparência para empresas fechadas, a partir de certo tamanho; » Regulamentação da previdência privada complementar, para os setores público e privado, incentivando hábitos de poupança a longo prazo; » Revisão da Lei de Falências, visando favorecer a realocação eficiente do custo do crédito; » Ampliação da atuação da CVM na regulação e fiscalização do mercado. Fonte: Pinheiro, 2019. 2 - Principais Características do Mercado de Capitais Brasileiro Dentro do mercado de capitais brasileiro, foi constituído o sistema de distribuição de valores mobiliários, que tem como objetivo a viabilização da relação entre investidores e empresas que necessitam de recursos para a realização de projetos de investimento. Segundo Pinheiro (2019), este sistema é formado por: 1. instituições financeiras e demais sociedades que tenham por objeto distribuir emissão de valores mobiliários: • como agentes da companhia emissora; • por conta própria, subscrevendo ou comprando a emissão para colocar no mercado. 2. sociedades que tenham por objeto a compra de valores mobiliários em circulação no mercado, para os revender por conta própria; 11 3. sociedades e agentes autônomos que exerçam atividades de mediação na negociação de valores mobiliários, em bolsas de valores ou no mercado de balcão; 4. bolsas de valores e mercadorias; e 5. agentes e empresas de liquidação e custódia de títulos. Portanto, o sistema de distribuição e prestação de serviço do mercado de capitais brasileiro é composto por sociedades corretoras de valores mobiliários, sociedades distribuidoras de valores mobiliários, bancos de investimento e bancos de desenvolvimento e também por empresas de liquidação e custódia de valores (PINHEIRO, 2019). Podemos notar, no Quadro 2, abaixo, os principais marcos regulatórios existentes no mercado de capitais brasileiro. QUADRO 2 – PRINCIPAIS MARCOS REGULATÓRIOS DO MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO Fonte: Pinheiro (2019). O mercado de capitais brasileiro possui órgãos de controle e acompanhamento do mercado. O sistema é formado por quatro principais organismos: • Conselho Monetário Nacional; • Comissão Técnica da Moeda e do Crédito; • Banco Central do Brasil; • Comissão de Valores Mobiliários. Cada um desempenha uma ou mais funções de normatização, regulamentação, fiscalização e assessoria relativa às atividades do sistema distribuidor de títulos e valores mobiliários. Para o monitoramento do mercado, a CVM utiliza sistemas on-line e off-line. O controle on-line ocorre durante os pregões e o off-line ocorre à noite, após o encerramento das negociações, com o objetivo de rastrear as causas das variações que não se enquadraram nos limites previamente estabelecidos (PINHEIRO, 2019). Outra sistemática de controle, executado pelas próprias bolsas de valores, que tem a finalidade de garantir e proteger os clientes que acompanham o mercado, é o sistema do circuit-breaker, que interrompe o pregão sempre que ocorrem oscilações bruscas nos preços das ações. Segundo Pinheiro (2019), este mecanismo se baseia em duas regras: • Regra 1: quando o Ibovespa atingir limite de baixa de 10%em relação ao índice de fechamento do dia anterior, os negócios na Bovespa, em todos os mercados, serão interrompidos por 30 minutos. • Regra 2: reabertos os negócios, caso a variação do Ibovespa atinja uma oscilação negativa de 15% em relação ao índice de fechamento do dia anterior, os negócios na Bovespa, em todos os mercados, serão interrompidos por 1 hora. Segundo a CVM, os principais agentes participantes do mercado de capitais brasileiro podem ser visualizados no Quadro 3. QUADRO 3- PRINCIPAIS AGENTES PARTICIPANTES DO MERCADO DE CAPITAIS BRASILEIRO TIPOS AGENTES Emissores Companhias abertas Intermediários Bancos de investimento Corretoras de mercadorias Corretoras de títulos e valores mo- biliários Distribuidoras de títulos e valores mobiliários Agentes autônomos de investimento Administradores de carteira Administrado- res de mercado Bolsas de valores Depositárias Consultorias 12Mercado de Capitais - Análise de Investimento PINHEIRO, Juliano Lima. Mercado de capitais. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2019. Vale a pena ler As informações sobre a evolução da B3 estão disponíveis em sua plataforma. B3 – Brasil, Bolsa, Balcão. Disponível em: https://www.b3.com.br/pt_br/ . Acesso em: 18 abr. 2022. Quer saber mais sobre a origem da B3. Disponível em: https://ri.b3.com.br/pt-br/b3/historico/ . Acesso em: 19 abr. 2022. Confira a evolução da B3 através de sua história. Disponível em: https://www.acervob3.com.br/historia-da- bolsa . Acesso em: 19 abr. 2022. Mais informações sobre a história da Bovespa. Disponível em: https://br.advfn.com/bolsa-de-valores/ bovespa/historia . Acesso em: 19 abr. 2022. Vale a pena acessar Minhas anotações Outros Analistas de mercado de valores mobiliários Empresas de auditoria Consultorias Investidores Pessoas físicas Investidores Empresas Estrangeiros Outros Fonte: Pinheiro (2019). Diante do exposto, fica nítido que o mercado de capitais brasileiro possui várias características que, ao longo do tempo, foram evoluindo conforme o aumento da demanda pelos investimentos em mercado de capitais. Retomando a aula Chegamos ao final de nossa segunda aula. Espera-se que agora tenha ficado mais claro o entendimento de vocês sobre o mercado de capitais brasileiros, principalmente quanto a sua origem, evolução e também com relação as suas principais características. Vamos, então, recordar? 1 – A Origem e Evolução do Mercado de Capitais Brasileiro A inserção brasileira no mercado de capitais ocorreu na década de 1960, mais precisamente em abril de 1964, quando ocorreu uma reestruturação do mercado financeiro e também de sua legislação, que começou a mudar este cenário, começando assim, a se modificar. Porém, apenas em 1965, que o mercado de capitais brasileiro se desenvolve mais rapidamente, através da criação da Lei n° 4.728/65, também conhecida como Lei de Mercado de Capitais, que contribuiu para a ampla reformulação do sistema financeiro brasileiro. 2 – Principais Características do Mercado de Capitais Brasileiro Dentro do mercado de capitais brasileiro, o sistema de distribuição e prestação de serviço é composto por sociedades corretoras de valores mobiliários, sociedades distribuidoras de valores mobiliários, bancos de investimento e bancos de desenvolvimento e também por empresas de liquidação e custódia de valores. Além deste sistema, o mercado de capitais brasileiro possui órgãos de controle e acompanhamento do mercado. O sistema é formado por quatro principais organismos: o Conselho Monetário Nacional; a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito; o Banco Central do Brasil e a Comissão de Valores Mobiliários. Vale a pena