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O cuidado com o Cuidador DEFINIÇÃO: O termo cuidador domiciliar é utilizado para designar a pessoa que será o apoio direto da equipe de profissionais de saúde nos cuidados junto ao paciente. Para melhor compreensão desse termo, vale ressaltar que, segundo Karsch (1998), cuidador pode ser formal, ou seja, indivíduo com uma formação específica para prestar os cuidados junto ao paciente, sendo, geralmente, remunerado – como enfermeiros, técnicos e outros – e cuidador domiciliar informal – caracterizado por pessoas que, na maioria das vezes, não possuem uma formação específica e aprendem a cuidar pela prática. Características do cuidador: O cuidador pode ser: → Formal: contratado para exercer a função. Pode ou não entender sobre cuidado com pessoas doentes. → Informal: pessoa da família eleita para cumprir a função. Possui pouca ou nenhuma experiencia em cuidar de pessoas doentes, mas possui poder decisório. Geralmente não há poder de escolha do paciente em classes populares, sendo a escolha influenciada por obrigações morais baseadas em aspectos culturais e religiosos (parentesco, gênero, proximidade física e afetiva). → Temporário: por um tempo determinado → Permanente: por tempo indeterminado Motivações para assumir o papel de cuidador: 1. Ética e reciprocidade (sentimento de gratidão, afeto, admiração e amor pela pessoa idosa 2. Vínculo afetivo e harmonioso estabelecido ao longo da vida 3. Falta de opção entre os membros familiares para assumir o cuidado e pela responsabilidade ética e moral para não abandonar a pessoa idosa Registram-se relacionamentos com pais, mães e filhas e filhos; matrimoniais; fraternos e, em alguns casos, de sobrinhas, netas, noras e até de ex-esposas. Segundo uma filha-cuidadora, sua motivação se baseia no afeto. Funções do cuidador: • As funções do cuidados vão desde promover o lazer, comunicação, socialização, estímulo da memória, até higiene, cuidado do ambiente, segurança do paciente, risco de acidentes, estímulo a alimentação e auxilia as atividades físicas. Lembrando que tudo depende do grau de dependência do doente em questão. • Logo, chega-se a certeza de que uma só pessoa fica sobrecarregada ao realizar todas as tarefas sozinha, por isso, é necessário que toda a família de forma direta ou indireta exerça o papel de cuidador. • O cuidado é um ato de satisfação pessoal mas ao mesmo tempo é um ato de perda de função pessoal e de adoecimento, que gera sofrimento físico, mental, social e espiritual. Tarefas que compõe a rotina do cuidador: – atuar como elo entre a pessoa cuidada, a família e a equipe de saúde; – escutar, estar atento e ser solidário com a pessoa cuidada; – ajudar nos cuidados de higiene; – estimular e ajudar na alimentação; – ajudar na locomoção e atividades físicas, tais como: andar, tomar sol e exercícios físicos; – estimular atividades de lazer e ocupacionais; – realizar mudanças de posição na cama e na cadeira, e massagens de conforto; – administrar as medicações, conforme a prescrição e orientação da equipe de saúde; – comunicar à equipe de saúde sobre mudanças no estado de saúde da pessoa cuidada; – outras situações que se fizerem necessárias para a melhoria da qualidade de vida e recuperação da saúde dessa pessoa. IESC V – Aula 15 A saúde do cuidador e o ato de cuidado: • Nem sempre a divisão de responsabilidades do cuidador é feita de modo equilibrado entre os familiares, seja por condições econômicas, estrutura familiar, conflitos, ou mesmo características culturais. • Na maioria das vezes o cuidado fica sob a responsabilidade de uma única pessoa, o que compromete a saúde do cuidador gerando sobrecarga sobre o mesmo. • A insegurança em lidar com o novo contexto e os limites do cuidado são questões muito comuns na maioria dos cuidadores entrevistados nas pesquisas. • A mudança na vida dos cuidadores ao se depararem com a necessidade de um cuidado contínuo devido a uma situação de dependência é extremamente grande e desperta preocupação devido a inexperiência e imprevisibilidade da situação • A maioria dos cuidadores diz respeito à mulheres, sendo geralmente filhas ou esposas. Há uma cultura que impõe a mulher como a responsável pelo cuidado. • O desprazer cotidiano traz sofrimento que muitas vezes pode ser considerado maior do que a do próprio paciente. • O tempo prolongado da doença e o tempo de cuidado maior do que 3 anos são fatores negativos na qualidade do cuidado • Geralmente o cuidador familiar domiciliar não está preparado para lidar com a situação de adoecimento de um ente querido. O diagnóstico as vezes pode ser repentino e inesperado. • O cuidador torna-se porta-voz do paciente, respondendo por ele, por isso é importante ressaltar que o autocuidado não deve ser deixado de lado, já que a falta dele resulta em perda de autonomia sobre os próprios desejos, adoecimento, piora da qualidade de vida e maior mortalidade • É importante que durante as visitas domiciliares sirvam como momento para ouvir também o cuidador, com objetivo de fazer com que ele reestabeleça sua identidade, aumente a autoestima e busque os interesses próprios. • A ida do cuidados aos serviços de saúde deve sempre ser incentivada, bem como a participação de grupos lúdicos e terapêuticos fornecidos pelo próprio serviço de saúde Modalidades de Enfrentamento: A maioria dos cuidadores relata que para manter controle sobre sua vida pessoal necessitam de ajuda para enfrentar o momento designado pelo cuidado contínuo, como: • Possuir uma rede de apoio que permita cuidar de si • Compartilhar seus sentimentos sem julgamento nem críticas • Aprender sobre o adoecimento do ente • Estar envolvido com religião e fé Abordagem de Cuidado ao Cuidador: • É importante que a equipe de saúde da família atue sendo suporte dos cuidadores • Incentivar a busca por auxílio profissional quando necessário • Incentivar o contato com as unidades e o sistema de saúde • Ressaltar a importância do autocuidado • Incentivar a busca por espaço e atividades próprias • Incentivar a busca por acompanhamento psicológico quando necessário • Evidenciar que o ato de cuidado também é dito como uma forma de trabalho, muito embora haja sentimento e afeto envolvido É preciso chamar atenção do Estado brasileiro para a situação das pessoas que cuidam. Apesar da legislação brasileira considerar que o cuidado ao idoso dependente é uma atribuição da família, do estado e da sociedade civil, as políticas específicas que apoiem os cuidadores familiares são frágeis ou inexistem. Não há no país investimento financeiro direcionado ao cuidador familiar. Estudos que considerem a experiência dos cuidadores familiares pode ser um caminho para integrá-los como parte do sistema de saúde, valorizando suas demandas e garantir-lhes direitos e efetiva proteção do Estado. Referencias: • Sousa, Girliani Silva de et al. “A gente não é de ferro”: Vivências de cuidadores familiares sobre o cuidado com idosos dependentes no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva [online]. v. 26, n. 01 [Acessado 25 Maio 2023] , pp. 27-36. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413- 81232020261.30172020>. ISSN 1678-4561. https://doi.org/10.1590/1413- 81232020261.30172020. • YAVO, Ivete de Souza; CAMPOS, Elisa Maria Parahyba. Cuidador e cuidado: o sujeito e suas relações no contexto da assistência domiciliar. Psicologia: teoria e prática. São Paulo, v. 18, n. 1, p. 20-32, abr. 2016. https://doi.org/10.1590/1413-81232020261.30172020 https://doi.org/10.1590/1413-81232020261.30172020
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