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Sociologia Desordens e crises sociais: o contexto da fundação da sociologia As Revoluções Burguesas Revolução Industrial - mudança no sistema econômico Revolução Francesa - mudança no sistema político Iluminismo - mudanças de cunho cultural-científicos; O desenvolvimento comercial e urbano O surgimento e ascensão da burguesia O aparecimento da mão de obra assalariada A formação dos estados nacionais Renascimento (séc. XV): ruptura entre o pensamento medieval e o pensamento moderno. Crise do sistema feudal Revolução Francesa - 1789 Econômica - Política Exploração do trabalho: muitos e múltiplos impostos Revolta do terceiro estado contra o Rei e o Estado Absolutista O terceiro estado lutava para obter uma representação tão grande quanto a da nobreza e a do clero juntas. Revolução Industrial - 1760-1840 Êxodo rural Transição do trabalho artesanal para manufatura e maquinaria Eficácia na produção e menores custos Grandes empresas e trabalho em massa Relógio - determinação do ritmo e tempo de trabalho Avanço no sistema de transportes Renascimento cultural - ocorre um deslocamento do Teocentrismo para o Antropocentrismo - valorização da razão. Valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de se obter conhecimento. Reforma Protestante- estimula o surgimento do individualismo moderno. Crença nas leis e nos direitos naturais. Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios da nobreza e do clero. Iluminismo- Século XVIII A sociologia - Ciência da Sociedade - surge no século XIX, fruto de um processo histórico que levou à consolidação de um novo modo de produção e de uma nova forma de conceber a sociedade. As ideias de progresso, racionalismo e domínio do homem sobre a natureza exerceram forte influência sobre a mentalidade da época. 1798 – Nasceu em Montpellier, França, era de uma família católica e monarquista; 1857 — Morreu em 5 de setembro, em Paris. O positivismo derivou do cientificismo, isto é, da capacidade da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais; Positivismo e Funcionalismo A sociologia como ciência Auguste Comte Comte definiu a Sociologia como uma física social, mas tomou os modelos da biologia para explicar a sociedade como um organismo coletivo; Émile Durkheim Nasceu em Épinal (França) em 15 de abril de 1858 Morreu em 15 de novembro de 1917 em Paris Preocupou-se em desenvolver caminhos para a consolidação da Sociologia como ciência assim como buscava a autonomia teórica e metodológica; Buscou transformar a Sociologia em uma ciência autônoma, independente das demais ciências sociais e naturais; Durkheim e a ciência objetiva Demonstrou que a sociedade é um fato que não tem semelhança com nenhum outro; é um gênero único e que as diversas ciências desenvolvidas até o final século XIX não davam conta da compreensão objetiva dele, portanto, seria preciso o desenvolvimento de um método próprio para compreensão deste fato; Sociologia Funcionalista - compreende a sociedade como um corpo organizado; Fato social - objeto de estudo São “maneiras de agir, de pensar e de sentir, exteriores ao indivíduo, e que são dotados de um poder de coerção em virtude do qual esses fatos se impõem a ele” (DURKHEIM, 2007a, p. 3-4); Quando Durkheim discute o que é fato social, ele quer, principalmente, afirmar que o indivíduo, apesar de tudo que o faz crer, não age, pensa e sente por si só. Existe uma força maior, algo que o impele a pensar em conjunção com os demais indivíduos; O fato social é qualquer fenômeno presente na sociedade que pode ser observado como um objeto, uma coisa; Fato social - define o modo de agir, pensar e sentir dos indivíduos. Geral Externo Coercitivo Fato Social Instituições Sociais: constituem o tipo principal de fato social; São coercitivas, coletivas, conservadoras e impositivas; A ordem social, que transforma um grupo de indivíduos em sociedade é dada pelas instituições sociais; Émile Durkheim - conceitos fundamentais Consciência coletiva Elemento de ligação entre os indivíduos em uma sociedade e se dá nos indivíduos através das instituições sociais; A consciência coletiva, criada através das instituições sociais, torna a sociedade funcional; Cada indivíduo cumpre a sua função pelo efeito da instituição social sobre ele; Isso garante que a sociedade como um todo funcione bem; Solidariedade Social A tese de Durkheim é de que a sociedade era mantida coesa por duas forças de unidade: Uma em relação a pontos de vista semelhantes compartilhados pelas pessoas, por exemplo, valores e crenças religiosas, o que ele denominou de solidariedade mecânica; A outra é representada pela divisão do trabalho em profissões especializadas, que foi denominada de solidariedade orgânica; Solidariedade Mecânica X Solidariedade Orgânica Solidariedade Mecânica Solidariedade Orgânica Sociedades simples Sociedades Complexas Sociedade Repressiva sanção restituitiva Direito Penal Direito Civil, comercial ou administrativo Consciência individual e coletiva estão ligadas: os indivíduos se unem por suas semelhanças Consciência individual e coletiva estão separadas: os indivíduos se unem por suas diferenças Consciência coletiva é responsável pela coesão social moral resultante da divisão social é responsável pela coesão social A educação para Durkheim Constitui-se como um fato social, ou seja, é produtora de coerção e de adequação à norma social, o que a torna um elemento fundamental da Sociologia; A internalização das regras escritas e dos acordos tácitos, como recomendações de etiqueta e de bom convívio, são transmitidas pela instituição educacional e pelo grupo social ao qual a criança pertence, justificando a importância da escola; Os valores e a cultura de uma determinada sociedade são transmitidos às crianças e aos jovens por meio da educação; A educação atende às necessidades sociais de cada época e de cada sociedade que a pratica, ela molda os seres humanos, ensinando-os a ser e agir para suprir a necessidade da sociedade em que estão inseridos; A diferenciação ocorre pela necessidade que sociedades modernas possuem de preencher funções específicas, Durkheim descarta, portanto, que seja em função das desigualdades; Mas existem pontos em comum: certos conhecimentos e ideias sobre direito, dever, indivíduo, sociedade em que habita, artes, ciências, são elementos fundamentais a todos; A escola para Durkheim Compreendida como um microcosmo da sociedade em geral; Instituição responsável por ensinar os saberes comuns às crianças de uma determinada sociedade; É o ambiente de socialização, de aprendizagem das práticas sociais, da administração dos sentimentos, da disciplina do corpo; A concepção de educação de Durkheim é tradicional, pois compreende que o ensino se basta pela ação dos adultos sobre os mais jovens, como um preparo social das gerações mais jovens para participarem da vida em sociedade; Princípios do pensamento Marxista Nasceu em 05 de maio de 1818; Morreu em 14 de março de 1883; Pensamento de Marx é influenciado pelas transformações sociais decorrentes das Revoluções Burguesas; A sociedade é marcada pelos antagonismos de classe – Dominantes X Dominados; Karl Marx Sociedade para Karl Marx Durkheim como Marx viveram em um contexto caracterizado pelos efeitos da expansão do modo de produção capitalista, pela intensificação dos conflitos trabalhistas e pelo avanço do sistema industrial; A divisão do trabalho como cerne do problema: Durkheim – Solidariedade social; Marx – Causa da origem das classes e desigualdades sociais; Materialismo histórico-dialético Marx discute a sociedade a partir das condições materiais de existência; A sociedade foi compreendida como totalidade – Sociedade é um todo integrado; Teoria e prática são inseparáveis; O estudo da sociedade começa quando se toma consciência de que o modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Marx estabeleceum vínculo entre teoria e prática - Práxis; O cerne deste método consiste na ideia de que as sociedades se transformam à medida que os homens alteram seu modo de (re)produzir; Trata-se de um método utilizado pelos autores para interpretar o processo histórico por meio do qual se torna possível identificar como, em todas as épocas históricas e modos de produção, a produção e reprodução social é marcada por relações de antagonismo; Essência e aparência Para além da miséria aparente, o que Marx percebeu aoolhar à sua volta foi que havia um processo histórico emcurso que levava a burguesia à condição de classe dominante e expropriava os trabalhadores. Conjunto de ideias que visa ocultar a sua própria origem nos interesses sociais de um grupo particular da sociedade. Tem como principal função ocultar a existência do conflito de classes; A classe dominante, ao tomar o poder, tenta disseminar seus interesses de classe como sendo os interesses comuns de toda a sociedade; As classes sociais para Marx Classe social: fruto das relações que os homens estabelecem no processo de produção; A classe social a qual cada indivíduo pertence é marcada pela posição por ele ocupada no processo produtivo; A forma que melhor explica a sociedade e como ela se encontra é a economia; As contradições de classe são inconciliáveis; Ideologia Como destacam Silva e Carvalho: A ideologia impede que o proletário tenha consciência da própria submissão, porque camufla a luta de classes ao representar, de forma ilusória, a sociedade, mostrando-a como una e harmônica. Além disso, segundo Marx, a ideologia esconde que o estado, longe de representar o bem comum, é a expressão da classe dominante. (2006, p. 49) As relações de produção Se nos períodos históricos anteriores, os homens tinham consciência dos produtos que produziam e eram os detentores dos meios de produção, no capitalismo, os homens estão alienados do resultado de seu trabalho, não apenas do produto material, mas também do lucro econômico que produzem; Ao venderem sua força de trabalho, os homens tornaram-se, em si mesmos, mercadorias; Alienação Despojado dos meios de produção, dependente da troca de sua força de trabalho por salário, o proletariado é explorado, pois o valor que cria não lhe é restituído; O trabalho na sociedade capitalista é um instrumento de alienação dos indivíduos pois o fruto do trabalho é retirado daquele que o produziu; A alienação dos indivíduos é em relação ao próprio mundo, e não somente no que diz respeito à técnica de produção ou em relação ao eu. Mais-Valia O lucro do capitalista tem sua origem na exploração do trabalhador; na extração da mais-valia, do trabalho não pago. MAIS-VALIA ABSOLUTA Aumento (prolongamento) da jornada de trabalho MAIS-VALIA RELATIVA Aumento da produtividade dentro da mesma jornada de trabalho Marx: a crítica da educação e do ensino Educação na era Industrial As escolas promovidas, ou regulamentadas, pelo Estado burguês romperam profundamente com uma educação totalizante, capaz dearticular conteúdos e conhecimentos com a realidade que cerca os alunos; A partir da Era Industrial, as escolas fortaleceram um modelo pedagógico que prezou pela fragmentação das disciplinas, tirando de professores e alunos a liberdade de pensar e experimentar, fato que é imprescindível para movimentar as consciências; A concepção de educação para Marx Marx nunca escreveu uma obra específica a respeito da educação, entretanto o tema da educação e sua relevância são destacados frequentemente em várias obras dele, articulados a todas as outras esferas da vida social; Marx vai analisar as dimensões da educação de forma integrada com o modo de produção que rege uma determinada sociedade em dado momento histórico; A venda da força de trabalho por um salário e a especialização das atividades seriam, segundo Marx, dinâmicas alienantes da capacidade criativa-reflexiva dos indivíduos; O sistema de ensino no capitalismo seria, ao mesmo tempo, consequência e também instrumento ideológico da burguesia para intensificar a exploração e naturalizá-la no cotidiano; Por ideologia, estamos nos referindo a um conjunto de ideias e valores que expressam a consciência dos indivíduos; A educação para emancipação A emancipação a partir de uma perspectiva marxiana: aquela que se refere a uma possibilidade de superação da alienação, imposta por um modo de produção desigual e destrutivo e que visa a uma plenitude da condição humana sem os limites econômicos de caráter mercantil; O ideal seria de uma educação pública (estatal), gratuita, laica, obrigatória e universal, de modo a assegurar a abolição do monopólio burguês da cultura e do conhecimento; A educação crítica e reflexiva proporciona ao sujeito alterar a realidade em que ele se encontra inserido, indo na contramão do projeto educacional que visa apenas à formação de mão de obra que vai suprir a demanda do mercado; A educação apresenta em seu cerne a capacidade de formar o indivíduo no todo, desenvolvendo todas as suas potencialidades, proporcionando assim uma formação omnilateral aos indivíduos em detrimento do unilateral. Pressupostos da sociologia de Max Weber Nasceu em 21 de abril de 1864 na Alemanha; Morreu em 14 de junho e 1920; Para Weber a sociedade é resultado das interações entre os indivíduos; A sociologia compreensiva privilegia a compreensão e a inteligibilidade dos fenômenos sociais, enfatizando a significação e intencionalidade como características que diferenciam os fenômenos sociais dos fenômenos naturais. Max Weber Desencantamento do mundo A sociologia política de Max Weber vai questionar sobre a independência dos indivíduos diante de uma crescente racionalização da vida; O desencantamento do mundo, condição própria do desenvolvimento do capitalismo industrial, teria se consolidado justamente por meio de um processo de disciplinarização dos homens em torno de suas atividades cotidianas, visando a atingir determinados fins e da maneira mais eficiente possível; O tipo ideal constitui-se de uma interpretação do real, que se vale de um fragmento desta realidade, reconstituído através de um modelo simplificado para entender os traços de causalidades que determinaram tal fato ou fenômeno. É um recurso metodológico, uma construção teórica abstrata utilizada como parâmetro interpretativo de fenômenos concretos que auxiliam o pesquisador nas suas atividades de desvelar a realidade por meio de um exercício de comparação entre o fenômeno observável (concreto) e o tipo ideal (conceitual). Tipo Ideal Ser Professor é: Escrever na lousa Controlar a disciplina dos alunos Ser enérgico dominar o conteúdo postura de autoridade ter boa oratória Ação e Ação Social Ação é toda conduta humana dotada de um significado subjetivo dado por quem a executa e que orienta essa ação. Quando tal orientação tem em vista a ação – passada, presente ou futura– de outro ou outros agentes a ação passa a ser definida como ação social. Para compreender a ação social através do método científico o cientista deve elaborar os tipos ideais. Weber irá estipular 4 tipos ideais de ação social para que o sentido da ação possa ser compreendida pelo cientista. Tipologia das ações sociais Ação tradicional ação emocional/afetiva ação racional com relação a valores ação racional com relação a fins relações sociais Professor Ação relativa a Fins Ação relativa a valores Ação tradicional Ação afetiva Receber um salário Receber um salário Grande número de professores na família Prazer em ensinar Dominação A educação na concepção weberiana Dentro das particularidades históricas do capitalismo industrial é destacado um padrão de comportamento e de relações sociais; Esse padrão, baseado na racionalidade, minimiza, nos indivíduos, as motivações de cunho afetivo e tradicional; As ações sociais se desenvolveriam em termos de adequação aos princípios éticos e objetivos específicos dos sujeitos, assim como aos meios para atingi-los; A teoria weberianaidentifica a existência de uma dinâmica de forças que mobiliza os indivíduos ou grupos de indivíduos em suas ações sociais e que se revela por meio de relações de dominação; Tipos de dominação Tradicional Carismática Legal Weber e a educação Podemos pensar que o aluno é dominado dentro de uma perspectiva racional legal, por isso submete-se às ordens do professor; Como vivemos em uma sociedade que fortaleceu a racionalidade, as instituições sociais que nela se desenvolvem – esse caso, a escola –seriam marcadas por regras impessoais, procedimentos e processos com vistas a desenvolver a adequação dos sujeitos às expectativas desse perfil de sociedade; Os objetivos da escola seriam formar indivíduos amplamente disciplinados e aptos ao trabalho especializado, uma das marcas da sociedade urbano industrial; A escola, como parte do aparelho administrativo do Estado, seria umaferramenta imprescindível para dinamizar a organização por meio dashabilidades e dos conteúdos científicos valorizados por essa mesmasociedade; Weber valoriza uma postura docente que seja compatível com a construção da autonomia e da liberdade do aluno, embora isso não signifique que a atividade do professor deva se pautar pela omissão; O professor deve ser responsável e íntegro na seleção de conteúdos que estejam profundamente alicerçados na ciência; A educação é o elemento que contribui para a seleção social, é um dos recursos possíveis para se manter – ou melhorar – o status; É um processo de socialização permanente, constante e de reprodução e manutenção social; A educação é fonte de um princípio de controle, enquanto racionalidade instrumental de dominação burocrática; A educação é, portanto, fator de estratificação social; Influência do pensamento Marxista Antonio Gramsci - conceitos fundamentais Nasceu em 22 de janeiro de 1891 na região da Sardenha; Morreu em 27 de abril de 1937, aos 46 anos em Roma; Enfatizou a crítica ao dogmatismo do marxismo oficial, que ao petrificar a teoria, impede a prática revolucionária Sociedade para Marx: Capitalismo (lucro): nem todos são proprietários e detentores de capital, causando desigualdade no acesso aos bens; Ideologia Em um sentido amplo, é o conjunto de ideias, concepções ou opiniões sobre algum ponto sujeito a discussão; Na concepção marxista, a ideologia adquire um sentido negativo, como instrumento de dominação; A classe dominante, ao tomar o poder, tenta disseminar seus interesses de classe como sendo os interesses comuns de toda a sociedade; Dialética Não há uniformidade no modo segundo o qual os acontecimentos históricos ocorrem – em um movimento que é dialético, a sucessão de momentos mostra que, na tentativa de um poder que seja hegemônico, são os interesses de dominação que regem a sociedade; Sua contribuição teórica está sobretudo em ter compreendido que o estado capitalista não se impõe apenas pela coerção e violência explícita, mas também por consenso, por persuasão; Os intelectuais na sociedade Para Gramsci, todo homem carrega em si um conhecimento, uma filosofia de vida que dirige as suas ações; Segundo ele, “todos os homens são intelectuais, mas nem todos os homens têm na sociedade a função de intelectuais” (GRAMSCI, A.2000a, p.18); A classe dominante detém um poder, um controle, sobre as demais e esse poder não se apresenta apenas na esfera da produção, mas também na superestrutura; Isso quer dizer que, no capitalismo, a burguesia consegue elaborar eimpor a sua visão de mundo de maneira coerente e lógica (por meio daciência, bem como das artes, literatura, religião e aparato jurídico) aosdominados; Em busca do princípio educativo Hegemonia Social Hegemonia: etimologicamente, essa palavra significa “dirigir, guiar, conduzir”; Trata-se da capacidade que uma classe social tem de dirigir e criar consensos que estejam de acordo com a sua visão de mundo; Uma classe é hegemônica quando é capaz de elaborar sua própria visão de mundo, ou seja um sistema convincente de ideias pelas quais conquistar adesão até da classe dominada; As classes são diferentes e querem se firmar como a que domina a sociedade; A dominação é a força política que uma classe exerce enquanto Estado, que pode agir de forma coercitiva; A direção se refere ao poder ideológico; trata-se da formação do pensamento que rege a sociedade; Uma classe apenas sobe ao poder quando seu pensamento dirige a sociedade e ela passa a ser dominante; Se os intelectuais da burguesia tinham como papel sedimentar os interesses dessa classe, garantindo sua hegemonia, Gramsci sugeriu que também o proletariado tivesse os seus intelectuais; Assim, a luta política estaria posta em um cenário em que as direções da classe dominante poderiam ser combatidas com rigor e coerência lógica, desvelando as contradições e desigualdades esfumaçadas do sistema capitalista; Os intelectuais e os blocos históricos Cada grupo social em disputa, num dado bloco histórico, forja um perfil de intelectualidade que corresponde as suas conveniências, seja no campo econômico ou no político e social; É imprescindível que os trabalhadores se apropriem de conhecimentos científicos e filosóficos que os alcem para a reflexão em torno da superação do sistema que os oprime; Nesse caso, haveria a formação de uma nova cultura “distinta e contraposta à da intelectualidade burguesa e mesmo reformista” Educação para Gramsci Entendia a educação como instituição do campo das superestruturas imprescindível para a superação do capitalismo, diante da sua potencialidade de clarificar a consciência dos indivíduos; Gramsci considera todos os indivíduos como uma potencialidade de compreender e transformar o mundo; Para que essa potencialidade se concretize, é necessária a ampliação de oportunidades aos sujeitos, de modo que todos possam adentrar os espaços privilegiados de aprendizado e reflexão A concepção de educação é vinculada ao exercício livre e consciente das reflexões a respeito da totalidade histórica em que se está inserido; Essa consciência seria especialmente importante para as massas populares, na medida em que são elas que sofrem a exploração e miséria causada pela estrutura social do capitalismo; Gramsci pontua que o leque de oportunidades que daria aos sujeitos a capacidade de romper com a “vassalagem” viria, fundamentalmente, da escola ; A educação pública vigente, aquela ofertada para as massas, se constituía como modelo pedagógico desenhado para mantê-las subservientes às desigualdades e injustiças do sistema que as oprimia; Michel Foucault A obra de Michel Foucault Nasceu em 15 de outubro de 1926 em Poitiers - França; Faleceu em Paris, no dia 25 de junho de 1984; Investigou processos disciplinadores, os quais são comumente utilizados para dominar homens e mulheres ao longo de suas vidas e como a disciplina ou a disciplinarização é promovida através de inúmeros espaços de controle; Mecanismos de controle Foucault buscou compreender as nuances históricas, sociais, políticas, econômicas, culturais e ideológicas que estavam sobrepostas nos discursos vinculados ao corpo e a subjetividade humana; Ele esteve atento aos aspectos da história, religião, política e medicina, por exemplo, para compor o saber a respeito da loucura e do indivíduo identificado como louco; Identidades sociais em pares opostos: normal/anormal, saudável/doente, lúcido/louco, instruído/ignorante; História da loucura na idade clássica (1961) Pessoas com comportamentos fora do padrão = excluídos da sociedade; Essa divisão das identidades sociais (louco/lúcido, por exemplo),quando forjadas, especialmente pelos saberes das ciências ocidentais, passaram a representar controle e vigilância sobre todos, ainda mais diante da força universalizante do discurso científico; Em sua introdução da História da Loucura, ele utiliza a alegoria da “Nau dos Insensatos” para demonstrar como na Idade Média os loucos eram apartados radicalmente do convívio social; O exercício do saber, vindo de um discurso científico, legitimado a partirdo século XIX, passa a dividir a sociedade em um grupo tido por “normal” e o outro, “anormal”; Para Foucault “a universalidade do nosso saber foi adquirida à custa de exclusões, interdições, negação, rejeições, ao preço de uma espécie de crueldade em relação a toda a realidade”; Para os “anormais” toda sorte de limitações e discriminações poderia ser aplicada e, de fato, no percurso da história ocidental o foram; Se a ciência passa a definir o que é normal e o que é patológico – e a ela é atribuída legitimidade social para isso – ela passa a disciplinar a vidadas pessoas sem que para isso seja, precisamente, necessário o uso da força física contra aqueles que fogem às regras, aos padrões identificados; Foucault situou a consolidação de uma sociedade disciplinar que pode ser desvelada em instituições sociais através de suas estratégias de docilização dos corpos; Mecanismos de poder para foucault Panóptico Em todas essas instituições sociais de disciplinarização que citamos, seus espaços físicos apresentam uma arquitetura destinada a vigiar os corpos que são controlados remotamente; É a ideia do panóptico, de Jeremy Bentham (1748- 1832), presente na obra de Foucault; Atualmente essa metáfora do panóptico pode ser compreendida com ouso de câmeras de segurança espalhadas por todos os lugares da sociedade contemporânea, do elevador do condomínio às salas de aula; Se pensarmos na arquitetura e na dinâmica da escola podemos reconhecer semelhanças com as arquiteturas e procedimentos adotados nas prisões e manicômios, como fora destacado por Foucault na obra Vigiar e Punir (1975) Sociedade disciplinar Para Foucault há uma convergência de características em instituições que são destinadas “a docilizar” os corpos; Por exemplo a ideia do “banho de sol” nas prisões e nos manicômios. Eles seriam compatíveis com a hora do recreio nas escolas infantis; Também a utilização de uniformes para identificação, distinção e hierarquização dos sujeitos que estão lá; Funcionários e “internos” devem ser rapidamente identificados -professores e inspetores, nas escolas, médicos e enfermeiros, nos hospitais, carcereiros e policiais, nas prisões; Os sujeitos têm seus “papéis”, são alunos, doentes ou prisioneiros. Uma lista vasta de semelhanças, objetivos, funções e procedimentos pode ser constatada. 1984 - George Orwell “1984” se trata de uma distopia ambientada no mundo fictício de Oceania, onde a sociedade é governada de maneira totalitária pelo “Grande Irmão”, uma figura que sintetiza seu poder através de câmeras de vigilância Estas câmeras observam os cidadãos de Oceania 24 horas por dia, até mesmo dentro de suas casas, característica que converge diretamente à teoria do Panóptico, proposta por Foucault, que fala do poder por meio da vigilância total do homem; Contribuições de Foucault para a educação Saber para Foucault Por saber, Foucault trata de práticas discursivas que estão carregadas de sentido e de valor para os interlocutores dessa dinâmica; O saber representa, de certa forma, um poder que se constitui a partir de um discurso tido como válido e que, a partir da Idade Moderna, estará, fundamentalmente, ligado aos domínios científicos; A ideologia é vista como prática discursiva que se fortalece e passa a ter um papel importante para refletirmos acerca do domínio expressado por ela nas relações de poder entre os sujeitos; A questão do poder O poder não vem exclusivamente a partir da violência, de uma repressão que se impõe sobre os sujeitos; O poder, longe de impedir o saber, o produz. Se foi possível constituir um saber sobre o corpo, foi através de um conjunto de disciplinas militares e escolares; Existe relação entre saber e poder, política e conhecimento? Para Foucault sim! A ciência moderna criou campos de investigações e proposições que, ao serem legitimados, ganharam status de verdade, passando a determinar as ações dos indivíduos envolvidos no processo do ensino aprendizagem; Essas determinações consolidaram um perfil disciplinador da escola que foi identificado por Foucault em Vigiar e Punir; A dominação existente na escola Aspecto Arquitetônico: pátios e distribuição das carteiras nas salas de aula; Modelo expositivo: aulas expositivas, repetição, memorização, avaliação -para docilizar corpos e mentes; O que se destaca é o processo de fabricação de um sujeito que se vê constantemente vigiado e que, por essa razão, passa a se comportar da maneira esperada, a ponto de interiorizar tais comportamentos, passando a reproduzi-los “livremente”; Uma educação libertária, a partir das reflexões de Michael Foucault, passa por reconhecer que, se a escola é um espaço disciplinador, pautada em determinados micro poderes, existe também, em seu bojo, contra poderes capazes de dinamizar as relações e contrariar a lógica estabelecida; • Se o discurso molda e é moldado pelo poder, “ele mostra-nos que na relação pedagógica o aluno não é um mero paciente, mas é também um agente de poder, o que deve levar-nos a repensar todo o ‘estrategismo pedagógico’ As disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação. (…) A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis” A disciplina aumenta as forças do corpo (em termos econômicos de utilidade) [por isso estar atrelada ao desenvolvimento do capitalismo] e diminui essas mesmas forças (em termos políticos de obediência). (FOUCAULT, M. 1987. p. 126-127). Educação libertária Pierre Bourdieu: o poder e o simbólico Nasceu em 1 de agosto de 1930 na França; Faleceu em 23 de janeiro de 2002 na França; Sistema educacional: um dos temas de destaque da sua obra; O interesse possivelmente foi despertado ainda no seu período de inserção no mundo universitário, sendo um desafio pessoal que ele tenha experienciado devido a sua origem humilde Pierre Bourdieu Conceitos fundamentais Campo Campo: tem-se para Bourdieu, como um espaço relativamente autônomo que age sobre os sujeitos sem que eles tenham, necessariamente, consciência disso; Não há um único campo no seio da sociedade, mas sim campos que, embora autônomos, são interdependentes, mantendo relações de poder e concorrência; Local em que estão em jogo forças, movimentos e estruturas, a definir os papéis sociais de cada pessoa nos cenários cotidianos da vida; Habitus O habitus seria, para Bourdieu, as estruturas sociais da subjetividade, formadas a partir das condições do nascimento (habitus primário) e ao longo da vida adulta (habitus secundário) dos sujeitos; Seria, portanto, os valores e relações introjetadas pelos indivíduos, geralmente, de maneira inconsciente; Assim, de maneira coletivizada e individualizada, o habitus compõe uma dimensão corporal, uma social, uma ideológica e a simbólica; O habitus dos diferentes segmentos sociais direcionava os processos de dominação vivenciados na sociedade capitalista; Bourdieu reconheceu que este era gerador de um capital cultural específico capaz de arbitrar a vida dos sujeitos, garantindo-lhes legitimidade nos campos; Tipos de capital Habitus, trajetória social e destino social Tipo social de herança e patrimônio familiar Capital econômico Capital social Capital cultural Capital simbólico propriedade de bens materiais (tecnologia, terra e trabalho círculo de relações que você possui e estabelece ao longo da vida vinculado aos saberes e gostos dos indivíduos espaço em que as relações de força na sociedade lutam pela imposição Conceito de capital Desses espaços, com as particularidades específicas dos capitais apresentados, emergiriam complexas relações de poder e, por conseguinte, distintas formas de dominação nas sociedades; Para Bourdieu, a sociedade de classes não se impunha apenas pelos domínios econômicos; O autor analisou os aspectos culturais que auxiliavam a sustentação dos privilégios de alguns poucos e dos processos de dominação e “resignação” de cada sujeito dos grupos em que nasceram; Dominação e desigualdade Diante dessa leitura a respeitoda dominação e da desigualdade como consequência de processos culturais específicos de cada classe social, Bourdieu passará a investigar as principais instituições produtoras e reprodutoras de habitus que circunscrevem os indivíduos as faixas da pirâmide social; Escola e família: grandes agentes socializadores responsáveis pelo gosto cultural como produto e fruto de um processo educativo, e não fruto de uma sensibilidade inata dos agentes sociais; A teoria da reprodução e a educação escolar Dominação e desigualdade Bourdieu olhou para o sistema escolar de maneira bastante crítica, ao reconhecer nele um instrumento da classe dominante desejosa em manter a sua posição social; Assim, ele reconhece na escola esse poder simbólico, que vem transfigurado de uma autoridade pedagógica. A reprodução - 1970 A escola como instituição social é uma fonte de violência simbólica, cuja consequência é a reprodução da cultura dominante e a ampliação das relações de força de certos grupos sociais existentes dentro da própria sociedade para se manterem nas camadas mais privilegiadas a partir daquilo que se pode chamar da reprodução das desigualdades sociais e culturais; Violência Simbólica: “todo poder que chega a impor significações e a impô-las como legítimas, dissimulando as relações de força, isto é própria mente simbólica, a essas relações de força” (BOURDIEU; PASSERON, 1975, p. 19) A reflexão foi feita acerca da manutenção da ordem através da relação pedagógica escola-família na formação de sujeitos que, dificilmente, movem-se de sua posição na pirâmide social, porque o rendimento escolar tende a ser espelho do habitus primário, ou seja, aquele promovido pela família do educando; Exemplo de poder simbólico Na relação professor – aluno: Diploma do professor; Para além de sua dimensão técnica que se encerra na própria materialidade de um papel impresso com letras e números, ele representa (e aí está sua dimensão simbólica) um saber acumulado em uma instituição de ensino que chancela o discurso do professor e o coloca como o detentor de uma força legitimada socialmente; O papel, em si mesmo, não é capaz de aferir o conhecimento de ninguém; Do ponto de vista da sua materialidade enquanto objeto, ele não dá a dimensão da quantidade de conhecimento acumulado ao longo da trajetória acadêmica; Contudo, ele carrega um simbolismo quanto à importância dos estudos do professor para que ele seja capaz de definir os destinos, a verdade, o certo e o errado dentro da sala de aula; É por essa razão que Bourdieu insistiu tanto na questão da educação enquanto uma experiência desencadeada através de uma violência simbólica; Escola como espaço de reprodução das desigualdades Passados os século XVIII e XIX, as desigualdades causadas pelo sistema capitalistas tornaram-se cada vez mais evidentes; As desigualdades sociais se aprofundaram de tal maneira que os abismos que passaram a separar ricos de pobres, cultos de incultos, dominadores de dominados tornaram o capitalismo um sistema de crises conjunturais e estruturais; A educação e a escolarização, por sua vez, ao terem seus processos complexificados, passaram a ser objeto cada vez mais frequentes dos novos pensadores que se formavam; Papel da escolarização na sociedade contemporânea: de um espaço de democracia e meritocracia para um espaço de reprodução e legitimação das desigualdades sociais; Retomemos o conceito de Capital Cultural: Bourdieu reconhece a possibilidade da escola reproduzir a estrutura da sociedade capitalista, favorecendo aqueles sujeitos oriundos das classes de origem social superior; Ao desmistificar a neutralidade da instituição escolar, Bourdieu nos dá ferramentas para repensarmos sua configuração e dinâmica;
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