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15. DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS

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DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS 
A Constituição trata do assunto no Título V, art. 136 a 141 da CF/88. (Da Defesa do Estado e das Disposições Democráticas). 
O conjunto de dispositivos constitucionais ordenados e transitórios, que tem por objeto as situações de crises e por finalidade a mantença ou o restabelecimento da normalidade constitucional é denominado sistema constitucional das crises (2007, SILVA). 
O sistema constitucional das crises é instaurado quando se percebe a materialização do desequilíbrio institucional e social, provocado pela antijurídica ação de grupos sociais ou por graves fenômenos da natureza.
A Constituição Federal, para restabelecer o Estado Democrático de Direito e a paz social, autoriza a aplicação de medidas extremas, de medidas de exceção, capazes de, por meio do aumento do poder de repressão do Estado, combater a crise constitucional. 
A necessidade, a temporalidade e a obediência irrestrita à Constituição Federal formam o tripé das medidas de exceção, que são: o estado de defesa e o estado de sítio. 
A necessidade impõe que o Estado apenas haja se as circunstâncias fáticas assim o exigirem, dada a gravidade da situação, sob risco de responsabilização do próprio Estado (civil) e das autoridades envolvidas (civil, penal e política), vez que as medidas de exceção são capazes de impor restrições a certos direitos e garantias fundamentais dos indivíduos. 
As medidas excepcionais são temporárias e só poderão perdurar pelo tempo necessário ao restabelecimento da normalidade. 
Por fim, os comandos constitucionais devem cumpridos integralmente, para que se não impere o arbítrio do Estado, mas uma legalidade extraordinária, conforme explicitado na Constituição Federal.
1. ESTADO DE DEFESA 
O estado de defesa é medida excepcional que busca preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza. 
Compete privativamente ao Presidente da República, por meio de decreto, estabelecer o estado de defesa, mas antes deverá ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional (pessoas descritas nos ARTIGOS 89 E 90 DA CF).
Vale pontuar que embora a convocação dos conselhos seja obrigatória, não estará o Presidente da República vinculado às orientações recebidas. 
Note também que o Presidente não depende da autorização do Congresso Nacional para agir. 
No decreto que instituiu o estado de defesa deve constar o tempo de sua duração, a especificação das áreas a serem abrangidas e a indicação das medidas coercitivas que vigorarão. 
O tempo de duração do estado de defesa não poderá ultrapassar 30 dias. Caso persistam as razões que justificaram a sua decretação, o prazo de duração poderá ser prorrogado uma vez, por igual período. 
Cuidado! O prazo de duração da medida não é de 30 dias; é máximo de 30 dias. De maneira que poderia o Presidente estabelecer prazo de cinco dias, por exemplo, conforme a situação e as medidas necessárias ao restabelecimento da normalidade. Se esse fosse o prazo, a prorrogação seria por mais cinco dias (igual período e não 30 dias). 
E se esgotados o tempo de duração e a prorrogação sem que a ordem pública ou a paz social tenham sido firmadas? Nesse caso, poderá o Presidente da República tomar uma medida mais gravosa: O ESTADO DE SÍTIO. 
A especificação das áreas abrangidas pela medida é indispensável, porque o objetivo do decreto de estado de defesa é o de reprimir ofensas ou ameaças de ofensas à ordem pública ou à paz social, em locais restritos e determinados. 
Não há na Constituição definição do que seja a expressão “locais restritos e determinados” (se um Município, se um Estado), mas é fato que as ações que serão combatidas não poderão ter alcance nacional, pois a medida tomada na hipótese seria outra: o estado de sítio. 
Uma vez decretado o estado de defesa, medidas coercitivas poderão ser determinadas, inclusive para restringir direitos e garantias fundamentais, que não têm caráter absoluto e podem sofrer relativizações em situações excepcionais, para resguardar o interesse da coletividade (ordem pública/paz social). 
As medidas coercitivas impostas no decreto constam no artigo 136, § 1º, da Constituição Federal, quais sejam:
1. restrições aos direitos de:
a) reunião, ainda que exercida no seio das associações; 
b) sigilo de correspondência; 
c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. 
2. na hipótese de calamidade pública, ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos, respondendo a União pelos danos e custos decorrentes. 
Frise-se que o rol de restrições acima é taxativo. Não pode o Presidente da República instituir outras medidas, porque como já antes dito, o estado de defesa configura uma situação de legalidade extraordinária e não um mero arbítrio estatal. 
Note que duas são as razões para a decretação do estado de defesa: 
a) grave e iminente instabilidade institucional que ameaça a ordem pública ou a paz social;
 b) a ocorrência de calamidades de grandes proporções na natureza, capazes de atingir a ordem pública ou a paz social. 
Em razão de qualquer delas, poderá o Presidente da República, no decreto, restringir os direitos de reunião, sigilo de correspondência e sigilo de comunicação telegráfica e telefônica. Entretanto, a ocupação e uso temporário de bens e serviços públicos só se darão no caso de calamidade pública. 
Na vigência do estado de defesa, a prisão por crime contra o Estado, determinada pelo executor da medida, será por este comunicada imediatamente ao juiz competente. 
A autoridade, ao fazer a comunicação, deverá declarar o estado físico e mental do detido no momento de sua autuação, o que não obsta o preso mesmo assim de requerer exame de corpo de delito à autoridade policial. 
De posse da comunicação da prisão, o juiz competente a relaxará, se não for legal. 
A prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário. 
A incomunicabilidade do preso é vedada. 
A medida tomada pelo Presidente da República está sujeita ao controle político exercido pelo Congresso Nacional, de maneira que, uma vez decretado o estado de defesa (ou sua prorrogação), o Presidente da República, dentro de 24 horas, submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congresso Nacional. 
O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro de 10 dias contados de seu recebimento, devendo continuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa. 
Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será convocado, extraordinariamente, pelo Presidente do Senado, no prazo de cinco dias. 
Os parlamentares necessariamente deverão atender à convocação. 
O quórum necessário para aprovação do decreto é o de maioria absoluta. 
Rejeitado o decreto, o estado de defesa cessará imediatamente. 
Aprovado o decreto, a execução da medida extrema persistirá. 
Cabe ainda ao Congresso Nacional acompanhar a execução do estado de defesa. 
O artigo 140 da Constituição Federal determina que a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designe Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas referentes ao estado de defesa. 
Tão logo seja cessado o estado de defesa, os seus efeitos também deverão cessar, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. 
O Presidente da República, assim que findar o sistema constitucional de crises, deverá enviar mensagem ao Congresso Nacional, para relatar as medidas excepcionais aplicadas e as suas justificativas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. 
Com efeito, o controle político exercido pelo Congresso Nacional se dá em 3 distintos momentos: 
a) apreciação inicial (no prazo de dez dias contados do recebimento do decreto); 
b) durante a aplicação da medida (Comissão acompanha e fiscaliza a execução); 
c) a posteriori (análise do relatório encaminhado pelo Presidenteda República). 
O controle jurisdicional de legalidade da decretação do estado de defesa e das medidas coercitivas aplicadas poderá ocorrer, especialmente por meio da utilização de habeas corpus e de mandado de segurança. 
De igual maneira, após a cessação da medida, o Poder Judiciário poderá ser acionado para processar e julgar os executores do estado de defesa por eventuais ilícitos praticados.
Entretanto, não cabe ao Judiciário intervir na conveniência e na oportunidade de decretação da medida, porque tal análise decorre de juízo do Presidente da República. 
ESQUEMATIZANDO
1. Compete privativamente ao Presidente da República decretar o estado de defesa. Essa competência é indelegável. 
2. O estado de defesa somente poderá ser decretado em dois casos: a) grave e iminente instabilidade institucional que ameaça a ordem pública ou a paz social; b) ocorrência de calamidades de grandes proporções na natureza, capazes de atingir a ordem pública ou a paz social. 
3. O Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional deverão ser ouvidos. 
4. Uma vez decretado o estado de defesa, o Presidente deverá, no prazo de 24 horas, encaminhar o decreto, acompanhado de exposição de motivos, ao Congresso Nacional. 
5. O Congresso Nacional deverá apreciar o decreto no prazo de 10 dias. 
6. Em caso de recesso, o comparecimento dos parlamentares para sessão legislativa extraordinária deve ocorrer no prazo de 5 dias. Uma vez reunido o Legislativo, prazo de 10 dias para a apreciação da medida. 
7. Não aprovado o decreto, cessará a intervenção. 
8. Aprovado o decreto, por maioria absoluta, a medida persistirá. Comissão do Congresso Nacional deverá acompanhar a sua execução. 
9. Cessado o estado de defesa, deverá o Presidente da República relatar ao Congresso Nacional, minuciosamente, as medidas e as pessoas afetadas. 
VAMOS PRATICAR: (2018/VUNESP/PC-SP/Delegado de Polícia) Suponha que o Presidente da República, depois de ouvir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional, decretou estado de defesa para restabelecer a paz social ameaçada por grave e iminente instabilidade institucional no local X. Nesse caso, é certo assinalar que 
A) o estado de defesa poderá ser instituído pelo prazo máximo de 45 dias, prorrogado uma única vez por mais 45 dias. 
B) o decreto poderá restringir tanto o sigilo de comunicação telegráfica como telefônica. 
C) o decreto que instituir o estado de defesa poderá se dar por prazo indeterminado em casos de grave violação da ordem pública. 
D) na vigência do estado de defesa a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a 30 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário. 
E) o direito de reunião poderá ser restringido, excetuando-se naquelas exercidas no seio das associações. 
Gabarito: B 
Comentário: A) Errado. O estado de defesa poderá ser instituído pelo prazo máximo de 30 dias, prorrogado uma única vez por mais 30 dias. 
B) Certo. O decreto que instituir o estado de defesa poderá restringir, dentre outros direitos, o sigilo de comunicação telegráfica e o sigilo de comunicação telefônica. 
C) Errado. O decreto que instituir o estado de defesa, em qualquer hipótese, não poderá ultrapassar 30 dias, admitida uma prorrogação por igual período. 
D) Errado. Na vigência do estado de defesa, a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá ser superior a 10 dias, salvo quando autorizada pelo Poder Judiciário. 
E) Errado. O direito de reunião poderá ser restringido, inclusive nas situações em que exercido no seio das associações. 
2. ESTADO SÍTIO
O estado de sítio caracteriza um instituto bem mais gravoso do que o estado de defesa, tendo em vista que a quantidade de direitos fundamentais que podem ser restringidos durante a medida é maior. 
Os casos autorizadores do estado de sítio são taxativos e constam do artigo 137 da Constituição Federal. 
São eles: 
1. comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; 
2. declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.
 Literalmente, sitiar é “fazer o cerco de”, “rodear de tropas para o ataque”. 
O estado de sítio é um verdadeiro “estado de guerra”, um preparo para o conflito bélico em defesa da soberania do Estado brasileiro ou de direitos da coletividade. 
Trata-se de medida tomada pelo Presidente da República, por decreto. 
O Chefe do Executivo, ao analisar a situação fática, antes de decretar o estado de sítio, deverá primeiro convocar o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional. 
Tendo ouvido os dois órgãos, mas não vinculado à orientação de nenhum deles, o Chefe do Executivo solicitará ao Congresso Nacional autorização para decretar o estado de sítio. 
Perceba: diferente do que ocorre no estado de defesa, o Presidente da República não poderá decretar o estado de sítio sem que o Congresso Nacional o autorize. 
O Presidente da República, ao solicitar autorização para decretar o estado de sítio (ou sua prorrogação), deverá explicar detalhadamente as razões do pedido. 
O Congresso Nacional, uma vez recebida a solicitação do Executivo, decidirá por maioria absoluta. 
Caso seja feita a solicitação de autorização para decretar o estado de sítio e o Legislativo esteja em recesso, o Presidente do Senado Federal, deverá, de imediato, convocar extraordinariamente o Congresso Nacional para se reunir, no prazo de cinco dias, a fim de apreciar o ato. 
Os parlamentares deverão obrigatoriamente aceitar à convocação. 
Se autorizado o decreto de estado de sítio, o Congresso Nacional deverá permanecer em funcionamento até o término das medidas coercitivas. 
O Presidente da República, no decreto do estado de sítio, especificará o prazo de duração, as normas necessárias a sua execução e as garantias constitucionais que ficarão suspensas. 
Depois de publicado, o Presidente da República designará o executor das medidas específicas e as áreas abrangidas. 
O prazo de duração do estado de sítio depende da razão de sua decretação. 
No caso artigo 137, I, da Constituição Federal (comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa), o prazo limite é o de 30 dias. 
Esse prazo poderá ser prorrogado, mas não por período superior a trinta dias. 
São admitidas sucessivas prorrogações, até que se restabeleça a normalidade, mas cada uma delas deverá ser precedida de autorização do Congresso Nacional.
Na hipótese do inciso II do artigo 137 da Constituição (declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira), o prazo não será previamente fixado em dias, de maneira que poderá ser decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a agressão armada estrangeira. 
Quanto aos direitos e garantias fundamentais, a excepcionalidade da situação justifica sua relativização. Os indivíduos, conforme o motivo da decretação do estado de sítio, diretamente, sofrerão a redução de direitos, vez que estão em perigo a soberania do Estado brasileiro e o interesse de toda a coletividade. 
As medidas coercitivas tomadas contra os indivíduos, com fundamento no artigo 137, I, da Constituição (comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa) são taxativas e alcançam o direito de liberdade, sob variados aspectos (locomoção, informação, reunião), a intimidade e a vida privada, e a propriedade. 
Com efeito, as medidas coercitivas aplicadas, nos termos do artigo 139 da Constituição Federal, são: 
I - obrigação de permanência em localidade determinada; 
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns; 
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião; 
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos; 
VII - requisição de bens. 
Asrestrições à prestação de informações e à radiodifusão não impedem a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa. 
A respeito da hipótese de estado de sítio contida no artigo 137, II (declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira), a Constituição Federal não enumerou quais medidas coercitivas poderão ser tomadas, de maneira que a conclusão lógica é a de que tantos outros direitos fundamentais poderão sofrer reduções, desde que, evidentemente, sejam necessárias e o Presidente da República justifique um a um os seus motivos ao Congresso Nacional, quando da solicitação de autorização para editar o decreto. 
Cabe ao Congresso Nacional fazer o controle político da medida extrema, a fim de que o Presidente não tenha poderes supremos e não se instaure o arbítrio estatal. 
Assim, não apenas o Legislativo autoriza o estado de sítio, mas também deve acompanhar toda a execução, até que as medidas restritivas deixem de ser aplicadas. 
Além disso, conforme determinação do artigo 140 da Constituição Federal, da mesma forma como acontece com o estado de defesa, a Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os líderes partidários, designará Comissão composta de cinco de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução das medidas. 
Ao findar o estado de sítio, os seus efeitos também cessarão, sem prejuízo da responsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores ou agentes. 
Nesse caso, deverá o Presidente da República enviar mensagem ao Congresso Nacional, para relatar as medidas excepcionais aplicadas e as suas justificativas, com relação nominal dos atingidos e indicação das restrições aplicadas. 
Durante o estado de sítio, a atuação do Poder Judiciário não será interrompida. Qualquer pessoa que se sentir prejudicada pela imposição de medidas restritivas de direitos poderá acionar o Judiciário, especialmente por meio da impetração de mandado de segurança e de habeas corpus. 
Entretanto, convém esclarecer que o controle jurisdicional do estado de sítio não recairá sob o porquê da medida extrema, mas sob a sua legalidade. 
VAMOS PRATICAR: 
(2018/VUNESP/PC-BA/Delegado de Polícia) Assinale a alternativa que corretamente trata do sistema constitucional de crises. 
A) Na hipótese extrema do estado de defesa, quando medidas enérgicas devem ser tomadas para preservar a ordem pública, o preso pode ficar, excepcionalmente, incomunicável. 
B) O Estado de Sítio pode ser defensivo, tendo como pressuposto material a ocorrência de uma comoção grave, cuja repercussão é nacional e que não pode ser debelada com os instrumentos normais de segurança. 
C) Logo que cesse o Estado de Defesa ou o Estado de Sítio, as medidas aplicadas em sua vigência pelo Presidente da República serão relatadas em mensagem ao Supremo Tribunal Federal, pois cumpre ao Judiciário o controle de legalidade dos atos praticados. 
D) Cessado o Estado de Sítio, cessam imediatamente seus efeitos, de modo que os atos coercitivos autorizados em decreto, executados pelos delegados do Presidente da República, são imunes ao controle judicial. 
E) Os pareceres emitidos pelos Conselhos da República e de Defesa Nacional não são vinculantes, cabendo a decretação do estado de defesa ao Presidente da República, que expedirá decreto estabelecendo a duração da medida. 
Gabarito: E 
Comentário: 
A) Errado. É vedada a incomunicabilidade do preso (art. 136, § 3º, inciso IV, da CRFB/88).
B) Errado. Na hipótese de comoção grave de repercussão nacional o Presidente da República age repressivamente, para restabelecer a normalidade. 
C) Errado. Cessado o estado de defesa ou o estado de sítio, o Presidente deve enviar mensagem ao Congresso Nacional, para que faça o controle político das medidas tomadas. 
D) Errado. Os atos praticados por seus executores, durante o estado de defesa e o estado de sítio, estão sujeitos tanto a controle político, para apurar eventual prática de crime de responsabilidade, quanto a controle judicial. Neste caso, qualquer prejudicado poderá acionar o Judiciário, para combater alguma ilegalidade ou abuso, ou ainda, algum prejuízo moral ou material sofrido. 
E) Certo. Compete privativamente ao Presidente da República decretar o estado de defesa e o estado de sítio. O decreto deve conter o prazo e as medidas restritivas que serão tomadas. Tanto no caso de estado de defesa quanto de estado de sítio os Conselhos deverão ouvidos. Nos dois casos, as recomendações dos órgãos serão apenas opinativas. 
FIQUE ATENTO:
1. Durante o estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção federal, a Constituição Federal não poderá ser emendada (artigo 60, § 1º , da CRFB/88). 
2. Em provas objetivas o examinador poderá, para eliminar candidatos, fazer a troca de algumas palavras. Fique atento. Cabe ao Conselho da República pronunciar-se sobre o estado de defesa, o estado de sítio e a intervenção federal (artigo 90, I, da Constituição Federal). Cabe ao Conselho de Defesa Nacional opinar sobre os mesmos assuntos (artigo 91, § 1º, da CRFB/88). Um se pronuncia e o outro opina. 
3. O Congresso Nacional aprova o estado de defesa e a intervenção federal e autoriza o estado de sítio. Todas as atribuições são exercidas por decreto legislativo. 
4. O artigo 53, § 8º, da Constituição, garante aos parlamentares federais a manutenção de suas imunidades durante o estado de sítio, só podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execução da medida. 
DOS MILITARES
1. FORÇAS ARMADAS 
A Constituição Federal estabelece que as Forças Armadas são instituições nacionais permanentes e regulares destinadas à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem (artigo 142). 
Integram as Forças Armadas: a Marinha, o Exército e a Aeronáutica. 
As três Forças são guiadas por dois pilares constitucionais: a hierarquia e a disciplina. 
O Presidente da República exerce o comando Supremo das Forças Armadas (artigo 84, XIII, da CRFB/88). Cabe ao Chefe do Executivo conceder aos militares as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes. 
Desde a Emenda Constitucional 23/1999, não há mais os antigos Ministérios do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Esses Ministérios foram substituídos pelo Ministério da Defesa, cujo chefe é civil (Ministro da Defesa), nomeado pelo Presidente da República, dentre cidadãos brasileiros natos maiores de 21 anos de idade. 
Assim, no comando das instituições militares, em ordem hierárquica decrescente, há o:
1. Presidente da República (civil eleito pelo povo);
2. o Ministro de Estado de Defesa (nomeado pelo Presidente da República);
3. e o Chefe de Estado Maior Conjunto das Forças Armadas (militar, oficial general de último posto). 
Os comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica não são mais formalmente Ministros de Estado, mas preservaram o status, de maneira que a competência para julgá-los por crime comum e de responsabilidade é originária do Supremo Tribunal Federal, exceto quando o crime de responsabilidade é conexo com o do Presidente da República, porque neste caso, a competência para julgar os três Comandantes por crime de responsabilidade é do Senado Federal (artigos 102, I, “c” e 52, I, da CRFB/88). 
Lei complementar, de iniciativa privativa do Presidente da República, estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas. 
Os integrantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica não são chamados servidores públicos, mas militares. 
Cabe à lei dispor sobre o ingresso nas Forças Armadas, os limites de idade, a estabilidade e outras condições de transferência do militar para a inatividade, os direitos, os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situações especiais dos militares. 
Aos oficiais militares, a Constituição Federal assegura as patentes, os títulos e postos militarese, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes das Forças Armadas (artigo 142, parágrafo 3º, I, da CRFB/88). 
O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra. 
Aquele que for condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento por indignidade do oficialato, perante tribunal militar. (A Declaração de Indignidade para o Oficialato acontece quando um oficial é condenado à pena privativa de liberdade por um período superior a dois anos. Nesses casos, ele é submetido a uma representação proposta pelo Ministério Público Militar (MPM) e julgada no Superior Tribunal Militar (STM).
A respeito da competência para julgar os militares, a Lei 13.491/2017 trouxe importantes modificações. 
O militar das Forças Armadas que praticar crime militar doloso contra a vida, em tempo de paz (artigo 9º do Código Penal Militar), e cometidos contra civis, serão julgados pela Justiça Militar da União, quando o crime for decorrente de cumprimento de atribuições que lhes forem estabelecidas pelo Presidente da República ou pelo Ministro de Estado da Defesa; ou de ação que envolva a segurança de instituição militar ou de missão militar, mesmo que não beligerante (característica do que causa ou está numa guerra); ou de atividade de natureza militar, de operação de paz, de garantia da lei e da ordem ou de atribuição subsidiária. 
Diferentemente dos servidores públicos (civis), os militares não têm direito de greve e nem de sindicalização, porque de suas atividades dependem a ordem e a segurança pública, de maneira que deve prevalecer o interesse público.
Igualmente, os militares da ativa não podem se filiar a partidos políticos (artigo 142, parágrafo 3º, V, da CRFB/88).
Isso não significa que militares sejam inelegíveis, vez que o parágrafo 8º, inciso II, do artigo 14, da Constituição Federal, expõe que o militar alistável é elegível. 
O que se tem apenas é que a filiação partidária não lhe é exigível como condição de elegibilidade, certo que somente a partir do registro da candidatura é que será agregado. 
Alguns direitos/obrigações destinados aos trabalhadores, contidos no artigo 7º da Constituição Federal, e alguns destinados aos servidores públicos (artigo 37) foram estendidos aos militares. 
São eles: 
a) décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
b) salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
c) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
d) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias; 
e) licença-paternidade, nos termos fixados em lei; 
f) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
g) limitação de remuneração/subsídio, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, ao subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. 
h) não vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. 
i) os acréscimos pecuniários percebidos não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores;
j) irredutibilidade de subsídio/vencimento, com as ressalvas constitucionais. 
OBS: “Não viola a Constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial (Súmula Vinculante 6).” A CF não estendeu aos militares a garantia de remuneração não inferior ao salário mínimo, como o fez para outras categorias de trabalhadores. Aqueles que prestam serviço militar obrigatório exercem um múnus público relacionado com a defesa da soberania da pátria. A obrigação do Estado quanto aos conscritos limita-se a fornecer-lhes as condições materiais para a adequada prestação do serviço militar obrigatório nas Forças Armadas. 
Quanto à possibilidade de o militar exercer outro cargo ou emprego público, a Constituição Federal enumerou duas situações, a saber: 
1. militar da ativa que toma posse em cargo ou emprego público civil permanente deverá ser transferido para a reserva, nos termos da lei, exceto, se o militar atuar na área de saúde e, havendo compatibilidade de horários, acumular cargo ou emprego civil privativo de profissional de saúde. A transferência para a reserva remunerada de militar aprovado em concurso público subordina-se à autorização do Presidente da República ou à do respectivo ministro (RE 601.148 AgR). 
O Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADI 1.626, declarou a constitucionalidade de dispositivo do Estatuto dos Militares da União que estabelece o dever do oficial militar com menos de cinco anos de corporação de indenizar os custos decorrentes de sua formação, no caso de assunção de cargo ou emprego civil, vez que o interesse público deve prevalecer. 
2. militar da ativa que toma posse em cargo, emprego ou função pública civil temporária (não eletiva), na Administração Pública Direta ou Indireta, deverá ser agregado (o militar da ativa deixa de ocupar vaga na escala hierárquica, permanecendo nela sem número) ao respectivo quadro e somente poderá, enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por antiguidade. 
Nesse caso, também há a ressalva do artigo 37, XVI, “c”, isto é, caso militar em exercício de atividade privativa de profissional de saúde, poderá acumular com cargo de mesma natureza civil, desde que haja compatibilidade de horários. 
Nesse caso, o tempo de serviço, enquanto agregado, apenas será contado para fins de promoção por antiguidade e para a transferência para a reserva. Após dois anos de afastamento (contínuos ou não), o militar será transferido para a reserva (Militar da reserva é o que, tendo prestado serviço na ativa, passa à situação de inatividade permanente, remunerada ou não). 
JURISPRUDENCIA:
O § 2º do artigo 142 da Constituição Federal estabelece que não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Porque a punição disciplinar militar atendeu aos pressupostos de legalidade, quais sejam, a hierarquia, o poder disciplinar, o ato ligado à função e a pena susceptível de ser aplicada disciplinarmente, tornando, portanto, incabível a apreciação do habeas corpus. O Supremo Tribunal Federal também não admite habeas corpus para atacar decisão que determina perda de posto e patente de militar (HC 70.852). 
Nos termos do artigo 143 da Constituição Federal, o serviço militar é obrigatório. 
Em defesa do direito de liberdade de consciência, aos que, em tempo de paz, após alistados, alegarem escusa de consciência (artigo 5º, inciso VIII, da CRFB/88) entendendo-se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem de atividades de caráter essencialmente militar, as Forças Armadas deverão, na forma da lei, atribuir serviço alternativo. 
Entende-se por serviço alternativo o exercício de atividade de caráter administrativo, assistencial ou filantrópico ou mesmo produtivo. 
As mulheres e os eclesiásticos, em tempo de paz, ficam isentos do serviço militar obrigatório, podendo se sujeitar a outros encargos que a lei lhes atribuir. 
2. DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS 
Os membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares são os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 
Essas instituições são organizadas com base na hierarquia e na disciplina (artigo 42 da Constituição Federal). 
As polícias militares são responsáveis pela polícia ostensiva (Policiamento ostensivo é aquele em que o policial, isoladamente ou em grupo, pode ser reconhecido de relance, quer pelo fardamento utilizado, quer pelo armamento ou pela própria viatura. Objetiva, precipuamente, satisfazer as necessidadesbásicas de segurança pública inerentes a qualquer comunidade ou a qualquer cidadão. Outra importante característica do policiamento ostensivo é a intervenção repressiva imediata, nos casos de grave perturbação da ordem pública,) e pela preservação da ordem pública. Os corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.
 As polícias militares e corpos de bombeiros militares são forças auxiliares e reserva do Exército, embora estejam subordinadas aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios (não estão subordinadas ao Presidente da República e nem ao Ministro de Estado de Defesa!). 
Aos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei, nos termos do artigo 42, § 1º, da Constituição Federal, aplicam-se as seguintes disposições: 
1. O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade (artigo 40, § 9º, da CRFB/88). 
2. Os oficiais da ativa, da reserva ou reformados são asseguradas as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, sendo-lhes privativos os títulos e postos militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos uniformes (art. 142, § 3º, I, da CRFB/88). 
3. Ao militar são proibidas a sindicalização e a greve (art. 142, § 3º, IV, da CRFB/88). 
4. O militar da ativa não pode estar filiado a partidos políticos (art. 142, § 3º, V, da CRFB/88). 
5. O militar alistável é elegível. Se o militar contar com menos de dez anos de serviço, deverá afastar-se da atividade, mas se contar mais de dez anos de serviço, deverá ser agregado pela autoridade superior e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplomação, para a inatividade (art. 14, § 8º, da CRFB/88) 
6. O oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra (art. 142, § 3º, V, da CRFB/88). 
7. O oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será também submetido a julgamento para definição de perda do oficialato por indignidade (art. 142, § 3º, VII, da CRFB/88). 
Com efeito, a declaração de indignidade e incompatibilidade para o oficialato apresenta-se em duas modalidades: a) decorrente do julgamento do Conselho de Justificação, que tem, segundo o Supremo Tribunal Federal, natureza administrativa, o que impossibilita a interposição de recurso extraordinário; b) aquela decorrente da condenação, em crime comum ou militar, por pena privativa de liberdade superior a dois anos. 
8. A competência para processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, é da Justiça Militar estadual, exceto quando se tratar de crime doloso contra a vida, quando a vítima for civil, porque neste caso, a competência será do Tribunal do Júri (artigo 125, § 4º, da CRFB/88). Cuidado! Militares da União quando praticam crimes dolosos contra a vida de civis, em regra, serão julgados pela Justiça Militar da União e não pelo Júri. 
9. Os militares estaduais, distritais e dos Territórios fazem jus a alguns direitos destinados a trabalhadores e a servidores públicos (art. 142, § 3º, VIII, da CRFB/88) . 
São eles: 
a) décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria; 
b) salário-família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei; 
c) gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal; 
d) licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
e) licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
f) assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e pré-escolas; 
g) limitação de remuneração/subsídio, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, ao subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. 
h) não vinculação ou equiparação de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público.
i) os acréscimos pecuniários percebidos não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; 
j) irredutibilidade de subsídio/vencimento, com as ressalvas constitucionais. 
FIQUE ATENTO
1. Não cabe habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
 2. Militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, em regra, não poderão acumular suas atribuições com outros cargos ou empregos públicos civis. Entretanto, a Emenda Constitucional 101/2019 estendeu aos militares estaduais as mesmas possibilidades de acúmulo aplicáveis aos servidores públicos civis (art. 42, § 3º, da CRFB/88). Assim, desde que haja compatibilidade de horários, com prevalência da atividade militar, poderá o militar também exercer as seguintes atividades: 
a) militar e professor; 
b) militar e cargo técnico ou científico; 
c) militar profissional de saúde e profissional de saúde civil. 
Cuidado! O militar das Forças Armadas, como já dito, só poderá acumular a hipótese “c”, isto é, apenas poderá ocupar dois cargos (um militar e um civil) de profissional de saúde. 
3.DA SEGURANÇA PÚBLICA 
A segurança pública é um dos direitos sociais elencados no artigo 6º da Constituição Federal e tem a finalidade de preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas (brasileiras ou estrangeiras) e do patrimônio (inclusive de pessoas jurídicas). 
Direito e responsabilidade de todos, é dever do Estado, que deve desenvolver políticas públicas que objetivem a sua efetivação plena. 
O artigo 144 da Constituição Federal enumera um rol taxativo de órgãos que compõem a segurança pública. Cabe à lei disciplinar a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades. 
São eles: a) Polícia Federal; b) Polícia Rodoviária Federal; c) Polícia Ferroviária Federal; d) Polícias Civis; e) Polícias Militares; f) Corpos de Bombeiros Militares e g) Polícias penais federal, estaduais e distrital. 
O legislador constituinte classificou a atividade policial em três categorias: 
1) polícia administrativa: A polícia administrativa atua preventivamente (para evitar que o crime aconteça) e ostensivamente (para repremir condutas delitivas).
2) polícia judiciária: a polícia judiciária é polícia investigativa e atua depois que o crime já aconteceu, para apontar condutas delitivas e a sua autoria.
3) polícia penal. A polícia penal, criada pela EC 104/2019, promove a segurança nos estabelecimentos penais
São órgãos federais de segurança pública: A Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Ferroviária Federal.
São órgãos estaduais de segurança Pública: As Polícias Civis, As Polícias Militares e os Corpos de Bombeiros Militares.
As polícias penais podem ser federal, estaduais ou distrital. 
Ora, se os órgãos de segurança pública enumerados nos cinco incisos do artigo 144 da Constituição configuram enumeração taxativa, segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (RE 570.177), o que seriam as guardas municipais e os órgãos de segurança viária? 
A conclusão lógica é a de que Estados, Distrito Federal e Municípios não poderão, por legislação própria, criar outros órgãos de segurança pública, ainda que por emenda à Constituição estadual. Igualmente, a União, por lei, não poderá instituir outros órgãos de segurança pública. Esse assunto, caso surja a necessidade de sofrer alteração, deverá ser disciplinado pela Constituição Federal, por emenda, como fez a EC 104/2019 ao criar a polícia penal.
Quanto às Guardas Municipais e aos órgãos de segurança viária, tem-se faculdade de criação, isto é, não existe a obrigatoriedade de que os Municípios instituam GuardaMunicipal, nem mesmo a de que Estados, Distritos Federal e Municípios criem órgãos de segurança viária. Caso o façam, deverão ter o cuidado de, em suas legislações, não usurparem atribuições dos órgãos de segurança elencados na Constituição Federal. 
O Supremo Tribunal Federal, no RE 658.570, entendeu ser constitucional a atribuição às guardas municipais do exercício de poder de polícia de trânsito, inclusive para imposição de sanções administrativas legalmente previstas, vez que tal atribuição não é privativa da Polícia Militar. 
A segurança viária compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. 
FIQUE ATENTO: A Força Nacional de Segurança Pública, regulamentada pela Lei 11.473/2007, não é órgão de segurança pública, mas um programa de cooperação entre os Estados e a União, para executar, por meio de convênio, atividades e serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública, à segurança das pessoas e do patrimônio, atuando também em situações de emergência e calamidades públicas. Não se trata de uma tropa federal e não se confunde com as Forças Armadas. Nos Estados, a Força Nacional é dirigida pelos Governadores, embora seja coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Sua atuação depende de solicitação da unidade federada. 
REMUNERAÇÃO:
Os servidores públicos e os militares integrantes dos órgãos de segurança pública devem ser remunerados por subsídio fixado por lei, em parcela única, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação, obedecidos os tetos constitucionais (subsídio de Ministro do Supremo Tribunal Federal, no caso de órgãos federais, e do Governador, no caso de órgãos estaduais).
A segurança pública não é um serviço público específico e divisível e não pode ser custeada por taxas, mas por impostos. Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal declarou a inconstitucionalidade de lei municipal que instituiu a taxa de combate a sinistros, vez que a prevenção e o combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo consideradas atividades de segurança pública (RE 643.247). 
VAMOS PRATICAR: (2018/VUNESP/Prefeitura de Pontal – SP/Procurador) O município de Pontal, supondo-se, editou uma lei municipal instituindo taxa para custear o combate e extinção de incêndios em prédios, como obrigação do contribuinte. Considerando a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que fixou tese de repercussão geral a esse respeito, a lei municipal é 
A) inconstitucional, porque a segurança pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se pela unidade da Federação, não cabendo ao Município a criação de taxa para esse fim. 
B) inconstitucional, porque embora o município tenha competência para prestar o serviço remunerado de combate a incêndios, em razão do dever de organizar e disciplinar o uso da propriedade imóvel, este deve se dar pela instituição de imposto, e não de taxa. 
C) constitucional, porque amparada pela política urbana, cujos objetivos são ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.
D) constitucional, uma vez que a base de cálculo prevista na legislação municipal é típica de taxa, usando apenas a metragem do imóvel como elemento em comum à base de cálculo do Imposto Predial Territorial Urbano. 
E) constitucional, porque inexiste violação de competência, uma vez que o serviço público é específico e divisível, e a atividade de conservação de construções e edifícios é de interesse municipal. 
Gabarito: A 
Comentário: É inconstitucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. A prevenção e o combate a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo consideradas atividades de segurança pública, nos termos do art. 144, V e § 5º da CF/88. A segurança pública é atividade essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio de impostos (e não por taxa). Desse modo, não é possível que, a pretexto de prevenir sinistro relativo a incêndio, o Município venha a se substituir ao Estado, com a criação de tributo sob o rótulo de taxa (RE 643247/SP). 
4. ÓRGÃOS DA UNIÃO 
A Polícia Federal, instituída por lei, é órgão permanente estruturado em carreira, organizado e mantido pela União, destinado a (art. 144, § 1º, da CRFB/88):
1. apurar infrações penais contra a ordem política e social ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, assim como outras infrações cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, segundo se dispuser em lei. Cuidado! Cabe à Polícia Federal a apuração de infrações penais em detrimento de bens, serviços e interesses da União ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, mas não de sociedades de economia mista (São EMPRESAS ESTATAIS, isto é, sociedades empresariais que o Estado tem controle acionário e que compõem a Administração Indireta. É Pessoa Jurídica de Direito Privado, constituída por capital público e privado, por isso ser denominada como mista. A parte do capital público deve ser maior, pois a maioria das ações devem estar sob o controle do Poder Público. Somente poderá ser constituída na forma de S/A. No Brasil, as empresas mais conhecidas são a Petrobras, o Banco do Brasil e a Eletrobras). Neste caso (crime contra o patrimônio, bens e serviços de sociedade de economia mista), cabe à Polícia Civil apurar as infrações. 
À polícia federal, como órgão da União, cabe apurar os crimes da competência da Justiça Comum Federal (excluídas as contravenções), nos termos do artigo 109 da Constituição Federal, ressalvada a competência da Justiça Militar. 
2. prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas áreas de competência. A atribuição da polícia federal limita-se ao tráfico transnacional de drogas (STF. Súmula 522). Nos demais casos, a competência é dos Estados. 
3. exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras. 
4. exercer, com exclusividade, as funções de polícia judiciária da União. 
A Polícia Rodoviária Federal é destinada, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais. O patrulhamento ostensivo das ferrovias federais é da responsabilidade da Polícia Ferroviária Federal. Os dois órgãos são permanentes, estruturados em carreira e organizados e mantidos pela União. 
5. ÓRGÃOS DOS ESTADOS
 A Polícia Civil é responsável por fazer a polícia judiciária nos Estados (ressalvada a competência da União) e por apurar infrações penais, exceto as militares.
Assim, a competência da Polícia Civil para apurar condutas delitivas praticadas no âmbito do Estado não abarca crimes militares. Entretanto, não exclui aqueles crimes em que há militares envolvidos, fora do exercício das atividades militares (HC 89.102). 
É subordinada ao Governador e dirigida por delegado de polícia de carreira. 
Seus integrantes são servidores públicos estaduais. 
A respeito dos delegados, o Supremo Tribunal Federal entende incabível a concessão de foro por prerrogativa de função a essas autoridades, dada a incompatibilidade entre a prerrogativa de foro e outros dispositivos constitucionais, mormente o que dá ao Ministério Público permissão para exercer o controle externo da atividade policial (ADI 2587). 
A competência para legislar sobre organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis é concorrente (artigo 24, XVI, da CRFB/88). Assim, cabe à União também legislar sobre o tema, desde que para criar normas gerais. Os Estados, no caso, exercem a competência suplementar (acrescentam normas específicas). 
A Polícia Militar atua ostensivamente e preventivamente, para assegurar a ordem pública. 
O Corpo de Bombeiros Militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesacivil.
A iniciativa de lei que disponha sobre Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares é privativa do Governador, vez que a gestão da segurança pública estadual é atribuição do Chefe de Governo (ADI 2819). 
Às polícias penais, vinculadas ao órgão administrador do sistema penal da unidade federativa a que pertencem, cabe a segurança dos estabelecimentos penais. Lembre-se: a polícia penal pode ser federal, estadual ou distrital. 
VAMOS PRATICAR: (2019/Instituto Acesso/PC-ES/Delegado de Polícia) A segurança pública é dever do Estado, devendo ser exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através das polícias federal, rodoviária federal, ferroviária federal, civis, militares e corpos de bombeiros militares. É INCORRETO afirmar que 
A) a segurança viária compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. 
B) às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. 
C) as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. 
D) a polícia ferroviária federal se destina ao patrulhamento ostensivo das ferrovias federais. 
E) cabe às polícias civis apurar infrações penais contra a ordem política e social cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme. 
Gabarito: E 
Comentário:
A) Certo. O § 10 do artigo 144 da CRFB/88 autoriza Estados, Distrito Federal e Municípios a instituírem a segurança viária, para preservar a ordem pública e a incolumidade das pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas. Compreende a educação, engenharia e fiscalização de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficiente. 
B) Certo. Conforme artigo 144, § 5º, da CRFB/88, às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. 
C) Certo. Literalidade do artigo 144, § 6º, da CRFB/88, segundo o qual “as polícias militares e corpos de bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.”
 D) Certo. Segundo § 2º do artigo 144 da Constituição, “a polícia rodoviária federal, órgão permanente, organizado e mantido pela União e estruturado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo das rodovias federais.” 
E) Errado. A atribuição de apurar infrações penais contra a ordem política e social cuja prática tenha repercussão interestadual ou internacional e exija repressão uniforme é da Polícia Federal, conforme artigo 144, § 1º, I, da CRFB/88. 
TOME NOTA:
1. No tocante ao Distrito Federal, a Constituição Federal estabelece que compete à União organizar e manter a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militares (artigo 21, inciso XIV) e que lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil, penal e militar e do Corpo de Bombeiros Militares (art. 32, § 4º). Assim, o Distrito Federal não tem competência para legislar sobre o assunto, de forma que cabe à União regulamentar a carreira, o subsídio, a aposentadoria/reforma e o número de membros desses órgãos de segurança pública. Entretanto, Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militares do Distrito Federal são subordinados ao Governador do Distrito Federal (e não ao Presidente da República). 
2. Nos termos da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, embora policiais civis, federais, ferroviários federais e rodoviários federais sejam servidores públicos civis, não fazem jus ao direito de greve previsto no artigo 37, VII, da CRFB/88, em razão da essencialidade do serviço que prestam à sociedade. Essa mesma interpretação foi estendida aos integrantes das guardas municipais. Assim, todos os integrantes da segurança pública não podem fazer greve (ARE 654.432).

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