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Atenção, Orientação e Memória


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Saúde Mental João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
_______________________________________________________________________________________ 
 
ATENÇÃO, ORIENTAÇÃO E MEMÓRIA 
 
ATENÇÃO 
É a direção da consciência a um determinado estímulo interno ou externo (pode ser uma imagem perceptiva 
ou representativa, um afeto ou um pensamento). É o estado de concentração da atividade mental sobre 
determinado objeto. 
• A atenção interfere na sensopercepção e é de vital importância para a memória (tanto fixação 
quando evocação). 
• O interesse influencia diretamente a atenção. 
• Sem lucidez de consciência a atenção não funciona direito, mas a atenção pode estar alterada mesmo 
com nível de consciência normal. A atenção é auxiliar da consciência, otimizando seu rendimento. 
o Sempre que a consciência estiver rebaixada, a atenção também estará 
o Quase sempre que a atenção estiver rebaixada, a pessoa estará desorientada no tempo e 
espaço 
Classificação 
• Natureza 
o Voluntária 
o Involuntária/espontânea. 
• Direção 
o Externa: voltada para o mundo exterior ou para o corpo. Geralmente mais sensorial. 
o Interna: voltada para os processos mentais do próprio indivíduo. É mais reflexiva, 
introspectiva e meditativa 
• Amplitude 
o Focal: mantém-se concentrada em um campo determinado e relativamente delimitado e 
restrito da consciência 
o Dispersa: não se concentra em um campo determinado, é menos delimitada 
• Qualidade 
o Tenacidade: capacidade de fixar e manter o foco da atenção 
o Vigilância: capacidade de mobilizar o foco da atenção. Não confundir com a vigilância da 
lucidez 
o Frequentemente são antagônicas, como nos estados maníacos (há hipotenacidade e 
hipervigilância) 
Alterações patológicas da atenção 
• Hiperprosexia: foco extremo em algo específico. TOC, por exemplo 
• Hipoprosexia: redução global da atenção (incluindo tenacidade e vigilância) → fatigabilidade 
aumentada → percepção dos estímulos ambientais e compreensão dificultadas, lembranças difíceis 
e imprecisas, dificuldade crescente em todas as atividades psíquicas complexas. É a alteração mais 
comum e menos específica da atenção 
• Aprosexia: abolição total da atenção, por mais fortes e variados que sejam os estímulos 
• Distração: superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdos/objetos, com a 
inibição de tudo o mais. Hipertenacidade com hipovigilância. Nem sempre é patológica 
Saúde Mental João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
_______________________________________________________________________________________ 
• Distraibilidade: instabilidade e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com 
dificuldade/incapacidade para fixar-se a qualquer coisa que implique esforço produtivo. A atenção é 
facilmente desviada. Hipotenacidade com hipervigilância. É uma alteração patológica 
Distúrbios neuropsiquiátricos e neuropsicológicos associados 
• Delirium: podem-se verificar diminuição do nível de consciência e déficit de atenção. Os distúrbios 
da atenção estão sempre ou quase sempre presentes em quadros de delirium 
• Déficit cognitivo leve (transtorno cognitivo leve, TCL): alterações da atenção relacionadas a maior 
demora em realizar tarefas do dia-a-dia. O indivíduo passa a cometer mais erros e ter dificuldades na 
atenção dividida. Geralmente associado a déficits de funções executivas. Comum em idosos. 
• Demências: as alterações de atenção costumam estar presentes desde as fases iniciais. Revelam-se 
por perturbações do paciente em ambientes com múltiplos estímulos e nas limitações ao lidar com 
eventos/estímulos concomitantes. 
Transtornos mentais associados 
• TDAH: dificuldade marcante de direcionar e manter a atenção a estímulos internos e externos, pois 
há capacidade prejudicada em organizar/completar tarefas e em controlar seus 
comportamentos/impulsos 
• Transtornos do humor: dificuldades de concentração e atenção sustentada. Nos quadros maníacos 
há redução da atenção voluntária e aumento da atenção espontânea, com hipervigilância e 
hipotenacidade. 
• TOC: atenção e vigilância excessivas e desreguladas e alterações em funções executivas que 
geralmente se sobrepõem aos déficits atencionais. Há prejuízo da atenção alternada, no 
planejamento, na inibição de respostas, na memória de trabalho e na velocidade de processamento. 
• Esquizofrenia: inadequada filtragem de informação relevante. Há dificuldade em anular estímulos 
sensoriais irrelevantes enquanto realiza-se determinada tarefa; grande suscetibilidade a distrair-se 
com estímulos visuais/auditivos externos. 
• Depressão: diminuição geral da atenção (hipoprosexia), despolarização atentiva (aumento da 
atenção interna em relação à externa) 
• TDAH: diminuição da atenção voluntária, aumento da atenção espontânea, hipervigilância, 
hipotenacidade 
• Mania: diminuição da atenção voluntária, aumento da espontânea, hipervigilância, hipotenacidade 
• Esquizofrenia: hipoprosexia por distraibilidade 
• TOC: hiperprosexia por distração 
Como avaliar? 
• Expressão fisionômica do paciente 
• Demora nas respostas (ou ausência dessas) 
• Necessidade de repetir as perguntas 
• Testes de repetição 
• Soletrar palavras na ordem inversa (ou meses do ano) 
 
 
 
 
Saúde Mental João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
_______________________________________________________________________________________ 
ORIENTAÇÃO 
Capacidade de situar-se quanto a si mesmo e quanto ao ambiente. 
Classificação 
• Orientação autopsíquica: o indivíduo em relação a si mesmo 
• Orientação alopsíquica: capacidade de orientar-se em relação ao mundo (espaço e tempo) 
Alterações patológicas da orientação 
• Desorientação por redução o nível de consciência (torporosa) 
• Desorientação por déficit de memória (amnéstica) 
• Desorientação apática: ocorre por apatia marcante e/ou desinteresse profundos 
• Desorientação delirante: indivíduos imersos em profundo estado delirante, vivenciando ideias 
delirantes muito intensas, crendo com convicção plena que estão habitando o lugar/tempo de seus 
delírios 
• Desorientação por déficit intelectual: incapacidade ou dificuldade em compreender aspectos 
complexos do ambiente e de reconhecer e interpretar as convenções sociais (horários, calendário 
etc.) que padronizam a orientação do indivíduo no mundo 
Como avaliar? 
• Dados de identificação pessoal 
• Onde está? 
• Data vigente 
• Período do dia 
 
MEMÓRIA 
Capacidade de registrar, manter e evocar os fatos já ocorridos. Relaciona-se intimamente com o nível de 
consciência, com a atenção e com o interesse afetivo. 
Fases do processo mnêmico 
• Fixação 
• Conservação 
• Evocação 
• A memória é frequentemente reeditada, ou seja, as informações que já foram armazenadas podem 
ser reconfiguradas com acréscimo de elemento novos (vividos ou imaginados) 
Classificação 
• Sensorial: dura menos de 1 seg, ativa apenas o tempo necessário para se dar a percepção. Muito 
frágil e capacidade muitíssimo limitada. É mais propriamente uma função da atenção que da 
memória 
• Imediata ou de curtíssimo prazo: poucos segundos até 1-3 min. Capacidade de reter o material 
imediatamente após ser percebido (como reter um telefone para logo em seguida discar). 
Capacidade limitada e depende da concentração, da fatigabilidade e de certo treino. 
• Recente ou de curto prazo: de poucos minutos até 3-6h. capacidade de reter a informação por curto 
período. Capacidade limitada 
• Remota ou de longo prazo: relacionada à transferência de informações para depósitos de longo 
prazo, tendo capacidade quase ilimitada. Capacidade bem mais amplas. as informações são 
Saúde Mental João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
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armazenadas de modo organizado, em redes semânticas nas quais conceitos semelhantes ou 
relacionados são armazenados de forma vinculada 
o Consolidação: processo que converte memórias de curto prazo em memórias de longo prazo.Facilitada pela repetição da informação, necessita de 5-10 min para que ocorra minimamente 
e pelo menos 60 min para que ocorra de forma plena. 
o Memória explícita: informações sobre o que é o mundo; informações acessíveis à 
consciência, podem ser evocadas voluntariamente e expressas em palavras 
o Memória implícita: aprendizado de como fazer as coisas; expressa-se numa melhora de 
desempenho em determinada atividade, é automática e reflexa, que não pode ser expressa 
em palavras e independe da recuperação consciente das experiências 
Lei de Ribot: a perda dos registros, nas amnésias retrógadas, dar-se-ia: 
1. do mais recente para o mais remoto; 
2. do mais complexo para o mais simples; e 
3. do menos importante, do ponto de vista dos afetos, para o mais importante. 
Alterações patológicas 
• Quantitativas 
o Hipomnésias/amnésias 
▪ Anterógrada: amnésia de fixação; consiste na impossibilidade/dificuldade de formar 
novas lembranças de longo prazo a partir do momento em que o agente patogênico 
atuou como tal. Transtorno amnético, quadros demenciais, delirium, estados 
crepusculares etc. 
▪ Retrógrada: amnésia de evocação; refere-se à impossibilidade/dificuldade de recordar 
eventos anteriores à atuação do fator causal do distúrbio mnêmico, não se consegue 
recuperar memórias de longo prazo, as quais tinha sido fixadas. Quadros dissociativos 
histéricos, TCE, intoxicação por CO, lesões talâmicas 
▪ Retroanterógrada: amnésia mista ou de fixação-evocação; é a forma mais comum. 
Quadros demenciais, delirium 
▪ Generalizada: todas as recordações de grande parte do passado (compreendendo os 
últimos meses/anos ou a vida inteira) estão afetadas. Após grave TCE, fase terminal 
de demência etc. 
▪ Lacunar: amnésia localizada; a falha abrange especificamente um espaço de tempo, 
de limites precisos, durante o qual houve prejuízo na capacidade de fixação, todos os 
eventos anteriores/posteriores a esse período foram normalmente fixados e 
evocados. Posterior a estado de coma (como crises convulsivas do tipo grande mal) 
ou de delirium etc. 
▪ Seletiva: amnésia sistemática; o que as lembranças têm em comum é o seu conteúdo 
e significado afetivo. Quadros dissociativos histéricos (como amnésia psicogênica) 
o Hipermnésias 
▪ Anterógrada: hipermnésia de fixação, hipertrofia de memória; capacidade exagerada 
de armazenamento de novas informações (geralmente restrita a uma habilidade 
específica, como números ou nomes. Pode ocorrer em pessoas normais, mas é mais 
comum em retardo mental. 
▪ Retrógrada: hipermnésia de evocação; ocorre excesso de recordações num breve 
espaço de tempo (embora mais numerosas, em geral são pouco claras e precisas, não 
havendo controle voluntário sobre elas). TEPT 
Saúde Mental João Vitor P. Gama – MED 103 UV 
_______________________________________________________________________________________ 
▪ Lacunar: transtorno de pânico, TEPT 
▪ Seletiva: depressão, mania, quadros delirantes 
• Qualitativas 
o Ilusões mnêmicas (alomnésias): as recordações de um evento real são deturpadas/distorcidas 
pelo indivíduo de forma involuntária. Delirium, demência, transtorno amnéstico, estados 
crepusculares, mania, melancolia, esquizofrenia, transtorno delirante 
o Alucinações mnêmicas (paramnésias): recordação de algo que de fato não ocorreu, uma falsa 
lembrança. Esquizofrenia. 
o Confabulações: tipo especial de paramnésia; alucinações de memória que ocorrem em 
quadros amnésticos de origem orgânica (como transtorno amnéstico, demência e delirium). 
Preenchimento de lacunas de memória com as primeiras ideias que vêm à mente, tentando 
evitar situação embaraçosa para si. 
Como avaliar? 
• Coleta da anamnese: é possível estimar razoavelmente a memória (capacidade de precisar e ordenar 
cronologicamente os fatos narrados) 
• Como o paciente lida com as questões cotidianas: perda frequente de objetos, repetição das mesmas 
ideias, dificuldade de localizar o próprio leito, desorientação no tempo e espaço etc. 
• Testagem da memória de fixação 
• Testagem da evocação de dados recentes 
• Testagem da evocação de dados remotos 
• Fatores como ansiedade e desinteresse podem prejudicar o desempenho do paciente → considerar 
isso na interpretação dos resultados.

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