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Mecanismos de ação Aula 6- 24/05 Flúor Fluoreto INTRODUÇÃO A epidemiologia das doenças bucais tem passado por transformações nas últimas décadas, e, entre todas, a cárie dental é provavelmente a que mais drasticamente modificou o seu perfil de prevalência e incidência. Na década de 1980, cerca de metade das crianças de 12 anos no Brasil tinham um índice CPOD (número de dentes cariados, perdidos e obturados) de 6 ou mais; nos anos 2000 esses números se inverteram totalmente, para mais de 60% com índice CPOD de 0 a 3. 5% crianças livres de cárie 44% crianças livres de cárie Tal inversão na prevalência e na incidência da cárie só foi possível graças ao uso abrangente de fluoreto em diferentes meios. Ele é reconhecidamente um fator preponderante na mudança epidemiológica ocorrida nos últimos anos. Um produto que foi muito usado e importante nesse processo foi o creme dental Kolynos. Para entender como os diferentes meios de uso de fluoreto funcionam, o primeiro passo é esclarecer as diferenças nas nomenclaturas flúor e fluoreto. Flúor x FluoretoFlúor x Fluoreto Elemento químico flúor; Presente na natureza; Comumente, na forma de minerais, ou seja, ligado a outros elementos químicos. Flúor na forma iônica, ou seja, F⁻; F⁻ livre; Responsável pelo mecanismo anticárie do elemento químico. Se o paciente utilizar flúor, consumir água fluoretada, fazer aplicação tópica de flúor a cada seis meses, não quer dizer que ele não vá desenvolver cárie, pois vai depender de quanto açúcar ele ingere, a frequência e a higienização. Mas o flúor consegue reduzir os danos causados. O fluoreto diminui a desmineralização e ele ativa o ganho mineral da superfície do dente. Físico-químicaFísico-química O fluoreto apresenta um efeito extremamente relevante nos processos de desmineralização e remineralização aos quais a estrutura mineral dos dentes está continuamente sujeita na cavidade bucal. Esse efeito é do tipo físico-químico, pois envolve a solubilidade distinta dos minerais hidroxiapatita (HA) e fluorapatita (FA), dependendo de o fluoreto estar ou não presente no meio bucal (saliva ou fluido do biofilme). De forma simplificada, quando a estrutura dental está perdendo minerais tipo HA para o meio bucal (nos momentos de queda de pH no biofilme dental pela fermentação de açúcares, por exemplo) na forma de íons cálcio (Ca 2+) e fosfato (PO 4³⁻), a presença de fluoreto nesse meio, mesmo em concentrações muito baixas (da ordem de micromolar, ou seja, aproximadamente 0,02 ppm F), reduz essa dissolução mineral, já que parte dos íons Ca 2+ e PO 4³⁻ que seriam perdidos para o meio retornam para a estrutura mineral dos dentes pela precipitação de um mineral menos solúvel, a FA. Então, físico-quimicamente, havendo fluoreto no meio bucal, a desmineralização será menor do que aquela ocorrida na ausência de fluoreto. Carboidrato entra no biofilme com isso temos a fermentação das bactérias e metabolização do açúcar, depois disso é produzido ácidos e aí o pH cai, e com a queda do pH do biofilme a gente vai ter perda mineral, que é representada pela curva de Stephan, que acontece onde? no biofilme. Quando o pH tá abaixo de 6,5 a dentina perde mineral, abaixo de 5,5 o esmalte também perde, com o tempo o pH sobe, pq? Por conta da capacidade tampão e de limpeza. Quando o pH sobe esmalte e dentina para de perder mineral. Quem passa mais tempo perdendo mineral? dentina. Pq a dentina perde mais e antes do esmalte? Pq conta do carbonato, o que torna a dentina mais solúvel que o esmalte. Se esse processo ficar se repetindo teremos o inicio da cárie com aparição de uma mancha branca, e ainda continuar, teremos a quebra dessa estrutura e a cavitação do dente. E na presença de fluoreto? Ao mesmo tempo que há perda mineral, há precipitação mineral na superfície do dente. E quando isso acontece tem a reposição de mineral do tipo fluorapatita que é um mineral muito menos solúvel que a hidroxiapatita. O flúor não vai impedir que a perca aconteça, só que ele vai se unir com minerais que estão sendo dissolvidos e vai haver a precipitação na superfície desse dente sob a forma de fluorapatita. Redução da DES Redução da RE Uso individual Quando o meio bucal atinge um pH inferior a 5,5 (pH crítico para dissolução do esmalte), há dissolução da HA porque o meio se torna subsaturado em relação a esse mineral. Entretanto, havendo fluoreto no meio, este se tornará subsaturado em relação à FA somente em pH inferior a 4,5. Portanto, na faixa de pH entre 4,5 e 5,5, ocorrem os eventos de redução da desmineralização descritos. Ou seja, entre pH 4,5 e 5,5, ao mesmo tempo em que o dente perde Ca 2+ e PO 4³⁻ na forma de HA, ele ganha esses íons como FA. Isso faz ele resistir mais a perda mineral. Assim a dentina deixa de perder mineral quando chega em 6,5 e passa a perder só quando chega em 5,5, então ela vai suportar em 10x a mudança, e o esmalte que antes perdia em 5,5 passa a perder só quando chega a 4,5. E isso é uma alteração na curva de Stephan. Mas quando o pH sobe na presença de flúor temos apenas mineralização. Mecanismos de ação do F⁻Mecanismos de ação do F⁻ CHO + biofilme +queda do pH Fluidos subsaturados em relação a HA Presença do F, Ca e Pi----- Precipitação de FA. Aumento de pH ou remoção do biofilme Fluídos supersaturados Precipitação de HA e FA FluoretosFluoretos Meios de utilização do fluoreto: Dentifrícios (mais de 1000 ppm) Bochechos (250-900 ppm) -O dentifrício fluoretado é o meio mais racional de uso de fluoreto, já que combina a desorganização mecânica do biofilme – durante o ato da escovação dental – e a disponibilização do fluoreto para o meio bucal. Assim, quando escovamos os dentes com dentifrício fluoretado, o biofilme dental, considerado o fator necessário para o desenvolvimento de lesões de cárie, é removido ou pelo menos desorganizado. Uso profissional Uso coletivo Eles vão reagir com o mineral que está desmineralizado dentro da lesão. Produtos de alta concentração reagem a superfície do dente e forma fluoreto de cálcio que são considerados reservatórios de íons que vão ser utilizados quando for preciso. Os reservatórios de “CaF2” liberam fluoreto para o fluido do biofilme dental, reduzindo a desmineralização do esmalte quando açúcar é ingerido e ácido é produzido. Após a aplicação de altas concentrações de fluoreto sobre as superfícies dentais, este reage com o cálcio do mineral do dente formando microscópicos glóbulos de “CaF2” sobre as superfícies dentais limpas. Além disso, a formação de “CaF2” é muito maior nas superfícies dentais onde há lesões de cárie, clinicamente visíveis ou não, já que estas têm maior área de reação. Os microglóbulos de “CaF2” servem como reservatórios de fluoreto porque são solubilizados lentamente, liberando fluoreto para o fluido do biofilme nas superfícies dentais onde há formação e acúmulo de biofilme, e para o meio bucal onde não há biofilme. Como a aplicação tópica profissional de fluoreto é precedida de uma profilaxia dental, o profissional realiza a aplicação profissional diretamente sobre superfícies dentais limpas. Géis (9000-12300 ppm)- O de 9000 é indicado após clareamentos pois ele não é ácido. Mousses Vernizes(22600 ppm)- São usados em manchas brancas para remineralizar o dente Ainda tem o Cariostático, mas ele deixa o dente escurecido, então sua indicação é para dentes decíduos. Água (0,6-0,8 ppm) Sal (250ppm) Os meios de uso coletivo são aqueles que atingem toda a população com base na “ingestão” diária de baixas concentrações de fluoreto.Por meio da ingestão frequente e contínua de água fluoretada, ou de alimentos cozidos com água ou sal fluoretado, é possível aumentar a concentração de fluoreto no meio bucal, disponibilizando-o para interferir com os processos de desmineralização e remineralização já descritos. Ausência de F⁻ Presença de F⁻ Dissolução de HA Dissolução de HA Precipitação de FA Perda mineral máx. Redução da perda mineral Desminer alização O F⁻ presente no biofilme ou na saliva promove a reposição de minerais que foram perdidosdurante os desafios cariogênicos, ativando a remineralização. O F⁻ promove a desaceleração do desenvolvimento do sinal clínico da doença. O efeito do flúor é local e não sistêmico. Ele não previne pq ele não consegue inibir totalmente a perda mineral. Quanto maior a concentração de fluoreto, menor é a perda mineral. -Ele retarda a perda mineral -Pode manter a perda mineral em estágios subclínicos -Prolonga o tempo para que as lesões de cárie sejam observadas clinicamente. O fluoreto não previne cárie. ToxicidadeToxicidade Episódios de intoxicação são aguda por F⁻ são extremamente raros. Episódios de intoxicação leve podem ocorrer com maior frequência, sendo perfeitamente evitáveis. O F⁻ é absorvido rapidamente pelo estômago e na primeira porção intestinal. Após 30-45 minutos, 90% dele já está presente no sangue. Medidas para evitar a absorção gastrointestinal incluem a utilização de leite ou comprimidos de hidróxido de alumínio. A DPT (dose provavelmente tóxica) estimada é de 5,0 mg de F⁻/Kg de peso. Considerações finaisConsiderações finais O F⁻ principal a gente do controle da cárie dental; O F⁻ inibe a desmineralização e ativa a mineralização A presença constante de F⁻ na cavidade bucal, em baixos níveis (0,02ppm), garante o equilíbrio mineral do dente em relação à saliva Os benefícios do F⁻ superam seus ricos, sendo um meio seguro e eficaz para o controle da desmineralização dental. Reminera lização Ausência de F⁻ Presença de F⁻ Precipitação de HA pela ação da saliva Precipitação de HA pela ação da saliva e Precipitação de FA reversão parcial de Perda mineral . Maior reversão da perda mineral
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