Buscar

antropologia da alimentação - unidade I e II RESUMO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

antropologia da alimentação - unidade I
A antropologia da alimentação é abordada com base no
trabalho de Cascudo, um dos pioneiros no estudo da cultura
brasileira relacionado à comida. Sua pesquisa influenciou a
produção antropológica de Gonçalves, que destacou a
importância dos valores simbólicos presentes na preparação
e consumo de alimentos em festas, religiões e medicinas
populares. Cascudo desenvolveu categorias como nutrição,
alimentação, comida e refeição, fome e paladar para
descrever esses conceitos em suas etnografias.
paladar e fome
O paladar é um elemento cultural influenciado por regras,
padrões e proibições, segundo Cascudo. As preferências
alimentares são determinadas pela cultura e levam milênios
para se desenvolver. Enquanto a fome e a sede podem ser
saciadas com qualquer alimento, o paladar é construído
através de formas específicas de apresentação, preparação e
consumo, e é uma parte importante da construção das
identidades individuais e coletivas. Cascudo vê o paladar
como oposto à fome, uma necessidade natural, e os
alimentos expressam relações sociais e culturais,
desempenhando várias funções além de satisfazer a fome.
Alimento e comida
Cascudo diferencia alimento de comida, associando o
primeiro às necessidades fisiológicas de subsistência e fome.
A comida, por sua vez, transcende o ato de se alimentar,
possuindo significados sociais e culturais. Ela está
relacionada ao apetite, ao paladar e ao corpo culturalmente
moldado.
Refeição
Comer e participar de uma refeição são atos sociais e
culturais distintos. A refeição possui situações particulares e
ritualizadas, enquanto comer é casual e individual. As
refeições seguem ritmos tradicionais e estabelecem
conexões entre pessoas, enquanto o ato de comer é mais
passageiro e individual. As sequências diárias das refeições
antigas diferem das contemporâneas, refletindo mudanças na
sociedade e formando um sistema culinário.
Sistema culinário
Um sistema culinário é um conjunto de ingredientes,
condimentos e práticas compartilhadas em um determinado
momento histórico e território. Envolve aspectos estéticos,
sabores e modos de servir à mesa, dentro de um código
1
cultural. Cascudo estudou o sistema culinário popular
brasileiro, baseando-se em pesquisas históricas e
preferências tradicionais. Os sistemas culinários podem ser
dominados pelo paladar ou pela fome, sendo que o sistema
culinário moderno muitas vezes privilegia a saciedade rápida
em detrimento do prazer sensorial.
Alimentação no Brasil
No Brasil, o interesse na alimentação se concentra mais no
prazer da comida do que nos nutrientes. A dieta do povo
brasileiro é composta principalmente de massas, gorduras,
açúcares e carne, valorizando a mistura desses alimentos. Há
pouca ênfase em frutas, legumes e hortaliças, indicando a
necessidade de promover mudanças nos hábitos alimentares
para valorizar e desfrutar desses alimentos.
Comida e alimento
Segundo DaMatta (1986), nem todo alimento é considerado
comida e nem tudo que alimenta é socialmente aceitável. O
alimento é universal e necessário para a sobrevivência,
enquanto a comida é selecionada e valorizada entre os
alimentos disponíveis, desfrutada com prazer e seguindo
regras sagradas de comunhão. Comer vai além da ingestão,
envolvendo relações pessoais, sociais e culturais. DaMatta
também relaciona o cru e o cozido como simbolismos de
transformações sociais, destacando a comida como
mediação entre corpo e alma, envolvendo diversos aspectos
culturais e sensoriais.
Hábito alimentar pg 12
O hábito alimentar no Brasil é influenciado pelas culturas
indígena, africana e portuguesa. Os índios se alimentavam
principalmente de amidos e raízes, os africanos introduziram
o cozimento de alimentos em panelas misturados com outros
ingredientes, e os portugueses trouxeram requintes à mesa e
pratos com alto teor de gordura e açúcar. A culinária brasileira
valoriza a mistura de alimentos em um mesmo prato,
buscando a formação de um terceiro sabor. Essas
preferências alimentares refletem nossa identidade culinária
no gosto, aparência e rituais alimentares.
Gosto pg 13
O gosto é influenciado pela identidade cultural, tornando uma
comida boa ou ruim dependendo da cultura em que é
consumida. O órgão do gosto é o cérebro, que é
culturalmente determinado e pode mudar ao longo do tempo.
2
O gosto como sabor é subjetivo, enquanto o gosto saber é
determinado pelo cérebro e é comunicável. A introdução dos
talheres na alimentação ocorreu gradualmente, e a mistura de
alimentos era comum na Idade Média. A forma de preparo,
apresentação e consumo estão relacionados ao que é
considerado comida dentro de uma cultura.
Diferença conceitual entre alimento e comida pg 15
Alimento é tudo que pode ser ingerido para a sobrevivência,
enquanto comida é aquilo que é consumido com prazer,
seguindo regras de comensalidade. A escolha dos grupos
alimentares e o que é considerado comida variam de acordo
com a cultura. A comida é definida culturalmente e pode
incluir ou excluir certos alimentos, como carne de vaca ou
carne de cachorro, dependendo da cultura. O arroz e feijão
são exemplos de comida brasileira, representando a síntese
da sociedade do país.
Hábito alimentar brasileiro pag 15
O hábito alimentar brasileiro valoriza pratos cozidos, como
feijoada e peixada, em vez de assados. A farinha de
mandioca é um elemento que une os alimentos líquidos e
sólidos. Nossa culinária é influenciada por diferentes culturas,
como a portuguesa, africana e indígena. Preferimos uma
comida central que permite a mistura de todos os elementos,
ao invés de pratos separados como em outras culturas.
Gosto e sabor pag 16
O gosto e o sabor estão ligados à identidade culinária e são
influenciados pela cultura alimentar. Os gostos diferenciados
caracterizam os povos e as épocas, sendo moldados por
conquistas espirituais, realizações materiais e técnicas
culinárias. O gosto é determinado pelo hábito de comer e
considerar determinado alimento como comida,
desenvolvendo posteriormente o apreço por ele.
A gastronomia pag 16
A gastronomia refere-se ao uso requintado dos alimentos e
ao prazer da mesa. A alimentação é vista como uma
característica cultural, e o gosto e a comida distinguem os
humanos dos animais. Na história, houve uma mistura de
sabores e técnicas culinárias para alcançar a combinação
ideal. A revolução culinária francesa trouxe a valorização dos
sabores naturais e a cozinha magra. A compreensão da
alimentação como um fenômeno cultural é essencial para
entender seus valores simbólicos e compartilhados
socialmente.
3
------------------ Funções socioculturais da
alimentação--------------------------------
slide:
Escolhas Alimentares:
- Hábito, gosto
- Comer, pensar
As escolhas alimentares estão relacionadas à condição
financeira e formam hábitos alimentares. O gosto dos
alimentos não necessariamente reflete as preferências
individuais. A formação do gosto pode ser influenciada por
questões sociais e de status. Alimentos raros ou ocasionais
se tornam símbolos de distinção social, enquanto os
alimentos abundantes são menos valorizados. O gosto social
diferencia as classes socioeconômicas nas escolhas
alimentares.
O quanto se come? slide 17
-Idade Média: Ostentação alimentar = distinção de classe
Abundância = Poder. -Renascimento: Temor à fome (guerras,
epidemias) valorização das formas -corpulentas e do
compartilhamento do alimento.
- Modernidade: Fartura e corpos robustos.
- Séc. XVIII: Valorização da magreza (nova burguesia).
- Início séc. XX: Guerras ameaça da fome valorização de
corpos robustos.
- Déc. 1970-80: Reafirmação do corpo magro.
O que se come? slide 18 e livro pg 21
A comida e a forma de comer refletem a distinção de classe e
revelam a identidade social. Ao longo da história, as escolhas
alimentares foram marcadas por diferenças de status. A
comida também foi utilizada como símbolo religioso e os
alimentos considerados nobres ou humildes refletiam valores
espirituais. Com o tempo, houve mudanças nas preferências
alimentares, e alimentosantes restritos aos camponeses se
tornaram populares. Os símbolos alimentares são
construídos culturalmente e estão sujeitos a mudanças.
Comer junto – comensalidade pag 22
Comer junto é um hábito cultural humano que envolve gestos
e comportamentos que comunicam e estabelecem relações
sociais. A comida possui carga simbólica e a mesa é vista
como metáfora da vida, marcando pertencimento e
hierarquias. Os lugares à mesa e os gestos durante as
refeições demarcam posições sociais e poder. A partilha da
comida também expressa relações de poder e hierarquia no
grupo. Há uma gramática simbólica na comida e nas regras
de comportamento à mesa.
4
------AS DIFERENTES PRÁTICAS ALIMENTARES E O ATO DE
COMER----------
- As diferentes práticas alimentares pag 23-28
-
O texto discute as diferentes práticas alimentares observadas
na sociedade atual. Ele destaca que os padrões tradicionais
de refeições foram substituídos por hábitos alimentares
rápidos e irregulares, como marmitas e fast-foods. As
relações sociais em torno da comida também mudaram,
tornando-se mais imediatas e focadas em satisfazer a fome,
em vez de apreciar o paladar. O texto apresenta quatro grupos
encontrados em um estudo realizado em Salvador, Bahia, que
representam diferentes atitudes em relação à alimentação:
aqueles que comem de tudo sem restrições, os que sempre
se preocupam com a alimentação saudável, os que têm
dificuldade em controlar suas práticas alimentares e os que
buscam uma reeducação alimentar. O texto também
menciona a presença de transtornos alimentares, como a
bulimia e a anorexia, e discute a importância da reeducação
alimentar e da flexibilidade na alimentação. Por fim, aborda
as mudanças nas práticas alimentares tradicionais e
modernas, bem como questões relacionadas a classes
sociais, etnia e gênero.
- Alguns aspectos sobre o processo de mudanças das
práticas alimentares
- pag 28-30
O processo de mudanças nas práticas alimentares revela a
consolidação de uma nova ordem baseada na redução
alimentar. Surge a dieta ideal versus a dieta possível, e a
necessidade de aprender novas práticas alimentares para se
adaptar a esse novo gosto, o gosto light. A aprendizagem
envolve questões fisiológicas e psíquicas, deslocando a
responsabilidade da família para profissionais de saúde e
mídia. As políticas alimentares atuais visam combater o
sobrepeso e a obesidade, transferindo a responsabilidade
para as escolhas individuais. O controle da fome e a
construção social do gosto também são destacados. O gosto
light representa uma reconstrução do gosto, ligada à
flexibilidade, criatividade e indústria alimentar, mas também
associada a valores consumistas e distinções sociais. O
paradoxo entre o bem e o mal é presente nessa ideia de gosto
light.
Algumas considerações sobre as práticas contemporâneas
em relação às camadas sociais, gênero e etnia
pag 30-
As práticas alimentares contemporâneas são influenciadas
pela classe social, gênero e etnia. As dietas universais são
inicialmente adotadas pelas camadas médias e depois pelas
camadas populares, que as adaptam de acordo com sua
realidade. A mídia exerce grande influência nas escolhas
alimentares das classes populares. As diferenças de gênero
5
também são observadas, com os homens sendo menos
adeptos de dietas saudáveis. Nas classes populares,
busca-se alimentos que reproduzam a força de trabalho com
baixo custo. O gosto alimentar varia de acordo com a
percepção do corpo e os objetivos de cada classe social.
-A respeito dos gêneros alimentícios
As principais refeições diárias - café da manhã, almoço e
jantar - variam culturalmente. O café da manhã pode consistir
em bebidas quentes como café, chocolate e chá,
acompanhadas de pão, geleia, croissant, frutas, cereais,
queijo, presunto, ovos e omeletes, dependendo da cultura. A
composição do café da manhã difere entre o continental, o
anglo-saxão e o simplificado, mas geralmente inclui uma
bebida quente.
-Café da manhã
pg 31 No Brasil, o café da manhã tradicional inclui café com
leite, pão com manteiga e uma variedade de alimentos
regionais como cuscuz, raízes, mingaus e refeições salgadas.
No entanto, opções mais modernas, como cereais matinais,
também estão presentes. O açúcar refinado perdeu sua
simbologia positiva e foi substituído por adoçantes artificiais.
O consumo de leite também mudou, com diferentes opções
como desnatado e enriquecido com vitaminas. O pão com
manteiga é o item principal, mas está sendo substituído por
opções mais leves.
-O almoço: a refeição do meio‑dia pg 33
O almoço na França consiste em entrada, prato principal e
sobremesa, enquanto no Brasil é composto por um prato
único com arroz, feijão, carne e complementos. O arroz com
feijão é uma combinação simbólica e o feijão é considerado
um alimento completo. A farinha de mandioca é importante
na alimentação das classes populares, e a carne tem uma
relação ambivalente. As carnes são cada vez mais
industrializadas e os peixes são preferencialmente grelhados,
cozidos ou assados.
-O jantar: refeição noturna
O jantar passou por mudanças nas práticas alimentares,
podendo ser uma repetição do almoço ou uma refeição mais
leve, como sopa ou sanduíches. Existe a crença de que o
jantar engorda, o que faz com que essa refeição seja menos
valorizada nas novas práticas alimentares.
-As frutas e as verduras pag 35
6
A OMS recomenda o consumo diário de 400 g de frutas e
vegetais, mas o consumo desses alimentos no Brasil ainda é
insuficiente. Avanços tecnológicos permitiram uma variedade
maior de frutas e legumes disponíveis o ano todo nos
supermercados. As frutas são consumidas cruas, frescas e
também como complemento em doces e carnes. Existem
diferentes tipos de frutas, desde as tropicais produzidas em
larga escala até as importadas e as locais sazonais. O
consumo de frutas é recomendado em todas as refeições,
sendo consideradas alimentos saudáveis.
-O papel dos líquidos
As bebidas alcoólicas têm dificuldade em se adaptar às
novas práticas alimentares, mas o consumo excessivo é
considerado prejudicial à saúde. O vinho é recomendado em
pequenas quantidades, enquanto a cerveja é popular para
socialização. Os refrigerantes são vistos como não nutritivos,
mas existem opções light. Os sucos foram impactados pelo
liquidificador e pelas versões engarrafadas. A água é
associada a uma imagem positiva e saúde.
-Os alimentos industrializados e os alimentos naturais
A industrialização dos alimentos trouxe mudanças nos
hábitos alimentares, ampliando a oferta, mas também
causando problemas como excesso de consumo e alimentos
com substâncias prejudiciais à saúde. Rótulos e garantias de
originalidade surgiram para lidar com a incerteza do que se
está consumindo. Apesar dos benefícios em controle
sanitário, surgiram novas doenças relacionadas à
alimentação.
-Os alimentos light
O consumo de alimentos light tem aumentado no Brasil, mas
é importante consumi-los com cuidado. Alimentos sem o
rótulo de light também podem ter calorias reduzidas. O termo
light é usado em outros produtos, como sabonetes, para
promover um estilo de vida ideal, mas é necessário
moderação.
-O consumo de açúcares, doces e chocolates
O açúcar já foi símbolo de distinção social, mas atualmente
há esforços para reduzir seu consumo e o de chocolates.
Barras de cereais e gelatinas são alternativas saudáveis com
baixo teor calórico.
-------------------RELAÇÃO ENTRE CORPO, SAÚDE E
ALIMENTAÇÃO-------- pag 37
7
Este capítulo pretende demonstrar como as ciências sociais,
em especial a antropologia, incorporaram em suas teorias a
importância da alimentação, permitindo o desvelamento das
relações simbólicas entre a ingestão do alimento e
composição corporal, bem como sua relação com a saúde ou
a doença.
-A contribuição das ciências sociais
As ciências sociais têm explorado temas relacionados ao
corpo e práticas alimentares, mas ainda há carência de
estudos nessa área. Autores franceses destacam a influência
da mundialização e industrialização nas práticas alimentares,
enquanto os norte-americanos se concentramna relação
entre comida, corpo e gênero. No Brasil, há preocupação com
a segurança alimentar, obesidade e diversidade de padrões
corporais. A relação entre corpo e alimentação continua
sendo um desafio científico.
-Algumas considerações sobre o corpo na
contemporaneidade
a contemporaneidade, o corpo é exposto e explorado em sua
sexualidade e interior através de exames e tecnologias
médicas. A biotecnologia permite intervenções e
manipulações corporais, como cirurgias plásticas e mudança
de sexo. A engenharia genética e a reprodução artificial
também levantam questões éticas sobre a vida.
-O mundo moderno e o corpo
No mundo moderno, o corpo é objeto de reflexão nas ciências
sociais, representando a identidade e a condição humana. O
corpo reflete valores como hedonismo, individualismo e
sociabilidade, mas diferentes culturas têm construções
identitárias coletivas. A cultura africana influencia a forma
como o corpo é concebido no Brasil.
-A saúde perfeita
A busca pela saúde perfeita é impulsionada por recursos
tecnológicos e informações sobre riscos. A ciência avançada
traz incertezas, levando a preocupações com o futuro e
comportamento consciente para estimar possibilidades de
saúde.
-O autocuidado
O autocuidado envolve aspectos cognitivos, conscientes e
volitivos, como atividades físicas e práticas alimentares
saudáveis. A busca pelo corpo ideal exige disciplina e
8
dedicação, influenciada pela mídia, e requer compreensão
das interações culturais.
-As formas do corpo
O corpo ideal é atualmente associado à magreza, flexibilidade
e rigidez, com a obesidade sendo estigmatizada como falta
de controle e perda de status social. O corpo marca nossa
identidade e é um aspecto de marketing pessoal.
-Emagrecimento pag 40
Atualmente, busca-se o emagrecimento como foco da vida,
com ênfase na esculturação do corpo e no fortalecimento
muscular. A dieta alimentar e a atividade física são
fundamentais nesse processo, porém, a mídia e a publicidade
podem influenciar negativamente com métodos e produtos
questionáveis. A construção de hábitos alimentares
saudáveis é complexa, envolvendo escolhas conscientes e a
compreensão da relação entre alimentação e saúde.
-A questão do prazer e a questão da saúde
A relação entre prazer e saúde na culinária e dietética passou
por transformações ao longo da história. Desde o uso do
fogo, a cozinha e a ciência dietética estão intrinsecamente
ligadas. Antigamente, a medicina galênica baseava-se no
equilíbrio dos quatro elementos e recomendava alimentos de
acordo com suas qualidades opostas. A arte da cozinha
pré-moderna visava corrigir e equilibrar os produtos
alimentares, combinando ingredientes e técnicas de preparo.
A combinação de alimentos úmidos e secos exemplifica esse
princípio. Na antiguidade medieval, a relação entre prazer e
saúde era complementar, mas a partir do século XVII, a
dietética passou a focar em características químicas dos
alimentos, dissociando-se das experiências sensoriais.
Atualmente, saúde e prazer estão separados na ciência
dietética, embora a relação prazer-saúde ainda faça parte das
experiências culturais.
Unidade II
O SIGNIFICADO DOS ALIMENTOS
9
O significado dos alimentos e bebidas varia de acordo com
cada cultura e grupo social. A comida e os rituais alimentares
desempenham um papel importante na construção da
identidade de um povo. Alimentos como carne, verduras,
legumes, frutas, grãos e cereais possuem significados
simbólicos diversos. As bebidas alcoólicas, como cerveja e
vinho, são associadas à comunhão divina e social, mas seu
consumo pode ser desafiador na mudança de hábitos.
Refrigerantes e sucos artificiais são bebidas pouco nutritivas
e prejudiciais à saúde. Café, chás e chocolates têm
significados relacionados à estimulação e são considerados
alimentos de luxo. O consumo de água é essencial para a
hidratação e purificação do corpo. Cada bebida tem sua
importância cultural e impacto na saúde.
---------Significado político‑social
A comensalidade revela símbolos sociais e culturais através de
práticas e rituais alimentares. O livro de Claude Lévi‑Strauss, "O Cru e o
Cozido" e "Do Mel às Cinzas", discute o simbolismo dos alimentos,
como a classificação de cru e cozido, doce e salgado, que também se
aplicam a pessoas, gêneros e comportamentos. O ato de comer requer
uma pausa, simbolizando civilização, enquanto a pressa está ligada à
selvageria. A comida conecta atos e códigos sociais separados, como
paladar, tato, olfato e digestão. Politicamente, nossas escolhas
alimentares refletem símbolos, como a preferência por alimentos
saudáveis ou produzidos por pequenos produtores. No Brasil, o
consumo de leite foi promovido pelo governo e mídia como estratégia
de saúde nas décadas de 1930, mas atualmente há críticas sobre seu
consumo. O leite é considerado um alimento de alto valor biológico,
embora pesquisas associem seu consumo a doenças.
--------------Significado emocional
A alimentação adquire significado emocional através de
lembranças familiares e pessoais. A decisão de optar por
uma dieta sem produtos de origem animal pode ser motivada
pela compaixão pelos animais, mas é importante garantir o
equilíbrio nutricional nessa escolha. O chocolate é um
alimento que vai além do paladar, despertando diversas
sensações e emoções. Seu consumo recomendado é com
alto teor de cacau e sem adição de açúcar ou leite. Filmes
como "Como Água para Chocolate" e "Chocolate" associam a
figura feminina a esse alimento, remetendo a paixões
românticas. Atualmente, as barras de cereais são vistas
como alimentos saudáveis e de baixa caloria.
---------Significado biológico‑científico
10
Alimentar-se é essencial para a sobrevivência, mas
atualmente os alimentos são atribuídos a poderes mágicos e
científicos. Uma alimentação saudável, com grãos, verduras e
carnes magras, simboliza uma vida plena, mas também há
medo em relação a agrotóxicos. O cozimento dos alimentos
representa uma sociedade domesticada, cultural e
econômica. Os alimentos são vistos como fonte de nutrientes
e também adquirem novas representações, como os
alimentos light, diet e detox. Os alimentos funcionais são
associados a propriedades curativas, mas é importante
ressaltar que não há cura definitiva através dos alimentos. A
população atribui aos alimentos um poder de cura e
longevidade.
-------O DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA
ALIMENTAÇÃO----------
A história da alimentação humana abrange desde os
primeiros comportamentos alimentares até as
transformações ao longo do tempo. A comensalidade, o ato
de compartilhar alimentos, é uma prática antiga que
promoveu a socialização. No período pré-histórico, os
humanos dependiam da caça, coleta e cultivo de alimentos.
Com o desenvolvimento da agricultura e domesticação de
animais, surgiram sociedades dedicadas à produção de
alimentos. A invenção da cerâmica e técnicas culinárias
permitiu o armazenamento e processamento dos alimentos.
A agricultura foi uma necessidade demográfica e econômica,
resultando no surgimento de grandes civilizações. Com o
avanço da indústria alimentícia, houve mudanças na
qualidade e disponibilidade dos alimentos. No Brasil, a
alimentação é influenciada pelas culturas indígena, africana e
portuguesa. A base nutricional popular brasileira inclui
alimentos como batata, milho, mandioca e feijão.
-----------ALIMENTAÇÃO NA ATUALIDADE----------
A troca global de alimentos na história moderna transformou
radicalmente as dietas em todo o mundo, com especiarias
asiáticas e plantas das Américas se espalhando pelo planeta.
Essa troca impulsionou o comércio mundial de produtos
como açúcar, chocolate, café e chá, e também levou ao
tráfico de escravos da África para as Américas. Essas trocas
alimentares influenciaram os hábitos culinários e a cultura
alimentar em diferentes regiões, resultando em uma fusão de
sabores e práticas culinárias. O consumo de alimentos como
açúcar, chá, café e álcool teve um impacto significativo na
economia e na saúde pública, gerando tanto capital como
problemas de saúde,como diabetes. A uniformização dos
sabores também influenciou a gastronomia contemporânea.
----------Tradições culinárias convencionais
11
As tradições culinárias são importantes para a identidade
cultural de um grupo social, refletindo sua história e valores.
No Brasil, temos uma diversidade de culturas alimentares
devido à miscigenação e imigração. No entanto, o consumo
de alimentos industrializados está aumentando, afetando a
diversidade alimentar e a conexão entre as pessoas e sua
comida. Apesar do acesso à informação sobre alimentação,
há um aumento de doenças relacionadas à dieta. A OMS
busca estratégias globais para minimizar esses efeitos
negativos.
-----------Gastronomia moderna
A gastronomia moderna enfrenta desafios como a
desnutrição em países em desenvolvimento, a obesidade nas
grandes cidades, questões éticas sobre a produção de
alimentos e a padronização dos hábitos alimentares. Ao
mesmo tempo, surgem movimentos em favor da alimentação
artesanal, renovação das técnicas culinárias tradicionais e
incorporação de novos alimentos, como as Plantas
Comestíveis Não Convencionais (Pancs) e insetos. O
movimento Slow Food defende o prazer de degustar
alimentos tradicionais com lentidão, em oposição à
padronização dos paladares.
--------- OS DIVERSOS FATORES QUE INTERFEREM NOS
SISTEMAS ALIMENTARES-------
-----Fatores biológicos e naturais
A busca pelo controle e modificação dos ciclos naturais levou
a técnicas de prolongamento da oferta de alimentos, como
diversificação de espécies cultivadas, métodos de
conservação (como desidratação, salga e fermentação) e a
utilização de tecnologias modernas como geladeiras. A
distribuição global de alimentos permite encontrar variedade
e disponibilidade o ano todo, porém também contribui para a
monotonia alimentar e a perda da sazonalidade dos sabores.
Essa revolução alimentar impacta os hábitos de consumo e o
paladar da sociedade.
----------Fatores familiares, culturais e religiosos
Fatores familiares, culturais e religiosos desempenham um
papel significativo na alimentação. Em várias religiões, a
comida é compartilhada em celebrações e rituais religiosos.
Certos alimentos são considerados sagrados ou divinos,
como cogumelos alucinógenos e plantas psicoativas em
algumas culturas. Restrições alimentares são comuns em
várias religiões, como o kosher no judaísmo e a proibição de
consumir carne de porco no islamismo. Mitos e crenças
também influenciam a alimentação, como o desejo de
compartilhar alimentos com os deuses e a importância
simbólica de certos alimentos, como pão e vinho no
12
cristianismo. Algumas restrições alimentares podem ter
origens econômicas, ecológicas ou sanitárias. Além disso, há
práticas alimentares específicas em diferentes culturas, como
a adoração da vaca no hinduísmo e o vegetarianismo entre os
hare krishnas.
----------Fatores socioeconômicos
Os fatores socioeconômicos desempenham um papel
fundamental nos hábitos alimentares ao longo da história. A
alimentação é essencial para a sobrevivência e o crescimento
das sociedades. Guerras e crises alimentares locais
influenciaram migrações e mudanças na dieta. A
industrialização da produção e distribuição de alimentos
trouxe avanços tecnológicos, mas também problemas como
a contaminação ambiental e a padronização dos gostos
alimentares. Empresas como McDonald's e Coca-Cola se
tornaram símbolos da cultura capitalista contemporânea. A
publicidade e a mídia alimentar utilizam estratégias
emocionais para atrair consumidores, muitas vezes
negligenciando a saúde. Os hábitos alimentares são
influenciados por fatores individuais, educacionais, culturais e
sociais, e qualquer tentativa de modificá-los afeta um
complexo universo de histórias e emoções.
13

Continue navegando