Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Elaine Harzheim Macedo Roberto de Almeida Borges Gomes Wellington Pacheco Barros 3.ª edição / 2009 Ações Constitucionais Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br © 2005-2009 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: IESDE Brasil S.A. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. M141 Macedo, Elaine Harzheim. / Ações Constitucionais. / Elaine Harzheim Macedo. Roberto de Almeida Borges Gomes. Wellington Pacheco Barros. 3. ed. — Curitiba : IESDE Bra- sil S.A. , 2009. [Atualizado até abril de 2009] 252 p. ISBN: 978-85-387-0775-2 1. Ação Constitucional. 2. Direito Civil. I. Título. II. Gomes, Ro- berto de Almeida Borges. III. Barros, Wellington Pacheco. CDD 341.4622 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Doutora em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisi- nos). Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professora do curso de Pós-Graduação da Universidade Lute- rana do Brasil (Ulbra). Colaboradora dos cursos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de Especialização em Processo Civil, do Instituto de Desenvolvimento Cultural (IDC-RS), da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS), da Escola Superior do Ministério Público do Rio Grande do Sul (ESMP-RS) e do Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul (IARGS). Desembargadora do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul. Elaine Harzheim Macedo Mestrando em Direitos Difusos e Coletivos pela Universidade Metropoli- tana de Santos (Unimes). Especialista em Direitos Difusos e Coletivos pela Pon- tifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Professor dos cursos de Gra- duação da Faculdade Ruy Barbosa (FRB), dos cursos de Pós-Graduação do Centro Universitário Jorge Amado e da Universidade Salvador (Unifacs-BA). Professor da Fundação Escola Superior do Ministério Público (Fesmip), da Faculdade Social da Bahia (FSBA), da Academia de Polícia Civil da Bahia (ACADEPOL), do Centro Pre- paratório para Carreira Jurídica (JusPODIVM) e do Centro de Estudos Jurídicos de Salvador (CEJUS). Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM) e da Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor (MPCON). Mem- bro-Diretor da Associação Brasileira de Professores de Ciências Penais (ABPCP- -Diretoria Bahia). Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia. Roberto de Almeida Borges Gomes Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Professor do curso de Pós-Graduação do Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e da Escola Superior da Magistratura da Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (AJURIS). Desembargador aposentado do Tribunal de Jus- tiça do Estado do Rio Grande do Sul. Advogado. Wellington Pacheco Barros Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Sumário Princípios de hermenêutica das ações constitucionais ...................................................... 11 Princípios constitucionais....................................................................................................... 11 Princípio da supremacia da Constituição ......................................................................... 12 Princípio da presunção de constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público ................................... 13 Princípio da interpretação conforme à Constituição ................................................... 13 Princípio da unidade da Constituição ................................................................................ 15 Princípio da razoabilidade ou proporcionalidade ......................................................... 16 Princípio da efetividade .......................................................................................................... 17 Mandado de segurança individual I .................................. 21 Considerações gerais ............................................................................................................... 21 Garantia constitucional ........................................................................................................... 21 Situações de não cabimento de MS ................................................................................... 22 Quem pode praticar a ilegalidade ou o abuso de poder? .......................................... 25 MS como forma de controle da Administração Pública .............................................. 26 MS preventivo............................................................................................................................. 28 Conclusão ..................................................................................................................................... 29 Mandado de segurança individual II ................................. 31 Considerações gerais ............................................................................................................... 31 Regulamentação legal ............................................................................................................ 31 Quem é o autor do MS? ......................................................................................................... 31 Quem pode ser a autoridade pública coatora? .............................................................. 33 Conceito de direito líquido e certo ..................................................................................... 33 Ponto forte da inicial do MS .................................................................................................. 34 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Decisão judicial liminar ........................................................................................................... 35 Resposta da autoridade coatora .......................................................................................... 38 Presença obrigatória do MP .................................................................................................. 38 Sentença ...................................................................................................................................... 39 Cabimento do reexame necessário no caso de concessão de segurança .................................................................................. 40 Conclusão ..................................................................................................................................... 41 Mandado de injunção............................................................. 43 Breve histórico ............................................................................................................................ 43 Cabimento ................................................................................................................................... 44 Intervenção do Ministério Público (MP) ............................................................................ 45 Legitimação ativa ...................................................................................................................... 45 Competência versus legitimação passiva ........................................................................ 46Sentença no mandado de injunção ................................................................................... 48 Posição do STF ............................................................................................................................ 51 Mandado de injunção e ação de inconstitucionalidade por omissão ................................................................ 51 Texto do Projeto de Lei 6.839/2006 .................................................................................... 53 Justificação .................................................................................................................................. 54 Habeas data ................................................................................ 59 Origem histórica ........................................................................................................................ 59 Cabimento .................................................................................................................................. 61 Objeto do habeas data ............................................................................................................ 63 Intervenção do Ministério Público (MP) ............................................................................ 65 Legitimação ativa ...................................................................................................................... 65 Legitimação passiva ................................................................................................................. 66 Procedimento ............................................................................................................................. 67 Sentença ....................................................................................................................................... 69 Recurso.......................................................................................................................................... 69 (Des)cabimento de liminar .................................................................................................... 70 Opção pela via ordinária ......................................................................................................... 70 Direitos coletivos ...................................................................... 79 Princípios protetivos dos bens difusos e coletivos ....................................................... 79 Categorias de interesse ........................................................................................................... 83 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos ................................................ 85 Distinções necessárias ............................................................................................................. 88 A tutela coletiva dos interesses transindividuais ........................................................... 89 Ação popular .............................................................................. 95 Conceito ........................................................................................................................................ 95 Objeto ............................................................................................................................................ 96 Requisitos ..................................................................................................................................... 97 Finalidade ..................................................................................................................................... 98 Partes ............................................................................................................................................. 98 Competência .............................................................................................................................100 Processo ......................................................................................................................................101 Ação civil pública ....................................................................115 Conceito ......................................................................................................................................115 Ação civil pública e ação popular ......................................................................................115 Responsabilidade por danos ...............................................................................................116 Bens tutelados ..........................................................................................................................116 Hipótese de descabimento da ACP ..................................................................................120 Foro competente .....................................................................................................................121 Objeto da ACP ..........................................................................................................................122 Tutela preventiva .....................................................................................................................123 Legitimidade ativa ..................................................................................................................126 Execução da sentença ...........................................................................................................132 Coisa julgada .............................................................................................................................133 Litigância de má-fé .................................................................................................................135 Ônus da sucumbência ...........................................................................................................135 Inquérito civil ...........................................................................143 Histórico ......................................................................................................................................143 Conceito e natureza jurídica ................................................................................................144 Princípios norteadores do inquérito civil .......................................................................145 Procedimento ...........................................................................................................................149 Termo de ajustamento de conduta ..................................................................................154 Arquivamento ...........................................................................................................................156 Conflito de atribuição entre membros do MP ..............................................................157 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Do valor probatório do inquérito civil .............................................................................159 Inquérito civil e seus reflexos na ação penal .................................................................160 Mandado de segurança coletivo I ....................................165 Considerações gerais .............................................................................................................165 Garantia constitucional .........................................................................................................165 Situações de não cabimento de MS coletivo ................................................................167 Quem pode praticar a ilegalidade ou o abuso de poder ..........................................170MS coletivo como forma de controle da Administração Pública .............................................................................172 MS preventivo...........................................................................................................................173 Conclusão ...................................................................................................................................175 Mandado de segurança coletivo II ...................................177 Considerações gerais .............................................................................................................177 Regulamentação legal ...........................................................................................................177 Quem pode ser o autor no MS coletivo ..........................................................................177 Quem pode ser a autoridade pública coatora ..............................................................178 Conceito de direito líquido e certo ...................................................................................178 Ponto forte da inicial do MS coletivo ...............................................................................179 Decisão judicial liminar .........................................................................................................182 Resposta da autoridade coatora ........................................................................................185 Presença obrigatória do Ministério Público (MP) ........................................................186 Sentença .....................................................................................................................................187 Cabimento do reexame necessário no caso de concessão de segurança ................................................................................188 Conclusão ...................................................................................................................................189 Ação de improbidade administrativa .............................191 Princípios constitucionais da Administração Pública .................................................191 Estudo da Lei 8.429/92 ..........................................................................................................191 Ação direta de inconstitucionalidade .............................213 Considerações gerais .............................................................................................................213 Em que consiste a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo? .......................................................................................................214 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Base constitucional .................................................................................................................214 Incidente de inconstitucionalidade: CF, artigo 97 ......................................................215 Regulamentação legal ...........................................................................................................216 Quem pode propor a ação ...................................................................................................216 Conteúdo da petição inicial .................................................................................................217 Indeferimento liminar da inicial pelo relator ................................................................218 Andamento da ação ...............................................................................................................219 Ação cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ...........................................219 Julgamento da ADIn pelo Órgão Pleno do STF ............................................................220 Questões importantes da ADIn ..........................................................................................221 Conclusão ...................................................................................................................................222 Ação declaratória de constitucionalidade .....................225 Considerações gerais .............................................................................................................225 Quem pode propor a ação? .................................................................................................227 Conteúdo da petição inicial .................................................................................................228 Indeferimento liminar da inicial pelo relator .................................................................229 Andamento da ação ...............................................................................................................229 Ação cautelar em ação declaratória de constitucionalidade ..................................230 Julgamento da ADC pelo Órgão Pleno do STF .............................................................231 Questões importantes da ADC ...........................................................................................231 Conclusão ...................................................................................................................................232 Arguição de descumprimento de preceito fundamental .....................................................235 Considerações gerais .............................................................................................................235 Preceito fundamental ............................................................................................................235 Base constitucional e legal ...................................................................................................236 Legitimados ...............................................................................................................................238 Requisitos da inicial ................................................................................................................239 Liminar ........................................................................................................................................240 Andamento da ação ...............................................................................................................241 Julgamento ................................................................................................................................242 Conclusão ...................................................................................................................................243 Referências ................................................................................245 Anotações .................................................................................251 Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Wellington Pacheco Barros Considerações gerais Toda lei, depois de sancionada e publicada, tem validade plena, e somente pode ser retirada do universo jurídico brasileiro por meio de outra lei que a revogue ou por uma ação direta de inconstitucionalidade. Portanto, tem-se um verdadeiro controle judicial da lei que venha a ferir a Constituição. A ação direta de inconstitucionalidade também é conhecida como ADIn. Ante a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF), é possível exem- plificar alguns casos de cabimento, ou não, da ADIn: a inconstitucionalidade pode ser de lei, de ato normativo federal ou de � ato normativo estadual. Se a lei ou o ato normativo estadual for ante- rior à Constituição Federal (CF), não cabe a ADIn, pois há a revogação do ato; lei ou atonormativo municipal – não cabe; � lei que cria município – cabe; � ato administrativo – cabe, desde que seja lei em sentido material (ato � abstrato e genérico); resolução administrativa dos órgãos do Poder Judiciário – cabe; � atos estatais de conteúdo meramente declaratório, como as resoluções � administrativas, desde que incidam sobre atos de caráter legislativo – cabe; convenções coletivas, resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), � leis que concedem doações de bens, leis orçamentárias e súmulas – não cabe; Ação direta de inconstitucionalidade Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 214 Ações Constitucionais emendas constitucionais e tratados – cabe; � ato que regulamenta uma norma – não cabe. � Em que consiste a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo? Todas as leis, ao passarem por processo legislativo regular, sendo afinal san- cionadas, possuem presunção de constitucionalidade. Isso significa dizer que a lei passa a produzir efeitos de acordo com os mandamentos da Constituição. Por vezes, entretanto, tal lei ou ato normativo não está de acordo com a Lei Maior, necessitando que seja declarada inconstitucional, total ou parcialmente. O controle de constitucionalidade tem duas vertentes: o abstrato (ou concen- trado), e o concreto (ou difuso). O primeiro controla a lei em tese, e o segundo, no caso concreto. A ADIn, por via de consequência, foi criada para ser supletiva (função suple- tiva) ao controle concreto. Assim, quando fosse inviável fazer o controle difuso, far-se-ia o controle por meio da ADIn. Recebeu também uma função corretiva: foi criada como expressão da segurança jurídica. Hoje, não há dúvida, deve ser considerado que o controle difuso é supletivo. Base constitucional A base constitucional da ADIn está no artigo 102 da CF: Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar originalmente: a) ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; É bom frisar que o controle pela ADIn, segundo o comando constitucional, opera-se de forma abstrata (lei em tese), já o controle concreto da constituciona- lidade das leis é feito pelo Judiciário, no julgamento de um caso. Assim, quando há uma decisão que declara uma lei inconstitucional no controle concreto, esta produz efeito apenas entre as partes. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação direta de inconstitucionalidade 215 Incidente de inconstitucionalidade: CF, artigo 97 Ao se analisar a ADIn, não se pode deixar ao largo o incidente de inconstitu- cionalidade. O órgão fracionário do tribunal não pode, em regra, declarar a inconstituciona- lidade de norma. Somente o Órgão Especial (ou o Pleno) do tribunal pode declarar a inconstitucionalidade desta (princípio da reserva de plenário). Se o órgão fracio- nário entender que a lei declarada inconstitucional pelo juiz singular é realmente inconstitucional, remeterá o processo ao Pleno (ou órgão especial) do Tribunal: esse procedimento é denominado incidente de inconstitucionalidade (é suscitado um incidente de inconstitucionalidade). Após o julgamento da inconstitucionali- dade da norma, o processo retorna à Câmara para apreciação do mérito (o pedido formulado). Se o STF (até mesmo em Recurso Extraordinário – RExt) ou o Pleno do Tribu- nal de Justiça já se manifestou a respeito da constitucionalidade da norma, não há necessidade de incidente de inconstitucionalidade. Se na volta do processo à Câmara tiver ocorrido a mudança de entendimento desta, não sendo mais consi- derada inconstitucional por esse órgão, na norma declarada inconstitucional pelo Pleno do Tribunal é cabível o Recurso Especial – REsp. Não pode o juiz se pronun- ciar no dispositivo da sentença a respeito da declaração de inconstitucionalidade de norma (isso só pode ocorrer na ADIn, não no controle difuso). Mas ele pode declarar de ofício a inconstitucionalidade de uma norma. Questão importante pertinente ao tema diz respeito aos efeitos da declaração de inconstitucionalidade realizada concretamente pelo Judiciário em cada caso. Como já dito, o efeito é inter partes. A única forma de existência de efeito erga omnes é se houver a decisão definitiva do Plenário do STF, e o Senado suspender a execução da norma (CF, art. 52). O artigo 52, X, da CF, só é aplicável ao controle incidental difuso. O Senado não é obrigado a suspender a execução da norma. Caso suspenda, terá efeito ex nunc; porém, a matéria é discutível: Alexandre de Moraes considera o efeito ex nunc, já Teori Zavascki considera efeito ex tunc. O controle abstrato de lei e ato normativo contestado em face à CF, repetindo, é realizado sob a forma de ADIn, que fará coisa julgada com efeito contra todos (erga omnes). Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 216 Ações Constitucionais Regulamentação legal A regulamentação legal da ADIn, instrumento que o STF utiliza para o controle concentrado da constitucionalidade de leis e atos normativos, foi introduzida pela Lei 9.868/99. Como ressalva, apenas leis e atos normativos federais ou estaduais podem ser discutidos em face da Constituição; os municipais não, apenas em caso incidental ou em ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental (somente se contestada em face da Constituição Estadual e com previsão legal nesta). Quem pode propor a ação São legitimados para propor ADIn, segundo o artigo 2.º da Lei da ADIn: Art. 2.º [...] I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV - a Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; V - o Governador de Estado ou o Governador do Distrito Federal; VI - o Procurador-Geral da República; VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Há distinção entre os legitimados em razão da pertinência temática: há legiti- mados universais e especiais: legitimados universais � – o Presidente da República é legitimado univer- sal, pois não precisa demonstrar a pertinência temática. Também são legiti- mados universais: Mesa da Câmara, do Senado, Conselho Federal da OAB e partido político com representação no Congresso Nacional. legitimados especiais � – Mesa de Assembleia Legislativa, Governador, Con- federação etc. O Governador de um determinado Estado pode ajuizar ADIn pedindo a declaração da inconstitucionalidade de norma de outro Estado, se esta interferir no seu. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação direta de inconstitucionalidade 217 Quanto aos partidos políticos, apenas o seu diretório nacional pode ajuizar ADIn, desde que tenha representação mínima no Congresso Nacional. No que tange às confederações, somente elas podem ajuizar ADIn, não as demais entidades sindicais, pois estas são inferiores hierarquicamente. Quanto às entidades de classe, só podem ajuizar a ação as de âmbito nacional com membros em nove Estados da Federação – esse requisito provém da lei orgâ- nica dos partidos políticos. Conteúdo da petição inicial Quanto ao conteúdo, a petição inicial indicará, segundo o artigo 3.º da Lei 9.868/99: Art. 3.º [...] I - o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado e os fundamentos jurídicos do pedido em relação a cada uma das impugnações; II - o pedido, com suas especificações. A inicial deve, como de rotina, obedecer aos requisitos essenciais dispostos no Código deProcesso Civil (CPC), artigos 282 e 283, acompanhada dos documentos vitais à sua propositura. Além da indicação do STF como tribunal de endereçamento e qualificação do autor, a peça inicial deve fazer menção à norma ou ao ato normativo que se queira impugnar, mesmo que parcialmente, transcrevendo-se excerto da expressão da norma que se quer ver declarada inconstitucional. Caso os fundamentos do pedido necessitem de comprovação fática, o que não é normal, devem acompanhá-los os respectivos documentos. Caso contrário (se não necessitarem de outras provas), bastam os fundamentos acerca da inconsti- tucionalidade formal (processo legislativo) ou material. Como lei, pode-se entender como a norma proveniente do Poder Legislativo, em casos restritos como emendas constitucionais, leis complementares e ordiná- rias, decretos legislativos e resoluções. Como ato normativo, temos as medidas provisórias, decretos, instruções normativas, regimentos internos do Congresso Nacional. Quanto ao pedido e à capacidade postulatória, é pertinente a transcrição do balizado de Nery Junior (2003, p. 1.379): Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 218 Ações Constitucionais Pedido. Pode ser deduzido como pedido tudo aquilo que a CF e a LADIn autorizar seja feito na ADIn: a) medida cautelar (LADIn 10); b) declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato norma- tivo; c) declaração parcial de inconstitucionalidade sem redução de texto (LADIn 28 par. ún.); d) declaração de inconstitucionalidade de termo ou expressão constante da lei ou do ato norma- tivo, com supressão do termo ou expressão inconstitucional; e) declaração sobre a eficácia da decisão no tempo (LADIn 27); f ) interpretação conforme a CF (LADIn 28 par. ún.) etc. Capacidade Postulatória. A petição inicial deve ser subscrita por profissional habilitado a pro- curar em juízo: advogado ou Procurador-Geral da República. Quando subscrita por advogado, a petição inicial deve estar acompanhada do instrumento de procuração. A CF 103 confere legitimidade (condição da ação) para a propositura da ADIn. Para subscrever a petição inicial, entretanto, há necessidade de capacidade postulatória (pressuposto processual). As figuras são inconfundíveis: a legitimação é relativa ao exercício do direito de ação, enquanto que a capa- cidade postulatória é requisito de existência e validade do processo. A lei exige a capacidade postulatória para poder procurar em juízo (CPC 36). Indeferimento liminar da inicial pelo relator O artigo 4.º da Lei da ADIn prevê as hipóteses em que há indeferimento liminar da inicial pelo relator: quando for inepta, não fundamentada e manifestamente improcedente. Mas não só a inépcia é causa de indeferimento; as hipóteses de indeferimento do artigo 295 do CPC também são aplicadas à espécie, exceto quanto à parte do inciso III, aos incisos IV (a ação é imprescritível) e V (inadequação do procedimento escolhido). O magistrado pode, contudo, mandar emendar a inicial. A falta de fundamentação pode ocorrer quando o autor não explicar as razões que entende serem motivo de inconstitucionalidade da lei ou ato impugnado. O STF precisa saber o porquê da insurgência. A improcedência manifesta dá-se quando o relator vislumbra o insucesso patente e futuro da ação. Pode ocorrer quando o STF já se manifestou em caso idêntico, incidentalmente. Há improcedência manifesta também quando a cons- titucionalidade da norma atacada é flagrante. Da decisão que indefere a liminar cabe agravo, em cinco dias. Embora não previsto o prazo na lei, deve-se fazer uma analogia remissiva aos artigos 545 e 557, parágrafo 1.º, do CPC, a fim de que haja coerência procedimen- tal. Esse recurso somente é cabível em caso de exame monocrático da inicial. Se a questão for submetida ao plenário, descabe o recurso porque a ele (colegiado) competiria julgar o próprio recurso de agravo, o que contraria a teoria geral dos recursos. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação direta de inconstitucionalidade 219 Andamento da ação Após o exame da liminar, o relator pedirá informações aos órgãos ou às autori- dades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado, no prazo de 30 dias do recebimento do pedido. É o que diz o artigo 6.º da Lei da ADIn. Aqui não há uma faculdade do relator, pois a lei é imperativa ao indicar a ofi- cialidade da medida. Evidente que as informações serão solicitadas a quem fez emanar a lei ou ato normativo impugnado, devendo ser prestadas de maneira compulsória pela autoridade competente. Caso não sobrevenham ao processo as informações na data legal aprazada, o processo deverá seguir sem elas. Com o retorno ou não das informações, serão ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou a lei impugnados, e o Procu- rador-Geral da República, como parecerista e fiscal da lei, caso não seja o autor da ação (sob pena de nulidade), para se manifestarem no prazo de 15 dias, o que mesmo que desobedecido, não importará em sanção a eles. Feitos esses rápidos procedimentos, o relator lançará relatório nos autos e pedirá dia para julgamento. Caso haja necessidade de algum esclarecimento para melhor elucidação dos fatos e convencimento do magistrado, ele poderá solicitar informações adicionais ou até mesmo designar audiência; daí então, pautará o processo para julgamento do colegiado. Ação cautelar em ação direta de inconstitucionalidade A seção II da Lei da ADIn traz o tópico atinente à medida cautelar em ADIn. Como carro-chefe, o artigo 10 preleciona: Art. 10. Salvo no período de recesso, a medida cautelar na ação direta será concedida por deci- são da maioria absoluta dos membros do Tribunal, observado o disposto no art. 22, após a audi- ência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias. §1.º O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, no prazo de três dias. §2.º No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos represen- tantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 220 Ações Constitucionais §3.º Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a audiên- cia dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado. A lei permite a concessão de medida liminar em ADIn, desde que presentes os requisitos indispensáveis do fumus boni iuris e do periculum in mora. O primeiro ocorre quando a inconstitucionalidade, na fase de cognição sumária, é saliente, quando o direito está em evidência; o segundo diz respeito ao aspecto temporal de urgência da apreciação da medida. A medida tanto pode ser pleiteada na petição inicial, incidentalmente no pro- cesso, quanto em antecedência (30 dias) ao processo principal. Seu julgamento se dará pelo colegiado pleno do STF, com a presença de, no mínimo, oito ministros que, por maioria absoluta (seis), poderão conceder a medida. Se em recesso, o presidente do STF apreciará a medida. Caso indispensável, serão ouvidos o Advogado-Geral da União e o Procurador- -Geral da República, no prazo de três dias, exceto quando houver urgência urgen- tíssima, caso em que a medida poderá ser examinada sem a ouvida da autorida- de-ré. Concedida a medida cautelar, o STF fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo soli- citar as informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimentoestabelecido na Seção I deste Capítulo. (Lei da ADIn, art. 11). O efeito da medida será, em regra, concedido ex nunc, ou seja, apenas a partir de sua publicação produzirá efeitos, salvo se o tribunal entender que deve ser concedida com efeitos ex tunc (de forma retroativa).1 Seja qual for o efeito, este deverá ser vinculante em relação aos órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual e municipal. Julgamento da ADIn pelo Órgão Pleno do STF A decisão da ADIn deverá ser tomada se presentes pelo menos oito ministros do STF, como já mencionado. 1 CONTROLE ABSTRATO DE CONSTITUCIONALIDADE. ALEGADA OMISSÃO, POSTO NÃO HAVER O ACÓRDÃO ATACADO EXPLICI- TADO OS EFEITOS DA DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 25 DO ADCT PARANAENSE, SE EX TUNC OU EX NUNC. A declaração de inconstitucionalidade decorrente da procedência de ação direta tem efeitos ex tunc, regra que somente admite exceção na forma do art. 27 da Lei 9.868/99, hipótese não configurada no caso em questão. Embargos rejeitados. (STF, Tribunal Pleno, ADIn 483, Rel. Min. Ilmar Galvão, j. 22/08/2001). Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Ação direta de inconstitucionalidade 221 Efetuado o julgamento, proclamar-se-á a constitucionalidade ou a inconstitu- cionalidade da disposição ou da norma impugnada, se em um ou em outro sen- tido tiverem se manifestado pelo menos seis ministros; eis a necessidade de maio- ria absoluta, sob pena de suspensão do julgamento até que o quorum mínimo seja estabelecido. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta; proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta. Questões importantes da ADIn A decisão que declara a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade da lei ou do ato normativo em ação direta é irrecorrível – por ser exarada pelo órgão maior da Corte Máxima do país – ressalvada a interposição de embargos decla- ratórios, não podendo, igualmente, ser objeto de ação rescisória (pelo mesmo motivo destacado na irrecorribilidade). Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só venha a ter eficácia a partir do seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Dez dias após o trânsito em julgado da decisão, o STF fará publicar em seção especial do Diário da Justiça e do Diário Oficial da União a parte dispositiva do acórdão. A decisão terá efeito contra todos (erga omnes). Após sua publicação, produ- zirá efeitos da coisa julgada, sendo desnecessária a remessa do feito ao Senado Federal para suspensão da execução, como é feito no controle difuso. A decisão proferida na ADIn pode ter as seguintes extensões: interpretação conforme a Constituição � – tendo uma norma diversas pos- sibilidades interpretativas, e entendendo o STF que apenas uma está de acordo com a Constituição Federal, conclui-se que a referida norma é cons- titucional desde que interpretada daquela forma; declaração de inconstitucionalidade com redução de texto � – ocorre quando uma determinada norma é riscada do mundo jurídico; Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 222 Ações Constitucionais declaração de inconstitucionalidade sem redução de texto � – as normas permanecem no mundo jurídico. É retirada a incidência da norma sobre determinado grupo. Conclusão Toda lei, em princípio, é editada conforme a Constituição. A ADIn é o procedi- mento jurídico para controle e retirada da lei inconstitucional, realizado pelo STF. Ampliando seus conhecimentos Indicamos a leitura das obras abaixo: Código de Processo Civil Comentado, de Nelson Nery Junior, editora Revista dos Tribunais. Controle de Constitucionalidade, de Gilmar Ferreira Mendes, editora Saraiva. Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br Esse material é parte integrante do Aulas Particulares do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br 00 13
Compartilhar