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Atividade Física e Doenças Metabólicas

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30/05/2023, 13:42 Atividade física e doenças metabólicas
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/02298/index.html# 1/54
Atividade física e doenças metabólicas
Prof. Paulo Farinatti
Descrição
Os benefícios e as características da atividade física na prevenção e no tratamento das doenças
metabólicas.
Propósito
A compreensão das caraterísticas das doenças metabólicas e os efeitos benéficos do exercício
físico como estratégias para sua prevenção e tratamento faz-se importante na formação do aluno,
porquanto situações de gerenciamento de programas de atividades físicas para grupos com essas
condições são frequentes em sua atuação profissional.
Objetivos
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Módulo 1
Programas de exercícios para a prevenção e o tratamento da
obesidade
Reconhecer os benefícios e as características de programas de exercícios para a prevenção e o
tratamento da obesidade.
Módulo 2
De�nição e etiologia da síndrome metabólica
Identificar os benefícios e as características de programas de exercícios para a prevenção e o
tratamento da síndrome metabólica.
Módulo 3
Exercícios para a prevenção e o tratamento do diabetes
mellitus
Conhecer os benefícios e as características de programas de exercícios para a prevenção e o
tratamento do diabetes mellitus.

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Introdução
A prevalência de sobrepeso e obesidade aumentou substancialmente em todo o mundo nos
últimos 40 anos, tornando-se um problema de saúde pública, dadas as consequências negativas na
saúde. Indivíduos obesos têm risco aumentado de desenvolverem síndrome metabólica e diabetes
do tipo 2, entre outras doenças crônicas não transmissíveis (DCNT).
A perda de peso é um processo que é mais eficaz quando inclui a redução da ingestão alimentar
através da reeducação alimentar e de um aumento no dispêndio calórico relacionado às atividades
físicas. Programas de controle de peso que incluem exercícios físicos contribuem com a redução
da massa corporal e do percentual de gordura, além de melhorar outros fatores de risco
relacionados com o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e metabólicas.
Síndrome metabólica, obesidade e diabetes são condições patológicas estreitamente associadas,
influenciando-se em um ciclo vicioso de agravamento. Um modo de vida fisicamente inativo
contribui com o aumento da gordura corporal, da adiposidade visceral, da inflamação e da perda de
massa muscular. Tais adaptações resultam em redução da aptidão física, o que exacerba
limitações funcionais que levam a mais inatividade, e assim por diante.
Neste conteúdo, discutiremos as características das doenças metabólicas, notadamente
obesidade, síndrome metabólica e diabetes. Estudaremos as principais características de cada
uma dessas condições, bem como recomendações para a elaboração de programas de exercícios
para pacientes com elas diagnosticados, além de aspectos relacionados à intensidade e ao volume
dos exercícios, aos cuidados a serem tomados durante as sessões e aos efeitos esperados.
AVISO: orientações sobre unidades de medida.
VISO: orientações sobre unidades de medida.
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Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de
tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e
a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir
o padrão internacional de separação dos números e das unidades.
1 - Programas de exercícios para a prevenção e o
tratamento da obesidade
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os benefícios e as
características de programas de exercícios para a prevenção e o tratamento da
obesidade.
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De�nição e etiologia da obesidade
A obesidade é uma desordem nutricional relacionada a diversos fatores de risco à saúde, incluindo
hipertensão, resistência à insulina, dislipidemias, doença coronariana, síndrome metabólica e
diabetes, problemas respiratórios e câncer.
Quais são as consequências da obesidade para a saúde? Veja.
A prevalência de sobrepeso e obesidade vem aumentando nas últimas décadas,
independentemente de aspectos como nível de desenvolvimento dos países, idade, sexo ou classe
social. O Brasil não configura exceção, pois dados dos últimos censos do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os níveis de sobrepeso e de obesidade aumentaram
mais de 50% nos últimos 30 anos em todas as regiões do país (BRASIL, 2011).
O Brasil não configura exceção, pois dados dos últimos censos do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) indicam que os níveis de sobrepeso e de obesidade aumentaram mais de 50%
nos últimos 30 anos em todas as regiões do país (BRASIL, 2011).
Intervenções visando à prevenção da obesidade deveriam fazer parte do rol de políticas públicas de
saúde, por esse motivo os profissionais que prescrevem exercício devem estar preparados para
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atender às necessidades desse grupo.
Sobrepeso e obesidade são conceitos relacionados, mas que denotam condições diferentes.
Saiba mais
O sobrepeso pode ser definido como um aumento excessivo da massa corporal em relação à
estatura, enquanto a obesidade refere-se a um acúmulo demasiado de gordura que compromete a
saúde do indivíduo.
O excesso de gordura corporal decorre de um balanço calórico positivo que se dá pela combinação
entre ingestão calórica demasiada com gasto energético diário insuficiente. A Organização Mundial
da Saúde (OMS) define obesidade como uma condição na qual o excesso de gordura acumulada
pode afetar negativamente a saúde, aumentando o risco de doenças (WHO, 2000).
Em geral, a presença de sobrepeso e obesidade é determinada com base no índice de massa
corporal (IMC), que relaciona a massa corporal à estatura (kg/m2). Veja a seguir.
Sobrepeso
Um indivíduo tem sobrepeso quando seu IMC está entre 25 e 29,9kg/m2
Obesidade
Um adulto com um IMC de 30kg/m2 ou mais é considerado obeso.
A obesidade tem origem multifatorial, sendo determinada por fatores genéticos, endócrinos,
metabólicos e ambientais.
atores genéticos
Os fatores genéticos não se encontram bem esclarecidos, mas parecem envolver aspectos neuro-
hormonais responsáveis pela regulação do apetite e da saciedade. Desordens, como hipotireoidismo e
problemas no hipotálamo, alterações no metabolismo de corticosteroides, hipogonadismo em homens

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e ovariectomia em mulheres, síndrome de Cushing e dos ovários policísticos, podem levar à obesidade.
Além disso, o metabolismo em repouso sofre influência genética com impacto no gasto energético,
assim, algumas pessoas gastam mais energia do que outras.
No entanto, o aumento da prevalência da obesidade em termos
populacionais deve-se a fatores ambientais, principalmente, às dietas
hipercalóricas e à redução dos níveis de atividade física que, combinados às
condições genéticas predisponentes, acarretaram o acúmulo de gordura
corporal na população.
O controle da obesidade é considerado uma importante estratégia de promoção da saúde pública,
pois são inúmeros os benefícios da redução da gordura corporal. Entre os efeitos favoráveis,
podemos citar:
Redução do risco para doença cardiovascular e metabólica, com atenuação da pressão arterial.
Redução do LDLe dos triglicerídeos, concomitante ao aumento do HDL-colesterol e melhor
tolerância à glicose.
Redução dos marcadores inflamatórios que favorecem o desenvolvimento da aterosclerose.
As diretrizes relacionadas ao controle do peso em indivíduos com sobrepeso ou obesidade
recomendam uma redução mínima de 10% na massa corporal. Todavia, existem estudos que
demonstraram efeitos benéficos no risco para doença cardiovascular e metabólica associadas a
reduções menores. De fato, melhorias em fatores do risco parecem ocorrer em associação com
reduções da ordem de 2-3% da massa corporal em indivíduos obesos (DONNELLY et al., 2009).
Entre as estratégias não medicamentosas possíveis, o exercício é o componente mais importante
do gasto energético diário e tem grande potencial para melhorar o equilíbrio energético, pois é
sabido que dieta e exercícios são componentes importantes nos programas de perda de peso.
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Indivíduos fisicamente ativos têm menor propensão a ganhar peso e exibem mais facilidade de
manter as metas atingidas após programas de emagrecimento com restrição calórica. Assim, além
das melhorias na composição corporal, a inclusão de exercícios físicos no tratamento da obesidade
favorece a manutenção da perda de peso em longo prazo.
Dica
Deve-se notar que modificações de hábitos por meio da prática de atividades físicas parecem ser
mais fáceis de manter em longo prazo do que, unicamente, a restrição alimentar. Portanto,
conhecer as características de programas de treinamento físico para pacientes com sobrepeso ou
obesidade é um aspecto importante da formação dos profissionais de Educação Física.
Atividade física e obesidade: características e
recomendações
A obesidade é uma desordem decorrente de alta ingestão e do baixo gasto energético, e as
evidências sugerem que a ingestão é mais determinante do que o gasto em si. Contudo, a
inatividade física tende a potencializar o problema e muitos estudos demonstram associação entre
obesidade e inatividade física.
Recomendação
Mudanças no estilo de vida que associem aumento na quantidade de atividades físicas e
reeducação alimentar consistem no melhor tratamento. Os estudos indicam que os benefícios em
pacientes obesos podem ser obtidos com atividades físicas de intensidades baixas, moderadas ou
altas – na verdade, o gasto calórico é o fator mais importante.
O gasto energético diário é composto de três grandes componentes: taxa metabólica de repouso
(TMR), efeito térmico dos alimentos e efeito térmico da atividade física.
TMR 
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A TMR responde pela maior parte do gasto energético (60-80%), correspondendo ao
necessário para os sistemas orgânicos funcionarem em repouso.
O efeito térmico das atividades físicas é extremamente variável, respondendo por 15 a 40%
do gasto energético total, dependendo do tipo, da intensidade e da duração das atividades.
O efeito térmico dos alimentos responde por 10% do gasto energético total, pouco variando
com quantidade e composição das refeições.
Tratar a obesidade unicamente por restrição calórica pode levar à diminuição da massa muscular,
com impacto desfavorável na TMR. Além disso, face à restrição calórica, parece que o organismo
tende a “reajustar” o metabolismo em repouso, com redução na TMR (teoria do set point).
Esses fatores contribuem com maior dificuldade para a perda de peso e a facilidade para retomar
os níveis iniciais, mesmo que se mantenha a restrição calórica.
Por isso, muitos autores consideram que intervenções apenas com dietas sejam pouco eficazes
em longo prazo. Por outro lado, ao combinar dieta com exercícios físicos, contribui-se para manter
a massa muscular e a TMR, com melhores resultados em termos de manutenção dos resultados
para perda de peso.
Efeito térmico das atividades físicas 
Efeitos térmicos dos alimentos 
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O gasto energético das atividades físicas é extremamente variável, podendo ser aumentado de
acordo com o tipo e a duração das sessões de treinamento. Normalmente, exercícios envolvendo
grandes massas musculares, intensidade moderada a elevada e duração adequada podem
aumentar em mais de 10 vezes o gasto energético em repouso, como em caminhadas aceleradas,
corridas, ciclismo ou natação.
Saiba mais
Adicionalmente, o exercício físico parece aumentar a TMR em termos agudos, em virtude da
oxidação de substratos produzidos (lactato etc.), maiores níveis de catecolaminas, normalização da
temperatura corporal e estimulação de síntese proteica. Alguns estudos sugerem que essa
elevação da TMR possa persistir várias horas depois de uma sessão de exercícios. Na prática,
programas de treinamento visando perda de peso tendem a dar maior ênfase à regularidade
(frequência semanal) do que à intensidade dos exercícios.
A maior parte dos programas de emagrecimento envolve algum tipo de restrição na ingestão
calórica (500 a 1.500kcal/dia) ou deficit calórico advindo da combinação de dieta e exercício
visando ao emagrecimento (por exemplo, 900kcal/dia da dieta e 300kcal/dia do exercício,
totalizando 1.200kcal/dia).
Em princípio, deficits calóricos similares induzem perdas de peso similares, independentemente do
fato de serem atingidos por meio de dieta exclusiva ou combinada com atividades físicas. Contudo,
o papel das atividades físicas na perda de massa corporal depende do quanto a dieta é restritiva.
Veja.
Quando a ingestão calórica é muito severa (600-1.000kcal/dia), os estudos costumam relatar
perdas de massa equivalentes em grupos que se exercitam ou não. Talvez, haja adaptações
metabólicas, inclusive a teoria do set point, que resultam na atenuação do efeito somativo da
dieta com os exercícios físicos.
Quando a restrição dietética é menos severa (500-700kcal/dia), a contribuição das atividades
físicas em médio e longo prazos é maior, com perdas de peso cerca de 20% maiores em
comparação com programas de dieta isolada.
Os exercícios aeróbios são os mais indicados para o tratamento da obesidade, em função das
maiores possibilidades de aumentar o gasto calórico e o impacto favorável sobre fatores de risco
cardiovasculares e metabólicos em geral (dislipidemia, resistência à insulina, marcadores
inflamatórios, função endotelial, hipertensão etc.).
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O treinamento de força isolado tem pouco impacto no efeito térmico das atividades físicas e altera
apenas a TMR. No entanto, há vantagens em incluir exercícios resistidos, devido aos ganhos de
força e de massa muscular. No caso da força, há impacto positivo na capacidade de realização das
atividades cotidianas, como a caminhada, por exemplo. Indivíduos muito obesos têm baixa
capacidade de gerar força em comparação com a massa corporal (força relativa).
O termo sarcopenia refere-se a uma síndrome que associa perda de massa e força muscular e
limitações funcionais importantes. Quando a perda de massa muscular coexiste com a obesidade,
pode ocorrer uma condição denominada obesidade sarcopênica.
besidade sarcopênica
Nesses casos, apesar de a força absoluta não ser baixa, seus níveis são insuficientes para atender às
demandas da massa corporal excessiva. A obesidade sarcopênica associa-se com diversas
anormalidades cardiometabólicas e fatores de risco para doença cardiovascular, sendo marcador para
maior risco de mortalidade.
Por outro lado, estudos epidemiológicos sugerem que a participação
em 30 minutos diários de atividades físicas com intensidade moderada
a vigorosa reduziria em 30% o risco de desenvolvimento de obesidade
sarcopênica em pacientesobesos; e quando é complementado por
treinamento da força, a redução do risco chega a 70%.
(AGGIO et al., 2016).
O incremento dos níveis de força em obesos, além de aumentar a capacidade de realização das
atividades diárias e diminuir o risco de obesidade sarcopênica, contribui para um desempenho
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durante a prática dos exercícios físicos, favorecendo a aderência aos programas de treinamento e a
estilos de vida mais ativos.
Recomendação
Com a finalidade de reduzir o risco para doença cardiovascular e metabólica, recomenda-se para a
população em geral a prática mínima de 150 minutos semanais de atividades físicas com
intensidade leve a moderada, durante 5 dias na semana.
Isso parece, contudo, não ser suficiente para programas com objetivo de emagrecimento. A
frequência e a duração das sessões dependem das condições clínicas e funcionais dos pacientes.
Há recomendações sugerindo sessões de 20 a 60 minutos, mas existem debates sobre a
pertinência de sessões fracionadas mais curtas, por exemplo, com 10 minutos, feitas diversas
vezes ao longo de um único dia. Frequências acima de 5 dias/semana parecem não trazer
benefícios adicionais, aumentando o risco de lesões que são contraproducentes para o
treinamento.
O volume deve preponderar sobre outros aspectos do treinamento em programas de
emagrecimento para obesos, que deveriam começar com 150 min/semana, progredindo para 200 a
300 min/semana na mesma intensidade.
Caso o paciente não consiga atingir essa meta, deve ser incentivado à medida que sua capacidade
aumenta, mas com a recomendação mínima de 30 minutos em 5 vezes/semana. O conceito de
progressão pressupõe que o indivíduo esteja adaptado às cargas antes que sejam aumentadas e,
quando possível, deve-se aumentar volume e intensidade dos estímulos, para que adaptações
ocorram.
Em programas de exercícios para obesos, incrementos na duração e na frequência devem preceder
incrementos na intensidade, para que haja conforto na evolução do treinamento. Deve-se lembrar
que o gasto calórico associado a caminhar e correr certa distância é o mesmo, logo, se o indivíduo
fica mais confortável ao caminhar ao invés de correr, é possível atingir gasto energético similar
mantendo a distância percorrida.
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Assim, pode-se compensar a decisão de fazer exercícios com menor intensidade, através do
aumento da duração das sessões ou mesmo da frequência semanal. Quanto ao treinamento
resistido, complementar ao treinamento aeróbio, as recomendações para pacientes obesos
incluem, em geral, de 8 a 10 exercícios para os principais grupamentos musculares, realizados com
1 a 3 séries de 8 a 12 repetições máximas, com frequência de 2 a 3 dias não consecutivos na
semana.
Deve-se mencionar que, em termos da promoção da saúde de obesos, efeitos favoráveis sobre
fatores de risco para a doença cardiovascular ou metabólica podem ocorrer independentemente da
perda de massa corporal. Isso é importante pois, para o paciente, a carência de resultados na
balança pode ser desestimulante.
Comentário
A corrente teórica do fat but fit (“gordo, mas apto”) trabalha com a hipótese de que indivíduos com
bons níveis de aptidão física, mesmo com sobrepeso, exibem menor risco de morbimortalidade por
doenças cardiovasculares do que indivíduos que possuem peso normal, mas têm aptidão física
reduzida.
Nesse sentido, é possível diminuir fatores de risco e aumentar a aptidão física em pacientes
obesos de idades diversas, sem haver modificações significativas no peso. Lembre-se disso
quando avaliar o sucesso de programas de exercícios para obesos.
Deve-se notar que a prática de atividades físicas é o melhor preditor da manutenção do peso
atingido após programas de emagrecimento. As informações indicam que indivíduos fisicamente
ativos têm menor chance de engordar novamente. Essa relação é mais forte à medida que o tempo
ocupado com atividades de maior intensidade aumenta, ainda que o volume ideal de atividades
físicas para a prevenção do ganho de peso não esteja definido, variando bastante entre os
indivíduos.
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Níveis mínimos de 150 min/semana costumam ser recomendados para
prevenir o ganho de peso após o emagrecimento, enquanto níveis de
200-300 minutos de atividades de moderadas a vigorosas parecem ser
mais eficazes para prevenção em longo prazo.
(DONNELLY et al., 2009).
A seguir, vamos acompanhar um resumo das evidências que se referem ao impacto de programas
de exercícios visando ao emagrecimento, particularmente em indivíduos com sobrepeso ou
obesidade.
Rotinas de atividades físicas realizadas por 150-250min/semana, com gasto calórico
de 1.000-2.000kcal/semana, para prevenir ganhos de massa corporal acima de 3% na
maioria dos adultos.
Existe uma relação de dose-resposta entre tempo despendido com atividades físicas
e redução da massa corporal. Volumes menores que 150min/semana resultam em
perda mínima em comparação com indivíduos inativos; > 150/min em perdas
moderadas (2-3kg); entre 225-420min/semana em perdas da ordem de 5-7,5kg.
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Exercício físico e obesidade
O especialista Paulo Farinatti destaca a prescrição de exercícios para indivíduos obesos.
Para prevenir o reganho de peso após emagrecimento, um mínimo de 150
min/semana de atividades físicas moderadas parece ser necessário. Apesar de o
montante ideal não estar definido, há evidências de que em longo prazo a
manutenção do peso seja mais facilitada por atividades físicas moderadas e
vigorosas durante 200-300 min/semana.
A prática de atividades físicas contribui com a perda de peso quando a restrição
calórica na dieta é moderada (500-700kcal). Contudo, quando a restrição calórica na
dieta é severa (600-1.000kcal), o efeito das atividades físicas é modesto.
Exercícios resistidos isolados não parecem ser eficazes para induzir deficit calórico
que leve a perdas relevantes na massa corporal, com ou sem restrição dietética. Por
outro lado, há evidências de que esse tipo de treinamento contribui com a
manutenção da massa magra e tem impacto favorável em fatores de risco para
doença cardiovascular ou metabólica, independentemente de efeitos sobre a massa
corporal (HDL-C, LDL-C, insulina, pressão arterial etc.).

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em relação a pacientes com obesidade, é correto afirmar que:
A
exercícios com intensidade elevada e volumes reduzidos são a melhor opção
para melhorar a condição clínica desses pacientes, pois seu impacto sobre a
capacidade cardiorrespiratória é maior do que exercícios com intensidades
mais baixas.
B
os efeitos do exercício físico sobre fatores de risco associados à obesidade
parecem independer de modificações na massa e na composição corporal,
ocorrendo na proporção do volume de atividades físicas realizado
semanalmente.
C
pacientes obesos são propensos à hipotensão durante o exercício, que,
portanto, deve ser indicado com parcimônia.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
O volume de exercícios físicos parece preponderar sobre a intensidade no que tange à redução
de fatores de risco para doençacardiovascular e metabólica devidos à obesidade. O exercício,
além disso, tem influência independente sobre esses fatores de risco, acarretando adaptações
favoráveis mesmo quando modificações significativas na massa e na composição corporal
não acontecem.
Questão 2
Dentre as características dos exercícios físicos para pacientes com obesidade, é correto
afirmar que:
D
o emagrecimento é condição primária para que se reduzam os fatores de risco
relacionados ao desenvolvimento da síndrome metabólica e diabetes.
E
sobrepeso e obesidade são sinônimos, já que em ambos os casos há risco
aumentado para doença cardiovascular e metabólica.
A
todos os tipos de treinamento são capazes de reduzir a massa e a gordura
corporal.
B
o volume de atividades físicas é um aspecto irrelevante da prescrição dos
exercícios, já que não existe uma relação dose-resposta entre atividades físicas
e emagrecimento.
C
dietas muito rigorosas tendem a reduzir a contribuição da prática de exercícios
físicos para o emagrecimento em médio e longo prazos.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
A prática de atividades físicas contribui com a perda de peso quando a restrição calórica na
dieta é moderada (500-700kcal), mas parece diminuir quando a dieta é severa, talvez por
adaptações metabólicas em resposta às condições mais extremas de deficit calórico.
2 - Prevenção e tratamento da síndrome metabólica
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os benefícios e as características
de programas de exercícios para a prevenção e o tratamento da síndrome metabólica.
D
o treinamento resistido é contraindicado para pacientes obesos, uma vez que
não contribui para o emagrecimento e aumenta o risco de lesões articulares.
E
o conceito de fat but fit sugere que devamos melhorar a aptidão física, sem
grandes preocupações com o percentual de gordura dos pacientes.
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De�nição e etiologia da síndrome metabólica
Os riscos à saúde relacionados com a obesidade aumentam quando surgem outros fatores de
risco, em virtude do acúmulo de gordura central. Não apenas a quantidade, mas a distribuição da
gordura corporal tem importância, do ponto de vista clínico, sobretudo no que tange ao
desenvolvimento das doenças metabólicas. Sabe-se que o excesso de gordura na região abdominal
aumenta a resistência à insulina, com impacto desfavorável no metabolismo lipídico e aumento nos
níveis inflamatórios.
Esses fatores levam a disfunções vasculares predispondo ao desenvolvimento de hipertensão. Isso
caracteriza uma condição conhecida como síndrome metabólica.
Saiba mais
Também chamada no passado de síndrome X, síndrome da resistência à insulina, ou síndrome
plurimetabólica, a síndrome metabólica se caracteriza pela presença conjunta de obesidade central,
dislipidemia (níveis altos de LDL-colesterol e triglicerídeos e baixos de HDL-colesterol), hipertensão,
resistência à insulina, hiperinsulinemia, intolerância à glicose e diabetes tipo 2.
A importância do tratamento precoce da síndrome metabólica reside em sua relação com o
desenvolvimento de doenças metabólicas e cardiovasculares. Diversos critérios foram propostos
para diagnosticá-la, visando identificar indivíduos com risco elevado de desenvolver doenças mais
graves, como o diabetes e a doença coronariana. Como tratamento, estratégias envolvendo
medicamentos e mudanças na alimentação são importantes. No entanto, como a inatividade física
consiste em um dos fatores da síndrome metabólica, diversos estudos demonstram que a prática
regular de atividades físicas é importante para sua prevenção e tratamento.
Um dos problemas enfrentados pelos estudos refere-se ao fato de a sua definição não ser unânime,
dificultando o diagnóstico e o tratamento. Assim, diferentes organizações propuseram algumas
definições com o intuito de favorecer comparações entre as pesquisas sobre essa condição. Veja a
seguir.
Em 1998, critérios para caracterizar a síndrome metabólica foram definidos pela OMS, nos quais
incluíam-se a hipertensão, a dislipidemia e o diagnóstico de obesidade. A excreção urinária de
albumina (microalbuminúria) aparece como critério, em virtude de sua relação com potencial
disfunção renal, com contribuição para a hipertensão. Recentemente, notou-se que a
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microalbuminúria poderia ser utilizada como marcadora de agressão ao endotélio, passando
então a ser considerada como um marcador de risco para doença cardiovascular.
Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
Obesidade
Relação cintura/quadril > 0,9 em homens e > 0,85 em mulheres e/ou
IMC > 30kg/m²
Glicose (≥
110mg/dL)
Diabetes, intolerância glicídica ou resistência insulínica
comprovada*
Triglicerídeos ≥ 150mg/dL
HDL < 35mg/dL em homens e < 39mg/dL em mulheres
Pressão arterial
Pressão sistólica ≥ 140mmHg ou diastólica ≥ 90mmHg, ou
tratamento para HA
Outros
Excreção urinária de albumina ≥ 20mcg ou relação
albumina/creatinina ≥ 30mg/g
Tabela: Critérios diagnósticos para Síndrome Metabólica propostos pela OMS, 1998. *Dois fatores e obrigatoriamente o componente
assinalado.
A obesidade visceral era considerada secundária, o que foi alvo de críticas, assim como a
presença do IMC e a relação cintura/quadril entre os critérios, de menos aplicabilidade clínica e
relevância limitada na avaliação da gordura visceral. Por essas razões, em 2001, o National
Institute of Health norte-americano formou um grupo de trabalho denominado Third Adult
Treatment Panel (ATP III). Como fruto dessas discussões, sugeriu-se um novo critério para
caracterizar a síndrome metabólica. Veja a seguir:
Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
Obesidade central Circunferência abdominal > 102cm em homens e > 88cm em mulheres
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Presença de três ou mais dos seguintes critérios:
Triglicerídeos ≥ 150mg/dL
HDL < 40mg/dL em homens e < 50mg/dL em mulheres
Pressão arterial PAS ≥ 130mmHg e PAD ≥ 85mmHg
Glicemia de jejum ≥ 110mg/dL
Tabela: Critérios diagnósticos para Síndrome Metabólica propostos pela ATPIII.
Esse critério revelou-se mais simples e prático, pois não usava o peso e a microalbuminúria, mas
requeria a presença de três componentes para a sua determinação.
Com as evidências da relação entre obesidade e risco cardiovascular, houve uma tendência a
valorizar esse componente para o diagnóstico da síndrome metabólica. Em 2005, a International
Diabetes Federation (IDF) recomendou novos critérios para diagnóstico da síndrome metabólica,
em que a obesidade central, avaliada pela medida da circunferência abdominal, passava a ser
importante (ALBERTI; ZIMMET; SHAW, 2005). Conforme a tabela a seguir, o ponto de corte para a
medida dessa circunferência abdominal em populações fora dos Estados Unidos tornou-se mais
estrito, sendo ≥ 80cm para mulheres e ≥ 94cm para homens.
Circunferência abdominal de acordo com sexo e etnia
Homens (cm) Mulheres (cm)
Norte-americanos 102 88
Europeus 94 80
Sul-asiáticos/Chineses 90 90
Sul-americanos/Africanos 90 80
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Circunferência abdominal de acordo com sexo e etnia
Japoneses 85 90
Presença de dois ou mais dos seguintes critérios
Triglicerídeos > 150mg/dL
HDL ≤ 40mg ≤ 50mg/dL
Pressão Arterial Sistólica ≥ 135mmHg ou Diastólica ≥ 85mm/Hg
Glicemia de jejum ≥ 100mg/dL
Ou tratamento para dislipidemia e/ou hipertensão
Tabela: Critérios diagnósticos para Síndrome Metabólica propostos pela ATPIII.
Em 2005,a American Heart Association (AHA) e o National Heart, Lung, and Blood Institute (NHLBI)
mantiveram os critérios propostos pelo NCEP ATP III, por não enfatizarem apenas uma etiologia
para caracterizar a síndrome metabólica e devido à sua aplicabilidade simples. Alterou-se apenas o
corte da glicemia de jejum de 110 para 100mg/dL, por ajustes feitos pela American Diabetes
Association no diagnóstico do diabetes (GRUNDY et al., 2005). Publicou-se também a I Diretriz
Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM), com o apoio da
Sociedade Brasileira de Cardiologia (2005), que utiliza para diagnóstico os critérios do NCEP ATP
III.
A síndrome metabólica é também caracterizada pela presença de hipertensão, que se faz presente
na maior parte dos pacientes com diabetes tipo 2. De fato, a hipertensão é duas vezes mais
frequente nos indivíduos diagnosticados com diabetes (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES,
2017). Embora a relação entre obesidade, síndrome metabólica e hipertensão seja clara, os
mecanismos pelos quais ocorrem não estão esclarecidos. Há evidências de que a obesidade
central aumenta a pressão intra-abdominal, comprimindo os rins e elevando a pressão intratubular,
dificultando a excreção de sódio e a regulação da pressão arterial através da excreção (natriurese
pressórica).
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Paralelamente, a produção de leptina pelo tecido adiposo central estimula o sistema nervoso
simpático; níveis elevados de LDL (dislipidemia), marcadores inflamatórios e a hiperinsulinemia
prejudicam a função endotelial, gerando aterosclerose.
Saiba mais
Logo, a hipertensão em obesos parece decorrer do efeito combinado de aumento da sensibilidade
ao sal, ativação neuro-humoral, alterações metabólicas e problemas microcirculatórios,
aumentando a resistência periférica.
Assim, a síndrome metabólica decorre de diversas alterações metabólicas, hormonais e
inflamatórias que são relacionadas à obesidade e ao acúmulo de gordura central. É uma condição
que alia diversos transtornos que contribuem para o desenvolvimento de aterosclerose, disfunção
autonômica, intolerância à glicose, resistência à insulina, disfunção renal e dislipidemias. A
etiologia, portanto, confunde-se com a gênese da hipertensão e do diabetes tipo 2, o que explica
por que a obesidade é considerada como fator de risco para essas patologias.
Atividade física e síndrome metabólica:
características e recomendações
Os benefícios da prática de exercício para a prevenção e o tratamento da síndrome metabólica
devem ser compreendidos de forma multifatorial. Assim, os programas devem considerar ao
menos três fatores:
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São fortes as evidências de que os benefícios da atividade física sobre a síndrome metabólica
podem ser alcançados com intensidade baixa, moderada ou alta, independentemente da
modalidade. O exercício pode contribuir para melhorias na massa e na composição corporal. Além
disso, efeitos favoráveis nos fatores de risco podem ocorrer independentemente de reduções na
massa corporal.
No tratamento, algum tipo de restrição alimentar faz-se sempre necessário. No entanto, o uso
exclusivo da dieta leva à redução da TMR, em função de declínio na massa muscular, sendo
contraproducente na manutenção do peso, mesmo com a restrição calórica. A combinação de
restrição calórica com exercício ajuda a manter a TMR, melhorando o prognóstico de programas de
emagrecimento.
Outra razão para incluir exercícios em rotinas de tratamento de pacientes com síndrome metabólica
é o fato de a participação metabólica relacionada às atividades físicas corresponder a 15-40% do
Impacto na massa e composição corporal.
Impacto na resistência à insulina e dislipidemia.
Impacto na pressão arterial.
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gasto energético total diário. Isso facilita o deficit calórico, contribuindo para que a restrição
alimentar seja menor e mais tolerável.
Exemplo
Por exemplo, um indivíduo de 90kg gasta aproximadamente 570kcal para caminhar 7km. Se o
deficit calórico diário almejado é de 1000kcal, isso significa que a dieta deverá provocar um deficit
de apenas 430kcal, caso o paciente caminhe todos os dias. Assim, pode-se recomendar que
programas de exercício para indivíduos com síndrome metabólica incluam 150min semanais de
atividades moderadas, progredindo-se aos poucos para 200-300min semanais.
Lembre-se que restrições calóricas severas podem limitar a contribuição do exercício na perda de
peso, principalmente em médio e longo prazos. A melhor tolerância a dietas menos restritivas e a
menor eficácia do exercício quando as dietas são radicais, indicam que se busque uma
combinação de ambas as estratégias em níveis compatíveis com a aceitação dos pacientes . Em
suma, programas de perda de peso para pacientes com síndrome metabólica deveriam associar
dieta e exercícios físicos moderados, que favoreçam a incorporação em longo prazo.
Vamos falar sobre a resistência à insulina?
As relações entre sedentarismo e resistência à insulina são claras. As evidências demonstram que
maiores níveis de atividade física melhoram a sensibilidade à insulina, com menor incidência de
doenças metabólicas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).
Os efeitos crônicos do exercício sobre a sensibilidade à insulina são claros,
tanto em resposta ao treinamento aeróbio quanto resistido de maneira
isolada ou combinada. Os mecanismos adaptativos desses exercícios são
diferentes, assim, a combinação de ambos otimiza os efeitos do treinamento
sobre a resistência à insulina e captação da glicose.
Além disso, uma única sessão de exercício aumenta a disponibilidade de glicose em indivíduos
com e sem doença metabólica, um efeito que pode durar de 3 a 5 dias. Na prática, isso traz duas
consequências para os programas para pacientes com síndrome metabólica.
As atividades devem ser praticadas com regularidade e em longo prazo, para que sobrevenham
adaptações crônicas na sensibilidade à insulina e captação da glicose.
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A frequência semanal deve ser a maior possível, de maneira que o paciente possa aproveitar-se
dos efeitos benéficos agudos da atividade. Independentemente dos efeitos em longo prazo,
desde o início já haveria uma menor resistência à insulina, com impacto favorável no perfil
glicêmico e na produção de ácidos graxos circulantes.
As relações entre síndrome metabólica e hipertensão arterial são evidentes. A terapia
medicamentosa é necessária em grande parte dos casos de hipertensão. Contudo, outras
estratégias otimizam o tratamento, como dieta e exercício.
Curiosidade
O efeito anti-hipertensivo dos treinamentos aeróbio e de força é claro na literatura. Estima-se que a
prática de exercícios aeróbios e resistidos, isolados ou combinados, pode reduzir a pressão arterial
em repouso e ambulatorial na ordem de 5 a 7mmHg.
Na relação entre intensidade e volume dos exercícios aeróbios, a regularidade seria fator
determinante da magnitude do efeito hipotensivo. Assim, apesar de as recomendações
mencionarem frequências semanais de 3 a 5 vezes/semana, pode-se pensar que o exercício
aeróbio deveria ser feito todos os dias da semana. Outro aspecto que valoriza a regularidade da
prática dos exercícios aeróbios é a hipotensão pós-exercício.
ipotensão pós-exercício
Após uma sessão de exercícios aeróbios ou de força, há tendência de os valores pressóricos
permanecerem reduzidos por várias horas, em relação aos dias em que não se exercita. Então,
exercitar-se todos os dias significaria provocar reduções agudas diárias da pressãoarterial, com
redução do risco cardiovascular nos dias de treinamento.
Recomendação
Assim, recomenda-se que indivíduos hipertensos realizem pelo menos 150 minutos/semana (5
sessões de 30min) de atividade aeróbia com intensidade de moderada a alta. Complementarmente,
sugere-se ministrar de duas a três sessões de exercícios resistidos por semana. Pode ocorrer
aumento gradativo de até 300min/semana de exercícios aeróbios de intensidade moderada ou de
150min/semana de exercícios aeróbios de alta intensidade.
Programas extramuros
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Adaptações favoráveis na pressão arterial parecem ocorrer em resposta ao treinamento de
intensidade moderada (40 a 60% da máxima capacidade cardiorrespiratória). Em geral, os efeitos
pressóricos favoráveis ocorrem em uma larga faixa de intensidade; assim, quando se trata de
pacientes hipertensos, o volume é um aspecto mais importante do que a intensidade,
principalmente a frequência semanal.
Isso permite estratégias menos ortodoxas de prescrição do exercício, como é o caso dos
programas extramuros (não formais). Com isso, favorece-se a adesão e a independência para a
prática de exercícios, com economia de recursos humanos e materiais. Em geral, o tempo para as
sessões de exercício aeróbio, contínuas ou intermitentes, varia entre 30 e 60min/dia. Quanto ao tipo
de atividades, a maior parte dos posicionamentos oficiais propõe exercícios envolvendo grandes
grupamentos musculares, que possam ser sustentados por períodos adequados na faixa de
intensidade preconizada.
rogramas extramuros
Nesses programas, abdica-se do controle fisiológico e supervisão estrita das atividades, investindo no
treinamento dos pacientes para que possam realizar as atividades em casa, sem a dependência da
proximidade de centros de treinamento. Muitas são as estratégias, desde encontros para avaliação e
treinamento até prescrições que seguem pelos smartphones.
No que diz respeito aos exercícios de força, os resultados demonstram que essa modalidade tem
efeito anti-hipertensivo isolado, que pode ser similar aos do treinamento aeróbio, ao menos em
indivíduos com hipertensão.
Além disso, outra contribuição do treinamento de força para o hipertenso é o fato de que se tornará
mais forte e as atividades cotidianas representarão menor carga relativa e exercerão menos
impacto sobre as respostas hemodinâmicas, reduzindo a sobrecarga cardiovascular no cotidiano.
A maior parte dos posicionamentos oficiais recomenda uma frequência semanal de 2 a 3
vezes/semana no treinamento de força para hipertensos, com intensidade de 60 a 80% da carga
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máxima (1RM), o que equivaleria a 8 a 12 repetições em cada série de exercícios.
A tabela a seguir apresenta recomendações de exercícios para a redução nos fatores de risco
associados à síndrome metabólica. Observe que as atividades com impacto favorável aos fatores
de risco são muitas, seja quanto à modalidade ou nas combinações de volume e de intensidade. O
princípio de que “qualquer atividade será melhor do que nenhuma” faz-se presente e deve ser
levado em conta pelo profissional. Ao deixarem de ser inativos e terem rotina de atividades físicas,
por mais leves que sejam, a expectativa é que os pacientes exibam melhora em um ou mais fatores
de risco, notadamente aqueles cuja resposta não depende da intensidade do exercício.
Recomendações gerais
Pelo menos 30 minutos de atividade física leve a moderada de forma contínua ou acumulada
na maioria dos dias de semana, incluindo mudanças no cotidiano (subir escadas, usar menos o
carro ou realizar atividades de lazer ativo).
Recomendações específicas
Frequência 3 a 5 dias/semana (em iniciantes, 2 dias/semana podem ser suficientes).
Intensidade
As atividades aeróbias são as principais em programas direcionados a
pacientes com síndrome metabólica. Na maior parte dos pacientes,
atividades de intensidade moderada são suficientes e adequadas. Por
exemplo, deve-se conseguir falar durante o exercício. Isso corresponderia a
intensidades de 50-70% da FC de reserva ou 50-65% do VO2 pico.
Exercícios resistidos são indicados, devendo também ser realizados com
carga moderada, correspondendo a aproximadamente 50-60% da força
máxima.
Tipo Exercícios aeróbios e resistidos isolados ou combinados.
Tempo
(duração)
30-60 minutos contínuos ou fracionados (mínimo de 10 minutos).
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Recomendações gerais
Precauções
Em pacientes > 35 anos diagnosticados com síndrome metabólica, uma
avaliação clínica e ergométrica é recomendada, antes do início das
atividades físicas.
Tabela: Recomendações de exercício físico na síndrome metabólica.
Atividade física e síndrome metabólica
O especialista Paulo Farinatti apresentará os principais fatores envolvidos na prática de exercícios
para pacientes com síndrome metabólica.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
São variáveis importantes para o diagnóstico da síndrome metabólica:
A
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Em 2005, a International Diabetes Federation (IDF) recomendou novos critérios para o
diagnóstico da síndrome metabólica, em que a obesidade central, avaliada pela medida da
circunferência abdominal, passava a ser importante, além dos triglicerídeos, HDL, pressão
arterial e glicemia em jejum.
Questão 2
Pode-se afirmar, quanto à prescrição do exercício para pacientes com síndrome metabólica,
que:
IMC, relação cintura-quadril e hemoglobina glicada.
B Glicemia, HDL, triglicerídeos, pressão arterial e circunferência da cintura.
C Triglicerídeos, colesterol, LDL, VLDL e glicemia.
D Pressão arterial, hemoglobina glicada, colesterol e IMC.
E IMC, relação cintura-quadril, glicemia e colesterol.
A
Apenas atividades vigorosas são indicadas, pela baixa sensibilidade do HDL a
atividades com intensidade reduzida.
B
Uma vez que a dieta dá conta do deficit calórico desejado, a atividade física
pode ser considerada dispensável.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Programas de exercícios para pacientes com síndrome metabólica deveriam considerar ao
menos três fatores:
a) impacto na massa e composição corporal;
b) impacto na resistência à insulina e dislipidemia;
c) impacto na pressão arterial. Esses fatores compõem o mosaico de condições patológicas
que caracteriza a própria síndrome metabólica, sendo todos decorrentes do acúmulo de
gordura central.
C
Os programas de exercícios devem considerar o impacto na gordura central,
porquanto essa variável influencia na resistência à insulina, dislipidemia e
pressão arterial.
D
O volume de atividades é fundamental para provocar efeitos na pressão arterial
e HDL, devendo situar-se em torno de 420min/semana.
E
O treinamento resistido tem pouca contribuição para os fatores de risco para
doença cardiovascular e metabólica nesses pacientes.
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3 - Exercícios para a prevenção e o tratamento do
diabetes mellitus
Ao �nal deste módulo, você será capaz de conhecer os benefícios e as características
de programas de exercícios para a prevenção e o tratamento do diabetes mellitus.
De�nição e etiologia do diabetes
O diabetesé uma doença caracterizada por hiperglicemia persistente, decorrente de deficiência na
produção ou sensibilidade à insulina. Suas complicações incluem distúrbios micro e
macrovasculares que resultam em retinopatia, nefropatia, neuropatia, doença coronariana, doença
cerebrovascular e doença arterial periférica, gerando complicações, disfunções e insuficiência de
vários órgãos, especialmente, olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. O diabetes
também acarreta problemas no sistema musculoesquelético, digestório, função cognitiva e saúde
mental, além de estar associado a diversos tipos de câncer.
Existem dois tipos de diabetes. Veja.
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O tipo 1 responde por 5-10% dos casos, consistindo em uma doença poligênica que resulta
na destruição autoimune das células beta do pâncreas – as quais são responsáveis pela
produção de insulina –, ocasionando deficiência completa na produção desse hormônio,
tornando necessário o uso de insulina exógena. Isso pode ocorrer em qualquer idade, mas a
prevalência é maior em crianças e jovens.
O diabetes do tipo 2 (90-95% dos casos) tem etiologia multifatorial, envolvendo
componentes genéticos e ambientais, com perda progressiva de secreção insulínica
combinada com a resistência. Além da história familiar, hábitos dietéticos e inatividade
física destacam-se como fatores de risco, pela sua relação com a obesidade. Em geral,
decorre de uma diminuição da secreção de insulina, devido a um estado de resistência
insulínica progressiva. Em 80 a 90% dos casos, associa-se ao excesso de peso e a outros
componentes da síndrome metabólica. Via de regra, acomete indivíduos a partir de 40 anos.
Em suma, podemos compreender da seguinte maneira:
Características
Tipo 1 -
Insulinodependente
Tipo 2 - Não insulinodependente
Outro nome Juvenil Adulta
Proporção dos
diabéticos
~10% ~90%
Idade de início < 20 anos > 40 anos
Diabetes do tipo 1 
Diabetes do tipo 2 
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Características
Tipo 1 -
Insulinodependente
Tipo 2 - Não insulinodependente
Desenvolvimento da
doença
Rápido Lento
Histórico familiar Incomum Comum
Necessidade de
insulina
Sempre
Nem sempre (pode ser tratada
com medicamentos)
Insulina pancreática Nenhuma ou pouca Normal ou elevada
Cetoacidose Comum Rara
Gordura corporal Normal/magro Geralmente obeso
Tabela: Diferenças entre diabetes do tipo e 1 e 2.
O diagnóstico do diabetes é complexo em virtude de sua gênese multifatorial e pelo fato de se
manifestar de maneira assintomática em grande parte dos indivíduos. Normalmente, o diagnóstico
é feito por meio do rastreamento de diversos fatores de risco, além da glicemia sanguínea.
Atenção!
A tolerância à glicose é um aspecto importante da doença, sendo testada por diversos exames,
entre eles a glicemia em jejum, teste de tolerância oral à glicose e hemoglobina glicada. A
confirmação do diagnóstico exige a repetição dos exames alterados, quando há ausência de
sintomas de hiperglicemia.
Os parâmetros de normalidade para esses exames e os critérios para pré-diabetes e diabetes estão
descritos a seguir.
Critérios diagnósticos para o diabetes
Exame Normal Pré- Diabetes
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Critérios diagnósticos para o diabetes
diabetes
Glicemia de jejum (mg/dL) < 100 100 a 125 ≥ 126
Glicemia 2h após TOTG com 75g de glicose
(mg/dL)
< 140 140 a 199 ≥ 200
Hemoglobina glicada (%) < 5,7 5,7 a 6,4 ≥ 6,5
Tabela: TOGT: teste de tolerância oral à glicose.
Os fatores de risco para o diabetes do tipo 2 são: história familiar, idade, obesidade, sedentarismo,
diagnóstico de pré-diabetes, diabetes gestacional e presença de componentes da síndrome
metabólica. A American Diabetes Association (2017) propôs um questionário de risco para o
desenvolvimento de diabetes, que leva em consideração: idade, sexo, história de diabetes
gestacional, hipertensão arterial e nível de atividade física.
Quanto à distribuição da gordura corporal, o acúmulo na região central é de maior risco, indicando-
se maior quantidade de gordura visceral.
O tecido adiposo visceral produz citocinas pró-inflamatórias e gera resistência à insulina. O
diabetes do tipo 2 não resulta apenas da quantidade, mas também da distribuição da gordura
corporal. O acúmulo de gordura na região abdominal configura o que se conhece como obesidade
central, perfil associado à presença de níveis elevados de triglicerídeos e LDL e níveis reduzidos de
HDL.
Comentário
Acredita-se que a resistência insulínica seja o elo entre as respostas fisiopatológicas que
caracterizam a síndrome metabólica. Adicionalmente, o tecido adiposo produz muitas substâncias
inibidoras da insulina, como marcadores inflamatórios, citocinas, leptina, resistina e adiponectina.
Assim, observe que, quanto maior o acúmulo de gordura central, maior é a chance de se
observarem altos níveis de insulina – com baixa eficácia para diminuir a glicemia – e de estimular o
metabolismo dos ácidos graxos, o que aumenta a propensão à hiperlipidemia.
Logo, a fisiopatologia da síndrome metabólica e o diabetes do tipo 2 são relacionados. O
agrupamento de fatores de risco como hipertensão, resistência à insulina, hiperinsulinemia,
intolerância à glicose e dislipidemia deriva, principalmente, da obesidade central.
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O depósito visceral de triglicerídeos passaria por um processo de degradação mais rápido que o
encontrado no tecido adiposo de outras regiões. Com isso, grandes quantidades de ácidos graxos
livres seriam liberadas na circulação, causando hipertrigliceridemia e estimulando a produção de
glicose pelo fígado (gliconeogênese), que é também liberada na circulação. Como consequência,
ocorre hiperglicemia, o que estimula a hiperinsulinemia.
Saiba mais
Além disso, o excesso de ácidos graxos compete com a glicose enquanto substrato energético
utilizado pelos músculos, o que leva à necessidade de cada vez mais insulina para que esta última
seja carreada para dentro das células. Os níveis elevados de insulina acabam por provocar
resistência à sua ação, bem como intolerância à glicose.
Em resumo, o excesso de gordura central provoca diminuição da sensibilidade à insulina, mas as
células beta-pancreáticas conseguem compensar essa situação aumentando a sua produção.
Nessa etapa, verifica-se hiperinsulinemia e normoglicemia. Posteriormente, a resistência à insulina
aumenta; e, mesmo com incremento na secreção, a captação de glicose não normaliza. Ocorre,
então, a intolerância à glicose, observando-se simultaneamente hiperinsulinemia e hiperglicemia. A
sobrecarga imposta ao pâncreas acaba por limitar a própria produção de insulina, progredindo-se
para o diabetes do tipo 2.
Sendo o diabetes do tipo 2 uma condição patológica relacionada a problemas de intolerância à
glicose e/ou resistência à insulina, compreenda que a obesidade e a síndrome metabólica tendem a
aumentar a sua prevalência.
Atenção!
Portanto, o diabetes do tipo 2 é considerado uma das doenças crônico-degenerativas com maior
crescimento nas populações. A OMS alerta que glicemia elevada seria o terceiro fator de
mortalidade prematura, superada apenas por pressão arterial aumentada e uso de tabaco. Sendo
os níveis de morbidade do diabetes relacionados com o aumento da obesidade e do sedentarismo,
o exercício físico emerge como estratégia-chave para reverter essa tendência.
Atividade física e diabetes: características e
recomendações
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A prática regularde exercícios provoca efeitos que beneficiam pacientes com diabetes. Há efeitos
favoráveis na composição corporal e esse fator é o principal responsável por essa condição. Nesse
sentido, não existem grandes diferenças em relação aos benefícios da atividade física para
pacientes obesos ou com síndrome metabólica.
Apesar de potencializados pelo emagrecimento, os efeitos do exercício, especialmente os aeróbios,
parecem ser independentes de alterações na composição corporal, pois a permeabilidade das
fibras musculares à glicose pode aumentar em até cinco vezes.
Devido à reposição dos estoques de glicogênio muscular, a captação de glicose permanece elevada
por mecanismos independentes da insulina por até 2h e insulinodependentes por até 48h após as
sessões de treinamento, dependendo da sua duração.
Há estudos que relataram redução dos níveis de glicose da ordem de
50mg/dL durante e após exercício agudo, mesmo quando realizado com
duração relativamente curta (30-45min) em diabéticos do tipo 2 com
glicemia moderadamente elevada (COLBERG et al., 2016). Além disso, a
sensibilidade à insulina aumenta durante aproximadamente 24h após
exercícios curtos (20-30min) realizados com intensidade vigorosa, podendo
chegar a 48h após sessões de treinamento mais longas (60min) (CARTEE,
2019). Em obesos, exercícios com intensidade moderada e duração curta
(30min) podem ter esse efeito (COLBERG et al., 2016).
Compreende-se que, idealmente, diabéticos devam exercitar-se na maior frequência possível, com
combinação de volume e de intensidade que otimizem o dispêndio energético, de maneira a
acelerar as adaptações que melhorem o controle glicêmico.
Em longo prazo, considerando outras adaptações como abrandamento das dislipidemias, em
virtude de melhor capacidade de transporte lipídico sanguíneo e menor produção de citocinas
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inflamatórias, melhora a tolerância à glicose e à sensibilidade à insulina. Há fortes evidências de
que o treinamento aeróbio reduz os níveis plasmáticos de insulina em resposta às mesmas taxas
de glicemia e que esse efeito independe da redução do percentual de gordura, apesar de ser por ela
potencializado. Assim, contribui-se para o controle geral do metabolismo, ajudando a prevenir a
progressão da síndrome metabólica para o diabetes ou prevenindo o agravamento dos pacientes
diabéticos.
Saiba mais
Os incrementos na tolerância à glicose e na sensibilidade à insulina em resposta ao treinamento
ocorrem em proporção ao volume de exercícios. Mesmo com volumes relativamente pequenos
(cerca de 400kcal/semana), já haveria melhora na ação da insulina em pacientes sedentários e com
resistência à insulina. Contudo, as melhores relações de dose-resposta têm sido observadas em
volumes equivalentes a 2.500kcal semanais.
O treinamento da força também traz benefícios para o diabético, sobretudo em função da
preservação da massa muscular, tecido responsável por grande parte da captação da glicose
sanguínea. As evidências relatam melhorias na glicemia e resistência à insulina em diabéticos que
praticam o treinamento de força isoladamente ou combinado ao treinamento aeróbio. Exercícios
aeróbios teriam maior impacto no controle glicêmico, mas ambos têm potencial favorável em
fatores de risco cardiovascular observados em diabéticos.
Modalidades que combinam exercícios aeróbios e resistidos em alta intensidade parecem ter
efeitos superiores sobre os fatores de risco, glicemia e sensibilidade à insulina de diabéticos, do
que exercícios aeróbios contínuos. Caso os pacientes reúnam condições clínicas e físicas
compatíveis com essas modalidades de treinamento (HIIT, por exemplo), bem como motivação
para aceitá-las, essas seriam opções que deveriam ser levadas em consideração quando da
prescrição de exercícios físicos. A combinação ideal de variáveis do treinamento para a intervenção
com diabéticos ainda não está clara, entretanto atividades diárias de intensidade moderada a
vigorosa tendem a produzir resultados ótimos.
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Além disso, os posicionamentos oficiais recomendam a combinação de exercícios aeróbios e
resistidos para otimização dos efeitos do treinamento sobre o controle glicêmico e saúde em geral
(SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017).
As adaptações crônicas dependem do volume e da intensidade do treinamento e das condições
clínicas do paciente (aptidão física, comorbidades etc.). Além dos efeitos na função
cardiorrespiratória e muscular, o metabolismo da glicose responde favoravelmente.
Curiosidade
O treinamento provoca redução na secreção de insulina, visto que o exercício contribui com a
captação de glicose. Ocorre aumento na expressão do transportador de glicose tipo 4 (GLUT4) nas
células musculares, incrementando a sensibilidade à insulina. Adicionalmente, os músculos têm a
capacidade de armazenamento de glicogênio aumentada.
O volume de treinamento corresponde ao produto entre intensidade, duração e frequência das
sessões, os objetivos podem ser alcançados através do incremento desses fatores, isolados ou
combinados. As recomendações quanto à intensidade e ao volume do treinamento aeróbio ou de
força para diabéticos são similares à população em geral. As variáveis do treinamento serão
manipuladas de acordo com as condições individuais, buscando-se o maior volume possível.
Recomendação
Assim, os pacientes acometidos pelo diabetes devem realizar 150min ou mais de atividades físicas
de moderadas a vigorosas por semana. Uma vez sob controle metabólico estável, indivíduos
diabéticos podem praticar qualquer tipo de exercício, pois há atletas olímpicos de diversas
modalidades com diagnóstico de diabetes.
Precauções devem ser tomadas no caso dos diabéticos, principalmente no controle da glicemia
durante e após os exercícios. Em primeiro lugar, uma avaliação médica pode ser necessária antes
de se iniciar um programa, particularmente quando suspeita-se de complicações secundárias ao
diabetes, como doença cardiovascular, hipertensão, neuropatia, retinopatia ou comprometimento
microvascular. Outra vantagem das avaliações está no melhor controle glicêmico durante os
exercícios, o que é mais difícil quando os pacientes fazem uso de insulina.
Atenção!
De forma geral, avaliações médicas são mandatórias no caso de pacientes com mais de 40 anos de
idade ou mais jovens, quando diagnosticados com diabetes do tipo 2 há mais de 10 anos ou
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diabetes do tipo 1 há mais de 15 anos. No caso de pacientes idosos ou com neuropatias, a
supervisão direta durante as sessões de treinamento é necessária.
Diabéticos do tipo 2 experimentam, frequentemente, queda da glicose durante o exercício. Por
que será que isso acontece?
Isso é agravado quando utilizam insulina, pois a permeabilidade das fibras musculares à glicose
aumenta durante o exercício. Além disso, a atividade física aumenta a absorção de insulina injetada
no tecido subcutâneo. Esses fatores predispõem a hipoglicemia em diabéticos, que deve ser
prevenida.
Uma providência é evitar a ingestão de açúcares de índice glicêmico elevado antes da atividade,
pois o pico insulínico provocado soma-se à maior permeabilidade das fibras musculares à glicose,
predispondo à hipoglicemia ao invés de evitá-la. A reposição de glicose pode ser feita ao longo das
atividades prolongadas, de acordo com a intensidade do exercício, e não previamente.
Vimos que a sensibilidade à insulina pode permanecer aumentada durante horas após o final de
uma sessão de exercícios. Isso eleva o risco de hipoglicemia tardia, que pode ocorrer inclusive
quando o praticante está dormindo (hipoglicemia noturna).
Recomendação
Para prevenir essas intercorrências,aconselha-se o monitoramento frequente da glicemia, redução
na administração de insulina e o consumo de lanches, principalmente no início do programa de
treinamento. As estratégias para prevenir a hipoglicemia durante as sessões de exercícios incluem
a ingestão suplementar de carboidratos ou a supressão das doses de insulina.
Veja, a seguir, algumas estratégias para prevenir hipoglicemia antes, durante e após o exercício
físico.
Monitoramento glicêmico 
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Medir antes, durante (a cada 30min) e depois do exercício físico.
Em caso de histórico de hipoglicemia tardia, medir a cada 2-4h após o exercício físico.
Em caso de hipoglicemia noturna, medir antes de dormir, uma vez durante a madrugada e
ao acordar.
Ingestão antes do exercício é necessária em caso de glicemia < 100mg/dL (0,5-1,0g/kg
peso por h de exercício).
Necessária quando a insulina prévia não for reduzida em 50% no caso de sessões > 60min
ou 25% em sessões com 30-60min.
Quando exercício é feito no pico de ação da insulina, aconselha-se ingestão adicional.
Para menor risco de hipotensão noturna, aconselha-se fazer refeições leves perto do
horário de dormir (15 a 30g de carboidratos).
Em uso de bomba insulínica, reduzir a insulina basal em 20-50%, 90min antes do exercício
físico.
Suspender ou desconectar a bomba insulínica no início do exercício. Bombas não podem
ser desconectadas em exercícios > 60min sem que haja insulina suplementar.
Reduzir a dose de múltiplas doses de insulina 90min antes de exercício: 50% em exercício
moderado > 60min; 25% em exercício moderado com 30-60min; 75% em exercícios
vigorosos com 30-60min.
Ingestão de carboidratos 
Ajuste da insulina 
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Não há necessidade de redução em exercícios muito intensos e curtos ou exercícios
resistidos.
Reduzir a insulina bolus da refeição noturna em 50% para prevenir hipoglicemia noturna.
Sempre portar opções de carboidratos durante o exercício.
Aumentar progressivamente a intensidade e a duração dos exercícios.
Intercalar atividades de “explosão” (como corridas curtas) ou realizar exercícios resistidos
antes do treino aeróbio. Isso tende a minimizar o efeito hipoglicemiante da atividade
aeróbia.
Portar contatos de emergência, sobretudo durante exercícios ao ar livre.
Horas antes dos exercícios, ingerir carboidrato de lenta absorção.
Insulina não deve ser injetada em locais próximos aos grupos musculares exercitados.
Anotar treinos, insulina e alimentação, além das glicemias relacionadas, para facilitar a
prevenção de eventos hipoglicêmicos.
Evitar repor carboidratos apenas após sintomas de hipoglicemia. Deve-se fazê-lo em
porções divididas, evitando a queda demasiada da glicose.
Em indivíduos com diabetes do tipo 1, casos de hiperglicemia são mais comuns. No caso de doses
de insulina aquém do indicado, a prática de exercícios pode piorar esse estado, com produção de
corpos cetônicos (cetose) e desidratação que colocam o paciente em risco.
Atenção!
Tradicionalmente, as agências normativas contraindicam a prática de exercícios em caso de
glicemia acima de 250mg/dL na presença de cetose ou em caso de glicemia acima de 300mg/dL,
mesmo na ausência de cetose.
Outras 
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A hiperglicemia pode ser modulada pela administração de insulina. Em alguns casos, aceita-se a
realização de atividades aeróbias de baixa intensidade, visando a melhoria aguda dos níveis
glicêmicos. É importante monitorar a glicemia durante o exercício e após a sessão, para liberação
segura do paciente. Aconselhamento é necessário para se controlar os níveis glicêmicos e a
administração de insulina, antes do retorno para próximas sessões. No caso de crianças e idosos,
é necessário um acompanhamento mais próximo, para um correto aprendizado do impacto da
prática de exercícios físicos sobre esses aspectos.
Outras precauções remetem às comorbidades presentes em parte dos diabéticos. Como agir nos
casos para a indicação de exercícios nesses casos? Acompanhe.
É comum haver problemas macro ou microvasculares, que podem ser agravadas com o
manejo inadequado da glicemia. Complicações vasculares ou neurais causam limitações
físicas que devem ser consideradas nos exercícios. No caso de doença vascular periférica, a
intensidade das atividades deve ser controlada com cuidado, evitando-se grandes aumentos
da pressão sanguínea durante os exercícios.
Na presença de neuropatia periférica, atenção deve ser dada aos pés, com detecção
precoce e tratamento para que se evite ulcerações ou amputações. Um bom conselho seria
manter os pés tão secos quanto possíveis dentro dos calçados, com meias apropriadas
(evitar meias de algodão) e não incluir atividades em que se transportam cargas elevadas,
principalmente quando houver comprometimento da marcha.
Pacientes com neuropatia autonômica têm maior propensão à hipotensão ortostática, além
de exibirem problemas no controle hemodinâmico de forma geral (aumento da frequência
cardíaca no exercício) e termorregulação. Nesses casos, evite atividades com mudanças
Complicações vasculares 
Neuropatia periférica 
Neuropatia autonômica 
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bruscas de posição, principalmente quando se fica em pé a partir da posição
sentada/deitada. Deve-se prover hidratação e evitar exercitar-se em ambientes quentes e
úmidos.
Muitos diabéticos desenvolvem retinopatia com diferentes graus. Para evitar lesões
oculares, são contraindicadas atividades vigorosas, que envolvam impacto, apneia ou ficar
de “cabeça para baixo”, a fim de prevenir hemorragias ou o descolamento de retina.
Quadros de doença renal podem ser melhorados com exercício físico, mesmo durante
sessões de diálise. O volume e a intensidade nesses casos deverão ser definidos de acordo
com a gravidade do comprometimento renal e a tolerância dos pacientes.
Pacientes com limitações ortopédicas às atividades que visam ao controle glicêmico,
devem realizar exercícios de mobilidade articular e fortalecimento dos grupos musculares
adjacentes às articulações comprometidas de forma complementar.
Atividade física e diabetes
O especialista Paulo Farinatti apresentará os principais fatores envolvidos na prática de exercícios
para pacientes com diabetes.
Retinopatia 
Doença renal 
Limitações ortopédicas 

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A fisiopatologia do diabetes do tipo 2 compreende os seguintes eventos:
Parabéns! A alternativa B está correta.
A Hipoglicemia, hipertrigliceridemia e hipoinsulinemia.
B Hiperglicemia, hiperinsulinemia.
C Hipercolesterolemia, hipoinsulinemia, normoglicemia e sarcopenia.
D Hiperinsulinemia, dislipidemia e microalbuminúria.
E Anemia, dislipidemia e hiperinsulinemia.
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Na fase de pré-diabetes, o acúmulo de gordura central leva à redução da sensibilidade à
insulina, com aumento de sua produção. Assim, verifica-se hiperinsulinemia e normoglicemia.
Em seguida, não se consegue mais normalizar a captação de glicose, observando-se
simultaneamente hiperinsulinemia e hiperglicemia. A sobrecarga imposta ao pâncreas
progride, então, para o diabetes do tipo 2.
Questão 2
Entreos efeitos benéficos e as precauções dos exercícios para diabéticos, é correto afirmar
que:
A
Há uma melhoria nas dislipidemias, mas não na função autonômica. As
precauções envolvem, principalmente, o risco de lesões musculares.
B
Pacientes com diabetes se beneficiam mais dos exercícios físicos regulares do
que pacientes com síndrome metabólica, pois essa síndrome é muito grave e
incurável. Exercícios de intensidade elevada, portanto, são contraindicados para
pacientes com síndrome metabólica.
C
A prática regular de exercícios melhora o controle glicêmico e pode reduzir a
necessidade de insulina. No entanto, deve-se prevenir episódios de
hipoglicemia ou hiperglicemia, pela manipulação de ingestão de carboidratos e
administração de insulina antes, durante e depois das sessões de exercícios.
D
Atletas não podem ser diabéticos por conta do risco de elevação dos corpos
cetônicos. Assim, quando existem, em geral praticam modalidades leves como
tiro ao alvo ou hipismo.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
O exercício melhora a captação de glicose, com impacto favorável na necessidade de insulina
exógena. Em pacientes com diabetes do tipo 2, são comuns episódios de hipoglicemia,
enquanto a hiperglicemia é mais frequente em pacientes com diabetes do tipo 1. Em ambos,
uma reeducação na rotina de administração de insulina e ingestão de carboidratos antes,
durante e após sessões de exercícios é necessária.
Considerações �nais
Foram abordadas as características da obesidade, síndrome metabólica e diabetes e os benefícios
da prática de exercícios para a prevenção e o tratamento, bem como as características gerais de
programas de treinamento com esse propósito.
A obesidade é difícil de reverter e aumenta o risco de desenvolvimento de doença cardiovascular e
metabólica, em virtude do acúmulo de gordura central. Intervenções dietéticas e aumento do
dispêndio calórico através de exercício são capazes de restabelecer o equilíbrio energético, com
impacto favorável na quantidade e na distribuição da gordura corporal. Os exercícios podem mitigar
os fatores de risco cardiovascular e metabólico, mesmo que não haja mudanças na composição
corporal. Por essa razão, são indicados como estratégia de intervenção no tratamento de obesos. O
maior gasto calórico possível seria desejável em rotinas de treinamento visando o controle do peso
e a melhoria do perfil de risco em indivíduos com sobrepeso e obesidade. Portanto, ênfase deve ser
dada ao volume de treinamento, em atividades de natureza aeróbia.
A síndrome metabólica tem sua gênese ligada ao sobrepeso e à obesidade. O excesso de gordura
central eleva a resistência à insulina gerando intolerância à glicose, predispondo às dislipidemias,
E
Diabéticos devem realizar o treinamento resistido isoladamente, pois a
preservação da massa muscular não é importante para manter a glicemia.
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hipertensão e diabetes. As evidências indicam forte relação entre sedentarismo e os múltiplos
fatores de risco para a síndrome metabólica, mas os pacientes diagnosticados beneficiam-se da
prática de exercícios, com melhora em todos os componentes. Intervenções com exercícios na
prevenção e no tratamento da síndrome metabólica privilegiam o volume das atividades. A
intensidade é importante, mas subordina-se ao volume de exercício.
No diabetes, a resistência à insulina e a intolerância à glicose evoluem para uma condição crônica
em que os níveis de insulina não mais atendem às demandas de carreamento da glicose para a
produção de energia. No tratamento não medicamentoso do diabetes, desfechos como perda de
peso, aumento da massa muscular, correção de dislipidemias, aumento da tolerância à glicose e
controle da pressão arterial elevada são desejados. Por isso, o exercício é considerado uma parte
importante da terapia de diabéticos, pois contribui com um melhor controle glicêmico e maior
sensibilidade à insulina, reduzindo a dependência de fontes externas do hormônio. Volumes
elevados de treinamento aeróbio, associados ao treinamento de força, são indicados para um
balanço energético favorável e para o aumento da massa muscular.
Podcast
Agora, o especialista Paulo Farinatti falará sobre a prescrição de exercícios para obesidade,
síndrome metabólica e diabetes.
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Referências
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Aprofunde-se sobre a temática do exercício no tratamento da obesidade infantil lendo o artigo
Efeitos metabólicos do exercício físico na obesidade infantil: uma visão atual, de Santiago
Tavares Paes, João Carlos Bouzas Marins e Ana Eliza Andreazzi, publicado em 2015 na Revista
Paulista de Pediatria (v. 33, n. 1, p. 122-129).
Leia mais sobre programas de exercícios para pacientes com obesidade mórbida no artigo de
Sidnei Jorge Fonseca-Junior e colaboradores, intitulado Exercício físico e obesidade mórbida:
uma revisão sistemática, publicado em 2013 nos Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (v.
26, supl. 1, p. 67-73).
Conheça as Diretrizes brasileiras para o diagnóstico e para o tratamento da síndrome
metabólica, publicadas em Arquivos Brasileiros de Cardiologia (v. 84, supl. 1, p. 2-28).
Leia mais sobre o papel do exercício na vida de pessoas com diabetes na revisão sistemática da
literatura de Lénia Alexandra Ramos Loureiro e colaboradores, intitulada Exercício físico em
pessoas com diabetes: revisão

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