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Exercícios Para Doenças Agressoras do Sistema Imunológico

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30/05/2023, 13:44 Exercícios para doenças agressoras do sistema imunológico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04632/index.html# 1/43
Exercícios para
doenças agressoras
do sistema
imunológico
Prof. Paulo de Tarso Veras Farinatti
Descrição
A prescrição do exercício físico para a prevenção e o tratamento das doenças agressoras do sistema
imunológico.
Propósito
Compreender as caraterísticas de doenças agressoras do sistema imunológico, como AIDS e câncer, e
gerenciar programas de treinamento físico para grupos com essas condições patológicas tornaram-se
quesitos essenciais na atuação do profissional de Educação Física.
30/05/2023, 13:44 Exercícios para doenças agressoras do sistema imunológico
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212sa/04632/index.html# 2/43
Objetivos
Módulo 1
HIV-AIDS e câncer: aspectos epidemiológicos
Reconhecer dados epidemiológicos acerca da prevalência da infecção pelo HIV e do desenvolvimento da
AIDS e de diferentes tipos de câncer.
Módulo 2
Fisiopatologia do HIV-AIDS e câncer
Identificar a fisiopatologia do HIV-AIDS e câncer.
Módulo 3
Exercício físico para pessoas com HIV-AIDS e câncer
Reconhecer as recomendações de prescrição do exercício físico para pessoas com HIV e câncer.
Introdução

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A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e o câncer são doenças que afetam o sistema
imunológico, a barreira natural do nosso organismo para infecções. Diante dessa característica, doenças
agressoras ao sistema imunológico tornam o corpo suscetível a sofrer agravos de doenças que um
indivíduo saudável resistiria com certa facilidade, o que denominamos de doenças oportunistas.
Especificamente com relação à AIDS, o advento de terapia medicamentosa aumentou a sobrevida de
contaminados. Há algumas décadas, contaminação por AIDS era, de fato, uma sentença de morte. Com
relação ao câncer, o aumento da expectativa de vida e alguns aspectos relacionados ao comportamento
aumentaram sua incidência.
É fundamental reconhecer os principais aspectos epidemiológicos e fisiopatológicos dessas doenças,
assim como as principais recomendações para a prescrição de exercícios físicos aos pacientes dessas
enfermidades, o que será amplamente abordado neste conteúdo.
1 - HIV-AIDS e câncer: aspectos epidemiológicos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer dados epidemiológicos acerca da
prevalência da infecção pelo HIV e do desenvolvimento da AIDS e de diferentes tipos de
câncer.
30/05/2023, 13:44 Exercícios para doenças agressoras do sistema imunológico
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Vamos começar?
Epidemiologia do HIV-AIDS e do câncer
Neste vídeo, serão apresentados os dados epidemiológicos do HIV-AIDS e do câncer no mundo e no Brasil.
Aspectos epidemiológicos do HIV-AIDS
A epidemiologia remete ao estudo da frequência e distribuição dos eventos de saúde e dos seus
determinantes nas populações humanas, mas também ao estudo da aplicação dessas informações na
elaboração de estratégias de prevenção e controle dos problemas de saúde.
No caso das doenças agressoras do sistema imunológico, é importante conhecer dados acerca de sua
distribuição global e, em especial, no Brasil para um melhor entendimento da possível contribuição de
intervenções com atividade física para sua prevenção.

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Vírus HIV.
A AIDS é uma doença que decorre de estágios avançados da infecção pelo HIV (vírus da imunodeficiência
humana, human imunnodeficiency virus). Embora haja fases assintomáticas, a infecção pelo HIV está
associada a uma imunodeficiência progressiva, com supressão de linfócitos T-CD4+ e glóbulos específicos,
comprometendo o potencial de defesa do sistema imune.
É sempre uma doença crônica e potencialmente letal. Com a eficiência do sistema comprometida, a
vulnerabilidade a doenças oportunistas e à mortalidade por infecções facilmente tratáveis aumenta.
A Organização das Nações Unidas (ONU, 2022) divulga permanentemente estatísticas acerca da AIDS no
mundo. Entre as informações mais atualizadas, sabe-se que cerca de 38 milhões de pessoas viviam com
HIV em 2021, a maioria mulheres (54% dos casos). Cerca de 1,5 milhão de novos casos ocorreram no
mesmo ano, com 650 mil mortes oficialmente comunicadas. No mesmo ano, 2021, cerca de 29 milhões de
pessoas no mundo tinham acesso a coquetéis medicamentosos, que caracterizam a terapia antirretroviral
(TARV), contra apenas 11 milhões em 2010.
Comentário
Na prática, isso significa que 75% das pessoas vivendo com HIV no mundo tiveram acesso a tratamento
medicamentoso em 2021. Em consequência, houve redução de 68% de mortes relacionadas à AIDS desde o
pico observado em 2004 e de 52% desde 2010. Das regiões do mundo, a África Subsaariana responde pela
maior parte das novas infecções e taxas de mortalidade mais elevadas, e certa estabilidade é observada
nos demais continentes.
Nos primeiros anos após sua identificação, a AIDS era uma doença que progredia rapidamente até o óbito.
No Brasil, em 1996, teve início o programa nacional de distribuição de drogas antirretrovirais que reduziu
drasticamente as taxas de internações hospitalares e de mortalidade.
Desde o advento da TARV no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), houve
uma acentuada redução na morbidade e letalidade associadas à doença (BRASIL,
2020). A TARV é composta por tipos variados de medicamentos que inibem a
fixação do vírus nas células e sua multiplicação. Esse tipo de terapia tenta
promover uma reconstituição imunológica, visando aumentar os linfócitos T-CD4+ e
reduzir a carga viral.
De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/AIDS (BRASIL, 2020), havia aproximadamente 920 mil
pessoas vivendo com HIV (PVHIV) no Brasil em 2019. O maior número de casos incluía jovens entre 25 e 39
anos, 52% do sexo masculino e 48% do sexo feminino. Mas a taxa de detecção de AIDS no Brasil vem
declinando nos últimos anos. A incidência relativa passou de 21,9 casos/100 mil habitantes em 2012 para
17,8/100 mil habitantes em 2019. Isso representa uma redução de aproximadamente 20% nos registros
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oficiais. A taxa de mortalidade também caiu. Houve uma diminuição de 17% entre 2015 e 2020, uma queda
de 12.667 para 10.565 mortes atribuídas à doença.
Comentário
A epidemia de HIV/AIDS é considerada estável no Brasil. A prevalência de HIV na população é de
aproximadamente 0,5% (BRASIL, 2020). Dados oficiais indicam que, entre 2012 e 2018, houve uma
diminuição da prevalência de AIDS no país da ordem de 17%. Muito provavelmente, essa redução se deve à
recomendação de tratamento para todos os casos, independentemente dos níveis de linfócitos T-CD4+. O
nível de atendimento também é alto. De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, do
total de pessoas infectadas pelo HIV no Brasil, 89% foram diagnosticadas com AIDS e 77% tiveram acesso à
TARV (BRASIL, 2020).
Quanto à raça, os registros parecem ser consistentes com a distribuição geral da população. É interessante
mencionar que, contrariamente ao que preconceitos arraigados ainda deixam transparecer, a incidência da
doença parece ser equivalente entre heterossexuais e homossexuais. Outro ponto a destacar é que a
prevalência da doença é substancialmente maior entre pessoas com menor escolaridade (até ensino
fundamental completo vs. ensino médio ou superior completo). Isso reforça a necessidade de intervenções
de cunho educativo e informativo para a prevenção. Veja alguns dados nos gráficos a seguir:
Indicadores de HIV/AIDS no Brasil.
Apesar do melhor prognóstico, a infecçãoprolongada pelo HIV e a toxicidade do tratamento
medicamentoso estabeleceram novas preocupações terapêuticas associadas a distúrbios como resistência
à insulina, dislipidemia, disfunção endotelial ou disfunção autonômica, relacionados ao risco de doenças
cardiovasculares (FARINATTI et al., 2008).
Para as PVHIV, os modos de vida podem ter grande influência na evolução da doença, e até determinantes
para o sucesso do tratamento e seus efeitos colaterais adversos. Entre os aspectos discutidos, destaca-se o
interesse pelas relações entre a prática regular de exercícios físicos e a evolução do quadro clínico da
infecção pelo HIV. As evidências na literatura revelam que, ao ser praticada em doses adequadas, a
atividade física não acarreta prejuízos à função imunológica, contribuindo com a melhoria das condições
físicas e funcionais dos pacientes, ao mesmo tempo que reduz fatores de risco para doença cardiovascular
(FARINATTI et al., 2008).

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Aspectos epidemiológicos do câncer
O câncer é uma doença prevalente à medida que se envelhece, e que apresenta alterações do sistema
imunológico. Mundialmente, o câncer é uma das principais causas prematuras de morte. A incidência e a
mortalidade relacionadas à doença vêm aumentando no mundo. As neoplasias são a primeira ou a segunda
causa de morte prematura em 134 dos 183 países membros da Organização Mundial da Saúde, e a terceira
ou quarta causa em outros 45 países (WHO, 2020).
Em levantamento realizado em 2018, a incidência foi ligeiramente superior nos homens (53% dos novos
casos) comparativamente às mulheres (47% dos novos casos) (BRAY et al., 2018).
De acordo com Ferlay et al (2020), os tipos de câncer mais prevalentes em 2020 foram os seguintes:
Pulmão
12% dos casos.
Cólon e reto
10% dos casos.
Fígado
8% dos casos.
Estômago
7% dos casos.
Mama
6% dos casos.
Entre os homens, o câncer de pulmão parece ser a principal causa de morte, seguido pelo câncer de
próstata e colorretal. Já entre as mulheres, o câncer de mama foi relatado como a principal causa de morte,
seguido pelo câncer colorretal e de pulmão (BRAY et al., 2018).
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O aumento da contribuição relativa das neoplasias para a taxa de mortalidade global pode ser encarado
como fenômeno natural, tendo em vista o envelhecimento e o crescimento populacional. Nesse contexto,
nota-se que nos países desenvolvidos a incidência de câncer é duas a três vezes maior que nos países de
médio ou baixo IDH.
Comentário
No Brasil, a distribuição da incidência nas regiões geográficas confirma essa tendência. Essas diferenças
devem-se à magnitude da população, mas também a fatores de ordem social e econômica. Por conta disso,
parece haver uma transição dos principais tipos de câncer observados nos países em desenvolvimento,
com redução dos tipos associados a infecções e aumento daqueles que sofrem influência de hábitos e
atitudes associados à melhoria socioeconômica e urbanização, como inatividade física, alimentação
excessivamente industrializada, entre outros.
No Brasil, entre as principais causas de morte na população adulta, as neoplasias têm lugar de destaque.
Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apresentaram para o triênio 2020-2022 uma estimativa de
625 mil novos casos anuais (INCA, 2020). Os cânceres de próstata e mama tiveram as maiores taxas
ajustadas em todas as regiões geográficas do país, com magnitude de duas a três vezes maior que a
segunda mais frequente em cada sexo. Em termos absolutos, os tipos mais prevalentes no país são o
câncer de pele (~177 mil), mama (~66 mil), próstata (~66 mil), cólon e reto (~41 mil), pulmão (~30 mil) e
estômago (~21 mil). Veja os dados a seguir:
Distribuição proporcional dos dez tipos de câncer mais incidentes estimados para 2020 por sexo, exceto pele não melanoma.
Apesar da nomenclatura generalizada, os cânceres são variados e sua fisiopatologia tem diferentes graus
de complexidade. Existem mais de 200 tipos de câncer catalogados com sintomas e tratamentos diversos.
Sua evolução sofre influência de fatores intrínsecos e não intrínsecos, relacionados ao órgão ou tecido
afetado, faixa etária, estágio da doença e estratégia de tratamento. Alguns desses sintomas contribuem
substancialmente para a detecção precoce, precisão do diagnóstico, sobrevida mais longa e redução do
risco de morte prematura (WHO, 2020).
Por outro lado, o risco de desenvolvimento e a própria prevalência de diversos tipos de câncer relacionam-se
a fatores de risco que poderiam ser minimizados, como:
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
Exposição a agentes químicos

Poluição

Inatividade física

Nutrição inadequada
Por isso, para minimizar os efeitos da doença, defende-se a adoção conjunta de tratamentos
farmacológicos e não farmacológicos. Alguns tipos de câncer parecem se beneficiar de intervenções com
exercício físico. Há concordância de que benefícios decorrentes do treinamento físico se deem em
diferentes dimensões, incluindo redução de efeitos colaterais provocados por tratamentos invasivos (como
quimioterapia ou radioterapia), melhoria das condições física, funcional e psicossocial dos pacientes,
evolução dos tumores e prevenção de recidivas.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Em relação aos novos casos de infecção pelo HIV no Brasil, é correto afirmar que
A novos casos vêm aumentando entre heterossexuais e diminuindo entre homossexuais.
B
o país exibe as maiores prevalências mundiais entre mulheres grávidas e crianças com
menos de cinco anos de idade.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
HIV/AIDS já foi considerada uma epidemia no Brasil. Por sua letalidade e falta de tratamento, a doença
era uma verdadeira sentença de morte. No entanto, de acordo com relatório do Ministério da Saúde
publicado em 2020, a epidemia de HIV/AIDS é considerada estável no Brasil, com prevalência na
população em torno de 0,4 a 0,5%.
Questão 2
Em relação à prevalência do câncer, assinale a alternativa correta.
C novos casos vêm aumentando entre homossexuais e diminuindo entre heterossexuais.
D
a prevalência é considerada estável há muitos anos, situando-se em torno de 0,5% da
população.
E
aumentaram por conta do relaxamento da população, depois do advento da terapia
antirretroviral gratuito do SUS.
A Em termos relativos, a prevalência do câncer tende a ser maior em países pobres.
B
Em termos relativos, não há diferenças da prevalência do câncer entre países pobres e
ricos.
C Em termos relativos, a prevalência do câncer tende a ser maior em países ricos.
D
A prevalência do câncer não tem relação alguma com o grau de desenvolvimento dos
países, é uma doença eminentemente genética.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Em países com maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), as taxas de incidência de câncer são
duas a três vezes maiores que as dos países de médio ou baixo IDH. Isso não consiste em surpresa,
uma vez que nesses países causas precoces de mortalidade, como doenças infectocontagiosas,
violência, acesso limitado a serviços de saúde, entre outras, tendem a ser menor.
2 - Fisiopatologia do HIV-AIDSe câncer
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car a �siopatologia do HIV-AIDS e câncer.
Vamos começar?
E No Brasil, a prevalência do câncer é muito similar em homens e mulheres.

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Etiologia e �siopatologia do HIV-AIDS e do câncer
Neste vídeo, veja uma apresentação sobre a etiologia e a fisiopatologia do HIV-AIDS e do câncer.
Fisiopatologia da HIV-AIDS
A identificação do HIV e da AIDS data dos anos 1980. Os pesquisadores Luc Montaigner (França) e Robert
Gallo (EUA) isolaram o HIV-1 em 1983, atribuindo-lhe, respectivamente, as denominações de LAV
(Lymphadenopathy Associated Virus ou vírus associado à linfadenopatia) e HTLV-III (Human T-lymphotrophic
Virus ou vírus T-linfotrópico humano tipo lll).
Em 1986, outro grupo de retrovírus cujas características eram semelhantes às do
HIV-1 foi identificado, o HIV-2. Começava-se a identificar um padrão fisiopatológico
nos pacientes infectados por essas cepas.
Ainda em 1986, um comitê internacional recomendou a utilização da denominação HIV para designar essa
categoria geral de retrovírus, reconhecendo que este seria capaz de ser transmitido entre seres humanos.
Saiba mais
O HIV consiste em retrovírus originado, provavelmente, de primatas não humanos africanos. Em comum,
todos os vírus dessa família precisam de uma enzima denominada transcriptase reversa para se replicar.
Essa enzima é responsável pela transcrição do RNA viral, integrando-se ao genoma do hospedeiro. Além
disso, todas as cepas têm a capacidade de infectar linfócitos através de receptores do tipo CD4.
O corpo reage diariamente a ataques de agentes externos por meio do sistema imunológico. Essa complexa
barreira consiste em milhões de células responsáveis pela defesa do organismo.
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Linfócitos T-CD4+.
Entre elas figuram os linfócitos T-CD4+, principais alvos do HIV, glóbulos brancos responsáveis por organizar
e comandar a resposta imunológica aos agressores externos.
Os linfócitos T-CD4+ são produzidos pela glândula timo e têm a capacidade de reconhecer e destruir
microrganismos estranhos.
O HIV não resiste ao meio externo, tem sobrevivência curta fora do hospedeiro. No entanto, ao penetrar no
corpo humano, o HIV encontra condições estáveis para multiplicar-se. Depois que o vírus entra no corpo,
sobrevém período de rápida replicação viral, aumentando rapidamente a quantidade de vírus no sangue.
O sistema imunológico humano possui muitas células vitais que combatem infecções e destroem células
invasoras, e é formado por defesas que se manifestam em dois estágios, a “imunidade inata” e a “imunidade
adquirida”, vamos ver agora a diferença entre elas:
Sistema imune inato
É mais primitivo, fazendo-se presente praticamente em todas as espécies multicelulares. É responsável
pelo desencadeamento de respostas imunes não específicas, consiste na primeira linha de defesa
corporal contra a invasão patogênica, não tendo capacidade de criar memória imunológica contra
patógenos específicos. A imunidade inata inclui as barreiras físicas e químicas aos agentes externos,
bem como a ação de macrófagos, células dendríticas, células natural killers (NK), neutrófilos e proteínas
como as citocinas ou interleucinas (ILs).
Sistema imune adquirido
É mais sofisticado e defende o organismo com a produção de proteínas específicas contra os antígenos.
Quando há exposição a um determinado microrganismo, a memória imunológica do sistema imune
adaptativo identifica rapidamente o agente invasor, provocando então um aumento na produção de
anticorpos especificamente relacionados à resposta de defesa necessária para debelá-lo. Portanto, o
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desenvolvimento de imunizantes como as vacinas associa-se diretamente ao sistema imune adquirido. A
imunidade adquirida inclui a ação de linfócitos T (CD4+ e CD8+), linfócitos B e seus produtos, como os
anticorpos e algumas citocinas.
O HIV tem como alvo e infecta as células T-CD4+. Essas células são consideradas “linfócitos auxiliares”,
porque não matam ou neutralizam antígenos estranhos, antes sinalizando e recrutando outras células
imunes para fazê-lo. Uma vez no corpo do hospedeiro, o HIV procura rapidamente as células T-CD4+ e as
infectas. O vírus passa a comandar a função delas, transformando-as em fábricas que produzem novas
cópias do vírus.
O ciclo do HIV
Pode-se dizer que o ciclo do HIV nas células humanas inicia-se pela ligação das suas proteínas com
receptores específicos dos linfócitos T-CD4+. Uma vez que o envelope do vírus se funde com a membrana
da célula hospedeira, as proteínas virais são liberadas na célula, com transcrição do RNA viral em DNA
complementar por meio da ação da enzima transcriptase reversa. Esse DNA complementar migra para o
núcleo da célula, integrando-se ao DNA original. Com isso, a célula infectada começa a sintetizar proteína
viral, que formará a estrutura externa de cópias do vírus liberado pela célula hospedeira, para o que
concorrem as enzimas proteases.
Em consequência, novas células são infectadas, comprometendo-se o sistema imunológico de modo geral.
O sistema de defesa perde progressivamente a capacidade de responder de maneira adequada a agentes
externos, e o organismo torna-se mais vulnerável às doenças. Veja uma sequência de eventos pela qual o
HIV infecta as células e se multiplica.
Esquema do ciclo do HIV.
Tudo considerado, a infecção pelo HIV pode ser sumarizada nos seguintes estágios, todos eles suscetíveis
de atenuação via coquetéis medicamentosos que integram a terapia antirretroviral:
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O HIV procura a célula T-CD4+ e liga-se aos receptores na membrana externa da célula, a ela
fundindo-se e liberando RNA e enzimas virais.
O HIV converte seu RNA viral de fita simples em DNA de fita dupla, valendo-se de enzima
transcriptase reversa.
O HIV integra seu DNA viral recém-criado ao núcleo da célula T-CD4+, valendo-se de uma enzima
chamada integrase. Ao integrar suas instruções genéticas ao núcleo da célula, o vírus assume seu
comando.
A célula T-CD4+ começa a fabricar novas cópias do vírus, causando mutações e variações nos novos
vírions – partícula virótica infecciosa, constituída de um ácido nucleico (ADN ou ARN) e de uma
camada externa de proteínas (capsídeo) – o que dificulta sua identificação e destruição.
Os novos vírions do HIV migram para a membrana externa da célula T-CD4+. As enzimas proteases
ajudam a converter os vírions imaturos em vírions maduros e infecciosos. A seguir, os vírus maduros
emergem da célula original, o que é chamado de brotamento, passando a buscar outras células para
repetir o processo.
Ligação e entrada 
Transcrição reversa 
Integração 
Replicação 
Brotamento e maturação 
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Durante a fase aguda da infecção, a destruição celular induzida pelo HIV promove uma redução importante
e acelerada das células T-CD4+. Durante a fase crônica, as consequências da ativação imunológica
generalizada, juntamente com a perda gradual da capacidade de o sistema imunológico gerar novas células
T, parecem explicar um declínio mais lento no número de células T-CD4+.
Complementarmente, a viremia aguda costuma associar-se à ativação de células T-CD8+, as quais destroem
células infectadas pelo HIV e, posteriormente, levam à produção de anticorpos (processo de
“soroconversão”).
ComentárioA resposta das células T-CD8+ parece ser importante para controlar os níveis virais, que atingem um pico e
depois diminuem, à medida que as contagens das células T-CD4+ se recuperam.
Uma boa resposta das células T-CD8+ tem sido associada à desaceleração da doença e a um melhor
prognóstico, embora não seja capaz de eliminar completamente o vírus.
Ainda que os sintomas de imunodeficiência não apareçam por anos após a infecção inicial, a maior parte da
perda de células T-CD4+ ocorre durante as primeiras semanas de contato com o vírus. A infecção pelo HIV
leva à redução da quantidade de linfócitos T-CD4+ por meio de diversos mecanismos, entre os quais a
apoptose de células hospedeiras, morte viral de células infectadas e destruição por parte de linfócitos T
citotóxicos CD8+, que reconhecem as células infectadas como agressoras.
poptose
Termo criado por John Foxton Ross Kerr para denominar um tipo específico de morte celular, a programada. Ela
tem por objetivo garantir a manutenção de tecidos e órgãos, evitando que células com problemas ou
desnecessárias comprometam o funcionamento adequado do organismo. A apoptose também ocorre quando
o organismo é invadido por patógenos ou o DNA é lesionado.
Atenção!
Quando a capacidade de combate aos agentes externos pelo sistema imunológico torna-se criticamente
reduzida, o indivíduo passa a desenvolver doenças que seriam normalmente evitadas, as chamadas
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“infecções oportunistas” – nessa fase, diz-se que o portador do HIV desenvolveu a AIDS. Depreende-se do
exposto que nem todos as PVHIV têm AIDS.
O tratamento medicamentoso da doença pressupõe a interferência em qualquer fase do ciclo de reprodução
do vírus, seja impedindo a modificação do DNA da célula hospedeira, seja inibindo a produção de novas
partículas virais.
Formas de transmissão
As principais formas de transmissão horizontal do HIV são o contato sexual, o contato com sangue ou
hemoderivados (transfusão, drogas injetáveis, acidentes de trabalho etc.), podendo também ocorrer de
forma vertical (mãe para filho durante a gestação, parto ou aleitamento).
O HIV está presente em grande concentração nos fluidos corporais, sob a forma de
partículas livres ou células infectadas. Por isso, as principais vias de transmissão
são as relações sexuais desprotegidas, as seringas contaminadas e a transmissão
entre mãe e filho.
Compreende-se, então, o porquê de as principais estratégias de prevenção da doença incluírem o uso de
preservativos, agulhas e seringas esterilizadas ou descartáveis, o controle estrito da qualidade do sangue e
seus derivados, a adoção de cuidados em ocupações que envolvam o manejo de sangue e o controle de
doenças sexualmente transmissíveis em geral.
Por outro lado, o risco de transmissão por suor, saliva ou lágrimas é mínimo, em virtude da extremamente
baixa concentração de vírus nesses fluidos corporais.
Fisiopatologia do câncer
Câncer é um grupo de doenças caracterizadas pelo crescimento e pela reprodução anormais das células de
um tecido. Para o INCA (2020), câncer é o nome dado a mais de 200 doenças cuja característica é a
reprodução desordenada de células, as quais invadem tecidos e órgãos e podem espalhar-se para diversas
regiões do corpo.
A evolução do câncer é influenciada por dois fatores:
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Fatores intrísecos
Decorrem de erros aleatórios na replicação do DNA que provocam alterações na estrutura genética das
células, ativando oncogenes e desativando genes supressores de tumores.
Fatores extrínsecos
Têm origem no meio ambiente e em aspectos comportamentais que se refletem em risco maior ou
menor de desenvolvimento dos tumores. Alguns desses fatores são modificáveis, como é o caso de
hormônios, estado inflamatório, exposição à radiação, produtos químicos ou modos de vida
(tabagismo, inatividade física, desequilíbrio nutricional, etc).
Existem muitos tipos de câncer com características e sintomatologias diversas. Em geral, são classificados
assim:

Carcinomas
Aproximadamente 80% dos casos ocorrem no tecido epitelial (pele ou tecidos que revestem
órgãos internos). Em menor grau, podem aparecer em outros órgãos, como esôfago ou
estômago (carcinoma epidermoide) ou mama (adenocarcinomas).
Sarcomas
Começam nos músculos, cartilagens, articulações, ossos, adipócitos, vasos sanguíneos ou
tecidos conjuntivos de suporte.
Leucemias
D l t id h t iéti l t l li d d l ó
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Tumores
Entende-se como tumor qualquer proliferação anormal de células. O tumor pode ser classificado de duas
formas:
Desenvolvem-se no tecido hematopoiético, geralmente localizados nas medulas ósseas
vermelhas, mas também na medula óssea.
Linfomas
Desenvolvem-se no sistema linfático.
Mielomas
Ocorrem sobretudo nas células plasmáticas (plasmócitos) e nos linfócitos do tipo B (glóbulos
brancos produzidos pela medula óssea).
Melanomas
Atingem o tecido epitelial, mais especificamente a pele.
Câncer no sistema nervoso central
Modalidades que têm início nos tecidos do cérebro ou da medula espinhal.
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Tumores benignos
Permanecem confinados em seus locais de origem. Nesses casos, uma massa localizada de células se
multiplica vagarosamente, com caraterísticas similares ao tecido original e, em geral, não implica riscos.
Tumores malignos
As células cancerosas multiplicam-se e dividem-se rapidamente. Desse modo, as células anormais
tendem a ser agressivas e incontroláveis, determinando o acúmulo de células cancerosas, as neoplasias
malignas. Uma vez transportadas pelo sangue ou linfa, essas células podem invadir outros tecidos,
degradando-os e formando novas colônias ou metástases.
De certo modo, o câncer é doença de fundo genético, pois fenótipos malignos resultam de alterações
genéticas transmitidas de células alteradas para outras. Permanentemente, o processo de divisão celular é
realizado por milhões de células. A cada divisão, pode haver efeitos da exposição aos fatores cancerígenos
que nos cercam. No entanto, o desenvolvimento de clones de células tumorais é um evento relativamente
raro, já que uma série de barreiras fisiológicas precisa ser vencida para que um grupo de células se torne
cancerígeno.
Para que um tumor efetivamente se desenvolva, são necessárias muitas modificações genéticas que
interfiram efetivamente nos mecanismos responsáveis por proliferação, diferenciação e morte celular. Além
disso, uma única mutação dificilmente leva à formação de tumores, em virtude de mecanismos protetores
de redundância fisiológica. A Figura a seguir ilustra alterações progressivas no genoma celular que
desencadeiam o processo reprodutivo descontrolado característico do tecido canceroso.
Câncer como resultado do acúmulo de alterações no genoma celular.
A divisão celular normal é estimulada (ou regulada positivamente) por vias sinalizadoras. Essas vias
respondem a fatores extracelulares através de uma sequência de proteínas específicas. Por outro lado, um
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grupo de inibidores atua impedindo (ou regulando negativamente) as vias sinalizadoras da divisão celular.
Anormalidades nos genes estimuladores (chamados de oncogenes) ou nos protetores ou nos bloqueadores
do ciclo celular (chamados de genes supressores tumorais) podem conferir a uma célula vantagens de
crescimento e desenvolvimento sobre as células normais– com isso, sua reprodução se acelera ao mesmo
tempo que as funções celulares são perdidas.
Adicionalmente, as proteínas envolvidas no ciclo celular são codificadas por genes específicos. Quando
sofrem mutações, esses genes podem provocar desregulação do ciclo celular e, portanto, de sua
reprodução. Os genes que atuam estimulando o ciclo celular são chamados de proto-oncogenes, já que se
tornarão oncogenes ao sofrerem mutações. De outro lado, as proteínas responsáveis pelo controle negativo
do ciclo celular são codificadas por genes chamados de supressores tumorais. Mutações em ambos os
grupos comprometem os mecanismos controladores do ciclo celular normal.
Atenção!
Para que tumores se desenvolvam, uma única mutação nos genes não é suficiente. No ser humano, há
evidências de que seriam necessárias cerca de cinco a seis mutações sucessivas, para que uma célula
possa se tornar maligna.
Nossas células são programadas para viver um certo tempo. A morte celular programada consiste em
fenômeno denominado apoptose. Quem controla esse ciclo celular é o patrimônio genético do DNA. Em
alguns casos, ocorrem mutações em genes responsáveis pela divisão celular, e a célula afetada passa a
funcionar diversamente do conjunto de células sadias. Se esta célula defeituosa não sofrer apoptose ou for
destruída pelo sistema imunológico, pode produzir células defeituosas em taxa muito superior àquela das
células normais, formando-se o tumor maligno.
No caso das metástases, as células cancerosas são capazes de desprender do
tecido original, invadindo tecidos vizinhos. Para isso, perdem a adesão com as
células que lhes deram origem durante a fase de crescimento tumoral, durante a
qual nutriam-se por absorção de nutrientes do parênquima adjacente. Para que o
tumor alcance outras regiões, precisam produzir vasos que garantam suprimento
sanguíneo.
Enfim, ao migrarem através da corrente sanguínea ou linfática, devem sobreviver ao ataque de mecanismos
imunológicos de reconhecimento e eliminação, extravasarem para o parênquima de outros tecidos e ali se
multiplicarem.
Para que esse processo ocorra, é preciso ativar ou desativar uma série de genes. Adicionalmente, a
necessidade de aporte sanguíneo explica por que as metástases ocorrem preferencialmente em tecidos
ricamente irrigados, como pulmões ou intestinos. Certos tipos de câncer têm locais de metástase
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reconhecidamente preferenciais para a sobrevivência, como no caso do câncer de próstata que faz
metástase nos ossos ou do melanoma que evolui para o cérebro.
As evidências revelam que células não cancerígenas têm participação significativa em diversos processos
de progressão tumoral, tais como:

Angiogênese

Metástase

Proliferação celular
Entre as células do microambiente tumoral, destacam-se o papel das células do sistema imune e seus
produtos no tecido neoplásico. É sabido que o infiltrado inflamatório que adentra o tumor interfere no seu
desenvolvimento e na sua progressão.
A inflamação crônica é um dos fatores que mais concorrem para o aparecimento e
a progressão de tumores cancerígenos. Estados de inflamação crônica levam à
presença intensa de células imunes, visando regeneração tecidual contínua. É
exatamente essa aceleração demasiada e constante do ciclo celular que aumenta
as chances de mutações.
Instala-se no tecido uma microrregião mutagênica, com produção de espécies reativas de oxigênio e
nitrogênio pelas células imunes. Isso eleva ainda mais o risco de erros genéticos na reprodução celular.
Enfim, o fenômeno da angiogênese (neovascularização) é classicamente descrito em processos
inflamatórios, facilitando a nutrição de possíveis células tumorais e contribuindo para o seu espalhamento.
Experimentos demonstraram que as células do sistema imunológico atuam na remodelação tecidual e
contribuem para o desenvolvimento tumoral, metástase e tolerância imune.
Outra interessante perspectiva da associação do câncer com a atuação do sistema imunológico decorre da
teoria da “vigilância imunológica”. Esse conceito sustenta que o sistema imune é capaz de identificar e
eliminar tumores em desenvolvimento, evitando sua progressão. Todavia, correntes teóricas recentes
advogam que, assim fazendo, o sistema imunológico não apenas elimina células tumorais, mas também
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pode auxiliar na seleção daquelas mais aptas à sobrevivência – essa “edição imunológica” dificultaria a
própria defesa do organismo contra a progressão do câncer.
As pesquisas sobre imunovigilância e imunoedição propiciaram o desenvolvimento de estratégias
terapêuticas para estimular o potencial tumoricida do sistema imune, conhecidas sob a
denominação genérica de imunoterapia.
A imunoterapia pode ser aplicada em uma grande variedade de tumores. Ainda que pesquisas
adicionais sejam necessárias para avaliar o potencial desse tipo de abordagem farmacológica, os
resultados atuais são promissores.
Nos países mais desenvolvidos e com estruturas consolidadas de bem-estar social, investe-se na
universalização do acesso a essa estratégia de tratamento nos sistemas públicos de saúde.
Sob este aspecto, vamos agora conhecer a Imunoterapia? 
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A infecção das células T-CD4+ pelo HIV envolve fases que podem ser sumarizadas de acordo com a
seguinte sequência:
A Integração, replicação, ligação, brotamento e transcrição reversa.
B Ligação, entrada, transcrição reversa, integração, replicação, brotamento e maturação.
C Proteação, transcrição, replicação, brotamento e destruição.
D Contaminação, reprodução, ataque e destruição.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
As fases da infecção pelo HIV envolvem a ligação do vírus com receptores de membrana, conversão do
RNA viral em DNA de fita dupla, integração do DNA viral ao núcleo da célula, replicação de novas cópias
do vírus, maturação e brotamento para fora da célula infectada, com repetição do processo em outras
células.
Questão 2
De acordo com o modelo atual de oncogênese, é correto afirmar que
Parabéns! A alternativa D está correta.
E Viremia, ativação, soroconversão, imunodeficiência e destruição.
A
o câncer é determinado pela contaminação química de células antes saudáveis,
portanto de origem extrínseca.
B
o câncer é de origem fundamentalmente genética, portanto de prognóstico
eminentemente intrínseco.
C
o câncer é uma doença autoimune, ou seja, o sistema imunológico neutraliza células
saudáveis.
D
o câncer advém de mutações genéticas que alteram o ciclo de divisão celular em razão
de fatores intrínsecos e extrínsecos.
E
o câncer é provocado pela invasão de tecidos saudáveis por infiltrados inflamatórios
oriundos de tecidos subjacentes.
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O câncer decorre de células que sofrem uma sequência de mutações ou alterações genéticas que
levam à perda funcional em favor da capacidade de divisão celular. Essas alterações podem dever-se a
fatores intrínsecos (mutações genéticas herdadas ou erros na replicação do DNA) ou extrínsecos
(relacionados aos aspectos comportamentais).
3 - Exercício físico para pessoas com HIV-AIDS e câncer
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer as recomendações de prescrição do
exercício físico para pessoas com HIV e câncer.Vamos começar?
Prescrição de exercícios para pessoas com HIV-AIDS e

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câncer
Neste vídeo, veja a apresentação de um resumo sobre as principais recomendações para prescrição do
treinamento para pessoas com HIV-AIDS e câncer.
Exercício físico para pessoas com HIV-AIDS
Nos últimos anos, recomendações oficiais sobre a prescrição de exercícios para PVHIV começaram a ser
publicados (BRASIL, 2012; WHO, 2020). Se posicionamentos desse tipo não existiam nos primeiros anos da
identificação da AIDS, o advento da TARV aumentou a sobrevida dos indivíduos infectados e, com isso,
efeitos colaterais relacionados à infecção e ao tratamento aumentaram os riscos de problemas metabólicos
e cardiovasculares.
Comentário
A principal questão em programas de exercícios para PVHIV é o equilíbrio entre a redução do risco
cardiovascular e a melhoria da aptidão funcional – mas também os possíveis efeitos negativos na função
imune. Atividades físicas com intensidade ou volume excessivos podem comprometer a atividade das
células imunológicas, produzindo “janelas imunológicas” indesejáveis.
Assim, esforços físicos muito intensos ou extenuantes promoveriam prejuízo a um sistema imune já
combalido. Mas, por outro lado, evidências revelam que, em dose adequada, a atividade física não acarreta
prejuízos à função imunológica. Ao contrário, contribui para as condições funcionais dos pacientes, ao
mesmo tempo que reduz fatores de risco para doença cardiovascular (WHO, 2020).
Mas quais seriam o volume e a intensidade ideais de treinamento para melhorar a
aptidão funcional e condição clínica sem prejuízo de indicadores imunológicos?
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Não há evidências suficientes para concluir que o treinamento melhora ou prejudica o sistema imune,
embora alguns estudos sugiram que treinamento intenso ou excessivo possa deprimi-lo, enquanto o
treinamento moderado talvez melhore a sua atividade. Apesar de diversos componentes do sistema imune
poderem permanecer suprimidos até muitas horas após exercícios vigorosos ou prolongados, essa
resposta parece ser transiente e não se sabe se há reflexos no aumento de risco para infecções.
Atenção!
Sobre os efeitos imediatos dos exercícios físicos, a produção de catecolaminas e cortisol parece alterar a
circulação e a atividade de células responsáveis pela primeira barreira de defesa contra infecções, como as
células natural killer (NK), neutrófilos ou macrófagos, incluindo os leucócitos T-CD4+ e T-CD8+. Exercícios
intensos podem repercutir negativamente sobre a produção de citocinas que estimulam o sistema imune e
sobre a concentração de imunoglobulinas. A atividade dessas células diminui após exercícios extenuantes,
por períodos que vão de algumas horas até dias.
Por outro lado, isso não ocorre após exercícios de intensidade e duração moderada. Os efeitos crônicos do
exercício trazem benefícios na quantidade e na atividade dos componentes da imunidade inata (células NK)
e adquirida (linfócitos).
Alguns estudos investigaram se a prática regular de exercício físico auxilia na resposta da função imune de
PVHIV (SOMARRIBA et al., 2010; DIANATINASAB et al., 2020). Há consenso de que, no pior dos casos, a
prática de atividades físicas com volume e intensidade moderados não acarreta prejuízos. A maior parte
dos estudos não demonstrou mudança considerável na quantidade de células T-CD4+ ou relação CD4/CD8
viral em resposta ao treinamento, apesar da tendência favorável em alguns ensaios experimentais
(FARINATTI et al., 2008; PEDRO et al., 2017). Fato importante, pois essas são as principais células afetadas
pelo HIV. Em relação à carga viral, os resultados são inconclusivos. Quando a carga viral se apresenta
consolidada em patamares elevados, exercícios de intensidade moderada a intensa parecem não ter
repercussão, mas pacientes em que ela é reduzida ou indetectável seriam mais suscetíveis à piora em
resposta a cargas extenuantes (FARINATTI et al., 2008).
Entre os efeitos colaterais crônicos mais conhecidos da infecção pelo HIV associada à TARV, destacam-se:
Esse efeito pode ocorrer em estágios assintomáticos do HIV e durante o tratamento prolongado com
TARV (PINTO et al., 2013).
Perda de massa magra 
Diminuição acentuada da massa óssea 
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Que pode progredir para a osteoporose. Apesar de os mecanismos de perda óssea não serem
completamente compreendidos, aceita-se que fatores associados à infecção (proteínas virais e
alterações de natureza metabólica e endócrina), ao sistema imune (ativação de citocinas pró-
inflamatórias) e à TARV (utilização de inibidores de protease) podem comprometer a relação entre
formação e absorção óssea.
As PVHIV se beneficiam dos efeitos miogênicos e osteogênicos do exercício. Logo, exercícios resistidos
contribuem para a preservação da força e massa muscular de PVHIV em diferentes estágios da infecção
(WHO, 2020), diminuindo os riscos de síndrome consumptiva. Em relação à saúde óssea, estudo transversal
com dados de um longo ensaio clínico controlado (o SATURN-HIV) demonstrou que PVHIV que praticavam
pelo menos 150 minutos semanais de atividade física exibiam maior densidade mineral óssea do que
aqueles com menor tempo de engajamento.
Modificações nos hábitos de vida podem acarretar impactos psicossociais
positivos. A evolução da infecção pelo HIV tende a provocar alterações
psicológicas com impacto na vida social.
Pesquisa com população brasileira revelou que indivíduos infectados há mais tempo apresentavam pior
autoimagem do que pacientes mais recentes, vendo-se como mais magros e abatidos (FARINATTI et al.,
2008). Assim, observa-se o quão importante seria começar programas de exercícios nos estágios iniciais da
doença.
Sabe-se que a AIDS acarreta perda da capacidade funcional e lipodistrofia. Essa condição é caracterizada
por uma concentração excessiva de gordura no abdome, tórax e nuca, com redução de gordura na face, nos
braços e nas pernas. Ela ocorre principalmente em PVHIV que fazem uso prolongado da TARV. Essas
modificações pioram o prognóstico cardiovascular, acarretando mudanças metabólicas como resistência à
insulina e hiperlipidemia. Além disso, podem afetar negativamente a imagem corporal e autoestima. Deve-se
notar que modificações acentuadas na massa magra e distribuição da gordura podem levar o paciente à
revelação forçada do diagnóstico e reduzir a aderência ao tratamento com TARV (BRASIL, 2012).
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Assim, o exercício pode provocar respostas positivas em diversos componentes da qualidade de vida das
PVHIV. Adequadamente prescrito, com intensidade e volume compatíveis com as condições clínicas do
paciente, deve induzir efeitos similares aos observados em sujeitos não infectados, sem prejuízo ao sistema
imunológico.
Assim, são indicadas intervenções que possam incrementar a aptidão cardiorrespiratória e locomotora dos
pacientes, contribuindo com sua tolerância ao esforço, risco cardiovascular e sintomas psicológicos
desfavoráveis.
Diversas modalidades de exercícios podem ser aplicadas com esse objetivo. De forma geral, as
recomendações incluem exercícios aeróbios ou resistidos isolados ou combinados, com intensidade
moderada (50-75% da capacidade máxima de trabalho) em sessões de 20-30 minutos e frequência de 2-3
vezes por semana, com efeitos benéficos tendo sido identificados a partir de 8-12 semanas de intervenção.
O volume total de exercícios aeróbios deveria situar-se entre 150 e 300 minutospor semana, com exercícios
resistidos incluídos em pelo menos dois dias. Em virtude dos seus efeitos mais amplos sobre marcadores
de risco cardiovascular e capacidade de trabalho físico, o treinamento aeróbio é considerado como
prioritário em programas para PVHIV.
As evidências acerca do efeito isolado do treinamento resistido sobre indicadores de saúde e qualidade de
vida de PVHIV ainda são insuficientes para que se proponham recomendações (WHO, 2020). Contudo,
aceita-se que contribua para a manutenção da força e massa muscular.
Recomendação
A prática do treinamento resistido ao menos duas vezes por semana em combinação ao treinamento
aeróbio, incluindo séries múltiplas de 6-8 exercícios realizados com 8-12 repetições e intensidade moderada
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(60-80% da carga máxima), com ênfase nos segmentos corporais expostos à lipodistrofia (membros
inferiores, abdominal, peitoral, dorsal e braços).
A seguir, veja um resumo das características dos exercícios aplicados a PVHIV, conforme sugerido pela
excelente cartilha Tudo em cima: exercícios físicos e qualidade de vida com HIV (PAES; BORGES, 2010):
Características: exercícios com carga, em que se alternam intervalos de estímulo recuperação.
Benefícios: ganho de força e massa muscular e aumento da resistência muscular.
Cuidados e atenção: aumento gradativo da intensidade de acordo com as adaptações individuais.
Exemplos: exercícios com pesos, musculação, ginástica localizada, exercícios com o peso corporal e
pliométricos.
Características: os exercícios para flexibilidade buscam manter ou aprimorar essa qualidade física,
aumentando a capacidade de movimentar-se com maiores amplitudes.
Benefícios: propicia maior relaxamento corporal, além de aumentar ou manter a amplitude de
movimento e reduzir a restrição da mobilidade articular.
Cuidados e atenção: exercícios realizados de forma progressiva.
Exemplos: alongamento e ioga.
Características: o treinamento aeróbio está relacionado com a capacidade de utilizar e transportar o
oxigênio, utilizando e degradando maior quantidade de gordura. O treinamento deve ser com
intensidade moderada, regularmente distribuído entre duas e três horas semanais, no mínimo, em
atividades de acordo com a preferência pessoal.
Benefícios: diminuição da pressão arterial, da frequência cardíaca de repouso, maior dispêndio de
energia e utilização de gordura (triglicerídeos, ácidos graxos) como fonte de energia.
Treinamento de força 
Treinamento de flexibilidade 
Treinamento aeróbio 
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Cuidados e atenção: evitar ambientes de calor excessivo, utilizar vestimentas leves e adequadas e
reidratar-se.
Exemplos: corrida, natação e bicicleta.
Exercício físico para pessoas com câncer
O papel do exercício no prognóstico e na qualidade de vida de indivíduos com câncer é investigado há
tempos. As evidências indicam que programas de exercícios são seguros, viáveis e eficazes para
incrementar a aptidão física, atenuar a fadiga e melhorar a qualidade de vida das pessoas com câncer.
O mais importante estudo epidemiológico disponível é o de Moore e colaboradores (2016), que investigaram
a associação entre atividade física no lazer e incidência de câncer. O estudo foi realizado com uma
população de 1,44 milhão de participantes (de 19 a 98 anos) dos quais 186.932 indivíduos estavam
diagnosticados com câncer.
Maiores níveis de atividade física no tempo livre relacionaram-se a menor risco de
desenvolvimento de 13 tipos de câncer independentemente do estado nutricional.
O tabagismo modificou apenas a relação com o câncer de pulmão. Em suma, a
participação em atividade física no lazer foi fator primário para reduzir o risco de
câncer.
Em relação à prevenção do câncer de mama, haveria redução de 20-40% no risco em mulheres ativas. Em
mulheres pós-menopáusicas ativas, estudos indicaram que a redução do risco chega a 80%. Após o
tratamento, haveria uma relação inversa entre níveis de atividade física e mortalidade, assim, os exercícios
deveriam ser incluídos na rotina pós-tratamento, evitando a recidiva. Esses resultados são encorajadores,
pois o exercício consiste em intervenção acessível com grandes chances de modificar o desfecho da
doença.
Além da prevenção, observa-se que pacientes sobreviventes, os quais concluíram com sucesso o
tratamento primário, geralmente têm a expectativa de retomar suas atividades cotidianas no trabalho e
lazer. Mesmo sendo eficazes para prolongar a vida, muitos tratamentos são intensivos e invasivos, podendo
levar à fadiga crônica e à redução das atividades que envolvem esforço, comprometendo a qualidade de
vida. Esses efeitos podem ser prolongados e dificultar o retorno à vida normal.
Comentário
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A atividade física pode aliviar sequelas relacionadas ao câncer, auxiliando os pacientes a retomar a vida que
tinham antes do tratamento. Sua prática durante e após o tratamento pode melhorar muitos indicadores de
desempenho físico e ser bem aceita pelos pacientes. Vários ensaios clínicos avaliaram a eficácia da
atividade física em indicadores de saúde física e mental em pacientes após o tratamento, todos eles
relatam melhora significativa. Atualmente, programas de exercícios físicos devem ser incluídos no
tratamento da doença, com efeitos positivos nas dimensões física, psicológica e social. Além disso, a
eficiência de tratamentos invasivos, como quimioterapia ou radioterapia, parece ser otimizada.
Em contrapartida, os mecanismos subjacentes ao efeito protetor da atividade física em relação ao câncer
permanecem controversos. Duas hipóteses ainda são discutidas:
Primeira hipótese
Consideram-se os efeitos do exercício como intervenção capaz de diminuir o risco para a doença. Muitas
vias biológicas são sugeridas, incluindo redução do estado inflamatório, menor tempo de trânsito
intestinal, diminuição do nível circulante de fatores insulínicos de crescimento, controle da
hiperinsulinemia, melhor tolerância à glicose, secreção mais equilibrada de diversos hormônios, menor
estresse oxidativo e efeitos favoráveis na função imune.
Segunda hipótese
Investigam-se fatores produzidos durante o exercício agudo, incluindo catecolaminas e miocinas
(produzidas pelo próprio músculo), que teriam potencial efeito anticancerígeno.
Em relação às adaptações em longo prazo, nota-se que uma das contribuições da atividade física na
prevenção do câncer decorre dos efeitos no controle do peso e no percentual de gordura, uma vez que
muitos dos fatores de risco para a doença relacionam-se ao sobrepeso, especialmente o acúmulo de
gordura central.
Saiba mais
Outro benefício do exercício físico é a atenuação da perda de massa muscular induzida pelos tumores
(caquexia do câncer). Cerca de metade dos pacientes são afetados por essa síndrome, definida por perda
de peso, astenia e anorexia. Aproximadamente 20% das mortes pela doença estariam relacionadas mais à
caquexia que diretamente ao tumor. De forma geral, relaciona-se a caquexia a uma expressiva perda
muscular, acompanhada de redução do apetite, inflamação e resistência à insulina.
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Terapias farmacológicas e nutricionais complementadas por exercícios resistidos podem minorar o
problema, ajudando a preservar a massa muscular e controlar o ambiente pró-inflamatório que agrava o
quadro. Uma vez que o impacto sobre marcadores inflamatórios tende a ser maior no exercício aeróbio, a
associação entre treinamento aeróbio e resistido é consideradaideal.
A fadiga relacionada ao câncer acomete grande parte dos pacientes e relaciona-se com a perda de massa
muscular. De 25 a 99% das pessoas diagnosticadas exibirá essa condição durante ou após o tratamento.
Essa síndrome envolve cansaço físico e psicológico, que não são aliviados pelo descanso ou sono, isso tem
impacto negativo nas atividades diárias, motivação, capacidade de trabalho e qualidade de vida.
Alguns dos prováveis mecanismos incluem modificações desfavoráveis no metabolismo muscular, eixo
hipotálamo-hipófise-adrenal, ritmo circadiano, produção de citocinas e estresse oxidativo. Esses dois
últimos fatores podem estar na origem da redução muscular progressiva e a prática de exercícios parece
contribuir com a atenuação dessas alterações, dependendo do tipo, estágio da doença e duração da
intervenção.
Atenção!
O efeito anti-inflamatório dos exercícios é importante na avaliação da prevenção do risco e da contribuição
ao tratamento. Níveis elevados de fatores pró-inflamatórios e reduzidos de fatores anti-inflamatórios
associam-se a risco aumentado de desenvolvimento de diversos tipos de câncer. A prática regular de
exercícios tem influência favorável tanto aguda quanto cronicamente.
Entre as citocinas influenciadas pelo exercício, na defesa contra o câncer, destaca-se:
O fator inibitório de migração de macrófagos (MIF) que inibe as células natural killer
(NK) e estimula a invasão de células tumorais.
Uma única sessão de exercícios moderados a intensos parece regular a ação do MIF para retardar a
evolução do tumor.
Os exercícios físicos provocam respostas favoráveis no sistema imune que, ocorrendo sistematicamente,
parecem ter efeito anticancerígeno.
Em geral, haveria mudanças no perfil de liberação de citocinas, distribuição das células do sistema imune e
invasões de células cancerosas que são importantes para combater a evolução de tumores. A estimulação
do sistema imunológico tem papel relevante não apenas na redução do risco de câncer, mas no combate a
tumores existentes.
Resumindo
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Existe ligação entre exercício, câncer e sistema imune, particularmente as células NK, que consistem na
primeira linha de defesa contra o desenvolvimento de tumores malignos. O exercício contribui com a
produção de miocinas pela própria musculatura esquelética, entre elas a interleucina-6 (IL-6) cujos níveis
elevam-se durante o exercício, particularmente quando vigorosos. O aumento de IL-6 acelera a atividade
células NK, o que é potencializado pela presença de catecolaminas.
O exercício pode atuar diretamente na estrutura microvascular do tumor, resultando no desequilíbrio entre
oferta e demanda de oxigênio. Isso aumenta a hipóxia, reduz a perfusão, potencializando o efeito de
tratamentos farmacológicos. Na medida em que promove melhoria funcional e mudanças vasculares
tumorais, o exercício contribui para aumentar a densidade capilar e perfusão vascular, com melhoria na
captação tumoral de drogas terapêuticas e expondo mais células malignas ao tratamento.
Reconhece-se que exercícios deveriam ser aplicados no tratamento multidisciplinar
do câncer. Aceita-se que exercícios com intensidade e volume moderados
influenciem positivamente o sistema imunológico e ajudam a preservar sua função.
Exercícios para pacientes com câncer revestem-se de propósitos diferentes daqueles observados em outros
tipos de reabilitação. Intervenções que diminuam o impacto de efeitos colaterais, ao mesmo tempo que
aumentem a segurança das atividades cotidianas e potencializem o efeito dos tratamentos aplicados são
desejáveis.
Contraindicações para o início ou a continuidade de programas de treinamento decorrem do estado clínico
do paciente. Cada caso deve ser discutido com o médico. É necessário observar fatores associados ao
processo neoplásico e ao tratamento, os quais podem ser agravados pelo exercício.
Exemplos que podem contraindicar a prática de exercícios por pacientes oncológicos são os seguintes:
Fraturas patológicas;
Limitações cardiovasculares ou pulmonares induzidas pela quimioterapia ou radioterapia;
Anemia;
Desidratação;
Infecções.
Na prática, pacientes iniciantes e com condição física reduzida utilizam intensidade moderada em sessões
de 20 minutos, patamar que poderá ser aumentado na medida da tolerância do paciente. Adota-se como
volume máximo em torno de 150 minutos/semana, preferencialmente em modalidades cíclicas. Volumes
maiores parecem não permitir recuperação, com possibilidade de diminuição dos benefícios.
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Recomendação
Exercícios devem iniciar com baixa intensidade e volume, progredindo de acordo com os níveis de evolução
clínica dos pacientes. O alvo recomendado é de 30 a 60 minutos diários com intensidade moderada à
vigorosa. O treinamento de força isolado inicia com duas séries de 8 a 12 repetições de exercícios gerais,
com intensidade de 60-75% de 1RM e PSE moderada a vigorosa. Quando as duas modalidades forem
combinadas em uma mesma sessão, a duração do exercício aeróbio poderá ser flexibilizada para 20-40
minutos, sem modificação das demais variáveis de treinamento.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A relação entre o exercício físico e HIV-AIDS tem sido estudada nos últimos anos. Quanto a essas
relações, pode-se afirmar que
A
é contraindicado por acarretar “janelas imunológicas” indesejáveis, as quais são uma
porta aberta às infecções oportunistas.
B
o treinamento intenso e com grande volume melhora a função imune de forma aguda e
crônica.
C
as “janelas imunológicas” são transientes e treinamentos de intensidade e volume
moderados tendem a melhorar a função imune em longo prazo.
D
a maior liberação de cortisol e catecolaminas durante o exercício previne as “janelas
imunológicas” acarretadas pelo exercício físico agudo.
E
a maior parte dos estudos indica diminuição considerável da quantidade de células T-
CD4+ e aumento da carga viral após exercício crônico.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Recomendam-se para PVHIV exercícios físicos moderados, uma vez que os riscos de diminuição do
sistema imunológico seriam menores. Exercícios de intensidade alta ou duração prolongada associam-
se à grande dispêndio energético e estresse físico, com liberação excessiva de hormônios adrenérgicos
e cortisol que aumentam os riscos de ocorrência de “janelas imunológicas”.
Questão 2
Quanto à relação entre exercícios físicos e o câncer, é correto afirmar que
Parabéns! A alternativa E está correta.
A atividade física pode aliviar sequelas relacionadas ao câncer e seu tratamento, auxiliando os
pacientes a retomar a vida que tinham antes. Efeitos favoráveis no estado inflamatório, fatores de risco
diversos, função imune e produção de miocinas com efeito antineoplásico podem contribuir com menor
chance de recidiva da doença.
A a prática de exercícios é benéfica após, mas não durante o tratamento do câncer.
B a prática de exercícios é benéfica durante, mas não após o tratamento do câncer.
C
a prática de exercícios é benéfica em termos de prevenção do câncer, pouco
contribuindo para o tratamento da doença.
D a prática de exercícios mostra-se inócua, uma vez que o câncer é uma doença genética.
E
a prática de exercícios é benéfica, pois atenua sequelas e melhora a tolerância ao
tratamento.
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Considerações �nais
HIV-AIDS e câncer são doenças que impactam de forma significativa o sistema imunológico. Estruturar o
treinamento físico com objetivo de fortalecer a imunidade e impedir que ela se deteriore é crucial para essas
populações. Além disso, o exercício é capaz de reduzir possíveis efeitos colaterais do tratamento
farmacológico.
Para a prescrição adequada do treinamento, esteja atento às recomendações das principais agências
normativas e ao que a literatura fornece de novo, principalmente em fontes científicas de grande poder de
evidência, como as revisões sistemáticas com metanálise e ensaios randomizados e controlados.
Podcast
Neste podcast, teremos a apresentação da epidemiologia e fisiopatologia do HIV-AIDS e do câncer; resumo
das principais orientações para a prescrição do exercício físico para pacientes com HIV-AIDS e câncer.
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Referências
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Confira as indicações que separamos para você!
Leia o estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) intitulado Atividade física e
câncer: recomendações para prevenção e controle, publicado em 2022.
Assista no canal do YouTube Vencer o Câncer à entrevista com a fisiatra Christina Brito, coordenadora do
Serviço de Reabilitação do Instituto do Câncer em São Paulo e do Hospital Sírio-Libanês. No vídeo
Exercícios ajudam na prevenção e no tratamento do câncer, a especialista esclarece como os tipos de
câncer podem ser prevenidos com exercícios e quais as modalidades que mais contribuem para isso.
Consulte o infográfico publicado no site do American College of Sports Medicine (Colégio Americano de
Medicina Esportiva) com as recomendações para a prescrição de exercícios na prevenção e no tratamento
do câncer. Está em inglês: New Infographic Available – Exercise Guidelines for Cancer Patients and
Survivors.
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