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Sistema Imune - Coleção Medicina Resumida

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MEDICINA
RESUMIDA
Autores
Evelyn Moura De Assis
Pedro Eustáquio Urbano Teixeira
Revisora Técnica
Denise Carneiro Lemaire 
Sistema�Imune
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CAPÍTULO
17 
Imunidade Inata 1
1. CASO CLÍNICO
João, um garoto de seis anos, chega em casa após um jogo de futebol 
com os amigos queixando-se de dor na parte posterior da perna direita. 
Judite, sua mãe, percebe um corte na perna do filho e o orienta a lavar a 
região com água e sabão para evitar que algum bicho se aproveite e pe-
netre a pele machucada. João, como toda criança curiosa, pergunta: “Mãe, 
por onde o bicho pode entrar?”, e sua mãe responde: “Pela sua pele lesa-
da, filho”. João, insatisfeito, questiona: “E o que eu vou fazer para tirar esse 
bicho de dentro de mim, mãe? Eu vou ficar doente?”. Sua mãe responde: 
“Filho, nosso corpo tem o sistema imunológico que produz barreiras e cé-
lulas de defesa para nos proteger”. Ainda intrigado, João pergunta: Mãe, 
o que é sistema imunológico e como ele sabe que tem um bicho em meu 
corpo?”.
Se você fosse a mãe de João, o que você teria que estudar para respon-
der a ele? Agora é sua vez! 
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
18 
1.1 POSSÍVEIS PALAVRAS OU TERMOS DESCONHECIDOS
• Sistema imunológico: conjunto de células e moléculas responsáveis 
pela imunidade, isto é, defesa contra substâncias estranhas.
1.2 PALAVRAS-CHAVE
"Corte", "Pele lesada", "Barreira", "Sistema imunológico".
1.3 OBJETIVOS
• Conceituar e caracterizar o sistema imunológico.
• Identificar o papel da pele como barreira às infecções.
• Identificar e caracterizar as principais células efetoras do sistema 
imune.
• Identificar e caracterizar os componentes moleculares e celulares do 
sistema imunológico inato.
• Estabelecer os mecanismos de ativação dos componentes do siste-
ma imune inato.
• Identificar as moléculas envolvidas no reconhecimento dos micror-
ganismos pelo sistema imune inato.
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CAPÍTULO 01
19 
2. INTRODUÇÃO
O sistema imunológico envolve um conjunto de células e moléculas 
que atuam de forma coordenada na defesa do corpo humano contra subs-
tâncias danosas. Os mecanismos ativados em resposta a essas substâncias 
são classificados em: (1) forma inicial e imediata, a qual chamamos de imu-
nidade inata ou natural; e (2) outra forma mais tardia, que aparece após 
alguns dias, a qual chamamos de imunidade adquirida ou adaptativa. 
As substâncias que estimulam as respostas específicas do sistema imu-
ne são denominadas antígenos. Os antígenos podem estar presentes em 
microrganismos, corpos estranhos, células tumorais, órgãos transplanta-
dos, substâncias que causem alergias etc. Você perceberá durante todo 
o livro que nossos exemplos e explicações geralmente se associam a mi-
crorganismos infecciosos. Além da principal função do sistema imune 
ser, sim, a defesa contra esses patógenos, a compreensão dos inúmeros 
mecanismos pelos quais o sistema imune funciona é facilitada quando o 
agente agressor é um microrganismo patogênico. É simplesmente mais 
fácil explicar, e entender, a atuação do sistema imune se for contra um ví-
rus ou uma bactéria do que contra um órgão transplantado ou uma célula 
tumoral.
Os mecanismos da imunidade inata, ou natural, constituem a primeira 
linha de defesa do nosso organismo e responde apenas à microrganis-
mos infecciosos ou aos produtos das células lesadas. Ele inclui estrutu-
ras celulares e bioquímicas de defesa que, constitucionalmente, já estão 
prontas para atuar ou são ativados rapidamente. Esses mecanismos não 
se caracterizam pela especificidade contra um determinado agente infec-
cioso, e sim pela identificação de estruturas que são comuns a grupos de 
microrganismos, a exemplo do Lipopolissacarídeo (LPS) presente na pare-
de celular de bactérias gram-negativas. Além de não haver diferenciação 
entre discretas composições das substâncias estranhas, não há geração de 
memória imunológica. Ou seja, a imunidade inata é como o ferrolho em 
sua porta ou o alarme em seu carro. Independentemente de quem tente 
invadir sua propriedade, seja um ladrão ou seja um parente, a porta estará 
trancada e o alarme pronto para disparar. São mecanismos contra as infec-
ções que existem, estando o agente infeccioso presente ou não.
Por outro lado, a imunidade adquirida, também chamada adaptativa, 
envolve mecanismos que se caracterizam pela resposta específica ao an-
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
20 
tígeno. O antígeno precisa estar presente. Após a exposição, há alterações 
nas funções de determinadas células para que aquele antígeno, respon-
sável pelo estímulo à resposta, seja eliminado. Os mecanismos de defesa 
não estão prontos, esperando o patógeno aparecer. Eles são montados 
em resposta à presença dele. Além disso, esse tipo de resposta gera me-
mória imunológica, a qual garante uma resposta resolutiva mais rápida 
em um próximo contato com aquele mesmo antígeno.
As principais características das respostas imunes adaptativas são es-
pecificidade, diversidade, memória, especialização, expansão clonal, au-
tolimitação e homeostasia. 
1. Especificidade: As respostas adquiridas são específicas para cada 
antígeno. Os antígenos têm porções chamadas epítopos, ou deter-
minantes, que são reconhecidos pelos receptores de linfócitos, de-
sencadeando os mecanismos efetores. Especificidade é exatamente 
a capacidade de reconhecer algo próprio de cada antígeno, não con-
fundindo um com o outro.
2. Diversidade: Estima-se que o sistema imunológico de uma pessoa 
possa discriminar de 107 a 10 9 determinantes antigênicos diferentes.
3. Memória: Linfócitos estimulados podem diferenciar-se em células com 
meia vida longa, denominados linfócitos de memória. Essas permitem 
que as respostas secundárias, ou seja, aquelas posteriores a uma primei-
ra exposição ao patógeno, sejam mais rápidas, eficientes e específicas.
4. Especialização: Cada tipo de resposta envolve a ativação de meca-
nismos que protegem contra um determinado microrganismo. Pode 
até ter respostas diferentes para um mesmo antígeno.
5. Expansão clonal: Após exposição e reconhecimento, há ativação e 
proliferação de linfócitos, com geração de um clone de células que ex-
pressam receptores idênticos àqueles presentes na célula que deu ori-
gem ao clone (aquele que foi ativado por um determinado antígeno).
6. Autolimitação e homeostasia: Se o antígeno for eliminado, o estí-
mulo cessa, e as respostas imunes diminuem de intensidade, retor-
nando ao basal, com os linfócitos de memória em repouso.
A maioria das respostas imunológicas do hospedeiro aos antígenos 
são compostas pelos mecanismos dos dois tipos de imunidade: inata e 
adquirida. Isso ocorre porque, durante o processo evolutivo, a maioria dos 
microrganismos criou mecanismos para evadir à imunidade inata e per-
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CAPÍTULO 01
21 
manecer no hospedeiro. Dessa forma, a resposta imune inicial consegue, 
por vezes, apenas conter a disseminação do antígeno, mas será a resposta 
adquirida a responsável por sua eliminação. A resposta natural, na realida-
de, estimula a resposta adquirida. Alguns microrganismos mais patogêni-
cos, entretanto, são capazes de escapar dos mecanismos efetores da pró-
pria imunidade adquirida. Eles sobrevivem e permanecem no hospedeiro, 
em uma forma de latência ou de multiplicação e disseminação. O principal 
exemplo é o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). 
Voltando ao caso, quais são as barreiras que a mãe de João disse que 
compõem o sistema imunológico? Em se tratando de uma simples feri-
da na perna ocorrida há poucas horas, qual tipo de resposta imunológica 
deve estar predominando no momento: inata ou adquirida?
 
Imagem 1: Imunidade inata e adaptativa. 
Na imagem 1, acima, podemos perceber os principais componentes das 
imunidades inata e adquirida e o tempo, após o início da infecção, para ativa-
ção dos mecanismosde cada tipo de resposta. Como dissemos anteriormen-
te, as barreiras e células do sistema imune natural estão sempre a postos, 
prontos para prevenir ou eliminar a infecção assim que o microrganismo en-
tra o nosso corpo. Seu início, portanto, é imediato. Por outro lado, os meca-
nismos da imunidade adaptativa requerem apresentação adequada dos an-
tígenos por células especializadas e a montagem de um aparato específico 
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
22 
para eliminar o microrganismo de forma mais efetiva. Geralmente demoram 
mais de um dia para entrar em cena; a resposta primária demora cerca de 
quinze dias em média, e a secundária pode ser mais rápida, iniciando em 
um ou dois dias. No nosso caso, portanto, são os mecanismos da imunidade 
inata que estão predominando na batalha contra os agentes infecciosos.
3. IMUNIDADE INATA
O conjunto de mecanismos da imunidade inata é composto por barreiras 
físicas, químicas e biológicas, células fagocitárias, sistema complemento e res-
posta inflamatória. Sistema complemento? Sei que muitos pensam que o siste-
ma complemento é parte da imunidade adquirida, mas quando você estudar 
o capítulo que aborda especificamente o tema, vai perceber que algumas vias 
de ativação do sistema complemento não dependem de mecanismos efetores 
da imunidade adquirida, podendo ser considerado parte da imunidade inata. 
Para um agente infeccioso, ou qualquer corpo estranho, estimular a 
resposta imunológica, eles precisam primeiro invadir o corpo humano. 
Isso ocorre quando as barreiras físicas e químicas são ultrapassadas. Uma 
abertura em alguma dessas barreiras, como o corte na pele do nosso caso, 
pode facilitar a entrada desses agentes. 
As barreiras físicas são compostas pelas superfícies epiteliais, como a 
pele, e pelas superfícies mucosas do trato digestório e respiratório. Esses 
três (pele, trato gastrointestinal e trato respiratório) são os principais locais 
de entrada de patógenos, visto que estão em contato direto com o am-
biente externo. Essas barreiras estão associadas à microbiota de bactérias 
não patogênicas que competem com os patógenos pelos nutrientes e pe-
los sítios de adesão. Dessa forma, acabam por tornar-se mais uma cama-
da de proteção. Cada região possui uma microbiota que pode produzir e 
liberar substâncias antimicrobianas, como o ácido lático produzido pelos 
lactobacilos vaginais, que auxiliam dificultando a sobrevivência de micror-
ganismos potencialmente danosos. 
As superfícies epiteliais intactas têm junções ocludentes que não dei-
xam brechas para invasão. Como dito anteriormente, além de barreiras fí-
sicas, há barreiras químicas. Os epitélios e leucócitos locais produzem 
peptídeos que atuam como antibióticos naturais: defensinas e catelicidi-
nas principalmente. As defensinas, produzidas pelas células epiteliais de 
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CAPÍTULO 01
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superfícies mucosas e por leucócitos que contêm grânulos, têm toxicida-
de direta, destruindo os microrganismos, e indireta, ativando células da 
resposta inflamatória. As catelicidinas, liberadas pelos neutrófilos, pele, 
mucosa gastrointestinal e respiratória, agem de forma semelhante.
Veremos adiante, em ou-
tros capítulos, que os linfó-
citos B e T são as principais 
células da resposta imune 
adquirida. Acontece que em 
nossos epitélios de barreira 
há alguns subconjuntos de 
linfócitos B e T que expres-
sam receptores de antígenos 
com menor especificidade 
e diversidade. Esses recep-
tores, ao invés de reconhe-
cerem estruturas que dife-
renciam os microrganismos, 
mesmo aqueles semelhantes, 
reconhecem estruturas que 
são comuns a um conjunto de patógenos, da mesma forma que os recep-
tores da imunidade inata. As células que contêm esses receptores são os 
linfócitos T intraepiteliais, linfócitos B1 e linfócitos B da zona marginal do 
baço. Elas atuam secretando citocinas, ativando fagócitos e auxiliando na 
eliminação de células infectadas. 
As mucosas podem produzir e liberar muco, que são glicoproteínas 
(mucinas), e atuam recobrindo e imobilizando os antígenos. Sua ação é 
auxiliada pela presença dos cílios, que promovem a expulsão do antígeno 
previamente imobilizado. Mucosas gastrointestinais podem liberar subs-
tâncias ácidas, diminuindo o pH e causando desnaturação de proteínas e 
consequente inativação de alguns microrganismos. Atuam, também, atra-
vés da liberação de enzimas digestivas antibacterianas, que funcionam 
como barreira química.
Curiosamente, lágrimas e saliva também funcionam como barreiras, 
pois, além da ação mecânica, possuem enzimas com ação antibacterianas, 
como a lisozima e a fosfolipase A.
Imagem 2: Barreiras epiteliais 
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
24 
4. RECEPTORES DO SISTEMA IMUNE INATO
Lembra-se da pergunta que João fez para a mãe, de como o sistema 
imunológico sabia que havia um microrganismo no corpo dele? Tudo tem 
a ver com os receptores presentes em nossas células e sua interação com 
as moléculas expressas pelos patógenos.
As células da imunidade inata atuam identificando e fagocitando os 
antígenos ou ativando a reposta inflamatória. Essas células reconhecem 
os antígenos através da ligação de alguns de seus receptores com estru-
turas características de patógenos. Que estruturas são essas? Podem ser 
componentes da parede celular, algum carboidrato, ácido nucleico ou 
proteína que seja diferente do que nosso organismo está acostumado etc. 
Ou seja, pode ser qualquer coisa que não seja comum ao nosso corpo. O 
interessante é que essas estruturas geralmente são essenciais para a so-
brevivência desses patógenos. Ou seja, elas têm que estar presentes para 
que o microrganismo seja capaz de sobreviver. São chamadas de Padrões 
Moleculares associados a Patógenos (PAMPs). Os receptores que se ligam 
a essas estruturas são chamados de Receptores de Reconhecimento de 
Padrões. Existem, também, os Padrões Moleculares Associados ao Dano 
(DAMPs). Esses são expressos por células próprias que, por algum motivo, 
seja diferenciação maligna ou infecção, estão lesionadas, danificadas. 
Os principais PAMPs são: RNA de dupla-hélice nos vírus em replicação, 
proteínas bacterianas que são iniciadas pelo aminoácido N-formilmetioni-
na, Lipopolissacarídeos (LPS) em bactérias gram-negativas, ácido tecoico 
em bactérias gram-positivas e oligossacarídeos ricos em manose.
A classificação gram-negativa e gram-positiva das bactérias é devido ao 
método de Gram de coloração. O pesquisador Christian Gram, em 1884, de-
senvolveu esse método de coloração em que trata o esfregaço bacteriano 
com os reagentes cristal violeta, lugol, álcool e fucsina. Toda bactéria cora-
-se de roxo devido à absorção do complexo cristal violeta e o lugol. Quando 
lavadas pelo álcool, entretanto, as bactérias ditas gram-positivas continuam 
coradas, enquanto as bactérias gram-negativas perdem a cor. Assim, essas 
bactérias quando tratadas com a fucsina, adquirem sua coloração averme-
lhada. Quando observadas no microscópio, as gram-positivas são roxas e as 
gram-negativas são avermelhadas. Essa diferença na coloração ocorre de-
vido às diferenças estruturais das bactérias. O peptídeoglicano espesso nas 
bactérias gram-positivas são os principais responsáveis.
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CAPÍTULO 01
25 
 É importante recordar que o sistema imune adquirido tinha especifi-
cidade para cada antígeno, podendo diferenciar um do outro por mais pa-
recidos que fossem. A imunidade inata não funciona assim. Se o microrga-
nismo A e o microrganismo B apresentarem o carboidrato manose, será o 
carboidrato o responsável pela identificação, e não algo que os diferencie. 
Já no reconhecimento pela imunidade adaptativa, o carboidrato pode até 
estar presente, mas os receptores irão se ligar a outros componentes que 
sejam específicos de cada microrganismo. Isso ocorre porque, de maneira 
geral, os receptores da imunidade inata reconhecem carboidratos,lipíde-
os e ácidos nucleicos, ao passo que os receptores da imunidade adquirida 
reconhecem, principalmente, proteínas. 
Imunidade Inata
Imunidade Adquirida
Microrganism
os diferentes
Receptores de 
manose 
idênticos
Microrganism
os diferentes
Moléculas de 
anticorpo 
distintas
Imagem 3: Especificidade 
Há vários receptores de reconhecimento de padrões: receptores se-
melhantes à Toll, Lectinas tipo C, receptores scavenger ou varredores, re-
ceptores a N-formil Met-Leu-Phe, receptores NLRs e receptores CARD. Eles 
podem ser expressos na superfície celular ou no interior das células, como 
Microrganismos 
diferentes
Microrganismos 
diferentes
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
26 
na vesícula endossômica, na membrana do retículo endoplasmático e no 
citoplasma. 
Os receptores semelhantes à Toll (TLRs) são expressos nas membranas 
de superfície e nas membranas intracelulares, onde detectam ácidos nu-
cleicos microbianos. Suas vias de sinalização levam à ativação do fator de 
transcrição NF-Kappa B (NFkB) que estimula a expressão de genes que co-
dificam moléculas da resposta inata, como citocinas e moléculas de ade-
são endotelial. Sabemos que às vezes, quando juntamos muitas siglas em 
um parágrafo só, fica um pouco difícil de entender. Vamos explicar com 
mais detalhes esse tipo de receptor, já que é o principal, e você aplica o 
conhecimento adquirido aos outros. 
Os TLRs estão presentes tanto na membrana celular, virados para o 
lado de fora da célula, quanto em vesículas endossomais, virados para 
dentro deste compartimento membranar. Dessa forma, se um antígeno 
está no meio extracelular ou foi fagocitado e está em alguma vesícula en-
dossomal, ele pode se ligar a um desses receptores. Eles detectam ácidos 
nucleicos microbianos e, após o reconhecimento, ativam alguns mecanis-
mos intracelulares que culminam na secreção de citocinas e na expressão 
de moléculas de adesão. As citocinas vão ajudar a recrutar leucócitos para 
o local onde o microrganismo foi detectado e as moléculas de adesão vão 
garantir que os leucócitos que estejam passando por perto “grudem” e se-
jam capturados para os tecidos infectados. Entendeu? Basicamente, o que 
acontece é contato ⇒ reconhecimento ⇒ estímulo a algum mecanismo 
que vai ajudar a eliminar o microrganismo. 
Além de receptores voltados para o meio extracelular e para vesículas 
endossomais (TLRs), temos alguns voltados para o citosol, prontos para 
reconhecer microrganismos intracelulares. Os NLRs são um conjunto de 
moléculas citoplasmáticas. Um subconjunto das NLRs chamado de Nods, 
especialmente o Nod1 e o Nod2, reconhece peptideoglicanos da parede 
celular bacteriana. Nas células epiteliais, por exemplo, o Nod1 é um impor-
tante ativador da resposta imunológica, pois a concentração de recepto-
res semelhantes à Toll é pequena. 
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CAPÍTULO 01
27 
Imagem 4: Localizações celulares das moléculas de reconhecimento de padrões do sistema imune inato.
 As lectinas tipo C são moléculas que reconhecem estruturas de car-
boidratos, principalmente manose, encontradas nas paredes celulares de 
microrganismos. Elas são expressas nas membranas plasmáticas. 
Os receptores varredores (scavenger) representam um grupo de mo-
léculas que medeiam a captação de lipoproteínas oxidadas e microrga-
nismos para dentro das células. Por isso, estão associados à formação de 
células de espuma (macrófagos repletos de LDL-colesterol oxidado) na 
aterosclerose.
Os receptores a N-formil Met-Leu-Phe detectam proteínas bacterianas, 
já que estas são iniciadas por N-fomilmetionina.
Os receptores CARD, que são as proteínas que contêm domínio de ati-
vação e recrutamento de caspase, são receptores citoplasmáticos que se 
ligam ao RNA viral.
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
28 
5. CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE INATO
As células que expressam esses receptores são os neutrófilos, basófilos, 
células mononucleares do sistema fagocítico, eosinófilos e células dendri-
tícas. 
Os neutrófilos, na maioria das respostas imunológicas, são as células 
que chegam primeiro nos locais de inflamação e são as mais abundan-
tes nas fases iniciais das respostas inflamatórias (até 72h). Representam a 
maioria das células sanguíneas brancas circulantes. Recebem o termo leu-
cócitos polimorfonucleares porque seu núcleo é segmentado em peque-
nos lóbulos. Seu citoplasma contém 2 grânulos: (1) os específicos, conten-
do lisozima, colagenase e elastase e (2) os azurófilos, que são lisossomos. 
Após atuarem no local da infecção, eles morrem e compõem o pus, que 
é constituído por bactérias, neutrófilos mortos, material semidigerido e 
líquido extracelular. Se não houver recrutamento dos neutrófilos, eles cir-
culam no sangue por aproximadamente 6h, morrem por apoptose e são 
fagocitados por macrófagos residentes do fígado e do baço. Nosso corpo 
produz em torno de 1011 neutrófilos por dia. 
Os fagócitos mononucleares são os monócitos e os macrófagos. Os 
monócitos são células circulantes, incompletamente diferenciadas que, 
ao atravessar o endotélio, chegam ao tecido maturam-se e se transfor-
mam em macrófagos. Os macrófagos atuam promovendo a fagocitose 
de microrganismos e liberando citocinas que promovem a inflamação. En-
contram-se em abundância no local de inflamação, geralmente após 72h 
do início do processo inflamatório. Além disso, podem produzir espécies 
reativas de oxigênio e de nitrogênio. Além de células da imunidade inata, 
são consideradas células efetoras da imunidade adquirida celular, já que 
os linfócitos os ativam para tornar mais efetivo o processo de degradação 
dos microrganismos fagocitados. Os macrófagos recebem diferentes de-
nominações dependendo do tecido onde estão. São chamados de micró-
glia no sistema nervoso central (SNC), de células de Kupfer no fígado e de 
macrófagos alveolares no parênquima pulmonar, atuando em todos esses 
tecidos como células de defesa. No tecido ósseo são chamados de osteo-
clastos, promovendo a reabsorção e o remodelamento ósseo.
 
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CAPÍTULO 01
29 
Imagem 5: Maturação dos fagócitos mononucleares. 
Os eosinófilos são células que participam da defesa contra parasitas. 
Como esses microrganismos são muito grandes para serem fagocitados, 
os eosinófilos atuam liberando, para o meio extracelular, substâncias ca-
pazes de destruir os patógenos, como uma proteína chamada proteína 
básica, que é rica em arginina e lisossomos. Ou seja, essas células contêm 
grânulos em seu interior compostos por essas substâncias. Além disso, 
têm um núcleo que é geralmente bilobulado, o que auxilia em seu reco-
nhecimento à microscopia. 
Os basófilos têm um citoplasma carregado de grânulos grandes, que 
obscurecem o núcleo. Esse núcleo é volumoso, de forma retorcida e irre-
gular, com o aspecto da letra S. Seus grânulos contêm histamina, fatores 
quimiotáticos para eosinófilos e neutrófilos e heparina, que são liberados 
para o meio extracelular durante a resposta imunológica. Seu citoplasma 
também têm receptores para a imunoglobulina E, que participam da res-
posta alérgica. 
Os mastócitos atuam como uma barreira de proteção nas superfícies 
internas do organismo, que ajuda a estimular a resposta inflamatória. 
Além disso, coordenam as respostas alérgicas e também estão envolvidos, 
com os eosinófilos, na resposta contra helmintos. 
Na atuação do sistema imunológico inato, observamos que essas cé-
lulas citadas acima, a fagocitose, a inflamação e o sistema complemento, 
são os principais mecanismos de proteção contra microrganismos extra-
celulares, como bactérias extracelulares e parasitas. Para a proteção con-
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
30 
tra microrganismos intracelulares, entretanto, é necessária a atuação das 
células Natural-Killer (NK).
As células NK são derivadas do progenitor linfoide, comum na medula 
óssea que originaos linfócitos. Essas células, entretanto, não fazem parte 
da imunidade adquirida porque não têm especificidade para o antígeno. 
Elas reconhecem células infectadas e/ou estressadas e respondem liberan-
do grânulos que induzem a apoptose e secretam citocinas inflamatórias. 
 As células NK expressam receptores ativadores e receptores inibitórios. 
Uma das formas de ativação destas células envolve a interação desses re-
ceptores com seus respectivos ligantes. Isso funciona da seguinte forma: 
durante o repouso dessas células, os sinais ativadores são bloqueados pe-
los sinais inibitórios e, assim, as células NK não atuam contra as células 
normais. As células sadias expressam moléculas do MHC classe I, que é um 
dos ligantes dos receptores inibitórios. Esses desencadeiam cascatas de 
sinalização dependentes de fosfatases que inibem a sinalização depen-
dente de cinases gerada pelos receptores ativadores. Na vigência de uma 
infecção, a expressão de moléculas do MHC classe I é reduzida. Dessa for-
ma, haverá mais sinais ativadores do que inibitórios e, então, as células NK 
são ativadas. 
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CAPÍTULO 01
31 
Imagem 6: Funções dos receptores ativadores e inibidores das células NK.
A importância das células NK é que elas começam a atuar de forma 
mais rápida do que as células TCD8+ da imunidade adquirida, conseguin-
do conter a infecção até que a imunidade especializada seja desenvolvida. 
Além disso, a particularidade de serem ativadas pela redução ou ausência 
de moléculas do MHC de classe I permite que as células infectadas sejam 
identificadas e destruídas. É importante lembrar que a redução da expres-
são de moléculas do MHC pode tornar as células infectadas invisíveis às 
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IMUNIDADE INATA CAPÍTULO 01
32 
células TCD8+, que dependem da expressão de moléculas do MHC de Clas-
se I para o reconhecimento do antígeno ou da célula-alvo. 
Moléculas MHC são peptídeos antigênicos ligados à complexos pro-
teicos que são codificados pelos genes do complexo principal de histo-
compatibilidade (MHC) e são expressas na superfície celular. As células da 
imunidade adquirida (linfócitos T e B) dependem dessas moléculas para o 
reconhecimento de antígenos. Isso será abordado no capítulo de apresen-
tação de antígenos
As células NK, quando ativadas, liberam as proteínas de seus grânulos, 
e promovem a destruição da célula-alvo. As proteínas liberadas são as per-
forinas e as granzimas. As perforinas promovem a formação de poros na 
membrana plasmática que facilita a entrada das granzimas no citoplasma. 
As granzimas irão induzir a apoptose, destruindo, portanto, os reservató-
rios da infecção. Ou seja, perforinas perfuram e granzimas destroem. 
As células NK têm sua atividade citotóxica acentuada pela citocina IFN 
tipo 1, que possui ação importante na proteção contra o vírus. Além disso, 
as células NK ativadas produzem e liberam a citocina IFN-γ, que ativa os 
macrófagos, aumentando sua capacidade de destruição.
Por fim, devemos conhecer as células dendríticas (DCs), que são apre-
sentadoras de antígenos e importante ligação entre a imunidade inata e 
a adquirida. Elas podem ser derivadas de progenitores mieloide ou linfoi-
de na medula óssea. As primeiras são denominadas de células dendríticas 
mieloides (mDCs) e as segundas de plasmocitoides (pDCs). As mDcs são 
encontradas em praticamente todos os órgãos, com exceção do cérebro, 
dos olhos e dos testículos, e estão presentes principalmente nos linfono-
dos, pele e tecido conjuntivo. Essas células têm como função principal a 
apresentação dos antígenos aos linfócitos. Já as pDCs são encontradas 
principalmente nos órgãos linfoides e sua principal função é a produção 
de interferons tipo I para atuar nas infecções virais. 
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CAPÍTULO 01
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REFERÊNCIAS IMAGENS:
1. ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e 
molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 2015.
2. ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e 
molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 
3. Imagem Adaptada de ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. 
Imunologia celular e molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 
4. ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e 
molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 
5. ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e 
molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 
6. ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e 
molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 
REFERÊNCIAS
7. ABBAS, Abul K.; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e 
molecular. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier. 
8. MURPHY, K.; TRAVERS, P.; WALPORT, M. Imunobiologia de Janeway. 7 ed. 
Porto Alegre: ArtMed. 2010.
9. KUMAR, V. et al. Patologia básica. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
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CONFERÊNCIAS
Confira aqui a aula dinâmica do Medicina Resumida 
sobre os assuntos abordados nesse capítulo!
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CAPÍTULO
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1. CASO CLÍNICO
Paciente N.S.O., sexo masculino, 6 anos, cursa com febre baixa intermi-
tente há 1 mês, associado a astenia e hipoatividade. Genitora relata que 
exame de sangue realizado na UPA há 2 semanas evidenciou anemia leve. 
Foi prescrito dipirona para a febre e sulfato ferroso para a anemia. Há 1 
semana, o paciente apresenta piora da febre, além de tosse produtiva e 
dispneia. Atualmente, recusa ingestão de alimentos.
Ao exame: T axilar = 38ºC. Dispneico e taquipneico, pálido (hipocromia 
2+/4). Chama atenção umas pequenas petéquias em MMII. 
Cabeça e pescoço: orofaringe levemente hiperemiada, linfonodos pal-
páveis em cadeias cervicais e submandibulares, doloridos, móveis e não 
aderidos. Um linfonodo cervical, à direita, apresenta-se indolor, imóvel e 
aderido, medindo 2,5 cm. 
Tórax: Macicez à percussão do terço inferior do hemitórax D, com abo-
lição do frêmito toracovocal e do murmúrio vesicular nessa localização. 
Crépitos inspiratórios e expiratórios acima do local de abolição do mur-
múrio. 
Abdome: leve esplenomegalia
Extremidade: petéquias em MMII e palpação óssea discretamente do-
lorida.
Dr. Kevin, o pediatra de plantão, suspeita de pneumonia, solicita radio-
grafia de tórax, exames laboratoriais e inicia antibioticoterapia.
Radiografia de tórax: pneumonia lobar à direita associada a derrame 
pleural.
Células da Imunidade 
Adquirida 2
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CÉLULAS DA IMUNIDADE ADQUIRIDA CAPÍTULO 02
40 40 
Hemograma: anemia normocítica e normocrômica, trombocitopenia, 
leucocitose < 20 mil células, presença de linfócitos atípicos.
Dr. Kevin solicita biópsia da medula óssea, que evidencia achados com-
patíveis com leucemia linfoide aguda. Nesse momento, ele se lembra da 
sua professora de imunologia na época da faculdade, que lhe deu uma 
bronca quando ele disse que ninguém precisava saber para que serviam 
os linfócitos. 
 
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CAPÍTULO 02
41 41 
1.1 POSSÍVEIS PALAVRAS OU TERMOS DESCONHECIDOS
• Linfócitos naïves/virgens: linfócito plenamente desenvolvido que 
ainda não foi ativado por contato com o seu antígeno específico.
• Linfócitos efetores: células que realizam funções efetoras durante 
as respostas imunes, tais como secreção de citocinas, produção de 
anticorpos, destruição de microrganismos ou células infectadas.
• Células de memória: linfócitos B e T produzidos pelo estímulo do an-
tígeno a linfócitos inativos. Medeiam respostas imunes secundárias.
• CD4 e CD8: marcadores de superfície dos linfócitos T que facilitam 
as interações dos mesmos com as APCs ou com as células-alvo. Apre-
sentam padrões distintos de restrição do MHC. CD4 apresenta afini-
dade a moléculas da classe II enquanto CD8 apresentaafinidade a 
moléculas da classe I. 
1.2 PALAVRAS-CHAVE
"Linfócitos T CD4+", "Linfócitos T CD8+", "Linfócitos B", "Células Apresen-
tadoras de Antígenos (APCs)".
1.3 OBJETIVOS
• Reconhecer os diferentes tipos e subtipos de linfócitos.
• Determinar a origem e as características dos linfócitos T e B.
• Conhecer as funções dos linfócitos no sistema imune adquirido.
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CÉLULAS DA IMUNIDADE ADQUIRIDA CAPÍTULO 02
42 42 
2. INTRODUÇÃO
Agora que já sabemos tudo sobre imunidade natural e ativação de 
células dendríticas para apresentação de antígenos a linfócitos T virgens, 
chegou a hora de adentrarmos o mundo da imunidade adquirida. Recapi-
tulando de forma bem grosseira o que já foi discutido no capítulo anterior 
deste livro, temos as barreiras epiteliais e células de defesa que compõem 
o sistema imune inato, ou natural, que atuam impedindo ou controlando 
a ação de microrganismos danosos ao nosso organismo, principalmente 
nas portas de entrada dos mesmos no nosso corpo. Algumas células espe-
cializadas, denominadas células apresentadoras de antígenos (APCs) “pro-
fissionais”, são capazes de capturar esses agentes exógenos, processá-los 
e apresentar porções desses aos linfócitos T. Agora, finalmente chegamos 
aos linfócitos. Vamos só fazer umas observações importantes aqui para 
caso você não tenha lido o capítulo anterior (leia!). 
Nosso sistema imune atua contra bactérias, vírus, protozoários, células 
tumorais, corpos estranhos, antígenos próprios etc. Usamos como exem-
plo o “ataque” contra microrganismos, porque é melhor para ilustrar as 
ações imunológicas. 
Quase todas as nossas células nucleadas são capazes de apresentar 
antígenos intracelulares a algum tipo de linfócito T, mas apenas as APCs 
“profissionais” são especializadas o suficiente para capturar antígenos ex-
tracelulares, transportá-los aos linfonodos e ativar linfócitos T virgens.
As APCs imaturas, localizadas nos tecidos epiteliais de revestimento, 
quando ativadas por PAMPs ou DAMPs (ver capítulo 1), são levadas pela 
linfa e percorrem o sistema linfático até os linfonodos, em que há grande 
probabilidade de encontrarem linfócitos T específicos para os antígenos 
que estas estão apresentando.
 
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CAPÍTULO 02
43 43 
Imagem 1: Visão geral da ativação dos linfócitos e da resposta imunológica desde a entrada de agentes 
infecciosos até a migração de células efetoras aos locais de infecção.
Agora que relembramos, de forma extraordinariamente resumida, os 
eventos que antecedem a participação dos linfócitos nos mecanismos 
efetores do sistema imunológico, vamos falar dessas células. Nesse capí-
tulo não vamos discutir sobre os mecanismos efetores da imunidade ad-
quirida. Vamos, apenas, nos familiarizar com suas principais células. 
As células da imunidade adquirida têm alguns aspectos que já foram 
discutidos anteriormente, como características da própria imunidade ad-
quirida. Uma delas é a especificidade. Elas possuem receptores de mem-
brana altamente específicos, que são capazes de distinguir diferentes mo-
léculas antigênicas. Dessa especificidade decorre a diversidade, visto que 
os receptores celulares do sistema imunológico, marcadamente aqueles 
de mecanismos da imunidade adquirida, são capazes de discriminar de 107 
a 109 determinantes antigênicos diferentes. Quanto à memória, temos os 
próprios linfócitos de memória, que são células diferenciadas, que detém 
meia-vida consideravelmente longa, cuja função é de aumentar a capaci-
dade de resposta do organismo a uma exposição subsequente ao mesmo 
antígeno.
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CÉLULAS DA IMUNIDADE ADQUIRIDA CAPÍTULO 02
44 44 
Sei que você está ansioso para iniciarmos a discussão sobre linfócitos T 
e B, mas há outros conceitos que precisamos aprender antes. O que é linfó-
cito? O que é linfócito naïve, virgem ou imaturo? O que é linfócito ativado? 
Linfócitos T e B são as únicas células capazes de reconhecer e distinguir os 
determinantes antigênicos. Por isso são as responsáveis pela especificidade da 
resposta imune adquirida. Desempenham, portanto, o papel de sensores do 
sistema imune adquirido e, também, o de mediadores das imunidades humoral 
e celular. Essas células se originam do precursor linfoide, na medula óssea. Volta-
remos a este assunto adiante, neste capítulo, mas desde já é bom comentar que 
alguns linfócitos terminam seu processo de maturação em outros órgãos linfoi-
des. Acontece que desenvolvimento e maturação não são iguais a ativação. Um 
linfócito plenamente desenvolvido e maduro ainda não entrou em contato com 
seu antígeno específico. Assim, não iniciou ainda a resposta imune adquirida. 
Esse linfócito é chamado de linfócito naïve. Naïve significa ingênuo em francês. 
Podemos chamá-lo de linfócito virgem. Parece estranho, mas algumas fontes 
usam a nomenclatura “imaturo” para se referir a estes linfócitos, ainda que estas 
células já tenham passado por seu processo de maturação, e isso pode fazer 
com que você se confunda. Assim, neste livro, serão usadas as denominações 
“virgem” ou naïve. A diferenciação entre linfócitos B imaturos e inativos é feita 
com base nos tipos de receptores de Ag (anticorpos de membrana) expressos 
na membrana celular. As células B imaturas são aquelas que expressam IgM, 
mas ainda não expressam IgD, enquanto as maduras, virgens, expressam am-
bas as classes de anticorpos na membrana celular. Essa informação só foi trazida 
para que você não se confunda quando for ler em alguma outra fonte. 
 
Imagem 2: Maturação de linfócitos. Os linfócitos, gerados de células-tronco na medula óssea, se desenvol-
vem nos órgãos linfoides.
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CAPÍTULO 02
45 45 
Esses linfócitos já “nascem” com o “relógio celular” ativado e morrem 
por apoptose, em cerca de quatro meses, caso não reconheçam algum 
antígeno. Assim, o reconhecimento do Ag resgata o linfócito da morte 
celular programada. Os linfócitos virgens e as células de memória estão 
em repouso antes da ativação, na fase G0 do ciclo celular. Em resposta ao 
estímulo antigênico, entram na fase G1, mas dependem de outros sinais 
para progredir no ciclo e entrar na fase S e se dividir. Agora vamos revisar 
mitose e meiose? É brincadeira, pode voltar aqui. Só precisamos entender 
que enquanto o linfócito não é ativado, ele se mantém em repouso, mas 
não indefinidamente.
As células naïve são capazes de reconhecer antígenos próprios, porém 
fracamente. Dessa forma, não há sinais suficientemente fortes para ocor-
rer ativação e iniciar a expansão clonal, mas há sinais que estimulam a so-
brevida dessas células. Algumas citocinas agem aumentando a sobrevida 
dos linfócitos. A IL-7, por exemplo, é um dos principais agentes de estímu-
lo à sobrevida de linfócitos T, assim como é o fator ativador de células B 
(BAFF) para os linfócitos B naïve.
Após a ativação, os linfócitos adquirem a capacidade de coordenar as 
ações da imunidade adquirida. Tornam-se maiores e entram em fases su-
cessivas de mitose, adquirindo características de células blásticas, sendo, 
então, denominados linfoblastos. Cerca de 75% das células de um clone 
se diferenciam em células efetoras: clones de células T em linfócitos T 
auxiliares ou T citotóxicos; clones de células B em células especializadas 
na secreção de anticorpos, os plasmócitos. Descreveremos esses tipos ce-
lulares mais adiante nesse capítulo. As demais células (cerca de 25% do 
clone gerado) podem se diferenciar em células de memória, capazes de 
sobreviver em um estado de ciclagem lenta durante anos, mesmo após a 
eliminação do antígeno. Essas são as células responsáveis pela maior efe-
tividade e agilidade da resposta imune secundária. 
 
3.LINFÓCITOS T
Os linfócitos T são as células efetoras da imuni-
dade celular. Desempenham algum papel na regu-
lação da ação das células B? Sim. Algumas popula-
ções específicas de linfócitos T atuam auxiliando as 
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CÉLULAS DA IMUNIDADE ADQUIRIDA CAPÍTULO 02
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células B na imunidade humoral, mas a célula T é, majoritariamente, me-
diadora da imunidade celular. Essas células são originalmente produzidas 
na medula óssea, mas completam seu processo de maturação no timo.
Há diferentes populações de linfócitos T que atuam mediando respos-
tas imunes distintas. Enquanto os linfócitos T CD8 reconhecem antígenos 
de microrganismos principalmente intracelulares, destruindo as células 
que porventura estejam infectadas, os linfócitos T CD4 ativam-se por mi-
crorganismos extracelulares e atuam auxiliando outras células efetoras. 
Seus receptores de antígenos são diferentes daqueles dos anticorpos, 
visto que reconhecem apenas peptídeos antigênicos ligados a proteínas 
do complexo principal de histocompatibilidade (MHC). Existem três tipos 
diferentes de linfócitos T que merecem destaque.
Primeiro, célula T CD4+, cuja ativação pode originar o linfócito T auxi-
liar ou helper (TA ou TH). São células especializadas na secreção de cito-
cinas, que atuam em outras células, tais como macrófagos e linfócitos B, 
ativando-as ou regulando suas funções. Ou seja, se preciso de imunidade 
celular, ativo macrófagos e os transformo em células efetoras da imuni-
dade celular. Se preciso de imunidade humoral, ativo células B que se di-
ferenciam em plasmócitos, secretam anticorpos e medeiam a imunidade 
humoral. Isso se dá através da secreção de determinadas citocinas. Além 
de ativar células B e macrófagos, há ação sobre as próprias células T, esti-
mulando sua proliferação e diferenciação. Os subtipos de linfócitos T au-
xiliares, classificados de acordo com o padrão de citocinas secretadas por 
estas células, são peças-chaves na modulação da resposta imunológica.
Temos também os linfócitos T CD8+, cuja ativação pode originar os 
linfócitos T citotóxicos (CTLs ou TC). Esses atuam matando as células que 
estejam produzindo antígenos estranhos. Ou seja, células infectadas ou da-
nificadas. O nome “linfócito citotóxico” é bastante sugestivo, visto que essas 
células têm a capacidade de destruir outras células, tumorais ou infectadas 
por vírus, por exemplo. Só para constar: CD4 e CD8 são marcadores protei-
cos presentes na superfície dos linfócitos. Desempenham alguns papéis na 
ativação e função dessas células, mas não entraremos nesses detalhes.
Além dos tipos celulares já descritos, existe o linfócito T regulador 
(TREG). Sua ação é mais inibitória, freando as respostas imunológicas, para 
que estas não lesem os tecidos em consequência de uma intensidade de 
resposta exacerbada, ou fazendo com que as respostas deixem de aconte-
cer a partir do momento que não são mais necessárias. 
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CAPÍTULO 02
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A tabela a seguir resume as características mais importantes das três 
principais populações de linfócito T:
Tabela 1: Características das principais populações de linfócitos T.
Linfócitos T auxiliares CD4+
Diferenciação de célula B (imunidade humoral)
Ativação de macrófago (imunidade mediada por células)
Ativação da resposta inflamatória
Linfócitos T citotóxicos 
CD8+
Morte de células infectadas com vírus, ou bactérias ou parasitas 
intracelulares, ou células tumorais
Células T regulatórias
Suprime a função de outras células T (regulação de respostas 
imunes, manutenção da autotolerância)
4. LINFÓCITOS B
Os linfócitos B, quando ativados, são as únicas 
células capazes de produzir anticorpos. As células 
B também se originam na medula óssea a partir do 
precursor linfoide, de onde saem, na sua maioria, ain-
da não completamente maduros, sendo denomina-
dos linfócitos B imaturos. Como descrito anterior-
mente, essas células expressam IgM na membrana 
celular, como receptor de Ag. Apenas após o término 
do processo de maturação, que ocorre em tecidos linfoides secundários, 
é que as células B tornam-se maduras, passando a expressar IgM e IgD, si-
multaneamente, com a mesma especificidade antigênica. Essas células são 
capazes de reconhecer antígenos e se diferenciar em plasmócitos, que são 
as células realmente secretoras de anticorpos, moléculas efetoras da res-
posta imune humoral. 
Como pode ser observado no quadro a seguir, há alguns tipos dife-
rentes de linfócitos B, com funções e propriedades distintas. As células 
B-2 e as células B foliculares correspondem aos linfócitos B “convencio-
nais”, secretores de anticorpos, descritos anteriormente neste capítulo. 
As células B da zona marginal e as células B-1 expressam receptores de 
antígeno com menor diversidade e afinidade, e atuam precocemente na 
defesa, em mecanismos de imunidade inata. As células B da zona marginal 
correspondem a uma população de linfócitos B localizados na zona mar-
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CÉLULAS DA IMUNIDADE ADQUIRIDA CAPÍTULO 02
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ginal do baço, que produz anticorpos IgM de baixa afinidade em resposta 
a antígenos microbianos presentes no sangue. 
Tabela 2: Características das principais populações de linfócitos B.
Células B foliculares
B-2
Produção de anticorpo (imunidade humoral)
Células B da zona marginal
B-1
Produção de anticorpos naturais (imunidade inata)
A imagem 3 a seguir mostra, de forma resumida, as informações mais im-
portantes para guardar sobre os linfócitos B e as principais classes de linfócitos T.
 
 Imagem 3: Classes de linfócitos. Linfócitos B se transformam em células secretoras de anticorpos. Linfócitos 
T auxiliares secretam citocinas que estimulam vários mecanismos da imunidade. Linfócitos T citotóxicos 
destroem células infectadas. Células T reguladoras suprimem a resposta imune.
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CAPÍTULO 02
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Para finalizar, entendemos que os linfócitos são as principais células 
que atuam na resposta imunológica adquirida ou adaptativa. Cada uma 
atua mediando um tipo de resposta. A célula B atua, principalmente, na 
imunidade humoral, e a célula T, principalmente, na imunidade celular. A 
imagem 4 traz informações já apresentadas nesse capítulo, porém organi-
zadas conforme o mecanismo efetor: humoral ou celular.
 Imagem 4: Tipos de imunidade adaptativa. Na imunidade humoral, linfócitos B secretam anticorpos que 
atuam contra microrganismos intracelulares. Na imunidade celular, linfócitos T ativam macrófagos para 
matar microrganismos fagocitados ou linfócitos T citotóxicos destroem células infectadas. 
Vamos, a partir de agora, estudar esses mecanismos efetores e enten-
der de que forma nosso sistema imune é capaz de bloquear a ação ou 
efetivamente eliminar os microrganismos infectantes.
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REFERÊNCIA DAS IMAGENS
1. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
2. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
3. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
4. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
REFERÊNCIAS
1. ABBAS, Abul K. Imunologia celular e molecular. Abul K. Abbas, Andrew H. 
Lichtman, Shiv Pillai; ilustrações de David L. Baker, Alexandra Baker [tradução 
de Tatiana Ferreira Robaina … et al.]. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
2. MURPHY, Kenneth. Imunobiologia de Janeway [recurso eletrônico]/Kenne-
th Murphy, Paul Travers, Mark Walport; tradução Ana Paula Franco Lambert ... 
[et al.]. 7.ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
CONFERÊNCIAS
Confira aqui a aula dinâmica do Medicina Resumida 
sobre os assuntos abordados nesse capítulo!
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CAPÍTULO
55 
Órgãos e Tecidos Linfoides 3
1. CASO CLÍNICO
Paciente de 6 anos, sexo masculino, comparece à unidade de pronto 
atendimento acompanhadopela genitora que refere surgimento de “ca-
roço” em região submandibular direita há 3 dias. Ela relatou infecção de 
vias aéreas superiores de início há 5 dias, cursando com rinorreia, tosse e 
dor de garganta. 
Ao exame, paciente inquieto, choroso, pouco colaborativo com o exa-
me físico. 
Apresenta rinorreia amarelada e fluida, além de tosse esporádica pou-
co produtiva. 
Presença de linfonodo aumentado em região submandibular direita, 
de consistência fibroelástica, aproximadamente 2,5 cm em seu maior diâ-
metro, móvel e doloroso à palpação. Não há rubor ou calor local. 
Após minutos de insistência, muita luta e 12 abaixadores de língua 
quebrados, foi possível, em meio ao choro vigoroso do menor, observar 
hiperemia e hipertrofia de amídalas, bilateralmente, com presença de pla-
cas de aspecto purulento em amídala direita. 
O heroico dr. Ulisses, ainda buscando fôlego após a batalha travada, po-
rém tomado por uma alegria estonteante pelo exame físico realizado, ex-
plica à genitora que seu filho apresenta uma “infecção de garganta”, e que 
essa “íngua” no pescoço é na verdade um linfonodo que está “reagindo” à 
infecção. Dr. Ulisses recompõem-se e volta-se para a interna da pediatria 
que estava acompanhando o atendimento, e aproveita para explicar um 
pouco sobre o sistema linfático: “A presença de infecção em determina-
do tecido leva a eventos imunológicos na cadeia linfática que realiza a 
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ÓRGÃOS E TECIDOS LINFOIDES CAPÍTULO 03
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drenagem daquele tecido. Células presentes no local da infecção sofrem 
migração para os linfonodos, levando os antígenos para reconhecimento 
pelos linfócitos. Por isso, algumas vezes há linfonodomegalias associadas 
aos quadros de infecção ou de câncer”.
- CÂNCER?! – Grita a genitora, e uma nova batalha se inicia para o Dr. 
Ulisses.
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CAPÍTULO 03
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1.1 POSSÍVEIS PALAVRAS OU TERMOS DESCONHECIDOS
• Linfonodo: órgãos nodulares, ricos em linfócitos, distribuídos por 
todo o corpo, onde as respostas imunes adaptativas aos antígenos 
surgidos na linfa se iniciam.
• Timo: órgão linfoide situado no mediastino anterior onde ocorre a 
maturação dos linfócitos T.
• Hematopoese: desenvolvimento de células sanguíneas maduras.
1.2 PALAVRAS-CHAVE
"Sistema linfático", "Apresentação de antígenos", "Linfócitos", "Baço", 
"Homing de linfócitos", "Recirculação".
1.3 OBJETIVOS
• Conhecer a anatomia do sistema linfoide e linfático.
• Identificar os órgãos e tecidos linfoides primários e secundários.
• Relacionar a estrutura e a localização dos tecidos e órgãos linfoides 
secundários à ativação da resposta imunológica.
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2. INTRODUÇÃO
Poucas vezes, quando estudamos imunologia, estamos atentos para a 
quantidade de eventos que ocorre no sistema linfático. Apresentação de 
antígenos, homing de linfócitos, seleção e expansão clonal: tudo aconte-
cendo em órgãos e tecidos linfáticos (e nós só lembramos que as células T 
maturam no Timo). Trazemos esse capítulo para que você possa entender 
esses eventos de forma mais fluida e lógica, sem precisar sair memorizan-
do o que acontece com cada célula isoladamente.
O foco não será anatomia, fisiologia ou histologia do sistema linfático, 
mas é preciso ter uma noção básica desse sistema para compreender os 
fenômenos imunológicos que nele ocorrem. Através do sistema cardio-
vascular temos a circulação do sangue no corpo humano. Há contínuo 
extravasamento de plasma desses vasos para os espaços intersticiais, ou 
intercelulares. Parte desse plasma retorna para os próprios capilares san-
guíneos, retomando seu percurso original. Ocorre que outra parte desse 
líquido intercelular é recolhida pelos capilares linfáticos. A esse líquido 
chamamos de linfa. Essa linfa percorrerá vasos linfáticos de maior calibre 
até retornar ao sangue pelo ducto torácico (imagem 1). Durante todo 
esse trajeto, a linfa irá passar por órgãos especializados chamados linfo-
nodos, onde é “filtrada”. O que realmente acontece dentro do linfonodo? 
O encontro entre antígenos (substâncias virais, bacterianas etc.) e célu-
las do sistema imune, como linfócitos, células dendríticas e macrófagos. 
Esse encontro se dá por conta dos fenômenos de recirculação de linfóci-
tos e apresentação de antígenos, e dele decorre a ativação dos linfócitos 
e, consequentemente, a principal via de estimulação do sistema imune 
adquirido. 
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Imagem 1: O sistema linfático. Ilustração dos principais vasos linfáticos e coleções de linfonodos.
Passada essa introdução geral, vamos recortar o conhecimento em 
partes para facilitar seu entendimento do assunto. Já que falaremos muito 
dos linfócitos, vale destacar onde esses são gerados e amadurecem.
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3. ÓRGÃOS LINFOIDES PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS
Todas as células sanguíneas circulantes, inclusive os linfócitos T e B, são 
gerados na medula óssea. Elas se originam de uma célula tronco hema-
topoiética podendo seguir dois caminhos distintos: linhagem mieloide ou 
linhagem linfoide (Imagem 2). Os linfócitos são originados da célula pre-
cursora da linhagem linfoide. Algumas citocinas produzidas por macrófa-
gos e outros componentes celulares do estroma da própria medula óssea 
fornecem o ambiente propício para a geração dessas células sanguíneas. 
Linfócitos T, macrófagos e outros tipos celulares também produzem cito-
cinas que influenciarão a hematopoese de forma a repor as células con-
sumidas durante as reações imunológicas. Além disso, na medula óssea 
também ocorre o desenvolvimento, ou maturação, dos linfócitos B.
Imagem 2: Hematopoese. Desenvolvimento das principais linhagens de células sanguíneas.
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Embora a medula óssea seja o grande órgão da hematopoese, nem 
sempre essa função é desempenhada pela medula. No início do desenvol-
vimento fetal, a hematopoese é estabelecida no saco vitelínico. Por volta 
do terceiro e quarto meses de gestação, o grande órgão da hematopoese 
passa a ser o fígado, e só posteriormente, a medula óssea assume essa 
função. Após o nascimento, em algumas condições clínicas, pode ocorrer 
hematopoese extramedular, principalmente no fígado e no baço.
As células da linhagem T, por sua vez, migram da medula óssea para 
o Timo, onde amadurecem. O timo é uma glândula linfoide localizada na 
parte superior do mediastino, logo atrás do osso esterno (Imagem 3). As 
células da linhagem T localizados no Timo, também chamados de timóci-
tos, estão em diversos estágios de desenvolvimento. À medida que eles 
vão se desenvolvendo, essas células migram do córtex do timo para sua 
medula. Apenas os linfócitos T maduros são capazes de deixar o timo e 
ganhar a circulação. Há uma observação importante com relação à no-
menclatura dos linfócitos. Esses linfócitos desenvolvidos ainda não foram 
ativados. Podemos chamá-los de inativos, naïve ou virgens. Os linfócitos só 
serão ativados após contato com algum antígeno, apresentados pelas cé-
lulas dendríticas associados à moléculas do MHC. Discutiremos MHC com 
detalhes no capítulo “MHC e apresentação de antígenos”.
Imagem 3: Localização anatômica do timo no mediastino superior.
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A medula óssea e o timo são chamados de órgãos linfoides geradores, 
ou primários. Neles, os linfócitos são produzidos ou alcançam maturidade 
fenotípica e funcional. Existem, também, os órgãos linfoides secundários, 
ou periféricos, onde são iniciadas e desenvolvidas as respostas dos linfó-
citos aos antígenos. Os principais são os linfonodos, mas também são ór-
gãos secundários o baço, o tecido linfoide associado ao tecido cutâneo e 
o tecido linfoide associado às mucosas(MALT). 
Através dos vasos linfáticos, os antígenos são transportados para os 
linfonodos. Podemos pensar nos linfonodos como “barreiras de verifi-
cação” da linfa. Após passar por todos os linfonodos no percurso, a linfa 
será devolvida à circulação pelo ducto torácico, por isso é importante ter 
a certeza de que não se está permitindo que antígenos estranhos passem 
despercebidos. Por isso, a distribuição dos linfonodos por todo o corpo é 
essencial para a eficácia e a celeridade da resposta imune. Dentro desses 
pequenos órgãos as células dendríticas apresentam os antígenos aos lin-
fócitos T naïves (inativos). 
As células apresentadoras de antígenos (APCs), em especial as células 
dendríticas, capturam os antígenos em diversos órgãos e tecidos. Alte-
rações da expressão de moléculas de adesão e o aumento da drenagem 
linfática causada pelo acúmulo de líquido intersticial conduzem essas 
APCs aos vasos linfáticos. Assim, os antígenos capturados são “carregados” 
até os linfonodos. Alguns antígenos são transportados livremente, sem o 
intermédio de APCs. Além dos antígenos, mediadores inflamatórios solú-
veis, como algumas quimiocinas, também são transportadas pelos vasos 
linfáticos. Além das quimiocinas produzidas nos locais de infecção que 
chegam aos linfonodos, há quimiocinas produzidas nos próprios linfono-
dos, que serão discutidas ainda nesse capítulo. 
Por que precisamos de mediadores inflamatórios, quimiocinas e cito-
cinas no linfonodo? Primeiro, para ajudar no recrutamento de leucócitos. 
Se o antígeno está sendo conduzido para um linfonodo, nada melhor do 
que conduzir linfócitos ao mesmo local. Isso facilita o reconhecimento 
de antígenos e posterior ativação dos linfócitos T e B. Segundo, para que 
as células dendríticas sejam conduzidas aos mesmos locais dentro do 
linfonodo para onde os linfócitos foram. Ou seja, além de chamar os lin-
fócitos para o linfonodo em que há presença de antígenos, ainda arranja 
o encontro dos dois para ver se eles “dão match”. O encontro do linfócito 
com o antígeno é o evento mais importante que acontece no linfonodo. 
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Ainda temos outros componentes do sistema linfático para discutir, mas 
antes vamos esgotar todos os conceitos que podemos aprender olhan-
do apenas para o linfonodo.
Antes de qualquer coisa, é essencial que entendamos qual é a origem 
da especificidade dos linfócitos. Os linfócitos não se adequam a um de-
terminado antígeno. Muitos estudantes acham que os linfócitos são uma 
tela em branco que é preenchida com as informações necessárias para 
sua atuação apenas após a ativação pelo antígeno. Alguns pesquisado-
res, a exemplo de Linus Pauling, defendiam esta teoria “instrucionista”, 
em que se acreditava que todos os anticorpos tinham a mesma sequên-
cia e eram “moldados” pela molécula de Ag. Por mais que isso pareça ló-
gico, não é assim que funciona. Nosso organismo já detém informações 
genéticas que, após recombinação durante a fase de maturação dos lin-
fócitos, determinarão a especificidade do Receptor de Linfócito T (TCR) 
ou do anticorpo. Assim, cada linfócito já nasce direcionado para aquela 
determinada sequência antigênica. O linfócito, então, vai ficar circulan-
do pelos sistemas cardiovascular, linfático e órgãos e tecidos linfoides 
sem nunca ser ativado. Cada linfócito passa por um linfonodo em mé-
dia uma vez por dia. Esse vai e vem de linfócitos pelo sistema linfático é 
chamado de recirculação de linfócitos (imagem 4). E se nenhum antí-
geno detentor daquela sequência aparecer? Os linfócitos não ativados, 
virgens ou naïves, morrem por apoptose (morte celular programada) em 
aproximadamente quatro meses.
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Imagem 4: Vias de recirculação dos linfócitos T. Células T naïves entram no linfonodo pela corrente san-
guínea enquanto as células dendríticas entram pelos vasos linfáticos. Após ativação, as células efetoras 
ganham a circulação e migram para os locais de infecção.
A imagem 5 apresenta uma estrutura do linfonodo muito importante 
no processo de direcionamento dos linfócitos dentro desse órgão secun-
dário, as vênulas endoteliais altas (HEV). Os linfócitos que chegam aos lin-
fonodos pela corrente sanguínea deixam a circulação e entram no estro-
ma do linfonodo através das HEVs. Isso se dá por conta de moléculas de 
adesão dentro dessas vênulas. As células ficam aderidas à parede desses 
vasos específicos pela ligação de selectinas e integrinas, de forma seme-
lhante à rolagem dos leucócitos nos leitos vasculares. Assim, os linfócitos 
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passam mais tempo dentro do linfonodo, aumentando a chance de en-
contrar seu antígeno específico. 
Imagem 5: Microanatomia do córtex do linfonodo. 
Não basta, porém, que o antígeno e o linfócito estejam dentro do mes-
mo linfonodo. Eles precisam entrar em contato lá dentro. Antes de enten-
der como que se dá a migração dessas células para seus locais específicos 
nos linfonodos, é preciso saber que locais são esses. Os linfócitos T se en-
contram em estruturas chamadas cordões paracorticais. A maioria é de 
linfócitos T CD4+, mas no curso de uma infecção viral, por exemplo, pode 
haver aumento da população de linfócitos T CD8+. As células B estão em 
estruturas mais marginais chamadas folículos (imagem 6).
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Imagem 6: Morfologia de um linfonodo, contendo as zonas ricas em células T e B e as vias de entrada dos 
linfócitos e antígenos. 
Nas regiões mais centrais dos folículos, quando ocorre ativação da res-
posta imunológica, observamos estruturas denominadas centro germi-
nativos. Esses são locais de proliferação acentuada de células B. Respon-
dem à estimulação antigênica selecionando células B que se diferenciam 
em plasmócitos secretores de anticorpos de alta afinidade e gerando cé-
lulas B de memória.
Agora, como que se dá o encontro entre antígenos e células T e B den-
tro do linfonodo? A resposta é simples: eles saem caminhando aí por den-
tro. Você se lembra que os antígenos foram transportados ao linfonodo 
pelas células dendríticas? E também que algumas quimiocinas são leva-
das ao linfonodo enquanto outras são produzidas dentro desses órgãos? 
Pois bem, tanto os linfócitos T quanto as células dendríticas têm recepto-
res CCR7 semelhantes. Esses receptores são específicos paras as quimioci-
nas CCL19 e CCL21, que são expressas por células do estroma das zonas de 
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células T do linfonodo. Como os receptores são semelhantes, as quimio-
cinas são capazes de guiar esses tipos celulares para as mesmas regiões 
do linfonodo. Assim, o destino do antígeno e do linfócito T acaba sendo o 
mesmo (imagem 7).
 
Imagem 7: Ilustração das vias pelas quais linfócitos T e B imaturos migram para diferentes áreas nos linfo-
nodos, além da migração das células dendríticas em direção às zonas ricas em células T. 
As células B, por sua vez, respondem a outras quimiocinas, chamadas 
CXCL13. Desse modo, as quimiocinas e citocinas são importantes no ar-
ranjo das células dentro dos linfonodos. Cada população de linfócito, por-
tanto, fica em contato com a APC correspondente: T com célula dendrítica 
e B com dendríticas foliculares, um tipo específico de APC que atua na 
apresentação de antígenos aos linfócitos B dentro dos folículos. Vamos 
focar nos linfócitos T, por enquanto. Após contato com o antígeno há a 
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ativação do linfócito T. Em seguida, ocorre o que chamamos de seleção 
e expansão clonal. Esclareceremos esses processos adiante. Parte das cé-
lulas T ativadas, os linfócitos T foliculares (Linf TFH) também expressam re-
ceptor para CXCL13. Migram, portanto, para os folículos, onde encontramas células B e auxiliam na sua ativação. Em seguida, as células B migram 
para os centros germinativos, onde, como já foi dito, ocorre significativa 
proliferação dos linfócitos B selecionados pelo antígeno. Ocorrendo a ati-
vação dos linfócitos, inicia-se um novo modelo de migração. As células T 
efetoras não expressam receptor de quimiocinas CCL19 e CCL21. Dessa 
forma, não há estímulos para que essas continuem nas zonas de células T 
dos linfonodos. Por isso, ganham a circulação e seguem, principalmente, 
para o local da infecção. As células B ativadas, além de ganharem a circula-
ção, podem produzir células de memória que retornarão à medula óssea 
ou ficarão no linfonodo. Esses diversos caminhos, entretanto, não são alvo 
deste capítulo.
Por isso, faço com vocês a brincadeira de dizer que nesse encontro o 
linfócito e o antígeno “dão match”. O linfócito circula o corpo inteiro en-
contrando milhares de antígenos distintos sem ser ativado. Para sofrer a 
ativação tem que reconhecer algum antígeno que contenha aquela sequ-
ência capaz de ativá-lo, praticamente sua “cara metade”. Ou seja, milhares, 
talvez milhões de linfócitos passam cara a cara com antígenos produzidos 
pelo microrganismo, sem que haja reconhecimento, ativação e estímulo à 
resposta imunológica adaptativa. Para que haja esse reconhecimento, as 
células precisam migrar de forma coordenada dentro dos linfonodos, e as 
quimiocinas exercem papel fundamental para essa coordenação. 
Pois bem, agora já entendemos que quimiocinas e citocinas promovem 
o encontro de antígenos e linfócitos dentro dos linfonodos, assim como a 
ativação das células B e T. Para entendermos como se dá essa ativação, é 
essencial que tenhamos a compreensão acerca de dois conceitos: sele-
ção e expansão clonal. Como já explicamos anteriormente, os linfócitos já 
são gerados com a especificidade para um determinado epítopo, ou se-
quência de antígeno, e circulam pelo corpo, principalmente pelo sistema 
linfático, esperando o momento em que encontrarão essa sequência. Um 
antígeno, portanto, pode se deparar com milhares e milhares de linfócitos 
até encontrar aquele que ele é capaz de ativar. Podemos enxergar esse lin-
fócito como sendo “selecionado”. Esse processo em que um antígeno se-
leciona um linfócito em meio a milhões de linfócitos praticamente iguais, 
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mas com especificidade dos receptores diferente, é denominado seleção 
clonal. Como temos uma diversidade muito grande entre os linfócitos, há 
apenas poucos linfócitos para determinado antígeno. Após o linfócito es-
pecífico para aquele antígeno ter sido selecionado, há a necessidade de 
aumentar significativamente o número de cópias dele para que se tenha 
uma população suficientemente grande de células efetoras para comba-
ter a infecção que se encontra em curso (lembrando que um antígeno não 
é necessariamente um agente infeccioso). O processo de proliferação do 
clone específico de linfócito se chama expansão clonal. 
Lembre-se de que tudo isso acontece, principalmente, em linfonodos. 
Temos, entretanto, outros componentes também classificados como te-
cidos ou órgãos linfoides secundários ou periféricos. Dentre esses, vale 
destaque o baço, órgão linfoide capsulado localizado no hipocôndrio es-
querdo (imagem 8). Tem como funções hematológicas a hematopoese, na 
fase fetal, e a hemocaterese, processo fisiológico contínuo de destruição 
de hemácias envelhecidas ou lesadas. Esse último ocorre num espaço cha-
mado polpa vermelha. 
Imagem 8: Ilustração das zonas de células T e B que formam a polpa branca do baço. 
Além dessas funções, o órgão apresenta algumas funções imunoló-
gicas que merecem destaque. A polpa branca, espaço caracterizado na 
imagem 8, é uma região rica em tecido linfoide. Pode-se observar que, 
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assim como no linfonodo, há segregação entre células T e B, cada uma 
tendo zonas específicas dentro do órgão. Mais uma vez, essa separação 
é coordenada por quimiocinas e seus receptores. Qual é a diferença, en-
tão, entre o linfonodo e o baço, do ponto de vista imunológico? O baço é 
o principal local de respostas imunológicas a antígenos provenientes do 
sangue. Muitas vezes ouvimos falar que o baço é o “filtro do sangue”. Isso 
é verdade quando analisamos os eritrócitos, visto que a partir do baço 
selecionamos as células lesadas para serem descartadas e destruídas, 
mas também é verdade quando analisamos sua função imunológica. 
Enquanto os antígenos que se encontram nos tecidos são levados aos 
linfonodos pelas APCs, os microrganismos que se encontram no san-
gue seguem o fluxo natural do sistema cardiovascular até o baço, que é 
o principal local de fagocitose de microrganismos recobertos por anti-
corpos. Você já ouviu falar que pessoas que retiraram o baço, ou esple-
nectomizadas, têm maior risco de desenvolver infecções por germes en-
capsulados, como pneumococo e meningococo? Esses germes são mais 
comumente eliminados via opsonização por anticorpos e fagocitose. No 
baço temos um número muito grande de macrófagos e uma estrutura 
capilar que facilita a fagocitose por essas células. Ou seja, o paciente 
sem baço perde um local em que ocorre boa parte da fagocitose de mi-
crorganismos opsonizados. 
Temos, também, dois sistemas de relativa importância para as respos-
tas imunes que ainda precisamos discutir. O primeiro é o Sistema Imu-
nológico Cutâneo, um sistema especializado constituído de linfócitos e 
APCs presente na pele. Os três principais locais de contato entre nosso 
organismo e os antígenos são a pele e os tratos gastrointestinal e respira-
tório. Muitas respostas imunológicas são, portanto, iniciadas nessas três 
principais portas de entrada. Na pele, os próprios queratinócitos, que são 
células diferenciadas do tecido epitelial, produzem citocinas que contri-
buem para reações inflamatórias e outras reações inatas. 
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Imagem 9: Componentes celulares do sistema imune cutâneo: queratinócitos, células de Langerhans e 
linfócitos intraepiteliais na epiderme e linfócitos T, células dendríticas e macrófagos na derme. 
Além dos queratinócitos, há células dendríticas imaturas, as Células de 
Langerhans, que formam uma rede praticamente contínua na epiderme. 
Quando essas encontram microrganismos, são ativadas por receptores 
semelhantes a toll (TLRs). Após a ativação, perdem a adesividade à pele e 
entram nos vasos linfáticos para seguir aos linfonodos para apresentarem 
os antígenos aos linfócitos. Por falar em linfócitos, a pele contém linfócitos 
próprios chamados de linfócitos intraepidérmicos, ou intraepiteliais, sen-
do grande parte desses constituída por linfócito T CD8+. Esses expressam 
um conjunto significativamente mais restrito de receptores. Há outros lin-
fócitos T CD4+ e CD8+ com características de linfócitos ativados e de célu-
las de memória presentes, principalmente, na derme. Não se sabe ao certo 
se esses se mantêm de forma fixa na pele ou se estão transitando como 
parte do percurso de recirculação de linfócitos que explicamos anterior-
mente. O que se sabe é que esses apresentam a especificidade das células 
que atuam no sistema imune adquirido. Por fim, há também macrófagos 
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situados na derme que atuam como importantes “vigilantes” ao fagocitar 
microrganismos que vençam os mecanismos de barreira da pele. 
O segundo sistema que faltamos falar é bem similar ao cutâneo: tra-
ta-se do Sistema Imunológico Associado às Mucosas, composto pelos 
Tecidos Linfoides Associados às Mucosas (MALT). Esses tecidos estão 
distribuídos, em nosso corpo, em importantes portas de entrada de mi-
crorganismos. Em particular, dois principais locais de contato do nosso 
organismo com os antígenos: as superfícies mucosas dos tratos gastroin-
testinale respiratório. O conhecimento vigente acerca desse sistema se 
baseia na mucosa do trato gastrointestinal (TGI) e infere-se que no respi-
ratório os mecanismos sejam semelhantes. (imagem 10)
Imagem 10: Principais componentes celulares do sistema imunológico associado às mucosas no intestino. 
Assim como a pele, essas superfícies contêm linfócitos e APCs. A distri-
buição dos linfócitos nestes tecidos, entretanto, tem algumas peculiarida-
des. Esses estão presentes em grandes quantidades em três áreas: camada 
epitelial, lâmina própria e nas Placas de Payer. Essas placas correspondem 
ao tecido linfoide organizado na lâmina própria. Contêm mais células B do 
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que células T, e essas, assim como nos linfonodos e no baço, também estão 
agrupadas em pontos distintos. Existe a interação desse tecido com a cé-
lula M, tipo celular que realiza pinocitose ativamente e transporta macro-
moléculas do lúmen intestinal para os tecidos epiteliais, desempenhando, 
portanto, importante papel na condução dos antígenos para o MALT. 
De forma semelhante à pele, temos que grande parte dos linfócitos 
intraepiteliais é célula T CD8+, expressando conjunto restrito de recepto-
res, enquanto que na lâmina própria os linfócitos T, em sua maioria T CD4+, 
apresentam fenótipo de célula ativada. Outras células de defesa presentes 
nesse sistema são linfócitos B, macrófagos, células dendríticas e mastócitos.
Agora que você já tem uma noção sobre os órgãos e tecidos linfoides, 
chegou a hora de mergulharmos fundo nos processos imunológicos que 
neles ocorrem. 
REFERÊNCIAS IMAGENS
1. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
2. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
3. MURPHY, Kenneth; TRAVERS, Paul; WALPORT, Mark. Imunobiologia De Ja-
neway: Artmed, 2010.
4. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
5. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
6. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
7. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
8. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
9. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
10. ABBAS, Abul K. ; LICHTMAN, Andrew H.; PILLAI, Shiv. Imunologia Celular e 
Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
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REFERÊNCIAS
1. ABBAS, AK. Imunologia celular e molecular. Ilustrações de David L. Baker, 
Alexandra Baker; [tradução de Tatiana Ferreira Robaina et al]. 8. ed. Rio de 
Janeiro: Elsevier; 2015.
2. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway [recurso eletrônico] / Murphy K, Tra-
vers P, Walport M; tradução Ana Paula Franco Lambert et al. 7. ed. Porto Ale-
gre: Artmed; 2010.
CONFERÊNCIAS
Confira aqui a aula dinâmica do Medicina Resumida 
sobre os assuntos abordados nesse capítulo!
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CAPÍTULO
79 
1. CASO CLÍNICO
José Carlos, vinte anos, está no segundo semestre da faculdade de 
medicina e durante uma aula prática da disciplina semiologia médica I, 
ele teve a oportunidade de realizar uma anamnese de um paciente que 
está internado em uma enfermaria. Após todos os alunos terem feito sua 
anamnese, eles se reuniram com o professor para discussão de caso. Na 
sua vez de relatar o caso, ele descreveu:
“H.O.S, 55 anos, pardo, casado, advogado, natural e procedente de Sal-
vador. O paciente está no décimo quinto dia do pós-operatório do trans-
plante de fígado. Refere que internou há onze dias, pois foi chamado pelo 
hospital para realizar o transplante de fígado. Relata que ficou na lista de 
transplante por dois anos e meio. Há quatro anos, o paciente apresentou 
seu primeiro episódio de hemorragia digestiva alta, a qual foi tratada com 
ligadura elástica via endoscopia digestiva alta. Depois do primeiro episó-
dio, apresentou sete episódios de hemorragia digestiva alta. No último 
episódio, foi realizada a cirurgia de derivação portossistêmica porque os 
tratamentos não-cirúrgicos não estavam mais funcionando e ele foi co-
locado na lista de transplante de fígado. O paciente refere que foi etilista 
por 30 anos, bebia 5 L de cerveja por dia, e está abstêmio há cinco anos. 
De antecedentes patológicos, é portador de hipertensão arterial sistêmica 
há dez anos, diabetes mellitus tipo 2 há oito anos e dislipidemia há cinco 
anos, e até a realização do transplante, apresentava insuficiência hepática. 
Em hábitos de vida, refere alcoolismo como já foi citado, nega tabagismo, 
refere que tomou banho de rio na infância numa cidade em região endê-
mica para esquistossomose, relata que mora com a esposa e dois filhos, 
MHC e Apresentação de 
Antígenos 4
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MHC E APRESENTAÇÃO DE ANTÍGENOS CAPÍTULO 04
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frequenta os alcoólicos anônimos (AA), nega prática de exercício físico, re-
fere alimentação balanceada. No interrogatório sistemático negou outras 
alterações. Ao exame físico, bom estado geral (BEG), lúcido e orientado 
no tempo e espaço (LOTE), anictérico, acianótico, afebril, hipocorado +/
IV, eupneico, PA 120/80 mmHg, FC: 85 bpm. Em pele e fâneros, presença 
de eritema palmar, telangiectasias e ginecomastia. Na cabeça e pescoço, 
não há nada digno de nota. No exame do tórax, expansibilidade preser-
vada, frêmito toracovocal preservado, som claro pulmonar à percussão e 
murmúrio vesicular audível em ambos hemitórax No exame do precórdio, 
precórdio calmo, ausência de abaulamentos e frêmitos, ictus cordis visível 
e palpável duas polpas digitais, duas cruzes, localizado no quinto espaço 
intercostal na linha hemiclavicular, bulhas rítmicas, normofonéticas, em 
dois tempos, sem sopros. No exame do abdome, abdome globoso á custa 
de panículo adiposo, presença de circulação colateral do tipo cabeça de 
medusa, cicatriz umbilical na linha média, ruídos hidroaéreos audíveis, na 
hepatimetria: 10 cm na linha hemiclavicular e 5 cm na linha esternal. Es-
paço de traube ocupado. Dor à palpação superficial e profunda apenas 
em região de cicatriz cirúrgica. Fígado com superfície lisa, borda romba 
e consistência fibroelástica. “Nada digno de nota no exame geniturinário, 
neurológico e articular.”
Após terminar o relato, a discussão sobre o caso clínico iniciou e o pro-
fessor perguntou: “Alguém sabe qual tipo de terapia é importante após 
um transplante?”. Um colega de José respondeu: “Terapia imunossupres-
sora, professor”. Então, o professor questionou o motivo e ninguém soube 
responder. Vendo a fisionomia de curiosidade dos alunos, o professor dis-
se: “Eu vou explicar superficialmente o motivo dessa terapia e vocês pes-
quisam depois, certo?! Então, após o transplante, o paciente pode rejeitar 
o órgão novo. E isso ocorre porque existe uma molécula no nosso corpo, 
chamada MHC humano ou HLA, que apresenta antígenos para os linfóci-
tos T. Nesse órgão novo, essa molécula MHC será, muito provavelmente, 
diferente da molécula MHC do indivíduo que recebeu o transplante. Dessa 
forma, o sistema imunológico do receptor irá identificar moléculas estra-
nhas neste novo tecido, principalmente as do MHC e, consequentemente, 
esse novo órgão como um antígeno. Isso gera uma resposta imunológica 
contra o órgão transplantado”. 
Depois dessa breve explicação, todos os alunos ficaram mais curiosos e 
decidiram pesquisar em casa. 
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CAPÍTULO 04
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1.1 POSSÍVEIS

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