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Introdução ao estudo da atividade física, saúde e qualidade de vida

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DESCRIÇÃO
A conceituação de saúde e qualidade de vida e suas relações com estilos de vida ativos,
aptidão física, bem-estar e envelhecimento saudável.
PROPÓSITO
Compreender os conceitos de saúde e qualidade de vida, a fim de estabelecer relações entre
estilos de vida ativos, aptidão física e bem-estar ao longo de toda a vida.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever a evolução teórica das noções de saúde e qualidade de vida
MÓDULO 2
Reconhecer os conceitos de atividade física, exercício físico, aptidão física (fitness) e bem-
estar (wellness)
MÓDULO 3
Identificar as relações entre estilos ativos de vida, aptidão física e bem-estar para um
envelhecimento saudável
INTRODUÇÃO
As intervenções para promover saúde extrapolam estratégias com a finalidade de melhorar
índices de morbimortalidade. A noção de saúde tornou-se uma espécie de “super categoria” do
sentido que damos à vida. Com isso, muitos autores consideram que o conceito de saúde
assume o estatuto de valor transcultural (FARINATTI; FERREIRA, 2006).
Existem muitas definições de saúde, frutos da diversidade de representações e do
entendimento desse conceito. Algumas têm o mérito de realçar seus aspectos positivos,
prospectivos, coletivos, psíquicos ou sociais. Também há aquelas que enfatizam os aspectos
curativos e negativos. Independentemente da natureza, nascem da necessidade de agrupar
campos de conhecimento distintos em torno de um referencial teórico comum, levando a
debates que estão longe de acabar.
As relações entre saúde e Educação Física são históricas, fazendo-se presentes nos seus
discursos profissional e científico. Não é novidade que a prática regular de atividades físicas é
defendida como fator importante na prevenção de doenças e melhoria da qualidade de vida.
Essa relação, apesar de praticamente consensual, revela-se de confirmação difícil. Esquece-se
de que a associação que se faz em um sentido também é passível de aplicação no outro –
afinal, quem faz mais exercício tem menos doenças (ou tem mais saúde) ou quem tem menos
doenças faz mais exercício? Como fazer uma ponte entre conceitos amplos e dependentes de
interpretação pessoal, como são aqueles de saúde e qualidade de vida, com a prática
profissional e dados científicos?
A discussão sobre abordagens relacionadas à saúde e à atividade física por toda a vida revela-
se fundamental para a formação profissional. Por exemplo, motivação, estratégias e avaliação
de programas de exercícios para idosos deveriam ser diferentes das adotadas para indivíduos
jovens; rotinas para pessoas saudáveis são distintas daquelas elaboradas para pacientes em
condições patológicas.
Assim, a partir da definição de conceitos acerca das noções de “saúde” e “promoção da
saúde”, estabelecem-se relações com a “qualidade de vida” e discute-se o papel das atividades
físicas como um hábito para promover um envelhecimento saudável.
MÓDULO 1
 Descrever a evolução teórica das noções de saúde e qualidade de vida
DA PRÉ-HISTÓRIA AO ILUMINISMO:
ÊNFASE NO INDIVÍDUO
Todas as culturas criam suas próprias teorias sobre a saúde, a doença e a morte. Ainda que
possam variar, elas podem ser agrupadas, geralmente, em duas categorias:
1
Focalizam os fatores comportamentais.
2
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Focalizam os fatores ambientais.
As culturas pré-históricas, por exemplo, tendiam a atribuir a desígnios divinos o que não
podiam explicar. Assim, quando procuravam interpretar seu meio ambiente e a si mesmos, os
povos apelavam para a superstição, a partir dos fenômenos da natureza. Assim, doença e
saúde eram noções apreendidas em um contexto mágico-religioso, sendo associadas a forças
sobrenaturais.
Nos povos que começavam a dominar a escrita, constata-se uma evolução que vai além do
estágio puramente mágico-religioso. Sociedades da era pré-cristã, como os egípcios, hebreus
e gregos, pensavam já em termos de saúde física: a condição física determinava os níveis de
saúde; apesar da importância do elemento religioso, aceitava-se que as enfermidades teriam
uma relação com os hábitos de higiene pessoais.

TRADIÇÃO HIPOCRÁTICA
As raízes da ciência médica ocidental começam a ser fundadas na tradição hipocrática, um
sistema de pensamento e prática médica desenvolvido por volta do ano 400 a.C. De acordo
com esse sistema, bem-estar e enfermidade resultavam do equilíbrio entre fatores ambientais –
vento, temperatura, água, solo – e o modo de vida (nutrição, trabalho etc.).
O equilíbrio externo entre o indivíduo e seu ambiente era considerado como indicador do
equilíbrio interno, mais especificamente entre os humores corporais cardinais (sangue, flegma,
bile etc.). A prática clínica buscava ajudar as forças curadoras da natureza. Os cuidados
públicos de saúde eram ligados à previsão e ao controle dos problemas comunitários, por meio
da compreensão do ecossistema humano.
HIPÓCRATES
A influência de Hipócrates foi um dos marcos que levou a doença a perder, pouco a pouco, seu
caráter eminentemente mágico (Figura 1).
Fonte: Everett Collection / Shutterstock
 Figura 1. Hipócrates.
A partir da doutrina humoral, o conceito de saúde passava a ser introduzido como um estado
de equilíbrio – a enfermidade era considerada como um desequilíbrio dos humores, enquanto a
saúde decorria de sua proporção exata.

OS ELEMENTOS PRINCIPAIS DO PENSAMENTO
HIPOCRÁTICO – A SAÚDE COMO FRUTO DE
EQUILÍBRIO INTERNO E A IMPORTÂNCIA DOS
FATORES HUMANOS E AMBIENTAIS PARA ISSO
– CONSTITUEM O EMBRIÃO DE CONCEPÇÕES,
ENCONTRADAS TANTO NA DOUTRINA
ETIOLÓGICA QUANTO NA NOÇÃO DE SAÚDE
BIOPSICOSSOCIAL.

GALENO
Galeno (Figura 2) retomou as ideias de Hipócrates algumas centenas de anos depois, no
Império Romano. Continuava-se a aceitar que saúde e doença dependeriam dos humores
corporais e de suas oscilações, de acordo com condições que considerava externas (clima,
idade etc.).
Para Galeno, porém, o equilíbrio perfeito dos humores não poderia ser alcançado – logo, a
saúde perfeita era inatingível. Haveria ainda uma espécie de predisposição dos indivíduos às
doenças, em função de sua constituição ou de seu temperamento. As referências galênicas a
uma ordem regular levariam, naturalmente, à introdução das noções de saúde normal e
anormal, e isso permanece até os dias atuais.
Fonte: Thomas Wyness / Shutterstock
 Figura 2. Galeno.
ILUMINISMO
O século XVII marcou o início do período iluminista. O desenvolvimento intelectual e científico
dava ênfase à mensuração dos fenômenos da natureza, à análise química e matemática.
Procurava-se descrever as leis fundamentais que regiam o universo físico com uma
abordagem mais racionalista para os problemas religiosos, econômicos e sociais. Tal ambiente
foi propício ao desenvolvimento das ciências e das artes, com impacto em todas as áreas de
conhecimento.
Fonte: Morphart / Shutterstock
 Figura 3. René Descartes.
A forma pela qual saúde e doença eram encaradas não constituiu exceção. Esse período veria
surgir uma visão de mundo que modificaria o pensamento científico, delineando as bases da
ciência e da tecnologia modernas: o paradigma cartesiano. Esse sistema de pensamento –
descrito por René Descartes – rompia com a escolástica medieval para inaugurar uma filosofia
que colocava em relevo a liberdade de um homem capaz de dominar a natureza (Figura 3).
O corpo humano passava a ser considerado como uma máquina que funcionaria segundo leis
matemáticas. Para descrevê-las, lançava-se mão do método analítico, dissecando as partes
desse conjunto.

 ATENÇÃO
Nota-se que, em todas essas proposições, os conceitos de “saúde” e “doença” revelam-se,
eminentemente, relacionados ao indivíduo; mesmo quando as condições ambientais são
consideradas, isso é feito em função do comportamento individual. As concepções de saúde
até aqui discutidas dotam-se, portanto, de uma base comportamental.
A VISÃO EPIDEMIOLÓGICA: ÊNFASE NO
MEIO AMBIENTE
O rico ambiente científico do século XVII levaria a uma modificação da postura médicae do
entendimento das relações entre saúde e doença. Dois fatores foram cruciais para o
desenvolvimento do que se poderia considerar como uma visão epidemiológica da saúde:
1
A afirmação dos métodos quantitativos, com a introdução de novos instrumentos de medida,
descrição das funções orgânicas e, principalmente, utilização de estratégias estatísticas para
comparar observações clínicas nas populações.
2
A observação em grande escala das influências ambientais sobre os indivíduos, contribuindo
com a afirmação de um pensamento sanitário de promoção da saúde.
O MÉTODO QUANTITATIVO E A VISÃO
SANITARISTA
A quantificação e instrumentalização marcaram os avanços da Medicina no período iluminista.
Paralelamente à ênfase descritiva das funções vitais, multiplicavam-se as iniciativas para
determinar a etiologia das manifestações patológicas e o estado de saúde geral das
populações. Thomas Sydenham foi um dos primeiros a aplicar conceitos de caráter
epidemiológico a problemas clínicos (Figura 4).
Fonte: London School of Hygiene & Tropical Medicine
 Figura 4. Thomas Sydenham.
Por meio da observação e descrição meticulosas, procurava definir o que chamava de “história
natural da doença”. Essa preocupação com a observação levaria os médicos a concentrarem
sua atenção no ambiente físico, bem como na observação prolongada do doente. Para tanto,
seria necessário integrar as informações sobre doenças, ocupações, rendimentos, habitação e
outros, a fim de se obter um perfil do estado de saúde dos povos.
ESSE CONJUNTO DE PRINCÍPIOS QUE
ORIENTARIA AS AÇÕES DE SAÚDE ATÉ O FIM
DO SÉCULO XIX ERA DENOMINADO “VISÃO
SANITARISTA”.
A relação percebida entre as enfermidades e a pobreza está na base dessa linha de
pensamento. Duas noções sustentavam essa ligação: “miasma” e “contágio”. Definia-se
miasma como uma condição atmosférica que emanava, provavelmente, da matéria em
putrefação e que estaria na origem das infecções.
O princípio de contágio pretendia que as doenças eram transmitidas de pessoa a pessoa por
partículas invisíveis. Ambos os princípios decorriam da aceitação da ideia de que condições
sanitárias inadequadas contribuíam para a propagação das doenças, e as epidemias que
atingiam a Europa reforçavam esse pensamento.
No século XVIII, essa forma de pensar influenciaria os governos, que passaram a manifestar
uma vontade de introduzir a saúde pública em suas prerrogativas. O primeiro a descrever
amplamente as responsabilidades dos governos em relação à saúde dos povos foi Johann
Peter Frank (Figura 5).
ESSE MÉDICO ALEMÃO EVOCAVA A
NECESSIDADE DE REFORMAS SOCIAIS,
ECONÔMICAS E AMBIENTAIS PARA MELHORAR
AS CONDIÇÕES DE SAÚDE. SUAS OPINIÕES
ENFATIZAVAM, ESPECIALMENTE, O
APROVISIONAMENTO DE ÁGUA POTÁVEL E
VÍVERES NÃO CONTAMINADOS, A LIMPEZA DOS
ESPAÇOS PÚBLICOS E A EDUCAÇÃO PARA A
HIGIENE PESSOAL, NUMA PERSPECTIVA
PREVENTIVA.
Fonte: London School of Hygiene & Tropical Medicine
 Figura 5. Johann Peter Frank.
Vários países europeus foram influenciados pelas ideias de Frank. A Revolução Industrial
reforçaria o interesse das classes dominantes pela saúde das populações – tratava-se de
garantir graus de saúde que possibilitassem aumentar o potencial de produção, consumo e o
poder militar.
As ideias sanitaristas influenciaram as políticas de saúde pública até meados do século XIX.
Os conceitos de melhoria sanitária, aritmética política e de quantificação dos fenômenos
ligados à saúde e à doença tiveram notável impacto sobre o entendimento da saúde e de seus
determinantes ambientais.
O PARADIGMA BIOMÉDICO: UM EFEITO,
UMA CAUSA
A construção de uma perspectiva sanitarista de saúde levou a uma colaboração crescente
entre Estado e Medicina. O apoio à quantificação das doenças e a instituição de mecanismos
de controle médico foram consequências diretas dessa colaboração.
Os progressos no campo da saúde pública desenvolviam-se rapidamente, mas foi no século
XIX que a Medicina pôde oferecer, diante da vontade difusa dos governos em melhorar a
saúde das populações, uma esperança de realização a curto prazo. Essa real possibilidade de
intervenção, sem grandes reformas estruturais das sociedades, adviria do que se costuma
chamar de “revolução bacteriológica” (FARINATTI; FERREIRA, 2006).
A existência de microrganismos havia muito era intuída. No entanto, a primeira descrição
documentada é creditada ao inventor do microscópio, Anton van Leeuwenhoek. Sua descrição,
porém, não os associou às enfermidades nem lhes atribuiu significado especial. A relação entre
os microrganismos e as doenças, bem como a influência positiva das medidas sanitárias sobre
sua incidência, seria reforçada pelos trabalhos de higienistas como John Snow e William Budd.
De acordo com a visão epidemiológica, suas recomendações tocavam na necessidade de
reformas que tornassem possíveis modos de vida desfavoráveis ao contágio. Apesar das
limitações quanto ao conhecimento sobre o processo de transmissão das doenças, essa
abordagem epidemiológica permitiu avanços no campo da saúde pública.
É nesse contexto que entra em cena Louis Pasteur, cujos trabalhos forneceram novos modelos
e aspirações à Medicina, consolidando o mais importante paradigma das ciências da saúde
(Figura 6).
Fonte: Coleção Everett
 Figura 6. Louis Pasteur.
PASTEUR FOI O PROMOTOR DA TEORIA DO
GERME E DA LEGITIMAÇÃO DA ERA
BACTERIOLÓGICA. AS DESCOBERTAS NO
DOMÍNIO DAS DOENÇAS INFECCIOSAS
REVOLUCIONARAM AS TEORIAS QUE
EXPLICAVAM AS CAUSAS DAS ENFERMIDADES
E DA “BOA SAÚDE”, ECLIPSANDO O PAPEL DO
COMPORTAMENTO INDIVIDUAL E DAS
CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE VIDA, EM FAVOR
DA GÊNESE DAS DOENÇAS EM SI.
A partir da teoria do germe e da doutrina da etiologia específica, segundo a qual para cada
doença haveria uma causa identificável, a maneira pela qual as origens, a prevenção e o
tratamento das doenças eram concebidos mudou profundamente. A procura de microrganismos
praticamente monopolizaria os recursos materiais e intelectuais que regiam a Medicina.
A abordagem sanitarista foi absorvida pela Bacteriologia. As doenças, que eram associadas às
condições do meio ambiente, no qual se concentravam os esforços de observação e pesquisa,
passaram a ser estudadas em laboratórios.
Os métodos estatísticos adotados pelos epidemiologistas foram transferidos da realidade para
os ambientes experimentais – enumeravam-se animais doentes, mortos ou curados. Não era
mais necessário debruçar-se sobre as populações no local onde viviam. O laboratório tornou-
se o centro do interesse médico.
Fonte: Natata / Shutterstock
 Figura 7. Robert Koch.
A doutrina da etiologia específica logo se estenderia a outros contextos: se Pasteur
estabeleceu as bases experimentais e teóricas para a teoria do germe, Robert Koch
consolidaria os métodos e as técnicas que universalizaram a ideia de “etiologia específica”
(Figura 7).
OS POSTULADOS DE KOCH SE TORNARAM O
“PADRÃO-OURO” PARA AVALIAR AS CAUSAS
DAS DOENÇAS. A BACTÉRIA PODERIA SER
SUBSTITUÍDA POR PARASITAS, INSETOS OU
QUALQUER OUTRO AGENTE, MAS O
PARADIGMA PERMANECIA O MESMO: UM
EFEITO, UMA CAUSA.
O agente específico era a condição suficiente para o surgimento de uma enfermidade. A saúde,
nesse prisma, consistia no resultado da ausência ou presença desses agentes nocivos no
ambiente.
O biólogo canadense Hans Selye expandiria esse conceito à noção de estresse biológico,
demonstrando que a exposição a agentes estressantes poderia levar a disfunções de órgãos e
sistemas. Com o tempo, esses princípios seriam utilizados para explicar um sem-número de
doenças – radiação, açúcar, gorduras, barulho, estresse, álcool, tabaco ou poluição são alguns
exemplos de agentes mencionados nessas situações.
A aceitação de causas específicas para as doenças levou à concepção de que seria possível
localizar os fenômenos patológicos em regiões reduzidas do organismo: podia-se compreender
melhor o todo pela análise das partes. Logicamente, isso abria a perspectiva de reparar, treinar
ou substituir os órgãos defeituosos. ATENÇÃO
De acordo com esse paradigma biomédico, as enfermidades seriam o impedimento
temporário ou permanente do funcionamento dos elementos ou da relação entre os elementos
que compunham o indivíduo, em virtude de fatores identificáveis. Assim, reforçava-se o
entendimento da saúde como ausência de doenças, já que eram colocados mais em
evidência os sintomas patológicos em órgãos específicos que outros atributos da saúde
física e mental.
O impacto desse modelo restringiria as formas de percepção da saúde durante um século. As
temáticas da aritmética política, os ideais sanitaristas e os métodos estatísticos em escala
populacional, que caracterizavam o pensamento dos epidemiologistas, saíam da ordem do dia.
UMA CONCEPÇÃO BIOPSICOSSOCIAL DE
SAÚDE
Aos poucos, as fragilidades da doutrina do agente específico foram apontadas. As noções de
suscetibilidade e resistência advogavam que a manutenção da saúde exigiria um nível de
resistência específica para enfrentar os agentes da doença. Isso seria determinado por alguns
fatores, como o modo de vida e o ambiente, como defendiam os epidemiologistas. Em outras
palavras, as doenças às quais o indivíduo sucumbia dependeriam de elementos constitutivos
genéticos e adquiridos e de sua integração com o meio ambiente.
À medida que se colocava em evidência a natureza multifatorial da saúde, a biomédica perdia
consistência.
Fonte: NicoElNino / Shutterstock
NO FIM DA DÉCADA DE 1940, A DEFINIÇÃO
PUBLICADA PELA RECÉM-CRIADA
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS)
RECONHECERIA A SAÚDE COMO UM
CONSTRUTO MULTIFATORIAL.
Considerá-la em função da presença ou não de doenças consistia em pensamento superficial,
dando relevo ao que se queria evitar (a doença), mas esquecia o que se gostaria de atingir.
De fato, a divulgação da definição da OMS impulsionaria o desenvolvimento de conceitos de
saúde com eixo no bem-estar de indivíduos e comunidades (FARINATTI; FERREIRA, 2006). As
críticas à ênfase biomédica tornaram-se frequentes. No seu conjunto, condenava-se o
simplismo da doutrina da etiologia específica e lembrava-se que a saúde e seus determinantes
não poderiam ser analisados de forma puramente descritiva, sem julgamentos de valor. A
saúde afirmava-se como uma noção ligada às demandas e aos objetivos individuais da vida.
Diante desse tipo de crítica, o entendimento de “saúde” começou a mudar. Tornou-se cada vez
mais claro que os perfis de saúde e enfermidade resultariam das condições gerais de vida. As
taxas elevadas de morbidade e mortalidade dos países em desenvolvimento, em comparação
com as nações industrializadas, eram explicadas prioritariamente em função dos níveis
acentuados de pobreza, decorrentes das condições econômicas e políticas vigentes.
A grande incidência de problemas de saúde e as doenças crônicas nas classes mais pobres e
nos grupos minoritários estaria associada às suas condições de trabalho e subsistência,
incitando modos de vida pouco compatíveis com a saúde.
Dessa maneira, os aspectos socioculturais, político-econômicos e ecológicos mostram-se tão
importantes para as decisões e os estudos sobre a saúde quanto os aspectos de ordem
biológica. Esses aspectos devem ser apreciados em conjunto, interagindo para produzir as
condições de saúde em determinado tempo e lugar.
Diversos documentos oficiais começaram a revestir de caráter institucional essa nova forma de
ver a saúde.
NO BRASIL, PODE-SE MENCIONAR A CARTA
BRASILEIRA DE SAÚDE, EDITADA NA VIII
CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, EM 1987. NELA,
ASSUME-SE QUE A SAÚDE DEPENDE DE UM AMPLO
ESPECTRO DE FATORES, COMO AS “CONDIÇÕES DE
ALIMENTAÇÃO, DE EDUCAÇÃO, DE HABITAÇÃO, DE
RENDA, DO MEIO AMBIENTE, DE TRABALHO, DE
TRANSPORTE, DE EMPREGO, DE LAZER, DE
LIBERDADE, DE ACESSO (...) À TERRA E (...) AOS
SERVIÇOS DE SAÚDE.
(VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, 1987)
Outros documentos importantes poderiam ser listados, mas o ponto comum a todos é a
mudança de foco para discutir as necessidades mais gerais de saúde de indivíduos e
populações.
Alguns argumentos justificam a afirmação de que estaria em desenvolvimento um paradigma
biopsicossocial para conceituar e intervir em saúde. Essa abordagem é explicada da seguinte
forma: entender os seres humanos e seu ambiente como um sistema aberto, no qual as ações,
reações e interações seriam permanentes.
O novo paradigma para as questões de saúde combinava o viés biomédico, psicossocial e
médico-social; logo, não substituía o paradigma biomédico, mas o aprimorava, combinando-o a
outras características. O objetivo seria expandir os horizontes, pois as concepções
contemporâneas de saúde tendiam a considerar o indivíduo como um todo, observando-o no
seu contexto social e físico.
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA: CONCEPÇÕES
CONTEMPORÂNEAS
O conceito de saúde tem sido definido a partir da “ausência de doenças”. Com efeito, grande
parte das discussões em saúde focaliza mais a doença como desvio biológico em relação a um
critério normativo do que a totalidade dos componentes da saúde. Isso decorreria do fato de
que seria mais fácil reconhecer um desvio de padrões estabelecidos como normais para o
funcionamento do corpo do que chegar a um acordo quanto aos elementos que constituem
verdadeiramente o bem-estar e a saúde.
Duas noções importantes que decorrem disso são os conceitos de saúde negativa e saúde
positiva (DOWNIE; FYFE; TANNAHILL, 1991) (Figura 8).
SAÚDE NEGATIVA
Refere-se aos estados indesejáveis da saúde, englobando doenças, lesões, incapacidades,
deficiências e estados psicológicos negativos. Apreciar a saúde pelo lado negativo, portanto,
seria fazê-lo por exclusão, implicando concebê-la como “ausência de doenças”.
SAÚDE POSITIVA
Incorpora o bem-estar e a aptidão física. O bem-estar traduziria um estado de espírito
decorrente do grau de realização pessoal e possibilidades de se controlar a própria vida, de
escolher o que se quer fazer ou ser. Outro elemento da saúde positiva seria a aptidão física,
vista como o componente físico do bem-estar. A aptidão física seria uma das condições que
predisporiam à saúde, uma vez sendo impensável tecer projetos, fazer escolhas, sem as
condições funcionais para realizá-los. Assim, as condições físicas adequadas são necessárias
para o bem-estar.
Fonte: Acervo do autor – adaptado de Downie et al. (1991).
 Figura 8. Saúde positiva vs. saúde negativa.
Deve-se notar que o termo “saúde positiva” refere-se a um conceito vago. Não existem
definições suficientes, nos níveis laico, profissional ou científico, que sirvam de base para um
discurso comum. É compreensível que a abordagem negativa, focalizada na “ausência de
saúde”, seja predominante.
Há muitas dificuldades conceituais para definir a saúde de forma positiva: se a doença pode
ser considerada como um conceito descritivo e explicativo, com um propósito diagnóstico,
prognóstico e terapêutico, a saúde, por outro lado, seria um termo mais normativo.
Jorge Olímpio Bento (1991, p. 22) ilustra bem essas dificuldades:
QUANDO ESCUTAMOS QUE ALGUÉM (...) ESTÁ
DOENTE, LOGO PERGUNTAMOS QUAL A DOENÇA, SE
É GRAVE, (...) CRÔNICA OU PROLONGADA. POR
OUTRO LADO, SE ALGUÉM ESTÁ EM BOA SAÚDE,
NÃO PERGUNTAMOS NADA SOBRE O TIPO OU O
NÍVEL DESTA SAÚDE. CONHECEMOS DEZENAS DE
DOENÇAS DESCRITAS PELA MEDICINA, MAS NÃO
PODEMOS DESCREVER UMA SAÚDE ÚNICA.
Pode-se considerar que a primeira tentativa de difundir uma noção mais ampla de saúde
teve lugar com a criação da OMS, em 1947:
A SAÚDE TRADUZ UM ESTADO DE COMPLETO BEM-
ESTAR FÍSICO, MENTAL E SOCIAL, NÃO
CONSISTINDO APENAS NA AUSÊNCIA DE DOENÇAS
OU ENFERMIDADES.
(WHO, 1947, p. 1)
Essa definição tornou-se a mais conhecida e difundida em escala mundial.
Ao descrever a saúde como um valor geral, a definição da OMS serviu de referência à
reformulação de políticas e programas de saúde, até então calcados nos postulados da
Bacteriologia, e estabeleceu uma distinção entre a necessidade de remediar estados negativos
de eventos mórbidos (mal-estar, doença) e o objetivo de se estimular umestado de bem-estar.
Outro aspecto foi a inclusão de fatores sociais e ambientais. A definição da OMS representou
um grande progresso para o entendimento da saúde como uma entidade positiva, com
dimensões próprias e independentes da doença.
Alguns problemas persistiram. Uma das principais críticas sugere que a definição da OMS
conceberia a saúde como um estado ideal do qual é possível se aproximar, mas jamais atingir.
Outras afirmam que o conceito ambíguo de “saúde” teria sido substituído pelo conceito
igualmente ambíguo de “bem-estar”: um completo bem-estar seria difícil de avaliar. O
completo bem-estar físico, mental e social, portanto, seria uma condição subjetiva e utópica.
Fonte: Chinnapong / Shutterstock
HAVERIA, AINDA, PROBLEMAS DE ORDEM
PRÁTICA. QUEM DECIDE QUANDO EXISTE UM
COMPLETO ESTADO DE BEM-ESTAR? ESSE
JULGAMENTO DEPENDE DE VALORES
INTANGÍVEIS. LOGO, COMO IDENTIFICAR
AQUELES QUE SE ENCONTRAM EM
BOA SAÚDE?
SE INDIVÍDUOS PSICÓTICOS AFIRMAM QUE
ESTÃO EM BOA SAÚDE, QUE SEU BEM-ESTAR
É ELEVADO, ACEITA-SE TAL JULGAMENTO?
AS PESSOAS COM INCAPACIDADES OU
DEFICIÊNCIAS TRANSITÓRIAS – UMA FRATURA,
POR EXEMPLO – DEVERIAM SER
CONSIDERADAS EM BOA OU MÁ SAÚDE? EM
QUE MEDIDA?
É razoável pensar que essas críticas reforçaram a tendência a se considerar a saúde como
multifatorial, decorrente de ações individuais e coletivas na resolução de problemas de ordem
biológica, psicológica e social. A aceitação desses pontos leva ao reconhecimento de que a
saúde integra relações complexas que incorporariam diversos domínios de conhecimento,
dependendo dos subsídios teóricos e práticos de diferentes disciplinas.
A saúde representaria um estado subjetivo, dependendo dos valores individuais, que devem
ser operacionalizados para uma avaliação (FARINATTI; FERREIRA, 2006). A própria OMS fez
uma releitura de sua definição, ajustando-a a essas novas ideias.
Mantendo suas características, essa releitura continua a realçar a noção de saúde positiva,
mas relativizando-a ao contexto físico e social:
UMA CONCEPÇÃO POSITIVA E RELATIVA DE SAÚDE
IMPLICA QUE TODOS OS INDIVÍDUOS,
INDEPENDENTEMENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS DO
MOMENTO E QUALQUER QUE SEJA SUA IDADE,
PODEM TER ACESSO AO BEM-ESTAR, TIRANDO
PLENO PARTIDO DE SUAS CAPACIDADES.
(OMS, 1985, p. 31)
Em linhas gerais, as definições e os modelos operacionais de saúde podem ser classificados
em três grandes abordagens:
1
Abordagem adaptativa, considerando a adaptação ao meio ambiente.
2
Abordagem funcional, realçando a capacidade de realizar tarefas e desempenhar papéis
sociais específicos.
3
Abordagem perceptiva.
Conheça mais alguns aspectos acerca dessas abordagens:

ABORDAGENS ADAPTATIVA E FUNCIONAL
Nas abordagens adaptativa e funcional, a essência reside no entendimento de que os
problemas de saúde seriam inversamente proporcionais à estabilidade do ambiente. As
modificações abruptas dos modos de vida, em razão de um contexto em mutação,
enfraqueceriam as resistências frente às “ofensas” do ambiente social e físico. As questões de
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saúde são vistas em relação ao cotidiano do indivíduo, seu ambiente, trabalho, seus lazeres,
hábitos etc.
CONCEPÇÕES FUNCIONAIS: LIMITAÇÕES
A principal limitação das concepções funcionais reside no fato de que, ao transformar a saúde
em um quase sinônimo de satisfação das necessidades cotidianas, essas concepções
confundem o que é indispensável para a saúde e o que ela efetivamente é. Sua limitação
seria a tendência a apreciar a saúde pelo viés do que o indivíduo faz, ignorando o que pensa
ou sente quando o faz.


ABORDAGEM PERCEPTIVA
Na abordagem perceptiva, há uma tendência em aproximar o conceito de saúde da “qualidade
de vida”, entendida como decorrente do bem-estar. A própria definição original da OMS seria
um dos primeiros exemplos dessa abordagem. Parte-se da premissa de que a qualidade de
vida seria uma das manifestações centrais da saúde, nela integrando aspectos diversos, como
recursos materiais, emoções, relações sociais e oportunidades de desenvolvimento pessoal.
Seu grande problema reside em uma imprecisão da descrição de como todos esses fatores
interagiriam.
Muitos modelos que se encaixam nessa classificação pretendem ser holísticos, adotando uma
visão de harmonia entre o homem e o mundo, pelo equilíbrio de numerosos elementos. A
saúde não consistiria em um patrimônio estável e fácil de ser alcançado. Ao contrário, seria
necessário trabalhá-la e reconstruí-la durante toda a vida, por meio de uma adaptação positiva
aos papéis desempenhados em sociedade.
Em outras palavras, deve-se ir além de meios e ações exclusivamente preventivos ou
curativos, valorizando-se aspectos ligados ao sentido que se dá à vida. Nesse contexto, a
maior parte dos autores aceita que a qualidade de vida seja fruto das experiências de vida e
dos contextos ambiental e social.
Um bom exemplo desse tipo de definição é dado pela própria OMS:
A QUALIDADE DE VIDA É DEFINIDA COMO A
PERCEPÇÃO DO INDIVÍDUO SOBRE SUA POSIÇÃO NA
VIDA, SEGUNDO O CONTEXTO CULTURAL E O
SISTEMA DE VALORES NO QUAL VIVE E EM RELAÇÃO
A SUAS ASPIRAÇÕES, EXPECTATIVAS, REFERÊNCIAS
E INTERESSES. TRATA-SE DE UM CONCEITO AMPLO,
INFLUENCIADO DE MANEIRA COMPLEXA PELAS
RELAÇÕES SOCIAIS E PELA INTERAÇÃO COM O MEIO
AMBIENTE.
(WHO, 1993. p. 153)
A qualidade de vida, como elemento central da saúde, resultaria da interação entre condições
objetivas e julgamentos subjetivos.
CONDIÇÕES OBJETIVAS
As condições objetivas referem-se aos recursos pessoais dos quais dispomos para responder
às demandas da existência, como a ausência de doenças ou segurança financeira.
JULGAMENTOS SUBJETIVOS
Os julgamentos subjetivos fazem apelo às experiências, percepções de bem-estar, à satisfação
pessoal ou felicidade. Não basta viver, precisa-se viver plenamente, de maneira realizada e
integrada ao entorno físico e social.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre conceitos de saúde e qualidade de vida.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO À EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE SAÚDE, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
A) A doutrina da etiologia específica considerava que, para cada doença, haveria uma causa
perfeitamente identificável (o agente específico). Com o tempo, essa abordagem estendeu-se
para diversos outros contextos, consistindo em “padrão-ouro” para avaliar as causas de
quaisquer doenças.
B) A visão sanitarista predominou durante o Iluminismo, tendo uma ênfase marcadamente
mágico-religiosa.
C) A abordagem epidemiológica predominante no século XVIII nasceu do desejo dos governos
europeus de declarar guerra aos seus vizinhos.
D) No fim da década de 1940, a definição de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS)
representou um retrocesso em relação à visão sanitarista do século anterior.
E) Culturas pré-históricas acreditavam que saúde e doença dependeriam dos humores
corporais e de suas oscilações, de acordo com condições que considerava externas (clima,
idade etc.).
2. AS CONCEPÇÕES CONTEMPORÂNEAS DE SAÚDE E QUALIDADE DE
VIDA CARACTERIZAM-SE POR:
A) Assumirem uma abordagem predominantemente negativa para conceituar saúde e
qualidade de vida.
B) Valorizarem o conceito de “saúde positiva”, ligado à prevenção e ao tratamento de doenças,
que são condições “negativas”.
C) Negarem a definição de saúde da OMS, segundo a qual “a saúde traduz um estado de
completo bem-estar físico, mental e social, não consistindo apenas na ausência de doenças ou
enfermidades”.
D) Definirem saúde e qualidade de vida de maneira multifatorial, a partir de uma abordagem
perceptiva, com ênfase na capacidade de se atender às demandas da existência, bem como
sentimentos de bem-estar, satisfação pessoal e felicidade.
E) A inclusão de fatores sociais e ambientais. Porém, estes fatores são dispensáveis, pois não
estabelecem relação com a saúde.
GABARITO
1. Em relação à evolução do conceito de saúde, assinale a alternativa correta:
A alternativa "A " está correta.
A doutrina da etiologiaespecífica estabelecia que, para cada doença, haveria uma causa. As
doenças, que vinham sendo associadas às condições ambientais, passaram a ser estudadas
em laboratórios. Os métodos estatísticos dos epidemiologistas foram transferidos da realidade
para condições experimentais nas quais se buscava o germe responsável pela doença. A
abordagem sanitarista foi, desse modo, absorvida pela Bacteriologia.
2. As concepções contemporâneas de saúde e qualidade de vida caracterizam-se por:
A alternativa "D " está correta.
Definições contemporâneas de saúde reconhecem que a qualidade de vida, como seu
elemento central, seja fruto de condições objetivas e julgamentos subjetivos. As condições
objetivas referem-se aos recursos pessoais para responder às demandas da existência. Os
julgamentos subjetivos fazem apelo às experiências, percepções de bem-estar, à satisfação
pessoal ou felicidade. Não basta viver, precisa-se viver plenamente, de maneira realizada,
integrada ao seu meio etc.
MÓDULO 2
 Reconhecer os conceitos de atividade física, exercício físico, aptidão física (fitness) e
bem-estar (wellness)
ATIVIDADE FÍSICA E EXERCÍCIO FÍSICO
Não é incomum que os termos “atividade física” e “exercício físico” sejam usados como
sinônimos, no entanto designam práticas diferentes. Classicamente, Carl Caspersen e
colaboradores (1985, p. 126) definem atividade física como “qualquer movimento corporal
produzido pelos músculos esqueléticos, que resulta em gasto energético maior do que os
níveis de repouso.
ATIVIDADES FÍSICAS
Todo movimento corporal, como fazer as atividades domésticas, lavar o carro, passear com o
cachorro, brincar, entre outros, constitui atividade física. Por isso, todos realizamos atividade
física em algum nível. A quantidade total de calorias dispendidas nas atividades físicas é
determinada pela massa muscular envolvida nos movimentos, bem como pela intensidade,
duração e frequência das contrações musculares.
Fonte: Rido / Shutterstock
Dessa maneira, o montante de atividades físicas que se pratica depende de escolhas pessoais
e demandas impostas pelo contexto físico e social, podendo variar consideravelmente de
pessoa a pessoa, ou mesmo em um único indivíduo ao longo do tempo (dias, semanas,
estações do ano etc.).
Com base nessa premissa, categorias de atividades físicas foram propostas. Para tanto, as
atividades podem ser segmentadas com base em porções da vida diária. A forma mais simples
seria tomar a atividade física total diária como o somatório das atividades no trabalho, no lazer
e durante o próprio sono, sem incluir o efeito da termogênese dos alimentos.
No entanto, divisões mais detalhadas podem ser utilizadas, criando-se subcategorias
referentes aos tipos de atividades:
1
Desportos, tarefas domésticas, condicionamento físico etc.
2
Intensidade (leve, moderada, vigorosa etc.).
3
Dias da semana (fins de semana e dias úteis).
4
Obrigatoriedade (atividades compulsórias ou opcionais).
Qualquer que seja a opção, deve-se compreender que a prática de atividades físicas deriva de
comportamentos complexos. Portanto, tais categorias são opções operacionais, que podem
servir a alguns objetivos e serem inadequadas a outros.
EXERCÍCIO FÍSICO
Quando as atividades físicas são realizadas com a finalidade de desenvolver a capacidade de
se realizar tarefas físicas, devem revestir-se de características específicas. Daí o conceito de
“exercício físico”.
Quando nos referimos à realização de exercícios físicos, estamos falando de atividades físicas
planejadas, sistematizadas, repetitivas e intencionais, com a finalidade de se alcançar um
objetivo. Em geral, programas de exercícios físicos são delineados para preservar ou melhorar
um ou mais componentes relacionados à saúde ou à capacidade de se desempenhar tarefas
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predeterminadas. Logo, atividade física e exercício físico diferenciam-se em virtude da
intencionalidade do movimento.
Em linhas gerais, todo exercício físico pode ser considerado uma atividade física planejada
para que estímulos controlados sejam aplicados sobre sistemas orgânicos ou motores,
produzindo resultados que podem ser acompanhados e previstos.
Podemos fazer uma analogia com a matemática, por exemplo. Ao pagarmos a conta do
mercado e recebermos o troco, estamos realizando atividades que não necessariamente
incrementarão nossa capacidade de realizar operações matemáticas. Em suma, trata-se de
atividades matemáticas.
Por outro lado, quando os professores nos passavam exercícios matemáticos na escola,
estes tinham graus de dificuldade que estavam no limite da nossa compreensão. Eram
atividades planejadas, com graus de dificuldade intencionalmente selecionados, para melhorar
a capacidade de realizar aquelas operações. O mesmo princípio pode ser aplicado aos
conceitos de atividade física e exercício físico.
EM SUMA, EXERCÍCIOS FÍSICOS SÃO
SUBCATEGORIAS DAS ATIVIDADES FÍSICAS,
CUJO OBJETIVO É MELHORAR A CAPACIDADE
DE DESEMPENHO DE UMA TAREFA MOTORA:
CARGAS MOBILIZADAS, RESISTÊNCIA À
FADIGA, VELOCIDADE DE EXECUÇÃO,
PRECISÃO DE MOVIMENTOS, QUALQUER
ELEMENTO PASSÍVEL DE RESPONDER AOS
ESTÍMULOS DO TREINAMENTO FÍSICO. O
EXERCÍCIO FÍSICO TRADUZ A
INTENCIONALIDADE E O PLANEJAMENTO DAS
ATIVIDADES FÍSICAS PARA AUMENTAR AS
CONDIÇÕES DE O ORGANISMO RESPONDER
CADA VEZ MELHOR ÀS DEMANDAS DO
ESFORÇO FÍSICO.
APTIDÃO FÍSICA (FITNESS) E BEM-ESTAR
(WELLNESS)
O conceito de exercício físico, uma vez ligado à noção de fatores treináveis do desempenho,
conduz naturalmente à noção de aptidão física (do inglês physical fitness, condição adequada
para se realizar um trabalho físico).
Em contraste com a atividade física, que diz respeito aos movimentos que realizamos, a
aptidão física refere-se aos atributos que as pessoas têm ou desejam ter. Assim, melhorar a
aptidão física significa aumentar a capacidade de realizar tarefas diárias com menos fadiga e
mais eficiência.
Ao longo dos anos 1960, estudos clássicos desenvolvidos por Edwin Fleishman buscaram
determinar a estrutura do que conceituava como aptidão física. Muitos testes motores foram
aplicados a mais de 20 mil participantes. Em seguida, técnicas de análise agruparam os
resultados dos testes em elementos comuns, os quais constituíram as bases dos componentes
que compõem aquilo que hoje se conhece como qualidades físicas.
As qualidades físicas constituintes da aptidão física englobam diferentes dimensões. De um
lado, podem ser relacionadas à saúde, valorizando qualidades cujo desenvolvimento é
desejável em todas as pessoas. De outro, podem enfatizar qualidades específicas e
necessárias para a otimização do desempenho motor, como agilidade, equilíbrio, coordenação
motora, potência e velocidade.
Fonte: Autor.
 Figura 9. Componentes da aptidão física.
A Figura 9 sumariza as qualidades físicas usualmente atribuídas à aptidão física relacionada
à saúde e à aptidão física relacionada às habilidades motoras de forma geral.
A aptidão física relacionada à saúde engloba as qualidades físicas necessárias para a
realização das atividades cotidianas, estando associadas ao que se considera como
independência funcional. Uma vez influenciadas por aspectos fisiológicos, aceita-se que
níveis mínimos em seu desenvolvimento oferecem alguma proteção aos distúrbios orgânicos
relacionados ao envelhecimento e aos estilos inativos de vida.
Programas de exercícios com ênfase na aptidão física relacionada à saúde costumam incluir
estímulos para:
1
A preservação ou o incremento da capacidade aeróbia (ou cardiorrespiratória)
2
Força muscular (máxima e resistência muscular localizada)
3
Flexibilidade
4
Composição corporal
Por outro lado, a aptidão física relacionada às habilidades motoras relaciona-se ao
desempenho de tarefas específicas. Programas com ênfase nesse ramo da aptidão física
buscam desenvolver qualidades físicas ligadas ao desempenho, uma vez que essas são
exigidas em níveis maiores do queo esperado na população em geral.
Dentre as categorias de indivíduos cuja aptidão relacionada às atividades motoras é mais
desenvolvida que a média das pessoas, estão os desportistas, bombeiros, pilotos de caça,
alpinistas, soldados etc. Em suma, em adição aos aspectos relacionados à saúde, elementos
direcionados ao desempenho em habilidades motoras especiais incluem qualidades como
agilidade, equilíbrio, coordenação, potência muscular e velocidades de deslocamento e reação.
Fonte: VicaPhoto / Shutterstock
Isso não quer dizer que qualidades físicas relacionadas às habilidades motoras devam ser
desenvolvidas apenas em grupos especiais. É bem aceito que os níveis de desempenho motor
nas habilidades esportivas dependam de aspectos genéticos; logo, o potencial atlético tem
limites para ser desenvolvido, e poucas pessoas alcançarão excelência.
Por outro lado, todas as pessoas têm condições de desenvolver essas qualidades e deveriam
ter a oportunidade de atingir níveis mínimos de competência físico-funcional não apenas para
atender às suas necessidades cotidianas, mas também para aumentar as chances de se
envolver socialmente por meio de atividades diversas.
Em outras palavras, é mais provável que dancemos em sociedade se soubermos dançar.
Aqueles que tiveram a oportunidade de aprender um desporto terão mais chance de praticá-lo
ao longo da vida em seu tempo de lazer.
Isso tem impacto positivo nas qualidades físicas constituintes da aptidão física relacionada à
saúde. Não há dúvidas de que programas de exercícios voltados para a saúde devam englobar
qualidades físicas relacionadas às duas esferas da aptidão física, em qualquer idade. Uma
breve descrição das qualidades físicas mais comumente mencionadas como componentes da
aptidão física encontra-se no Quadro 1.
Qualidade física Descrição
Agilidade
Habilidade de mudar rapidamente a posição de todo o corpo
no espaço, com velocidade e precisão.
Equilíbrio
Habilidade de manutenção da estabilidade corporal e
postura, seja em posição estacionária, seja em movimento.
Composição corporal
Quantidades relativas de gordura, músculo, osso e outras
partes vitais do corpo.
Capacidade
cardiorrespiratória
Capacidade dos sistemas respiratório e circulatório de
fornecerem combustível durante as atividades físicas
sustentadas e eliminar subprodutos da fadiga.
Coordenação
Capacidade de realizar tarefas motoras com suavidade e
precisão.
Flexibilidade
Capacidade de realizar movimentos com a maior amplitude
possível.
Força muscular
Quantidade de força externa que um músculo ou grupo de
músculos pode exercer.
Potência muscular
Habilidade de se exercer força externa por meio de
contração muscular no menor tempo possível.
Resistência muscular
Capacidade de um músculo ou grupo de músculos.
exercerem força externa por muitas repetições ou esforços
sucessivos.
Tempo de reação
Habilidade que se relaciona ao tempo para reagir a um
estímulo externo.
Velocidade
Habilidade de realizar um movimento ou uma tarefa motora
em curto período de tempo.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro 1 – Descrição dos componentes da aptidão física
Fonte: Gorgev / Shutterstock
É importante esclarecer que a aptidão física é apenas uma das dimensões da aptidão total, que
inclui aspectos sociais, psicológicos e cognitivos. Por isso, a aptidão física deve ser encarada
como um valor relativo, complementar a outros tipos de aptidão quando se pensa em saúde e
qualidade de vida.
Outro ponto importante diz respeito ao papel da aptidão física em um contexto geral. Não
existe algo como uma “aptidão universal”. Apenas para ilustrar, atletas de alto rendimento
reúnem condições físico-motoras que os habilitam a realizar com eficiência acima da média
apenas aquela tarefa específica para a qual foram treinados.
É fácil aceitar que levantadores de peso e corredores de fundo tenham elevados níveis de
aptidão física, mas que as qualidades que desenvolveram são completamente diferentes.
 ATENÇÃO
No que tange à aptidão física relacionada à saúde, falamos de qualidades físicas de escopo
mais geral, as quais, uma vez desenvolvidas, tornam as pessoas mais aptas a realizarem suas
atividades cotidianas, ao mesmo tempo em que contribuem para a prevenção de estados
patológicos crônico-degenerativos, o que seria desejável para todos, independentemente das
demandas físicas que tenham.
Por essas razões, é difícil apresentar uma definição universal de aptidão física, ao mesmo
tempo em que se deve evitar sugerir que uma aptidão atlética é condição necessária para um
bom estado de saúde, pois, em determinados casos, níveis elevados de desenvolvimento de
certas qualidades físicas são cruciais para determinadas atividades laborais ou de lazer.
Nesse sentido, uma das melhores definições que pudemos localizar foi proposta por Dartagnan
Guedes (1999, p. 52):
UM ESTADO DINÂMICO DE ENERGIA E VITALIDADE
QUE PERMITE A CADA UM NÃO APENAS A
REALIZAÇÃO DAS TAREFAS DO COTIDIANO, AS
OCUPAÇÕES ATIVAS DAS HORAS DE LAZER E
ENFRENTAR EMERGÊNCIAS IMPREVISTAS SEM
FADIGA EXCESSIVA, MAS TAMBÉM EVITAR O
APARECIMENTO DAS FUNÇÕES HIPOCINÉTICAS,
ENQUANTO FUNCIONANDO NO PICO DA CAPACIDADE
INTELECTUAL E SENTINDO UMA ALEGRIA DE VIVER.
Quanto à noção de bem-estar (em inglês, wellness), lembre-se de que a saúde não se
caracteriza pela ausência de doenças, mas como um estado de equilíbrio entre as diferentes
dimensões da existência (biológica, psicológica, social, emocional, intelectual, espiritual etc.),
com influências do entorno físico e social.
Em um continuum que vai de um polo negativo associado às morbidades de maneira geral,
progride-se a um polo mais positivo, relacionado à capacidade de se aproveitar a vida e
superar desafios advindos dos projetos de vida. Nesse contexto, haveria uma tendência de as
definições contemporâneas aproximarem os conceitos de saúde e “qualidade de vida”, esta
última entendida como decorrente de um sentimento de bem-estar verdadeiro.
Mais recentemente, o termo wellness vem sendo utilizado em estratégias de marketing e
coaching, visando balizar os objetivos de intervenções diversas, dentre elas o treinamento
físico. Apesar de essa utilização dar-se em contexto muitas vezes indiscriminado, nota-se que,
de maneira geral, o termo não perdeu a conotação original.
Lembremos que a literatura vem encarando a noção de bem-estar como um elemento central
da saúde vista pelo seu lado positivo, relacionando-se com a percepção subjetiva do nível de
realização pessoal. Uma vez que condições físico-funcionais mínimas são necessárias para a
consecução dos projetos de vida e para atender às demandas do meio ambiente, a aptidão
física também seria um componente importante da “qualidade de vida” definida por meio do
“bem-estar”.
O conceito de wellness vai nessa linha, caracterizando-se pela busca por um equilíbrio nos
âmbitos físico, emocional, ocupacional, intelectual, social e espiritual. No que diz respeito a
programas de exercício físico, o termo wellness vem sendo aplicado para diferenciar
programas que se preocupam com o bem-estar pleno daqueles que enfatizam o
desenvolvimento físico ou a estética (ou fitness).
As dimensões do wellness mais comumente mencionadas como beneficiadas pela prática de
atividades físicas são as seguintes:

BEM-ESTAR FÍSICO
Melhoria da aptidão física e funcional, com impacto no risco de doenças crônico-degenerativas
e capacidade de desempenho nas atividades laborais e de lazer, com mais eficiência e menos
fadiga.
BEM-ESTAR INTELECTUAL
Relacionado ao desenvolvimento cognitivo por meio do envolvimento com atividades físicas,
ressaltando-se a participação em atividades culturais, escolares ou comunitárias.


BEM-ESTAR PSICOLÓGICO
A prática de atividades físicas, principalmente as coletivas, contribuiriam para o
desenvolvimento de valores e sentimentos de “propósito” ou “pertencimento”, que ajudariam a
dar sentido à vida. Esses aspectos são mencionadosem relação às pessoas idosas, por conta
do afastamento das atividades laborais e da redução das oportunidades de interação social.
BEM-ESTAR SOCIAL
Relacionado à dimensão anterior, refere-se à qualidade e à quantidade dos relacionamentos
interpessoais.


BEM-ESTAR OCUPACIONAL
Ligado às atividades laborais ou voluntárias, fundamentais à satisfação pessoal. O
desenvolvimento dessa dimensão pode estar diretamente relacionado às atividades físicas
realizadas, mas também de forma indireta, uma vez que a melhor aptidão física incrementa a
capacidade de se desempenhar tarefas diversas.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre atividade física, exercício físico; fitness e
wellness.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO AOS CONCEITOS DE ATIVIDADE FÍSICA, EXERCÍCIO
FÍSICO E APTIDÃO FÍSICA, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Atividades físicas são exercícios de intensidade reduzida, sem volume suficiente para
melhorar a capacidade cardiorrespiratória.
B) Os níveis de atividade física variam entre os membros da população. Todas as pessoas
praticam algum tipo de atividade. Por outro lado, nem todas fazem exercícios físicos.
C) Exercícios físicos são atividades físicas planejadas, mas que não devem ser repetitivas ou
sistemáticas por causa do risco de lesões.
D) Para melhorar a saúde, apenas atividades físicas devem ser praticadas, evitando-se os
exercícios físicos.
E) A aptidão física não estabelece relação com o percentual de gordura de um indivíduo.
2. CONSIDERANDO OS CONCEITOS TRABALHADOS, ASSINALE A
AFIRMATIVA QUE MELHOR TRADUZ AS CONTRIBUIÇÕES DA APTIDÃO
FÍSICA (FITNESS) PARA A NOÇÃO DE WELLNESS:
A) Uma melhor aptidão física significa que a capacidade cardiorrespiratória aumentou; sem
isso, não há bem-estar.
B) Wellness significa prazer em se exercitar, e a aptidão física é um aspecto central de um
menor desconforto durante sessões de treinamento físico.
C) Se o wellness implica o equilíbrio de diversas dimensões da existência para a percepção de
bem-estar, sem níveis adequados de aptidão física, não há como realizar projetos de vida e
responder adequadamente às demandas do meio ambiente.
D) Atletas têm maior qualidade de vida que não atletas. Portanto, a aptidão física tem relação
direta com o estado percebido de wellness.
E) A melhoria da aptidão física e funcional, com aumento da capacidade de desempenho nas
atividades laborais e de lazer, corresponde ao conceito de bem-estar social.
GABARITO
1. Em relação aos conceitos de atividade física, exercício físico e aptidão física, assinale
a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
Exercícios físicos são subcategorias das atividades físicas, uma vez que existe
intencionalidade na administração das cargas para promover um efeito desejável. Desse modo,
são atividades planejadas, sistematizadas, estruturadas e repetidas para alcançar um objetivo
predeterminado, em geral, a preservação ou melhoria de um ou mais componentes da aptidão
física.
2. Considerando os conceitos trabalhados, assinale a afirmativa que melhor traduz as
contribuições da aptidão física (fitness) para a noção de wellness:
A alternativa "C " está correta.
O conceito de wellness deriva de definições contemporâneas de qualidade de vida e saúde. A
percepção de bem-estar decorre de julgamentos subjetivos acerca da realização pessoal, mas
também das condições objetivas para realizar projetos de vida e responder às exigências do
entorno físico e social. Nesse sentido, a aptidão física é fundamental, consistindo no
componente físico da qualidade de vida.
MÓDULO 3
 Identificar as relações entre estilos ativos de vida, aptidão física e bem-estar para um
envelhecimento saudável
ENVELHECIMENTO, VIDA ATIVA E SAÚDE
Fonte: imtmphoto / Shutterstock
Os benefícios de uma vida ativa são universalmente reconhecidos. Em um sentido prático,
porém, os efeitos positivos sobre a função orgânica somente se fazem úteis no contexto da
melhoria das condições gerais de vida. De fato, conceitos como esperança de vida ativa,
envelhecimento bem-sucedido ou envelhecimento saudável colocam em evidência a
necessidade de se atribuir aos idosos um papel importante em suas comunidades e determinar
os efeitos dessas iniciativas sobre sua qualidade de vida.
EIS A IDEIA GERAL: OS INDIVÍDUOS SÃO MAIS
FELIZES QUANDO CONTINUAM INTEGRADOS À
SOCIEDADE, E A ALEGRIA DE VIVER DEPENDE
DO AUTOCONCEITO E DA AUTOESTIMA QUE
DECORREM DE UMA BOA SAÚDE E NÍVEIS DE
CONDIÇÃO FÍSICA QUE PROPORCIONEM
AUTONOMIA E INDEPENDÊNCIA.
AUTONOMIA
A maneira pela qual se entende a “autonomia” é fundamental para o estudo das relações entre
saúde e envelhecimento. Nesse sentido, pode-se afirmar que a maior parte das estratégias de
intervenção voltadas à autonomia dos idosos adotam uma perspectiva “medicalizada”,
frequentemente identificada com a ausência de incapacidades. Tende-se, então, a definir o
indivíduo autônomo a partir da noção de dependência.
SAÚDE
Não se pode também considerar a saúde apenas como ausência de doenças, a autonomia
não pode ser vista como “ausência de dependência” (física, psíquica ou social). Abordagens
consistentes com as concepções contemporâneas de saúde levam em conta a aptidão física e
funcional, mas também a forma com que se satisfazem as demandas impostas pelo meio
ambiente e pelos objetivos vitais.
O envelhecimento saudável decorre de níveis de aptidão que permitam a realização pessoal,
em conformidade com as concepções de saúde, bem-estar e qualidade de vida. No caso
específico das pessoas idosas, as noções de autonomia e saúde são tão interligadas que,
frequentemente, são empregadas indistintamente.
Em vez de se patrocinarem intervenções visando à prevenção ou à cura de estados mórbidos,
defende-se que sejam construídas condições estruturais – físicas e sociais – que permitam ao
idoso sua realização pessoal por meio da manutenção de seus laços com a sociedade.
Estabelece-se, com isso, uma relação entre aptidão física, aptidão funcional e aptidão social,
conforme ilustrado na Figura 10.
Fonte: Acervo do autor.
 Figura 10. Qualidade de vida vs. autonomia e aptidão física, funcional e psicossocial.
Assume-se que não pode haver qualidade de vida sem inclusão social e manutenção das
redes de relacionamento e das atividades desejadas. Isso dependeria de bons níveis de
aptidão funcional, decorrente das possibilidades de execução de tarefas para as quais
concorrem as qualidades físicas da aptidão física.
VIDA ATIVA E SAÚDE
A vida ativa pode melhorar as funções física, mental e social da pessoa que envelhece. O
Quadro 2 apresenta alguns exemplos de possíveis benefícios decorrentes de uma rotina
fisicamente ativa em idosos.
Descrição
Menor risco de doenças cardiovasculares, respiratórias e metabólicas.
Melhor controle da composição corporal e prevenção da obesidade.
Melhor glicemia e perfil lipídico sanguíneo.
Melhor padrão de sono.
Melhor controle da pressão arterial.
Manutenção da massa óssea e prevenção de osteoporose.
Melhor desempenho cognitivo, motivação geral, estabilidade emocional e ansiedade.
Manutenção da capacidade cardiorrespiratória, maior tolerância ao esforço.
Menor sensação subjetiva de fadiga e sobrecarga cardíaca nas atividades cotidianas.
Manutenção de força e massa muscular, estrutura óssea, tempo de reação e movimento.
Melhor amplitude de movimentos (flexibilidade).
Melhor equilíbrio estático e dinâmico.
Manutenção do desempenho motor.
Manutenção da aptidão psicossocial e menor risco de demência senil.
Melhor senso de autogoverno, independência e autoestima.
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Quadro 2 – Benefícios da atividade física regular durante o envelhecimento
No entanto, a noção de que a atividade corporal exerce efeitos positivos sobre a manutenção
da capacidade funcional dos idosos é recente. A imagem que as sociedades fazem da
atividade física alterou-se radicalmente há algumas décadas. Até 1960, a comunidade científicaera cética quando se tratava de considerar o exercício como uma prática salutar para todos. A
atividade física era vista como algo reservado aos mais jovens, tida como algo perigoso para
os idosos (FARINATTI, 2008).
Fonte: Inside Creative House / Shutterstock
Isso decorria da aceitação de certas teorias de adaptação, como a de Raymond Pearl, segundo
a qual a esperança de vida tinha relação com fatores como a temperatura, a taxa de gasto
energético, o consumo de oxigênio e o nível de atividade física realizada. O esforço físico
representaria um estresse que provocaria efeitos prejudiciais, acelerando o processo de
envelhecimento.
Esse tipo de posição influenciava negativamente a opinião pública quanto às relações entre
atividade corporal, saúde e envelhecimento. Aceitas e divulgadas pela comunidade científica e
pela mídia, crenças desse tipo prevaleceram até o momento em que as pesquisas
demonstraram o potencial físico das pessoas idosas e os benefícios de uma vida ativa para
todas as faixas etárias.
Apesar das evidências científicas, posturas refratárias desse tipo ainda não são incomuns – a
Associação de Cardiologia Geriátrica americana alertava há alguns anos:
OS MÉDICOS FREQUENTEMENTE SUBESTIMAM A
CAPACIDADE DE EXERCITAÇÃO E A ROTINA DE
ATIVIDADES FÍSICAS HABITUAIS DE PACIENTES
IDOSOS E, NUMA VARIEDADE DE SITUAÇÕES,
RECOMENDAM EXCESSIVA LIMITAÇÃO DE SUAS
ATIVIDADES.
(WENGER et al. 2001, p. 241)
Atualmente, estudos epidemiológicos e diversos documentos institucionais propõem que a
prática regular de atividades físicas e uma maior aptidão física relacionam-se com menores
taxas de mortalidade e melhor qualidade de vida.
No entanto, o corpo de conhecimento nesse sentido é recente. Em geral, pode-se dizer que a
aceitação em torno da relação positiva entre exercício e saúde teve início a partir da publicação
dos dados obtidos por Jeremy Morris et al. (1953), que analisaram as variáveis associadas à
incidência de doença coronariana em 31 mil condutores ativos e sedentários que trabalhavam
nos transportes coletivos de Londres. O nível de atividades físicas revelou-se preditivo da
incidência de doença cardiovascular.
Assim, outros pesquisadores investiram no mesmo terreno. Desde então, a associação entre
atividade física regular e taxas menores de morbidade e mortalidade tem sido confirmada por
vários estudos. De fato, são muitos os trabalhos que destacam a inatividade física como fator
de risco para doenças hipocinéticas e redução na qualidade de vida. As evidências
demonstram que níveis aumentados de aptidão e atividade física ajudam a prevenir e reabilitar
diversas doenças, inclusive psicossomáticas.
Fonte: Halfpoint / Shutterstock
As relações entre aptidão física, atividade física e saúde são próximas e recíprocas. Por outro
lado, as pessoas que envelhecem se afastam cada vez mais das atividades físicas que
praticavam quando jovens, com redução de seus níveis de aptidão física. Por isso, reconhece-
se que iniciativas visando à promoção da saúde devam incorporar o apoio a modos de vida
ativos em qualquer idade, valorizando um perfil produtivo de velhice.
A OMS, incentivando o exercício como estratégia para valorização do envelhecimento, publicou
um conjunto de recomendações para promoção da atividade física dessa população (WHO,
1997) e vem, desde então, disponibilizando textos em que realça a importância da atividade
física como instrumento para a manutenção da autonomia e da saúde durante o
envelhecimento.
O PRÓXIMO DESAFIO DOS PROGRAMAS
VOLTADOS À PROMOÇÃO DA SAÚDE DAS
POPULAÇÕES NÃO SERIA CONTINUAR A FAZER
CRESCER A ESPERANÇA DE VIDA, MAS
MELHORAR A QUALIDADE, REDUZINDO-SE OS
ANOS DE DEPENDÊNCIA EM IDADES MAIS
AVANÇADAS. ISSO PRESSUPÕE A
PRESERVAÇÃO DAS ATIVIDADES HABITUAIS E
A DIMINUIÇÃO DOS NÍVEIS DE SEDENTARISMO
DURANTE O ENVELHECIMENTO.
APTIDÃO FÍSICA E ENVELHECIMENTO
SAUDÁVEL
Vamos discutir as relações entre os componentes da aptidão física e um envelhecimento
saudável. O objetivo primordial de todo programa para a manutenção da aptidão física em
idosos seria a manutenção dos seus níveis de autonomia. A seleção dos pontos a serem
abordados é apresentada na Figura 11 (FARINATTI, 2008).
AUTODETERMINAÇÃO + EXIGÊNCIAS DA VIDA
Fonte: Autor.
 Figura 11. Modelo de envelhecimento e autonomia.
Dois aspectos se destacam: a capacidade de trabalho físico e a carga de trabalho. A
capacidade de trabalho corresponde ao potencial para uma vida autônoma, para a qual dois
fatores são determinantes: o envelhecimento natural e os efeitos decorrentes da imposição
regular de uma carga de trabalho. Há de se definir esses fatores discutindo as relações entre
eles na perspectiva da prescrição do exercício físico.
O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO É O “CONJUNTO
DAS MODIFICAÇÕES FÍSICAS, PSICOLÓGICAS E
ESPIRITUAIS QUE SOBREVÊM COM A IDADE,
INFLUENCIANDO AS DIMENSÕES FUNCIONAL,
SOCIAL E EMOCIONAL DA INTERAÇÃO ENTRE O
INDIVÍDUO E O MEIO QUE O CERCA.
(FARINATTI, 2008)
A capacidade de trabalho físico diminui com a idade. Já a carga de trabalho, de acordo com o
modelo proposto, decorreria da concretização do potencial físico de cada um, na medida das
imposições dos modos de vida. Os modos de vida, por sua vez, seriam determinados pelas
influências do meio ambiente e da capacidade de trabalho.
Na lógica do modelo, a exposição contínua a cargas de trabalho tende a provocar efeitos que
terão impacto na capacidade de trabalho e no ritmo do envelhecimento. Esses efeitos
influenciariam os modos de vida, e assim por diante.
O modelo fornece alguns direcionamentos acerca dos pontos que deveriam ser abordados na
análise da relação entre o envelhecimento e a aptidão física, mas, para entender essa relação,
deve-se analisar elementos que vão influenciar a capacidade de trabalho físico e as cargas de
trabalho impostas ao indivíduo que envelhece.
Muitos estudos foram dedicados às relações entre envelhecimento, capacidade de trabalho
físico e independência funcional. Em geral, a diminuição da capacidade física é discutida na
perspectiva de uma interação complexa de diversos fatores, na qual o processo de
envelhecimento é visto, simultaneamente, como causa e consequência. Um bom exemplo
dessa relação é apresentado na Figura 12.
Fonte: Autor.
 Figura 12. Ciclo cicioso do envelhecimento.
É difícil definir uma hierarquização do papel das qualidades físicas que integram a aptidão
física para a independência funcional, em particular, e para a saúde em geral. A opção mais
adequada seria analisar a influência mútua dessas qualidades – por exemplo, coordenação e
equilíbrio dependem, em grande parte, da preservação de bons níveis de flexibilidade e força
muscular.
A velocidade é determinada pela potência e pela coordenação. A capacidade de realizar
atividades durante longo tempo é ditada pela resistência muscular e pela capacidade aeróbica.
Dessa forma, consideramos que o desempenho funcional dos idosos e suas condições de
saúde tenderiam a ser influenciados por modificações associadas a qualidades físicas
relacionadas à função muscular, produção de energia e mobilidade (FARINATTI, 2008).
As cargas relativas impostas aos idosos por determinado trabalho dependeriam da capacidade
de produzir e manter tensão por meio da contração muscular e do consumo de oxigênio nos
processos de transferência de energia de amplitude articular para a realização das atividades
cotidianas. Tais capacidades são associadas à força muscular, à capacidade cardiorrespiratória
e à flexibilidade.
Assim, apesar de não se associar tão diretamente com o desempenho em atividades físicas, a
composição corporal aparece como um componente da aptidão física que deve receber
atenção especial quando se trata de idosos.
Além de as modificações na composição corporal figurarem entre as mais marcantes durante o
envelhecimento, têm repercussões na qualidade de vida e na autonomia, uma vez que se
relacionam com perdas de massa muscular e desmineralização óssea, além de consistiremem
fator de risco para doenças cardiovasculares e metabólicas.
Conheça mais alguns detalhes:
PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS
Em relação à prevenção e ao tratamento de doenças, a simples redução do peso corporal ou
do percentual de gordura pode trazer benefícios à saúde. No entanto, a magnitude desses
efeitos apresenta grande variabilidade, já que o aumento ou a manutenção da massa muscular
são desejados.
Adaptações musculares provenientes do treinamento físico podem preservar a capacidade
funcional, pois o grau de força exercido pelos músculos sobre o tecido ósseo reduz o
decréscimo da densidade óssea, prevenindo doenças como a osteoporose.
Além disso, o metabolismo em repouso é mantido ou aumentado com a preservação ou o
incremento da massa muscular, e a perda muscular progressiva associa-se ao
desenvolvimento de problemas posturais e ao quadro álgico que acomete os idosos. Os efeitos
do exercício constituem um importante aliado na redução desses problemas indesejáveis.
A capacidade cardiorrespiratória diminui com a idade. Esse declínio é multifatorial.
ALTERAÇÕES DA FUNÇÃO PULMONAR
As alterações da função pulmonar não trazem, em princípio, consequências significativas para
a capacidade cardiorrespiratória dos idosos. A principal razão do declínio seria uma limitação
da capacidade de aumentar o débito cardíaco, decorrente de menor força de contração do
miocárdio e da limitação da capacidade de se elevar a frequência cardíaca que, associada a
uma diminuição da massa muscular, faz com que a capacidade cardiorrespiratória diminua
aproximadamente 10% em cada década.
FUNÇÃO MUSCULAR
Quanto à função muscular, há um declínio da força e da potência com a idade, da ordem de
6% a cada década de vida adulta, resultante da diminuição da massa muscular. A resistência
muscular parece ser preservada, ao menos quando se consideram esforços de mesma
intensidade relativa (percentual da força máxima). A perda de força tende a ser mais
preservada nos membros inferiores, porém o desempenho em movimentos executados com
velocidade (potência) reduz-se mais precocemente.
O padrão de declínio depende de fatores intrínsecos e extrínsecos, principalmente no que diz
respeito aos hábitos individuais. Por outro lado, uma vez que pessoas de qualquer idade se
adaptam bem ao treinamento da força, a redução da massa muscular e da capacidade
funcional não pode ser vista de maneira fatalista, como uma consequência inevitável do
envelhecimento.
FLEXIBILIDADE
Sobre a flexibilidade, sua manutenção ou seu desenvolvimento pode contribuir para uma vida
independente em idades avançadas, facilitando as tarefas cotidianas e reduzindo a incidência
de comprometimentos articulares, que aumenta à medida que se envelhece. Apesar disso,
trata-se de uma qualidade física negligenciada em programas de treinamento.
O declínio da amplitude máxima de movimentos parece ocorrer ao longo de toda a vida, com
uma consistência maior do que a observada em relação à força e à capacidade
cardiorrespiratória. É difícil falar em diminuição média, em virtude da especificidade para
articulações e movimentos efetuados, mas as perdas situam-se entre 20% e 50% entre os 20 e
os 70 anos, na dependência do grupo articular analisado, principalmente no sexo masculino.
Os movimentos mais atingidos são os de tronco, quadril e ombros, o que indicaria uma atenção
maior com essas articulações. Dentre os fatores determinantes do declínio da mobilidade
articular durante o envelhecimento, pode-se destacar uma progressiva modificação na
estrutura do colágeno da cápsula articular e da fáscia muscular, maior participação dessa
proteína no tecido conjuntivo e maior percentual de tecido conjuntivo na seção transversa
muscular.
A menor produção de líquido sinovial, com menor lubrificação articular, também limita os
movimentos. Em todos os casos, a inatividade potencializa a perda de mobilidade. Por outro
lado, em qualquer idade, é possível aumentar a flexibilidade em níveis compatíveis com o
exibido na juventude, não havendo limitações para os efeitos do treinamento. As dificuldades
se dão principalmente nas articulações, em virtude de doenças degenerativas, como a artrose.
TREINAMENTO FÍSICO
O treinamento físico é bem-aceito e tolerado pelos idosos, e a exercitação regular é capaz de
incrementar a aptidão física em qualquer idade, modificando a capacidade de realização nas
atividades cotidianas. De fato, todas as qualidades físicas podem ser melhoradas em qualquer
idade, o que se reflete na manutenção de seus níveis de autonomia funcional.
Esses efeitos, porém, dependem de uma aplicação adequada dos estímulos. Por isso, as
atividades devem ser supervisionadas para que benefícios sejam adquiridos e mantidos.
Portanto, pode-se afirmar que tanto os programas de exercícios formais como atividades
físicas no lazer devem produzir uma relação dose-resposta compatível com os efeitos que se
deseja induzir.
Logo, para o profissional que lida com prescrição de exercícios, é importante o conhecimento
sobre as formas de ministrar cargas para satisfazer essa relação.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre estilos de vida ativos, aptidão física e bem-estar
para um envelhecimento saudável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO AO CONCEITO DE ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) Considera-se envelhecimento bem-sucedido aquele sem doenças crônicas e sem
internação do idoso em instituições de cuidados contínuos.
B) O envelhecimento bem-sucedido pressupõe níveis elevados de força e capacidade
cardiorrespiratória.
C) Um envelhecimento bem-sucedido é fruto do equilíbrio entre as modificações físicas,
psicológicas e espirituais que ocorrem com a idade, em relação às demandas do entorno físico
e social, como também com os projetos individuais de vida.
D) Envelhecimento bem-sucedido, na verdade, constitui sinônimo de “independência funcional”.
E) Envelhecimento bem-sucedido corresponde, exclusivamente, à manutenção das relações
sociais.
2. EM RELAÇÃO À APTIDÃO FÍSICA AO LONGO DO ENVELHECIMENTO, É
CORRETO AFIRMAR:
A) A perda da capacidade de aplicação de tensão muscular se dá de maneira similar em
diferentes tipos de manifestação da força, mas a potência muscular tende a diminuir mais
precocemente, com impacto na velocidade de movimentos.
B) A força apresenta-se mais preservada que a capacidade cardiorrespiratória, pois os idosos
têm facilidade de manter a massa muscular, mas não o débito cardíaco máximo.
C) A flexibilidade é rapidamente perdida, com grande impacto nas atividades cotidianas e
pouca chance de recuperação dos níveis anteriores de mobilidade articular.
D) A redução da massa corporal e do percentual de gordura pouco tem a ver com a prevenção
de doenças crônico-degenerativas, porquanto estas são mais fortemente determinadas pelo
patrimônio genético.
E) Há uma perda de 10% da força a cada década de vida de maneira irreversível.
GABARITO
1. Em relação ao conceito de envelhecimento bem-sucedido, assinale a alternativa
correta:
A alternativa "C " está correta.
O conceito de envelhecimento bem-sucedido confunde-se com a noção de envelhecimento
saudável, no sentido de que a preservação das capacidades físicas, cognitivas, psicológicas e
sociais deve estar a serviço da inserção da pessoa idosa em seu meio social, de acordo com
as demandas do ambiente e levando em consideração o que ela acha importante para sua
realização pessoal.
2. Em relação à aptidão física ao longo do envelhecimento, é correto afirmar:
A alternativa "A " está correta.
A função muscular é particularmente afetada pelo processo de envelhecimento, com redução
da área de seção transversa dos músculos e perda de fibras rápidas. Como resultado,
movimentos realizados com velocidade e potência tendem a ser mais precocemente
comprometidos, em comparação com aqueles que, apesar de exigirem força, são feitos com
menor velocidade.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise das definições contemporâneasde saúde revela que as dificuldades de conceituá-la
advêm da complexidade, subjetividade e relatividade das questões que a cercam. Contudo, os
autores acabam tocando em pontos similares na proposição desses conceitos.
Além de serem vistas como noções multifatoriais, saúde e qualidade de vida aparecem
identificadas com valores que decorrem das possibilidades de se construir uma vida realizada,
ou bem-sucedida; daí a relação estreita entre os conceitos.
A prática de atividades físicas é reconhecida como uma das formas de melhorar a saúde e a
qualidade de vida.
Diferenciamos atividade de exercício físico, esclarecendo como podem ter impacto em
componentes da aptidão física. Além disso, introduzimos o conceito de wellness, analisando
como este se relaciona com as noções de saúde e qualidade de vida trabalhadas
anteriormente, bem como a maneira pela qual vem sendo tratado para caracterizar programas
de treinamento físico.
Todos esses conceitos foram relacionados ao que se define como envelhecimento saudável.
Interseções das noções de saúde e qualidade de vida com o envelhecimento forneceram
evidências de que um estilo de vida ativo, para além dos ganhos fisiológicos e motores que
acarreta, aumenta as possibilidades de envolvimento social, ensejando benefícios psicológicos
para melhor percepção subjetiva de bem-estar e qualidade de vida.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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EXPLORE+
Leia mais sobre o conceito de saúde no artigo de Marco Segre e Flávio Carvalho Ferraz,
intitulado O conceito de saúde.
Veja como Pereira e colaboradores discutem conceitos de qualidade de vida no artigo
Qualidade de vida: abordagens, conceitos e avaliação.
Veja como Denise Sardinha e Claudio Gil Araújo abordam a temática da aptidão física e
da qualidade de vida no artigo Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à
saúde em adultos.
Para um aprofundamento nos assuntos relativos a envelhecimento saudável, aptidão
física e atividades físicas, consulte o livro de Paulo T. V. Farinatti, intitulado:
Envelhecimento, Promoção da Saúde e Exercício: bases teóricas e metodológicas.
CONTEUDISTA
Paulo de Tarso Veras Farinatti
 CURRÍCULO LATTES
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