Modalidades Esportivas de Combate Nos Jogos Olímpicos

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Modalidades
esportivas
de combate nos
jogos olímpicos
Marcelo Antunes
Descrição
A inserção e o papel dos esportes de combate nos jogos olímpicos.
Propósito
A consolidação das práticas de combate como esporte ocorreu com a sua inserção nos jogos olímpicos.
Discutir a inter-relação das lutas, artes marciais e dos esportes de combate com os jogos olímpicos é de
suma importância para compreender a sua origem e como perduram ainda nos dias atuais.
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Objetivos
Módulo 1
Esportes de combate primitivos
Reconhecer os esportes de combate primitivos, o processo de esportivização e as características dos
jogos olímpicos da Antiguidade.
Módulo 2
Inserção dos esportes de combate nos jogos olímpicos
Refletir sobre a inserção dos esportes de combate nos jogos olímpicos e sua repercussão social.
Introdução
As olimpíadas são construções históricas e sociais que, inicialmente, propunham a manutenção do
condicionamento dos guerreiros no período entre guerras. Posteriormente, foram associadas a questões
relacionais, de construção do sujeito e de seu meio. A cultura grega de fomento do intelecto em conjunto
com a saúde física - mens sana in corpore sano - refletiu-se em uma gama de esportes praticados por sua
população, a qual incluía não apenas guerreiros, mas também filósofos, burocratas e membros do governo.
Nessas disputas de cunho desportivo, as artes marciais, como esportes de combate, já se encontravam
presentes. As primeiras disputas olímpicas eram mais que simples competições entre as diferentes

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cidades-estados da Grécia Antiga, pois tornavam-se uma confraternização de nível nacional. Apesar da
construção do que hoje são chamadas de artes marciais datarem de antes do período olímpico grego, este
se mostrou fundamental na consolidação do que, posteriormente, trataríamos como o processo de
esportivização das artes marciais. Os esportes de combate, atualmente inseridos nos jogos olímpicos, não
apenas se consolidam como esporte, como também buscam refletir os ideais do olimpismo de Coubertin.
1 - Esportes de combate primitivos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os esportes de combate primitivos, o
processo de esportivização e as características dos jogos olímpicos da Antiguidade.
Esportes de combate e olimpismo
No ano de 1896, Pierre de Coubertin viu a necessidade de remontar um espetáculo de proporções
internacionais que apresentasse ao mundo o esporte como ferramenta de transformação social. Assim,
aspectos relacionados à ética e ao respeito ao próximo foram propostos como fundamentais à prática
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desportiva. No entanto, ao aproximar-se do alto rendimento, diferentes esportes e atletas sucumbiram à
necessidade de vitória, desvirtuando o objetivo inicial de Coubertin.
Apesar de diferentes iniciativas internacionais, como a carta de Fair play, o mundo do entretenimento se fez
presente, e assim o processo de profissionalização e alto rendimento se instalou no esporte como um todo
e nas artes marciais em especial. Embora as artes marciais, em especial as orientais, sejam promotoras da
ética e moral, remontando aos seus povos fundadores, também têm sido influenciadas por todo o processo.
Como prática desportiva, as artes marciais são propostas nas paralimpíadas, distanciando-se da prática
guerreira e elitista de outrora, aproximando-se de um esporte para todos.
Anteriormente ao que conhecemos nos dias atuais como olimpíadas, existia a ideia de disputas em um
formato esportivo. Os competidores deveriam apresentar suas habilidades contra outros de igual talento e,
assim, saber quem seria o melhor naquelas condições.
Atualmente, três valores definem o olimpismo:

Excelência

Amizade

Respeito
Apesar de denotar a Pierre de Coubertin a proposição destes, na Grécia Antiga, suas representações já se
faziam presentes no pensamento grego. O conceito de excelência remete ao lema olímpico:

Citius
Mais rápido

Altius
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Mais alto

Fortius
Mais forte
A cultura grega detinha grande apreço pela superação, e para tal utilizava seu corpo para demonstrar suas
proezas. Ser o melhor entre os iguais e receber o reconhecimento por seus feitos eram características
enraizadas na cultura da Grécia Clássica, explicando o apreço por disputas no mundo moderno a partir do
mundo greco-latino (ACEVEDO; CHEUNG; GARCÍA, 2015).
Saiba mais
O conceito de amizade na Grécia Antiga é representado em diferentes obras do período clássico grego. Em
uma passagem de A Odisseia, alguns de seus protagonistas se incentivam a participar de competições
atléticas como forma de confraternizar com outros iguais. O clima de confraternização é representado
novamente em Ilíada, por meio das risadas e do clima de camaradagem narrado entre os participantes dos
jogos de Pátroclo, torneio desportivo descrito na obra.
Na atualidade, o valor da amizade representada pela chama olímpica busca a melhoria das relações sociais
entre os pares, em um clima de confraternização e igualdade. O valor do respeito é melhor representado
pelo jogo limpo, ou seja, o fair play. De acordo com Acevedo, Cheung e García (2015), crônicas gregas
antigas que narram as diferentes disputas atléticas apresentam a necessidade proposta para organizadores
e atletas de cumprimento das regras e exaltação de uma certa conduta entre eles, a fim de gerar iguais
condições da vitória.
A construção dos jogos olímpicos data de muito antes de Coubertin, baseando-se no próprio pensamento
grego. Muitos dos esportes que atualmente se encontram nas olimpíadas modernas são construções das
disputas entre iguais que já existiam. Transições do contexto bélico eram comuns nessa construção, como:
corridas de bigas, arremesso de objetos e combates corpo a corpo.
Comentário
O combate, apesar de suas origens para defesa pessoal, possuiu diferentes apresentações ao longo da
história e, diferentemente da corrida de bigas, não foi extinto, e sim ressignificado por meio do processo de
esportivização.
A partir da atenuação das suas características marciais, inserindo-se regras e diferentes mecanismos de
proteção à saúde física e mental do atleta, os esportes de combate apresentam-se em maior número e
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distanciam-se cada vez mais do contexto bélico, influenciado pelas diferentes características dos esportes,
em especial os olímpicos.
Esportes de combate primitivos e a esportivização
Tão antiga como a própria história das civilizações, a disputa, seja por terras, comida, ou simples proteção,
sempre fez parte da natureza humana. O que atualmente conhecemos como artes marciais denotam de
diferentes construções particulares, as quais buscavam se adequar ao território e à época, a fim de cumprir
seus objetivos de combate. Muitas dessas artes marciais permanecem vivas ainda nos dias atuais, não
mais sobre a égide bélica, mas, sim, desportiva.
A construção do que hoje chamamos de esportes de combate denota de uma série de atividades que se
destinavam, em sua maioria, a situações de guerra. É possível encontrar nas mais diversas academias de
ginásticas e clubes aulas de caratê, wushu, boxe, judô, jiu-jitsu, muay-thai, taekwondo, entre outras. Isso se
deve aoprocesso denominado de esportivização, pois não seria adequado imaginar duas pessoas lutando
até a morte ou com ferimentos graves em uma academia, por exemplo.
Apesar de aludir a uma construção moderna, a utilização das artes combativas
como esporte se manifesta em culturas antigas, anteriores ao próprio conceito de
esporte. Na Grécia, berço dos jogos olímpicos, eram comuns torneios e disputas
não bélicas como forma de manter a performance de seus guerreiros nos períodos
entre guerras. Essa prática ainda é utilizada por diferentes civilizações.
Dentre as práticas de luta, podemos verificar arremessos, corrida, combates corpo a corpo e outras
manifestações da cultura guerreira. É fato que, na própria cultura helênica, a competição para eleger o mais
forte ou o mais rápido era o ápice dos jogos, os quais permitiam ao vencedor lograr os louros da fama,
destacando-se dentre os iguais.
Em outras culturas, como a chinesa, especialistas em artes marciais disputavam não apenas para avaliar
quem era o melhor lutador, mas também para eleger a melhor técnica, servindo até mesmo de promoção
dessa prática como melhor sistema de defesa armado ou desarmado.
Na China, mestres de artes marciais batalhavam sobre plataformas suspensas, chamadas de Lei Tai. Uma
das formas de vitória era arremessar o adversário para fora dessa plataforma.
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A aproximação das artes marciais com o esporte tem seu cerne na disputa para reconhecer-se o guerreiro
mais apto. Nas arenas de Roma, os gladiadores lutavam por liberdade e pela própria vida, onde mesmo em
um misto de esporte e espetáculo a morte era o ápice da prática.
O processo moderno de esportivização propôs regras, as quais não apenas pretendiam evitar a morte dos
atletas, como também tornar as práticas mais aceitáveis socialmente. Para tal, diferentes modalidades de
combate, armadas e desarmadas, associaram regras e tempo de duração dos combates, aproximando as
práticas de combate do esporte.
As diferentes artes marciais apresentaram adaptações ao meio desportivo em momentos e caminhos
particulares, conforme veremos a seguir:
O wushu chinês, durante o período Maoísta, viu sua arte de guerra transformar-se em arte de
espetáculo tanto pelo uso de armas de fogo em combate quanto por pressões políticas que visavam
conter manifestações populares, esportivizando a prática e reduzindo suas características marciais
(ACEVEDO; CHEUNG; GARCÍA, 2010).
Na Coreia, a arte marcial taekwondo destacou-se nos períodos de contenção a invasões, em especial
japonesas, a seu território. Essa arte se viu em processo de esportivização quando membros das
organizações que regiam a modalidade se aproximaram de órgãos internacionais esportivos,
retirando diferentes elementos marciais da prática (RIOS, 2005).
Wushu 
Taekwondo 
Caratê 
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O processo complexo de esportivização pode ser visto na arte marcial caratê. Na queda da cultura e
da função dos samurais, o caratê viu sua inserção no budô, que é o código de ética atribuído a
diferentes artes marciais nipônicas necessário à sobrevivência da arte e de seus conceitos. Agora,
sob a bandeira do autodesenvolvimento, suprimiram-se muitas das características marciais,
adotando símbolos como a faixa, uniformes específicos à prática e ao local adequado de
treinamento. Esses já foram propostos por Jigoro Kano, idealizador do judô e famoso por sua
carreira como educador (MARTINS; KANASHIRO, 2010).
De acordo com Elias e Dunning (1992), ao distinguir os “esportes modernos” dos praticados outrora,
inclusive as artes marciais, podemos destacar:
Atenuação da violência
Espaço de prática próprio
Adoção do tempo de disputa
Igualdade formal dentre atletas
Desvinculação religiosa de algumas práticas
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Martins e Kanashiro (2010) apontam essas mudanças como uma forma de “cortenização” (esporte cortês)
ou parlamentarização do que antes caracterizava-se como uma construção guerreira, fazendo com que a
violência ceda lugar a atitudes de cordialidade.
Esportes de combate na Grécia: olimpíadas da
Antiguidade
Berço dos jogos olímpicos, a Grécia traz em sua vasta cultura a disputa como forma de superar a si mesmo
e o outro. Assim, a cultura de torneios entre suas cidades era comum. Essa prática promoveu muitos dos
conceitos de olimpismo propostos nas olimpíadas da era moderna.
Os esportes de combate estão entre os mais antigos sistemas de atividade física e prática motora
sistematizados. Suas manifestações podem ser vistas ao longo da história, em diferentes locais e
situações. Afrescos e pinturas rupestres, datados de antes de Cristo, demonstram técnicas rudimentares de
combate, com e sem implementos, as quais seriam usadas no formato de defesa pessoal e ao longo da
história no formato de jogos.
É possível ver a tendência esportiva, e até mesmo espetacularizada, nos torneios promovidos em Olímpia,
nas primeiras manifestações dos jogos gregos, nas arenas de Roma, com o combate de gladiadores, e ao
longo da Idade Média, com a promoção das justas como esporte de combate (FRANCHINI, 2006).
Para compreender a prática de esportes, em especial os de combate, é indissociável o conhecimento da
relação do povo grego em seu período clássico com o corpo. A prática de esportes era um requisito que se
incluía no escopo do cidadão perfeito idealizado pelos gregos. Dentre as características desejadas, o
cidadão helênico deveria:
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Todo esse contexto era promovido em formato de torneios, eventos nos quais, para além da disputa,
discutiam-se assuntos políticos e confraternizava-se com as demais regiões. A relação de busca do corpo
belo manifestava-se na prática de esportes sobre um caráter também higienista de promoção da saúde.
Acreditavam que, praticando exercícios físicos, era possível alcançar uma perfeição física divina.
De acordo com diferentes autores, grande parte das manifestações, desportivas ou não, detinha um caráter
religioso, mítico. Do mesmo modo, a prática de esportes como busca pelo corpo perfeito aproximava o
praticante de uma forma divina, logo a vitória de um atleta nas disputas era a mitificação do herói. A
consagração de um atleta como vencedor era a maior honraria que um mortal poderia receber na Grécia
Clássica (YALOURIS, 2004, p. 82).
A essência do esporte de combate encontrava-se enraizada na cultura grega. A própria ideia de promover os
jogos surgiu como modo de promover tempos de paz no período entre guerras entre diferentes povos que
constituíam a região. No entanto, apenas cidadãos da pólis grega eram convidados, uma forma de distinção
entre os civilizados. Assim, a cada 4 anos, havia um cessar bélico nos campos de batalha, embora a busca
pela vitória se manifestasse nos espaços de disputa.
Diferentemente dos jogos modernos, apenas o campeão era premiado, uma clara manifestação da
importância dada à vitória.
De acordo com Sayenga (1995), os esportes de combate são as mais antigas práticas esportivas das quais
se têm evidências. Dentre os esportes de combate, diferentes manifestações de wrestling, que são lutas de
agarrar e derrubar, detêm os mais antigos registros históricos.
Na cultura helênica, os lutadores eram tão valorizados que estátuas eram erguidas para
os campeões.
Sayenga faz uma tripla distinção entre os formatos de combate desarmado, apresentados em todo o mundo
ao longo da história:
Combates de socos, chutes, cotoveladas e joelhadas 
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Nos jogos da Grécia Clássica, um formato de pugilato já era praticado. Muito similar ao boxe, os
golpes do pugilato deveriam ser desferidos contra o oponente utilizando apenas as mãos. Socos,
tapas e outras manifestações possíveis de golpes, utilizando as mãos com fins de trauma, eram
permitidos. Para tal, as mãos dos atletas eram protegidas de forma rudimentar com coberturas finas,
algo que se distancia em muito das luvas de boxe inglês utilizadas nos dias atuais, por exemplo.
Outro formato de lutas de agarrar e derrubar, comumente denominadas pelos autores de luta livre,
era o wrestling. Similar à luta olímpica, tinha como principal forma de vitória imobilizar o adversário,
pondo as suas costas contra o solo. Diferentemente da modalidade de pugilato, o árbitro proferia a
vitória quando o adversário era submetido por três vezes à posição de pontuação (costas contra o
solo).
Inclusive, o wrestling é, dentre as antigas manifestações dos esportes de combate, aquela que
deteve maior número de ramificações, podendo ser encontrado em diferentes países, com suas
respectivas adaptações. Muitas dessas adaptações são mais antigas do que a prática grega, por
exemplo, o wrestling (Shuaijiao) e as práticas egípcias encontradas na tumba de Ptah-hotep (cerca
de 2300 a. C.). No entanto, a manifestação desportiva de combate mais famosa e apreciada entre os
espectadores era a luta irrestrita, chamada de pankration.
O pankration caracterizava-se como uma disputa de extrema violência. A luta era finalizada por
desistência do oponente ou com sua morte, ou seja, havia pouca ou nenhuma restrição. A alusão da
modalidade ao Mix Martial Arts (M.M.A) é comum, visto que ambas as modalidades utilizam
técnicas de socos, chutes, projeções e imobilizações. Apesar do formato espetacularizado, o
pankration não possuía regras, sendo permitido ataque contra os olhos e traumas contra as
Combates de agarrar, derrubar e imobilizar 
Combates violentos 
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articulações. Nas disputas, os povos participantes elegiam para participar dos combates seus
maiores e mais fortes representantes aptos tecnicamente.
Apesar da violência contida nos esportes de combate helênicos, estes se adequavam às
expectativas inseridas nos jogos de promover princípios de fraternidade, igualdade, justiça e
amizade, o que se conhece atualmente por fair play.
Edição de combate na antiguidade
Neste vídeo, o especialista Luiz Felipe Machado Pinto analisa a presença dos primeiros esportes de
combate na Antiguidade e sua relação com a cultura da época.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Tão antiga quanto a história do próprio homem é sua relação com as manifestações combativas. Sob a
denominação contemporânea de esportes de combate, essas manifestações esportivas tinham em seu
cerne a disputa a fim de eleger os mais aptos, sendo o combate corpo a corpo muito valorizado.
Assinale a alternativa a seguir que cita um dos objetivos principais desses torneios.
A
A promoção das artes marciais locais. Naquela época, a melhor forma de demonstrar
superioridade bélica era por meio do combate, fazer com que sua arte marcial fosse
vista como a melhor em detrimento das demais seria útil.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Os jogos em Olímpia aconteciam a cada 4 anos e eram um momento de paz entre as diversas guerras e
contendas na região. Apesar de promoverem a prática esportiva e a inter-relação entre os pares, apenas
gregos participavam desses jogos. Assim, guerreiros, a fim de manter-se em atividade, eram escalados
para as disputas como atletas.
Questão 2
Presentes nos jogos gregos, os esportes de combate e seus lutadores gozavam de grande prestígio. Há
relatos de três formatos de combate nesses jogos, sendo estes aludidos em diferentes modalidades de
artes marciais ao longo da história e presentes como esportes de combate, inclusive nos jogos
olímpicos modernos. Assinale a alternativa que descreve esses formatos de combates.
B Testar novas armas, as quais serviriam para futuras invasões, ou até mesmo na
proteção de seus territórios. Nesse período, eram comuns as invasões aos territórios
helênicos como forma de apropriação de sua cultura e infraestrutura.
C
Oportunizar treinamento entre guerras aos soldados. Grande parte dos esportes era
destinada a situações de guerra. Reproduzir um ambiente de disputas, no qual os
elementos da batalha estivessem presentes, era de suma importância.
D
Conhecer os segredos dos adversários, os quais em diferentes situações poderiam
atacar os territórios gregos. Suas forças e fraquezas eram expostas durante as
competições, sendo a principal arma contra eles.
E
Eleger um novo imperador, o qual era apresentado ao povo durante as disputas.
Inclusive os guerreiros que representavam o novo governante deveriam ser a
representação do cidadão ideal. Além de conquistar a vitória, esse lutador deveria
representar os valores gregos.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Apesar da violência em todas as formas de combate, a distinção entre técnicas de pugilato, wrestling e
pankration ainda é usada em todo o mundo, não apenas na prática, mas também na distinção dos
formatos de arte marcial.
A
Técnicas utilizando as mãos, algo que se aproximaria do boxe moderno. Técnicas de
agarrar e derrubar, em que a vitória era dada com a interrupção do árbitro e, por fim, de
extrema violência, técnicas de solo e de traumas contra olhos e articulações.
B
Wrestling de agarrar, em que se utilizavam técnicas de aproximação para torções e
imobilizações. Técnicas de derrubar, com o objetivo de causar trauma ao adversário, e
técnicas de solo, similares ao jiujitsu, com objetivo de submissão.
C
Técnicas de pankration, que se dividiam em três manifestações do combate: as
técnicas de soco e chute, as de agarrar e derrubar e as técnicas voltadas à imobilização
no solo.
D
As lutas utilizando armas curtas como facas e punhais. Técnicas utilizando armas
médias como facões e espadas e, por fim, técnicas utilizando armas longas como
lanças e bastões.
E
Técnicas similares ao que atualmente chamamos de M.M.A. Assim como nessa
modalidade, todas as lutas aconteciam sob regras rígidas, nas quais poderiam
acontecer socos e chutes, derrubar ou luta no solo, devendo o atleta escolher sua
especialidade.
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2 - Inserção dos esportes de combate nos jogos
olímpicos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de re�etir sobre a inserção dos esportes de combate
nos jogos olímpicos e sua repercussão social.
Os esportes de combate nos jogos olímpicos modernos
Neste módulo, abordaremos os esportes de combate nos jogos olímpicos modernos. Aprenderemos como
o conceito de esporte foi promovido além do que antes se denominava apenas como artes marciais. Vamos
saber também como o novo status desportivo atuou na inclusão dos esportes de combate nos jogos
paralímpicos.
O que antes era visto pela sociedade como uma forma de manutenção de territórios e da própria vida
atualmente é almejado por muitos como uma profissão, proporcionando assinatura de contratos e fama.
Apesar de os esportes olímpicos e seus atletas não gozarem de tanto prestígioquanto atletas de esportes
profissionais, a fama e o reconhecimento ainda se encontram presentes.
Nesse novo contexto esportivo, as artes marciais sob a denominação de esportes de combate mudam suas
características a fim de conquistar o tão sonhado ouro olímpico, o ponto alto da carreira desses atletas.
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Muitas vezes, os atletas também buscam uma abertura para o esporte profissional, o que ocorre
frequentemente com o boxe inglês.
Alguns esportes de combate olímpicos nasceram como esporte e outros datam do início das civilizações.
No entanto, todos sofreram modificações para se tornarem modalidades olímpicas. De acordo com o
Comitê Olímpico Internacional (COI), para que um esporte seja elegível como olímpico, precisa ser praticado
em ao menos 75 países por homens e 40 países por mulheres, em três continentes. Além disso, precisa ser
regido por uma federação internacional e deter em suas políticas o controle antidoping.
Diante da disparidade numérica de participação de homens e mulheres, é possível notar que ainda há uma
cultura sexista em relação à prática esportiva, o que deve ser modificado para a evolução de qualquer
esporte e da sociedade como um todo. Apesar de, ao longo dos anos, a participação feminina quase se
equiparar à masculina nos jogos, os próprios pré-requisitos já apontam para uma prática desportiva mais
presente por homens do que por mulheres.
Em muitas culturas, as mulheres eram simplesmente proibidas de praticar artes marciais. Esse resquício
histórico ainda pode ser notado na disparidade de gêneros entre praticantes. Ainda assim, apesar da
superioridade numérica de homens, as mulheres têm conquistado seu espaço, e isso precisa ser
incentivado. Muito disso se deve ao próprio processo de transformação em esporte, o qual oportunizou não
apenas uma elite guerreira, mas também as práticas de defesa pessoal.
Ainda sobre oportunizar a prática de artes marciais para além de uma elite guerreira, os esportes adaptados
vêm agregando e incluindo pessoas com deficiência (PcD). Inserir PcD no esporte de alto rendimento é a
realização não apenas do esporte, mas também de toda a sociedade. É a tônica do esporte para todos. Essa
é a chance de profissionalização de pessoas, que em outras épocas viviam à margem da sociedade,
inclusive sendo assassinadas por ocasião de seu nascimento. Nos dias atuais, esses atletas figuram como
estrelas de um espetáculo mundial.
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Como vimos no módulo anterior, os jogos olímpicos e os princípios do olimpismo ressurgiram após um
longo período na Era Moderna. Em 1896, Pierre de Coubertin promoveu, entre outros, os esportes de
combate, sendo outros agregados posteriormente. Atualmente, fazem parte dos esportes olímpicos: boxe,
esgrima, judô, caratê, taekwondo, tiro com arco e wrestling (COB, 2021). Vamos conhecer um pouco mais de
cada uma dessas modalidades.
Boxe
O boxe, sob a denominação de pugilato, participou na Antiguidade a partir dos 23º jogos olímpicos (668 a.
C.). Como forma de proteger as mãos, na Grécia, os lutadores utilizavam revestimentos de couro macio.
Mais tarde, em Roma, esses revestimentos foram substituídos por uma espécie de tela metálica, chamada
de cestus.
Artefato utilizado pelos romanos para proteger as mãos (cestus).
A arte de lutar com as mãos está entre as mais antigas e rudimentares maneiras de utilizar o corpo como
arma. Em diferentes civilizações, existe alguma forma do que se denomina como pugilato. O termo é uma
distinção histórica entre os modos de combate com as mãos, em especial com os punhos cerrados.
As primeiras regras do boxe inglês datam de 1743, mas foi a partir da inserção de luvas, propostas pelo
entusiasta e membro da nobreza britânica Marquês de Queensbury (daí chamar-se o boxe de “nobre arte”),
que a prática enalteceu seu status de esporte, havendo uma redução da violência de seus combates. Ainda
assim, era considerado violento e, por essa razão, não fez parte dos primeiros jogos olímpicos da
modernidade. Apenas na segunda edição, em 1902, em Saint Louis, o boxe passou a figurar definitivamente
entre o rol dos esportes olímpicos.
Esgrima
A esgrima, a arte de manuseio da espada, é herança dos cavaleiros e seus respectivos clubes de prática na
Idade Média na Europa. Porém, embora a maior contribuição para a arte da esgrima esportiva seja europeia,
a arte de combate com armas brancas, em especial a espada, data de ao menos 1.000 anos a. C. Diferentes
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civilizações e sistemas de artes marciais utilizavam espadas em seu repertório, as quais, pelo formato
diferenciado, detêm técnicas próprias de manuseio. Podemos citar como exemplos a katana em artes
nipônicas e a jian em diferentes estilos de wushu.
Alguns dos mais renomados guerreiros da história eram peritos na arte da espada.
No coliseu romano, os gladiadores possuíam esse nome sob a tradução literal de
espadachim. O uso da espada e a sua prática na Europa caracterizou-se como sinal
de nobreza e hierarquia. Inclusive, ainda nos dias atuais, a espada é um símbolo de
distinção nas forças armadas, para designar aqueles que detêm o título de oficiais.
No Brasil, os clubes militares foram grandes promotores dessa prática como esporte, onde, já em 1810, sob
ocasião da criação da academia real militar, a prática de combate com armas fazia parte de seu currículo
obrigatório.
A esgrima esportiva fez parte dos primeiros jogos olímpicos da modernidade em 1896, nas categorias sabre
e florete.
Judô
Idealizado por Jigoro Kano, o judô é a primeira arte de combate sistematizada, sob o formato de arte
marcial, a adentrar os jogos olímpicos. O termo judô é composto pelos caracteres japoneses:
Ju
Que significa "suave".
do
Que significa "caminho".
Essa arte foi criada a partir de diferentes técnicas do jiu-jitsu japonês, suprimindo as mais perigosas, pelo
critério de Jigoro Kano. Assim, chegou-se ao formato representado por sua primeira escola de prática,
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denominada de Kodokan, em 1882. Sendo seus propósitos essencialmente educacionais, seu criador
propôs dois princípios fundamentais:
Apenas o judô integrou o rol de esportes olímpicos em 1972, embora tenha aparecido como esporte de
demonstração em 1964, nas olimpíadas de Tóquio. Ainda assim, apenas em 1992, em Barcelona, o torneio
feminino foi integrado aos jogos.
Caratê
A arte marcial caratê possui origem em território japonês, mais especificamente na ilha de Okinawa. Sob
forte influência de outros sistemas de combate orientais como chineses e indianos, a ilha, por volta do
século XVIII, tornou-se um centro de prática de modalidades combativas desarmadas. A grafia estrangeira
que dá nome à prática (Kara, que significa vazio; te, mãos) justifica-se pelo fato de que, durante o seu
período de influência na região, fidalgos japoneses tornaram proibido aos súditos portar armas. Assim, a
prática da “arte das mãos vazias” floresceu não apenas como sistema de defesa pessoal, mas também
como forma de manutenção do condicionamento físico e mental. Muitos autores ainda atribuem o sufixo do
(caminho) ao nome, por ser muito comum em artes marciais de origem ou influência japonesas.
O caratê possui diferentes segmentações, também chamadas de estilos, dentre as quais as mais difundidas
são:
Shotokan
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O caratê foi reconhecido pelo COI como esporteolímpico em 1999, após sua inclusão nos jogos pan-
americanos no ano de 1995. Em 2016, tornou-se oficialmente uma modalidade olímpica, tendo sua primeira
aparição no ano de 2020 nos jogos de verão em Tóquio. A modalidade possui dois formatos de competição:
o kumitê (combate) e os katas (apresentação individual coreografada de ataque e defesa).
Taekwondo
Nascido na Coreia do Sul, a modalidade taekwondo apareceu como esporte de competição olímpico nos
jogos de Seul, em 1988, e foi reconhecida oficialmente como desporto olímpico em 2000, nas olimpíadas de
Sidney, na Austrália.
A modalidade desenvolveu-se durante os períodos de guerra e domínio japonês no território coreano.
Durante esse período, diferentes construções marciais surgiram fortemente influenciadas pelo caratê
japonês. Essas práticas aconteciam na clandestinidade durante a Segunda Guerra Mundial, visto que, a
partir de 1904, por meio da obrigatoriedade de um convênio coreano-japonês, impedia-se qualquer tipo de
manifestação nacional coreana (RADIO, 1995). No ano de 1973, fundou-se a Federação Mundial de
Taekwondo (ou World Taekwondo Federation - WTF), com o objetivo de desvincular-se de qualquer
manifestação política, advinda anteriormente das entidades que regiam a prática até então na Coreia do Sul.
O processo de esportivização do taekwondo causou uma dualidade na prática, classificando-o como
“tradicional” e “olímpico”.
Goju-ryu
Shito-ryu
Wado-ryu
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Taekwondo tradicional
Corresponde à ênfase de defesa pessoal, remetendo aos seus objetivos iniciais.
Taekwondo olímpico
É uma prática que nasce esportivizada, devido a mudanças atreladas às pontuações, aos
equipamentos de proteção e aos próprios objetivos da prática.
Apesar de o processo de esportivização da modalidade ter se iniciado na década de 1960, a partir da
criação da WTF, em 1970, houve uma recomendação geral para que as escolas adotassem as duas práticas
como oficiais.
Tiro com arco
A modalidade atualmente denominada de tiro com arco transitou na história da civilização desde a sua
constituição como ferramenta de caça até sua adequação como armamento de guerra. A utilização desse
instrumento possui registros que datam da Pré-História, quando em um primeiro momento era utilizado para
a caça e pesca. Nos períodos de transição dos povos nômades, aqueles que já haviam incutido em suas
culturas as noções de posse e território fizeram do arco e flecha uma arma efetiva à longa distância.
A sua utilização em períodos bélicos ao longo da história mundial é descrita em diferentes regiões como
Ásia e Europa. Na China, o uso do arco e flecha era uma habilidade valorizada como uma das virtudes a que
se propunha o homem superior. Já nas cruzadas europeias, o uso do arco e flecha modificou as distâncias
entre os combatentes, tornando-os mais ágeis e levando à necessidade de uma releitura na forma de
guerrear.
O tiro com arco estreou nos jogos olímpicos de Paris, em 1900. No entanto, apenas retornou às
competições em 1920, e somente a partir de 1972 a modalidade esteve presente em todas as edições dos
jogos.
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Wrestling
O wrestling, dentre os esportes de luta, detém um nome que abarca diferentes estilos de combate.
Denomina-se por wrestling as lutas cujas características principais são as ações de agarrar e derrubar,
como o judô, jiujitsu, shuaijiao, sumô, entre outras. Atribuiu-se à luta olímpica a denominação de wrestling.
Comentário
As lutas de agarrar e derrubar estão entre as primeiras construções de combate corpo a corpo da história.
São representadas em pinturas rupestres, afrescos e desenhos que datam da Pré-História encontrados nas
regiões do Egito, da China e Índia.
No programa olímpico, o wrestling é dividido em duas modalidades:
É permitido atacar os membros inferiores e utilizá-los como ferramenta para levar o adversário ao
solo.
São permitidos apenas a utilização do tronco e o ataque.
A luta greco-romana fez parte dos jogos olímpicos da Era Moderna, desde os jogos de Atenas, 1896, esteve
presente em quase todas as edições, exceto os jogos de Paris, em 1900. A luta livre teve sua primeira
aparição como desporto olímpico nos jogos de Saint Louis em 1904, mas foi a partir de 1920, na Antuérpia,
que esteve presente em todos os jogos.
Luta greco-romana 
Estilo livre 
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Os esportes de combate nos jogos paralímpicos
Historicamente, os jogos olímpicos, mesmo antes da sua reinserção na Era Moderna, caracterizam-se pela
superação do homem sobre si mesmo e sobre o outro. A necessidade de selecionar os mais aptos deriva de
um contexto belicista e higienista, amplamente explorado pela cultura grega. Na modernidade, o esporte
ganha novas atribuições e o ato de torná-lo uma ferramenta de inclusão parte também do alto rendimento,
por meio da criação dos jogos paralímpicos.
Shutterstock.com
Shutterstock.com
Para Antunes (2020), antes de lidar com as deficiências, é preciso compreender a esfera conceitual a que
estas estão atreladas, assim como compreender suas peculiaridades. Para tal, o autor apresenta dois
conceitos:
Os impedimentos orgânicos remetem a deficiências sensoriais, neurológicas e motoras.
As desvantagens sociais, de acordo com as definições da Organização Mundial da Saúde (OMS),
caracterizam-se por impeditivos relacionados aos padrões de normalidade, sejam físicos ou sociais
(KRAHN, 2011).
O esporte adaptado surgiu com a proposta diferenciada da prática esportiva elitizada, proporcionada pelas
primeiras disputas olímpicas. De acordo com Benfica (2012), caracteriza-se por uma prática que oportuniza
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às pessoas com as mais diferentes deficiências explorarem seus horizontes, por meio de diferentes
experiências motoras, sensoriais e sociais.
A prática de esportes para pessoas com deficiência detém em sua origem estreita relação com a
reabilitação. Datando como prática esportiva ao final do século XIX, vem se modernizando, ganhando
adeptos e notoriedade (BENFICA, 2012). Ainda de acordo com a autora, os primeiros relatos da prática
esportiva voltada a pessoas com deficiência datam de 1838, nos Estados Unidos, por meio da prática de
natação e ginástica para crianças com deficiência visual em meio escolar.
A proposta esportiva sobre um viés competitivo para pessoas com deficiências (PcD) surge nos Estados
Unidos com a criação de diferentes entidades para este fim. No ano de 1960, diferentes desportos para PcD
foram inseridos nos jogos olímpicos de Roma. Os jogos eram inicialmente denominados de “olimpíadas
para paraplégicos”, nos quais participavam apenas cadeirantes. Em 1964, no Japão, passaram a chamar de
Paraolimpíadas, e atualmente de Paralimpíadas.
Saiba mais
Nas paralímpiadas, a figura de Ludwig Guttmann é constantemente enaltecida. Reconhecido como o Pai das
paralimpíadas, o médico neurologista, de nacionalidade alemã, a pedido do governo britânico, em 1944,
abriu um centro de tratamento para lesões medulares. O médico utilizou-se inicialmente de exercícios
físicos como reabilitação, evoluindo-os para práticas desportivas e, consequentemente, para esportes de
competição.
udwig Guttmann
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Atualmente, há 24 modalidades paralímpicas, sendo 4 destas esportes de combate: esgrima em cadeira de
rodas, judô, parataekwondo e tiro com arco. Diferentemente dos jogos olímpicos,nos jogos paralímpicos, a
classificação de cada modalidade de combate não tem como base apenas as categorias de peso, mas
também a severidade e/ou as especificidades das deficiências. Essa classificação é feita por uma equipe
multidisciplinar, formada por médicos, fisioterapeutas e profissionais de Educação Física. Por essa razão,
compreender as características dos esportes de combate supracitados é de suma importância para lidar
com o paratleta e a modalidade.
Esgrima
A esgrima adaptada surgiu no ano de 1953 e é considerada uma das modalidades mais tradicionais dos
jogos. É praticada por pessoas com amputações, lesões medulares e paralisia cerebral. Assim como na
esgrima nos jogos olímpicos, possui as modalidades florete, espada e sabre.
Quanto às peculiaridades da deficiência, os atletas são avaliados pelo nível de mobilidade do tronco, sendo
alocados nas categorias A, B ou C.
Observe a imagem a seguir. Levando em consideração a mobilidade dos atletas da foto, você conseguiria
identificar em que categoria eles estariam aptos para competir?
Mais informações sobre as categorias podem ser observadas a seguir:
Incluem-se atletas com mobilidade do tronco, amputados ou com limitação de movimento.
Categoria A 
Categoria B 
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Atletas com menor mobilidade e equilíbrio.
Atletas com tetraplegia, comprometidos na mobilidade do tronco e dos membros superiores.
Judô
O judô no desporto paralímpico é disputado por atletas com diferentes níveis de deficiência visual e, salvo
pequenas modificações, utilizam-se as mesmas regras utilizadas no torneio olímpico. Uma característica
interessante é que, diferentemente do judô disputado nas olimpíadas, não há o momento da “troca de
pegadas”, visto que, no judô paralímpico, a pegada é posicionada de forma intencional e o combate é
interrompido quando os atletas perdem o contato.
Além da tradicional divisão de categorias por peso corporal, há a classificação dos níveis de deficiência
visual. São três categorias: B1, B2 e B3. O “B” designa a palavra Blind, que significa cego na língua inglesa.
B1
O B1 caracteriza-se como cegueira total e/ou sem reconhecimento de uma mão.
B2
O atleta B2 já é capaz de reconhecer vultos.
B3
O atleta B3 consegue definir imagens.
Parataekwondo
O primeiro campeonato de parataekwondo foi realizado em 2009 no Azerbaijão, sendo inserido em 2016, no
Rio de Janeiro, no rol de esportes paralímpicos. O parataekwondo utiliza-se da tecnologia a serviço do
Categoria C 
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esporte, em que, a fim de apresentar as pontuações atribuídas aos atletas, ambos utilizam coletes e meias
com sensores de toque e respectiva pontuação. A meia detém 12 sensores, distribuídos em diferentes
regiões do pé. Diferentemente do taekwondo olímpico, no parataekwondo não são permitidos chutes na
cabeça, sendo o tronco o grande alvo para as pontuações.
Na modalidade, há distinção de atletas de combate, definidos pela letra “K” (kiorugui – luta), e atletas de
poonse, definidos pela letra “P” (poonse – forma). Assim, temos:
Há, ainda, a classe mista KP, para surdos. Nos combates paralímpicos, temos as classes K43 (amputação
bilateral do cotovelo e dismelia bilateral) e K44 (amputação e dismelia unilateral, monoplegia, hemiplegia
leve e diferença de tamanho nos membros inferiores).
ismelia bilateral
Uma má-formação congênita, diferenciada de acordo com os seguintes níveis:
Amelia: a ausência de toda a extremidade.
Focomelia: a mão ou as partes dela estão conectadas diretamente ao ombro.
Ectromelia: a ausência de uma seção intermediária do comprimento de um osso longo, a mão está presente (defeito
longitudinal).
Peromelia: a ausência de parte do braço.
Tiro com arco
Por fim, temos a modalidade de tiro com arco, a qual detém uma ampla gama de possibilidades e
deficiências. Na modalidade paralímpica, podem competir: amputados, paraplégicos, tetraplégicos, pessoas
com paralisia cerebral, entre outros. As regras aplicadas à modalidade olímpica são as mesmas para a
modalidade paralímpica.
A classificação pela deficiência é dividida em:
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W1 – atletas com deficiência em três ou quatro membros;
Open – atletas com deficiência de um ou dois membros no mesmo hemisfério corporal, podendo ser
superior ou inferior.
A inserção do desporto paralímpico foi um grande legado ao princípio da igualdade. Os jogos olímpicos são
o maior espetáculo desportivo da Terra, logo, ter sua versão em paralelo, protagonizada por personagens
que historicamente foram renegados em diversas culturas, é reconhecer o diferente.
A deficiência não é exposta como uma incapacidade, mas, sim, como uma característica. Isso torna a
sociedade mais sensível e aberta a serviços e propostas educacionais e desportivas para aqueles que, por
meio de suas diferenças, demonstram sua força não apenas no esporte, mas também na sociedade.
A inserção das artes marciais, por meio de sua proposição como esportes de combate nos jogos olímpicos
e paralímpicos, chancela seu processo de esportivização. O esporte é um dos mais importantes e
relevantes fenômenos sociais, portanto, compreender o papel das artes marciais é vislumbrar o seu papel
para além do ato de guerrear e da defesa pessoal. Os esportes de combate tornaram-se parte da sociedade,
desdobrando-se em facetas que promovem valores e inserem pessoas.
Se em seu cerne os jogos olímpicos são sinônimo de disputa e busca do mais apto, nos jogos paralímpicos
a superação e a ampliação do conceito de igualdade ganham contornos globais. As artes marciais que
partiram de um contexto elitista e guerreiro, propondo enaltecer os mais fortes como defensores,
atualmente em sua versão esportivizada são praticadas por pessoas de todas as classes sociais, níveis de
condicionamento físico e educacional, tendo no esporte adaptado o melhor representante do esporte para
todos.
Esportes de combate nos jogos olímpicos e paralímpicos
Neste vídeo, o especialista Luiz Felipe Machado Pinto apresenta os esportes de combate que integram o rol
das modalidades olímpicas e paralímpicas e sua contextualização histórica.

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Dentre os esportes de combate integrantes do rol de esportes olímpicos, existe um que se manifesta
como o mais antigo. Apesar de referir-se de maneira genérica a diferentes modalidades de combate,
sua inserção nos jogos olímpicos sob duas categorias, as quais se diferenciam pelas regras em
combate, faz dele uma das mais antigas modalidades a integrar os jogos olímpicos. Assinale a
alternativa correta sobre a modalidade descrita no enunciado.
A
Pugilato, que se designa pelo ato de lutar com as mãos e acompanha o homem desde
os primórdios. Antes mesmo de tornar-se uma prática desportiva, o uso das mãos para
o combate já fazia parte da cultura de diferentes civilizações.
B
Wrestling, que é dividido dentro do contexto olímpico em luta greco-romana e luta livre.
Tão antigo quanto a história do homem, o termo designa artes de combate voltadas ao
ato de agarrar e derrubar, tendo ramificações em artes marciais como judô, jiu-jitsu,
shuai chiao e outras.
C
Tiro com arco. As civilizações pré-históricas já utilizavam o instrumento para caça e
pesca, mas, devido à necessidade de guerrear, esse artefato tornou-seimprescindível.
D
Esgrima, praticada, desde muito antes dos cavaleiros medievais, em culturas como a
asiática, na China e no Japão.
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Parabéns! A alternativa B está correta.
Há relatos de que os primeiros sistemas combativos eram voltados ao ato de agarrar e derrubar, os
quais foram alocados sob denominação genérica de wrestling. Nos dias atuais, essa prática é voltada
para designar duas modalidades de combate diferenciadas por suas regras: a luta livre, utilizando e
atacando somente o tronco do oponente, e a luta greco-romana, na qual se utilizam e se atacam os
membros inferiores.
Questão 2
Com relação ao conceito de igualdade, os esportes adaptados e a criação das paralimpíadas foram um
grande marco no processo de transformação do esporte como ferramenta inserção social. A inserção
dos esportes de combate nesse âmbito retirou o seu rótulo elitista e os promoveu dentre aqueles que,
em outras sociedades, tinham suas diferenças como fraquezas e atualmente podem, por meio do
esporte, demonstrar a normalidade nas diferenças. Fazem parte do rol dos desportos paralímpicos os
seguintes esportes de combate:
E Caratê, também denominado de arte das mãos vazias. Desenvolvido como esporte
olímpico desde a data da própria origem do homem, não utiliza artefatos para o
combate, apenas seu corpo como arma contra outros homens e animais ferozes.
A
A esgrima em cadeira de rodas, sendo esta uma das mais tradicionais dentre os
desportos paralímpicos; o judô, que detém regras muito similares às do judô olímpico; o
parataekwondo, cuja principal diferença do taekwondo é a ausência de chutes na
cabeça; e o tiro com arco.
B
O caratê adaptado, um dos primeiros esportes de combate adaptados; o judô para
cegos, onde não há categorias para amputados; o wrestling, o esporte de combate mais
antigo e o primeiro a integrar as paralimpíadas.
C
O tiro com arco, o qual utiliza um sistema de luzes para guiar os atletas em direção ao
alvo; o parataekwondo, que detém sensores no colete e nos pés dos atletas para
pontuação; e o jiu-jitsu adaptado, um dos mais recentes desportos paralímpicos.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Apesar de diferentes esportes de combate deterem suas próprias instituições para gerir o esporte
adaptado, no rol dos esportes paralímpicos apenas estão presentes, de acordo com o comitê
paralímpico internacional: esgrima em cadeira de rodas, judô, parataekwondo e tiro com arco.
Considerações �nais
Neste conteúdo, aprendemos que, sob a denominação de esportes de combate, as artes marciais sofreram
o processo denominado de esportivização. Esse processo permitiu que as artes guerreiras transmitissem
não apenas técnicas de socos, chutes e projeções, mas também a cultura de diferentes povos, assim como
fez possível ressignificações que nem mesmo os povos criadores previam.
Vimos que esporte para todos, jogos olímpicos, esportes adaptados e jogos paralímpicos são vertentes do
grande fenômeno que é o esporte. As artes marciais, ao integrar o âmbito esportivo, participam de todas
suas esferas, tanto as modificando quanto, obviamente, sendo influenciadas. A mídia, os praticantes, os
patrocinadores e os professores são alguns dos atores que compõem o grande espetáculo esportivo, o qual
pode deter proporções locais, como torneios regionais de determinada modalidade. Nesses torneios, os
atletas demonstram suas habilidades perante seus pares, objetivando melhorar sua técnica e proporcionar
orgulho ao seu grupo.
Há ainda o esporte sob as lentes da espetacularização, em que o atleta se transforma em vendedor e
produto, sendo o vencedor enaltecido e o perdedor consolado. Se as olimpíadas são a representação de
virtudes inteligíveis de diferentes sociedades e dela fizeram e fazem parte, o esporte profissional é o local
de expor suas fraquezas não apenas físicas e individuais, mas também financeiras e sociais.
D O judô, que detém como principal diferença a troca intencional de pegadas; o
parataekwondo, com chutes apenas na cabeça; o tiro ao alvo, sendo o mais antigo
desporto paraolímpico; a esgrima em cadeira de rodas.
E
O boxe de cadeira de rodas; o caratê com competições especiais de kata e kumitê; a luta
greco-romana, apenas com o desenrolar do combate no solo; a esgrima em cadeira de
rodas; o judô para cegos.
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Por fim, aprendemos que, se o esporte adaptado se apresentou em um primeiro momento como ferramenta
de reabilitação, nos dias atuais disputa espaço por reconhecimento e importância perante os meios de
mídia e a sociedade por meio das paralimpíadas.
Podcast
Agora, o especialista Luiz Felipe Machado Pinto finaliza falando sobre as olimpíadas, as paralimpíadas e o
papel dos esportes de combate em cada uma delas.
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Referências
ACEVEDO, W.; CHEUNG, M.; GARCÍA, C. G. Breve história del kung-fu. Ediciones Nowtilus SL, 2010.
ANTUNES, M. M. As artes marciais chinesas para pessoas com deficiência: contextos, dilemas e
possibilidades. 2. ed. Curitiba: CRV, 2020.
BENFICA, D. T. Esporte Paralímpico: analisando suas contribuições nas (re) significações do atleta com
deficiência. Dissertação (Mestrado em Educação Física), Universidade Federal de Viçosa, 2012.
DUNNING, E.; ELIAS, N. A busca da excitação. Lisboa: Difel, 1992, p. 187-222.
FRANCHINI, E. As modalidades de combate nos Jogos Olímpicos modernos. Universidad y estudios
olímpicos: Seminários Espanha-Brasil, 2006.
KRAHN, G. L. WHO World Report on Disability: a review. Disability and health journal, v. 4, n. 3, p. 141-142,
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MARTINS, C. J.; KANASHIRO, C. Bujutsu, Budô, esporte de luta. Motriz: Revista de Educação Física, v. 16, p.
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RADIO Corea Internacional. História de Corea. Seul: World Compugraphic Co, 1995.
RIOS, G. B. O processo de esportivização do taekwondo. Pensar a Prática, v. 8, n. 1, p. 37-54, 2005.
SAYENGA, D. The problem of wrestling ‘styles’ in the modern Olympic Games: A failure of Olympic
philosophy. Citius, Altius, Fortius, v. 3, n. 3, p. 22-23, 1995.
YALOURIS, N. Os Jogos Olímpicos na Grécia Antiga: Olímpia Antiga e os Jogos Olímpicos. São Paulo:
Odysseus, 2004.
Explore +
Recomendamos a leitura do Atlas do esporte no Brasil, organizado pelo professor Lamartine da Costa e
publicado em 2006. O atlas possui a cronologia de diferentes esportes no território nacional, inclusive os
olímpicos. Nessa obra, há ainda um resumo das características das diferentes modalidades esportivas que
integram o cenário nacional, com o suporte de diversos especialistas na área de esporte e educação.
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