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Equilíbrio ácido-base

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1 Maria Clara 
EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE E HIDROELETROLÍTICO 
INTRODUÇÃO 
Quando a concentração de íons hidrogênio aumenta, 
a de íons hidróxido diminui (vice-versa) – Essa relação 
precusa ter um produto constante (são inversamente 
proporcionais) 
Meios: 
• Neutro – pH = 7 
• Ácido - pH < 7 (concentração de H+ > OH-) 
• Básico – pH > 7 (concentração de OH- > H+) 
O pH sanguíneo é ligeiramente alcalino (básico) – 
7,35-7,45 
• Valores maiores – Alcalemias 
• Valores menores – Acidemias 
Para que haja manutenção do pH plasmático, existem 
os sistemas tampão – constituídos por qualquer 
substância capaz de se ligar reversivelmente aos íons 
de hidrogênio, para minimizar as variações do pH 
• As soluções tampão são formadas por: ácido 
fraco + sal ou base igualmente fraca + sal 
• Exemplos de tampões no organismo: 
bicarbonato (principal tampão extracelular), 
proteínas, fosfato, hemoglobina 
A respiração celular produz dióxido de carbono que 
reage com a água para formar ácido carbônico essa 
reação por si só ela é muito lenta prejudicando a 
eficácia do sistema tampam precisando da ação 
catalítica da anidrase carbônica 
Alcalose METABÓLICA – Quando a alteração envolve 
bicarbonato 
Alcalose RESPIRATÓRIA – Quando a alteração envolve 
dióxido de carbono 
As várias ações na concentração de íons de hidrogênio 
e do dióxido de carbono são detectados pelo sistema 
quimio receptores periféricos (principalmente os 
corpúsculos carotídeos e aórticos) e regulam a 
ventilação pulmonar. 
Mecanismos compensatórios - quando há a regulação 
das concentrações de bicarbonato e iam hidrogênio 
por meio de suas quantidades excretadas na urina 
Equação de Henderson-Hasselbach - calcula o valor 
do pH (cálculo da constante de equilíbrio (K) da 
equação) 
Insuficiência cardíaca gera acidose metabólica 
diminuindo a função cardíaca (exemplo de 
desequilíbrio) 
CONCEITOS IMPORTANTES 
Alcalemia - pH sanguíneo > 7,45 
Acidemia - pH sanguíneo < 7,35 
Alcalose - tendência a alcalemia 
Acidose - tendência acidemia 
Tampão - substâncias que, em solução, reduzem a 
variação do PH 
Distúrbios primários - alteração da CO2 ou da HCO3 
que, se não corrigidas, levarão a alteração do pH 
Distúrbios secundários - mecanismos compensatórios 
dos distúrbios primários 
Distúrbios mistos - distúrbios primários 
concomitantes 
A interpretação da gasometria deve ser baseada no 
quadro clínico do paciente 
DISTÚRBIOS PRIMÁRIOS 
Aqueles que a alteração primária se dá na 
concentração de bicarbonato ou na pressão parcial de 
CO2 e se não corrigidos, levarão a alteração do pH 
São eles: 
• Acidose metabólica 
• Alcalose metabólica 
• Acidose respiratória 
• Alcalose respiratória 
 
➔ ACIDOSE METABÓLICA 
Diminuição dos níveis sanguíneos de bicarbonato 
independente do PH 
Principais causas: 
 
2 Maria Clara 
 
Se a acidose metabólica for primária, uma 
concentração de bicarbonato < 22mEq/L determina a 
presença do distúrbio - Porém mesmo com a 
concentração de bicarbonato > 22mEq/L pode ocorrer 
acidose metabólica. 
Pode ocorrer por 3 causas principais: 
• Acúmulo de substâncias ácidas 
• Perda de fluidos contendo bicarbonato 
• retenção apenas de H+ 
Manifestações clínicas: 
• Aumento da ventilação (respiração de 
Kussmaul) – na tentativa de aumentar o pH 
sanguíneo com a eliminação de CO2 
• Diminuição da contratilidade dos músculos 
respiratórios (levando a fadiga e dispneia) 
• Vasodilatação arterial periférica (diminuindo o 
DC), e hipotensão e hipoperfusão tecidual 
• Venoconstrição e aumento da resistência 
vascular pulmonar 
• Diminuição do limiar para fibrilação 
ventricular e predispõem a arritmias 
reentrantes 
• Atenua respostas cardiovasculares a 
catecolaminas (elevando a dose necessária de 
drogas vasoativas para manter a Pressão 
Arterial média adequada) 
• Depressão do SNC (cefaleia, letargia, estupor, 
coma) 
• Complicações metabólicas (resistência à 
insulina, aumento da demanda metabólica, 
redução da síntese de ATP e aumento da 
degradação proteica) 
• Tendência à hiperpotassemia (por causa do 
H+ transportado do meio extra para o intra 
em troca de K+) 
• Deslocamento da curva de dissociação da 
hemoglobina-oxigênio para a direita 
Acidose lática: É A causa mais frequente de acidose 
metabólica 
• Ocorre sempre quando há acúmulo de ácido 
lático (L-lático ou D-lático) 
• L-Lática – Deriva da glicose anaeróbica 
(degradação da glicose na ausência de O2), a 
grande maioria dos casos se deve à hipóxia 
tecidual por insuficiência circulatória. 
Exemplos: doenças de depósito de glicogênio, 
deficiência de piruvato quinase 
• D-Lática - Deriva da degradação dos 
carboidratos da dieta pelas bactérias 
colônicas - associada à síndrome do intestino 
curto (superproliferação de bactérias 
intestinais) - se manifesta principalmente nos 
períodos pós-prandias, com um quadro 
semelhante à embriaguez alcoólica – 
Diagnóstico: considerado na presença de 
acidose metabólica sem etiologia definida + 
acidose metabólica lactato sérico normal + 
manifestações intestinais. Tratamento: 
antibióticos e dieta pobre em carboidratos 
• Por anti-retrovirais – A acidose lática severa 
complicação pouco frequente no uso de 
antirretrovirais por pacientes com HIV, sendo 
mais comum a hiperlactatemia levando a 
acidose leve a moderada. pode ocorrer em 
qualquer portador de HIV que esteja em uso 
do ITRAN. Fatores de risco: terapias com os 
retrovirais por tempo maior que 6 meses, 
exposição simultânea a 3 ITRANs, obesidade, 
HIV avançada, hepatite B ou C, elevação de 
transaminases, hiperglicemia, uso 
concomitante de outras drogas hepatotóxicas, 
gravidez. 
Cetoacidose: acidose que ocorre pelo acúmulo de 
substâncias ácidas chamadas corpos cetônicos - são 
utilizados pelas células como fonte de energia 
alternativa na falta de glicose, são produzidas no 
fígado, sobretudo, em 3 situações DM 1 
descompensada, intoxicação alcoólica e jejum 
prolongado. É uma causa importante de acidose 
metabólica pela sua frequência e gravidade 
 
3 Maria Clara 
Acidose tubular renal: distúrbio de acidificação renal 
que existe acidose desproporcional à taxa de filtração 
glomerular 
Tratamento da acidose metabólica: 
• Baseado na sua etiliologia 
• Lática e cetoacidose (normoclorêmicas) – AG 
aumentado – Deve-se evitar o uso de 
bicarbonato, devendo ser usado apenas 
quandp tiver acidemia ou hiperpotassemia 
severas 
• Hiperclorêmicas (AG normal) – reposição de 
base (uso de bicarbonato) 
• Bicarbonato indicado em: intoxicações por 
salicilatos, insuficiência renal e acidoses com 
AG normal (hiperclorêmicas) 
Efeitos indesejáveis do uso de bicarbonato de sódio: 
• Piora da hipóxia tecidual 
• Hipervolemia e hipernatremia 
• Acidose liquórica paradoxal 
• Hipocalcemia sintomática 
• Redução do pH intracelular e retenção de CO2 
• Hipopotassemia 
• Alcalose rebote 
Indicações do uso de bicarbonato de sódio na 
acidose metabólica: 
• pH < 7,10 e Bic < 8mEq/L 
• Entretanto, não depende apenas do pH e do 
nível de bicarbonato, mas também da 
etiologia da acidose 
• Hipercalemia severa + acidose metabólica 
(cuidado em doença renal terminal) 
• Intoxicação por salicilatos 
• Insuficiência renal 
• Controverso o uso em casos de choque 
séptico, cetoacidose diabética (risco de 
induzir hipopotassemia) e lática 
 
➔ ALCALOSE METABÓLICA: 
Descrita como distúrbio ácido-base mais comum em 
pacientes hospitalizados 
Aumento do bicarbonato > 26, independente do PH - 
esse aumento de bicarbonato se dá pela perda de H+ 
para as células, para o meio externo ou quando ocorre 
um excesso de oferta de bicarbonato 
Principais causas: 
• Contração do volume extracelular efetivo 
• Normotensão 
• Deficiência de K 
Causas especiais: 
• Alcalose de contração: diminuição aguda do 
volume extracelular por meio da perda 
urinária de águae NaCl 
• Alcalose pós-hipercapnia crônica 
• Vômitos e drenagem gástrica: suco gástrico é 
rico em HCl, então em dadas situações, há 
perda desse líquido 
• Diuréticos de alça e tiazídicos 
• Adm excessiva de bicarbonato ou seus 
precursores 
• Hipertensão renovascular 
• Sd. De Cushing 
• Hiperaldosteronismo primário 
• Hipopotassemia e hipomagnesemia 
Manifestações clínicas: 
• Sem sinais e sintomas característicos 
• Normalmente os sintomas são decorrentes da 
hipovolemia ou dos distúrbios 
hidroeletrolíticos e são: 
Astenia, caimbas, hipotensão postural, 
polidipsia, poliúria, parestesias e espasmos 
musculares, mas também podem ocorrer: 
• Cardiovasculares, metabólicos, respiratórios 
neurológicos, oxigenação tecidual 
Tratamento: 
• Buscar o diagnóstico etiológico 
• Alcalemias leve são bem toleradas porém, 
quando severas, (pH > 7,60) ou sintomáticas 
devem ser tratadas logo 
• Cloreto-responsivas (maioria) – reposição de 
cloreto (principal medida) + suspensão do uso 
de diuréticos e adm de antieméticos no caso 
de vômitos e bloqueadores da secreção 
gástrica 
 
➔ ACIDOSE RESPIRATÓRIA: 
Decorrentes do aumento de PaCO2 
Mecanismo: hipoventilação pulmonar 
Causas: 
• Central – depressão do centro respiratório, 
lesão ou doença cerebral 
• Vias respiratórias - obstrução, doenças 
obstrutivas 
 
4 Maria Clara 
• Parênquima – Doenças do parênquima que 
impedem a ventilação (asma, enfisema, 
bronquite) 
• Neuromuscular 
• Outras – obesidade 
Quadro clínico: 
Variam de acordo com a doença de base e a gravidade 
Dispneia, confusão mental, psicose, alucinações, 
ansiedade... 
Na hipercapnia crônica, observamos: distúrbios do 
sono, perda de memória, sonolência diurna, 
modificação da personalidade 
Tratamento: 
Terapêutica para o agente causador 
garantia de uma adequada oferta de oxigênio 
(intubação e ventilação mecânica) 
Fisioterapia respiratória, prevenção de fatores de 
risco 
➔ ALCALOSE RESPIRATÓRIA: 
Decorrentes da diminuição do PaCO2 (<35) 
Mecanismo: Hiperventilação alveolar 
Principal causa: salicilatos 
A alcalose respiratória crônica é muito comum na 
gravidez 
 
Quadro clínico: 
Tonturas, convulsões, confusão mental 
Cardiopatas – arritmias decorrentes da diminuição da 
oferta de O2 
Tratamento: 
Único tratamento satisfatório é a resolução da causa 
base 
 
DISTÚRBIOS SECUNDÁRIOS (COMPENSATÓRIOS) E 
MISTOS 
Para cada distúrbio primário uma magnitude de 
compensação já esperada. 
 
➔ DISTÚRBIOS MISTOS: 
Quando coexistem 2 ou + distúrbios primários 
independentes 
 
GASOMETRIA ARTERIAL 
1º) Avaliação do pH 
• > 7,75 – Alcalemia (Alcalose) 
• < 7,35 – Acidemia (Acidose) 
• Normal – balanceado 
Obs: pH sempre estará mais próximo do distúrbio 
primário independente da compensação, tornando 
mais fácil definir qual o distúrbio veio primeiro 
2º) Calcular a resposta compensatória esperada, 
determinando se o distúrbio é simples ou misto 
Quando a resposta do organismo é maior ou menor 
do que a compensação fisiológica esperada para 
determinado distúrbio, ocorre um distúrbio misto 
3º) Determinar o ânion Gap 
4º) Determinar se há hipóxia 
 
5 Maria Clara 
O PaO2 normal varia de acordo com a idade da pessoa 
Cálculo: PaO2 = 96 – idade x 0,4 
 
Correlação entre equilíbrio ácido-base e principais 
eletrólitos 
Potássio: 
• Íon predominantemente intracelular 
• Na presença de acidemia, ele sai do intra e vai 
para o extra (havendo influxo de H+ para 
dentro da célula para tentar diminuir a 
acidemia) 
• Na acidemia, pode ocorrer uma 
hipopotassemia 
Cálcio: 
• O cálcio anisado é o cálcio funcionalmente 
ativo no organismo e na situação de alcalemia 
• Sintomas de hipocalcemia na situação de 
alcalemia 
Fósforo: 
• A alcalose respiratória alcalose metabólica 
são acompanhadas de uma queda dos níveis 
de fósforo 
Magnésio: 
• Nas ACIDOSES a variação do magnésio 
depende mais da causa do que levar um 
distúrbio do que o distúrbio propriamente 
dito – podendo ter situações de 
hipermagnesemia 
• Nas ALCALOSES Ocorre a tendência de 
hipomagnesemia 
Sódio: 
• Principal íon extracelular 
• Por não apresentar um perfil definido em 
relação às variações do equilíbrio ácido-base, 
teremos sempre que avalia-lo à luz do quadro 
clínico que levou ao distúrbio ácido-base 
instalada 
 
Cloro: 
• Íon de extrema relevância no que tange ao 
equilíbrio ácido-base 
• Determinante para a adequada reabsorção de 
HCO no túbulo contorcido proximal 
• ACIDOSE METABÓLICA com ÂNION GAP 
aumentado – Dosagem sérica normal de cloro 
(normoclorêmica) 
• ACIDOSE METABÓLICA com ÂNION GAP 
normal – Dosagem sérica de cloro aumentada 
(hiperclorêmica) 
• A dosagem urinária dele pode ser útil na 
caracterização das alcaloses metabólicas, 
classificando-os como cloreto-sensíveis ou 
cloreto-resistentes

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