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5) Equilíbrio ácido-base

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Equilíbrio ácido-base 
O equilíbrio ácido-base está entre as principais funções 
dos rins no organismo e é fundamental para a 
manutenção do funcionamento das funções 
metabólicas corporais. Qualquer desequilíbrio no pH 
sanguíneo, que varia entre 7.35-7.45, gera diversas 
consequências. 
Caso clínico 1: acidose metabólica 
C.A.D., 19 anos, sexo feminino, natural e procedente de 
São Paulo, com distúrbio de comportamento há duas 
semanas. Apresenta poliúria, polidipsia e desidratação. 
Plasma: ureia 60, creatinina 2, glicemia 430, Na 146, K 
5.5, Cl 101, pH 7.3, HCO3 16, pCO2 29 
Urina: pH 6, Na 38 mmol/dia, K 45 mmol/dia, glicose 60 
g/dia 
Caso clínico 2: acidose respiratória 
D.P.C., 28 anos, sexo feminino, natural de Sorocaba e 
procedente de São Paulo. 
Paciente encontrada em coma em seu apartamento, 
onde mora com duas amigas. Não há qualquer 
antecedente que possa auxiliar na elucidação do caso. 
Paciente em coma profundo, com respiração lenta e 
superficial. Exame físico sem achados importantes. 
Plasma: ureia 30, creatinina 0.8, glicemia 80, Na 141, K 
4.5, Cl 101, pH 7.28, HCO3 27, pCO2 58 
Caso clínico 3 
I.A.S., 4 anos, sexo masculino, natural de Sorocaba e 
procedente de São Paulo. 
Menino encontrado comatoso em casa pela mãe, que 
não se recorda de qualquer evento ou antecedente que 
possa auxiliar a explicar o caso. Paciente em coma 
profundo, com respiração profunda e ligeiramente 
acelerada. Exame físico sem achados importantes. 
Plasma: ureia 20, creatinina 0.6, glicemia 84, Na 142, K 
5.2, Cl 101, pH 7.33, HCO3 15, pCO2 28 
𝑝𝐻 = − log[𝐻+] (mol/L) 
𝑝𝐻 = 7.4 → [𝐻+] = 40 × 10−9𝑚𝑜𝑙/𝐿 
[𝐻𝐶𝑂3
−] = 24 × 10−3𝑚𝑜𝑙/𝐿 
A concentração de íons H+ é muito menor, quando 
comparada à concentração de íons bicarbonato. 
Os distúrbios de equilíbrio ácido base ocorrem em 
diferentes situações, como desidratações, choque, 
disfunção renal, insuficiência renal, nas doenças 
respiratórias e metabólicas e intoxicações exógenas. 
Os ácidos atuam como doares de prótons, enquanto as 
bases são receptores de prótons. 
Existem ácidos fixos, substâncias que não são 
eliminadas pela respiração e geralmente são 
tamponadas, como produtos da metabolização de 
aminoácidos; e ácidos voláteis, que são liberados na 
respiração, como a glicose, uma fonte de ácido volátil, 
em que o CO2 produzido pela glicose é liberado pela via 
respiratória. 
A primeira linha de defesa quando há a produção de 
ácidos é formada pelos tampões fixos, seguida pela 
ventilação alveolar e pela geração de HCO3 pelos rins. 
 
 
• Tampões 
A presença de H+ na solução pode ser tamponada, 
resultando em um sal, numa reação de dupla via. 
 
A presença de 1mmol de ácido clorídrico em água faz 
com que o pH abaixe de 7 para 3, para reduzir para 2, 
são necessários mais 10 mmol e, para passar para 1, são 
necessários 100 mmol. No sangue isso não ocorre, pois 
existem tampões que evitam essa queda brusca de pH. 
O principal tampão é o bicarbonato e o pK do ácido 
carbônico é por volta de 6,1. Hemoglobina, albumina e 
outras proteínas também recebem íons H+. 
 
• Ventilação alveolar 
Quanto maior a FR, maior o volume corrente 
(quantidade de ar que passa no alvéolo) e maior a 
lavagem de CO2. 
𝐶𝑂2 + 𝐻2𝑂 ↔ 𝐻2𝐶𝑂3 ↔ 𝐻
+ + 𝐻𝐶𝑂3
− 
A redução da frequência respiratória aumenta a 
concentração de CO2, deslocando a curva para a 
direita, o que acarreta acidose respiratória. 
O aumento da frequência respiratória reduz a PCO2 
sanguínea, deslocando a equação para a esquerda, 
promovendo uma alcalose respiratória. Nesse caso, há 
uma redução dos níveis plasmáticos do cálcio iônico, 
pois na alcalose esse íon perde solubilidade no plasma 
(por isso durante crises de 
ansiedade os dedos podem ficar 
rígidos). 
O sistema HO3-/CO2 é muito 
mais eficiente do que os tampões 
fixos, pois é possível regenerá-lo 
por meio das alterações na 
frequência respiratória. 
O aumento de ácidos fixos (como ocorre quando o 
indíviduo reduz o consumo de carboidratos e aumenta 
de proteínas) provoca queda do pH e do bicarbonato 
plasmático. O inverso ocorre com aumento de bases 
fixas: aumento do pH e de bicarbonato. 
O aumento da pCO2 leva à produção de ácido, 
reduzindo o pH, mas também há um aumento de 
bicarbonato, deixando a curva “torta”. A queda da 
pCO2 aumenta o Ph. 
Nomograma de Davenport: 
 
• Geração de HCO3- pelos rins 
O ultrafiltrado apresenta pH igual 
ao do sangue (por volta de 7.4). 
Após a passagem pelo túbulo 
proximal, há decaimento do pH 
para 7. Isso ocorre pela grande 
absorção de bicarbonato que 
ocorre nesse segmento, 
consumindo o tampão 
rapidamente, o que faz com que 
“sobrem” ácidos. A absorção se dá 
pela presença de uma bomba de 
Na+/H+ na membrana luminal das 
células, que provoca entrada de Na+ 
e saída de H+ (pelo gradiente gerado 
pela bomba de Na+/K+ presente na membrana 
basolateral). O H+ que chega no lúmen se liga ao HCO3-
formando CO2, que será difundido para o interior da 
célula, onde se liga com a água, formando HCO3- e H+ 
(após degradação do ácido carbônico, que é instável). 
O HCO3- formado será reabsorvido por um canal 
presente na membrana basolateral. 
Na alça de Henle há uma queda maior, deixando o pH 
por volta de 5. Isso porque na porção espessa estão 
presentes o transportador NKCC e a bomba de Na+/H+ 
na membrana luminal das células. Esses 
transportadores promovem a eliminação de H+ e 
absorção de Na+. 
Após a passagem pelos túbulos distal e coletor, o pH 
pode chegar a 4,5. No túbulo coletor, o tampão 
bicarbonato já foi praticamente todo consumido, 
fazendo com que tampões fixos sejam utilizados; nas 
células intercaladas, há uma bomba responsável pela 
secreção de H+ na urina e o trocador K+/H+, que absorve 
potássio e joga hidrogênio no lúmen (mecanismo que é 
estimulado pela aldosterona, por isso no 
hiperaldosteronismo há eliminação de H+), além da 
presença de um trocador Cl-/HCO3- nas células 
intercaladas B. 
• Conceito de acidez titulável 
pH urinário inferior a 4,4 começa a provocar dano 
tecidual. 
No entanto, a concentração de íon H+ eliminada na 
urina é maior do que aparenta, pois o íon está 
tamponado, pois a excreção de ácido requer a presença 
de tampões no fluido tubular. Se a solução fosse apenas 
de água e ácido, a urina teria que ser muito diluída para 
que não houvesse dano tecidual, chegando à ser 
necessária a eliminação de 1800 L/dia. 
Acidez titulável é a quantidade de ácido “escondida” na 
urina, após a administração de bicarbonato para 
alcançar um pH de 7,4 (a quantidade de bicarbonato 
utilizada é a quantidade de ácido escondida). 
Além do bicarbonato, existem tampões fixos, como 
fosfato, urato (forma ácido úrico) e citrato (um 
importante anti coagulante urinário, que forma ácido 
cítrico). 
Os ácidos tituláveis são produzidos principalmente no 
túbulo proximal. Esses ácidos correspondem à 45% dos 
ácidos fixos excretados na urina, portanto, a excreção 
de ácido titulável é insuficiente para atender às 
necessidades diárias do organismo, sendo necessária 
uma segunda forma de excreção, como a excreção de 
amônio. 
A amônia é um gás difusível extremamente solúvel. 
Após sua hidratação, ocorre a formação do amônio, 
presente em grande quantidade na urina. Além de 
retirar um H+, essa reação gera um bicarbonato. 
 
Na primeira metade do néfron (túbulo proximal e 
porção espessa da alça de Henle, a secreção de H+ 
promove principalmente reabsorção do HCO3- filtrado. 
Na segunda metade do néfron (túbulo distal e coletor), 
a secreção de H+ promove principalmente geração de 
HCO3- para compensar o que foi utilizado para 
neutralizar o H+ gerado pelo metabolismo. 
GASOMETRIA ARTERIAL 
Exame muito utilizado nas 
UTIs, que consiste na 
retirada de sangue da 
artéria femoral ou radial e 
colocação no gasômetro 
para análise de algumas 
informações. 
Na gasometria, o pH sanguíneo pode estar normal ou 
apresenta acidose ou alcalose. O acúmulo de ácidos 
promove acidose, que tentará ser compensadapelo 
sistema tampão, fazendo com que haja uma depleção 
de bases. No caso de uma alcalose, haverá um acúmulo 
de bases (como num aumento de bicarbonato), 
fazendo com que haja depleção de ácidos na tentativa 
de tamponar as bases excedentes. 
Geralmente, acidoses e alcaloses metabólicas estão 
relacionadas aos ácidos fixos, enquanto acidoses e 
alcaloses respiratórias se associam aos ácidos voláteis. 
Um conceito importante na gasometria é o de base 
excess, definido como o excesso de bases e é mais 
utilizado para distúrbios respiratórios, para diferenciar 
se são agudos ou crônicos. No distúrbio metabólico, o 
base excess estará negativo, pois haverá retenção de 
ácidos e não de bases. 
Além disso, é importante a avaliação de outras 
substâncias, como o cloreto, para avaliação de ânion 
gap. O principal cátion do meio extracelular é o sódio e, 
para compensar essa carga positiva, o ânion mais 
abundante no meio extracelular é o Cl- (entre 98-103), 
seguido pelo bicarbonato, com valores normais por 
volta de 24. Além disso, existe um “ânion gap”, cujo 
normal é 12 (a soma das concentrações de Cl- e HCO3- 
não se igualam à de Na+), que corresponde aos outros 
ânions presentes no sangue, como sulfato, albumina e 
hemoglobina. O aumento de H+ circulante pode reduzir 
o ânion gap, visto que esses ânions podem tamponar o 
H+, e o aumento de substâncias negativas, como 
aspirina e lactato, provocam aumento do ânion gap, 
pela maior quantidade de cargas negativas circulante. 
• Acidose metabólica 
É uma das principais vistas nos hospitais. As causas mais 
comuns são: 
▪ Produções excessivas de ácido, como ocorre nos 
choques circulatórios, em que os tecidos precisam 
realizar vias anaeróbicas para obtenção de ATP, o 
que gera lactato (ácido fixo); e no diabetes 
descompensado, que apresenta mecanismos 
semelhante, com geração de cetoácidos; 
▪ Aumento de ácidos fixo de origem exógena, como 
ocorre em intoxicações por aspirina, etilenoglicol e 
metanol. Nessas acidoses o ânion gap geralmente 
está elevado. 
▪ Perda de bases fixas, como em casos de diareia 
intensa e bicarbonatúria; 
▪ Deficiência na excreção de ácidos fixos, que 
ocorre na disfunção tubular, no 
hipoaldosteronismo e nas insuficiências renais 
aguda e crônica. 
Em casos de acidose metabólica, haverá consumo de 
bicarbonato, fazendo com que sua concentração 
plasmática caia, e queda de pH. Essa queda no pH 
estimula um aumento na frequência respiratória, para 
que a eliminação de CO2 compense a queda de pH, 
reduzindo a pCO2 e aumentando o pH (a eliminação de 
ácidos voláteis é mais rápida do que de ácidos fixos, por 
isso esse mecanismo compensatório é ativado). 
 
Há uma fórmula para calcular o CO2 nesses casos 
compensatórios: 𝐂𝐎𝟐 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐝𝐨 = 𝟏, 𝟓 × 𝐇𝐂𝐎𝟑
− + 𝟖 
Gasometria arterial típica na acidose metabólica 
pH: 7,31 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 17 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 30 mmHg (normal 38 – 42) 
[Cl]: 104 mmol/L (normal 98 – 106) 
BE: - 10 mmol/L (normal -2 – +2) 
As acidoses metabólicas afetam a composição iônica do 
espaço extracelular, podendo causar hiperpotassemia 
e alterações no ânion gap. 
A hiperpotassemia é justificada pela entrada de H+ no 
interior das células, fazendo com que o ambiente 
intracelular fique positivo, o que acarreta em saída de 
potássio para o meio extracelular. Por isso a 
administração de bicarbonato em casos de 
hiperpotassemia é eficaz. 
A acidose metabólica pode ter um ânion gap normal, 
que ocorre por perda de bicarbonato, ou alto, 
provocado pelo acúmulo de outros ácidos. 
Nas acidoses metabólicas consequentes a um excesso 
de ácidos fixos, a produção renal de NH4+ está 
aumentada, mas não o suficiente para impedir o 
acúmulo de ácido no organismo. 
As acidoses metabólicas por bicarbonatúria são 
causadas por acidose tubular, que são alterações 
genéticas ou adquiridas. Essa acidose pode ocorrer no 
túbulo proximal (acidose tipo II) e no túbulo distal 
(acidose I e IV). Nesses casos, o ânion gap está normal 
e o cloro está elevado. 
No hipoaldosteronismo, a ausência de aldosterona nas 
células intercaladas fazem com que haja retenção de 
H+. Ocorre queda de bicarbonato na tentativa de 
tamponar o H+ excedente, o ânion está normal, fazendo 
com que haja um aumento da concentração de Cl. 
Nas acidoses metabólicas consequentes a insuficiência 
renal, o ânion gap pode estar aumentado devido à 
retenção de ânions normalmente excretados pelos rins. 
• Alcalose metabólica 
As principais causas para a ocorrência de alcalose 
metabólica são: 
▪ Perda de ácidos fixos, comum em casos de 
vômitos; 
Nos vômitos, a eliminação de ácido clorídrico presente 
no estômago faz com que haja uma queda de H+ e de 
Cl-, associada a “sobra” de bicarbonato sanguíneo. 
▪ Excreção inadequada de ácidos fixos, que ocorre 
no hiperaldosteronismo, na hipopotassemia e na 
hipovolemia 
No hiperaldosterismo, a ação da aldosterona no túbulo 
coletor promove reabsorção de sódio e eliminação de 
potássio pelo canal ROMK. Além disso, haverá 
eliminação de íons H+ pelas células intercaladas. 
Na hipopotassemia, as células intercaladas são 
estimuladas a absorver potássio pelo trocador H+/K+. 
Portanto, a reabsorção de potássio é acompanhada por 
excreção de H+. 
Na hipovolemia, a queda no volume extracelular 
aumenta a concentração de bicarbonato. 
Durante o uso de diuréticos, como a furosemida, é 
comum a ocorrência de alcalose metabólica, pois há 
associação de hipovolemia e hipopotassemia. 
Na alcalose metabólica, o bicarbonato está aumentado 
(por aumento do íon ou por redução de H+), fazendo 
com que haja uma queda do cloreto e o ânion gap 
permanece normal. 
O aumento do pH é aumentado por aumento da 
concentração de bicarbonato. Dessa forma, o centro 
controlador da respiração reduz a frequência 
respiratória, a fim de reter CO2 aumentar a pCO2, para 
compensar esse aumento de pH. Além disso, ocorre 
queda do cloro para manter a eletroneutralidade, 
compensando o aumento de bicarbonato, e há um 
acúmulo de bases, com base excess positivo. 
A fórmula para verificar a compensação respiratória é 
𝐩𝐂𝐎𝟐 𝐞𝐬𝐩𝐞𝐫𝐚𝐝𝐚 = 𝐇𝐂𝐎𝟑
− + 𝟏𝟓 
 Gasometria arterial típica na alcalose metabólica 
pH: 7,48 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 34 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 47 mmHg (normal 38 – 42) 
[Cl]: 93 mmol/L (normal 98 – 106) 
BE: +11 mmol/L (normal -2 – +2) 
• Acidose respiratória 
A acidose respiratória está associada ao aumento de 
ácidos voláteis e pode ser causada por: 
▪ Doença parenquimatosa pulmonar, como DPOC e 
edema pulmonar grave; 
▪ Restrição mecânica à respiração, como no trauma 
torácico, no derrame pleural extenso e na paralisia 
muscular; 
▪ Distúrbios do centro respiratório, que pode ser 
causado por tumores, trauma e depressão 
farmacológica. 
No mecanismo compensatório da acidose respiratória, 
o aumento de 10 na pCO2 provoca o aumento de 1 
HCO3-. 
 
Gasometria arterial típica na acidose respiratória 
aguda 
pH: 7,23 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 27 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 70 mmHg (normal 38 – 42) 
[Cl]: 102 mmol/L (normal 98 – 106) 
[Ânion gap]: 
BE: 0 mmol/L (normal -2 – +2) 
Na acidose respiratória crônica, o rim passa a reter 
ácidos e eliminar bicarbonato, com produção de 
amônio aumentada (como ocorre em um paciente com 
DPOC que está sendo ventilado em hipercapnia). 
Nesses casos, um aumento de 10 na pCO2, eleva o 
HCO3- em 3,5. 
O aumento do base excess diferencia os distúrbios 
respiratórios agudos e crônicos, pois a retenção de base 
demanda tempo para ocorrer e só aparece em 
alterações crônicas. 
Gasometria arterial típica na acidose respiratória 
crônica 
pH: 7,33 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 34 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 70 mmHg (normal 38 – 42) 
[Cl]: 93 mmol/L (normal 98 – 106) 
[Ânion gap]: 13 mmol/L (normal 9 – 13) 
BE: 9 mmol/L (normal -2 – +2) 
• Alcalose respiratória 
A alcalose nesses casos é justificada pelo aumento da 
frequência respiratória,cujas principais causas são: 
▪ Hipóxia, por pneumonia, fibrose pulmonar, 
anemia, edema pulmonar 
▪ Ansiedade 
▪ Distúrbios do centro respiratório, causados por 
tumores, trauma, intoxicação e infecções. 
Quando a pCO2 está muito reduzida, a equação é 
deslocada para a direita, provocando queda na 
quantidade de bicarbonato (pela ação de outros 
sistemas tampão). 
Nos casos agudos, para quedas de 10 na pCO2 há uma 
queda de 2 no bicarbonato. 
Gasometria arterial típica na alcalose respiratória 
aguda 
pH: 7,60 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 21 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 28 mmHg (normal 38 – 42) 
[Cl]: 99 mmol/L (normal 98 – 106) 
[Ânion gap]: 13 mmolL (normal 9 – 13) 
BE: 0 mmol/L (normal -2 – +2) 
Na alcalose respiratória crônica, o rim passa a eliminar 
bicarbonato, fazendo com que a concentração 
plasmática desse íon caia. Além disso, ocorre aumento 
da concentração de cloreto e do ânion gap, pois o rim 
também passa a reter bases fixas. 
O base excess ganha um valor negativo, pois a ação do 
rim visa o aumento dos ácidos e eliminação de bases. 
Gasometria arterial típica na alcalose respiratória 
crônica 
pH: 7,49 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 14 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 28 mmHg (normal 38 – 42) 
[Cl]: 105 mmol/L (normal 98 – 106) 
[Ânion gap]: 21 mmolL (normal 9 – 13) 
BE: -10 mmol/L (normal -2 – +2) 
• Acidose mista 
Esses distúrbios podem ocorrer quando mais de um 
mecanismo está envolvido: 
▪ Trauma torácico com choque circulatório: o 
trauma torácico aumenta a frequência 
respiratória, o que causa alcalose respiratória. O 
choque circulatório, por sua vez, provoca acidose 
metabólica. 
▪ Diarreia e DPOC: um paciente com DPOC retém 
CO2, o que acarreta acidose respiratória. A diarreia 
provocaria perda de bicarbonato, causando 
acidose metabólica. 
▪ Intoxicação exógena e depressão respiratória: o 
acúmulo de ácidos externos causaria acidose 
metabólica, enquanto a depressão respiratória 
está associada à acidose respiratória 
▪ IRA e depressão respiratória: a IRA causa retenção 
de ácidos e a pressão respiratória retém CO2 
▪ Recuperação de parada cardíaca 
 
Esses distúrbios provocam alteração de pH muito 
importante, pois os mecanismos compensatórios não 
são eficientes. É importante assegurar a via aérea 
desses pacientes para evitar o óbito. 
Gasometria arterial típica nas acidoses mistas 
pH: 7,11 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 10 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 32 mmHg (normal 38 – 42) 
[Ânion gap]: 12 mmol/L (normal 9 – 13) 
BE: -7 mmol/L (normal -2 – +2) 
• Alcalose mista 
Também apresenta associação de diferentes 
mecanismos: 
▪ Perdas por sonda nasogástrica (equivalente a 
vômitos) associada à hiperventilação mecânica na 
UTI: perda de íons H+ pela sonda e alcalose 
respiratória pela hiperventilação 
▪ Trauma de crânio e hipovolemia 
▪ Febre e hipovolemia 
 
Gasometria arterial típica nas alcaloses mistas 
pH: 7,62 (normal 7,36 – 7,42) 
[HCO3-]: 29 mmol/L (normal 22 – 26) 
[pCO2]: 31 mmHg (normal 38 – 42) 
[Cl-]: 99 mmol/L (normal 98 – 106) 
[Ânion gap]: 12 mmol/L (normal 9 – 13) 
BE: +6 mmol/L (normal -2 – +2) 
Interpretação de gasometria 
𝑝𝐻 = 6,1 + 
𝑙𝑜𝑔 [𝐻𝐶𝑂3
−]
0,03 × 𝑝𝐶𝑂2
 
O gasômetro utiliza os valores de pH e as concentrações 
de O2 e CO2 para fazer o cálculo das outras grandezas. 
O bicarbonato real é calculado por meio da titulação de 
HCl ao sangue, para que haja a reação entre eles, 
produzindo CO2. O bicarbonato padrão/standard não é 
muito utilizado e refere ao HCO3- corrigido por uma 
pCO2 de 40 (corrige as alterações de bicarbonato que 
ocorrem nos distúrbios respiratórios). 
Buffer base é a soma do bicarbonato e de outras bases, 
como hemoglobina e albumina, com valor entre 45 – 51 
mEq/L (o valor de referência é 48). O base excess será 
obtido pela diferença entre o buffer base e o valor de 
referência, e o valor positivo significa acúmulo de 
bases, alcalose metabólica ou compensação renal de 
uma acidose respiratória, enquanto o valor de base 
excess negativo significa perda de bases, acidose 
metabólica ou compensação de uma alcalose 
respiratória. 
• Gasometria 1 
pH: 7,3 pCO2: 27 HCO3-: 13 
O pH baixo classifica uma acidose. Essa acidose é 
explicada por um bicarbonato baixo, sendo classificada 
como acidose metabólica. 
O abaixo da pCO2 é justificado pela tentativa de 
compensação de retornar ao pH normal, já que a 
lavagem de CO2 auxiliaria no aumento do pH. 
• Gasometria 2 
pH: 7,33 pCO2: 60 HCO3-: 31 
O pH baixo classifica uma acidose. Essa acidose é 
justificada por um aumento da pCO2, sendo classificada 
como acidose respiratória. 
Ocorre aumento do bicarbonato na tentativa de 
tamponar os ácidos excedentes. 
• Gasometria 3 
pH: 7,52 pCO2: 20 HCO3-: 18 
O pH alto caracteriza uma alcalose. Essa alcalose é 
justificada pela pCO2 baixa, sendo classificada como 
uma alcalose respiratória.

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