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MARKETING E PUBLICIDADE EM MÍDIAS SOCIAIS W B A 04 22 _v 1. 0 2 Kátia Raquel Bonilha Keller Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020 MARKETING E PUBLICIDADE EM MÍDIAS SOCIAIS 1ª edição 3 2020 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Patrícia Natividade Baptista Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Gilvânia Honório dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Keller, Kátia Raquel Bonilha K99p Marketing e publicidade em mídias sociais/ Kátia Raquel Bonilha Keller, – Rodriguez – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2020. 39 p. ISBN 978-65-86461-41-1 1. Branding (Marketing). 2. Marketing na Internet I. Keller, Kátia Raquel Bonilha Título. CDD 658.8 ____________________________________________________________________________________________ Jorge Eduardo de Almeida CRB: 8/8753 © 2020 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 4 SUMÁRIO Campanha: objetivos, metas e mensuração _________________________ 05 Ferramentas de pesquisa: Analytics e técnicas de análise __________ 18 Campanha: objetivos, metas e mensuração ________________________ 32 Campanhas para mídias sociais e tendências de peças _____________ 44 MARKETING E PUBLICIDADE EM MÍDIAS SOCIAIS 5 Marketing digital: o novo consumidor nas redes sociais Autoria: Kátia Raquel Bonilha Keller Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Contextualizar o pós-graduando na área de Marketing, apontando para suas complexidades no mundo atual. • Indicar os principais impactos das transformações contemporâneas, em especial das novas tecnologias no comportamento do consumidor. • Apontar os desafios do Marketing Digital para o alcance dos resultados desejados pelas empresas. 6 1. Novos tempos, novos desafios Marketing Digital é, antes de tudo, Marketing. E como você pode compreender essa vasta área de forma abrangente, contemporânea e útil? Pode compreender encarando o Marketing como uma filosofia de relacionamento entre empresas/marcas e pessoas. Para que qualquer relacionamento funcione bem, precisa ser transparente e autêntico, concorda? No caso das organizações, precisam ser verdadeiras, genuínas, fiéis aos seus valores e missão (ou seja, à razão de sua existência), para conquistar. As pessoas, seus alvos, por sua vez, não são somente mente e coração. Em uma campanha de comunicação, você pode argumentar que o carro X possui componentes únicos que oferecem maior segurança, desempenho e economia, com base em características técnicas específicas por exemplo, tentando persuadir pela razão. Também pode somar a essas informações que tal veículo apresenta design arrojado e sofisticado, buscando seduzir pelo coração. Entretanto, tudo isso já não basta ao consumidor contemporâneo. A venda não estará encaminhada por essa velha fórmula de comunicação de Marketing. Espera sempre mais e ainda deseja ser compreendido em uma dimensão mais sutil, chamada de espiritual por Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010). Nela, reside a expectativa de compromisso social, econômico e ambiental das empresas e de uma compreensão de seus valores, anseios, medos e sonhos. Assim, como ponto de partida, as pessoas esperam que o lucro gerado por elas para as organizações seja revertido em uma preocupação real com as condições de vida da sociedade. Com essa pequena introdução, certamente você já consegue vislumbrar o quão grande é o desafio de ganhar um cliente leal e defensor da marca, por meio dos amplos recursos virtuais, que erigiram o Marketing Digital. 7 2. Marketing e Marketing Digital Essa transformação no Marketing resultou grandemente da tecnologia colocada à frente dos consumidores, que se tornaram internautas. Desse modo, o Marketing Digital começou a dividir a cena com as mídias tradicionais, como anúncios, outdoors, filmes publicitários (comerciais), entre outros. A rede mundial de computadores empoderou imensamente seus usuários, que têm agora, diante de si, um imensurável número de informações sobre praticamente quaisquer assuntos, e as mídias sociais proporcionaram a eles a interação sem fronteiras e hierarquias. O consumidor fala com as empresas de igual para igual, e as inteligentes vão atendê-lo com a máxima eficiência e rapidez possíveis. Um cliente insatisfeito pode realizar um boca a boca virtual negativo, de proporções incalculáveis. Quem nunca reclamou de uma má experiência de compra em post do Facebook e recebeu dezenas de curtidas e comentários de apoio? Por outro lado, quando encantado por alguma ação corporativa, esse mesmo consumidor tende a compartilhar tal ação de Marketing, que pode cativar outros tantos. 8 Figura 1 – Boca a boca virtual positivo é um gerador potencial de boa vontade e boa imagem para as empresas Fonte: CASEZY/ iStock. De acordo com Godin (2010, p. 38), antes dessa revolução, as abordagens eram do tipo “comando e controle em relação à criação e à disseminação de ideias. O Novo Marketing trata de moda, histórias, permissão e promessas”. Para que essa ideia fique clara, ainda com base em Godin (2010), basta pensar em alguns pontos: o número de lojas concorrentes on-line, o foco em nichos (categorias de públicos-alvo) para tentar conquistar clientes, a rejeição das pessoas aos spams (ninguém quer ser invadido por propagandas sem devida permissão) e o foco das empresas em obter o apoio de uma comunidade (não só de um determinado número de consumidores). Os consumidores estão descontrolados,fora das antigas formas de comando. Atualmente, as pessoas querem poder participar das empresas, com ideias de novos produtos ou serviços, ou até mesmo de comunicação de 9 Marketing, base do conceito de cocriação (criar com, ser ativo e ouvido). Internet se tornou também sinônimo de interação, enfim. Um número incalculável de pessoas no mundo já acorda verificando seu Facebook, WhatsApp, Instagram, e-mail, ou consultando a previsão do tempo por exemplo. As compras on-line são corriqueiras e ofertam vantagens, como encontrar exatamente o que se busca sem esforço, comparar preços/ frete/ tempo de entrega, enfim, realizar, em muitos casos, a aquisição de um bem, sem o enfrentamento de trânsito, de busca por estacionamento e do barulho das ruas, lojas ou shopping centers. Solomon (2016, p. 513) traz uma informação muito interessante sobre o comportamento das pessoas na contemporaneidade. As redes sociais podem envolver seus usuários ao ponto de levá-los a verificações constantes, em busca de se manterem informadas full time sobre a atividade de seus amigos on-line. Alguns chamam essa compulsão de FOMO (fear of missing out, ou medo de ficar de fora). Fazer-se presente nas redes envolve também os pedidos de informações sobre reputação de lojas e busca por produtos/serviços, tanto que o Facebook identificaautomaticamente um post desse tipo com uma estrela e a observação procurando recomendações. Essa tendência, de acordo com Solomon (2016, p. 514), “ressalta o papel fundamental das mídias sociais em fomentar o processo básico do boca a boca. Chamamos as pessoas que fornecem essas avaliações de defensores da marca”. Isso valida a estratégia de incluir opiniões de consumidores em anúncios digitais. Outra estratégia também é remeter o internauta a diversificados canais on-line de contato com a marca, inclusive, os do YouTube. 10 Figura 2 – É comum o pedido de recomendações via mídias sociais, pois são encaradas como mais confiáveis, já que ofertadas por amigos da rede Fonte: 4FR/ iStock. Nem sempre o intuito é vendedor, nem deve ser, já que marcas sólidas representam garantia de sucesso nos negócios. Um exemplo disso foi a ação do banco Itaú envolvendo as Vovloggers (duas senhoras que protagonizam o Chá Digitau) e a então influencer Kéfera. No vídeo Gírias da Internet, as avós aprenderam o significado dos termos meme, bapho, rolê, babado e crush, correntes nas mídias sociais, com muito bom humor. Com objetivo puramente institucional, o conteúdo pode ser facilmente encontrado no canal oficial da instituição financeira no YouTube. 11 3. Consumidores e mídias sociais Em resumo, atualmente, os elogios e as reclamações dos consumidores se tornam públicas com apenas um clique e de graça. Faça um teste e visite o site Reclame Aqui. Há um ranking das piores empresas dos últimos 30 dias e, ali, você verá marcas muito conhecidas, que não resolveram os problemas dos seus clientes. Muitas delas, inclusive, têm índice zero de retorno ao consumidor. O consumidor contemporâneo espera ou exige que as marcas o respeitem e o considerem, já que as prestigia com suas escolhas e, consequentemente, gerando lucro a elas. Quando o indivíduo compra uma marca X em detrimento de todas as demais concorrentes, tem a expectativa mínima de ser bem atendido e valorizado, e as empresas inteligentes vão além, oferecendo a melhor experiência possível a esse cliente, com o intuito de cativar sua lealdade. Tais empresas se importam com reputação e imagem, sendo fiéis às suas propostas de existência, que constituem suas missões declaradas. Cabe ao consumidor garimpar, entre as organizações que oferecem o produto ou serviço de seu interesse, aquelas que são mais confiáveis e críveis, para que sejam evitados aborrecimentos futuros, como atrasos na entrega, falhas no agendamento de instalações, frustrações em relação a compra, que chega danificada ou muito diferente daquilo que foi anunciado e prometido por uma loja virtual por exemplo. Assim, fato é que esse boca a boca virtual é mundialmente relevante. Qualman (2011, p. 95) observa: “é uma missão crítica para empresas o entendimento de que o impacto das mídias sociais transforma práticas tradicionais de negócios em torno do marketing, recrutamento, produção”. Não se pode gerir bem um negócio, com base em antigas crenças e fórmulas. 12 Para além do empowerment (empoderamento, fortalecimento) do internauta, encontram-se as informações sobre cada um deles, que o Google disponibiliza com suas complexas ferramentas. É o outro lado da questão. Essas informações processadas podem apontar para tendências do comportamento do consumidor e impulsionar o Marketing. As buscas tecem o que as pessoas procuram/desejam, localizam vendedores, para que o consumidor escolham (considerando informações sobre o produto, com fotos preferencialmente, reputação da loja, valor de frete, tempo para a entrega, preço, parcelamento sem juros em cartão de crédito), o que já acena com insights para as empresas. Toda essa inteligência artificial, que roubou a privacidade dos seres conectados, é o que leva, ao seu Facebook, anúncios de algo que você acabou de procurar no Google, fazendo muitos se perguntarem como essa tecnologia funciona. 4. Envolvimento Os profissionais do Marketing Digital desenvolvem seus planejamentos, com o intuito de envolver esse novo consumidor com um produto, anúncio ou site. Solomon (2016, p. 516) explica que esse envolvimento leva o indivíduo a um estado de fluxo, cuja equação implica um encantamento tal, que leva o internauta a perder a noção de tempo, explorar os conteúdos de um site e, se houver sucesso, realizar uma compra. O autor elenca as propriedades do fluxo como uma experiência ideal: “sensação de diversão, sentimento de controle, concentração e atenção altamente dirigida, prazer mental pela própria atividade, noção de tempo distorcida, correspondência entre o desafio em questão e as habilidades da pessoa”. Se você já realizou uma compra pelo site Mercado Livre por exemplo, pode ter passado por essas propriedades do fluxo. Ao buscar um móvel, você considera o que tinha em mente como ideal, tem grandes chances 13 de encontrar algo que venha ao encontro disso, abrirá o anúncio e verá a disponibilidade e as cores possíveis, preferencialmente também vai querer ver mais de uma foto do produto, irá aos comentários relativos à satisfação de outros compradores, verificará se o vendedor tem boa reputação e atendimento, comparará preços e prazos de entrega, valor do envio e possibilidades de parcelamento sem juros. A experiência de adquirir algo muito desejado tem a capacidade de absorver toda a sua atenção até o desfecho da compra. O Mercado Livre atende rapidamente a qualquer demanda (inclusive, arrependimento da compra e cancelamento imediato, com estorno do valor) e é levado a sério pelas empresas anunciantes. Trata-se de um site de compras que, acima de tudo, oferece segurança na transação, apesar de não estar sempre tão bem posicionado no Reclame Aqui. Já quanto às mídias sociais, como plataformas, são compostas de redes de contato. Se você considerar o Facebook, perceberá que existem elos entre os usuários. Primeiramente, há a rede como um todo, isto é, os bilhões de internautas que fazem parte da mídia de Mark Zuckerberg. Cada um vai se conectar a muitos por relações variadas, como menciona Solomon (2016, p. 517), via redes individuais, compostas por laços de “parentesco, amizade, elos afetivos e experiências, hobbies e interesses em comum”. Existem também as comunidades, como grupos de Astronomia, debates políticos, egressos de universidades, fãs de marcas (como Coca-Cola, Harley-Davidson, sitcom Friends), entre outros. As interações nas redes sociais são atividades partilhadas entre membros, como a participação em grupos de familiares de pessoas com autismo. Para Solomon (2016, p. 518), as interações são tecidas pelos nós de uma rede, e os fluxos ocorrem entre os nós, aqueles compreendidos como “trocas de recursos, informações ou influências entre os membros de uma rede social online”. Observe seu comportamento no Facebook. A palavra-chave é compartilhamento. Dentro do seu perfil como indivíduo, você pode 14 propagar notícias sobre os assuntos de seu maior interesse, ações sociais criativas de empresas que beneficiaram pessoas ou animais (post que poderá se tornar um viral, isto é, um conteúdo que será compartilhado por milhares de pessoas e gerará outras milhares de visualizações, ainda muito comum em estratégia de Marketing Digital), memes, pensamentos, fotos, conquistas pessoais, vídeos com animais fofos, pedidos de doação de sangue para ajudar o próximo e até testes de entretenimento que surgem no Facebook. Reflete, enfim, seu perfil. O compartilhamento cria fluxos entre os amigos de sua rede, que seguirão em várias direções, situação chamada de multiplexação de mídia, de acordo com Salomon (2016, p. 518). Figura 4 – Os fluxos de comunicação têm um alcance inimaginável, pois se alastram em n direções. Daí a importância deles para as empresas e suas campanhas Fonte: DKart/ iStock. 15 Conclusão Falar de Tecnologia e Internet é praticamente falar do infinito e de infinitas possibilidades. Futurologia alguma é capaz de prever o que estápor vir. A Internet revolucionou o ser/estar no mundo e todas as áreas do conhecimento humano. Não importam as sopas de letrinhas das ditas gerações X, Y ou Z, pois são como gotas em um oceano vasto e desafiador para as empresas. O surgimento de novidades é vertiginoso e a sensação de defasagem, constante. O macro cenário modificou a sociedade, que exigiu a transformação do Marketing. O que trazia resultados às empresas não alcança mais os objetivos dos negócios, porque os indivíduos já não estão tão mais atentos ao modo analógico de fazer propaganda, que os bombardeou com tantas informações, durante tanto tempo, a ponto de se tornarem voláteis e irrelevantes. O Marketing tem se reinventado e o Digital se tornou imprescindível. Figura 5 – A poluição visual leva o consumidor a não prestar atenção nas informações de seu entorno, como afirma Lenderman Fonte: JacZhou/ iStock. 16 O ponto é que o Marketing Digital precisa de um planejamento estratégico mais refinado, para ser eficaz e eficiente (trazer resultados desejados e a melhor relação custo/benefício respectivamente), por envolver Tecnologia da Informação. As informações a que se pode ter acesso sobre os internautas e seus hábitos de navegabilidade, valores e ideais trazem dados que acrescentam muito à compreensão do comportamento de cada consumidor. Muitas questões podem ser trazidas à reflexão. Por exemplo, até que ponto há predisposição de compra para um usuário do Facebook, que o busca para socializar, se informar ou se divertir? Os anúncios, portanto, trazem retorno real? Qual a credibilidade de quem está por trás desses anúncios? Da mesma forma, e-mail marketing ainda é um caminho válido? Os e-books com conteúdos relevantes ainda impactam? Anúncios que vem antes de um vídeo do YouTube conseguem a adesão dos internautas? E os anúncios que interrompem os conteúdos dos canais da mesma plataforma, o que causam em você? Esses pontos do dia a dia não são irrelevantes, apesar de corriqueiros. Os profissionais que enveredam por esses caminhos estarão errando ou acertando na maioria das vezes? Tudo depende de cada consumidor e inúmeros outros fatores levantados em pesquisas de Marketing, mas parece haver um consenso de que muito do que acaba de ser citado não traz benefícios válidos à marca. Entretanto, a Amazon, por exemplo, lançou mão do recurso de anunciar produtos por meio de uma personagem chamada Alice, inseridos antes de muitos vídeos do Porta dos Fundos, canal de esquetes de humor do YouTube. Mesmo com a opção de pular o anúncio, para você, parece invasivo, repetitivo? Será que o público-alvo da Amazon compra algo por ter visto o tal Tutorial da Alice? Talvez sim ou talvez não! Mantenha-se atento a todas as novidades do Marketing Digital diariamente, pois nunca se viu celeridade maior do que a da Tecnologia na história da humanidade. 17 Referências Bibliográficas GODIN, S. Sundae de almôndegas: sua empresa está sintonizada com o Novo Marketing? Rio de Janeiro, RJ: Senac Rio, 2010. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2017. LENDERMAN, M. Admirável marketing novo: como a pirataria, a pobreza e os oligarcas estão reinventando o marketing. Rio de Janeiro, RJ: BestSeller, 2010. QUALMAN, E. Socialnomics: como as mídias sociais estão transformando a forma como vivemos e fazemos negócios. São Paulo, SP: Saraiva, 2011. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2016. 18 Ferramentas de pesquisa: Analytics e técnicas de análise Autoria: Kátia Raquel Bonilha Keller Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Contextualizar o pós-graduando no universo prático do Marketing. • Destacar a importância do Google e do Google Analytics na contemporaneidade. • Mostrar a relevância do Analytics para o alcance de resultados das ações do Marketing Digital. 19 1. Introdução Uma situação relativamente comum é encontrar agências de Marketing Digital, com profissionais da Publicidade e com (ou sem) webdesigners, que prometem revolucionar pequenos e médios negócios, a partir de um site e algumas ações em mídias sociais, sem a aplicação de recursos estratégicos eficazes (ou seja, capazes de trazer resultados reais). Isso ou, então, com uma implementação incompleta do que conhecem, para que as ações caibam na verba de Marketing das empresas. É compreensível a boa intenção desses profissionais em tornar acessível o Marketing Digital aos empreendedores sem grande fôlego para investir, mas há um grande risco. O encantamento acabará em pouco tempo, quando os resultados ficarem aquém das expectativas, acarretando imensa frustração aos dirigentes das empresas. Muitos desses creem que o Marketing Digital pode resolver todos os problemas de suas empresas, por isso o cuidado que se deve ter na prospecção de clientes de menor porte. A atualidade é desafiadora demais e requer não só um modesto tráfego nos sites ou um número tímido de curtidas em posts nas redes. Há de se gerar um engajamento efetivo do público com a marca e, bem antes disso, há de se construí-la, solidificá-la, torná-la crível e uma referência. Para se alcançar a conversão (nessa introdução, você pode considerá- la como a geração de resultados de forma genérica), primeiramente (e sempre), deve-se considerar a quem os esforços serão direcionados, ou seja, qual o público-alvo. Seu perfil e comportamento representam o que definirá o planejamento estratégico a ser implementado sobre o alicerce das tais ferramentas de Marketing Digital, normalmente, conhecidas mais profundamente por profissionais de Tecnologia da Informação (TI). Quem é de Marketing se associa a esses profissionais, para que não se vendam promessas vazias ao cliente. 20 2. O Google Antes de se falar do Analytics, importa você saber um pouco mais sobre o próprio Google. Sua relevância é indiscutível e Goldman (2011) evidencia isso, dizendo que esse mago das buscas se tornou até um verbo. Quando você pergunta algo, quem nunca ouviu a dica: “você já deu um Google?”. Isso significa que a marca equivale a pesquisar. Tem se mantido, em rankings anuais, como uma das empresas mais valiosas do mundo, basta dar um Google para encontrar as cifras. Até mesmo para pesquisas voltadas à comunidade estudantil, o Google mantém o Google Acadêmico ou Scholar. Com o tempo, o Google adquiriu outras grandes empresas, como o YouTube, em 2006. Com a missão original da marca de “organizar e tornar acessíveis as informações mundiais”, de acordo com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010, p. 63), o Google cumpre sua razão de ser de forma estratégica e abrangente (o que inclui a aquisição e parceria com gigantes que se encontram sob o imenso guarda-chuva de sua proposta). O Google foi um dos responsáveis por trazer a horizontalidade do relacionamento entre empresas e pessoas. Os consumidores dialogam de igual para igual com as marcas, possibilitando que os indivíduos compartilhem “ideias, bens e serviços em vários formatos: texto, imagem, vídeo e som” (Goldman, 2011, p. 11). Têm-se novos paradigmas e novas formas para as empresas venderem. Via Google, você encontra os bens mais improváveis para comprar. As empresas vem se empenhando para oferecer experiências marcantes de relacionamento entre elas e todos os seus stakeholders (ou públicos de interesse, como comunidades, outras empresas, governos, jornalistas, consumidores, entre outros.). 21 Figura 1 – O relacionamento profícuo com stakeholders faz-se mister às empresas Fonte: Faithiecannoise/ iStock. Em relação a sites, o Google trabalha com anúncios de marcas, que encabeçam os resultados de busca, seguidos por outros, compreendidos, pelos seus recursos tecnológicos, como relevantes(e esse adjetivo tem de ser considerado conforme a cultura de cada cidade, região ou país). Dizem popularmente que tudo o que está depois da página dois de uma busca está morto, pois raramente um internauta vai além dela. As buscas que trazem sites elencados como relevantes, sem o recurso de pagamento ao Google, são chamadas de orgânicas. O ponto é que não é tão simples assim. Não bastam bons artigos de interesse e tags aparentemente atraentes (exemplos: #negócios; #planejamento; #parcerias; #colaboradores; #treinamento). Isso, por si só, não vai levar o internauta a visitar seu site, ter interesse e acompanhar suas postagens com assiduidade, curtir sua página no Facebook, seguir seu 22 negócio no Instagram. Os segredos e algoritmos (indexadores dos sites da Internet, cujo propósito é levar o internauta aos melhores resultados de sua pesquisa) do Google têm um funcionamento muito peculiar e desafiam muitos profissionais do Marketing Digital. Outro ponto fundamental, mesmo para pequenos e médios negócios, é trabalhar com um planejamento estratégico integrado (holístico), que alcance várias esferas do Marketing, todas focadas no público- alvo, sendo que a presença digital é uma delas. É a partir daí que se desenvolvem as ações e, em Marketing Digital, os conhecimentos sobre TI serão usados. Todas elas têm de estar em consonância com o espírito da empresa, refletir quem ela realmente é e a que se propõe, demonstrando sempre seu engajamento com as questões sociais, econômicas e ambientais. A sustentabilidade é valorizada por uma parte substancial dos indivíduos contemporâneos. 23 Figura 3 – Ferramenta transdisciplinar e holística, criada pela autora para aplicação em sua consultoria, estruturada em dimensões, orientadas por profundidade, abrangência e relevância Fonte: elaborada pela autora. Para compreender cada esfera, a leitura de Kotler e Keller (2012) se coloca como essencial. Na obra, tratam dos conceitos que lhe forem estranhos, e tocam na dimensão holística do Marketing contemporâneo. Essa dimensão especificamente é tratada em dois livros de Kotler, Kartajaya e Setiawan: Marketing 3.0 (2010) e Marketing 4.0 (2017). 24 Dito isso, é importante trazer o que diz Goldman (2011, p. 15) sobre marcas que se tornaram ícones. Observa o autor que a Apple, por exemplo, segue “googlando seus clientes para se manterem relevantes em relação a suas paixões”. Afinal, o que dizem os autores sobre o universo do Marketing Digital? Basicamente, que as peças digitais devem ajudar as pessoas com suas dores, ou seja, auxiliar os indivíduos a resolverem seus problemas e a tomarem decisões. Se houver uma construção de marca como alicerce, começará a despontar e chamar a atenção dos internautas. Trazer o exemplo da Apple nesse caso é, no mínimo, covardia, pois é um case de sucesso indiscutível, com uma história longa e complexa. Nesse ponto, entra o que Goldman (2011) chama de filtro, que, em tese, estaria ao alcance de todos. Além disso, indica caminhos. Se seu site não estiver na primeira página para o tópico que considera mais relevante para o negócio, o autor indica duas alternativas: geração de links por empresa especializada em ferramenta de busca ou, preferencialmente, criar um filtro mais rigoroso Em suas palavras, seja como o Google e responda: O que fascina os seus clientes existentes e potenciais? Quais decisões você pode ajudá-los a tomar? Quais problemas você pode ajudá-los a solucionar? A relevância é mais do que um estado de espírito. É a essência da existência. E, para o seu negócio, a relevância é de importância fundamental (GOLDMAN, 2011, p. 36). Aqui, faz-se necessário voltar aos tais algoritmos, mas de uma forma bem didática. Inúmeros robozinhos do Google ficam garimpando todos os códigos e conteúdos da Internet ininterruptamente. Uma nova URL já será indexada ao banco de dados do Google; para tanto, devem existir conteúdos e códigos (o melhor é o HTML). Por exemplo, quando o site contém links, isso já serve de alerta de que pode haver relevância naquele novo endereço. Portanto, ter um site encontrável pertence às estratégias de SEO (Search Engine Marketing Optimization ou otimização 25 para os motores de busca). Nesse ponto, as palavras-chave de seu site contam muito, mas não só. Existem recursos técnicos para influenciar os algoritmos do Google a posicionarem os sites nas primeiras posições do resultado de busca. Aparecer nas primeiras posições das buscas na SERP (Search Engine Results Page ou Página de Resultados. Em outras palavras, são aquelas que trazem as informações e links, relacionados à sua pesquisa), é o grande objetivo do trabalho de SEO. Para entender melhor como funciona na prática o tal ranqueamento, busque o canal do Google e do Google Webmasters. Não deixe de visitá-los. Quase todo mundo sabe que o site precisa ser veloz, que deve manter sua apresentação agradável em qualquer dispositivo e que o tempo de navegação na página é muito importante em tese. A sofisticação dos algoritmos, atualmente, está no universo da inteligência artificial. Você pode encontrar diversos artigos interessantes sobre o assunto no site Rockcontent. Dê um Google! 3. Finalmente, o Analytics O Google Analytics mensura informações para que você possa gerenciar seus resultados. Gratuito, será valioso para os ajustes das ações de Marketing Digital. Imagine você abrir uma ferramenta crível, com informações sobre como anda a navegação em seu site: comportamento dos internautas que tiveram interesse em seu conteúdo, os que mais acessaram, o que reteve a atenção deles, quanto tempo despenderam na visita, além de reconhecer se há assiduidade no acesso de seu espaço virtual. Fantástico, não? Em suma, você terá em mãos dados importantes sobre o comportamento de seus potenciais clientes ou clientes. 26 Para que tudo corra bem, também é fundamental saber interpretar essas informações, claro. Os relatórios gerados podem atender especificamente a questões pontuais dos gerenciadores dos sites. Entretanto, o destaque é: são informações para que você entenda o comportamento do internauta, como já foi dito, e isso é praticamente tudo em Marketing. É preciso instalar um código de acompanhamento em todas as páginas do domínio. É necessário que haja uma conta ativa da ferramenta, uma propriedade configurada e, então, a obtenção desse código de acompanhamento. Tendo feito isso, o programador do site consegue gerenciar usuários e definir políticas de privacidade por exemplo. Tudo isso possibilita vincular outros serviços Google, como o Ads (antigo Adword). O Google oferece cursos gratuitos a respeito dessa sua importante ferramenta, basta dar um Google (busque por google analytics curso do google). As principais métricas dizem respeito aos visitantes (que podem encontrar um site por meio de uma busca no Google ou via Facebook, por exemplo, podem visitar tal site uma ou mais vezes em um determinado período, entrar e sair rapidamente ou visitar as páginas, fatos que acenam para um comportamento determinado de cada internauta). Com a ferramenta instalada, cada vez que um visitante entrar no site configura-se um hit, que informa o IP, data e hora, versão do navegador, nome da página e URL. Deduz-se daí que um visitante pode gerar vários hits, formando uma sessão. O comportamento indesejável (por exemplo, o acesso de uma página e saída quase imediata, sem interação alguma) do internauta no site gera uma taxa de rejeição. Detalhando, o Analyctis, tanto quanto outras ferramentas com versões pagas para monitoramento de campanhas em redes sociais (como a Followerwonk, BuzzSumo premium e Mention), seguem princípios em comum. As análises se fundamentam em métricas, que são informações 27 relativas a indicadores e índices, capazes de padronizar dados para uma avaliação mais amigável. Esses princípios podem ser categorizados, como ensina Torres (2018), da seguinte forma: • Métricas gerais: relacionadasa dados básicos de monitoramento. Por meio delas, você terá em mãos gráficos relacionados à quantidade de visitas ao conteúdo digital e de páginas visitadas, da média de páginas acessadas, da taxa de rejeição (quando o internauta visita apenas a primeira página desse conteúdo), além do tempo médio dos internautas em suas visitas, percentual de novos visitantes e retenção (referente aos internautas que retornam após o primeiro contato com tal conteúdo). Esses dados podem ser diários, podem ser mais detalhados conforme a necessidade ou selecionados em relação a um espaço de tempo ou mesmo a um conteúdo específico publicado. As métricas gerais são capazes de espelhar o engajamento do usuário, importante para aplicativos mobile e sites de comércio eletrônico. • Usuários e visitas: referem-se às estatísticas, como o nome sugere, a respeito de usuários e suas visitas a um site: perfil, quantificação de visitantes, origem do acesso, navegador usado e tempo de visitação. Isso significa dizer que você poderá avaliar o desempenho de conteúdos digitais, contando com dados sobre a distribuição geográfica dos internautas, taxa de novos visitantes e tempo médio das visitas, entre outras informações relevantes. É um princípio fundamental para o conhecimento do comportamento dos consumidores-internautas, para os quais quaisquer mensagens sempre são destinadas, tanto para a conquista de uma boa imagem de uma marca como para a efetivação de vendas. • Fontes e atribuição: possibilitam a análise de fontes de tráfego, que atraíram usuários a visitas, além de “atribuir as visitas a 28 determinadas fontes de publicidade e ações de marketing digital”, segundo Torres (2018, p. 288). Permitem, por exemplo, que você saiba que uma dada visita teve como fonte um post no Facebook, porém, poderá ser atribuída a um influencer com código no link acessado. No caso deste princípio básico, as principais métricas usadas são: • Tráfego direto: quando a visita se deu pela digitação direta do endereço de um site. • Sites de referência: quando as visitas foram impulsionadas por outros sites, por meio de links neles inseridos. • Mecanismos de pesquisa: quando as visitas foram originadas por uma busca no Google ou outra plataforma similar. • Palavras-chave: quando se pode obter informações sobre as palavras-chaves usadas nas visitas, com origem em ferramentas de busca. Esse princípio fundamental é útil para que se possa mensurar “a influência do marketing de conteúdo, das ferramentas de busca, das mídias e redes sociais e e-mail marketing e de outras ações de marketing e publicidade”, segundo Torres (2018, p. 290). • Conteúdos e eventos: dizem respeito à avaliação do comportamento do internauta e suas interações com os conteúdos digitais. Por meio dessas métricas, é possível conhecer conteúdos visitados, o desempenho de ações call-to-action, por onde uma visita teve início e qual o próximo conteúdo buscado pelo usuário. Esse princípio possibilita a análise da relevância dos conteúdos e se impactam ou não o consumidor. • Metas e conversão: ligadas às ações de conversão e ao “atendimento de metas específicas na navegação”, de acordo 29 com Torres (2018, p. 289). Quando o consumidor visita o Mercado Livre, por exemplo, essas métricas apontarão para a inserção de um produto no carrinho e se houve sua aquisição. Em sites de compras, é definido um funil de meta, que traça um caminho a ser percorrido para que uma compra se efetive e para apontar alguma falha que levou o consumidor a desistir no meio do caminho. Podem ser personalizadas para cada caso, apresentando relatórios e gráficos que atendam a necessidades específicas da empresa e/ ou agência. É uma métrica bastante relevante, que aponta para o retorno sobre o investimento. O Analytics, portanto, pode realizar toda essa leitura gratuitamente, como já dito. Por meio dele, em resumo, é possível verificar os resultados de uma campanha no Facebook (Facebook Ads) ou WhatsApp, de uma visita gerada pelo clique em um link de empresa parceira ou mesmo em um pop up de blog. Por fim, o fundamental para as empresas: os relatórios de conversão do Analytics. Relevante relembrar que é chamada de conversão qualquer ação do internauta que foi desejada pelos gestores do site, de uma venda a um preenchimento de formulário para recebimento de e-book por exemplo. Importante lembrar que uma venda só é mensurável no e-commerce se o internauta pesquisou um bem em um site, mas se comprou via telefone, o Analytics não vai contabilizar esse resultado. Então, se você busca um hotel, seleciona uma opção, com base em preferências pessoais, mas ainda assim prefere ligar, tirar dúvidas e fechar a compra com a atendente, isso estará fora dos relatórios do Google. Para lojas virtuais, obviamente, o Analytics considerará conversão às vendas efetivadas. Para esse tipo de situação, é preciso adicionar um código de acompanhamento de comércio eletrônico ao carrinho de compras. 30 4. Conclusão Seguindo a experiência de Goldman (2011, p. 139), a dica é monitorar sempre, tendo o Google como base: “é seguro dizer que é possível confiar no que o Google diz [...]. Afinal, dados são dados. E os dados não mentem”. Você pode pensar que as pesquisas podem apresentar dados distorcidos, mas é necessário considerar que pode haver margem de erro e ocorrer equívocos quanto à sua interpretação. Para encerrar, considere sempre que o sucesso de campanhas depende de incontáveis fatores, por isso, obter o maior número de informações e dados e analisá-los atentamente, para desenvolver um planejamento estratégico, é crucial. As ações germinam deste, inclusive, as de Marketing Digital. Nesse âmbito, como já foi mencionado, o trabalho de um profissional de Tecnologia da Informação é um reforço inestimável. Há de se contar com uma equipe, cujos integrantes estejam focados naquilo que têm know-how, para fazer o investimento do cliente da agência valer a pena, tanto do ponto de vista do alcance de resultados como da melhor relação custo/benefício. Ao assumir compromissos tão sérios, as agências precisam deixar bem claro aos clientes quais resultados devem esperar, em função da verba disponível para o investimento em ações. Isso é fundamental, pois esse cliente poderá se voltar contra o Marketing Digital, desacreditando de sua relevância para o sucesso dos negócios. Por outro lado, oferecer um projeto demanda grande responsabilidade, com domínio efetivo da área, e cada colaborador centrado no melhor trabalho que possa desenvolver. 31 Referências Bibliográficas GOLDMAN, A. Google: tudo o que sei sobre marketing aprendi com o Google. São Paulo, SP: Saraiva, 2011. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo, SP: Pearson Education do Brasil, 2012. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2017. TORRES, C. A bíblia do Marketing Digital: tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. 2. ed. São Paulo, SP: Novatec, 2018. 32 Campanha: objetivos, metas e mensuração Autoria: Kátia Raquel Bonilha Keller Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Conceituar objetivos, metas e estratégias em Marketing. • Apresentar modelos para a organização de estratégias e ações em Marketing Digital. • Mostrar o modelo das sete estratégias proposto por Torres (2018), tendo como centro o comportamento do consumidor. 33 1. Introdução Para desenvolver uma campanha em mídias sociais, é fundamental saber o quanto de retorno o cliente de uma agência pretende obter e em quanto tempo. Assim, é absolutamente essencial ter uma meta a alcançar, logicamente tendo claro quem é o público-alvo, já que é sempre o destinatárioquem determina tudo o mais que virá. Em digital, fala-se mais especificamente em persona ou buyer persona, um perfil fictício, que espelha o consumidor ideal de uma marca, resultante das características de seus clientes reais. É o público-alvo compreendido de forma mais profunda, para ações cada vez mais bem direcionadas. Já o objetivo desse cliente pode ser, por exemplo, o de reafirmar a esse público, por meio de uma campanha, que sua marca não realiza testes em animais, estando sempre em consonância com as boas práticas da sustentabilidade. Nesse caso, trata-se de um objetivo institucional, ou seja, voltado à boa imagem, boa vontade e reputação (não a vendas). A meta estabelecida pode ser conquistar, em três meses de campanha digital, mais mil seguidores no Facebook e Instagram no mínimo. Portanto, aqui já foram colocados os conceitos de metas e objetivos, às vezes, tão confusos para muitos. Em Marketing no geral, portanto, tais conceitos consistem em saber aonde se quer chegar em X semanas/meses (meta) e o que se quer alcançar (objetivo). A empresa pode ter como objetivo ser líder no mercado regional, dentro de seu segmento. Para conquistá-lo, a marca precisa, por exemplo, bater a meta de vendas de 20 milhões no ano. Definir metas e objetivos é primordial para ter um panorama do esforço de Marketing a ser despendido para atingi-los. Feita essa diferenciação, é importante saber mais sobre as estratégias de Marketing Digital, sendo a mensuração/otimização uma delas. 34 2. Estratégias de Campanha do Marketing Digital Se você buscar no dicionário Aulete on-line o significado da palavra estratégia, vai encontrar trecho que diz: “arte de utilizar os meios de que se dispõe para conseguir alcançar certos objetivos”. E é exatamente com essa visão que você a deve encarar. Assim, para traçar estratégias, você buscará formas de chegar aonde quer (ou, em outras palavras, refere- se ao como chegar). Em Marketing, são organizadas para facilitar sua implementação. Com um objetivo e uma meta bem definidos, as ações previstas no planejamento estarão voltadas estrategicamente para produzir os resultados desejados pelas empresas. A estratégia é uma estrada, o objetivo é o destino pretendido. Em Marketing Digital, pode-se adotar um modelo de estratégias, que comporá o planejamento. Neste conteúdo, a opção foi seguir aquele constante no livro de Torres (2018). É importante entender também que ações sem estratégia podem restar inócuas. O que isso significa? Que as técnicas de SEO (Search Engine Optimization), SEM (Search Engine Marketing), inbound marketing, mobile marketing, Facebook Ads, Google Ads, precisam de um fio condutor, que é exatamente a análise estratégica formalizada no planejamento de Marketing. Parece válida a apresentação do modelo Canvas, que também teve de se adaptar ao mundo virtual. Ao falar em planejamento para empresas, emerge o mapa visual de negócios, aplicável a qualquer segmento do mercado, chamado Canvas (Business Model Canvas, Figura 1). Esse quadro permite que sejam identificados quatro aspectos fundamentais de um modelo de negócios: clientes, oferta, infraestrutura e viabilidade financeira. Contendo nove blocos, é dividido em dois lados. O lado direito (mais emocional) do quadro explora o valor, enquanto o lado esquerdo foca na eficiência (mais relacionado à lógica). 35 Figura 1 – Modelo de Canvas tradicional, de empresa fictícia do segmento de serviço de cafés para eventos Fonte: elaborada pela autora. Com a força do Marketing Digital, já existem adaptações desse mapa visual, sendo que um deles foi desenvolvido pelo site Rockcontent (busque por Canvas do Marketing Digital/CMD, no Google, para mais detalhes), seguindo o lado mais emocional e o mais lógico, como o modelo original. Importante ressaltar que o mapa visual Canvas é uma alternativa, que você pode adotar ou não. Apenas para que você entenda, trabalharam com dez campos. O primeiro, proposta de valor (ou objetivo de Marketing), coloca-se como ponto de partida, posicionado na parte central, que divide o mapa visual em duas partes, como no original, estabelecendo, assim, com base na neurociência, a parte esquerda como a referente ao lado do cérebro mais racional, enquanto a da direita é relacionada aos aspectos emocionais da mente humana. Deve-se, segundo seus criadores, 36 preencher primeiramente os campos focados no emocional. Os campos da esquerda são mais lógicos e implicam eficiência (alcance de resultados). Os dois campos da base, por sua vez, representam exatamente isso: o alicerce do plano. A sequência estrutura-se, então, dessa forma: propostas de valor, métricas, persona, canais, atividades- chave, ferramentas, parceiros, estratégia de conteúdo, orçamento total de Marketing e resultado esperado. Não se pode perder de vista, no entanto, que Marketing Digital é Marketing. Parece óbvio, mas nem tanto. Deve-se compreender que o Digital continua a integrar esse grande universo da filosofia de relacionamento, transparente e autêntico, entre empresas/marcas e consumidores complexos, cujos valores precisam ser respeitados. Na contemporaneidade, o Marketing está focado no ser humano em sua totalidade, composta de mente, coração e espírito, como deixam claro Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010). Você pode persuadir um consumidor a comprar um bem de uma determinada marca, destacando suas características técnicas e apelando para estereótipos emocionais, como o status que essa compra poderá conferir a ele. O problema é que essa fórmula se desgastou com as transformações mundiais e as novas tecnologias, e esse consumidor adquiriu poder de amplamente se informar, comparar produtos e preços, conversar com as organizações de igual para igual, reclamar de uma marca em suas redes sociais, alcançando um número inimaginável de pessoas. É esse o cenário enfrentado pelo Marketing Digital: uma rede mundial de computadores, sem fronteiras, com aproximadamente quatro bilhões de internautas e um número quase infinito de informações trocadas incessantemente, experiências contadas, compra e venda de bens, opiniões circulantes etc. São, portanto, bilhões de histórias únicas e de indivíduos, com desejos similares ou antagônicos, cuja atividade digital não define seus comportamentos. São esses indivíduos que ditam as regras, atualmente,inclusive, afetando o perfil e a usabilidade das 37 próprias mídias sociais. Torres (2018, p. 100-101) ilustra com o Twitter, nascido como um site de microblogs e criado para ser uma ferramenta “para informar a seus amigos o que você está fazendo no momento”, que teve de ser redesenhado, em função dos desejos de seus usuários. O autor projeta uma visão comportamental para a compreensão do Marketing Digital. Afinal, a Internet é composta por pessoas, que são consumidoras das marcas. O autor complementa, observando que essas pessoas estão on-line para interagir em quatro atividades básicas, conforme Figura 2. Figura 2 – As quatro atividades básicas dos internautas, segundo Torres (2018) Fonte: Torres (2018, p. 103). Quando o internauta está no YouTube assistindo a um vídeo, não é incomum que se irrite com anúncios que precedem o conteúdo de seu interesse, o que é amenizado quando há a opção de pular anúncio. Vídeos mais longos, que são abruptamente interrompidos por anunciantes, podem gerar uma irritação maior. A motivação do 38 internauta, naquele momento, não é a de compra. Entretanto, tais anúncios continuam, o que pode sugerir algum ganho das empresas, mensuradas por ferramentas como o Google Analytics. Com base na motivação, Torres (2018) aponta estratégias baseadas em conteúdo (a marca estar bem ranqueada em resultados de buscas orgânicas, ou seja, aqueles que surgem pela relevância e não pelo pagamento de um anúncio) e relacionamento (já que as mídias sociais destinam-se, normalmente, à interação). A eficácia das estratégias resulta da compreensão abrangente dos ambientes e dassituações encontradas na Web. O modelo para Marketing Digital, sugerido por Torres (2018), é bastante simples. O consumidor é o centro de todo o restante (afinal, é quem compra ou não um produto, serviço ou ideia), que chama de círculo de influência. O autor resume o modelo em uma tabela bastante didática (Figura 3), cujas explicações virão a seguir. Figura 3 – Estratégias e motivações O consumidor busca Informação Relacionamento Comunicação Entretenimento Informação Contar Falar Impulsar Relacionamento Contar Buscar Interagir Comunicação Falar Buscar Espalhar Entretenimento Impulsar Interagir Espalhar Fonte: adaptado de Torres (2018, p. 105). Pela análise da tabela da Figura 3, você percebe que as estratégias são resumidas em sete verbos: falar, interagir, contar, impulsar, espalhar, buscar e rastrear. Torres (2018) detalha cada uma, e a recomendação, aqui, é que você consulte a obra para aprofundar seu estudo. A sétima e última estratégia trazida pelo autor é o rastrear, que diz respeito a empresa e sua avaliação do sucesso da campanha. Em outras palavras, significa mensurar. O tema será tratado a seguir. 39 Para ilustrar, pode-se trazer a estratégia falar, que reflete o desejo do consumidor de informação e comunicação. Assim, o Marketing deve estar centrado na oferta de conteúdo, além de ações na área de Comunicação Corporativa e Relações Públicas. E quais ações são viáveis? Criação de conteúdo, ações em mídias sociais e otimização de busca. Os agentes digitais seriam, portanto, os blogs, YouTube, Instagram e Wikipédia. 3. Mensurações A mensuração é uma estratégia de monitoramento de resultados. Desses, serão extraídas as necessidades de ajustes e correções de rota. Os agentes digitais, para tal, são o Google Analytics e seu concorrente, o Facebook Analytics. Veja o que diz Torres (2018) sobre essa estratégia essencial: A importância do monitoramento fica evidente no famoso modelo PDCA (Plan, Do, Check, Act, ou planejar, executar, verificar e agir), proposto por Walter Shewhart e depois popularizado por Edwards Deming, que, embora renomeado de várias formas [...], continua sendo a forma mais eficiente de implementação de projetos, inclusive de marketing e propaganda. (2018, p. 108) Observe que as estratégias (resumidas em verbos pelo autor, como já foi dito) abarcam ações. Assim, exemplificando, com base em Torres (2018): • Falar = ações de produção e disseminação de conteúdos relevantes. • Interagir = ações para o relacionamento com o consumidor. • Contar = ações de comunicação direta com o target (público-alvo). 40 • Impulsar = ações de desenvolvimento de campanhas de publicidade on-line (visibilidade e consciência sobre produtos e serviços). • Espalhar = ações de divulgação/viralização, para maior alcance da marca. • Buscar = ações de pesquisas on-line sobre o mercado, os consumidores e concorrentes de uma marca. À sétima estratégia, rastrear, cabem as ações de monitoramento dos resultados, como mencionado, e atualização para otimização destes. Pode ser vista como o ponto de convergência, no qual as ações poderão se validar ou não. É o núcleo das outras seis estratégias, pois se coloca como sustentáculo. Ação sem resultado é fracasso. Todas são estratégias interdependentes e devem ser pensadas de forma integrada, para que gerem resultados positivos. Segundo Torres (2018, p. 109), a melhor analogia para se entender as sete estratégias é pensá- las como fios de uma teia de aranha, “[...] pois qualquer movimento em um fio produz uma vibração no centro que informa à aranha que está na hora de agir”. Figura 4 – Torres (2018) ilustra, com a ideia da teia, o conceito do Marketing Digital Fonte: AlexanderLipko/ iStock.com. 41 4. Conclusão Para encerrar, vale trazer novamente as sete estratégias, ilustrando-as com exemplos. • FALAR do turismo e cultura local pode ser um conteúdo interessante a ser explorado por uma pousada no litoral. Ofertar dicas de como organizar uma mala também seria uma ideia. Para tal, valem textos, imagens, vídeos e posts, que apareçam nas buscas. • INTERAGIR com os consumidores e seus influencers, falando, ouvindo e compartilhando. A Netflix tem uma equipe criativa e bem-humorada, que interage com o público de forma despojada e divertida. Exemplo: uma internauta perguntou por que eles falavam “A Netflix”. A resposta? “Porque sou menina”. Essas interações, não raro, tornam-se memes e viralizam. • CONTAR novidades (que façam sentido e tenham um propósito) sobre a marca para os consumidores com os quais já se estabeleceu um acesso direto. Um desafio é não ser invasivo com e-mails marketing não desejados. Uma confecção pode usar o e-mail marketing, desde que os clientes tenham permitido sua recepção, sempre que for lançar novas coleções. • IMPULSAR destina-se à obtenção de mais clientes em menor tempo, ou seja, alcançar o cliente potencial on-line. Aqui, a publicidade ganha destaque, com anúncios (pagos) nas mídias sociais. O League of Legends lançou mão de canais do YouTube, relacionados ao perfil de tais clientes, para divulgar o game antes dos vídeos. Atualmente, tais anúncios tornaram-se bastante comuns e, caso não haja interesse, a maioria oferece a possibilidade de pular o anúncio, o que evidencia o cuidado das marcas em não se tornarem inconvenientes. 42 • ESPALHAR mensagens positivas da marca via boca a boca virtual, visando à viralização (um exemplo clássico desse fenômeno foi o do vídeo de Childish Gambino, This is America). Para relembrar, basta buscar no YouTube. • BUSCAR uma vantagem competitiva, monitorando o mercado, os concorrentes e os consumidores on-line. A pesquisa sempre é uma atividade de Marketing imprescindível. No caso do exemplo da pousada no litoral, o profissional destacado para a atividade tem, na Internet, vasto universo de informações e dados, sendo possível perceber como está a receptividade do mercado em relação à marca, sua expansão ou retração, verificar o que estão fazendo os concorrentes nas mídias sociais e também analisar o comportamento do consumidor em relação às ações nas quais outras pousadas estão investindo. • RASTREAR os resultados e mensurá-los. Todas as ações de uma campanha precisam ser monitoradas em curso, para que correções de rota possam não tardar, se necessárias. As ferramentas Google e Facebook Analytics são muito hábeis para ajudar o profissional nessa árdua tarefa. Ainda trazendo a pousada como exemplo, a agência de Marketing Digital pode verificar se aqueles conteúdos constantes do planejamento estão gerando engajamento efetivo do público. Aproveite para aplicar os conhecimentos adquiridos até aqui e lembre-se de sempre atualizar-se acerca das práticas do mercado e novas tecnologias. A constante busca por conhecimento aumenta a empregabilidade e capacidade crítica de tomar decisões. 43 Referências Bibliográficas DICIONÁRIO Aulete da Língua Portuguesa. Disponível em: http://www.aulete.com. br/. Acesso em: 13 maio 2020. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro, RJ: Sextante, 2017. OSTERWALDER, A.; PIGNEUR, Y. Business Model Generation–Inovação em Modelos de Negócios: um manual para visionários, inovadores e revolucionários. Rio de Janeiro, RJ: Alta Books, 2011. TORRES, C. A bíblia do Marketing Digital: tudo o que você queria saber sobre Marketing e Publicidade na Internet e não tinha a quem perguntar. 2. ed. São Paulo, SP: Novatec Editora. http://www.aulete.com.br/ http://www.aulete.com.br/ 44 Campanhas para mídias sociais e tendências de peças Autoria: Kátia Raquel Bonilha Keller Leitura crítica: Patrícia Natividade Baptista Objetivos • Identificar os processos de Marketing, enfatizando a necessidade do plano de negócio para uma empresa, do qual faz parte o planejamentoestratégico de Marketing e seu plano de Comunicação, com a previsão de ações táticas, que abrangem o Digital. • Discorrer sobre a relação das marcas e suas personas, passando pelos conceitos de Identidade Digital, Cultura e Estratégias Digitais. • Apontar as atuais tendências de peças de campanhas para mídias sociais. 45 1. Introdução Para que uma marca chegue ao sucesso, existem caminhos possíveis a serem percorridos. Por exemplo, contar com um plano de negócio pode ser um primeiro passo, pois oferece um norte aos gestores das empresas, com estudos e pesquisas sobre quais consumidores essa marca quer conquistar, a que ela se propõe, aonde quer chegar em um determinado espaço de tempo, a quais valores genuínos será fiel, como quer ser percebida pelos consumidores, como está seu entorno (mercado), qual a competência de seus concorrentes, em qual valor (conceito que vai ao encontro do que deseja o público-alvo dessa marca) vai apostar para ser diferente das demais, como se encontram seus planos financeiro e operacional (que vão alicerçar sua saúde empresarial), quais possíveis fornecedores e preços serão praticados, entre outros. Dentro do plano de negócio, encontra-se o planejamento estratégico de Marketing, que, por sua vez, conterá o plano de comunicação. Só se comunica sem riscos quando se está diante de uma organização com saúde estrutural. Esse é um obstáculo de muitas pequenas e médias empresas. Com ajustes a fazer e, portanto, comprometidas em seus resultados, buscam na comunicação de Marketing suas tábuas de salvação, trazendo ainda mais problemas para si. Se, por exemplo, a empresa não conta com um time bem treinado, engajado com a marca e valorizado pelos dirigentes, a produção, a distribuição e o atendimento ao cliente não funcionarão a contento. Quando um gestor fica com a responsabilidade de realizar o relacionamento com os internautas nas mídias sociais que mantém, correm-se grandes riscos. Em 2020, um restaurante catarinense virou notícia1, mas não em um sentido positivo. O proprietário resolveu ser 1 UOL. Restaurante “sincerão” de SC xinga clientes no iFood e vira piada na Web. Economia, UOL, dez de janeiro De dois mil e vinte. Disponível em: 46 sincero demais com seus clientes em resposta às avaliações feitas na plataforma iFood, tornando-se motivo de piada nas redes e, por conseguinte, exemplo de mau atendimento em vários portais e blogs. Segundo informam essas fontes, o dono do negócio adotou o estilo tolerância zero e apela para a grosseria sempre que se depara com qualquer queixa daquele que é o alvo e o sustento de sua empresa: o cliente. Exemplo de um alto grau de miopia em Marketing. Ao lado do tradicional plano de negócio, outro caminho que vale menção é o Lean Startup aplicável, como o nome diz, principalmente às startups. O Nubank, por exemplo, começou como uma startup, isto é, com um modelo inovador de negócio, sem qualquer garantia de sucesso. O Nubank concentrou-se na operação de cartões de crédito com diferenciais, como a inexistência de agência física, tudo sendo feito por aplicativo em smartphones. A empresa já passou por prejuízos e aquisições desde sua abertura em 2013, deixando para trás seu estado germinal. O Lean Startup tem como foco a eliminação do desperdício em todo o funcionamento das empresas, seja de materiais, de processamentos, de tempo de trabalho. Enfim, da produção ao pós-venda, o objetivo é detectar quais são as fontes de desperdício e ajustar os processos, de forma a apagá-las completamente de cada realidade organizacional. Em startups, dentro desse modelo, a orientação é trabalhar, no primeiro momento, com uma versão simplificada de cada produto, com ênfase em funcionalidades. Essa orientação da ferramenta Lean Startup é chamada de MVP (Minimum Viable Product, ou produto mínimo viável). Dito isso, é importante que se retorne ao foco deste conteúdo, que se encontra na comunicação de Marketing (prevista em um plano de comunicação). Por isso, é importante ter o cenário mais geral em mente. http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/01/10/restaurante- sincerao-de-sc-xinga-clientes-no-ifood-e-vira-piada-na-web.htm. Acesso em: 13 maio 2020. 47 As empresas precisam estar organizadas para comunicar, e o desafio da agência de Publicidade será divulgar a marca, seguindo as estratégias já traçadas, com ações táticas realmente eficazes e eficientes, isto é, capazes de trazer os resultados predefinidos, com a melhor relação entre custo e benefício. A partir daqui, acompanhe o que você deve considerar para produzir campanhas efetivas para mídias sociais, em consonância com as tendências contemporâneas, sem perder de vista que as ações off- line se somam às digitais, dentro de uma estratégia de integração e complementação, capaz de provar que uma verba bem aplicada é investimento, não despesa. A produção de campanhas passa, antes de tudo, por estratégias e muita, muita pesquisa. 2. Produção de campanhas para mídias sociais O impacto das novas tecnologias na sociedade exigiu que o marketing tivesse de ser redesenhado. Dentro desse universo, encontram-se as ações de comunicação. Falar com pessoas transformadas, que se relacionam diretamente com as empresas via mídias sociais, não se deixam levar facilmente por qualquer oferta, por contarem com uma poderosa arma em mãos (as imensuráveis informações encontradas facilmente na Internet), e detêm o poder de criticar ou elogiar, sem fronteiras, uma marca, tornou-se, para a maioria das organizações, enfrentar a fúria de titãs (uma referência à mitologia grega), vinte e quatro horas por dia. Em Marketing Digital, o que se chamava público-alvo ganha novo recorte e especificidade, para que as ações sejam cada vez mais assertivas. Assim, trabalha-se com as personas ou, em outras palavras, o cliente ideal para cada produto ou serviço. Assim, uma marca que tenha, em 48 seu portfólio, dez produtos diferentes, pode precisar trabalhar com dez personas diferentes. A construção da persona resulta de pesquisas e estudos dos profissionais de Marketing e gera um alguém com nome, idade e detalhes relacionados ao seu perfil, hábitos de vida e consumo, trabalho, vida pessoal, estilo. Cria-se, portanto, uma personagem. Por que o trabalho se inicia com o destinatário das mensagens? Porque é sabido que todos, mesmo no dia a dia, calibram seus discursos conforme seu interlocutor. Quem manda na comunicação, portanto, é a pessoa com a qual se tenciona falar. Ela precisa ver valor na oferta da empresa, ou seja, perceber diferenciais únicos (situação ideal), que a leve a comprar e ser leal à marca, que implica estar tão envolvida, que não só adquira produtos e/ou serviços da marca X fielmente, mas também seja uma defensora desta. Em suma, contar com um fã. Para tanto, os limites da qualidade da oferta são apenas o primeiro degrau de uma longa escada. Há muito, a qualidade do bem nada mais é do que uma premissa básica. A relação das marcas com tais destinatários se faz por intermédio de suas identidades digitais. Veja o que diz Torres (2018) a respeito: Nós, as empresas e as marcas interagimos dentro do ecossistema digital por meio de nossa Identidade Digital, que é a combinação de três pegadas digitais: a Persona, que são as representações que criamos, a Presença, que são interações, conexões, relacionamentos, publicações e comentários sobre nós feitas por nós ou por terceiros, e a Influência, que é como as pessoas veem e o que pensam de nossa identidade digital. (2018, p. 342). 49 Figura 1 – As três pegadas digitais, que resultam na Identidade Digital de uma marca, de acordo com Torres (2018) Fonte: adaptado de MicroStockHub/ iStock.com. Nessas interações, é criada a Cultura Digital, que combina papéis desempenhados pelas identidades digitais das empresas no ambiente virtual. Aqui, novamente, importante trazer o que diz Torres (2018). O autor menciona que a marca pode interagir, no ecossistemadigital, de quatro formas diferentes: como consumidor, em interações comerciais; como influenciador, com publicações sobre um tema ou mercado; como colaborador, quando se trata de funcionário ou fornecedor de uma empresa, e como especialista, quando se produz conhecimento dentro dessa empresa. Ainda seguindo as lições de Torres (2018), nesse contexto, deve-se adotar quatro estratégias digitais, conforme a Figura 2. 50 Figura 2 – Estratégias digitais, segundo Torres (2018), e seus focos Fonte: elaborada pela autora. Para cada um dos papéis mencionados, um planejamento estratégico. Com base na Figura 2, acompanhe: Estratégias de Marketing Digital: são direcionadas para atender as necessidades do consumidor. Isso significa dizer que os esforços precisam estar concentrados no relacionamento com ele. Se ainda não existe, ações táticas precisam torná-lo uma realidade. Aqui, também é o lugar de fortalecer tais relações entre marca e consumidores, sempre no sentido tão ressaltado por Kotler, Kartajaya e Setiawan (2010): tentar transformá-los em fãs. Conforme ilustram Keller et al. (2013), em março de 2013, a marca de motos Harley-Davidson lançou o Real Test Ride, filme integrante da campanha, no Brasil, em comemoração aos seus 110 anos. A ideia principal foi a de transformar um test ride em uma experiência impactante. Um cliente, ao entrar em uma concessionária da marca, foi convidado a fazer o teste em uma das motocicletas da loja. No percurso, 60 harleyros contratados se juntaram a ele, que passou a fazer parte 51 do grupo diferenciado. No final, as devidas boas-vindas ao universo Harley-Davidson, com direito à faixa e a aplausos. O intuito da Harley foi claro; conectar seus fãs e, logicamente, viralizar, o que conseguiu rapidamente. O vídeo contabiliza, até fevereiro de dois mil e vinte, 398.625 visualizações. Figura 3 – A Harley-Davidson consegue, por meio de suas ações, nutrir sua conexão com aficionados pela marca Fonte: CasPhotography/ iStock.com. Estratégias de Engajamento Digital: essas concentram ações voltadas ao mercado, aos influenciadores e aos stakeholders (públicos de interesse, como comunidade, governos, jornalistas, fornecedores, patrocinadores etc.). A presença em mídias sociais é fundamental, encampando as ações relacionadas à gestão de crises e institucionais (ou seja, não voltadas à venda de produtos ou serviços, mas à imagem da marca, sua respeitabilidade, idoneidade, autoridade em seu segmento e engajamento com questões socioambientais, entre outros pontos). 52 Qualquer comunicação favorável ou desfavorável pode viralizar nas mídias sociais. Quando benéfica, os profissionais de Marketing Digital vão se esforçar para torná-la ainda mais pública. Quando negativa, entram as estratégias de gestão de crises. Existem ferramentas que auxiliam o monitoramento do que circula nas redes, como a plataforma Scup, que cobre Facebook, Instagram, Twitter, Tumbler, Linkedin, Youtube e blogs. Casos emblemáticos aconteceram e se tornaram exemplos na área de crises, alertando as empresas sobre os riscos reais que as mídias sociais apresentam: • O caso do mau atendimento da empresa Brastemp a um consumidor de atitude, que publicou reclamação em vídeo no YouTube e Facebook, em 2011, que viralizou e chegou ao quarto lugar nos Trending Topics mundiais do Twitter. • O caso Arezzo, também de 2011, e sua infeliz coleção Pelemania, com peças confeccionadas com peles de animais exóticos, gafe que gerou incontáveis protestos nas mídias sociais, culminando na retirada de todos aqueles produtos do mercado e em uma retratação imediata da empresa. • O caso do carro Classe A, da Mercedes-Benz, de 2013, cujo filme publicitário trazia o funk Passinho do volante como trilha. Exatamente em função dessa escolha musical, a gigante enfrentou altíssimo índice de rejeição pública e piadas, conforme explicam Keller et al. (2013). O ápice veio com a resposta da concorrente BMW, que tirou proveito do momento e lançou o seu viral, embalado pela música It’s my life, da banda Bon Jovi, estampando as perguntas: “o que você esperava? Um funk?”. O sucesso maior da ação da concorrente sobre a Mercedes-Benz veio na sequência. A BMW ainda atendeu aos pedidos de trilhas dos seus seguidores no YouTube, que se encantaram ao assistir ao vídeo com a sua música preferida. 53 Estratégias de Empoderamento Digital: aqui, um ponto delicado, pois tem a ver com a imagem que cada colaborador passa por meio de suas redes em nível pessoal. Sim, seu vínculo de trabalho, seu comportamento pessoal e digital e sua vinculação com a marca podem afetar seu empregador. Nada de coibir o uso da Internet e das redes sociais nas empresas. O segredo é fazer do colaborador um aliado, por meio de reconhecimento de seu valor, e deixar clara a necessidade de vestir a camisa da organização, contribuindo para sua saúde e expansão. Como? Por meio de treinamentos, transparência e código de ética empresarial respeitado. Os recursos humanos, não se podem esquecer, são a empresa, são aqueles que a fazem acontecer. Funcionários insatisfeitos podem ser cruéis, por não terem sido conscientizados de que seus salários são pagos, na verdade, pelos clientes de seu empregador. Quem não se lembra do vídeo viralizado sobre uma funcionária da lanchonete da rede Checkers, de Baltimore, no estado de Mariland, EUA, que limpou o chão da cozinha com uma fatia de pão de hambúrguer? Depois, as imagens mostram-na montando o sanduíche, normalmente, para a entrega ao cliente. Pelo YouTube, você pode conferir mais de 3,7 milhões visualizações, com acesso até fevereiro de dois mil e vinte. Estratégias de Gestão Digital: tais estratégias estão relacionadas com a criação de ações para a manipulação, o envio e a armazenagem de informações digitais, como PDFs, apresentações e vídeos. Aqui, também estão envolvidos os colaboradores especialistas, que usam ferramentas eficientes para a organização documental da empresa. A digitalização é o caminho para a sustentabilidade, eliminando, tanto quanto possível, as impressões em papel. Sobre isso, Torres (2018, p. 92) informa: “[...] uma simples combinação de uma Wiki com o Dropbox ou Google Drive, e uma ferramenta de trabalho como o Slack, já seria um bom começo para resolver muitos dos problemas de gestão digital na empresa” 54 Essas quatro estratégias devem estar alinhadas entre si, e sempre sob a mira da necessidade de ajustes e correções de rota. Tudo em planejamento de Marketing sempre precisa ser monitorado e mudado quando necessário. Nada é estanque, pois deve refletir a aceleração da sociedade atual. 3. Tendências de peças para mídias sociais Você deve estar habituado a ver uma infinidade de anúncios que surgem nas mídias sociais, portais de informação, sites e blogs. Em pop ups ou banners digitais, muitas vezes, são inconvenientes, por não serem o foco de seu interesse naquele momento ou por dificultar sua leitura do conteúdo buscado. As grandes tendências que vêm despontando são as peças em áudio e vídeo por streaming e lives do Facebook, além dos chats on-line ofertados pelas empresas. Os conteúdos em tempo real vieram para ficar, mas não podemos perder de vista que, na comunicação de Marketing, integrar recursos, inclusive os off-line, é o que mostra maior resultado e envolvimento dos consumidores. Aliás, a oferta de conteúdos relevantes às pessoas que uma determinada marca pretende atingir não é novidade. Tais conteúdos são capazes de agregar valor ao produto e/ou serviço, levando essas pessoas a conhecer, gostar, confiar e comprar. Entretanto, uma aposta continua interessante: os conteúdos com potencial viral positivo. Por quê? Pois envolvem o público com a marca, geram buzz (burburinho a respeito da marca) e são capazes de encantar o público. Infelizmente, não são tão frequentes quanto deveriam, pois requerem estratégia e muita criatividade, porém, nem sempre grandes recursos. “Num mundo conectado eveloz, a capacidade de viralização coloca-se como um recurso de grande potencial para as marcas”, comentam Keller et al. (2013, p. 10). 55 A inserção de links patrocinados no Google, anúncios no Facebook e YouTube, popups e banners em portais, sites e blogs já é algo bastante comum e pode gerar resultados interessantes, desde que as agências ponderem estrategicamente sobre as soluções que apresentam a melhor relação custo/benefício e os resultados pretendidos caso a caso. Considerações finais Com a configuração do que vem sendo chamado de streaming publicitário, tornou-se possível o entrosamento entre anunciantes, agências e plataformas de distribuição de campanhas publicitárias. A Internet chegou para oferecer o que todos desejavam: baixo custo, celeridade, segurança dos processos. E, certamente, sua história não acaba por aqui. Quanto aos virais especificamente, Keller et al. (2013) observam: O que podemos afirmar é que virais positivos cooperam para o sucesso das empresas, já que incidem na imagem das corporações, de seus produtos e serviços. Certo é que não compramos algo somente por sua comunicação simpática. Não é só ela que deve nos surpreender. A Comunicação é apenas – mas não menos importante – um dos diversos fatores que levam uma organização ao êxito (2013, p. 9). O Marketing contemporâneo, voltado essencialmente à integração do mix de comunicação, aos valores, ao relacionamento transparente e autêntico com os públicos de interesse, e à sustentabilidade, conforme lembram Keller et al. (2013), tem encontrado caminhos para ações de sucesso. Relembrando o errôneo caso da Mercedes-Benz e seu viral, tendo o funk como trilha, veja o que observam os autores: [...] não importa se os veículos e serviços da montadora continuarão a ser de alta qualidade ou se a marca seguirá impávida, com suas vendas 56 inabaladas. O ponto é que as marcas não devem cometer gafes, ainda mais quando são poderosas e têm verbas invejáveis para ações de comunicação de Marketing. Se as empresas devem ter uma atuação impecável na contemporaneidade, tornam-se quase imperdoáveis os erros grosseiros das “icônicas”. (KELLER, K. et al., 2013, p. 9) Em 2013, foi a Mercedes-Benz; em 2020, como mencionado na introdução desta leitura, um pequeno restaurante catarinense: em ambos os casos, esqueceu-se do fundamental: a adequação da comunicação com seus clientes. A sofisticada montadora detém um público que não parece estar aberto a qualquer sinal de popularização da marca, mesmo em se tratando de uma trilha sonora, em um vídeo de lançamento de novo modelo. Já o proprietário tolerância zero, do restaurante de Criciúma, mencionado anteriormente, parece querer reinventar um Marketing que vai contra sua própria natureza, embasada na valorização do melhor relacionamento possível das marcas com pessoas e seus estilos próprios de viver e ver o mundo. Xingar clientes com palavras de baixo calão é, no mínimo, uma escolha infeliz. Felizmente, entre esses dois casos, há um universo infinito de possibilidades inteligentes e estratégicas quando os assuntos são virais. E com as inúmeras outras possibilidades em tempo real e integração de ações possíveis, nem o céu parece ser o limite. Referências Bibliográficas ADOLPHO, C. Os 8 Ps do Marketing Digital: o guia estratégico de marketing digital. São Paulo: Editora Novatec, 2011. KELLER, K. et al. As marcas na onda da viralização. XXXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Manaus, 2013. Disponível em: <http://www.intercom. org.br/papers/nacionais/2013/resumos/R8-1491-1.pdf>. Acesso em: 14 maio 2020. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 3.0: as forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2010. http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2013/resumos/R8-1491-1.pdf http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2013/resumos/R8-1491-1.pdf 57 KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. Rio de Janeiro: Sextante, 2017. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11. ed., Porto Alegre/RS: Bookman, 2016. TORRES, C. A bíblia do Marketing Digital: tudo o que você queria saber sobre Marketing e Publicidade na Internet e não tinha a quem perguntar. 2. ed., São Paulo, SP: Novatec Editora. UOL. Restaurante “sincerão” de SC xinga clientes no iFood e vira piada na Web. Economia, UOL, 10 jan. 2020. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/ redacao/2020/01/10/restaurante-sincerao-de-sc-xinga-clientes-no-ifood-e-vira- piada-na-web.htm>. Acesso em: 29 fev. 2020. 58 Bons estudos! Sumário Marketing digital: o novo consumidor nas redes sociais Objetivos 1. Novos tempos, novos desafios 2. Marketing e Marketing Digital 3. Consumidores e mídias sociais 4. Envolvimento Referências Bibliográficas Ferramentas de pesquisa: Analytics e técnicas de análise Objetivos 1. Introdução 2. O Google 3. Finalmente, o Analytics 4. Conclusão Referências Bibliográficas Campanha: objetivos, metas e mensuração Objetivos 1. Introdução 2. Estratégias de Campanha do Marketing Digital 3. Mensurações 4. Conclusão Referências Bibliográficas Campanhas para mídias sociais e tendências de peças Objetivos 1. Introdução 2. Produção de campanhas para mídias sociais 3. Tendências de peças para mídias sociais Referências Bibliográficas
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