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O percentual fixado a título de pensão alimentícia abrange também as horas extras

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O percentual fixado a título de pensão alimentícia abrange também as 
horas extras? 
segunda-feira, 5 de julho de 2021 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: 
Arthur, 5 anos de idade, representado por sua mãe, Carla, ajuizou ação de alimentos contra seu 
pai, Fausto, funcionário regularmente contratado de uma empresa. 
O juiz, por meio de decisão interlocutória, de ofício, deferiu a tutela provisória de urgência, 
concedendo alimentos provisórios ao menor à razão de 30% sobre os valores líquidos percebidos 
por Fausto. Na decisão, o magistrado afirmou que esses 30% deveriam incidir, inclusive, sobre as 
horas extras. 
 
Fausto não concordou com a decisão. Qual é o recurso que ele pode interpor neste caso? 
Agravo de instrumento (art. 1.015, I, do CPC). 
 
O juiz pode conceder alimentos provisórios de ofício? 
SIM. Trata-se de uma das hipóteses em que é possível concessão de tutela provisória de 
urgênica de ofício. Esta previsão está implícita no art. 4º da Lei nº 5.478/68: 
Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo 
devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita. 
 
Em seu recurso, o pai/alimentante alegou que a pensão alimentícia não deve incidir sobre as horas 
extraordinárias do alimentante, tendo em vista que referidas verbas têm cunho indenizatório ou 
de prêmio ao esforço empreendido pelo trabalho. 
 
A questão chegou até o STJ? A decisão do magistrado deve ser mantida? O percentual 
fixado a título de alimentos abrange também as horas extras? 
SIM. 
O valor recebido a título de horas extras integra a base de cálculo da pensão 
alimentícia fixada em percentual sobre os rendimentos líquidos do alimentante. 
STJ. 3ª Turma. REsp 1.741.716-SP, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 
25/05/2021 (Info 698). 
 
O valor recebido pelo alimentante a título de horas extras, mesmo que não habituais, embora não 
ostente caráter salarial para efeitos de apuração de outros benefícios trabalhistas, é verba de 
natureza remuneratória e, portanto, integra a base de cálculo para a incidência dos alimentos 
fixados em percentual sobre os rendimentos líquidos do devedor (STJ. 4ª Turma. REsp 
1098585/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 25/06/2013). 
Soma-se a isso que a 1ª Seção do STJ também decidiu que o adicional de horas extras possui 
caráter remuneratório (REsp 1358281/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 23/04/2014). 
Logo, os alimentos incidem sobre as horas extras, pois, para tal finalidade, as verbas integram a 
remuneração do alimentante, conferindo acréscimo a seu patrimônio. 
 
 (Advogado Prefeitura de Petrópolis/RJ 2012 FDC) Adicional de periculosidade; adicional de horas extras: 
ambos têm natureza salarial. (correta) 
 
DOD PLUS – INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES 
Alimentos arbitrados em valor fixo não variam se houver recebimento de verbas 
eventuais pelo devedor 
O 13º salário, a participação nos lucros e outras gratificações extras (eventuais) não compõem a 
base de cálculo da pensão alimentícia quando esta é estabelecida em valor fixo, salvo se houver 
disposição transacional ou judicial em sentido contrário. 
No caso em que os alimentos tenham sido arbitrados pelo juiz em valor fixo (ex: 10 mil reais, 5 
salários-mínimos etc.), o alimentando não tem direito a receber, com base naquele título judicial, 
quaisquer acréscimos decorrentes de verbas trabalhistas percebidas pelo alimentante e ali não 
previstos. Assim, o credor não terá direito a qualquer acréscimo no valor da pensão quando o 
devedor receber no mês um abono, comissão por produtividade, 13º salário, participação nos 
lucros etc. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1091095-RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 16/4/2013 (Info 
519). 
STJ. 4 ª Turma. REsp 1.332.808-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 24/02/2015. 
 
O aviso prévio não integra a base de cálculo da pensão alimentícia, salvo se houve 
disposição transacional ou judicial em sentido contrário 
Não importa que a pensão tenha sido fixada em valor fixo ou percentual variável, o aviso prévio 
não interfere no valor a ser pago como pensão alimentícia. 
O aviso prévio é parcela de caráter excepcional, razão pela qual não deve incidir no cálculo da 
pensão alimentícia, salvo se houver disposição transacional ou judicial em sentido contrário. 
A jurisprudência do STJ é uníssona no sentido de que a verba indenizatória não se inclui na base 
de cálculo da pensão alimentícia. 
STJ. 4ª Turma. REsp 1332808/SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 18/12/2014 (Info 
553).

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